A Biblia Seu Interprete e Sua Interpretacao A

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A BÍBLIA, SEU INTÉRPRETE E SUA INTERPRETAÇÃOFernando Arantes, rev.

A maior parte da Escritura é, na verdade, de fácil entendimento. Ninguém precisa ser versado nos originais para compreender o seu propósito salvífico. Sua mensagem é basicamente simples. Todo aquele que dela se aproxima pode ser educado na justiça. Contudo, existem certas partes que não são de tão fácil compreensão, sendo de suma importância que o intérprete-leitor, tenha algumas qualificações.

Milton S. Terry1 diz: “As qualificações de um intérprete competente podem ser ditas como: Intelectual, educacional, espiritual”.

O INTELECTO entra justamente na percepção clara do significado do texto. A argumentação lógica do autor sacro pode ser percebida por alguém que esteja atento intelectualmente. Um exemplo é a clara divisão que o apóstolo Paulo faz da carta aos Efésios, colocando nos capítulos 1-3 um bloco eminentemente doutrinário e de 4-6 outro bloco eminentemente prático. Uma mente analítica, que saiba discernir o que um texto está ensinando é muito importante para o intérprete.

A imaginação precisa ser controlada. Algumas pessoas têm uma mente fértil demais e isto pode prejudicar a boa interpretação do texto. O intérprete deve usar sua mente para analisar, comparar e examinar a Escritura. A razão deve ser aplicada em cada parte da Escritura. A Bíblia foi escrita em linguagem humana, apela a nossa razão, convida a investigação e pesquisa, condena a crença cega. A maior tarefa de um intérprete é ensinar o que aprendeu, e ensinar outros extraírem o aprendizado da Escritura. Sem isso em mente a interpretação não terá tanto valor. O apóstolo recomenda a Timóteo: “Ora, é necessário que o servo do Senhor seja... apto a instruir...” (2 Tm 2:24)

A QUALIDADE EDUCACIONAL compreende os fatos acerca dos quais o intérprete deve estar inteirado, fatos que são aprendidos com estudo e pesquisa. A geografia da Palestina e regiões vizinhas que influenciaram nos escritos bíblicos. As histórias gerais e bíblicas são também importantes no que tange a confirmação e complementação da revelação que nos é trazida na Escritura – complementação histórica. A cronologia, o discernimento de tempos e épocas é também de especial valor na interpretação. Os sistemas políticos que envolveram a revelação bíblica esclarecem também a compreensão do que foi revelado. O modo de produção, o sistema escravista, o comércio, as guerras, tudo isto pode ser adquirido com pesquisa e estudo. Mais uma vez temos a exortação do apóstolo que diz a Timóteo: “Até a minha chegada aplica-te à leitura, à exortação ao ensino. Não te faças negligentes para com o dom que há em ti...” (1Tm. 4:13, 14)

A QUALIFICAÇÃO ESPIRITUAL é, também, fundamental à interpretação bíblica, Intelecto e estudo são importantes, mas sem contato com o Espírito Santo que é o autor da Bíblia tudo é incompleto. Portanto como ensina o Dr. Loyd Jones “é imprescindível que haja uma aproximação espiritual no texto. O pecado pode vendar nossos olhos a ponto de não enxergarmos com clareza a vontade de Deus revelada em um texto estudado mesmo com empenho. O maior objetivo do intérprete deve ser o de alcançar a verdade, preceito ou doutrina do texto estudado. Não podemos permitir que o texto fale o que queremos ouvir, mas lutar para ouvir o que o texto tem a nos dizer. O apóstolo Paulo nos exorta dizendo: “Por isso o pendor da carne é inimizado contra Deus, pois não está sujeita à lei de Deus, nem mesmo pode estar.” (Rm. 8:7)

O objetivo de conhecer a verdade deve vir acompanhado pelo desejo de viver esta verdade e só o Espírito Santo pode nos levar a isto. A reverência que temos por Deus devemos ter também pela sua voz. Pedro diz: “Por isso, cingindo o vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que vos está sendo trazida na revelação de Jesus Cristo.” (1 Pd. 1:13)

É importante, portanto, que o intérprete da Santa Escritura tenha comunhão com o Espírito Santo, pois o Deus que é luz nos chama para viver na sua iluminada presença. Como o Espírito Santo deu-nos a Escritura, sendo seu principal autor, precisamos ter comunhão com o mesmo 1 Terry, Milton S., Biblical Hermeneutics. Grand Rapids, MI: Zondervan 1977. Pp.151-158

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Espírito. Precisamos buscar a mente de Cristo e isto só acontecerá quando a Palavra d`Ele habitar ricamente em nós, pois “o pendor do Espírito Santo é para vida e paz”. Nossa busca deve ser pela sabedoria de Deus, assim nos diz Paulo: “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas perscruta até mesmo as profundezas de Deus... as coisas de Deus ninguém as conhece senão o Espírito de Deus.” (Ef. 1:17,18)

Princípios básicos de interpretação da Bíblia

O “Admirável Mundo Bíblico” nos remete há quatro mil anos atrás. O que um livro escrito há tanto tempo, em lugares, línguas e culturas tão diferentes da nossa, tem que possa nos interessar hoje? Os autores e os leitores da Bíblia são produtos da suas culturas. O choque desses dois horizontes, o mundo bíblico e o contemporâneo, é, portanto, inevitável a qualquer leitor.

Cremos que a mensagem de Deus, revelada em outro tempo e espaço, continua válida para os nossos dias. É preciso, portanto, entendê-la e transpô-la para hoje. Aqui entra a ferramenta da hermenêutica! Ela nos ajuda a entender a mensagem de Deus, relevante e fundamental para a nossa vida cristã, e a forma ou “roupa” na qual ela nos é enviada. Quando recebemos uma carta, por mais bonito e interessante que sejam o envelope e o papel, o conteúdo é que nos transmite a mensagem principal.

Uma definição de Interpretação: “Hermenêutica é a ciência e a arte da interpretação. A palavra é usualmente aplicada à explanação de documentos escritos e pode ainda ser mais especificamente definida como a ciência da interpretação da linguagem de um autor. A Hermenêutica reconhece que existem diferentes modos de pensamentos e ambigüidades de expressões entre os homens. Seu objetivo, portanto, é remover as supostas diferenças entre um escritor e seus leitores a fim de que o significado deste possa ser verdadeira e acuradamente compreendido por aqueles.”

1) Os maus usos da Bíblia.1.1) Displicente: descaso, eventual, indiferente, descomprometido...1.2) Mágico: amuleto, sorte, conveniente à circunstância, Salmo 91...1.3) Comprobatório: “A falácia evangélica básica de nossa geração é o ‘Texto-Prova’, que

é o processo pelo qual uma pessoa ‘prova’ uma doutrina ou prática pela citação de textos bíblicos sem considerar seu inspirado propósito original.” (Osborne 1991, p.6,7)

2) O bom uso da Bíblia.2.1) Só é bíblico o ensino que reflita um abrangente e contextualizado estudo dos textos

bíblicos. A “analogia da fé”.2.2) Nenhum ensino está completo se não envolver os dois testamentos e passar pelo centro

da escritura que é Jesus Cristo – Criação, Israel, Cristo, Igreja, Consumação.2.3) A Bíblia é um livro acima de tudo para a vida. Precisamos entender e atender.

“A verdade não está na doutrina sem vida, nem na vida sem doutrina; mas sim na vida que expressa a doutrina, e na doutrina que orienta a vida”. (J. A. Ferreira, p. 16)

1. A grande importância da interpretação bíblica:a) Pessoal. Você precisa saber o que Deus quer te falar.b) Discernimento. Precisamos entender as diferenças de interpretação.c) Teologia. Um entendimento mais amplo de Deus e da vida.d) Comunidade/Pastorado/Evangelização/Ensino: Ajudando outros a conhecer e viver com

Deus.

2. Como pode uma pessoa que queira estudar a Bíblia com honestidade ter sucesso e ser abençoada pela Palavra de Deus?

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Parta da pressuposição de que a Bíblia tem autoridade. Para começar devemos ter uma consciência bem clara de que a Bíblia é a palavra escrita de Deus, portanto, “infalível” e “inerrante”. Nós, contudo, somos falhos e erramos, muitas vezes, em nosso entendimento. Isto é verdade para o cristão individual tanto quanto para a igreja. Deus sabe da nossa necessidade de auxílio para entendermos e atendermos à sua voz. Temos de aplicar alguns princípios de interpretação que nos ajudam muito ao nos aproximarmos da Bíblia. Este é o primeiro princípio de aproximação da Bíblia, ela é o supremo tribunal de recursos para a vida e prática do filho de Deus.

A Bíblia é sua melhor intérprete; a Escritura explica melhor a Escritura. Ao estudarmos a Bíblia devemos deixá-la falar por si mesma, sem procurarmos acrescentar ou retirar algo, procurando comparar passagens com outras passagens. O primeiro interprete da Bíblia foi o Diabo (Gn 3:1-5) e o que ele fez? a) torceu o que Deus disse em Gn 2.16,17; b) Contradisse a Deus V.4; c)ridicularizou e acusou Deus V.5.

Interprete a experiência pessoal à luz da escritura e não a escritura à luz da experiência pessoal. Nossas experiências com o Senhor são muito importantes para a nossa vida cristã, contudo precisamos colocá-las no seu devido lugar e não deixar que assumam um lugar que somente Deus, através da Bíblia, tem. Isto é: o direito de nos dizer o que está certo ou não e conduzir toda a nossa vida. Por exemplo: uma pessoa que não consegue se controlar no seu consumismo sente um dia de Deus o desejo de nunca mais usar cartão de crédito e após ter um bom resultado começa a achar que todos deveriam fazer o mesmo por causa da sua experiência e usa o texto de Romanos 13.8 para justificar seu ensino.

O propósito primário da Bíblia é mudar as nossas vidas, não aumentar o nosso conhecimento. Satanás conhece e usa a Bíblia (vide Mt 4), mas a escritura foi nos dada para sermos santos e não espertos (2 Tim 3.16,17).

Cada cristão tem o direito e a responsabilidade de investigar e interpretar pessoalmente a Palavra de Deus. Princípio defendido pelos reformadores protestantes do Sec. XVI. Não podemos esperar que outras pessoas façam este trabalho por nós (At 17.11)

A história da igreja é importante, mas não decisiva na interpretação da escritura. A tradição e a herança eclesiástica têm o seu lugar de importância em toda igreja cristã, mas não é a igreja que determina o que a Bíblia ensina, antes, a Bíblia determina o que a igreja ensina.

Princípios básicos de interpretação da Bíblia / SIMPLICIDADE e HISTÓRIA.

A Bíblia é a revelação de Deus aos homens. Por que é imprescindível que Deus se revele a nós? a) Há uma distância entre o criador e sua criatura que esta não pode por si só transpor; b) Deus é perfeito e santo enquanto nós somos pecadores. Assim mesmo, Deus deseja se relacionar pessoalmente conosco, mas nós estamos incapacitados pela nossa situação de buscá-lo como devemos, assim torna-se condição imprescindível que o Senhor venha até nós, ver Isaías 55.6-11

1. Princípio da simplicidade:Deus falou com o propósito de ser entendido. Esta pressuposição nos leva ao princípio da

simplicidade.A Bíblia não é um “quebra-cabeça” que Deus preparou para nos manter ocupados aqui na

terra, nem tão pouco um labirinto onde estamos sempre procurando uma saída. O propósito da revelação escrita de Deus é trazer luz e claridade e não confusão para as pessoas. Deus não espera que somente as pessoas muito cultas e estudadas entendam a sua mensagem, de fato ele diz que são os símplices que tem a melhor chance de entendê-la. (Uma observação: Simplicidade não exclui estudo e cultura, mas, sim orgulho e altivez intelectual.

Há, de fato, alguns textos da Bíblia que são de difícil entendimento a princípio (2 Ped 3.16), contudo a mensagem central dela, que, talvez, pudéssemos resumir em João 3.16, é muito simples. Os reformadores optaram por uma hermenêutica que pressupunha o sentido natural da Bíblia,

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rejeitando uma herança secular de interpretação alegórica (ATENÇÃO: A rejeição da alegorização não significa a rejeição do figurativo).

Há uma grande diferença entre o sentido Natural do Literal. Nem sempre o sentido natural é o literal, Ex.: Jo 3 o novo nascimento; Jo 4 a água viva; Jo 6 "meu corpo…meu sangue"; Jo 10 a porta, minhas ovelhas. Jesus fez uso destas imagens/figuras de linguagem como recurso de ensino

É preciso que observemos também as expressões "Antropomórficas" (mão, braço, boca, olhos… de Deus) e "antropopáticas" (arrependimento).

Um cuidado especial deve ser tomado no estudo dos textos poéticos e apocalípticos.Como podemos separar na escritura aquilo que é literal do que é figurado? A resposta está

em como nós entendemos o sentido natural do texto.

2. Princípio da historicidade.Embora a mensagem de Deus seja para todos os homens em todos os lugares e momentos da

história, Deus falou em um contexto preciso e particular, assim sendo a mensagem única e universal de Deus só pode ser entendida à luz das circunstâncias na qual foi primeiramente dada. O que nos leva ao sentido original das escrituras.

Quando abordamos um texto bíblico precisamos nos acompanhar de algumas perguntas que nos ajudem a entendê-lo melhor. O método 'Histórico-Gramatical' Tem sido usado como a ferramenta mais útil neste tipo de abordagem do texto. É um exercício no qual nos transportamos até os dias do autor e dos destinatários do seu documento e procuramos ouvir as suas palavras como se fossemos um dos seus primeiros ouvintes. Para que isso ocorra com mais segurança é preciso que consideremos pelo menos três aspectos:

1. A situação. É preciso reconstruir o cenário do texto estudado. Quem o escreveu e para quem? Quais eram as circunstâncias e o porquê delas?

2. O estilo. Qual é o gênero literário do texto? Prosa, Poesia, Narrativa, Sabedoria, Profecia, Apocalipse, Epistola, Evangelho…

3. A língua. A linguagem de um povo é algo que está em constante mutação. Uma palavra pode mudar de significado de uma geração para outra. O grego bíblico é o KOINE ("comum", não o clássico, nem o Bizantino, nem o moderno), uma linguagem popular que durou entre 330 A.C. até 300 A.D. Ver, por exemplo, o estudo de uma palavra no N.D.I.T.N.T.

Princípios básicos de interpretação da Bíblia / HARMONIA e MODERNIDADE.

Deus falou com o propósito de ser entendido (Simplicidade).Deus falou em contextos específicos (História).

Deus falou sem contradizer-se (Harmonia).Deus ainda fala através do que ele já falou (Modernidade).

1. Princípio da harmonia:Deus falou "muitas vezes e de muitas maneiras…" por um período de aproximadamente

1600 anos. De fato a Bíblia mostra uma imensa diversidade de autores e de estilos, mas em todo o seu conteúdo ela é consistente e não se contradiz. Isto revela a mente de Deus que está por trás de cada palavra e pensamento ali registrado. A respeito deste assunto assim nos diz a confissão de fé de Westminster 1.5: "Pelo testemunho da igreja podemos ser movidos e incitados a um alto e reverente apreço pela escritura sagrada; a suprema excelência do seu conteúdo, a eficácia da sua doutrina, a majestade do seu estilo, a harmonia de todas as suas partes, o escopo do seu todo (que é dar a Deus toda a glória)…".

1.2) Duas responsabilidades: a) Sintetizar: Combinar partes divergentes em um todo.

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1. O ser humano: Dignidade (imagem e semelhança de Deus, Tg 1.18); Depravação (queda, Rm 1.10).

2. O Estado: Obediência (Rm 13, autoridade instituída por Deus); Desobediência (Ap 13, autoridade demoníaca e rebelde a Deus. Dois exemplos: a) Ex 1.15; b) At 4.5 ).3. As Posses: podemos Guardá-las (At 5.4); podemos Distribuí-las (At 2.44).4. O Sexo: é Celebração (Cantares); é para o Casamento (Gn 2.22); a abstinência (1Co 7.7, o

celibato não é incompatível com o ser humano).

b) Harmonizar: Não é manipular indiscriminadamente os textos bíblicos, mas deixar com que a Bíblia explique a si mesma. Westminster diz: "Na Escritura não são todas as coisas igualmente claras em si, nem do mesmo modo evidentes a todos, contudo as coisas que precisam ser obedecidas, cridas e observadas para a salvação, em uma ou outra passagem da escritura são tão claramente expostas e aplicadas, que não só os doutos, mas ainda os indoutos, no devido uso dos meios ordinários, podem alcançar uma suficiente compreensão delas." (W1.7).

2. O princípio da modernidade.Deus fala hoje através do que ele revelou no passado e está registrado na Bíblia. A palavra

de Deus é viva e dinâmica e não está fossilizada em um determinado contexto já passado. O Deus vivo é quem faz com que a sua palavra revelada continue tão atual e imprescindível para os homens hoje.

Duas expressões usadas por Jesus e pelos apóstolos marcam a importância da Palavra de Deus para a mentalidade moderna. GEGRAPTAI GAR (porque está escrito) e LEGEI GAR (pois está dito) , várias foram as oportunidades em que Jesus e os apóstolos recorreram a citações de textos bíblicos para aplicá-las ao momento em que viviam. Precisamos estar com os ouvidos atentos à mensagem viva da escritura e tomarmos o cuidado de não nos concentrarmos apenas em nosso contato com o texto bíblico. O evangelho de Jesus Cristo é Tremendamente relevante para os dias atuais o que nos desafia como crentes bíblicos à profecia (pregação) e à contextualização da sua mensagem.

2.1) A dificuldade que enfrentamos:A separação cultural / histórica entre o mundo bíblico e o mundo moderno distancia

um do outro mais do que pensamos. Precisamos mais do que nunca conhecer o mundo bíblico através de uma aproximação criteriosa (ver aula IV) e, precisamos também, entender o mais possível o mundo e a mentalidade moderna.

A interpretação bíblica é uma ponte entre

O MUNDO BÍBLICO O MUNDO CONTEMPORÂNEO

De 4000 a.C. 2007 d.C.

São duas as perguntas que sempre nos acompanham no cumprimento da nossa tarefa: a) O que o texto significa? (história), b) O que o texto nos diz? (modernidade).

Como nós distinguimos entre uma pessoa e a sua roupa, também o fazemos entre a essência da revelação de Deus e a roupagem cultural que a envolve (a roupagem não afeta a essência). A hermenêutica visa preservar a essência da mensagem aplicando-a em outra cultura.

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a) A Bíblia tem uma mensagem que é dita de muitas maneiras. Precisamos entender que há uma consistência em meio à diversidade da revelação bíblica.

b) Estejamos conscientes e alertas com respeito a nosso atual momento e os seus desafios, sem, contudo nos tornarmos escravos da modernidade. O objetivo de entendermos o momento contemporâneo e de fazermos a nossa obediência a Deus contemporânea.

CONCLUSÃO

A “Iluminação” do Espírito Santo.O melhor interprete de um livro é o seu autor, visto que ele, melhor que ninguém, sabia com

que intenção escreveu. O Esp. Santo, que foi quem inspirou alguns homens para escreverem a Pal. de Deus (2 Ped 1.20,21), é o nosso maior ajudante na interpretação bíblica.

Quem são aqueles que o Esp. Santo Ilumina?a) Os regenerados, os que já nasceram de novo (Jo 3.3; 1 Co 2.14), aqueles que

experimentam a companhia de Deus em suas vidas. Para estes a Bíblia deixa de ser “um livro” e passa a ser “O LIVRO”. Exemplo: J.R.W. Stott leu a Bíblia desde criança por ensino de seus pais, o que foi algo mecânico e rotineiro até o final de sua adolescência quando foi convertido. A partir daí sua leitura foi outra.

b) Os humildes, aqueles que ao estudarem a Bíblia com seriedade dependem e se submetem ao seu ensino (Mt 11.25,26; Sl 119.18).

c) Os obedientes, aqueles que praticam o que aprenderam (Jo 7.17; 14.21).d) As testemunhas, Os que compartilham o evangelho (Mt 5.13-16).

É óbvio que precisamos de hermenêutica ao ler a Bíblia. Muitos, contudo, têm perdido a mensagem da Palavra de Deus em meio aos emaranhados culturais dos tempos bíblicos ou dos nossos dias.

A hermenêutica do texto bíblico envolve todo o ser do interprete e instrumentaliza todos os recursos a ele ou a ela disponíveis.

O fundamento hermenêutico da Confissão da Fé de Westminster (Cap. I), creio eu, continua válido para direcionar a qualquer pessoa que se aproxime das Escrituras a fim de conhecê-las e a elas atender.

SOLI DEO GLORIA__________________________________Bibliografia:Arantes, Fernando T., Campinas, 30 de setembro, 2007dC, Dia da Passagem na IPJG.Bruce, F.F., Merece Confiança o Novo Testamento? São Paulo, SP: Ed. Vida Nova 1990.Drane, John, Bíblia, Fato ou Fantasia. Campinas, SP, LPC 2006.Elwell, Walter A., Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã; Vol. II. São Paulo, SP: Vida Nova, 1990.Guthrie, Donald, New Testament Theology. Downers Grove, IL: IVP, 1981Stott, J.R.W., Understanding The Bible, Grand Rapids, MI: Zondervan 1976.Stott, J.R.W., A Bíblia – O Livro Para Hoje. São Paulo, SP: ABU, 1993.