O membro quer receber pão e peixe, o discípulo é um pescador.
A CARTA QUE NENHUM PAI QUER RECEBER
Transcript of A CARTA QUE NENHUM PAI QUER RECEBER
GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTESECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO E DA CULTURA
3ª DIRED – NOVA CRUZ/RN ESCOLA ESTADUAL DOUTOR PEDRO VELHO
TEATRO NA ESCOLA
PEÇA:A CARTA QUE NENHUM PAI QUER RECEBER
Escrito por: Professor Jonas Floripe Ginani Filho
ELENCO: Alunos da 2ª e 3ª do Ensino Médio do turno vespertino
E 3ª série do Ensino Médio noturno.
Ruth – personagem ClaraMayane – personagem Mãe de Clara
Patrick – personagem Pai de ClaraLara – personagem Clara que escreve a carta
Silvana – personagem DórisFernando – personagem Pedro
Andressa Francisco – personagem PaulaVinicius – Apresentador
Jefferson – A Morte
Pedro Velho/RN/BR
Maio de 2015
APRESENTAÇÃO:
Esta peça foi escrita pelo professor Jonas, baseada em fatos reais que acontecem no dia a dia e registrados em vídeos na internet, fazendo parte do projeto Teatro na Escola e projeto Alerta Contra Drogas 2015. Esta peça também tem a finalidade de deixar registrado o Dia Nacional de Combate às Drogas – 26 de junho.
Participam da peça os alunos da 2ª série do Ensino Médio do turno vespertino: Lara como a personagem principal – Clara, que escreve a carta e a lê; Patrick como o pai; Mayane como a Mãe; Andressa como a amiga de Clara e Vinicius – este que vos fala, como apresentador. Da 3ª série do Ensino Médio do turno noturno temos: Ruth, como Clara nas cenas secundárias, e Fernando e Silvana, como o casal de influenciadores. Completando o elenco, o aluno Jefferson, da 3ª série do Ensino Médio do turno vespertino, personificando a Morte. A tragédia que será apresentada contém cenas pesadas e comoventes necessitando de muita concentração dos atores, por isso pedimos aos presentes a atenção e silêncio durante a apresentação.
Com vocês ...
A CARTA QUE NENHUM PAI QUER RECEBER
Cena principal um:
Filha drogada, aspecto bem derrubado e assustador, sentada sobre tijolos e escrevendo com um toco de lápis numa banca improvisada e sob uma cobertura de papelão. Na banca um cachimbo, pedras de crack e garrafa de álcool comercial que ela bebe. Um refletor vermelho com dimmer ilumina este espaço. Ela lê o que escreve em voz alta com a música de fundo “Hello” da banda Evanescence, que permanece tocando durante toda a peça.
>>>ACENDE REFLETOR VERMELHO
Clara:
- Pai, mãe...
- Esperei tanto por uma conversa amiga com vocês, mas entendo, o trabalho não lhes deu tempo para mim e, quando encontraram...foi tarde demais...
>>> REDUZ REFLETOR VERMELHO/ACENDE LUZ DO PALCO/ ABRE CORTINA
Cena secundária um:
Em cena um casal e sua filha.
O casal se observa corrigindo a arrumação da roupa e se olhando num espelho. A filha, abraçada a um bicho de pelúcia, olha para eles tentando chamar a atenção e diz:
- Mãe ... Mãe ...
Eles não dão atenção e saem rapidamente dizendo na saída:
Mãe:
- Filha escolha alguma coisa na geladeira e esquente no micro-ondas para seu café antes de ir para a escola viu?
- Amo você filha (manda um beijo na direção dela). Tchau!
- Vamos amorzinho, estamos atrasados! (falando para o pai)
Pai:
- Filha não se esqueça dos meus avisos sobre falar com estranhos na rua viu? Vá direto para a escola. Qualquer coisa ligue para sua mãe ou para mim.
Após saírem de cena a garota abraça um bicho de pelúcia e diz:
- De que adianta ligar se eles não têm tempo para me escutar?
>>> FECHA CORTINA/APAGA LUZ DE PALCO/AUMENTA REFLETOR VERMELHO.
Fim da cena secundária um.
Cena principal dois:
A carta continua:
Clara:
- Pai, Mãe ...
- Apesar de tentar esperar pelo tempo necessário, outros me viram esperando e se chegaram com mensagens tão amigas que lhes abri o coração.
- Pai... Mãe...
- Sei que sempre ao sair de casa para me levar à escola me avisavam para não falar com estranhos, mas a minha solidão era tanta e as palavras que me disseram eram tão doces que não resisti e terminei embriagada.
>>> REDUZ REFLETOR VERMELHO/LIGA LUZ DE PALCO/ABRE CORTINA
Fim da cena principal dois.
Cena secundária dois:
Clara está sentada num banco com seu bicho de pelúcia quando chega um casal de jovens. Primeiro a garota depois o jovem.
Dóris:
- Oi! Posso sentar?
Clara concorda balançando a cabeça:
A garota liga o celular e mostra o vídeo com a banda Evanescence.
- Você gosta dessa banda? É minha favorita.
Clara:
- Adoro. Gosto muito das músicas da banda, mas a que mais gosto é “Hello”.
- Esta música tem muito a ver comigo.
Dóris:
- Também comigo. Não sei com você, mas não consigo conversar com meus pais e minha salvação é a vocalista da banda e suas letras.
Clara:
- Tenho o mesmo problema com os meus.
Dóris:
- Desculpe, não sei teu nome ainda?
Clara:
- Clara.
Dóris:
- Clara me chamo Dóris e além de curtir muito o Evanescence, participo de um grupo que se reúne de vez em quando para conversar e curtir vídeos da banda. Você vai gostar muito do grupo. Estou indo encontrar com eles agora. Quer ir comigo e participar do grupo?
Clara:
- Eu gostaria muito, mas não falei nada com meus pais ...
Dóris:
- Mas eles nem sabem que você existe, também não irão saber para onde foi nem o que vai fazer né?
Chega o amigo de Dóris – Pedro.
Pedro:
- Oi Dóris!
Dóris:
- Oi Pedro! (se beijam no rosto)
- Esta é Clara, que está interessada em conhecer o grupo que curte a banda Evanescence.
Apertam as mãos e se beijam no rosto.
Pedro:
- Clara estamos indo agora nos reunir para curtir um vídeo novo da banda, vem com a gente?
Clara:
- Não sei não ...
Pedro:
- Se você curte mesmo a banda não pode perder a oportunidade. O vídeo será incrível, mas só poderá ser hoje, pois teremos que devolvê-lo após o encontro.
Dóris:
- Clara teus pais não estão nem aí para você, aproveite a chance de conhecer o que tem de bom no mundo garota!
Pedro:
- Dóris tem razão Clara, vamos aproveitar nossa idade com coisas fantásticas como música, amor e amizade. Nesses encontros a gente conversa muito sobre relacionamentos entre pais e filhos e a dificuldade deles nos entenderem. A gente não curte violência, apenas paz e camaradagem, para isso usamos nossos gostos musicais e algumas coisas que tornam nossa vida mais alegre e divertida, como esses comprimidinhos coloridos. (Mostra os comprimidos)
- Vem com a gente?
Clara:
- Está bem, vou com vocês.
>>> FECHA CORTINA/APAGA LUZ DO PALCO/AUMENTA REFLETOR VERMELHO
Fim da cena secundária dois.
Cena principal três:
Volta à carta.
- Hoje, sei que não tive a sorte de ser encontrada por um anjo da guarda, mas sim pelo anjo do inferno, que me espreitava sabendo exatamente o que fazer e dizer para me ter.
- E ele conseguiu. Agora sou escravo de seu veneno ...a maldita droga!
Pega um cachimbo preparado e fuma (cachimbo equipado com um laser para aparentar a brasa).
>>>ACENDE O REFLETOR VERDE DE PALCO/PRODUZ UM POUCO DE FUMAÇA/ABRE CORTINA
Entra a Morte, sob efeito de fumaça e luz, se levantando do chão e seguindo até onde se encontra a personagem que escreve a carta, acompanhando o ritmo da música tema, e se coloca sob as costas dela. Após uma coreografia conjunta, se retira e volta para as cortinas.
>>> FECHA A CORTINA/DESLIGA REFLETOR VERDE
Volta à carta.
- Pai... Mãe... Perdoem-me. Não fui forte o bastante para encarar o desafio de enfrentar a vida sem vocês por perto. Cai na cilada de que encontraria força e resposta para tudo pelo caminho embriagador das drogas.
- Faltou-me você Pai, Mãe... Faltou-me você amiga ...
- Não!! Que digo!?
>>> REDUZ REFLETOR VERMELHO/LIGA LUZ DE PALCO/ABRE CORTINA
Fim da cena principal três.
Cena secundária três:
Entram os pais, já bem tristes e sofridos, com a filha na cadeira.
Mãe:
- Filha sei que não fomos muito presentes com você, mas te amamos muito e não queremos te perder para as drogas. Nós queremos te ajudar a sair desse inferno, mas você precisa querer sair.
Pai:
- Filha não se deixe destruir por essas porcarias. Escute a gente. Queremos muito te ajudar, porque te amamos muito. Nos escute pelo amor de Deus.
Clara:
- Estou muito bem e não estou precisando de ajuda, portanto deixem eu viver a minha vida do jeito que eu quiser.
Os pais saem de cena cabisbaixos e tristes, chorando. Entra uma amiga de infância.
Paula:
- Clara olhe para você. Em que se transformou aquela doce menina que adorava estudar, ler, rir e cantar. O caminho que você segue está te destruindo e deixando a todos que se preocupam realmente com você muito tristes. Deixe a gente te ajudar.
Clara:
- Mas que droga Paula! Deixe de se incomodar com minha vida. Que droga!!
Paula sai de cena cabisbaixa deixando Clara em cena.
>>> FECHA CORTINA/APAGA LUZ DE PALCO/AUMENTA REFLETOR VERMELHO
Fim da cena secundária três:
Cena principal quatro:
Volta à carta.
- Pai ... Mãe ...
- Neste desespero me é fácil culpar os outros, mas sei que faltou-me paciência, ouvidos e atenção para escutar vocês, tão embriagada fiquei pelo caminho errado.
- Hoje vivo meus últimos momentos como zumbi e, no meio de zumbis, o corpo apodrece e o espírito padece seu sofrimento, quando ocorre rasgos de razão.
>>>REDUZ REFLETOR VERMELHO/LIGA LUZ DE PALCO/ABRE CORTINA
Fim da cena principal quatro.
Cena secundária quatro:
Clara está no chão, junto a Dóris e Pedro, fumando crack (cachimbo equipado com um laser para aparentar a brasa). Ela vomita em cima dos outros dois e é empurrado de leve sem eles se incomodarem com o vômito.
>>> FECHA CORTINA/APAGA LUZ DE PALCO /AUMENTA REFLETOR VERMELHO
Fim da cena secundária quatro.
Cena principal cinco:
Volta à carta.
- Pai, Mãe...
- Este inferno já não aguento mais, pois estou morrendo. Haverá um outro pior depois?
- Se sim espero que suas orações amenizem meu tormento, se não, espero que tudo acabe aqui e me perdoem por ter lhes feito sofrer.
- Adeus!
Bebe álcool e fuma mais uma pedra de crack (cachimbo equipado com um laser para aparentar a brasa), quando deixa cair a garrafa de álcool e desfalece na mesa.
>>> ACENDE REFLETOR VERDE/PRODUZ UM POUCO DE FUMAÇA/AUMENTA SOM/ABRE CORTINA
Entra a Morte, sob efeito de fumaça e luz, se levantando do chão e seguindo até onde se encontra a personagem que escreve a carta, acompanhando o ritmo da música tema, e se coloca sob as costas dela. Após uma coreografia conjunta, finaliza se apoiando sobre as costas, finalizando a cena.
>>> FECHA A CORTINA/APAGA REFLETOR VERDE/ACENDE LUZ DE PALCO
Final da cena principal.
Entra o apresentador:
- Esta peça não pretende condenar os pais como culpados pelo ingresso dos filhos no mundo das drogas. Ela apenas mostra uma variante deste ingresso nesse mundo cruel e triste. A Clara foi uma vítima fácil pelo descuido dos pais e o resultado foi desastroso para ela e sua família, mas existe outros casos em que, apesar do enorme cuidado e atenção dos pais, os filhos terminam tragados por esse mundo sofrido.
(Entram os atores e se dão as mãos também com o apresentador.)
- Assim, eu que apresento a peça e os que a interpretam e apoiam, desejamos que a mensagem transmitida seja bem incorporada na memória dos presentes e que nunca deixem de ser bem claros quando a droga vier com o canto doce e inocente aos seus ouvidos, dizendo sempre ...
“Sou vivo! Não uso drogas!”
FIM
Link para fotos da apresentação em 03/06/2015: https://picasaweb.google.com/114675170384542727499/TEATROACARTA?authuser=0&feat=directlink
Link para o vídeo da apresentação em 03/06/2015:
https://youtu.be/nlKuTSg8Xqc