A AVALIAÇÃO DE FERNANDO COSTA - Notícias de Loures · Loures tem vontade própria e, muitas das...

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ANO 2 | Nr.19 MENSAL | 7 DE NOVEMBRO | Director: Pedro Santos Pereira | Preço: 0.01€ DOIS ANOS DE GESTÃO AUTÁRQUICA A AVALIAÇÃO DE FERNANDO COSTA Págs. 12, 13 e 14 IMI volta a baixar Pelo segundo ano consecutivo o IMI volta a descer, passa de 0.395 para 0.389. Uma descida curta, mas que poderá aumentar, consoante o número de dependentes. Pág. 3 Centro de Emprego de Moscavide fecha Apesar dos esforços efectuados pelo Município e pelos autarcas das freguesias prejudicadas com esta decisão, a verdade é que desde o dia 19 que este serviço encerrou. Fique a saber o que vai mudar na população da zona oriental do Concelho. Pág. 5 Loures e os refugiados Loures não ficou de braços cruzados a assistir às tragédias diárias dos refugiados provenientes da Ásia. Conheça os esforços desenvolvidos por parte da população, de associações e de empresas para ajudar esta causa. Pág. 22 pub pub

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ANO 2 | Nr.19 MENSAL | 7 DE NOVEMBRO | Director: Pedro Santos Pereira | Preço: 0.01€

DOIS ANOS DE GESTÃO AUTÁRQUICA

A AVALIAÇÃO DE FERNANDO COSTA Págs. 12, 13 e 14

IMI volta a baixarPelo segundo ano consecutivo o IMI volta a descer, passa de 0.395 para 0.389. Uma descida curta, mas que poderá aumentar, consoante o número de dependentes.

Pág. 3

Centro de Emprego de Moscavide fechaApesar dos esforços efectuados pelo Município e pelos autarcas das freguesias prejudicadas com esta decisão, a verdade é que desde o dia 19 que este serviço encerrou. Fique a saber o que vai mudar na população da zona oriental do Concelho.

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Loures e os refugiadosLoures não ficou de braços cruzados a assistir às tragédias diárias dos refugiados provenientes da Ásia. Conheça os esforços desenvolvidos por parte da população, de associações e de empresas para ajudar esta causa.

Pág. 22

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As Eleições Legislativas ainda continuam a dar que falar. Mais de um mês depois e a incer-teza mantém-se. Mais do que escrever sobre o que irá aconte-cer, até porque, a única certeza que temos, é que não há certe-za nenhuma, escrevo sobre os resultados do País em compara-ção com Loures.Desde que há eleições livres, que o nosso Concelho se tem inclina-do, maioritariamente, para ideo-logia de centro-esquerda. Estas Eleições voltam a confirmar essa tendência, demonstrando que Loures tem vontade própria e, muitas das vezes, diferente do País. Por isso, não é de estra-nhar que a coligação PSD/CDS tenha tido, percentualmente, uma abrupta diferença de mais de 10

pontos em relação às votações nacionais. O grande beneficiado foi a CDU, que no Concelho consegue mais 7% do que nos totais do País. BE e PAN man-têm, muito ligeiramente por cima, os seus resultados, enquanto o PS sobe pouco mais de 3 pontos percentuais.Interessante como, ao contrário do que alguns dizem, os eleitores sabem discernir o tipo de votação. Basta comparar os resultados das Autárquicas, há dois anos atrás, com o destas Legislativas. Na altura a CDU venceu (34.74%), enquanto agora nem aos 16% chegou. PSD e CDS, juntando os votos, não chegaram aos 20% em 2013 e, em 2015, obtiveram quase 28%. O BE triplicou a sua votação, enquanto o PS foi o que

mais se assemelhou entre estas duas eleições distintas, subiu de 31 para pouco mais de 35 pontos percentuais. Afinal os portugue-ses, no geral e os lourenses, em particular, ainda pensam e con-seguem perceber as diferenças.Por último, faço uma pequena análise comparativa em relação

aos resultados das Legislativas de 2011. Estes últimos quatro anos não agradaram aos lou-renses, o que se pode cons-tatar na vertiginosa descida de PSD+CDS, em 2011 concorre-ram separados, de 40 passaram para 28%. Isto fez com que os partidos mais à esquerda subis-

sem, com especial destaque para o Bloco, que dobrou a sua percentagem, de 5 para 10. PS subiu pouco mais de 4 pontos e a CDU apenas 1.4 pontos.São estes os números e a von-tade dos lourenses, que não ali-nham, na maior parte das vezes, pelo diapasão nacional.

Director: Pedro Santos Pereira Redacção: Constança Lameiras Colaborações: Ana Rodri-gues, Anabela Pereira, André Julião, Filipe Amaral, Florbela Estêvão, Francisco Rocha, Gon-çalo Oliveira, João Alexandre, José Reis Santos, Joyce Mendonça, Martim Santos, Patrícia Duarte e Silva, Pedro Cabeça, Ricardo Andrade, Rui Pinheiro Fotografia: Cátia Isaías, João Pedro Domingos, Miguel Esteves, Nuno Luz Direcção Comercial: [email protected] Ilustrações: Bruno Bengala Criatividade e Imagem: Nuno Luz Impressão: Grafedisport - Impressão e Artes Gráficas, SA - Estrada Consiglieri Pedroso - 2745 Barcarena Tiragem: 15 000 Exemplares Periodicidade Mensal Proprietário: Filipe Esménio CO: 202 206 700 Sede Social, de Redacção e Edição: Rua Júlio Dinis n.º 6, 1.º Dto. 2685-215 Portela LRS Tel: 21 945 65 14 E-mail: [email protected] Nr. de Registo ERC: 126 489 Depósito Legal nº 378575/14

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Notícias de Loures

2 EDITORIAL

Pedro Santos PereiraDirector Editorial

Loures pensa diferente

38,36

32,31

10,19 8,25

1,39

27,77

35,57

10,51

15,33

1,73

PAF PS BE CDU PAN

Portugal Loures

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Em Reunião de Câmara foi aprovada nova descida do IMI. Depois de, em 2015, ter descido de 0.400 para 0.395, no próximo ano descerá de 0.395 para 0.389. Outro factor relevante é a bonificação consoante os dependentes a cargo. Quanto ao IRS não houve alterações.

IMI volta a descer

O IMI volta a descer pelo segundo ano consecu-tivo, com o acrescento de, em 2016, as famílias com dependentes a cargo terem bonificações, que serão crescentes, em fun-ção do agregado familiar. Quanto ao IRS não exis-tem alterações, mantendo-se a mesma taxa para o Município, de 5%.

IMI

Em 2016 o IMI irá baixar de 0.395 para 0.389, uma des-cida de seis milésimas. Em 2015 a diminuição verifica-da tinha sido de cinco milé-simas. Mas há outra varian-te nova, a bonificação para famílias. Quem tiver um dependente a cargo verá ser acrescida uma redução de 1.5%, quem tiver dois será de 7.5% e três ou mais beneficiará de 16%. Com esta medida haverá uma queda para todos aqueles que possuem habitação

própria, sem excepção, enquanto que as famílias beneficiarão de descidas maiores, consoante o agre-gado familiar.Segundo Bernardino Soares, esta descida impli-cará uma perda, um pouco inferior, a 700 mil euros aos cofres da Câmara. Mas além desta perda, o edil acrescentou ainda que, devido à descida do valor patrimonial no Município, provocada pela avaliação deste ano, ao todo serão menos 1.8 milhões de euros a entrarem no erá-rio municipal. Esta foi uma das justificações para que, CDU e Coligação Loures Sabe Mudar, tenham rejei-tado a proposta socialista, que propunha uma quebra de 0.395 para 0.375, o que implicaria, nas palavras do Presidente da Câmara, uma perda directa de 2.1 milhões de euros. Na proposta do PS também estavam sal-vaguardadas as famílias,

com bonificações máximas consoante o número de dependentes. A propos-ta socialista já tinha sido aprovada em Assembleia Municipal, com os votos a favor da Coligação Loures Sabe Mudar. Desta feita votaram contra, defenden-do que a descida não pode-ria ser maior, em função da avaliação patrimonial ter descido o que representa, por si só, uma quebra na receita. Aliado a isso, justi-ficaram o voto favorável na Assembleia Municipal, em função do teor da proposta e não das taxas previstas.

IRS

Neste imposto não houve alterações, apesar da pro-posta socialista prever uma descida de 5 para 4%, na parte que é destinada ao Município. As justificações para este “chumbo” foram a quebra de 2 milhões de euros na receita, algo que o

actual Executivo não enten-de como prescindível. Outro dos motivos foi esta des-cida não abarcar todos os munícipes, pois quem tem rendimentos insuficientes para pagar IRS não seria abrangido. A Coligação Loures Sabe Mudar, apesar de ser a favor da desci-da de impostos, segundo Fernando Costa, entende que faz mais sentido baixar o IMI que o IRS, pois este incide sobre o valor patri-monial e não no rendimen-to. Paralelamente trocaram-se argumentos, em função de gestões anteriores, em que PS acusava a CDU de pedir diminuições de IMI superiores àquelas que agora pratica, quando esta-va na oposição. No sentido inverso, a CDU invocava que os socialistas nunca baixaram o IRS ou o IMI enquanto lideraram Loures.

Pedro Santos Pereira

3ACTUAL

Balanço - “Que é do Futuro?”

Estava para aqui a pensar que este executivo municipal PCP/PSD já soprou duas velas deste seu bolo governativo (curioso aqui em Loures uma coligação PCP/PSD não é uma aberração, no País uma coligação entre PS e PCP é uma “verdadeira aberração”, até porque o PCP e o PSD estão muito mais próximos nas políticas que defendem, do que o PCP com qualquer outro partido de esquer-da - atenção: ironia). Sopradas as velas, chega a hora do eterno retorno que nos conduz a um inevitável Balanço, em que não vejo motivos para comemorações. Olhando para estes dois anos vejo muito pouco investimento e, de positivo, vejo que conseguiu manter do passado os rácios financeiros do Município, que lhe permite ter uma capacidade de endividamento para usar um empréstimo de 12 milhões em projectado investimento, que iniciará, previsivelmente, em 2016 (assim o esperamos já que seria em princípio em 2015).Mas…Afinal o que mudou no concelho de Loures nestes dois anos? Afinal onde está o presente desse futuro que nos prometeram no passado? “Isto está duro, isto está duro, isto está duro que é do futuro, do futuro, do futuro que nos mostraram naquele dia de sol? Vá lá, depressa, diz a lesma ao caracol” (“Que é do Futuro?”, Sérgio Godinho)Pois… Parece-me que, para poder corresponder ao número de caracteres que me é solicitado, devia ter optado por escrever sobre outro tema. Em ter-mos de balanço, destes dois últimos anos, não me recordo de nada de novo a não ser propaganda (mas confesso que até essa parece começar a ser pouco eficaz). A verdade, aqui a cru, e ouvida por aí, é que para além do nevoeiro este Executivo “tem sido uma desilusão” , que não correspondeu às expectativas e promessas anunciadas. E nem uma “micro/mini” redução da taxa de IMI (que o PSD em Loures reivindica como sua exigência) poderá ser usada como bandeira, pois foi no pas-sado ano, já com este Executivo, que seria possível baixar a taxa de IMI e arrecadar ainda mais receita, pois acabava a cláusula de salvaguarda. A ver-dade é que tal como tínhamos previsto a receita de IMI no concelho de Loures subiu, segundo os dados disponíveis, cerca de um milhão de euros. Então não era possível baixar a taxa para 0,375? Afinal onde está a demagogia? Afinal o que sentem os munícipes de Loures sobre eventuais mudanças no Concelho? Pronto e mais não tenho para dizer, sei que é um texto pobre, este que aqui vos deixo, mas infelizmente o que pensei fazer foi um balan-ço destes dois últimos anos. As minhas sinceras desculpas. Mas como a época das castanhas aí está, sempre é melhor que a coluna tenha, assim, pouco conteúdo para que não fiquemos tristes com o desperdício do texto. Mas antes de acabar este pobre texto do cinzento Outono de Loures lembro Dostoievski “Prometer uma mudança, afinal de con-tas, reduz-se a mentir, por muito respeitável que seja quem promete. “

Pedro CabeçaAdvogado

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O Centro de Emprego de Moscavide, em Sacavém, que servia cerca de 130 mil pessoas da zona oriental do concelho de Loures, fechou portas no dia 19 de Outubro, tendo sido transferidos os seus utilizadores, cerca de 5 mil, para as instalações de Loures.

Centro de Emprego de Moscavide encerra

Após a notificação do encerramento do Centro de Emprego de Moscavide, que serve as freguesias de Moscavide e Portela, Sacavém e Prior Velho, Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela e Camarate, Unhos e Apelação, que totalizam à volta de 130 mil habitantes, foi marcada uma Conferência de Imprensa à porta do local, em Sacavém, pelas várias entidades autárquicas envolvidas. Do Município esteve presente Bernardino Soares, Paulo Piteira e Maria Eugénia Coelho, que tece-ram críticas a esta medida na voz do seu Presidente, que manifestou total repúdio e classificou esta decisão de criminosa. Apesar dos esfor-ços efectuados, a Câmara nunca encontrou abertura para arranjar uma alternati-va, que visa directamente os mais carenciados, que são quem mais recorre a este serviço, segundo Bernardino Soares. Acrescentou ainda, que o argumento invocado foi o de que cada município só poderá ter um Centro de Emprego. Também os res-tantes autarcas, presidentes das autarquias envolvidas, Manuela Dias, freguesia de Moscavide e Portela, Filipe Vítor Santos, freguesia de Sacavém e Prior Velho, Arlindo Cardoso, fregue-sia de Camarate, Unhos e Apelação e Nuno Leitão, freguesia de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e

Bobadela, mostraram o seu descontentamento. Inclusive já tinham sido recebidos no Ministério, onde fizeram questão de explicar o pro-blema que iria ser provoca-do, numa reunião a pedido destes eleitos, conforme nos confidenciou Nuno Leitão. A verdade é que a decisão não se alterou e, segundo dados de Agosto, no conce-lho de Loures estão inscritas 9.500 pessoas nos Centros de Emprego, das quais 5 mil faziam parte desta unidade.Além destes autarcas tam-bém estiveram presentes Ricardo Leão, líder da con-celhia do PS em Loures e Eduardo Gageiro, um dos mais reputados fotógrafos nacionais, conhecido como o fotógrafo de Abril, que quise-ram demonstrar o seu apoio à causa.De destacar que as qua-tro freguesias envolvidas são lideradas por três par-tidos diferentes (PS, CDU e Coligação Loures Sabe Mudar, cujo partido maioritá-rio é o PSD, mas nem isso os separou, pelo contrário, fize-ram questão de estar juntos a repudiar esta medida.Com esta decisão os cus-tos de transporte poderão ascender aos 10 euros, para todos aqueles que necessi-tem deslocar-se a Loures. Um acréscimo de custos para quem está desempre-gado, o que, obviamente não são boas notícias.

Pedro Santos Pereira

4 ACTUAL

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Comissão de Utentes de Saúde de Bucelas preocupada No dia 8 de Outubro a comis-são de utentes da saúde de Bucelas reuniu com a Direcção do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) de Odivelas/Loures. A reunião realizou-se a pedido da Comissão de Utentes, com o objectivo de obter escla-recimentos sobre os recursos humanos existentes no Centro de Saúde de Bucelas e as medi-das previstas para a resolução das lacunas existentes. Perante as questões colocadas foram fornecidas as seguintes informações: Dos 5100 Utentes com inscrição activa, 2230 (43,7%) não têm médico de família, cujas consul-tas a estes doentes é efectuada através de um médico, de uma empresa de sub-contratação de pessoal, que presta consultas dois dias por semana. Os dois médicos de família permanentes existentes no Centro de Saúde terminam contrato em breve (um em Dezembro deste ano e outro em Julho do próximo ano) não havendo, ainda, informação sobre a possibilidade de conti-nuidade destes profissionais no exercício de funções. Os res-

ponsáveis do ACES apresentam como a única resposta possível a contratação de médicos ao dia, com a rotatividade de profissio-nais que tal implica e que já se tem verificado actualmente. O Centro de Saúde de Bucelas tem três enfermeiros, aguardando, muito brevemente, a chegada de mais um enfermeiro, admitido no concurso realizado recentemen-te para estes profissionais. Os responsáveis do ACES reconhe-cem que um administrativo no Centro de Saúde é insuficiente, mas não apresentaram qualquer previsão de dotação de mais profissionais desta área.Relativamente aos esclareci-mentos obtidos, a Comissão de Utentes congratula-se com a contratação de mais um enfer-meiro, mas alerta a população para os seguintes factos: - A carência de médicos de famí-lia no CS de Bucelas é, já, bas-tante acentuada e prevê-se que venha a ser agravada brevemen-te, podendo deixar a totalidade da população (100%) sem médi-co de família.- Os médicos que exercem fun-ções através de empresas de sub-contratação, devido à ins-tabilidade e rotatividade a que estão sujeitos, e não pondo em causa as suas capacidades profissionais, nunca poderão

acompanhar os utentes de forma contínua e regular, fundamental no processo de saúde, nunca podendo constituir uma alternati-va ao médico de família.- Os assistentes operacionais têm um leque de funções mais abrangentes do que a higieniza-ção e tratamento de lixo, cons-tituindo um grupo profissional fundamental na prestação de cuidados de saúde.- Um administrativo no Centro de Saúde é manifestamente insu-ficiente.Perante esta realidade, segun-do a Comissão de Utentes, fica claro que está posto em causa o direito à Saúde da população de Bucelas e que irá continuar a desenvolver acções em defesa deste direito.

Câmara cede terreno para templo hindu

O Templo de Shiva vai ser cons-truído num terreno, cedido pela Câmara Municipal de Loures, com 17 mil metros quadrados e localizado junto à Urbanização das Torres da Bela Vista, num projecto do arquitecto José Troufa Real. Este é um desejo da Associação de Solidariedade Social Templo de Shiva, com mais de vinte anos, finalmente

tornado realidade. A infra-estru-tura incluirá vários espaços para realização de actividades sócio-culturais e de culto religioso, bem como novos equipamentos, como um jardim memorial e um espelho de água. O Município apoia esta construção através do empréstimo de máquinas da Autarquia e com um investimen-to de cerca de 90 mil euros. O Templo será erguido junto do antigo edifício outrora construído pela associação e onde se rea-lizam os eventos sócio-culturais da comunidade Hindu.A maior parte da comunidade Hindu em Portugal reside em Santo António dos Cavaleiros, Chelas e Portela de Sacavém. Em 1984 foi criada a Associação de Solidariedade Social Templo de Shiva com o objectivo de juntar a comunidade Hindu da freguesia e promover o desen-volvimento das suas actividades religiosas e sociais.Com a legalização da asso-ciação, em 1991, começou a esboçar-se um projecto de edi-ficação de um templo hindu na freguesia, num terreno cedido pelo município de Loures, onde foi construído inicialmente um salão provisório, em 2001, após uma década de culto no salão da Associação de Moradores de Santo António dos Cavaleiros e

na Escola Secundária Humberto Delgado.Shiva, também chamado de Destruidor ou Regenerador, é um deus que faz parte da tría-de hinduísta, juntamente com Brahma (o Deus da Criação) e Vishnu (o Deus da Preservação), sendo uma das principais linhas gerais do hinduísmo designada de Shivaísmo, em referência ao deus.

Galardão de Mérito Empresarial

A Câmara Municipal de Loures deliberou a entrega do Galardão de Mérito Empresarial a três empresas do concelho: EGEO, Gelpeixe e Novo Oculista de Loures. Este prémio visa o reco-nhecimento da actividade empre-sarial desenvolvida no Concelho, galardoando as empresas que contribuem para o desenvolvi-mento do Município, através da criação de riqueza, valor e de emprego e que se destaquem pela sua acção empresarial nas áreas de inovação, capacidade empreendedora e internaciona-lização. A cerimónia de entrega dos prémios está marcada para o próximo dia 12 de Novembro, no Palácio do Correio-Mor, em Loures.

5BREVES

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6 ACTUAL

Uma muito conhecida campanha publicitária, de há uns anos, pro-clamava que “o tempo é o que dele fazemos (…)”. Vários sen-tidos se podem extrair da ideia, parecendo-nos que sobressai, desde logo, o conceito de relati-vidade inerente ao uso que faze-mos do tempo. Quer-se, pois, sublinhar que a noção do tempo, do seu curso, é diferente para cada um de nós e, isso, pare-ce depender do nosso interesse, entusiasmo, empenho, nas ocor-rências a que somos sujeitos ou promovemos ao longo da vida.Vimos defendendo, há mui-tos anos, a adopção de algu-mas regras básicas de conduta para aquilo que hoje se denomi-na “credibilidade” da actividade política. No fundo, para que a

acção política não se transfor-me numa carreira, num emprego, num “tacho”, numa usurpação ilegítima.Acreditamos que a política é uma actividade nobre, honrosa e de serviço público. É uma activida-de que requer a participação de todos e não a profissionaliza-ção de alguns, com exclusão de todos os outros. Donde, a partici-pação na actividade política tal-vez deva ter um tempo limitado, um tempo certo.Advogamos (já o preconizáva-mos antes de alguns mandatos terem sido limitados por lei) que os eleitos locais ou os deputa-dos da nação não deveriam per-manecer em funções para além de três mandatos consecutivos. Doze anos são suficientes para

evidenciar ao que se vem e que capacidade se tem de executar e/ou liderar os projectos em nome dos quais se foi eleito. Passado esse tempo em funções, o perío-do de nojo, deveria ser idêntico, admitindo-se então um regresso, caso fosse essa a vontade de eleito e eleitores.É abrir a participação políti-ca a mais cidadãos e obstar a esquemas intra-partidários, compadrios, fidelidades serôdias, dependências e, porque não dizê-lo, à pequena e grande cor-rupção. No fundo é velar pela autenticidade e envolvimento desinteressado.Segundo a visão que temos, a actividade política deveria ser bem remunerada (e garantido o regresso, sem prejuízo profissio-

nal, ao posto de trabalho de onde se saiu), tendo como contrapar-tida uma forte responsabilização pelas decisões políticas tomadas (sujeitas a análise por um painel de eleitores seleccionados pelo tribunal da comarca no termo do exercício de funções) e com um largo período (12 anos também ?) sem prescrição para potenciais ilícitos, que viessem a revelar-se. Tais regras, deveriam ser, antes de mais, plasmadas em lei de valor reforçado, nos aspec-tos não temporais e adoptadas voluntariamente por eleitos e for-ças políticas, no que concerne ao tempo máximo consecutivo do exercício de mandatos electivos.Reconhece-se que os políticos não são todos iguais, tal como se reconhece que há gente muito

capaz, dedicada, empenhada e persistentemente inovadora, que bem poderia levar a sua acção política por décadas sem esmo-recer ou cair em tentações de proveito próprio da sua condição de eleito, mas só a generalização da regra pode assegurar a sua credibilidade e consistência.Temos, portanto, a convicção que a regeneração e prestígio da actividade política é possí-vel, com uma participação cida-dã alargada, uma base material sólida e a correspondente res-ponsabilização política, cível e criminal. E, claro, um tempo certo e limitado, de exercício do poder, qualquer poder, político.

Há um tempo certo, se o tempo é o que dele fazemos ?

À terceira foi de vez. Na terceira visita à China e a primeira em que a Montiqueijo participou com um ‘stand’ na Feira Internacional de Macau, a empresa de queijos de Lousa trouxe um acordo para vender os seus produtos num dos maiores distribuidores asiá-ticos, a Dah Chong Hong Food Mart.A empresa chinesa tem actual-mente 90 pontos de venda de produtos ‘premium’ e é líder na região de Hong Kong. Acabado de chegar de Macau, em entre-vista ao programa “Grandes Negócios”, do Etv, David Reis, director comercial da Montiqueijo, admitiu que as primeiras visitas que fez em comitivas governa-mentais não foram animadoras, já que os chineses não têm hábi-to de comer queijo, mas é tudo uma questão de hábito.Na feira de Macau, a Montiqueijo apostou no queijo curado de vaca com variações de sabores que se aproximam dos gostos dos chine-ses. O responsável comercial da empresa está já a estudar “quei-jos específicos para o mercado

asiático”.Em Portugal, a Montiqueijo é mais conhecida pelo queijo fres-co e requeijão, mas para “o quei-jo curado será a grande aposta dos próximos anos para a inter-nacionalização”, já que o queijo fresco tem uma validade máxima de dez dias, o que torna a expor-tação muito difícil. “Hoje em dia, o queijo curado pesa 20% das nossas vendas, mas é aqui que vamos apostar”, garantiu David Reis.Um dos segredos do sucesso desta empresa familiar, locali-zada em Lousa, é o facto de ser uma das poucas empresas de queijo que controla todo o ciclo de produção. Desde a criação da empresa, em 1963, que a Montiqueijo tem as suas próprias vacas leiteiras. Começou com duas na quinta de Loures e hoje em dia tem 2.000 cabeças de gado numa herdade no Montijo.Em 1999, a Montiqueijo decidiu constituir a Agroleite, a parte da empresa que está no Montijo e que se dedica à produção de leite. A intenção é fornecer a

fábrica de queijos da Montiqueijo, em Loures, mas a verdade é que a Agroleite já fornece directa-mente leite para os gelados da Santini e para uma fábrica de bolos.O director comercial admite que a produção de leite é uma das áreas mais exigentes da gestão, mas “é um esforço que compen-sa e que faz a diferença na quali-dade do leite”.Depois de três ampliações na

fábrica desde a construção, em 1986, a Montiqueijo está agora a investir na ampliação da Herdade no Montijo.No último ano, a empresa cres-ceu 22% numa prova de que a aposta na grande distribuição, que começou nos últimos anos, está a dar frutos. “Hoje em dia, a grande distribuição pesa 70% das vendas e o canal Horeca [Hotéis, Restaurantes e Cafés] 30%”, explica David Reis, mas

a Montiqueijo não vende apenas a sua marca para as grandes superficies. A empresa é respon-sável também por queijo fresco e requeijão de algumas marcas próprias.A internacionalização e a apostas no retalho vão fazer a empresa crescer 15% nas vendas deste ano para seis milhões de euros.

Fonte: económico.sapo.pt

Rui PinheiroSociólogo

Um tempo certo?

Montiqueijo entra no mercado chinês

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No dia das comemorações do 105º aniversário da implanta-ção da República, a Junta de Freguesia de Santa Iria de Azóia, São João da Talha e Bobadela assinou um pro-tocolo com as Associações de Pais e Encarregados de Educação das Escolas Básicas da Freguesia, para dotar anualmente as comu-nidades educativas de um apoio financeiro extraordiná-rio, que promova um melhor desenvolvimento das acti-vidades escolares, tendo como objectivo a melhoria do desempenho lectivo e o aprofundamento da inclusão social.

A Bolsa de Desenvolvimento de Actividades Educativas constitui um projecto que visa dotar as comunidades edu-cativas de um apoio finan-ceiro extraordinário, atra-vés da afectação de recur-sos da Junta de Freguesia, num montante previsto de cerca de 10.000 euros para o ano lectivo de 2015/2016. Este apoio, a ser transfe-rido para as Associações de Pais e Encarregados de Educação, será geri-do em articulação com os Agrupamentos de Escolas, com os Coordenadores de Estabelecimentos Educativos e com os agentes educati-

vos, para apoio ao desenvol-vimento de projectos na sala de aula, visitas de estudo e projectos escolares consi-derados relevantes em cada estabelecimento de ensino.Este protocolo com as Escolas, intitulado “Bolsa de Desenvolvimento de Actividades Educativas (Turma Mais)”, foi assinado simbolicamente no dia da República, homenageando-se assim os dirigentes repu-blicanos que, há 105 anos, tinham como bandeira a ins-trução do povo, por consi-derarem que esta era uma condição indispensável para criar uma verdadeira cons-

ciência cívica. Daí a impor-tância atribuída ao ensino básico como área de inter-venção prioritária na plano das reformas empreendidas pela República, a seguir à revolução de 5 de Outubro de 1910.A proclamação da República constituiu um momento importante da história nacio-nal, tendo marcado profun-damente a sociedade, as instituições e a educação em Portugal. Por este motivo, a Junta de Freguesia, deci-diu assinalar a data com a assinatura do protocolo da Bolsa de Desenvolvimento de Actividades Educativas.

8 ACTUAL

Ajudar todo o ano!

À medida que se aproxima o final do ano chega aquela altura em que parece haver uma qualquer lembrança colectiva quanto à solidariedade e à ajuda ao próximo. Nesta recta final do ano há, eventualmente, uma maior consciencialização do cidadão comum, não quanto a si mesmo e “aos seus”, mas também no que toca à necessidade de ajudar o outro que precisa.Será isto errado? Claro que não posso nunca julgar que querer fazer a diferença seja errado...muito pelo contrário! Será fora de tempo? Também não penso que haja um tempo certo para ajudar!Haverá então algum problema neste fenóme-no mais ou menos cíclico e recorrente? Para mim existe, sem dúvida, não um problema mas sim uma falha. A pecha existente é evidente quando a maioria de nós apenas se lembra de ajudar num momento do ano e não no dia-a-dia. O subaproveitamento desse enorme potencial que a sociedade tem de ajudar salta à vista quando constatamos que, muitos de nós, optam por depositar unica-mente no Estado ou em Instituições a obriga-ção de ajudar o próximo, tapando os olhos ao papel que pode ter cada um de nós enquanto indivíduo na ajuda a quem mais precisa. Claro que é melhor ajudar uma vez ao ano do que não ajudar sequer uma única, mas con-fesso que “sabe a pouco” se olharmos para o enorme “potencial humano” que poderia ser posto em acção de forma tão mais eficaz, fácil e equilibrada se, cada um dos membros da nossa sociedade, procurasse dar apenas um pequenino contributo (mas de forma regular!) levando a que todos sentissem que ajudar é, verdadeiramente, uma obrigação de todos e não apenas de alguns.Todos os dias ouvimos, lemos na inter-net e somos informados nas redes sociais de casos invulgares e de comportamentos extraordinários de pessoas que, se pensar-mos bem, são em tudo muito parecidas a imensas outras. O que as distingue então? Apenas a vontade férrea de uns em ajudar de forma contínua e imaginativa, saindo muitas vezes da sua zona de conforto, em oposição a uma esco-lha por uma atitude mais comodista e mais conformada de outros que preferem, na maioria das vezes, ficar no seu canto para ajudarem apenas quando isso não trouxer muito transtorno às suas vidas e à sua gestão de equilíbrios.Por isso e, em jeito de conclusão, acho que um enorme desafio seria procurarmos todos ir um pouco mais além, dando o nosso con-tributo e ajudando quem precisa...todo o ano!

Ricardo AndradeComissário de Bordo

Sta. Iria, S. João da Talha e Bobadela Investem mais de 10 mil euros na Educação

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São mais de 150 mil os brasileiros a residir em Portugal, embora não se saiba ao certo quantos vivam no concelho. Entre fluxos migra-tórios que dependem da economia, a comunidade brasileira traz consigo a alegria da música, da culinária e de uma forma de estar na vida mais descontraída.

O irmão brasileiro

A comunidade brasileira é uma das mais vastas comuni-dades imigrantes em Portugal. Tradicionalmente bem acolhi-dos, os brasileiros a residir em Portugal, nomeadamente no con-celho de Loures, são, por norma, profissionais qualificados à pro-cura de oportunidades de empre-go. Com a nova crise económica no Brasil, os próximos tempos poderão ser de nova vaga de imigração do «país irmão».Estima-se que vivam em Portugal cerca de 150 mil brasileiros, dados do consulado do Brasil em Lisboa, números que incluem os filhos de pais brasileiros nas-cidos em Portugal e ainda cida-dãos com dupla nacionalidade. Embora não haja dados oficiais específicos de cada concelho, a comunidade brasileira em Loures afigura-se como vasta e diversi-ficada.Segundo Dijalma Mariano da Silva, Cônsul-Geral Adjunto Conselheiro em Lisboa, «tal como existe uma grande diversidade no Brasil, também em Portugal os cidadãos brasileiros reflectem a estratificação etária, religiosa, profissional e socio-económica do Brasil». Nesse sentido, adian-ta o diplomata, «os imigrantes e residentes temporários brasilei-ros em Portugal são executivos, profissionais qualificados, comer-ciantes, professores, funcionários públicos e privados, sacerdotes e membros de várias religiões livremente praticadas no Brasil».Quanto às ocupações de cada um, «a maior parte dos brasilei-ros e brasileiras aqui residentes dedica-se à prestação de servi-ços no comércio, restauração, limpeza e conservação, serviços domésticos, entre outros, cuja procura é expressiva nos países de maior desenvolvimento relati-

vo», revela Dijalma da Silva.No entanto, há também brasilei-ros de condições sociais mais abastadas, que aproveitam para investir em Portugal. «Muitos bra-sileiros que vêm a Portugal fazer turismo, encantam-se com o País e o modo de vida português e adquirem vivendas ou aparta-mentos para férias, ou mesmo para aqui fixar residência», revela o Cônsul-Geral Adjunto Conselheiro.

Migrações entre Portugal e Brasil variam com a economia

No fundo, a procura de uma vida melhor é a principal motivação por trás da imigração brasileira em Portugal, no geral e no con-celho de Loures, em particular. «A exemplo da imigração portu-guesa no Brasil, todos anseiam por uma vida melhor e trabalham com entusiasmo para perseguir o sonho de prosperidade de todos os imigrantes», conta Dijalma da Silva. «Os brasileiros e as brasi-leiras que vivem e trabalham em Portugal também desejam ser reconhecidos como uma força de trabalho importante, que se insere nas mais diversas activi-dades económicas, culturais e comerciais do País», acrescenta o diplomata.Os fluxos migratórios entre Portugal e o Brasil têm oscilado ao longo do tempo e vão inver-tendo o sentido na razão directa do desenvolvimento económico. «Como todos os fluxos migrató-rios ou turísticos, é forte a influên-cia da situação económica, tanto das pessoas, como dos países de origem e destino», defende Dijalma da Silva.«Tendo em conta que o imigrante depende do mercado de traba-

lho para se manter, a recente retracção económica em Portugal obrigou um grande contingente de imigrantes a voltar para o Brasil ou a procurar outros des-tinos», acrescenta o responsá-vel. No entanto, a situação pode-rá inverter-se muito em breve. «Actualmente, com a retoma do crescimento em Portugal e a retracção económica no Brasil, é de esperar que muitos brasileiros que já conhecem Portugal vol-tem, com o objectivo de encontrar trabalho ou investir», aponta.

A cultura como ponte sobre o Atlântico

A Embaixada do Brasil em Portugal dispõe de uma área cultural, que organiza diversas iniciativas para reforçar os laços culturais entre os dois lados do Atlântico. No entanto, «de um modo geral, as relações cultu-

rais entre os dois países ocorrem de forma natural, uma vez que ambas as culturas são conheci-das e apreciadas por brasileiros e portugueses», sustenta Dijalma da Silva.A música, a culinária e o artesa-nato são alguns dos traços cultu-rais que unem ambos os povos e são frequentemente objecto de intercâmbio bilateral, de forma espontânea e natural. Além deste tipo de iniciativas, a represen-tação diplomática brasileira em Portugal faz questão de assina-lar algumas datas emblemáticas para o «povo irmão».«No meu entender, a época das festas juninas é a mais propícia para o intercâmbio de apresen-tações culturais», refere o diplo-mata. «Poderia ser melhor apro-veitada para difundir a cultura portuguesa no Brasil, tendo em conta que Portugal possui uma boa estrutura de grupos popula-

res que teriam boa receptivida-de durante os festejos popula-res de São João, São Pedro e Santo António», aponta Dijalma da Silva.Esta troca de experiências apre-senta, no entanto, alguns condi-cionalismos, embora decorra de forma fluída e saudável, como explica o Cônsul-Geral Adjunto Conselheiro: «É um assunto muito amplo e não depende ape-nas dos governos. Está muito condicionado à competitividade internacional e à actuação dos empresários de cá e de lá. Posso adiantar que muitas empresas portuguesas estão instaladas no Brasil e aproveitam a disponibi-lidade do amplo mercado con-sumidor brasileiro e dos países do Mercosul. Existe uma grande integração empresarial e de tra-balhadores especializados».

André Julião

9COMUNIDADES

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O Início

A Associação Teatro IBISCO, Teatro Inter Bairros para a Inclusão Social e Cultura do Optimismo, surge como corolá-rio de um processo pioneiro de Inclusão pela Arte que juntou jovens de seis bairros sensíveis

de Loures e que, através do Teatro, os levou a compreender os valores da disciplina, do tra-balho em equipa e da Arte como ferramenta para a capacitação, emancipação e auto-estima.

O grupo de Teatro nasceu em 2009, fruto de um desafio do

Programa Escolhas e do trabalho em rede dos projectos Escolhas de Loures e foi rapidamente apa-drinhado pela Câmara Municipal. Aquilo que começou por ser um “apenas” um workshop de teatro para minimizar conflitos entre bairros de Loures tornou-se a prova viva de que o Teatro, enquanto expressão artística de um trabalho de equipa, é uma arma contra o preconceito e uma poderosa ferramenta para a capacitação e formação dos jovens e das comunidades.

No contexto de Loures, os bair-ros Quinta da Fonte, Zambujal de Loures, Talude Militar, Quinta da Serra, Santo António dos Cavaleiros e Quinta do Mocho são considerados territórios muito sensíveis, palco de pobre-za, conflitos étnicos e criminali-dade, onde é muito difícil trans-mitir aos jovens exemplos posi-tivos, construtivos, de inclusão e sucesso pela via do trabalho, que lhes permitam romper o ciclo de pobreza, violência e repressão no qual cresceram.

Com o apoio da Câmara Municipal de Loures, o Teatro Ibisco tem a sua sede na Quinta da Fonte e apresenta a maioria dos seus espectáculos no Auditório IBISCO, no Centro Comunitário da Apelação, na Quinta da Fonte.O Teatro Ibisco rejeita o acor-do ortográfico e é uma estrutura apartidária, sem confissão religio-sa, livre e independente.A metodologia Ibisco, assente na formação, capacitação e cons-ciencialização cívica, técnica e artística dos jovens (em parceria com as comunidades locais) já foi testada com assinalável sucesso em Loures e agora, também, em Setúbal.

Projectos em execução

Consciente do papel que desem-penha na comunidade, o IBISCO tem vindo a crescer, a lançar e a abraçar novos desafios, cada vez mais ambiciosos, e apenas possíveis com o apoio da comu-nidade:

Teatro: IBISCO, IBISKODÉ, IBISCO BELA VISTA, TEATRO/CAPOEIRA (Quinta do Mocho);Empregabilidade e Empre- endedorismo: ABOTA (que está a entrar na segunda geração);Prevenção de Conflitos: Forum da Reconciliação e Clube Mandela Centros Educativos: Programa Justiça para Todos (colaborando com o IPAV);

O que queremos para o futuro:

Manter os projectos que temos em curso;Abertura de mais um polo na área metropolitana de Lisboa;Lançamento do IBISKOTA - IBISCO - Teatro de Anciãos;Lançamento de um polo Ibisco num país africano de Língua

Oficial Portuguesa.A Metodologia IBISCO, carac-terizada como exemplo de boas práticas pelo Programa Escolhas e pelo Instituto do Empreendedorismo Social, apre-senta um enorme potencial de replicabilidade noutros territórios, como o demonstra a criação do IBISCO Bela Vista.

Entidades que apoiam o Teatro

Quanto às entidades que nos apoiam, elas são o Barclays Bank, a Fundação Calouste Gulbenkian, o Programa Escolhas e a Câmara Municipal de Loures.Mas amigos nunca são demais…

Queres juntar-te a nós?

10 ASSOCIAÇÃO

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Loures: Arte, Urbanismo e… EDPA Câmara Municipal de Loures solicitou colaboração à EDP Distribuição, no sentido de iden-tificar instalações suas, em que fosse mais adequado realizar intervenções de Arte Urbana. Os primeiros frutos dessa interac-ção já nasceram e resultaram no embelezamento dos postos de transformação instalados em Loures e em Frielas.O posto de transformação de Loures foi alvo de trabalho artís-tico realizado por Hugo Narkotic Pinhão que, além do rosto do escritor José Saramago, que dá o nome à Biblioteca Municipal que se encontra nas proximidades, ali fixou cinco frases do Prémio Nobel da Literatura.O posto de transformação de Frielas beneficiou da acção artís-tica do Utopia, artista brasilei-ro radicado em Portugal e bem conhecido em Loures, muito par-ticularmente na Quinta do Mocho. “Look me...” foi o nome que o

autor decidiu dar ao seu trabalho.Esta cooperação entre a Câmara Municipal de Loures e a EDP Distribuição foi despoletada em finais de Agosto, após uma reu-nião entre a empresa e a autar-quia. O Município, tendo conheci-mento de que existiam já, noutras geografias, acções deste género que têm tido um impacto muito positivo, demonstrou interesse em promover também este tipo de actividade no seu território, tornando Loures, cada vez mais, um dos maiores centros de arte urbana do País. Depois da Quinta da Fonte e Quinta do Mocho, agora chegou a vez dos postos de transformação da EDP.

Em breve outras intervenções se seguirão e mais instalações da EDP Distribuição no concelho de Loures irão receber a valorização artística que estes e outros talen-tosos artistas estão ávidos por lhes impor.

11ACTUAL

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Como é que avalia estes dois anos de mandato a nível pes-soal?A nível pessoal é uma experiên-cia muito enriquecedora. Depois de 28 anos de presidente de câmara, é diferente ser vereador. É diferente num grande concelho como é Loures e num concelho na Área Metropolitana. A expe-riência tem sido positiva e estou a aprender mais do que aquilo que pensava. Por outro lado, o facto de ser uma Câmara da CDU, com uma fortíssima oposição do Partido Socialista, também me ajudou a apreender aspectos que até aqui desconhecia, quer na vida autárquica quer na políti-ca nacional, porque através dos contactos diários, camarários e outros, vamos apreendendo o que se passa no interior dos partidos.

Quando se candidatou, pensou em vencer este Município?Sabia que era quase impossí-vel ganhar as eleições, esperava um resultado melhor: mais 5 ou 6 pontos percentuais, mais um

vereador, mas sabia que não era fácil ganhar porque não basta chegar uma pessoa de fora a um concelho. O PSD, em Loures, para ganhar a Câmara, tem de ganhar primeiro mais juntas de freguesia, direcções de bombei-ros, colectividades e associa-ções. Nas autárquicas há uma filosofia de votação totalmente diferen-te das legislativas. A mola real das autárquicas é a comunidade local: as associações locais e as juntas de freguesia são um factor importantíssimo. Neste campo, o PSD tem de melhorar a sua per-formance. Ainda assim, o resulta-do tem sido muito positivo, temos uma grande equipa, mais em qualidade do que em quantida-de, mas temos marcado pontos porque fazemos a maioria na Câmara, somos o fiel da balan-ça entre a CDU e o PS. O PSD acaba por ter uma importância extraordinária, ao ponto de ter o acordo com a CDU e portanto ter condições para exigir à CDU algumas medidas, que de outra forma não eram feitas.

De onde partiu a iniciativa para haver esse acordo?A CDU é que tomou a inicitativa de nos convidar para um acordo, como também convidou o PS. Foi em simultâneo, quando tivemos a primeira reunião, sabíamos que também tinha havido um convite ao PS. Esse convite foi depois objecto de discussão nas pró-prias reuniões da Câmara. Foi público. A CDU, julgo que daria um vereador a tempo inteiro ao PS, mas o PS queria mais. Mas não estou cem por cento segu-ro. Sei que o Partido Socialista queria mais pelouros, não tendo assim chegado a acordo. E se tivessem chegado a acordo, nós não deixaríamos de fazer o acor-do por isso. Fiquei com a ideia de que a CDU não condicionava um acordo a outro e, portanto, queria os dois.

Gestão autárquica

Em termos de gestão autárqui-ca como é que analisa estes dois anos?

Em Loures, a despesa corren-te do município ronda os 90% do orçamento. O município de Loures e a grande maioria dos municípios pelo endividamento crónico, ou pela máquina tão pesada que têm, não lhes sobra dinheiro para fazer obras e o que eu vejo, com muita frustra-ção, é que o município não tem dinheiro para fazer as obras mais necessárias e, para fazer algu-mas urgentes, tivemos de pedir um empréstimo de 12 milhões de euros.

Sente que houve alguma mudança na forma de gerir em Loures? No fundo não há grande mudan-ça. Hoje, a gestão dos municí-pios é diferente da gestão de há 3, 4 ou 5 anos. Agora, nin-guém pode gastar mais do que aquilo que tem. Os municípios estão a reduzir substancialmen-te o seu endividamento, graças à Lei dos Compromissos. Não podendo aumentar a receita, ao mesmo tempo, estão obrigados aos compromissos que têm. A

despesa corrente com pessoal, com acessorias, com outros encargos, com colectividades, é muito elevada e isto também não se pode mudar de um dia para o outro, porque têm de se cumprir as obrigações. Penso que há uma tentativa de mais rigor, para sobrar mais dinheiro, porque se não sobrar dinheiro das despesas correntes, não se pode fazer obra. Mais grave, é que às vezes podem fazer-se obras muito baratas, com apoios comunitários, na ordem dos 50%. De qualquer forma acho que a Câmara de Loures está a ser rigorosa. Presidentes rigorosos são aqueles que antes da Lei dos Compromissos já o eram, agora quem é rigoroso é por imposição da lei, podendo haver excepções. Mas, tenho a melhor impressão do Presidente e do elenco cama-rário da CDU. Está numa perspectiva de evitar despesas onde pode, mas podia evitar mais e reduzir mais, embo-ra isso pudesse ter alguns custos eleitorais.

Fernando Costa, vereador eleito pela Coligação Loures Sabe Mudar, faz o balanço de dois anos de gestão autárquica e com-para o seu passado e o presente. Combater a despesa corrente para fazer mais obra é a solução que invoca

12 ENTREVISTA

O município não tem dinheiro para fazer as obras mais necessárias

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13ENTREVISTA

Se lideresse a Autarquia faria diferente?O que se passa em Loures pas-sa-se na maioria dos concelhos do País, mas não se passava na Caldas da Rainha, onde eu conseguia ter quase metade do orçamento para fazer obras e só metade do orçamento era para despesas correntes. Foi assim durante muitos anos. Fiz muita obra nas Caldas, umas em par-ceria, outras antecipava-me ao Governo. Tive sempre dinheiro para fazer as obras mais impor-tantes e por isso nunca me quei-xei por falta de dinheiro, porque tinha uma despesa corrente muito pequena e, por outro lado, geria os dinheiros do município com muito rigor, só aplicava dinhei-ro onde era mesmo útil. Nunca fiz política do subsídio, nunca quis com o dinheiro do município ganhar votos ou ganhar colectivi-dades, ou fazer passeios para a terceira idade, tive sempre uma margem confortável nas vota-ções, sempre mais de 50%. A minha gestão autárquica foi diri-gida para o investimento: lares de terceira idade, centros de saúde, centros escolares, abastecimento de água, e muito pouco ou nada fazia daquilo que a grande maio-ria faz, que é assegurar a eleição através do subsídio fácil e sim-pático, que esgota os recursos. É isso que acontece em Loures e é isso que acontece pelo País em geral. A grande maioria dos presidentes de Câmara faz uma gestão autárquica para manter o poder, para manter a eleição, faz a gestão autárquica da sim-patia através do subsídio ou da obra fácil, pequena. Há outros presidentes de Câmara que con-seguem a sua reeleição com o grande investimento. Não há mui-tos municípios neste caminho. Sei que para muitas pessoas conta mais a simpatia e o subsí-dio para votar, do que um inves-timento rentável e produtivo para o concelho. As pessoas normal-mente dão mais importância ao buraco tapado ao pé da porta, ou ao contentor do lixo, ou à torneira de água do que a um grande investimento. Mas eu segui esta segunda alternativa.

Como é que vê o trabalho da oposição nestes dois anos?Eu governei sempre a Câmara em maioria absoluta. Convidei vereadores da oposição para terem pelouro. Não quiseram. Mesmo assim 99% das decisões eram aprovadas por unanimida-de. Isto para dizer que numa autarquia é muito difícil fazer-se oposição destrutiva, porque esta-mos perante problemas concre-tos das populações e votar contra é o mesmo que dizer que não se quer aquele investimento. Só se se tratar de um grave erro. A mar-gem para fazer oposição numa câmara é mesmo muito pequena. A oposição pode fazer-se através

de propostas mais positivas, ou mais construtivas, ou de melhor valor. O PS tem votado talvez 1% das decisões da Câmara com voto contra e 10% com abstenção. 90% das decisões vota a favor. Considero que o PS tem tido um papel positivo, pessoalmente até acho que deveriam fazer mais oposição, porque não considero a oposição que o PS faz uma oposição destrutiva, é o reflexo daquilo que tinham como para-digma da sua gestão. E é positivo até para nós (PSD), onde está o equilíbrio das decisões. Mas há câmaras que têm sido governadas por um partido em minoria e sem problema nenhum, que é o caso de Alcobaça, por-que mesmo sem acordos conse-guem governar. Admito que na Área Metropolitana de Lisboa, mais próxima da esfera política nacional, seja mais difícil uma grande câmara, com partidos muito equilibrados, governar sem maioria.O IMI, foi sempre uma luta e

promessa sua antes das elei-ções. No ano passado o IMI baixou, este ano voltou a bai-xar integrando agora os depen-dentes. Foi um pedido expres-so da coligação Loures Sabe Mudar, ou foi algo que a CDU também pretendia?O ano da campanha eleitoral, 2013, foi o ano da reavaliação dos prédios e quando se espe-rava que todos os municípios subissem a receita global do IMI, até houve concelhos que baixa-ram, caso de Loures. Tínhamos prometido baixar o IMI, porque é muito injusto e já estava muito violento, no geral. Apesar de Loures ser dos concelhos mais injustiçados com a lei do IMI, por-que em vez de subir com a ava-liação desceu no global, mesmo assim quisemos ter em conta este princípio de redução. Tem sido o PSD a fazer questão que o IMI seja reduzido. A CDU preferia receber o IMI totalmente e fazer outras coisas com esse dinheiro. É legítimo. Nós achamos que as famílias estão muito massacra-

das com impostos. Penso que esta nova medida é justa, sobre-tudo para quem tenha mais de três ou mais dependentes. O PS apresentou uma proposta no sentido em que se aplicassem as taxas máximas de redução do IMI às famílias com pessoas dependentes. O PSD acompa-nhou essa proposta e alertou para que estaria de acordo com esta medida, sem prejuízo de rever, por um lado os montantes e sem deixar de ter em conta a redução global. Porque se aprovássemos esta redução pelo máximo às famí-lias, o que considero até benéfico demais para quem tem um filho, acabaríamos por não reduzir a outras classes sociais. Houve portanto um misto: reduzir a taxa geral para todos os contribuin-tes e, ao mesmo tempo, reduzir-mos para as famílias, mitigando e conjugando as duas coisas. Isto foi logo dito na Assembleia Municipal: a aprovação da moção do PS era uma recomendação à Câmara para estudar o IMI, para ter em conta a redução às famí-lias, mas também para ter em conta a redução da taxa geral. Esta foi uma boa solução que encontrámos. Não há contradi-ção naquilo que foi aprovado na Assembleia Municipal.

De todas as medidas que foram tomadas, nestes dois anos, qual ou quais é que des-tacaria?O acordo com Odivelas. Era mui-tíssimo grave para Loures ficar com os 1070 funcionários dos serviços municipalizados e per-der a área de distribuição da água, de saneamento e de reco-lha de lixo de Odivelas. Ficava com a despesa do pessoal e do equipamento e ficava sem recei-ta. Seria gravíssimo. O razoá-vel seria que Odivelas levasse, no mínimo, 40% do pessoal. Mas também ia ser grave para Odivelas, porque ao entregar a um concessionário, a curto prazo, passaria a pagar mais do que aquilo que paga à SIMAR. Foi uma decisão de elementar racio-nalidade. Só não percebo como é que duas câmaras socialistas, durante 12 anos não se entende-ram em relação à SIMAR. Esta é das medidas mais importantes. Importante também foi a redução de avenças para 50% (pessoal-mente acho que ainda podia ser mais), passar a grande maioria dos grandes contratos a contrato público. Privilegiar nos contratos públicos quem oferece menos preço e não introduzir outros cri-térios que desvirtuem o preço. Mais rigor na relação da Câmara com empreiteiros e isso passa um pouco por mim, através dos processos municipais. Ainda assim há um pouco a tentação de cair no ajuste directo e, normal-mente, o ajuste directo traduz-se em relações de benefício nem

sempre louvável. De qualquer forma, Loures está a corrigir.

Fez o balanço destes dois anos. Nos próximos dois anos o que é que entende como determinante?Nestes dois anos a nossa equipa tem-se batido por obras importan-tíssimas, como será a variante da nascente de Loures, sem a qual é impossível terminar com aque-le trânsito pesado e caótico na Rua da República. Conseguimos inscrever já nas grandes opções do plano, para 2017, o multiu-sos para os festivais gastronó-micos e que seja polivalente também em exposições, cultura e congressos. Batemo-nos para que os centros históricos de Loures, Moscavide, Sacavém e Camarate, tenham um tratamen-to condigno. Lutámos pela escola de Camarate, porque os miúdos têm aulas em contentores. Outra grande batalha do PSD tem sido a legalização das AUGI e já se deu um grande passo. A nova lei de legalização de empresas ajudou-nos: empresas que, pela reserva agrícola ou pela reserva ecológica não podiam ser legali-zadas, estão agora a sê-lo. São as nossas grandes bandeiras que estão a ser concretizadas e pelas quais nos vamos continuar a bater. Mas infelizmente Loures tem pouco dinheiro disponível para obras. Temos também tra-balhado para que o governo e a Câmara se entendam relativa-mente aos Centros de Saúde de Santa Iria, do Tojal, através de uma parceria. Não faz sentido a Câmara estar a pôr-se, total-mente, de parte. Em todo o lado os municípios comparticipam. Estamos ainda a lutar para incluir neste orçamento o Pavilhão Desportivo do Infantado. As pes-soas em Loures têm medo de se comprometer com o partido A ou com o partido B, porque têm medo de ser prejudicados ou retaliados em função do partido. Nota-se isso na sociedade em geral, como se nota nos fun-cionários da Câmara. É tempo de acabar com o medo e para acabar com o medo o exemplo tem de vir dos próprios partidos. E de facto ainda há tiques anti-democráticos que são resulta-do destes 20 anos de confronto entre PS e CDU e que já deviam ter acabado. Se há encontros dos idosos com a Câmara, onde há um almoço de convívio, porque é que não são convidados todos os vereadores? Dizem: “não convidamos todos os vereadores porque o Executivo anterior (socialista) também não convidava”. Isto é um absurdo, é anti-democrático e também estou a procurar acabar com este tipo de questões no concelho de Loures. Ainda há resquícios da conflitualidade dos anos de 74 e 75.

"Eu governei sempre a Câmara em maioria absoluta. Convidei vereado-res da oposição para terem pelouro.

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14 ENTREVISTA

CULTURA

Ninho de Cucos

The Chills são uma banda origi-nária da Nova Zelândia, Dunedin, projecto cujo principal mentor, Martin Phillips, iniciou nos anos 80, após uma primeira experiên-cia com uma banda de covers, The Same.A sua música baseada em fra-ses de guitarras brilhantes, mas fáceis de captar e harmonias vocais é bela, quase luxuosa no seu resultado final, ainda que despojada e sem que se deixe cair ela própria em sentimentalis-mos exacerbados.Esta fórmula, eventualmente sim-ples, tornou os Chills numa das melhores e mais populares ban-das da Nova Zelândia.No entanto o percurso da banda foi sempre pouco ortodoxo. Com contrato assinado em 1982 e alguns singles lançados poste-riormente, passaram pelos Chills mais de uma vintena de músi-cos (alguns dos quais viriam a experimentar sucesso em ban-das como os Verlaines ou Luna) apenas se mantendo Phillips, o seu fundador. O primeiro traba-lho viu somente a luz do dia em 1987 e no ano anterior um longa duração com a compilação dos seus singles foi lançado no Reino Unido, pela editora Creation, ícone da música alternativa de então, sobretudo daquela mais ligado ao movimento “jangle gui-

tar”, ressurgido e no qual se inte-gravam os Chills.O álbum estreia “Brave wor-lds”, com produção de Mayo Thompson dos Pere Ubu, foi pro-movido por uma extensa tour-née na Europa em 1987 e na América em 1988, mas a banda não ficou propriamente satisfeita com o resultado, alegando uma produção pobre e algo descuida-da. Apesar dos cuidados coloca-dos no segundo longa duração “Submarine Bells", editado pela Warner Brothers, o facto é que o objetivo maior de levar a banda a

um rumo mais mainstream falhou e nem o 17º lugar do Billboard Chart, o bom acolhimento de crítica e rádio disfarçaram esse insucesso.Em 1992 seguiu-se “Soft bomb”, mas o caminho foi o mesmo e no ano seguinte Martin Phillips, o vocalista, compositor e afinal o “dono da coisa”, dissolve a banda entrando numa espiral de consu-mo de drogas com sérios proble-mas de saúde. Aqui e ali juntan-do-se com músicos distintos para acções pontuais, é em 2013, 20 anos depois, que os Chills se jun-

tam com o objectivo de gravar um novo trabalho. Em 2004 Phillips havia dito “Estou a preparar-me para levar a banda numa nova direcção e nisso vamos começar a trabalhar muito em breve…”.Demorou 10 anos mas valeu bem a pena! Acabado de lançar, a 30 de Outubro, “Silver bullets” é um regresso, obviamente com nova formação, mais que feliz para quem traçou tão tortuoso trilho numa carreira obscura e longamente interrompida como a dos Chills. A competência da composição

de Phillips, que já havia deixado a sua marca nos trabalhos ante-riores, é agora exponenciada e escutamo-lo solto, voz bem cui-dada, melodias orelhudas e as guitarras e teclas num todo har-mónico sem momentos baixos, deixando uma impressão muito favorável à primeira audição do álbum.“Warm waveform” e o tema título “Silver bullets” são duas aborda-gens onde o mood oscila entre a introspecção, o positivo, o apai-xonado e o agridoce. Tudo bem feito. Nem mais nem menos.“When the poor can reach the moon” é REM dos primórdios, mas estão lá Velvet Underground, Byrds, Beatles, os Big Star ou os XTC, muita reverberação, tempo para experimentalismo , mudan-ças bruscas de bit mas sem em algum momento perder um rumo pop para que, quem sabe, seja desta vez alcançado o almeja-do sucesso. Agora que Martin Phillips ultrapassou os 50 anos de idade e depois de ter visto literalmente a morte à frente.Para já o britânico exigente “The Guardian” atribui a “Silver Bullets” e a esta banda indie kiwi uma honrosa classificação de 4/5, sendo uma das recomendações da semana.The Chills são bodas de prata servidas com balas de prata.

João AlexandreMúsico e Autor

The Chills - Balas de prata

Quando diz todos os vereado-res, está a falar de com e sem pelouro?Estou a falar de todos, com ou sem pelouro. A estes encontros só vai o Presidente e o vereador do pelouro. É o Presidente e mais um. E já introduzimos o princípio que para todas as cerimónias oficiais, todos os vereadores são convi-dados. E em todas as cerimó-nias oficiais, em que não sejam convidados, têm direito a estar. Antes havia como que uma sec-torização: só vai quem está no poder. Sou a favor da análise da proposta, ao invés da análi-se da proveniência da mesma. Tenho dado muitos elogios aos vereadores do Partido Socialista quando fazem boas propostas,

quando trazem bons contributos. Isto não deve ser visto como uma blasfémia. Não posso também deixar de observar e criticar que, nas cerimónias oficiais, o discur-so é menos autárquico e mais de política nacional. Percebo a proximidade de Lisboa, ao Poder Central, a importância do Concelho, mas de facto choca. A forma como se aproveita todo o momento do exercício da palavra para fazer mais considerações extra locais e, sobretudo, de ata-que ao Governo, seja ele qual for. Em dia de festa, em momen-tos solenes, eu nunca atacava o Governo, fosse qual fosse, nem nunca ataquei a oposição. É tão importante o papel da maioria camarária, como o da oposição. O trabalho final é de todos, de

todos os partidos e de todos os autarcas.

A Câmara de Loures e a Câmara das Caldas da Rainha são municípios com populações e necessidades diferentes?Não. Eu acho que é uma injusti-ça que municípios como Loures e outros na Área Metropolitana de Lisboa, sejam considerados zonas ricas e por isso não têm apoios comunitários, enquanto que há, nas zonas consideradas pobres, como o Centro e o Norte, que estão muito mais evoluídas e com muito menos carências do que o distrito de Lisboa. É um anacronismo que Loures não tenha mais apoios para a instala-ção de indústrias e sua moderni-zação e para a recuperação dos

bairros sociais, porque há mais problemas à volta de Lisboa do que no mundo rural alentejano ou da beira interior, ou do lito-ral norte. Estes concelhos como têm grandes comparticipações comunitárias, acabaram por fazer muito mais obra, muito mais equi-pamentos, mais investimentos, muitas vezes desnecessários e inúteis. Fornos de Algodres tem um Centro Cultural onde cabia toda a população do concelho. A grande maioria dos concelhos pequenos e médios do País, tem equipamentos que Loures não tem e que devia ter, que a popu-lação merecia. Loures não tem um centro cultural digno desse nome, enquanto que não há quase concelho médio do País que não tenha. Para isso contri-

buiu também este desiquilíbrio nos fundos comunitários quando consideram a região de Lisboa e Vale do Tejo rica, ou acima da média dos 75% da média europeia, acabando por penali-zar concelhos pobres. Enquanto que Cascais recebe 49 milhões de euros de IMI, Loures recebe 28 milhões de euros. Loures tem mais problemas e área do que tem Cascais e tem a mesma população de Cascais. Há con-celhos pobres à volta de Lisboa e Loures é um deles, ou se quiser-mos, ricos em problemas.

Pedro Santos Pereira

(Continuação)

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15CULTURA

Luís Miguel Cintra: O adeus aos palcos como actor

Antes de ir directamente ao que é indicado no título, permitam-me deixar aqui uma palavra ao TIL – Teatro Independente de Loures: segundo nota enviada, de 2 a 4 de Outubro, Setúbal e Palmela receberam a segun-da edição do Festival Ibérico de Teatro, uma organização conjun-ta entre a Federação Portuguesa de Teatro (FPTA) e a sua congé-nere espanhola Confederación Escenamateur. A iniciativa anual, criada em 2014, tem como objeti-vo criar uma plataforma anual de intercâmbio de espetáculos ama-dores entre Portugal e Espanha, além de facilitar a troca de expe-riências entre companhias não profissionais de ambos os paí-ses. Ao TIL coube o espectáculo de encerramento: "Histórias para

serem contadas" de Osvaldo Dragún. Mas ao TIL e a uma vida tão longa como a sua, vol-tarei brevemente. Luís Miguel Cintra (Luís Miguel Valle Cintra - 29 de abril de 1949 (66 anos)Madrid), co-fundador do Teatro da Cornucópia com Jorge Silva Melo em 1973, despede-se da enorme panóplia de personagens que deixou que se entranhassem no seu corpo e na sua alma.Esta notícia, pelo menos para mim, caiu em forma de cataclis-mo. Cruzei-me com ele pouquís-simas vezes, vi todos os espec-táculos que a vida me permitiu, trocámos apenas conversas de circunstância, mas sempre mere-ceu todo o meu respeito e admi-ração.

Do que é público e opinião que subscrevo, é um homem irre-preensível em termos éticos e de uma coragem invejável. Entre 1970 e 1972 frequenta o Acting Tecnhical Course da Bristol Old Vic Theatre School, como bol-seiro da Fundação Calouste Gulbenkian.Até à década de 80 faz críti-cas de teatro em O Tempo e o Modo; dirige a Colecção de Teatro Seara Nova (editada pela Estampa) e a Colecção de Teatro (da edição Ulmeiro); é profes-sor do Conservatório Nacional (Interpretação, na Escola de Teatro e Direcção de Actores, na Escola de Cinema). Declamador de poesia, gravou a leitura inte-gral de Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett e Amor de Perdição, de Camilo Castelo

Branco, assim como poemas de Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner, Ruy Belo, Luís de Camões, Antero de Quental e um sermão do Padre António Vieira. Recebeu os seguintes pré-mios: Prémio Bordalo da Casa da Imprensa em 1995 (Melhor Interpretação em Cinema) e em 1997 (Interpretação em Teatro); Globo de Ouro em 1999 para a Personalidade do Ano em Teatro, o Globo de Ouro para

Melhor Actor de Teatro, pela sua interpretação em Esopaida ou a Vida de Esopo, de António José da Silva, O Judeu (em 2003); Prémio Universidade de Coimbra (em 2005); Prémio Pessoa, que lhe foi atribuído pelo Jornal Expresso, também em 2005. Recebeu o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 9 de Junho de 1998.Em 2013 recebeu a Medalha de Conhecimento e Mérito do

Instituto Politécnico de Lisboa. Foi, em 2014, a figura homena-geada do Festival de Almada. A 17 de Outubro de 2015, anunciou o fim da sua presença nos palcos de teatro, devido a problemas de saúde. Porém, manter-se-á activo como encenador e actor de cinema.Luís Miguel Cintra é e será sem-pre um nome incontornável, não só do teatro e do cinema, mas sim da Arte em Portugal!

Gonçalo OliveiraActor

A Junta de Freguesia, atra-vés da Academia Sénior de S. João da Talha, realizou no Pavilhão José Gouveia, em São João da Talha, no dia 17 de Outubro, pelas 15 horas, o primeiro Encontro de Cante Alentejano.Neste Encontro sobre o Cante Alentejano, conside-rado Património Imaterial da

Humanidade, desde 27 de Novembro desde 2014, par-ticiparam os «Arraianos» de Vila Verde de Ficalho, o Grupo Coral Feminino da Academia Sénior de Serpa, o Grupo Coral Alentejano «Amigos do Independente», «Os Alentejanos da Damaia», a Liga dos Amigos da Mina de São Domingos e o Grupo

Coral de Cante Alentejano da Academia Sénior de S. João da Talha.O cante, género musical tradi-cional do Alentejo, é a terceira nomeação portuguesa a ser consagrada internacionalmen-te pela UNESCO, depois do Fado em 2011, e da Dieta Mediterrânica em 2013.

Cante Alentejano em S. João da Talha

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CHARQUIPUNK

16 ARTISTAS DA QUINTA DO MOCHO

BREVES

O certame, que decorre alterna-damente entre os dois países da Península Ibérica, é organizado pela Federação Portuguesa de Teatro e pela Confederación de Teatro Amateur “Escenamateur”, sendo que esta edição conta com o envolvimento da companhia GATEM – Grupo de Animação e Teatro Espelho Mágico e os apoios das câmaras municipais de Setúbal e de Palmela, tendo tido a partici-pação do Teatro Independente de Loures (TIL).O Festival Ibérico de Teatro, criado em 2014, tem como objetivo criar uma plataforma anual de intercâm-bio de espetáculos amadores entre Portugal e Espanha, além de faci-

litar a troca de experiências entre companhias não profissionais de ambos os países.A primeira edição portuguesa do certame distribuiu o cartaz pelo Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal e pelo Cineteatro S. João, em Palmela.“O Principezinho”, produzido pelo GATEM, grupo constituído por amadores e profissionais e ence-nado por Miguel Assis, abriu ofi-cialmente o certame, no dia 2 de Outubro pelas 21 e 30, no Fórum Luísa Todi.No Festival de Ibérico de Teatro as peças portuguesas foram defini-das pela Federação Portuguesa de Teatro, enquanto, as espanholas,

pela confederação “Escenamateur”.O Grupo Alhama de Teatro, de Navarra, apresentou “El Burgués Gentilhombre” no dia 3 de Outubro às 18 horas, no Cineteatro S. João. No mesmo dia, em Setúbal, às 21 e 30, no Fórum Municipal Luísa Todi, o grupo Argea Teatro, de Cáceres, apresentou “Las Troyanas – Mujeres en la batalla”.O último dia do certame, 4 de Outubro, reservou para as 15 horas, no Cineteatro S. João, “Histórias para serem contadas”, do TIL e, às 18 horas, no Fórum Luísa Todi, “Quatro mulheres para uma Ifigénia”, pela Theatron – Associação Cultural, de Montemor-o-Novo.

Biografia do autor

Charquipunk, pintor chileno de Valparaíso.Pinta desde 2000.O seu trabalho está fortemente associado às tradições folclóricas da América e da natureza. Grande parte do ano viaja por novos luga-res para enriquecer o seu conhe-cimento artístico e o seu trabalho. Em todos os trabalhos realizados por Charquipunk, são retratadas as danças tradicionais, máscaras, tra-jes, instrumentos musicais, pássa-ros, outros animais, e muito mais…Participou em diversos Festivais: Roskilde na Dinamarca; Latidoamericano em Lima, Perú; Pollinating, Valência, Espanha; Bau, Cochabamba Bolívia; Les Escales, Saint Nazaire, França, entre outros. O seu trabalho pode ser visto em www.flickr.com/charquipunk

Biografia da Obra

"MOCHO GALEGO"

A imagem que pintei no Bairro da Quinta do Mocho foi retirada de um livro de fotografia onde estão representadas todas as Aves do Mundo. Os trabalhos que tenho pintado em vários países por onde tenho passado,foram inspirados neste livro.A ave que escolhi para representar o Bairro da Quinta do Mocho é o Mocho Galego.

TIL no II Festival Ibérico de Teatro

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17CULTURA

Durante muitos séculos, como é sabido, a igreja, como edifí-cio simbólico e polo religioso, foi uma referência importante dos núcleos urbanos, quer pelo seu impacto volumétrico, destacan-do-se do resto do casario, quer, evidentemente, porque era um espaço agregador da vivência comunitária. Ainda hoje aliás é assim, até porque, como patrimó-nio, é visitada, mesmo pelos não crentes.A Igreja Matriz de Camarate, localidade da zona oriental do concelho de Loures, está situada no centro da povoação; se a sua fachada é singela, aquele que passar o seu umbral ficará agra-davelmente surpreendido pela riqueza do interior. O revestimen-to azulejar das suas paredes, os altares de talha dourada, as ima-gens, o tecto pintado, tudo isto reafirma o seu interesse patrimo-nial, legitimado em 1996, aquan-do da sua classificação como Imóvel de Interesse Público.Como se sabe, o lugar de Camarate durante a Idade Média e até aos inícios do século XVI, estava integrado na freguesia de Sacavém. Tanto Camarate, como Sacavém, Unhos e Frielas eram terras realengas ou reguenguei-ras. Isto significa, que eram ter-ras que dependiam directamente da autoridade do rei. D. Nuno Álvares Pereira passou vários anos em Camarate, numa quinta, com sua mãe, antes de professar no Convento do Carmo. Terá sido por via dele que Camarate e muitas terras vizinhas foram inte-gradas no património da Casa de Bragança. Este edifício religioso é dedica-do a Santiago, um dos primei-ros seguidores (como apóstolo Tiago) de Jesus Cristo e santo mártir, que foi mandado pren-der por Herodes Agripa, em Jerusalém no ano de 44 d.C., acusado de idolatria. Tiago, após a morte do Mestre, continuou a divulgar a sua palavra, tendo vol-tado àquela cidade de Jerusalém, onde seria condenado à morte por decapitação. Depois da exe-cução da sentença o corpo foi lançado às feras, mas, segundo

a lenda, dois dos seus discípulos, Atanásio e Teodoro, cuidaram de o recolher; viajaram então de barco até à Galiza e sepultaram-no num lugar, onde depois foi erguida uma capela. No século IX o sepulcro de Santiago foi reabilitado e a sua crença difun-dida no mundo cristão, iniciando-se desde essa data as famosas peregrinações a Santiago de Compostela. Por toda a Europa, múltiplos caminhos levaram e levam os peregrinos até às terras da Galiza, alguns deles cruzando o território português. Uma des-sas vias de peregrinação atra-vessa Sacavém, Santo Antão do Tojal e Bucelas, tendo existido ao longo da caminhada hospícios e hospitais que davam apoio aos peregrinos.Mas voltemos à igreja Matriz de Camarate, para dizer que antes deste templo de feição maneirista e barroca, existiu um outro, mais modesto, mandado construir no século XIV pelo bispo de Lisboa, D. Agapito Colona. Coube a este dignatário eclesiástico o lança-mento da primeira pedra de uma capela, que possivelmente foi ampliada e melhorada anos mais tarde. Dois séculos depois, em 1511, por foral de D. Manuel I, a freguesia de Camarate é criada, separando-se administrativamen-te de Sacavém e nessa altura a igreja é reconstruída e ampliada, possivelmente para poder estar à altura das novas responsabili-dades como sede de uma paró-quia. No século XVII sofre nova reconstrução e 100 anos mais tarde ainda outras obras, que foram executadas por ser neces-sário proceder à reparação dos danos causados pelo terramoto de 1755. Apesar de todas as reconstru-ções que sofreu, a igreja revela exteriormente um carácter qui-nhentista, em “estilo chão”, quer dizer, em estilo arquitectónico marcado pela austeridade das formas. Trata-se de uma arqui-tectura onde as volumetrias são paralelepípedos rectângulos, extremamente compactos e orto-gonais e a linha recta é usada para definir quase tudo, tornando

os edifícios atarracados - daí o termo “chão”. Assim, a fachada apresenta uma sobriedade linear sem grande decoração, com des-taque para o frontão triangular que encima a porta principal. Possui duas torres; a da direita com cúpula e a da esquerda sem remate, com pequena sinei-ra e relógio. Não se sabe se as duas torres foram assim assime-tricamente projectadas. Talvez a da esquerda nunca tivesse sido completamente edificada, ou aquela assimetria resulte de um desmoronamento provocado pelo grande sismo. Ainda no exterior e fronteiro à fachada principal, o cruzeiro manuelino confere dis-tinção ao adro.No interior da igreja, apesar de observarmos a mesma simplici-dade do exterior, com uma nave única e quatro altares laterais, o ambiente transfigura-se. Aí a beleza, o requinte e a exube-rância aliam-se para deslumbrar tanto o crente como o simples visitante. Na verdade, este exem-plar de arquitectura religiosa é considerado, pelo seu interior, um dos exemplos mais relevan-tes dos começos do barroco por-tuguês. As paredes são revestidas com azulejos enxaquetados, verdes e brancos, organizados em dois níveis, formando simples geo-metrias que, por sua vez, des-tacam o tecto da nave princi-pal. Olhando para cima, a visão perde-se no tecto de masseira em caixotões com composições figuradas, onde 27 pinturas em tela seiscentistas ilustram pági-nas do Evangelho. Toda a nave central é iluminada pela luz que entra pela grande janela do coro alto e pelas quatro janelas late-rais. Acrescente-se que na nave principal quatro altares laterais de excelente talha dourada seis-centista, ostentam esculturas de grande qualidade. O arco triunfal apresenta pinturas com figuras angélicas e festões envolvidos por pinturas emoldu-radas a talha, tendo ao centro a imagem do crucificado. Integram o conjunto dois altares colaterais, com retábulos de talha dourada

setecentista, num dos quais está a imagem de Santiago.A capela-mor é revestida por um lambril de azulejos, duas telas colaterais datadas dos inícios do século XVIII de autoria de António Machado Sapeiro (pin-tor de quem aliás se conhecem outras obras, como as da igreja dos Anjos, ou um retrato de D. João V). A abóboda de canhão com trabalhos a estuque é já

realizada em estilo rococó, da segunda metade do século XVIII.Toda esta exuberância, típica do barroco, suscita a visita do inte-ressado na história da arte e, por força de razão, do crente, ajudan-do-o a atingir aquele bem-estar e até êxtase, ou sentimento de comunhão com algo que o trans-cende, próprio da experiência religiosa.

Florbela EstevãoArqueóloga e museóloga

A Igreja Matriz de Camarate

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18 BREVES

Loures leva Boavista ao prolongamentoUm golo no prolongamento de Zé Manuel, que já tinha marcado no tempo regulamentar, permitiu ao Boavista vencer o Loures, do Campeonato Nacional de Seniores e passar à quarta eliminatória da Taça de Portugal de futebol.Após a igualdade a um golo registada nos 90 minu-tos, Zé Manuel (que tinha inaugurado o marcador aos 61 minutos, empatando depois Pedro Augusto, aos 73) resolveu o encontro para os 'axadrezados' aos 113 minutos. O Boavista tinha entrado para o prolongamento em situação de superioridade numé-rica, mas não conseguiu tirar muito partido dessa vantagem até que surgiu o golo da vitória.A jogar em casa, o Loures só cedeu no prolonga-mento, saindo com dignidade da competição, na qual tinha afastado nas eliminatórias anteriores o Alcochetense e o Crato.

Festival de Artes Marciais em LouresO município de Loures começou a acolher, desde o dia 31 de Outubro e até ao dia 28 de Novembro, mais uma edição do Festival de Artes Marciais. O festival, que vai na sua décima edição, vai decorrer no Pavilhão Paz e Amizade e no Pavilhão José Gouveia, em São João da Talha. Do cartaz constam combates, cursos, workshops, uma gala e um festi-val internacional.

Minhotos realizam em Loures desfolhada do milhoO Grupo Etnográfico Verde Minho realizou em Loures a maior recriação da desfolhada do milho.Os minhotos são gente de Fé e S. Pedro não podia desiludi-los. Depois da chuva e do ven-daval, eis que o brilho do sol partilhou com os minhotos uma jornada de festa e alegria, onde não faltaram as concertinas e o ambiente de romaria. Mas a festa teve lugar em plena região saloia, mais concretamente na localidade de A-das-Lebres, no adro junto à colectividade recreativa, no dia 17 de Outubro transformado em eira para recriar a tradição de uma desfolha-da à moda do Minho.Os grupos de zés-pereiras percorreram as ruas da aldeia anunciando a festa com o rufar dos seus bombos. As moças exibiram os seus trajes de trabalho característicos e, rapazes e rapari-gas, cuidavam de desfolhar o milho à procura da maçaroca… e do “prémio” da conversada!Como manda a tradição, não faltou sequer a broa de milho e a boa pinga de vinho verde a lembrar o costume antigo.Remonta há mais de quatro séculos a introdu-ção da cultura do milho no nosso País, tendo a mesma começado no noroeste peninsular onde a região do Minho se insere. Esta cul-tura tem origem nas Américas, trazida para a Península Ibérica nas naus do navegador Cristóvão Colombo, aliás Salvador Fernandes Zarco, ao serviço do rei D. João II, com o propó-sito de afastar os reis católicos da rota da Índia e levá-los a celebrar o Tratado de Tordesilhas como se veio a verificar.Predominando no Minho a cultura de regadio, é por altura do S. Miguel que ocorre o corte do milho e se seguem as desfolhadas.

Carlos GomesFotografia: Manuel Santos

Verde Minho realiza Festival da ConcertinaEncontro de tocadores de con-certina juntou minhotos da região de Lisboa em mais um grandioso festival de música popular à volta da concertina. Tratou-se do XIII Encontro de Concertinas organizado pelo Grupo Etnográfico Verde Minho, que levou à pequena localidade de A-das-Lebres, no concelho de Loures, perto de um milhar de

pessoas, no dia 17 de Outubro.Um pouco de toda a parte afluí-ram cantadores ao desafio e tocadores de concertina e outros instrumentos tradicionais. Eles vieram do Basto, da Barrenta, de Corroios e de Almada. Mas também não faltaram à cha-mada os minhotos que vivem na região de Lisboa com os seus grupos de tocadores. Foram eles

os tocadores das casas regionais do Minho e de Ponte de Lima, dos grupos folclóricos “Terras da Nóbrega”, “Dançar é Viver” e “Alegria do Minho”. E, na assistência, não faltaram minhotos originários dos mais variados concelhos e dirigentes de outras associações regiona-listas, além das já mencionadas, como Arcos de Valdevez.

A realização de encontros de tocadores tem vindo a multiplicar-se e a contrariar o desuso a que estava a concertina a ser vota-da, tendo despertado o interesse sobretudo dos mais jovens por este instrumento que, não sendo porém dos mais ancestrais, foi rapidamente adoptado no con-texto da música popular tradicio-nal, sendo bastante do agrado do

nosso povo.Este ano, o Encontro de Concertinas registou uma ade-são espectacular, tornando-se um evento incontornável e de referência na região de Lisboa para todos os amantes da cultura popular, principalmente para os tocadores de concertina e canta-dores ao desafio.

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A freguesia de Lousa tem uma forma «terrivelmente» original de comemorar o Halloween, ou Dia das Bruxas. Todos os anos, desde 2013, a população de Lousa organiza um Passeio de Halloween pelos trilhos da serra, onde os corajosos participantes se aventuram por um caminho de sustos, «armados» apenas com uma lanterna para ver o caminho e tentar sobreviver às criaturas mais assustadoras que se escondem na mata. O NL aceitou o desafio no passado dia 24 de Outubro e aventurou-se na «perigosa» floresta mais assus-tadora do Concelho, sobreviven-do às investidas de «zombies», lobisomens, vampiros e outras criaturas do Além.São quase duas horas de sustos, tropelias e muito sangue (falso, claro está), em que grupos de participantes de vários cantos do País se infiltram serra adentro. O Passeio de Halloween de Lousa termina num animado jantar para retemperar forças e acalmar os corações mais sensíveis.A iniciativa partiu de um grupo de cidadãos de Lousa e tem como objectivo angariar fundos para a construção de um novo Centro de Dia naquela freguesia. Trata-se de um evento original que atrai cada vez mais pessoas e que se estende das 20h00 às duas da manhã, num misto de sustos e muita diversão. Nélson Batista, presidente da Junta de Freguesia de Lousa, é um dos mais acérrimos apoiantes do Passeio de Halloween e tem aju-dado ao sucesso do evento: «O

objectivo desta iniciativa foi, pelo terceiro ano consecutivo, anga-riar fundos para a construção de um Centro de Dia. Há um grupo de pessoas da sociedade civil de Lousa que se tem juntado para tornar este sonho realidade, atra-vés de iniciativas como o Passeio de Halloween».O novo Centro de Dia de Lousa tem sido construído através da boa vontade das pessoas da região, sem qualquer tipo de apoios e com recurso a inicia-tivas de angariação de fundos como esta, que vão decorrendo ao longo do ano. «Temos uma população bastante envelhecida em Lousa e temos um Centro de Dia muito pequeno e sem condi-ções para acolher todos os que necessitam, pelo que o novo cen-tro faz muita falta à freguesia», defende Nélson Batista.

Quase mil inscritos para levar sustos

«No primeiro ano, tivemos cerca de 300 pessoas, no ano passa-do conseguimos chegar às 500 e este ano temos 970 pessoas inscritas no nosso Passeio de Halloween», revela o presiden-te. O passeio mobiliza muitas pessoas, todas voluntárias e que vêm ajudar a título gratuito. A aventura termina com um jantar, cujos alimentos são, na sua gran-de maioria, da carne aos legu-mes, oferecidos pelas empresas e pelos agricultores da região.«Os ‘monstros’, ‘fantasmas’ e ‘zombies’ que se encontram ao longo do passeio a assustar

as pessoas são também todos voluntários, jovens e adultos da freguesia que foram mobilizados nesse sentido e que estão aqui voluntariamente a pregar os sus-tos que temos, que são bastan-tes», refere Nélson Batista.O Passeio de Halloween é uma iniciativa de um grupo de pes-soas da sociedade civil, encabe-çada por Marco Alves, um dos cidadãos de Lousa mais dedi-cado a esta causa e o mentor destas ideias e de todo o ambien-te. «Obviamente que a Junta de Freguesia apoia e patrocina estas iniciativas, nomeadamen-te o passeio de Halloween, de forma incondicional», aponta o presidente da Junta. «Temos apoiado ao nível da logística, abrimos os trilhos onde decorre o passeio e destacámos o nosso pessoal para colaborar com a organização desta iniciativa», acrescenta.O objectivo para este ano é

angariar mais de cinco mil euros com o passeio de Halloween. Cada participante paga 10 euros pelo passeio e pelo jantar. Se for apenas ao passeio, paga somen-te cinco euros. «É um valor sim-bólico, mas que permitirá passar a fasquia dos cinco mil euros, que tanta falta fazem para dar-mos continuidade ao objectivo de concluir o nosso Centro de Dia», confessa Nélson Batista. «Não será suficiente, porque ainda temos muito trabalho por fazer, mas a obra já está de pé e bastante avançada, faltando, no entanto, toda a parte interior, o mobiliário e a cozinha, que é bastante dispendiosa».

Apoios de todos os qua-drantes são bem-vindos

São uns milhares largos de euros que motivam o apelo do presi-dente: «precisamos da ajuda de

todos, incluindo de outras entida-des, nomeadamente estatais e da Câmara Municipal de Loures. Por isso, para o ano, estaremos cá novamente, com a promessa de fazer mais e melhor e bater-mos o recorde de afluência deste ano. Faltam apoios de todos os quadrantes. No entanto, não sou de me queixar, contamos com o apoio de todas as entidades, mas se não o tivermos, temos muita boa vontade para trabalhar e lutar para conseguir os nossos objectivos, como a construção do Centro de Dia e de um pavilhão, que é um sonho antigo desta Junta de Freguesia».A crença de Nélson Batista vai ainda mais longe: «temos conse-guido bater recordes de afluência, consecutivamente e, não tenho dúvidas de que, vamos conseguir atingir os nossos objectivos, com ou sem o apoio de outros».

André Julião

Passeio de Halloween atraiu quase mil pessoas de todo o País e assume-se, já, como uma tradição na região. Iniciativa tem como objectivo angariar fundos para a construção do novo Centro de Dia de Lousa. «Zombies», lobisomens e vampiros assustaram os visi-tantes, voluntariamente, na serra.

Halloween em Lousa atrai centenas

19ACTUAL

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Infecções respiratórias, gripe e vacinação contra a gripeChegam os dias em que as tem-peraturas são mais baixas e é durante este período, outono e inverno, que acontece o maior número de casos de infecções respiratórias na população. Essas infecções são maioritaria-mente devidas à gripe sazonal, mas no entanto, outros agentes virais e bacterianos ocorrem em simultâneo com a gripe, ou seja, a “síndrome gripal” nem sempre tem como causador o vírus da gripe (Vírus Influenza).A gripe sazonal é uma doen-ça infecciosa respiratória, com registos da sua ocorrência na humanidade desde há muitos séculos. Provavelmente a primei-ra descrição terá sido a feita por Hipócrates em 412 AC. É uma doença comum e frequentemente benigna e, apesar da sua magni-tude (afecta 5% a 10% da popu-lação), é frequentemente desva-lorizada. Segundo a Organização Mundial de Saúde a gripe é res-ponsável, directa ou indirecta-mente, por meio milhão de mor-tes todos os anos no mundo.

Dada a importância do assunto, passamos então a responder a algumas das perguntas mais fre-quentes sobre infecções respira-tórias, gripe e vacinação:A gripe é uma doença benigna? Há motivos para preocupação?A maior parte dos casos de gripe ocorre como uma doença com sintomas ligeiros e que evolui para a cura espontânea, mas os indivíduos com determinadas doenças crónicas, imunodeprimi-dos ou com idade igual ou supe-rior a 65 anos podem desenvol-ver algumas complicações e que podem obrigar à hospitalização.A maior parte dos casos fatais (90%) ocorrem em indivíduos com mais de 65 anos, espe-cialmente com patologia crónica associada como doença cardio-vascular, asma, diabetes, obesi-dade entre outras.Como se transmite a gripe?A gripe, assim como a grande maioria das infecções respirató-rias, transmite-se quando o vírus é expelido através de partículas/gotículas de secreções respira-

tórias de uma pessoa infectada, sobretudo através da fala, tosse, corrimento nasal e espirros, mas também por contato directo com superfícies contaminadas com essas gotículas, por exemplo, através das mãos.Quais os sintomas da gripe?No adulto os principais sintomas são: febre alta, tosse, mal-estar geral, dores musculares e arti-culares, calafrios, dor de cabe-ça, dor de garganta, congestão nasal. Na criança: além dos sin-tomas anteriores também pode haver sintomas gastrointestinais, incluindo diarreia e vómitos.O que devo fazer se desconfiar que tenho gripe?Deve ficar em casa e ingerir líqui-dos para hidratar, descansar e evitar o contacto social enquanto estiver com sintomas, especial-mente em ambientes fechados e com aglomeração de pessoas. Deve lavar as mãos frequente-mente, evitar compartilhar objec-tos pessoais, utilizar um lenço descartável sempre que tossir ou espirrar, em alternativa utilizar o

braço (antebraço) como protec-ção para impedir a disseminação do vírus.Caso sinta necessidade de recor-rer a melhor orientação para tra-tamento, deverá primeiro contac-tar a Linha Saúde24, através do número 808 242 424. Receberá do profissional que o atende a melhor orientação para a sua situação, podendo inclusive ser encaminhado para um Serviço de Saúde, caso seja identificada qualquer complicação.Como posso prevenir a gripe?A vacinação é o método mais efectivo de prevenir a gripe. É essencialmente indicada para pessoas com risco acrescido de complicações causadas pela gripe.Sendo a gripe uma doença alta-mente contagiosa e infectando milhares de pessoas todos os anos, a diminuição do risco de transmissão passará por: evitar contacto com pessoas contami-nadas (pelo menos 2 metros), evitar contacto directo das mãos com olhos e boca, lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou solução alcoólica apro-priada, evitar ambiente com gran-de aglomeração de pessoas e reduzida circulação de ar.A vacina da gripe pode desenca-dear a gripe?Não! A vacina contra a gripe é feita com vírus “morto”, sendo incapaz de produzir a doença. Algumas pessoas mesmo vacina-das têm gripe, porquê?A grande maioria das vezes o que acontece é uma outra infecção causada por algum outro vírus que não o da vacina, podendo ocorrer eventual confusão entre gripe e constipação. No entanto, uma pessoa vacinada pode ter

gripe provocada por algum subti-po do vírus da gripe não incluído na vacina.Por que tenho que vacinar contra a gripe todos os anos?O vírus da gripe é um vírus muito inteligente, todos os anos sofre mudanças por forma a tornar-se mais resistente e infeccioso. Cada vacina produzida anualmente é devidamente estudada para ter capacidade de proteger contra os subtipos de vírus em circulação, para que cada pessoa vacinada seja capaz de produzir anti-cor-pos específicos para combater a Gripe. Tendo em conta que o vírus pode sofrer uma mutação todos os anos as vacinas são actualizadas de forma a estarem sempre activas contra as muta-ções mais recentes.Onde posso ser vacinado?Todos os Serviços de Vacinação do Serviço Nacional de Saúde estão aptos a administrar as vaci-nas contra a gripe.No agrupamento de Centros de Saúde de Loures Odivelas todos os Serviços de Vacinação têm vacinas disponíveis, a serem aplicadas aos grupos de risco com direito a vacinação gratuita, bem como, para dar resposta aos utentes que adquiriram a sua vacina na farmácia mediante prescrição médica.Deverá contactar o Serviço de Vacinação para se assegurar dos horários de atendimento para o efeito.Se pertence a um grupo de risco, vacine-se!

Luciana BastosMédica Assistente Graduada

Saúde PúblicaUnidade de Saúde Pública –

ACES Loures Odivelas

20 SAÚDE

Características

Vírus

Febre

Dor de Cabeça

Dores no corpo

Fraqueza

Início dos sintomas

Complicações

Duração

Constipação

Rinovírus, adenoví-rus, vírus sincicial respiratório…

rara

rara

raras ou leves

rara

piora gradual nos 2-3 primeiros dias

raras, sinusite e otite

3-7 dias

Gripe

Vírus Influenza

muito comum ≥38ºC

muito comum

comuns e incómodas

muito comum e dura vários dias

início súbito, com pico dos sintomas em poucas horas

pneumonia, otite e outras.

2-5 dias mas a tosse e can-saço pode durar semanas

Sempre que tenho sintomas respiratórios quer dizer que tenho gripe?

A gripe e a constipação são infecções muito comuns, são causadas por vírus, sendo a gripe causada pelo Vírus Influenza e as constipações cau-sadas por vários outros vírus respiratórios.A forma de contágio é semelhantes e ambas são facilmente transmissíveis de pessoa a pessoa. Os sintomas respiratórios altos são igualmente seme-lhantes, no entanto, a gripe é uma infecção mais forte e apresenta maior probabilidade de complicações.

Para facilitar apresentamos abaixo algumas diferenças:

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Obras de beneficiação do Cemitério de Loures

Teve lugar no dia 24 de Outubro, às 15 horas, a cerimónia de apresen-tação das obras de beneficiação do Cemitério Municipal de Loures, um investimento municipal de cerca de 50 mil euros.O conjunto de obras contempla

a reformulação da sinalética com colocação de planta de informa-ção, que facilita a deslocação e toponímia nas ruas adjacentes ao cemitério.Em relação à acessibilidade, as melhorias verificam-se ao nível da

repavimentação e na reestrutura-ção da entrada, nomeadamente pela construção de uma rampa de acesso para pessoas com mobilida-de reduzida e bancos de descanso.No mausóleu da Junta Revolucionária, que declarou e implantou a República a 4 de Outubro de 1910, vai realizar-se a inscrição do único membro da Junta Revolucionária -José Ferreira Cleto- que falecido em 1968, nunca até à data foi considerado na lápide tumular já existente em 1941/2.O talhão dos Bombeiros Voluntários de Loures também foi valorizado nesta intervenção.Do programa fez parte, também, a bênção de dois blocos de ossários e a apresentação do projecto de turismo cemiterial.

21PSICOLOGIA

Possivelmente, este termo, mob-bing, não lhe é familiar. Trata-se de um anglicismo que designa a violência psicológica exercida sobre os trabalhadores. Por ser um fenó-meno duradouro e sistemático com o objecto de injuriar a pessoa em causa, fazendo com que esta se demita do seu posto de trabalho, aplica-se apenas aos contextos laborais.Hirigoyen classifica o mobbing como “qualquer comportamento abusivo (gesto, palavra, comporta-mento, atitude) que atente, pela sua repetição ou pela sua sistematiza-ção, contra a dignidade ou a inte-gridade psíquica ou física de uma pessoa, pondo em perigo o seu emprego ou degradando o clima de trabalho”.Este fenómeno, existente em con-texto empresarial, tem aumentado nos últimos anos como consequên-cia da crise económica, que tem obrigado as empresas a reduzir as suas equipas, originando um aumento na rivalidade entre os pro-fissionais. Muitas vezes, por parte da entidade empregadora existe uma pressão para que o trabalha-dor se demita, devido à dificuldade

da empresa em assegurar o seu posto de trabalho.Este tipo de acções hostis e inju-riosas podem ser de três tipos, o mobbing vertical, praticado por um superior hierárquico que abusa do seu poder, usando medidas de punição, humilhação sobre um subordinado; o mobbing horizontal, feito por colegas, algumas vezes sobre um colega novo, com o objectivo de o excluir; e o mobbing ascendente, realizado pelos subor-dinados ao superior hierárquico no sentido de pôr em causa o seu papel, pressionando-o a abandonar o seu posto de chefia.As vítimas podem ser elementos mais jovens, com necessidade de aprovação e reconhecimento dos outros, pontuais, empenhadas e com maior qualificação académica, sendo vistos como ameaças aos postos de trabalho já existentes.O agressor sente a necessidade de humilhar alguém por questões de auto afirmação ou pelo simples prazer da diversão. Esta técnica de diminuir o outro é muitas vezes fruto de uma baixa auto-estima por parte dos agressores e por falta de controlo da agressividade.

Algumas das consequências do mobbing são elevados níveis de stress, ansiedade, depressão, per-turbações do sono, dificuldades de concentração e baixos níveis de confiança. Ao nível do local de tra-balho, estas manifestações podem-se traduzir em falta de atenção, motivação, queda de produtividade, absentismo e mau ambiente no trabalho.

Como pode identificar a situação?• Atente nos sinais como o isola-mento e a falta de participação de um elemento num grupo, a diminui-ção da qualidade e da produtivida-de do seu trabalho e o aumento de conflitos nesse mesmo grupo;• Verifique se a vítima é muitas vezes excluída do grupo e alvo de difamação, críticas e piadas por parte dos outros membros. Não existe respeito pelas suas opiniões, dúvidas ou considerações no grupo de trabalho.Para que a situação possa ser controlada, o problema tem de ser identificado, de maneira a que não haja consequências, requerendo uma maior atenção por parte das chefias para estas situações.

Patrícia Duarte e SilvaPsicóloga Clínica

Mobbing, o bullying dos adultos?

In-Town, por uma Europa InclusivaO Município de Loures promoveu uma confe-rência e um concerto, no âmbito da sua partici-pação no programa europeu In-Town.A candidatura visa a construção de uma rede de parcerias e sinergias que privilegia a inclu-são de cidadãos portadores de deficiência no espaço europeu, assente na partilha de expe-riências, troca de ideias e conhecimentos de boas práticas.A conferência realizou-se no dia 29 de Outubro, pelas 9 horas e 30, no Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte, no Parque da Cidade de Loures. O concerto decorreu no dia seguinte, 30 de Outubro, às 17 horas, na Igreja Matriz de Loures. Estas iniciativas foram abertas à população.“In-Town, por uma Europa Inclusiva” resul-ta de uma candidatura europeia desenvol-vida por seis municípios: Grevesmuhlen e Ahrensbok (Alemanha), Laxa (Suécia), Nagymaros (Hungria), Grzmiaca (Polónia) e Loures (Portugal).Também vão ser desenvolvidas visitas a esco-las e a instituições do concelho que trabalham a inclusão e a deficiência.

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22 ACTUAL

Foi dos armazéns da transpor-tadora Urbanos, em Loures, que partiram três camiões TIR carregados de bens para ajudar os refugiados do Médio Oriente que se encontram na fronteira da Croácia. Um movimento, denomi-nado Aylan Kurdi Caravan, juntou várias instituições do Concelho e mobilizou centenas de volun-tários para montar a operação. Rute Fortes, da Cooperativa Start Social, de Santo António dos Cavaleiros, foi uma das mais envolvidas nesta operação.

O que é e como surgiu o movi-mento Aylan Kurdi Caravan?Surgiu de forma espontânea, entre amigos, sendo que o men-tor foi o João Vasconcelos. O João juntou um grupo de amigos e começaram a fazer contac-tos com empresas e com ins-tituições, promovendo, simulta-neamente, a iniciativa nas redes sociais. O movimento tomou depois proporções que ninguém esperava. O projecto organizou-se em torno da ideia do João, por forma a estabelecer pro-cessos de logística, contactos e

meios para conseguir concretizar o objectivo. O movimento teve início no fim-de-semana de 12 de Setembro, após a publicação das polémicas imagens de Aylan Kurdi, a criança síria encontrada morta numa praia da Turquia e cujas imagens correram mundo.

Qual foi o seu papel neste pro-cesso?Estive mais ligada à parte dos voluntários e da logística que teve lugar nos armazéns da Urbanos, em Loures. Tudo começou num armazém em Alfragide, que era o polo principal, no entanto, foram sendo desenvolvidos, de norte a sul do País, vários polos de reco-lha, que se foram multiplicando graças à solidariedade criada para recolher os bens necessá-rios para esta iniciativa. Com a dimensão que o projecto tomou, fomos obrigados a procurar um local maior e surgiu a Urbanos de Loures, que cedeu o espaço, as caixas, a fita e tudo o que foi necessário para concluir o pro-cesso de logística.

Como funcionou o projecto?

A equipa de voluntários que esteve na organização deslo-cou-se à Croácia para levar os bens doados pelos portugueses. Quem partiu primeiro foi Lurdes Gonçalves, presidente da direc-ção da Start Social, a associação de que faço parte. No dia 18 de Setembro, fez-se acompanhar por outros três elementos e par-tiu para a Croácia. O objecti-vo era fazer todos os contactos no terreno com as organizações existentes, perceber junto dos campos de refugiados e perto das fronteiras onde seriam real-mente necessários esses bens. Era importante que os bens che-gassem onde eram mais preci-sos. Inicialmente, estava decidi-do irmos até à Hungria, mas, com a mudança nas fronteiras, redefi-nimos o destino para a Croácia. Foi nesse país que ficaram os bens doados pelos portugueses, transportados em três camiões TIR a partir de Portugal. A maior parte ficou na Cruz Vermelha da Croácia, perto do campo de refugiados de Opatovac, na fron-teira com a Sérvia. O restante foi entregue a uma Organização Não Governamental (ONG), em Zagreb, chamada HSUST.

Este movimento foi simples-mente espontâneo ou há algu-ma organização por trás?Não, foi mesmo espontâneo. Foram pessoas que fazem parte de associações, de empresas e outras entidades. Cada um participou com os seus conhe-cimentos. A Start Social movi-mentou cerca de 500 voluntários para ajudar, distribuídos pelos 30 centros de recolha estabele-cidos e espalhados pelo País. No último dia antes da partida, em que foi necessário empacotar tudo, passaram pelo centro mais de 400 pessoas para ajudar. O apelo seguiu para as redes

sociais e tivemos um «boom» aqui em Loures, nos armazéns da Urbanos. Independentemente da idade, da formação ou do estrato social, apareceu-nos todo o tipo de pessoas nesse dia para prestar voluntariado. Acho que é de louvar esta solidarieda-de do povo português. Importa referir que eram muitos bens, que tinham de ser separados por categorias, faixa etária, géne-ro, artigo e ser armazenados da mesma forma. Foi necessário muita gente para concluir a ope-ração. E em tempo recorde. Em apenas três ou quatro dias, rece-bemos os bens, separámo-los, empacotámos e carregámos os camiões. A caravana partiu a 19 de Setembro, com sete pessoas e na madrugada do dia 18 estava tudo concluído.

Qual o papel do polo de Loures nesta iniciativa?O polo de Loures foi importan-te no sentido de movimentar as instituições locais e de divulgar esta iniciativa junto dessas insti-tuições e de algumas empresas. O objectivo seria recolher o máxi-mo de bens e produtos. Demos também algum apoio no trans-porte dos bens, mas a nossa tarefa principal foi mesmo divul-gar e tentar recolher o máximo de artigos. Conseguimos envolver várias instituições locais, como «O Saltarico», o NÚCLIOSOL, o Centro Cristão da Cidade (CCC), o Centro Paroquial e Social de Moscavide, a Associação Enraizar e a Igreja Evangélica Batista de Santo António dos Cavaleiros.

Quanto tempo demorou a via-gem?A operação demorou cerca de uma semana. Foram sete pes-soas ao todo e três camiões TIR. Só contámos com voluntários.

Como tem sido a experiência de ajudar quem passa por este drama?É uma experiência muito enri-quecedora. Imagino que quem tenha ido e visto a mobilização dos portugueses por esta causa e conseguiu viver o momento lá na Croácia deve recordar essa experiência para o resto da vida. Fizemos parte de um marco na História, que está longe de estar resolvido e penso que ajudámos a minimizar um pouco esta pro-blemática. Houve uma preocu-pação em conhecer o terreno, as organizações que aí trabalham, visitar os campos de refugiados e ter a certeza de que as entidades em questão tinham capacidade para armazenar e fazer chegar os bens aos refugiados que mais precisam.

Têm algumas iniciativas pla-neadas para ajudar as famílias de refugiados que vão chegar em breve a Portugal?Sim, a nossa instituição vai rece-ber algumas famílias monopa-rentais e crianças órfãs. Estamos a pensar criar um centro de aco-lhimento em Loures para receber essas pessoas. Para o que aí vem, todas as ajudas são neces-sárias. No entanto, essas ajudas têm de estar organizadas e é necessário criar condições para as receber. As famílias têm de ser integradas, as crianças têm de ser colocadas em equipamen-tos, alguns adultos têm de ser colocados no mercado de traba-lho e isso é toda uma logística que tem de ser pensada e estru-turada. Como nós trabalhamos muito na área das crianças e desenvolvemos alguns projectos na Quinta do Mocho, pensámos dar essa resposta para esta pro-blemática.

Na manhã chuvosa do passado dia 17 de Outubro, o Grupo Coral da Portela encheu de sol o Centro Comercial com a alegria das suas canções, para surpresa e satisfação de lojistas e clientes. Com esta oferta musical, que se há-de repe-tir mais vezes, o Coro agradece ao Centro Comercial e à população da Portela o apoio que lhe têm dado e procura, também, encorajar pelo exemplo todos aqueles que gostem de cantar, a

fazerem a gratificante experiência de cantar com e para os outros.O Grupo Coral da Portela, agora integra-do na associação de amadores de músi-ca CANTICORUM , ensaia às 2ªs e 4ªs, às 21h30 nas instalações de Junta de Freguesia de Moscavide e Portela (ex escola Vasco da Gama). Os ensaios estão abertos a todos os que queiram assistir e ver como é. Tel 916078951/915527741 facebook.com/canticorum.aam

O movimento Aylan Kurdi Caravan partiu de Loures com três camiões TIR carregados de bens, para entregar aos refugiados na fronteira croata. Instituições, empresas e voluntários do Concelho foram determinantes para o sucesso desta operação.

Voluntários de Loures ajudam refugiados

Coro ilumina manhã cinzenta

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23ACTUAL

Bucelas foi capital do vinho durante três dias a fio, numa festa que acolheu milhares de visitantes de todo o concelho, que ousaram desafiar a chuva para prestar homenagem ao néc-tar que nasce da uva. De 9 a 11 de Outubro, Bucelas foi palco de diversas manifestações culturais, que incluíram um concerto de Vitorino, um desfile etnográfico ilustrativo das vindimas, ranchos folclóricos, fanfarras, bailes à antiga, exposições e muita ani-mação.Mas o ponto alto da Festa do Vinho e das Vindimas foi o desfile de carros criados pelas colecti-vidades, que mostrou aos visi-tantes, numa tarde escura, mas muito animada, como se faz o vinho antes de chegar ao copo. As ruas da capital do Arinto foram curtas para receber tanta gente, que se juntou para ver passar

os carros decorados a preceito e provar do tinto, do branco e até aguardente.Mário Nascimento, um dos con-dutores mais animados, já não era estreante nestas andanças e contou ao NL porque o cortejo deste ano foi um dos melhores de sempre: «A festa e o cortejo correram muito bem. Penso que se conseguiu dar a conhecer às pessoas que vêm de fora todo o processo da vindima, desde a apanha da uva até ao pro-duto final». Membro da colec-tividade de Vila de Rei, Mário Nascimento participa e ajuda a organizar a festa sempre que pode e só pedia uma pequena ajuda da meteorologia. «Acho que se o tempo estivesse melhor, teríamos o dobro das pessoas, porque este ano houve mais car-ros – 26 - e diferentes temas, no entanto, tendo em conta o tempo,

acho que foi muito positivo para Bucelas.»

Aposta na divulgação ditou sucesso da festa

Foi na rua estreita que leva ao Museu da Vinha e do Vinho, um dos ex-libris da freguesia, que Élio Matias, presidente da Junta, celebrou o desfile e marcou pre-sença. Agradado com a afluên-cia, o responsável destacou a organização: «Penso que as colectividades estão de parabéns pela organização e pelo facto de, apesar da chuva, terem conse-guido ter os carros preparados de forma a conseguirmos garantir o cortejo. Ainda estivemos na dúvida, por causa da chuva, mas acabou por correr tudo bem. O concerto do Vitorino também cor-reu bastante bem e penso que o novo modelo e as alterações que se fizeram na programação funcionaram em pleno».Para Élio Matias, o segredo do sucesso da edição deste ano residiu numa maior aposta na divulgação, o que levou os objec-tivos traçados pela Junta a serem claramente superados. «Houve uma clara aposta na tradição e mais investimento por parte do município na divulgação da festa e no seu programa, por isso, penso que os objectivos da Junta de Freguesia para esta festa foram claramente supera-dos e faço um balanço excelente da iniciativa». O presidente da

Junta elogiou ainda o trabalho da Polícia Municipal no controlo do trânsito e congratulou-se com a grande afluência de gente de fora. «Passaram por Bucelas lar-gas centenas de pessoas, talvez até alguns milhares, durante os três dias de festa, pois a forte aposta na divulgação levou a que viesse muita gente de fora», referiu.

Autarquia deu uma ajuda especial

O vereador Paulo Piteira, res-ponsável do município pelos pelouros da Cultura, Desporto e Juventude também não faltou à chamada. À passagem do corte-jo, sublinhou o sucesso da festa e a originalidade dos carros do desfile, enaltecendo o esforço da organização. «Esta festa é muito das pessoas, pois as autarquias são apenas parceiras e são fun-damentalmente as colectividades e associações que têm o traba-lho fundamental, quer na con-cepção, quer na exploração dos diferentes espaços, quer ainda na dimensão do cortejo», aludiu.No entanto, o vereador não quis deixar de sublinhar as mudanças na programação: «houve algu-mas alterações, que passaram por um grande espectáculo de abertura, com o Vitorino, e isso foi um factor que ajudou a divul-gar a própria festa. Tivemos uma adesão que nos surpreendeu, tendo em conta as condições

climatéricas existentes».Realçando a importância da Festa do Vinho e das Vindimas na divulgação do vinho branco de Bucelas, um «produto de exce-lência do concelho de Loures», Paulo Piteira defendeu que Bucelas tem «um dos melhores vinhos brancos que se produzem em Portugal e a festa é um contri-buto para dinamizar a economia local, para abordar a tradição das nossas raízes e da nossa cultura e para darmos a conhecer aos visitantes essa realidade».O responsável referiu ainda o papel da Câmara no sucesso da iniciativa. «Este ano, tivemos um envolvimento ainda maior, porque foi possível trazer uma maior qualidade aos espaços, quer do ponto de vista da deco-ração, quer do ponto de vista dos materiais utilizados», defendeu Paulo Piteira.«A festa viveu muito de aspec-tos de ajuda concreta por parte da Câmara e da Junta, quer ao nível da iluminação, do som ou da montagem dos stands», disse ainda o vereador, desta-cando que «nem poderia ser de outra forma, na medida em que estamos a falar de um patrimó-nio cultural de uma freguesia da zona norte do concelho que que-remos valorizar e de um produto que contribui largamente para o divulgar, que é o vinho branco de Bucelas».

André Julião

A Portela esteve em festa nos passados dias 9, 10 e 11 de Outubro, datas em que tiveram lugar as já tra-dicionais festas da freguesia. Denominada «Portela em Festa» e organizada pela Junta de Freguesia de Moscavide e Portela, a iniciativa contou, este ano, com vários polos de atracção, que fizeram as delí-cias de novos e menos novos.Entre os mais apreciados, contou-se um percurso para carros de pedais, onde não faltaram passa-deiras, sinais de trânsito e regras de condução res-trictas e uma discoteca, onde foi possível efectuar provas de «gin» e de outras bebidas destiladas.O habitual palco de espectáculos recebeu, este ano, o Duo Café Creme e artistas tão diversos como o Palhaço Sorriso, o acordeonista Leandro e um grupo de Danças Orientais. Não faltaram também as danças de salão nem uma aula de zumba infantil. A festa terminou em grande, com um tributo musical ao «eterno» grupo rock Dire Straits, intitulado Sultans of Swing. Foram três dias de muita animação, num fim-de-semana diferente para todos os portelenses.

Milhares de pessoas deslocaram-se a Bucelas para ver – e provar – a Festa do Vinho e das Vindimas. Foram três dias de des-files, espectáculos e muita animação, onde não faltou o vinho – branco e tinto -, a água-pé e a aguardente. E sem ressaca…

Vindimas nas ruas de Bucelas

Portela esteve em Festa

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