A CHARGE FUNÇÃO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

download A CHARGE FUNÇÃO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

of 16

Transcript of A CHARGE FUNÇÃO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    1/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    A CHARGE: FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL

    Andra de Araujo Nogueira

    Doutoranda na ECA/USP

    Resumo: O reconhecimento do potencial da charge, enquanto fenmeno de grande alcancede comunicao, concretizou-se com o processo de transformao tecnolgica e na intenodos jornais em ver ampliado seu consumo. Baseado nas consideraes de Vladimir Propp

    sobre o humor, propomos analisar neste trabalho o recurso dos personagens-tipos nas charges:o Juca Pato, de Benedito Bastos Barreto, e Z Marmiteiro, criao de Jos Nelo Lorenzon, naimprensa paulistana no sculo XX. Figuras que surpreendem pela ironia de seus autores,contriburam para estabelecer respaldados nos efeitos da comoo e afetividade despertadosnos leitores, valores culturais e comportamentais, ratificando o papel da caricatura naimprensa, ao desvendar as relaes do poder tanto na esfera do relacionamento cotidiano eurbano, quanto na poltica nacional.

    Palavras-chave: Charge Personagem - Poltica.

    Inmeras teorias desde Aristteles procuram de alguma forma compreender o humor.

    Para o filsofo grego a associao com a tragdia, sendo seu oposto, est diretamente

    relacionada aos sentimentos humanos e seu conjunto de valores, tratando do risvel, do que

    vergonhoso, feio ou vil. Da tradio do pensamento clssico, o conceito do riso foi se

    sedimentando, at instaurar, no perodo do romantismo, valores de superioridade e

    distanciamento, ao lado da dimenso do cmico1

    Rompendo com essa vertente, o fillogo russo Vladimir Propp, ligado ao Formalismo

    Russo, se dedicou a um estudo do cmico2 reunindo e sistematizando exemplos literrios

    1Esses conceitos revistos no livro de Saliba tem sua ruptura, segundo o autor, no perodo daBelle poque. SALIBA, E. T.Asrazes do riso: a representao humorstica na histria brasileira: da Belle poque aos primeiros tempos do rdio.SoPaulo: Companhia das Letras, 2002.2

    PROPP, V. Comicidade e riso. Trad. Aurora F. Bernardini e Homero de Andrade. So Paulo: tica, 1992.

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    2/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    como Ggol, revistas humorsticas e satricas, para criar uma teoria sobre a comicidade. Para

    tanto, buscou uma caracterizao comportamental inserida nas categorias estticas e extra-

    estticas do humor, estabelecendo seis tipos principais de riso: o riso de zombaria, o riso bom,

    o mau/cnico, o alegre, o ritual e o de exploso. Propp concluiu que a comicidade possui

    diferenas implcitas em seus aspectos que levam diferentes formas de riso, sendo impossvel

    a subdiviso romntica do cmico em vulgar e elevado.

    A grande operao do artista que produz o humor, segundo Propp, descobrir os

    procedimentos especiais para mostrar o que ridculo, no sentido de ser passvel e

    provocador do riso. Nem sempre este nexo pode ocorrer; o que considerado cmico parauma pessoa, pode no ser para outra, residindo a causa dessa reao nas condies de ordem

    social, cultural e historicamente, pois para Propp cada poca e cada povo possui seu prprio

    e especfico sentido de humor e de cmico, que s vezes incompreensvel e inacessvel em

    outras pocas. 3

    A compreenso do humor, enquanto fenmeno social, analisado por Bergson, reflete

    seu alcance possvel quando inserido num suporte como a imprensa moderna, objeto de nosso

    estudo, a charge poltica.

    A charge

    A concepo da caricatura, termo derivado do verbo italiano caricare, isto , carregar,

    sobrecarregar com exagero, foi usada pela primeira vez em 1646 por Antonio Mosini, ao

    analisar os desenhos dos irmos Agostino e Annibale Carraci, os ritratini carichi, satirizando

    tipos humanos de Bolonha,

    4

    envolvendo a percepo de um novo momento histrico ligado modernidade, e, sobretudo, a uma transformao das tcnicas de reproduo. Esses recursos,

    segundo Benjamim, se desenvolveram mediante saltos sucessivos, separados por longos

    intervalos, mas num ritmo cada vez mais rpido, especialmente com o aparecimento da

    litogravura,

    3PROPP, V. op. cit., p. 32.4

    FONSECA, Joaquim da. Caricatura: a imagem grfica do humor. Porto Alegre: Artes e Ofcios, 1999, p.17.

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    3/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    o processo muito mais fiel - que submete o desenho pedra calcria, em vez deentalh-lo na madeira ou de grav-lo no metal permite pela primeira vez s artes grficasno apenas entregar-se ao comrcio das reprodues em srie, mas produzir, diariamente,obras novas. Assim, doravante, pde o desenho ilustrar a atualidade cotidiana. E nisso eletornou-se ntimo colaborador da imprensa.5

    A caricatura, portanto, se estabeleceu na imprensa dentro de duas concepes scio-

    culturais, mencionadas por Melo.6A primeira relacionada ao avano tecnolgico, com a

    litografia inicialmente e depois com as possibilidades tcnicas da rotativa, passando a ser um

    recurso incorporado aos processos de produo jornalstica. A segunda concepo provm do

    interesse da popularizao do jornal enquanto veculo de comunicao de massa, pois a

    caricatura, formada na inter-relao do texto (legenda) e na fora da imagem, com seu

    potencial de seduo, tornou-se um instrumento eficaz de persuaso do pblico leitor.

    Usualmente empregada no sentido de gnero, a caricatura envolve e constitui o elemento

    formal da charge. O significado que este termo adquiriu no Brasil acabou incorporando o

    sinnimo francs da caricatura, numa ligao ntima com a imprensa, como uma stira grfica

    a um acontecimento poltico. Enquanto manifestao comunicativa baseada na condensao

    de idias, a sua compreenso requer um entendimento contemporneo ao momento exposto na

    relao dos personagens.

    A charge, entretanto, se desprende da funo de apenas ilustrar o cotidiano, assinalado

    por Benjamim. Com uma sntese dos acontecimentos filtrados pelo olhar de seus atentos

    produtores e a utilizao de recursos visuais e lingisticos, a charge transforma a inteno

    artstica, nem sempre objetivando o riso - embora o tenha como atrativo - em uma prtica

    poltica, como uma forma de resistncia aos acontecimentos. O desgaste das intenes de sua

    temtica, centrada na atualidade, inevitvel, entretanto, dentro de um contexto histrico,

    poder por diversas vezes repetir-se, ou seja, permanecer atual enquanto crtica ao

    5BENJAMIM, W. A obra de arte na poca de suas tcnicas de reproduo. In: Textos escolhidos. So Paulo: Abril, s. d., p.12.6

    MELO, Jos Marques de. A opinio no jornalismo brasileiro. Petrpolis: Vozes, 1994, p. 183.

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    4/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    establishment econmico ou social de um pas, como poderemos perceber no decorrer dos

    exemplos aqui expostos.

    Na charge transparece o riso de zombaria, referida por Propp, expondo abertamente

    aquilo que est oculto, dando pelo humor, uma outra viso sobre um acontecimento ou

    pessoa, revelando os traos singulares e morais do caricaturado.

    Foi assim, que a Folha da Noite criada em fevereiro de 1921, concentrando-se em

    temas populares e urbanos, sob a direo de Olival Costa buscava cumprir a proposta de

    cativar um nmero maior de leitores. Contrata ento o jovem caricaturista Benedito BastosBarreto, o Belmonte, que produz centenas de charges para o jornal, durante vinte e seis anos

    de sua carreira nasFolhas,at sua morte em 19 de abril de 1947.

    Paulistano do bairro da Liberdade, Belmonte nasceu em 15 de maio de 1896. Um dos

    elementos de sua enorme produo artstica foi a forte ligao que mantinha com a cidade,

    encontrando nesta relao os temas para suas charges e inmeras ilustraes de livro.

    A criao do personagem Jos da Silva Pato, ou melhor,Juca Pato,7representa bem esse

    vnculo. Juca aparece pela primeira vez em 2 de maio de 1925 na Folha da Noite, com a

    inteno de ampliar seu pblico consumidor.

    Concentrando em uma nica figura, a primeira essencialmente urbana na caricatura

    brasileira, a imagem do homem moderno, estupefato e indignado com os desmandos polticos,

    mais especificamente no que toca a transformao urbana, diferentemente da figura por vezes

    malandra e sorrateira com a qual Z Povo, urbano e rural, foi por inmeros artistas delineado.Mas no novo jornal da empresa, a Folha da Manh que o personagem, aparecendo em

    vrios pontos do jornal como vinheta das colunas alm das charges, populariza sua imagem de

    eterno pagante.

    7A utilizao dessas personificaes que interpenetra a afetividade e a pretenso do reconhecimento poltico do homem

    comum se amplia nas charges nacionais, condensadas e popularizadas nos personagens-tipos, empregadas at meados dosculo XX, especialmente aps a presena do portugus Bordalo Pinheiro no Rio de Janeiro de 1874 at 1879, que traz em

    sua bagagem a figura de Z Povinho.

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    5/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    Juca era antes de tudo inverso. Dialtico por ser irnico. Ao desenhar sua figura vestida

    com terno tipo fraque, furado e remendado por ser o ltimo que possui e culos com aro de

    tartaruga, Belmonte, evidenciava a posio da camada intermediria da populao, atraindo-a

    para o consumo dos jornais.

    Compondo traos do jornalista, Juca observava o cotidiano poltico, resignado, mas

    igualmente intempestivo por sua indignao. A tropear pela vida, carregando uma tonelada

    de deveres atrs de uma promessa de direitos,8 Juca Pato instaura o humor e a crtica no

    cotidiano de So Paulo nos anos 20, e se transforma vertiginosamente, como um flneur

    intencionado:

    Se encontrares dez pessoas de culos, nove delas usamculos a Harold Loyd. Ora seguindo essa srie de fatos visveis e

    palpveis, lancei ao mundo o Juca Pato de frack e culos detartaruga. O resto do tipo assim: careca, porque? Porque sempreleva na cabea. No leva? Leva, sim. no Brasil, o povo que mais

    paga impostos, o que mais trabalha, o que mais luta, o que maisconstri...Pum! Levou no crnio! E ficou careca! Mas no chora! Nogeme! No blasfema! Ri, apenas. a sua filosofia. a sua vingana.Sua gargalhada no a de um clown; ele ri, pelo gosto de rir; gargalha

    para castigar. 9

    As reformas urbanas neste perodo na cidade eram impostas de forma

    desordenada aos cidados, tornando sua vivncia um desafio dirio. A entrada de capitais

    estrangeiros aps 1900 contribuiu para essa transformao, sendo que o grupo canadense

    Light and Powers ir absorver praticamente todos os servios pblicos da cidade, at 1930,

    como transporte urbano, fornecimento de energia e gs para uso domstico e industrial,

    iluminao pblica e servios de telefonia.10

    8BELMONTE (pseud.)Folha da Manh, 16 mar. 1926, p. 19BELMONTE (pseud.)Folha da Manh, Doeu?! Bravos Juca Pato, 31 ago. 1926, p. 310SAES, F. A . M. de. Economia. In: PASSOS, M.L. P.F. (coord.) Estruturao de uma cidade industrial 1872-1945. So

    Paulo: Eletropaulo, 1990, p. 33-5.

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    6/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    O desmando da empresa que monopolizava os servios pblicos e o distanciamento

    dos polticos com a rotina urbana, provocava na populao uma sensao de impotncia frente

    acelerao do ritmo urbano que contamina a atmosfera das ruas, apresentada na charge que

    traz um atordoado Juca Pato, buscando um sinal ou uma verdadeira direo, no meio de tantas

    outras (figura 1).

    Fig. 1. Legenda: Juca Pato Virgem Maria! Os paus esto dando cria!Folha da Manh, 5/7/1925, p.1

    As tabuletas que deveriam organizar o espao pblico apresentam setas conflitantes,

    como a multido que caminha em posies diversas, imersas na acelerao e no anonimato.

    No ltimo plano, o variado contorno dos edifcios revela a falta de harmonia da arquitetura

    urbana, e no primeiro, a sensao de deslocamento do personagem, que se reflete no espanto e

    indignao na legenda.

    A gide do olhar doflneurbaudelariano que rumina a imagem moderna (...) que luta

    diante da linha evanescente que ainda persiste entre o espao pblico e a reserva da

    intimidade e, por isso, ainda pode surpreender-se, chocar-se ante a imagem urbana11 o

    11

    FERRARA, L. A . As mscaras da cidade.Revista da USP, mar.,abr., maio/ 1990, p. 7

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    7/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    aproxima de Juca Pato, no sentido que aponta metaforicamente sua imobilidade e

    perplexidade poltica, tendo como fundo a massa urbana fluindo nas ruas.

    Como Daumier, que aps o acirramento da censura, culminando no fechamento doLa

    Caricatureem 1835, passou a se dedicar s questes comportamentais, Belmonte passou, no

    perodo do Estado-Novo (1937-1945), das crticas ao governo de Getlio Vargas s relaes

    entre o poder do conflito mundial da Segunda Grande Guerra. A produo desse perodo, por

    sua ironia, alcanou repercusso internacional, sendo atacada pelo Ministro da Propaganda de

    Hitler, Josef Goebbls, em pronunciamento pela Rdio de Berlim, conforme o anncio de 11

    de fevereiro de 1943, publicado na Folha da Noite. Belmonte por seu lado agradecia apropaganda emitida pelo representante do governo nazista.

    Aps a morte de Belmonte, em 1947, a empresa jornalsticabuscou preservar o

    pblico cativo de seu desenho. A orientao das Folhas, agora sob a responsabilidade de

    Nabantino Ramos de 1945 a 1962, foi a de prosseguir vinculando as campanhas polticas de

    fiscalizao ao Estado, favorveis s camadas mdias urbanas, permanecendo com a presena

    do personagem-tipo nas charges da primeira pgina. AsFolhascontratam Jos Nelo Lorenzoncomo caricaturista, que passou a contribuir com o jornal em maro de 1948, levando ento o

    seu Z Marmiteiro.

    O Seu Nelo, como era conhecido, foi caricaturista, escritor, advogado e professor de

    Lngua Portuguesa e observador arguto dos aspectos da vida, tristes ou alegres. Nasceu em

    Ribeiro Preto no dia 1de junho de 1909, numa famlia de origem italiana, falecendo no dia 7

    de abril de 1963 em So Paulo. Criou tambm as tiras do funcionrio pblico, Seu Fedegoso eD. Anglica, e o endiabrado Biloca para o jornal Dirio da Noite. Paralelamente a todo o

    trabalho nos jornais, Nelo Lorenzon lecionou no Colgio Ferno Dias Pais, em Pinheiros,

    publicando no jornal do bairro, A Gazeta de Pinheiros, sua crnica mensal Lies de

    Portugus, na dcada de 50, sobre os erros e acertos gramaticais com muito bom humor.

    Instaurada no intricado momento poltico e de efervescncia cultural, com a afirmao

    da arte moderna, a obra de Jos Nelo Lorenzon, publicada diariamente na Folha da Noite,

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    8/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    permite revelar aspectos da inconstncia da poltica brasileira no perodo de 1945 a 1963,

    entre a tentativa de aberturas democrticas e fechamentos autoritrios, que engloba a transio

    da sociedade rural para a urbano-industrial.

    Dentro do pluralismo apregoado pela orientao de Nabantino Ramos para as Folhas,

    Z Marmiteiro que havia sido publicado anteriormente no Jornal de S. Paulo12 se

    apresentava como um personagem carregado de ambigidades e sutilezas. Contrapondo-se

    imagem de Juca Pato, a presena de Z Marmiteiro, o operrio, apresenta uma concepo

    diferenciada nas relaes com o poder, no processo de identificao com o pblico leitor.

    Possivelmente seu nome teve origem devido a popularidade alcanada por uma

    polmica envolvendo as candidaturas do General Eurico Gaspar Dutra e Eduardo Gomes, nas

    eleies de dezembro de 45. Nela, Hugo Borghi, poltico e proprietrio de rdios, empenhou-

    se na campanha do general Eurico Gaspar Dutra pelo Partido Social Democrtico (PSD).

    Aproveitando-se de um discurso do candidato presidncia pela Unio Democrtica

    Nacional (UDN), o Brigadeiro Eduardo Gomes, em que este declarou no precisar dos votosda malta de desocupados que freqentavam os comcios de Getlio Vargas, Borghi

    descobriu que o termo malta designava tambm grupos de operrios que percorrem as

    linhas frreas levando suas marmitas, os marmiteiros, ou seja, boa parte da populao de

    baixa-renda.13Divulgou ento o sinnimo em suas rdios no Rio de Janeiro e em So Paulo,

    conseguindo provocar em 48 horas a indignao de todo o pas contra Eduardo Gomes. Aps

    esse episdio, Hugo Borghi ficou conhecido como Z Marmiteiro, sendo o segundo deputado

    mais votado nas eleies Assemblia Constituinte. Entretanto a associao de Nelo comHugo Borghi permaneceu exclusivamente na incorporao do nome ao personagem, sendo o

    deputado alvo constante das charges.

    12Este jornal surgiu de uma divergncia dos jornalistas com a nova diretoria dasFolhas, entreeles Hermnio Sacchetta, sendo fechado tempos depois em fevereiro de 1948.13BELOCH, I. e ABREU, A . A .Dicionrio Histrico Biogrfico Brasileiro, 1930-1983. Rio de janeiro: FGV/ CDDOC,1984, p. 419.

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    9/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    As charges produzidas por Nelo, as primeiras a serem coloridas na Folha da

    Noite, apresentavam Z Marmiteiro com roupas de operrio: o macaco, normalmente

    remendado, a marmita em punho e uma chave no bolso, no espao urbano e domstico,

    acompanhado por seu cachorro Chuvisco, ironicamente o personagem que transparece os

    defeito e anseios humanos. Apesar de seu aspecto e vestimenta, as lutas empreendidas pelo

    movimento operrio no faziam parte de seu discurso, como ocorrer com o Joo Ferrador e oZ Malho, na dcada de 70.

    A presena de Z Marmiteiro fazia parte da estratgia do jornal num momento

    histrico em que as classes populares ganhavam mais peso poltico. A direo do jornal via na

    progressiva socializao da vida uma tendncia inexorvel e atuava de forma sistemtica na

    defesa do capitalismo,14 procurando por meio da representao humorstica, ainda que de

    modo contraditrio, defender princpios que minimizassem os efeitos da desigualdade social,e o combate s formas de explorao humana.

    A caracterstica formal do trabalho autodidata de Nelo Lorenzon com a utilizao da

    linguagem coloquial e o trao limpo sem refinamento, mas no menos elaborado,

    aproximava-o da gerao de caricaturistas que iniciara sua produo aps a represso

    empreendida pelo Estado Novo e de seu rgo de controle, criado em 1939, o famigerado

    Departamento de Propaganda e Imprensa, o DIP, como Nssara e Augusto Rodrigues.

    Os dilogos de Z

    Estabelecidos na legenda, os dilogos se apresentam com dois grupos diferenciados de

    interlocutores. No primeiro, atuam os personagens urbanos: lavadeiras, operrios, donas de

    14MOTA, Carlos Guilherme e CAPELATO, Maria Helena.Histria da Folha de S.Paulo (1921-1981).So Paulo: IMPRES,

    1981, pp. 171-173.

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    10/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    casa e professores. Neste discurso, Nelo elabora os argumentos de Z Marmiteiro de maneira

    a evidenciar, explicar, tornar compreensvel ou satirizar uma determinada questo. A charge

    exerce, neste caso, uma funo didtica, evidenciando a proposta orientadora de Nelo

    (figura 2).

    Legenda:D. Esquizofrnica O Jnio comeou a dar VASSOURADAS e agora o Garcez est fazendoo mesmo. Ser que o Getulio vai acompanhar os dois?Z Marmiteiro Acho que no. A especialidade do Getulio no a VASSOURADA, a

    RASTEIRA.... Fig. 2. Nelo,Folha da Noite, 29/4//1953, p.115.

    O segundo grupo, em contrapartida, composto por personagens institudos de poder,

    econmico ou poltico, alm dos comerciantes. Embora a crtica s incoerncias partidrias

    dos polticos eram evidenciadas em seu discurso, Nelo elaborava a relao de Z Marmiteiro

    com a inteno de alar um pretenso entendimento e compreenso de suas atitudes, fundando

    nesta relao, sua ironia e conseqentemente a operao do risvel analisado por Propp,16ao

    desestabilizar o conceito de autoridade.

    Ao estabelecer o dilogo com o poder institudo, suas reivindicaes permaneciam

    ainda dentro dos principais temas desenvolvidos pelasFolhas, o aumento do custo de vida e o

    15NELO,Folha da Noite, 29 abr. 1953, p.116

    PROPP, V. Op. Cit., p. 30.

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    11/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    desprezo pela m administrao do bem pblico e pelos polticos inseridos no movimento

    populista (figura 3).

    Apoiado nos smbolos, como a vassoura e a creolina, nas atitudes demaggicas, e nos

    slogans de campanha o tosto contra o milho, Jnio vem a, rouba, mas faz , o

    populismo encontra no processo de condensao da caricatura, a popularizao de sua

    imagem, embora crtica e muitas vezes condenada pelos prprios polticos. Definido por

    Weffort como uma espcie de oportunismo essencial, o populismo,

    foi um modo determinado e concreto de manipulao das classes populares, mas foitambm um modo de expresso de suas insatisfaes. Foi, ao mesmo tempo, uma formade estruturao do poder para os grupos dominantes e a principal forma de expresso

    poltica da emergncia popular no processo de desenvolvimento industrial e urbano.17

    As Armas da Batalha

    Z Marmiteiro - E essa fantasia? O senhor vai jog ela fora?Janio No. Vou guard-la para as prximas eleies...

    Fig.3. Nelo,Folha da Noite, 13/4/1953, p.118

    Com a mscara de Jnio podemos identificar a prpria mscara que encobre o discurso do

    populismo, que assumiu diversas facetas, freqentemente contraditrias, algumas

    assumidamente caricatas.

    17WEFORT, F. O populismo no Brasil. In: FURTADO, Celso (Org.)Brasil: tempos modernos. Rio de Janeiro: Paz e Terra,1979, p. 51.

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    12/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    Z Marmiteiro, por fim, condensa a imagem do trabalhador da indstria, visivelmente

    associado pobreza urbana. A percepo sobre seu papel projeta a formao de uma nova

    demanda social, que comeava a se destacar no mercado consumidor, comprometida com o

    processo de modernidade, enquanto que a modernizao permanecia a privilegiar os

    representantes do poder.19

    Juca e Z

    Tanto Belmonte quanto Nelo apresentam em comum o comprometimento da

    abordagem crtica nos personagens, respaldados nos efeitos da comoo e afetividadedespertados nos leitores, cada qual apresentando uma realidade especfica, que, em razo dos

    problemas de ordem econmica e social do pas, permanecem atemporais.

    As semelhanas se espelham na proximidade da linha editorial de cada momento,

    contribuindo para estabelecer valores culturais e comportamentais que possibilitaram o

    envolvimento dirio do pblico leitor, ratificando o papel da caricatura na imprensa, ao

    desvendar as relaes do poder tanto na esfera do relacionamento cotidiano e urbano, quantona poltica nacional.

    Nossos caricaturistas contemporneos, liberados da censura externa, apresentam o

    cenrio poltico com os atores principais, sem a mediao crtica e as experincias formais de

    personagens. Devido a constante exposio dos polticos nos meios de comunicao, que

    com poucos indcios de seus traos fisionmicos nos desenhos dos artistas so prontamente

    reconhecidos pela populao, perdemos o significado da presena desses coadjuvantes, quepermanecem a dar inesgotveis olhares para a nossa histria.

    18NELO,Folha da Noite,13 abr 1953, p. 1.

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    13/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    BIBLIOGRAFIA

    BARTHES, Roland. Crtica e verdade. Trad. Leyla Perrone-Moiss. So Paulo: Perspectiva,1970.

    BAUDELAIRE, Charles. Alguns caricaturistas estrangeiros. In: Obras estticas: filosofia daimaginao criadora. Trad. Edison Darci Heldt. Petrpolis: Vozes, 1993.

    _________. Da essncia do riso e de modo geral do cmico nas Artes Plsticas. In:BAUDELAIRE, C. Poesia e prosa. Ivo Barroso (org.) Rio de janeiro: Nova Aguilar,1995.

    _________. Sobre a modernidade. So Paulo: Paz e Terra, 1996.

    BELOCH, Israel e ABREU, Alzira Alves. Dicionrio Histrico Biogrfico Brasileiro: 1930-

    1983. Rio de Janeiro: FGV/ CDDOC, 1984.

    BENJAMIN, Walter. Baudelaire, um lrico no auge do capitalismo. In: Obras escolhidas.Trad. Jos Martins Barbosa e Hemerson Baptista. So Paulo: Brasiliense, 1989, v. 3.

    _________. A obra de arte na poca de suas tcnicas de reproduo. In: Textos escolhidos.So Paulo: Abril, s. d.

    BERGSON, Henri. O riso: ensaio sobre a significao do cmico. Rio de Janeiro: JorgeZahar, 1987.

    BRAIT, Beth. Ironia em perspectiva polifnica. Campinas: Editora da UNICAMP, 1996.

    BREMMER, Jan, ROODENBURG, Herman (Org.). Uma histria cultural do humor. Trad.Cynthia Azevedo e Paulo Soares. Rio de Janeiro: Record, 2000.

    CAGNIN, Antonio Luiz. Os quadrinhos. So Paulo: tica, 1975.

    CARVALHO, Jos Murilo. Os bestializados: o Rio de Janeiro e a repblica que no foi. SoPaulo: Companhia das Letras, 1987.

    _________. Formao das almas: o imaginrio da repblica no Brasil. So Paulo:Companhia das Letras, 1990.

    CAVALCANTI, Di.Reminiscncias lricas de um perfeito carioca.Rio de Janeiro:Civilizao Brasileira, 1964.

    CHAGAS, Carlos. O Brasil sem retoque, 1808-1964: a Histria contada por jornais ejornalistas.Rio de Janeiro: Record, 2001.

    CIRNE, Moacy.A exploso criativa dos quadrinhos. Petrpolis: Vozes, 1972.

    19FAORO, R. A questo nacional: a modernizao. RevistaEstudos Avanados. So Paulo: Instituto de Estudos Avanados,

    v. 6, n. 14, jan./ abr., 1992, p. 8.

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    14/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    COTRIM, lvaro (Alvarus).J. Carlos: poca, vida e obra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1985.

    DUQUE, Gonzaga. A caricatura no Brasil, Raul e Calixto Cordeiro. In: Contemporneos:pintores e escultores. Rio de Janeiro: Tip. Benedito de Souza, 1929, p.229-245.

    FAORO, R. A questo nacional: a modernizao. In:Estudos Avanados. So Paulo: Institutode Estudos Avanados, v. 6, n. 14, jan./ abr., 1992.

    FONSECA, Joaquim da. Caricatura: a imagem grfica do humor. Porto Alegre: Artes eOfcios, 1999.

    FREUD, Sigmund. O chiste e sua relao com o inconsciente. In: Obras completas. Trad.

    Jayme Salomo. Rio de Janeiro: Imago, 1977, v. 8.FURTADO, Celso (Org.)Brasil: tempos modernos. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.

    GOMBRICH, E. H. .Meditaes sobre um cavalinho de pau. Trad. Geraldo Gerson de Souza.So Paulo: Editora da Universidade de So Paulo, 1999.

    _______.The uses of Images:studies in the social function of art and visual communication.London: Phaidon Press, 1999.

    HABERMAS, Jrgen. Mudana estrutural da esfera pblica: investigaes quanto a umacategoria da sociedade burguesa. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1984.

    IANNI, Octavio. O Ciclo da revoluo burguesa. Petrpolis: Vozes, 1985.______.O colapso do populismo no Brasil. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 1988.

    LIMA, Herman.Histria da caricatura no Brasil. So Paulo: J. Olympio, 1963, v. 4.

    _________.lvarus e seus bonecos. Rio de Janeiro: MEC, 1954.LOREDANO.Nssara. Rio de Janeiro: Funarte, 1985.

    MELO, Jos Marques de. A opinio no jornalismo brasileiro. Petrpolis: Vozes, 1994.

    MOTA, Carlos Guilherme e CAPELATO, Maria Helena. Histria da Folha de S.Paulo(1921-1981).So Paulo: IMPRES, 1981.

    ORTIGO, Ramalho. A arte satrica e o Antonio Maria de Rafael Bordalo Pinheiro. In:BORDALO, R. Rafael Bordalo Pinheiro - o portugus tal e qual: da caricatura cermica. O caricaturista. Curadoria Emanoel Araujo. So Paulo, Pinacoteca do Estado,1996.

    PEIXOTO, Afrnio. Humour: ensaio de brevirio nacional do humorismo. Rio de Janeiro:W. M. Jackson Inc., 1947.

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    15/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    PROPP, Vladimir Iakovlevitch. Comicidade e riso. Trad. Aurora F. Bernardini e Homero F.de Andrade. So Paulo: tica, 1992.

    RAMOS, Nabantino. Jornalismo: dicionrio enciclopdico. So Paulo: IBRASA, 1970.

    ROCHA, Paulo Csar (Pec). Tribuna Metalrgica: 20 anos ilustrada. So Paulo: Sindicatodos Metalrgicos do ABC, 1998.

    ROMUALDO, E. Charge jornalstica: intertextualidade e polifonia. Maring: Eduem, 2000.

    SALIBA, Elias Thom A dimenso cmica da vida privada na Repblica. In: NOVAIS,Fernando (org.).Histria da vida privada no Brasil - Repblica: da Belle poque Erado Rdio. So Paulo: Companhia das Letras, 1998, v. 3, p. 290-365.

    _______ . As razes do riso: a representao humorstica na histria brasileira: da Bellepoqueaos primeiros tempos do rdio. So Paulo: Companhia das Letras, 2002.

    SILVA, Marcos Antnio.Prazer e poder do Amigo da Ona (1943-1962).Rio de Janeiro: Paze Terra, 1989.

    _______. A guerra de Belmonte: humor grfico e poltica no Brasil durante a Segunda GuerraMundial. In: COGGIOLA, Oswaldo (org.). Segunda Guerra Mundial. So Paulo: Xam,1995, p. 337-348.

    STEMPNIEWSKI, Renato. A Cidade, Ribeiro Preto, s.d., acervo Famlia Lorenzon.

    TASCHNER, Gisela.Folhas ao vento: anlise de um conglomerado jornalstico no Brasil.Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

    TEIXEIRA, Lus Guilherme Sodr. O trao como texto: a histria da charge no Rio de janeirode 1860 a 1930. Rio de Janeiro: Fundao Casa de Rui Barbosa, 2001.

    VELLOSO, Monica Pimenta. Modernismo no Rio de Janeiro: turunas e quixotes. Rio deJaneiro: Fundao Getlio Vargas, 1996.

    WEFFORT, Francisco. O populismo na poltica brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.

    Teses

    AGOSTINHO, Aucione.A charge. Tese (Doutorado). So Paulo: Escola de Comunicaes eArtes, Universidade de So Paulo, 1993.

  • 7/25/2019 A CHARGE FUNO SOCIAL E PARADIGMA CULTURAL.pdf

    16/16

    INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicao XXVI Congresso Brasileiro de Cincias da Comunicao BH/MG 2 a 6 Set 2003

    1 Trabalho apresentado no Ncleo de Histria em Quadrinhos, XXVI Congresso Anual em Cincia daComunicao, Belo Horizonte/MG, 02 a 06 de setembro de 2003.

    BELLUZZO, Ana Maria de Moraes. Voltolino e as razes do modernismo. Dissertao(Mestrado). So Paulo: Escola de Comunicaes e Artes, Universidade de So Paulo,1985.

    NOGUEIRA, Andra de Araujo. Um Juca na cidade: representatividade do personagemcriado por Belmonte na imprensa paulista (Folha da Manh, 1925-1927). Dissertao(Mestrado). So Paulo: Instituto de Artes da Universidade Estadual de So Paulo, 1999.

    SILVA, Marcos Antnio. Humor e poltica na imprensa: os olhos de Z Povo (Fon-Fon!1907/1910). Dissertao (Mestrado). So Paulo: Faculdade de Filosofia, Letras eCincias Humanas, Universidade de So Paulo, 1981.

    JORNAISColeoDirio da Noite:1945ColeoJornal de S. Paulo:1946 a 1948ColeoFolha da Noite: 1921 a 1960ColeoFolha da Tarde: 1949ColeoFolha da Manh: 1925 a 1960ColeoFolha de S. Paulo: 1960 a 1963