A CARTOGRAFIA NO ENSINO DA GEOGRAFIA: leitura e ... · O estudo da Cartografia nos permite elaborar...
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A CARTOGRAFIA NO ENSINO DA GEOGRAFIA: leitura e
interpretação de mapas
Anilda Salete da Silva1
Geliane Toffolo2
Resumo: A Geografia está relacionada com a necessidade de conhecer o espaço geográfico e nos auxilia a localizar qualquer ponto na superfície da Terra, facilitando nossa orientação e localização. Pela Cartografia elaboramos e interpretamos mapas e cartas que são resultados visíveis da representação do espaço. Devido aos estudantes chegarem ao Ensino Médio apresentando uma defasagem em relação ao conhecimento e domínio da linguagem cartográfica propomos esta pesquisa que visa possibilitar a leitura e interpretação de mapas com estudos cartográficos. O público-alvo são estudantes de 1º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Irmã Maria Margarida localizado no município de Salto do Lontra, no Estado do Paraná. Realizamos uma pesquisa qualitativa por meio da realização de um questionário para diagnosticar suas dificuldades em relação à Cartografia. A partir deste diagnóstico elaboramos e desenvolvemos atividades que visam suprir essas defasagens em forma de uma Unidade Didática destinada também aos professores de Geografia da Educação Básica, a fim de contribuir com atividades que subsidiem seu trabalho e contribuam com a aprendizagem dos estudantes.
PALAVRAS – CHAVE: Linguagem Cartográfica. Aprendizagem. Localização.
Orientação.
Introdução
Estudar Geografia é uma forma de compreender o mundo em que vivemos,
pois para atuarmos frente aos problemas cotidianos temos que conhecê-los. Ao ler
um mapa a pessoa adquire meios que lhe permitem ter acesso a outras informações
sobre o mundo e facilita seu entendimento da realidade em que vive e atua.
Escolhemos abordar a leitura e interpretação de mapas devido à defasagem
dos educandos que chegam ao Ensino Médio em relação à falta de entendimento e
domínio da linguagem cartográfica. Isto ocorre em razão da dificuldade em
compreender a simbologia cartográfica (SIMIELLI, 2007). Diante disso,
desenvolvemos uma proposta de Implementação Pedagógica na escola a fim de
possibilitar ao estudante a leitura e interpretação de mapas com estudos
cartográficos que visem proporcionar noções básicas da Cartografia, através da
1 Professora do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – 2016/2017 pelo Colégio Estadual Irmã Maria Margarida – Ensino Médio e Normal, pertencente ao NRE de Dois Vizinhos/PR. 2 Professora do curso de Geografia Licenciatura na Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE –
Campus de Francisco Beltrão/PR.
elaboração de atividades para uma Unidade Didática que subsidie outros
professores de Geografia.
As investigações que se voltam para uma análise qualitativa têm como objeto
de estudo situações complexas. Estudos que empregam esta metodologia
possibilitam descrever melhor a complexidade dos problemas (RICHARDSON,
1999), pois os pesquisadores qualitativos estão preocupados com o processo de
assimilar e não simplesmente com os resultados e o produto (BOGDEN e BIKLEN,
1982).
Esse trabalho foi desenvolvido através da Pesquisa Qualitativa em três
etapas: na primeira realizamos um diagnóstico com vinte e dois estudantes3 do 1o
ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Irmã Maria Margarida, localizado no
município de Salto do Lontra. Com auxílio de um questionário com cinco perguntas
abertas e fechadas buscamos identificar os conhecimentos sobre leitura e
interpretação de mapas, orientação e localização de lugares. Na segunda etapa,
com base nos resultados do diagnóstico elaboramos e desenvolvemos atividades
com a finalidade de suprir as dificuldades expostas pelos estudantes. E na terceira
etapa, para identificar o conhecimento adquirido pelos estudantes durante o período
de intervenção, realizamos novamente o mesmo questionário para diagnosticar a
aprendizagem com 28 estudantes presentes no dia. Após a terceira etapa,
analisamos os dados e organizamos o texto do artigo.
O artigo está organizado a partir de uma breve explanação sobre os estudos
de mapas onde apresentamos a Implementação do Pedagógica do projeto e o
resultado do diagnóstico feito antes e depois da proposta de atividades.
1. O estudo de mapas no ensino da Geografia
O mapa é um instrumento criado para responder as questões: Onde estou?
Onde está tal objeto? A localização precisa ser enfocada com precisão e fidelidade.
Essa é uma das maiores preocupações dos cartógrafos em todos os tempos.
Qualquer ponto da superfície terrestre pode ser definido com relação ao sistema de
referência fixas que são as coordenadas geográficas ou componentes de
localização: X (longitude) e Y (latitude) (JOLY, 2009).
3 O referido questionário diagnóstico foi aplicado apenas com 22 alunos que eram os que estavam presentes no dia.
O estudo da Cartografia nos permite elaborar e interpretar mapas e gráficos,
estabelecendo um meio de comunicação que está inserido no processo cartográfico.
Mapa é a representação no plano normalmente em escala pequena, dos aspectos geográficos, naturais, culturais, e artificiais de uma área tomada na superfície de uma figura planetária, delimitada por elementos físicos ou políticos-administrativos, destinada aos mais variados usos temáticos culturais e ilustrativos (BRASIL, 2006, p. 1).
As Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE) de Geografia (2008) propõem que
os mapas e seus conteúdos sejam lidos pelos estudantes como se fossem textos
passíveis de interpretação, problematização e análise crítica.
O mapa é um meio de informação, é como se fosse um livro, feito de figuras e
palavras que podemos ler, interpretando sua legenda. E, a partir dessas informações
conseguimos descobrir alguns fatos da área mapeada (ROSA, 2004). O elemento
que nos ajuda nesta leitura é a legenda, que apresenta os símbolos presentes no
mapa.
No período em que vivemos estudar mapas é extremamente importante para
compreender o mundo. De acordo com Vigotski (2000) o mapa é um instrumento de
comunicação, de linguagem e de representação que faz parte da vida do ser
humano desde que o mesmo, em suas comunidades e organizações mais remotas,
identificou a importância de desenhar o espaço vivido.
O mapa é uma representação codificada de um determinado espaço real. Podemos até chama-lo de um modelo de comunicação, que vale de um sistema semiótico complexo. A informação é transmitida por meio de uma linguagem cartográfica que se utiliza de três sistemas básicos: sistemas de signos, redução e projeção (ALMEIDA & PASSINI,1989, p.15).
Na linguagem cartográfica os signos são as formas numéricas, como por
exemplo, os cálculos, a arte, o simbologismo algébrico, a escrita, os gráficos, os
mapas e os desenhos. O signo é o que representa. Este possui dois aspectos, o
significante e o significado, ocupa o lugar do objeto mesmo não sendo o objeto
(FRANCISCHETT, 2014). Nesse sentido, “A linguagem da Cartografia é a linguagem
gráfica. Portanto, as representações cartográficas são elaboradas a partir de três
elementos: ponto, linha e polígono [...]” (FRANCISCHETT, 2014, p. 846).
A linguagem cartográfica se utiliza da redução, ou seja, representa uma
porção do espaço que possui propriedades simétricas consideráveis em uma figura
plana, o mapa. Assim, proporciona uma visão global, localizada e mensurável dos
fenômenos reduzidos a partir de uma escala, conforme o objetivo do mapa (JOLY,
2009).
Na linguagem cartográfica, as projeções representam a superfície esférica da
Terra em um plano, muitas vezes organizadas em forma de mapa. São constituídas
por uma rede sistemática de paralelos e meridianos que permitem serem
desenhados. As diferentes projeções cartográficas foram desenvolvidas com o
intuito de minimizar as distorções ocorridas durante a produção de um mapa. As
principais são a cilíndrica, a cônica e a plana (PENA, 2016).
A comunicação cartográfica é realizada por meio da Semiologia Gráfica que
permite avaliar as vantagens e os limites das variáveis visuais empregadas na
Simbologia Cartográfica e formular regras de uma utilização racional da linguagem
cartográfica, auxiliada hoje por métodos eficientes da informática e automação.
Dentre as variáveis visuais utilizadas para a construção de mapas estão as
seguintes: forma, tamanho, orientação, cor, valor e granulação. Estas são utilizadas,
cada qual com suas especificidades, para representar fenômenos qualitativos,
ordenados ou quantitativos nos modos de implantação pontual, linear ou zonal
(JOLY, 2009).
A Simbologia Cartográfica é fundamental para a compreensão de um mapa e
sua consequente localização.
Um mapa é uma forma de comunicação que conjuga as propriedades da linguagem gráfica e visual, expressa na imagem formada pelo arranjo de tonalidades, cores, formas e texturas, símbolos e signos com a linguagem escrita, presente no título, na legenda, na toponímia, nomes dos lugares ou objetos, em todo o contexto do mapa [...] (FRANCISCHETT, 2014, p. 854).
O ensino cartográfico pressupõe um conjunto amplo de conhecimentos
destinados a preparar o estudante para o domínio da linguagem, o que habilite a ler
o mundo através de diferentes representações da cartográficas.
A aprendizagem da linguagem cartográfica permite aos educandos fazerem a
leitura e a interpretação de representações presentes em atlas, mapas e cartas. Os
conceitos cartográficos (escala, legenda, localização, orientação) podem ser
abordados a partir das práticas cotidianas, por meio da leitura do lugar de vivência
(BRASIL, 2006).
Conforme as DCE (2008), a linguagem cartográfica corresponde a um suporte
para o entendimento dos conteúdos geográficos que é utilizada na compreensão da
espacialização dos fatos e fenômenos em diferentes escalas geográficas. Quando o
estudante se apropria da linguagem das convenções cartográficas está apto a
reconhecer representações de realidades mais complexas que exigem maior nível
de abstração.
2 - A leitura e a interpretação de mapas na aprendizagem
A leitura e interpretação dos mapas possibilita aos estudantes a capacidade
de formar conceitos e ideias que representam a realidade. Os mapas devem fazer
parte do cotidiano escolar e não apenas nas aulas de Geografia. Um sujeito que não
consegue ler e interpretar um mapa:
[...] está impedido de pensar sobre aspectos do território que não estejam registrados em sua memória. Está limitado apenas aos registros de imagens do espaço vivido, o que o impossibilita de realizar a operação elementar de situar localidades desconhecidas (ALMEIDA, 2013, p. 17).
Dessa forma, é necessário que o professor de Geografia detenha habilidades
e seja sensível para o trabalho com conceitos cartográficos básicos, como: escalas,
projeção, localização, orientação, simbologia. A leitura e interpretação de mapas
abrange desde as séries iniciais do Ensino Fundamental até o final do Ensino Médio.
[...] o domínio da leitura de mapas é um processo de diversas etapas porque primeiro é acolhida a compreensão que o aluno tem da realidade em exercícios de observar a representar o espaço vivido, com o uso da escala intuitiva e criação de símbolos que identifiquem os objetos. Depois, aos poucos, são desenvolvidas as noções de escala e legenda, de acordo com os cálculos matemáticos e as convenções cartográficas oficiais (RUA, 1993, p. 13).
O mapa, na linguagem cartográfica, é a mediação necessária entre o homem
e a realidade natural, política e social. A possibilidade de ler mapas de forma
adequada é importante para se educar o estudante para a autonomia do
conhecimento espacial (PASSINI, 1998). Por isso, “[...] as ações do professor devem
ser organizadas a possibilitar aos estudantes a apropriação dos conhecimentos e
das experiências histórico-culturais da humanidade”. (MOURA, 2010, p. 97).
Para o professor de Geografia os mapas são um dos principais recursos
didáticos que estão a sua disposição. Para que o estudante conheça os conteúdos
geográficos, o professor precisa buscar subsídios que deem suporte ao ensino e
aprendizagem da Cartografia. Precisa incluir no seu trabalho uma metodologia
didático-pedagógica para o ensino da Cartografia considerando os diferentes níveis
escolares (FRANCISCHETT, 1997).
O professor de Geografia, através da leitura de mapas, pode desenvolver
dinâmicas, metodologias ligadas à localização permitindo a aprendizagem dos
símbolos cartográficos. Pois, as situações que desencadeiam a aprendizagem são
materializadas por meio de diferentes recursos metodológicos que envolvem
situações emergentes do cotidiano (MOURA, 2010).
O processo de ensino e aprendizagem passa por muitos desafios a serem
vencidos, uma vez que existem, por parte de educandos, dificuldades em perceber a
Geografia no seu cotidiano. Essa deficiência na aprendizagem das noções de
Cartografia dificulta significativamente a capacidade de compreender as
transformações do espaço geográfico e, consequentemente, reduz as oportunidades
destes sujeitos intervirem na realidade em que estão inseridos (SOUZA e
FONSECA, 2010). Nesse sentido, a atividade de ensino elaborada pelo professor
necessita de planejamento porque precisa criar no estudante um motivo especial
para estudar e aprender teoricamente sobre a realidade (MOURA, 2010).
Ao elaborar uma atividade de ensino o professor precisa organizá-la para que
gere e promova a atividade do estudante, ou seja, ela precisa apresentar um sentido
e um significado na vida do estudante para assim promover sua aprendizagem
(MOURA, 2010). Considerando o exposto, organizamos atividades, planejamos
ações e as desenvolvemos com os estudantes do 1o ano do Ensino Médio. Além
disso, fizemos uma avaliação da aprendizagem durante o período de intervenção.
3. Leitura e interpretação de mapas: uma abordagem no 1o ano do Ensino
Médio
A implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica foi direcionada aos
33 estudantes do 1o ano C matutino do Colégio Estadual Irmã Maria Margarida –
Ensino Fundamental, Médio e Normal. A intervenção ocorreu no período de março a
maio de dois mil e dezessete (2017).
Dos 33 estudantes da turma apenas 22 (67%) estavam presentes no dia do
diagnóstico (Anexo I). Dos 22 estudantes (100%), 19 (86%) haviam utilizado o mapa
para se localizar, 13 (59%) utilizaram o GPS como recurso, e seis, mapas.
Para utilizar os instrumentos de orientação como mapas, GPS e bússola é
preciso o conhecimento dos pontos cardeais, como também dos colaterais
(CASTELAR, 1996). Porém, quando solicitamos aos estudantes indicarem os pontos
cardeais, Norte, Sul, Leste e Oeste, somente cinco estudantes (23%) souberam
indicar. Enquanto 17 (77%) não souberam. Isso demonstra que há uma contradição
entre o entendimento e a demonstração do conhecimento dos estudantes sobre
localização.
No contexto escolar do ensino de Geografia as dificuldades em torno da
aprendizagem de localização e orientação provêm da falta de hábito de utilizarem,
na prática cotidiana, estes conceitos. Na escola, quando muito, são feitos alguns
exercícios no mapa, mesmo sem este estar devidamente orientado
(FRANCISCHETT, 2002).
Buscamos saber se os 22 estudantes sabiam a localização do nosso
município no mapa do Paraná4. Nove deles (40%) souberam indicar a localização de
Salto do Lontra no mapa. Porém, a maioria (60%) não soube. É importante que o
estudo da linguagem cartográfica seja inserido desde o início da escolaridade, uma
vez que proporciona melhor entendimento e compreensão dos mapas, assim como,
a representação do espaço (FRANCISCHETT, 2004). Por isso, é importante o
professor planejar atividades que sejam significativas para os estudantes no
processo de mediação entre o conhecimento científico e o conhecimento empírico
do estudante.
Na leitura e interpretação de mapas, 13 estudantes (60%) souberam indicar
os elementos do mapa - Título, Escala, Legenda, Meridiano, Paralelo, Rosa dos
Ventos (orientação) – e nove (40%) não souberam. Com relação à legenda, somente
nove (40%) souberam que ela representa os símbolos dos mapas. E a maioria
(60%) não respondeu corretamente.
A linguagem cartográfica é compreendida pela união de símbolos como
orientação, legenda, cores, dentre outros elementos, que permitem a elaboração e
leitura de mapas. Para ler e interpretar um mapa é necessário que o leitor conheça
ou saiba interpretar o conjunto de tais símbolos e as normas que fazem parte da
linguagem cartográfica (MARTINELLI, 2007).
4 Para esta atividade foi utilizado o mapa político mudo do Estado do Paraná.
Percebemos que os estudantes não se apropriaram da linguagem
cartográfica. Isso ocorre quando o professor não se coloca em atividade de ensino
ou não continua se apropriando de conhecimentos teóricos que lhe permitam
organizar ações que promovam a atividade de aprendizagem nos estudantes
(MOURA, 2010).
Com base no diagnóstico realizado, elaboramos atividades e as organizamos
em forma de uma Unidade Didática a fim de desenvolver a compreensão da leitura e
interpretação das representações e a análise de símbolos cartográficos. As
atividades foram organizadas com conceitos científicos, estratégias metodológicas e
avaliações, e organizadas em três etapas, as quais continham, a localização e a
orientação no espaço geográfico, além da leitura e interpretação de mapas.
Na primeira etapa correspondente à localização e orientação no espaço
geográfico, os estudantes descreveram sua posição em relação aos objetos no
espaço da sala de aula, dando informações sobre pontos de referência, de direção e
sentido. No início ficaram inseguros para desenvolver a atividade, mas foram
adquirindo domínio sobre a localização do seu espaço e a do colega.
Nesta etapa foi trabalhado também com atividades que visam orientar os
estudantes quanto às informações e pontos de referência necessários para chegar a
um determinado ponto ou a um lugar que se deseja ir pela primeira vez, tanto na
cidade quanto no campo, em seu município. Foi abordado a sinalização das ruas,
avenidas ou estradas, a importância de pedir informações a pessoas que conheçam
o lugar e como utilizar um mapa da área para se localizar. A seguir, os estudantes
desenvolveram atividade de localização com a planta baixa da cidade de Salto do
Lontra conforme ilustra a figura 1.
Figura 1 – Atividade com planta baixa
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
No desenvolver das atividades com os estudantes foram utilizados como
recursos didáticos: vídeos, textos, livro didático, instrumentos de orientação, planta
baixa do município onde moram, mapas antigos, geoatlas, imagens de satélites,
aplicativo Wikimapia5, celulares, com o objetivo de auxiliar na orientação e
localização espacial. Optamos por utilizar esses recursos por fazerem parte do
cotidiano do estudante e por considerar que as atividades de ensino desenvolvidas a
partir deles pudessem ser utilizadas no seu cotidiano. A figura 2 representa os
estudantes desenvolvendo a atividade com uso do celular:
Figura 2 – Atividade Digital
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
Na primeira etapa também utilizamos a Rosa dos Ventos porque foi um dos
primeiros instrumentos utilizado pela civilização para se orientar no espaço
geográfico (FRANCISCHETT, 1997). Trabalhamos com os estudantes os pontos de
orientação. Primeiramente discutimos a orientação pelos astros e em seguida, pelos
pontos cardeais e colaterais. A figura 3 representa os estudantes desenvolvendo a
atividade.
5 O aplicativo demonstra a forma tridimensional do globo terrestre, construído a partir de imagens de satélite e imagens aéreas. Também é possível identificar imagens de paisagens, lugares, construções e outros elementos geográficos, de forma aproximada.
Figura 3 – Atividade de orientação
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
Na segunda etapa, leitura e interpretação de mapas, o objetivo foi
proporcionar a compreensão da Cartografia como linguagem visual, universal,
baseada em símbolos, códigos e convenções próprias, para que o estudante
pudesse ler, analisar e interpretar qualquer mapa, além de compreender sua
finalidade e importância e desenvolver habilidades para identificar o município, o
estado, o país e o continente onde residem. Esta etapa foi composta por quatro
atividades: análise das representações cartográficas dispostas em jornais, revistas,
portais da internet e livros escolares; vídeo sobre a história dos mapas; pesquisa
sobre leitura e análise de mapas; e, aula de campo.
A figura 4 representa a confecção das representações cartográficas.
Figuras 4 – Leitura de Mapas
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
A alfabetização cartográfica não se limita à leitura de mapas e outros
instrumentos de representação do espaço, mas tem como objetivo também a
realização de leitura de mundo, possibilitando que se estabeleça uma relação entre
as representações cartográficas e a concretude do espaço (PASSINI, 1994).
Para realização da aula de campo, os estudantes foram separados em nove
equipes de quatro ou cinco pessoas. Utilizaram para desenvolver as atividades os
seguintes instrumentos: planta da cidade de Salto do Lontra, aplicativo para GPS,
barbante, bússola, caderno para anotações, fita métrica, cartolina e lápis de cor para
coletar dados sobre localização e orientação, população, comércio, medição (escala)
das quadras e ruas onde moram e onde está localizado o colégio, com a finalidade
de produzir um mapa da área. A figura 5 ilustra essa atividade.
Figura 5 – Aula de campo
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
Para verificar a aprendizagem dos estudantes sobre orientação e localização,
abordadas nas etapas anteriores, desenvolvemos a caça ao tesouro. A seguir, o
croqui do módulo esportivo, onde foi desenvolvida a atividade.
Figura 6 – Croqui módulo esportivo
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
Dentre as nove equipes formadas para o desenvolvimento da atividade, sete
seguiram as pistas e acertaram todos os pontos corretamente. O diferencial foi o
tempo que a equipe ganhadora levou para concluir toda a atividade que em apenas
sete minutos descobriu o tesouro perdido. A figura a seguir representa essa
atividade.
Figura 7 – Atividade caça ao tesouro
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
Após o trabalho com os estudantes sobre leitura e interpretação de mapas,
desenvolvemos a terceira etapa, na qual realizamos outro diagnóstico (final),
utilizando as mesmas questões do inicial. No diagnóstico final estavam presentes 28
estudantes (100%), seis estudantes a mais que no diagnóstico inicial. Obtivemos as
seguintes respostas:
Tabela 1 – Conhecimento inicial e final dos estudantes
Temas Diagnóstico
inicial
Diagnóstico
final
1 - Estudantes que utilizavam o mapa 19 (86%) 27 (96%)
2 - Localização no mapa do Paraná 09 (40%) 18 (64%)
3 - Pontos de orientação (Rosa dos ventos) 05 (23%) 21 (75%)
4 - Elementos cartográficos 13 (59%) 17 (61%)
5 - Símbolos dos mapas 09 (41%) 15 (54%)
Fonte: Arquivo pessoal, 2017.
Na tabela acima observamos que os estudantes que conseguiram utilizar o
mapa aumentaram, de 19 (86%) no diagnóstico inicial para 27 (96%) no diagnóstico
final. Consequentemente o número dos que souberam se orientar utilizando os
pontos cardeais foi significativo, mudou de cinco (5%) para 21 (75%), após os
trabalhos realizados. A aprendizagem da linguagem cartográfica é tão complexa e
importante quanto as outras linguagens (FRANCISCHETT, 2004). Portanto, o
professor precisa organizar a atividade de ensino para que ela promova a
aprendizagem dos estudantes (MOURA, 2010).
Observamos também que aumentou o número dos que souberam localizar o
seu município no mapa do Paraná, de nove (40%) no diagnóstico inicial, para 18
(64%) no diagnóstico final. Os que indicaram corretamente os elementos
cartográficos no diagnóstico inicial foram 13 (59%) e no diagnóstico final passou
para 17 (61%). Também aumentou os que demonstraram conhecer os símbolos dos
mapas de nove (41%), para 15 (54%). Os estudantes conseguiram demonstrar sua
aprendizagem sobre o domínio da linguagem dos mapas no desenvolvimento das
atividades de ensino. Houve progresso por parte dos estudantes que demonstraram
compreensão e assimilação dos conteúdos apresentados.
Diante das dificuldades apresentadas pelos estudantes do 1o ano C do
Colégio Estadual Irmã Maria Margarida no diagnóstico inicial sobre a compreensão
da leitura e interpretação dos mapas, elaboramos e trabalhamos com atividades de
ensino que os estimulassem a aprender as noções básicas de Cartografia a partir da
sua realidade. As atividades propostas envolveram os estudantes na produção dos
trabalhos com mapas e utilização dos elementos cartográficos necessários para
construção da legenda de uma forma criativa, a fim de representarem as
informações de espaços geográficos.
Ao elaborar as atividades de ensino consideramos o cotidiano dos
estudantes, o que favoreceu para despertar o interesse e a aprendizagem
demonstrada no diagnóstico final. Assim, o objetivo das atividades de ensino se
concretizou, com resultados satisfatórios O estudante que passa pela aprendizagem
significativa desenvolve o raciocínio lógico por meio da leitura das relações e função
simbólica pela necessidade de relacionar o espaço que observa os códigos,
articulando significado e significante (PASSINI, 2012).
Diante da intervenção realizada, alguns pontos podem ser destacados, entre
eles o interesse da maioria dos estudantes pelo tema estudado; o envolvimento dos
grupos; a organização, a atenção e a seriedade no desenvolvimento das atividades.
Isso certamente contribuiu para a aprendizagem com relação à linguagem
cartográfica.
Considerações
A implantação da Proposta Pedagógica é mais uma etapa vencida na trilha da
educação, através da qual os estudantes entenderam a importância e a contribuição
da Cartografia para a compreensão da realidade cotidiana.
As atividades de ensino elaboradas e trabalhadas proporcionaram aos
estudantes analisar e sintetizar as informações sobre o meio geográfico, ao mesmo
tempo em que ajudaram na compreensão dos conhecimentos básicos da linguagem
cartográfica. Contribuíram também para a elaboração do conhecimento cartográfico,
superando as dificuldades apresentadas inicialmente obtendo êxito no processo de
ensino e aprendizagem.
Os conhecimentos adquiridos sobre a Cartografia possibilitaram aos
estudantes a apropriação da leitura e interpretação de mapas. As noções básicas da
Cartografia foram construídas com a utilização de atividades de ensino que
estimularam e promoveram a aprendizagem a partir da realidade cotidiana.
Sabemos das dificuldades que os professores enfrentam com relação ao
pouco tempo disponível para preparação e seleção de materiais e atividades de
ensino que despertem o interesse, estimulem a participação e promovam a
aprendizagem dos estudantes. Nesse sentido, elaboramos uma Unidade Didática
com base nas necessidades expostas pelos estudantes do 1o ano, destinada
também aos professores de Geografia, a fim de contribuir com atividades de ensino
que subsidiem suas aulas. As atividades de ensino presentes na Unidade Didática
foram compartilhadas com outros professores do colégio e com os participantes no
curso do Grupo de Trabalho em Rede (GTR). Também ficará disponível, após
publicação realizada pela Secretaria de Estado da Educação (SEED – PR), no portal
dia a dia educação.
A pesquisa auxiliou no direcionamento de elaboração de atividades
significantes buscando superar as lacunas presentes na aprendizagem dos
estudantes com relação à Cartografia. Acreditamos que este foi um ponto de partida
para que outras pesquisas possam complementar e abrir novos caminhos,
ultrapassando os obstáculos no ensino da Cartografia na Geografia.
Referências
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FRANCISCHETT, M. N. Cartografia no ensino da Geografia construindo os caminhos do cotidiano. Francisco Beltrão: Grafit, 1997. ______ A Cartografia no ensino de Geografia: construindo os caminhos do cotidiano. Rio de Janeiro: Litteris, 2002. ______ A Cartografia no ensino da geografia: a aprendizagem mediada. 3. ed. Cascavel: EDUNIOESTE, 2004.
______ Construindo elos metodológicos na linguagem cartográfica. Revista Brasileira de Cartografia, n. 66, v. 4, 2014. JOLY, F. A cartografia. 12. ed. Campinas: Papirus, 2009. MARTINELLI, M. A Sistematização da Cartografia Temática. In: ALMEIDA. R. D. (Org.). Cartografia Escolar. São Paulo: Contexto, 2007. MOURA, M. O. et al. A atividade orientadora de ensino como unidade entre ensino e aprendizagem. In: MOURA, M O. A atividade pedagógica na teoria histórico-cultural. Brasília: Liber Livro, 2010. PARANÁ. Diretrizes Curriculares de Educação Básica do Estado do Paraná (DCE): Geografia. Curitiba, 2008. PASSINI, E. Y. Alfabetização cartográfica e o livro didático: uma análise crítica. 1. ed. Belo Horizonte: Lê, 1994. ______ . Alfabetização cartográfica e o livro didático: uma análise crítica. 2. ed. São Paulo: Editora Lê, 1998. ______ . Reflexões metodológicas e cognitivas: aproximações entre sujeito e objeto. In: Alfabetização cartográfica e aprendizagem de geografia. 1. ed. São Paulo: Cortez, 2012. PENA, R. F. A. Elementos de um mapa. In: Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/elementos-um-mapa.htm>. Acesso em: 08 dez. 2016. SIMIELLI, M. E. O mapa como meio de comunicação e alfabetização cartográfica: cartografia escolar. São Paulo, Editora Contexto, 2007.
SOUZA, F. C. R.; FONSECA, G. S. Reflexões sobre a aprendizagem cartográfica no Ensino Fundamental e Médio. II CIEPG – Congresso Internacional da Educação. Ponta Grossa – PR, 2010. RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1999.
ROSA, R. Cartografia Básica. Uberlândia: Universidade Federal de Uberlândia-Instituto de Geografia, 2004. RUA, J. et al. Para ensinar Geografia. Rio de Janeiro: ACCESS Editora, 1993. VIGOTSKI, L. S. A construção do pensamento e da linguagem. Trad. Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
Apêndice A – Questionário destinado aos estudantes
PROFESSORA PDE: Anilda Salete da silva ÁREA/DISCIPLINA PDE: Geografia ESCOLA DE IMPLEMENTAÇÃO: Colégio Est. Irmã Maria Margarida – Ens. Médio PÚBLICO OBJETO DE INTERVENÇÃO: 1º ano C
Cartografia no ensino da Geografia: importância da leitura e interpretação de mapas
Aluno (a) _________________________________________________ 1 – Para localizar lugares, cidades entre outros pontos de referência, um dos meios
mais utilizados é a consulta em mapas. Você já se utilizou desse recurso? Que tipo
de mapa? Justifique sua resposta.
2. Qual é a sua localização no mapa abaixo? (Município, latitude, longitude,
orientação)
Município: ______________________ Longitude: ____________________
Latitude: ________________________Orientação: ___________________
3 - Observe a figura abaixo e estabeleça a localização que se pede:
4 – A linguagem cartografia é essencial para fazer leituras dos mapas. Neste âmbito
podemos considerar que alguns elementos são necessários para fazer essa leitura.
No mapa abaixo de acordo com os números identifique os elementos cartográficos.
1______________________________3_______________________________2___
___________________________4_______________________________
5 ______________________________6______________________________
5 - Com base na legenda abaixo, assinale as alternativas corretas:
Org.: Geron, 2015.
( ) A legenda representa os símbolos dos mapas, eles variam entre zonais,
lineares e pontuais. E também conforme a suas cores, os seus tamanhos ou a
direção para onde apontam.
( ) Os mapas são importantes formas de comunicação, possuem a sua própria
linguagem para transmitir informações de forma simples, prática e direta. A legenda
é uma das linguagens.
( ) Os símbolos de um mapa não precisam estar de acordo com o que é
representado. Também não precisam estar de acordo com o título e tema nele
tratados.
( ) As linguagens cartográficas são os símbolos dos mapas, e seus significados
estão disponíveis nas legendas.