A COMPREENSÃO DOS NÚMEROS FRACIONÁRIOS E SUAS · um inteiro, comparação de frações,...

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A COMPREENSÃO DOS NÚMEROS FRACIONÁRIOS E SUAS

OPERAÇÕES BÁSICAS UTILIZANDO MATERIAIS CONCRETOS

Autor: Indalecio dos Santos Pacheco1

Orientador: Prof. Ms. Reinaldo Francisco2

RESUMO

Este artigo trata do ensino e aprendizagem com frações em classes do 6°

ano do ensino fundamental, tendo em vista as dificuldades encontradas pelos alunos

nos trabalhos com frações na escola e na vida. As frações na maioria das escolas

são trabalhadas de forma superficial e fragmentadas apenas como revisão, pois se

considera que esse conteúdo já foi trabalhado em séries anteriores. O primeiro

momento deste trabalho foi à aplicação de um pré-teste para detectar as

dificuldades do ensino e da aprendizagem das frações. Por meio das situações

próximas a vivência do aluno e a utilização de materiais concretos manipuláveis

foram possíveis perceber os diferentes significados de uma fração em seus

diferentes contextos. Com a utilização desses recursos propõem-se desenvolver

atividades com frações menores que um inteiro, iguais que um inteiro e maiores que

um inteiro, comparação de frações, equivalência de frações, adição e subtração,

multiplicação e divisão. Esse tipo de metodologia facilita a compreensão pelos

educandos, pois ele estabelece um diálogo consigo mesmo e aperfeiçoa esse

diálogo com os colegas nas diferentes atividades desenvolvidas em grupo. Após

análise dos resultados obtidos no pós-teste, verificou-se que da maneira como foi

elaborado o conteúdo, houve compreensão do tema abordado e de suas técnicas

operatórios pela maioria dos alunos e mostrou-se que é possível ensinar frações de

forma mais significativa e eficiente.

Palavras-chave: compreensão; números fracionários; Materiais Concretos.

1-Pós graduação em ensino de matemática, graduação em matemática, Col.Est.João F. Neves

2-Mestre em métodos numéricos, Unicentro- matemática

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1. Introdução

Por muitas décadas o aluno foi considerado como um recipiente vazio, e que

os professores detentores do saber, recipientes cheio, aos poucos repassavam os

conteúdos para esses recipientes vazios. Os alunos passivamente recebiam esses

conteúdos, muitos deles sem uma compreensão devida e sem mesmo entender seu

significado (ALVÁRO ANDRINI, 2006). Essa metodologia de ensino não considerava

que o aluno já traz conhecimentos adquiridos do cotidiano, e que quando o professor

estimula o aprendizado por meio de situações próximas da vivência do aluno permite

a ele ser o protagonista na construção do conhecimento.

Em sua maioria, não há dúvida de que os educadores visam proporcionar o

ensino da matemática de forma adequada, porém a metodologia usada não auxilia

em nada na assimilação por parte dos alunos. O grande desafio da maioria desses

professores é demonstrar o verdadeiro sentido da matemática, despertar a

curiosidade e os interesses desses alunos por ela, conscientes que a metodologia

utilizada interfere diretamente na motivação ou desmotivação do aluno para a

aprendizagem.

As diversas dificuldades que são encontradas na aprendizagem de

matemática são estudos de vários educadores, uma dessas dificuldades é o numero

racional na sua forma fracionária em que se observa facilmente o baixo índice de

assimilação comprovado pelas avaliações oficiais: Prova Brasil, SAEB (Sistema de

Avaliação do Ensino Básico), SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento

Escolar do Estado de São Paulo), o que tem causado desânimo entre os

educadores a ponto de uma parte deles ser favorável a extinção das frações nos

currículos escolares. (ALCIR ROJAS VALERA, 2003)

Desta forma, este trabalho visa organizar uma proposta didática pedagógica

que utilize materiais concretos manipuláveis, porém não basta apenas a presença

dos objetos manipulativos para que o aluno crie o raciocínio lógico, o educador deve

também criar situações que sejam parecidas com o cotidiano do aluno e que facilite

o trabalho dos educadores e a aprendizagem dos educandos, principalmente no 6º

ano em que é grande a diferença de metodologias entre as séries anteriores e essa

série.

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Esse trabalho foi realizado a partir de uma proposta de intervenção, como

parte do Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE, da Secretária de Estado

da Educação do Paraná, durante o ano letivo de 2010 através de dinâmicas contidas

no material didático (proposta pedagógica), confeccionado em 2010 que subsidiou

esse trabalho.

2. Fundamentação teórica

A Matemática é uma importante ferramenta de conhecimentos, que usada

corretamente pode transpor barreiras e obstáculos, pois utiliza de meios lógicos e

racionais para explorar áreas de fascínio do homem.

A matemática sempre esteve presente em toda a história da humanidade,

suprindo as necessidades do homem e facilitando suas vidas.

A Matemática está presente em todos os níveis da educação escolar, tem grande importância em várias outras áreas de conhecimento, como instrumento, e faz parte de nosso cotidiano na forma de noções como porcentagens, estatísticas, juros etc. (D‟Ambrósio, 2009)

A maioria das crianças não tem compreensão de uma situação, não

conseguem resolver um cálculo com números fracionários e não entendem as

relações parte-todo durante uma atividade mesmo sendo ela de caráter

experimental; não têm qualquer idéia de qual quantidade equivalem os algarismos,

por exemplo,

Resolver essa operação só sabendo os nomes, sem ter a idéia

de quantificação, não cria no aluno a formação de uma estrutura lógica racional.

Os alunos não estabelecem uma relação operatória parte/todo. Sabemos

que o que torna acessível à percepção é a própria parte, a qual o aluno atribui uma

totalidade, procurando frações nas sub-partes daquele elemento.

Aprender apenas o algoritmo ensinado pela maioria dos professores não

leva o educando a compreensão do que se está trabalhando. Deve-se trabalhar de

forma que o educando construa relação operatória entre partes e um todo e

desenvolva pensamento lógico-matemático organizado, para compreensão de

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frações e possibilidades de solução aos problemas experimentais, muitos deles do

próprio cotidiano do aluno.

Quando há um distanciamento entre os conteúdos ensinados na escola e as experiências trazidas pelos alunos fora dela, o que se observa é o desinteresse e a desmotivação na aprendizagem desses conteúdos. Para que ocorra aprendizagem significativa é necessário que haja uma predisposição do aluno (um interesse, motivação) e uma identificação do mesmo com o tema a ser abordado. Esses elementos são essenciais, porque a aprendizagem significativa implica uma relação sujeito-objeto, sendo o professor responsável por oferecer essas condições, a fim de que essa aprendizagem se concretize. Dessa forma, o tratamento das frações na escola, requer o uso de metodologias apropriadas que tenha uma preocupação com o aspecto conceitual dos conteúdos. Assim as reformas curriculares podem contribuir para o trabalho com frações em sala de aula por estarem baseadas em tal concepção. (Revista de iniciação cientificada FFC, v.9 ed. 02, p. 158-170)

A Matemática em si, por se tratar de uma ciência exata, necessita que seus

ensinamentos sejam aplicados de forma gradativa, inicialmente explorando e

evidenciado os conhecimentos de mundo trazido pelos alunos, e passo a passo

sendo trabalho até chegar a uma correta aplicação dos seus conceitos, pois a

matemática está em nossas vidas para facilitá-la, portanto deve ser trabalhada de

forma clara e objetiva.

A função do professor é a de um associado aos alunos na consecução da tarefa, e conseqüentemente na busca de novos conhecimentos. Alunos e professores devem crescer, social e intelectualmente, no processo. (D‟ Ambrósio,2009)

Quando trabalhamos com Matemática, um dos objetivos é repassar os

conhecimentos dessa área de forma simples. Ao contrário do tradicionalismo,

devemos ter em mente que a postura do professor em sala de aula é de orientador,

ou seja, ensinando e demonstrando passo a passo como fazer, encorajando os

alunos a usar suas mentes dando ênfase a dedução e raciocínio lógicos.

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Ensinar a resolver problemas é uma tarefa muito mais complexa que ensinar algoritmos e equações. A postura do professor ao ensinar um algoritmo é, em geral, a de um orientador dando instruções, passo a passo, de como fazer. Na resolução de problemas, ao contrário, o professor deve funcionar como incentivador e moderador das idéias geradas pelos próprios alunos. Nesse caso, as crianças participam ativamente „‟fazendo Matemática‟‟, e não ficam passivamente „‟observando‟‟, ser feita pelo professor. É uma radical e importante mudança do método tradicional que consiste em mostrar e repetir, com base na expressão é assim que se faz. NO chamado método heurístico, o professor encoraja o aluno a pensar por si mesmo, a levantar suas próprias hipóteses e a testá-las, a discutir com seus colegas como e por que aquela maneira de fazer funciona. Enfim, aqui o papel do professor é manter os alunos pensando e gerando idéias produtivas. (Didática da resolução de problemas de Matemática, Luiz Roberto Dante, 2005)

A teoria divorciada da prática, não leva o indivíduo à construção do seu

pensamento matemático organizado, levando apenas a decorações de regras

repetitivas e algoritmos, que não proporcionam ao mesmo, um entendimento claro e

preciso do que está trabalhando. Todos nós professores, como já foi dito, devemos

trabalhar com novos métodos de ensino, que proporcionem a melhor absorção de

conteúdos, ajudando cada indivíduo no desenvolvimento como pessoa pensante e

como pessoa social, ou seja, formando pessoas críticas e pensadoras, que façam a

diferença.

Tem se conhecimento dos números fracionários desde a antiguidade, e

parece sua introdução ser devida a necessidade de se exprimir a medida de

algumas grandezas. Os egípcios tinham o conhecimento das frações como atesta o

famoso papiro de Rhind, datando entre 1500 e 2000 a.C.

O papiro de Ahmés, e outras documentações egípcias, indicam o uso das

frações de numerador unitário e raramente outro denominador, tais como:

. Outra causa para a busca de novos números e análoga era a

operação de dividir, que só era possível quando o primeiro número era múltiplo do

segundo.

No entanto, a representação de frações por meio de uma barra, separando o

numerador do denominador, data entre 1500 e 1600 d.C, enquanto na Roma antiga

se trabalhavam com Frações de numeradores 12.

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Pode-se ver que os números fracionários estão ligados a necessidade de o

homem operar com quantias menores que um inteiro, e que fazem parte do nosso

dia a dia.

O estudo das frações é uma ótima oportunidade para rever, ampliar, e

consolidar a divisão de números inteiros.

São muitas as discussões realizadas pela comunidade escolar no que diz

respeito ao ensino e aprendizagem da Matemática no ensino fundamental.

Um dos conteúdos da Matemática que muitos alunos têm dificuldade para

aprender e muitos professores a ensinar são as frações, além das preocupações

das operações básicas e da interpretação e resolução de problemas.

É fundamental que, ao completar o 6° ano, o aluno tenha domínio dos

significados de frações, e saiba trabalhar corretamente com as operações básicas e

que por consequência saiba resolver problemas envolvendo tal conteúdo.

Observa-se que pouco tempo é dedicado ao estudo das frações nas

escolas, e no campo das pesquisas há pouco interesse por parte de estudantes,

concluintes de curso e pesquisadores.

Na maioria das escolas, as aulas sobre números racionais em sua

representação fracionária, se reduzem a aulas expositivas, livros didáticos e quadro

de giz como únicos materiais de apoio, e ainda livros que apresentam exercícios

repetitivos e não levam o aluno a construir e organizar o seu pensamento

matemático.

Em todos os níveis de ensino são comum os professores e textos resolvam algum “Exercício modelo” mostrando como se faz, pedindo em seguida que o estudante resolva dezenas de exercícios semelhantes. “Por “falta de tempo”, preferem “o:” é assim que se faz”, ao invés de deixar que os estudantes pensem por si próprios, experimentem as suas idéias, dêem ouvido à sua intuição. Melhor seria se o professor fosse mais um orientador, um incentivador, um burlador das idéias e iniciativas dos estudantes. (DANTE, 1987, p.32-33)

O caminho mais interessante e significativo para ensinar e aprender

matemática é explorar as curiosidades dos alunos a qual levará a redescobertas de

conceitos e motivação para novas pesquisas.

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O número racional na sua forma fracionária tem gerado debates entre

educadores, debates esses relacionados com a extinção ou não dos números

racionais do currículo escolar. Há uma polêmica e falta de consenso entre as idéias

em torno desse tema. Os que defendem a extinção desses conteúdos não vêem

utilização dos mesmos no dia a dia. Os que são contrários a essa decisão,

reconhecem que os números racionais constituem um acervo cultural, e são

necessários para representar quantidades que não podem ser expressas por

números inteiros.

Reconhece-se a importância e a necessidade do aprendizado dos números racionais, quando se olha para a história e para o processo de desenvolvimento de diferentes povos, atentando-se ao uso e o processo de formalização. Esse pode ser o caminho vago, porque para facilitar a aprendizagem desse tema, apresenta-se a experiência compartilhada de outras culturas. (VALERA, 2003 p. 58)

Métodos ultrapassados e o uso de recursos metodológicos inapropriados à

aprendizagem dos alunos acabam tornando o ensino mecânico, inacessível e

desinteressante para o aluno, a preocupação com o aspecto conceitual deve ser

constante no trabalho com os números racionais em sua representação fracionária

Segundo David Fonseca, 1997, eles destacam quatro metas que

fundamentam o trabalho com números racionais, tais como:

Os números racionais estão relacionados em suas diferentes

representações à expressão de medidas e índices comparativos.

O trabalho com os números racionais possibilita a expansão de

estruturas mentais que são necessárias ao desenvolvimento intelectual.

O estudo dos números racionais, principalmente na sua forma

fracionária, nos primeiros anos do ensino fundamental, facilitará o trabalho

com as operações algébricas que se dará posteriormente ao longo do ensino

fundamental.

O trabalho com os números racionais tem grande significação,

pois proporciona a produção do conhecimento matemático, superando conflito

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e dificuldades que surgem no campo dos números naturais, e que se amplia

na criação de um campo numérico novo, (o campo racional).

No ensino e aprendizagem dos números a variedade de conceitos

envolvidos, deve ser levada em conta, pois ela facilita a compreensão e na

assimilação dos conteúdos.

Uma abordagem dos números racionais que contemple o processo de Gênese dos conceitos, em vez de ver o conteúdo matemático apenas como um produto, não só proverá o educador de elementos para compreender melhor o processo pelo qual o aluno assimila esse conteúdo, como também permitirá ao aluno uma percepção de intencionalidade e da dinâmica da produção do conhecimento matemático. (DAVID, de Fonseca, 1997 p. 56)

Para uma boa compreensão para o que é fração, devemos entender os seus

diferentes significados, não bastando apenas, como definem a maioria dos livros

didáticos “uma ou mais partes de um todo”.

Usar apenas um livro didático como material de apoio e não complementar

suas aulas em outras fontes de pesquisa, tais como: revistas científicas, internet,

artigos e entre outros, serão criados problemas para o ensino a aprendizagem, pois

os professores não terão subsídios suficientes para compreender uma fração e seus

alunos também não terão um conhecimento integral sobre o assunto.

Esses vários significados dos números racionais e o contesto que eles manifestam constituem informação essencial ao professor sobre determinado conceito matemático que o instruí para pensar e realizar um diversificado processo pedagógico em sala de aula relativamente a esse conteúdo. (VALERA, p.147)

Percebe-se que ensinar os números racionais apenas através de algoritmos

e regras que são decoradas,não leva o aluno a compreender o que está fazendo,

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sendo assim, o aluno faz tudo mecanicamente, e conseqüentemente não

proporciona a construção constante e progressiva do saber matemático.

Enfatizar os diferentes significados de frações e ressaltar a idéia de

proporções é conteúdo que deve ser trabalhado desde as séries iniciais do ensino

fundamental, para que o aluno possa continuamente ir assimilando, instruindo e

organizando seu pensamento matemático.

Quando propomos problemas e exercícios com frações, verificamos que

nossos alunos pouco ou quase nada aprenderam. De que adiantou então: aulas

expositivas, algoritmos, decoração de regras e tudo mais? O importante de um

trabalho para um resultado satisfatório é ter um planejamento eficaz, começando

sempre com materiais concretos que facilitarão a percepção dos alunos, a

compreensão da quantidade e a observação das hipóteses e os registros de

relações comuns. A partir desses registros, o aluno avançará para o imaginário e

para a reinvenção da fração ao significado para o método operatório.

O uso do material concreto com respeito ao conteúdo das frações é alvo de

críticas, porém, as críticas não são para o material concreto em si, mas sim como

eles são utilizados, pois quem o usa sente-se na obrigação de justificar a sua real

função. Deve-se ter em mente que o aluno não retira o fato Matemático do material

concreto, sendo assim, a aprendizagem não decorre exclusivamente do material

concreto e de suas atividades, mas sim da capacidade do aluno em estabelecer

relações entre significados e conceitos.

Assim, a utilização do material concreto é nada mais que uma estratégia

para promover uma reflexão do conteúdo abordado, que por consequência irá

proporcionar aos educandos um senso crítico e investigativo por se tratar do

aprender fazendo.

Com o material concreto a disposição do professor poderá ser feitas

experiências que serão de suma importância para a construção dos conceitos

referentes às frações. À proporção que os conceitos se tornem mais complexos,

mais difícil será apresentá-los por meio de materiais concretos, porém, durante o

ensino fundamental encontra-se o aluno mais bem capacitado para compreender e

explorar o conhecimento com o auxílio de recursos- material dourado barra de

frações, tangram, ábacos, calculadoras, blocos lógicos, etc.

Com todo esse material concreto disponível, e o auxílio do professor,

pretende-se que o aluno seja o protagonista na construção do seu conhecimento,

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tendo senso crítico e avaliativo, com a mente voltada para o conhecimento e

tornando-os por fim, cidadãos melhores.

O professor e o seu papel na sala de aula ganham novas dimensões, porque

o professor será a ligação entre o saber e o ensinar, entre o conhecimento e o aluno,

pois ele será o organizador no processo da aprendizagem, escolhendo estratégias,

propondo situações problemas, avaliando o aluno com melhores condições que

terão sentidos positivos e incentivadores.

Muitos desses materiais podem ser confeccionados pelos próprios

professores, utilizando cartolina, papel quadriculado, palitos de sorvete, material de

sucata, tampinhas, etc.

Ao se tratar dos materiais concretos os professores não têm com o que se

preocupar, pois em 1996 provavelmente tenha sido o ano em que a secretaria de

Educação Estadual mais investiu para suprir as unidades escolares de materiais

pedagógicos. Foram enviadas verbas para comprar materiais que deveriam ser

escolhidos através de documentos elaborados com instruções. Havia entre eles um

documento chamado documento I, que tratava da aquisição dos especificando os

itens que compunham cada kit pedagógico. O documento II estabelecia critérios e

orientações para o uso dos materiais pedagógicos, além de outros.

A aprendizagem em Matemática está ligada a compreensão, isto é, a apreensão do significado, aprender o significado de um objeto ou acontecimento pressupõe vê-lo em suas relações com outros objetos e acontecimentos. Assim, o tratamento dos conteúdos em compartimentos estanques, e numa rígida sucessão linear deve dar lugar a uma abordagem em que as conexões sejam favorecidas e destacadas. (BRASIL. 2001. P.20-21)

O professor deve aproveitar o que os educandos já possuem de

conhecimentos, porque mesmo antes de entrarem na escola eles já vivenciaram

situações que envolvem noções de frações, como por exemplo: metade de uma

laranja, meio litro de refrigerante e entre outros. Este deve ser o real papel de um

educador, repassar seus conhecimentos, levando em consideração toda e qualquer

bagagem de mundo trazida pelo seu educando.

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3-METODOLOGIA

A complexidade atribuída ao conceito de número racional exige que o

educador adote uma atitude positiva em relação a esse conteúdo, com o objetivo de

ampliar a capacidade dos alunos de “fazer Matemática”, redescobrindo conceitos e

procedimentos que facilitem a formulação e a resolução de problemas, devolvendo a

sua auto-estima.

O educador deve introduzir o conteúdo de forma simples, como se os alunos

estivessem vendo esse assunto pela primeira vez, porque, por mais competentes

que tenham sido seu professores nas séries anteriores, tais professores não são

especialistas em Matemática.

Esse trabalho foi iniciado com um teste diagnóstico para averiguar as

principais deficiências das metodologias empregadas no ensino das frações e

também comparar os resultados obtidos do pré-teste com o resultado obtido com o

pós-teste, a fim de avaliar a eficácia da proposta a ser trabalhada. Com respeito aos

materiais utilizados na proposta destacam-se: bloco de frações, quadrado de frações

em papel vegetal, disco de frações, réguas de frações, entre outros.

Essa proposta também foi direcionada para que o aluno possa aprender por

compreensão, ou seja, ele deve atribuir significados ao que aprendem, e devem

saber o porquê e o que está fazendo, e não apenas mecanizar soluções.

Sendo assim, o educando torna-se o protagonista da sua aprendizagem, não

se deixando influenciar por métodos e conceitos pré-elaborados e que não

contribuem em nada para o desenvolvimento do saber matemático.

Outro direcionamento dessa proposta é possibilitar aos educandos um

melhor aproveitamento com respeito ao entendimento da matéria por meio de

situações problemas em que os fatores e o contexto do exercício voltem ao aluno

para a sua realidade, para o seu próprio dia a dia, ou seja, exercícios baseados em

aplicações reais.

As atividades aqui propostas foram realizadas com uma turma do sexto ano

de ensino fundamental. Ao dar início a tais atividades cada estudante recebeu um

caderno para anotações, sempre privilegiando atividades em grupo, proporcionando

assim aos estudantes uma correlação entre aluno-aluno e aluno-professor, em que

no primeiro caso, aluno-aluno, visar enfatizar a formulação de ideias e conceitos

sobre o conteúdo abordado, por meio de processos colaborativos e anti-

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competitivos, e as possíveis dúvidas são sanadas com a segunda relação, aluno-

professor.

Podem ser descritas as seguintes etapas do presente trabalho:

3.1) Os números racionais, História e contexto.

3.2) As frações menores que um inteiro

3.3) As frações que representam números naturais iguais ou maiores que

um.

3.4) As frações maiores que um inteiro (número misto ou inteiro)

3.5) Os diferentes significados relacionados a uma fração

3.6) Frações equivalentes

3.7) Comparação de frações

3.8) Adição e subtração de frações

3.9) Multiplicação e divisão de frações

3.9.1) Resultados obtidos

3.1) Os números racionais, História e contexto.

Ao longo de várias civilizações, de forma lenta, mas progressiva, a

humanidade desenvolveu um modelo extraordinário de fazer contagem que são os

números naturais: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8,..., com exceção do número natural 0 (zero)

que surgiu muito tempo depois, usado inicialmente pelos maias e depois pelos

hindus, só então difundido pelos árabes, e adotado no ocidente, não como um

número, mas como objeto para preencher casas decimais vazias. Esse sistema de

contagem foi uma das grandes contribuições para o desenvolvimento social da

humanidade, pois esses números estão nas placas dos carros, documentos

pessoais, números de telefones, contas bancária, resumindo, em toda parte.

À medida que as civilizações tornaram-se mais desenvolvidas surgia à

necessidade de novos números, e as frações surgiram da necessidade de registrar

medidas menores do que um inteiro. A história conta que os povos viviam as

margens do rio Nilo constantemente precisavam demarcar suas terras devido às

cheias do rio Nilo. Tais demarcações eram feitas a partir de nós em cordas, sendo

assim, muitas vezes uma medida não poderia ser expressa por número natural, pois

a unidade usada não cabia um número inteiro de vezes no comprimento que estava

sendo medido.

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Os egípcios usavam frações unitárias, ou seja, com o numerador de valor 1.

Veja abaixo alguns exemplos:

O mais antigo e extenso papiro é chamado de papiro de Rhind. Tal papiro

data-se de XVII A.C. e foi encontrado em uma velha construção junto ao

Ramasseum. Nele estão registrados os conteúdos: Frações equivalentes, operações

com números fracionários, regra de três, proporções, a regra de falsa posição, a

decomposição em partes proporcionais aritméticas ou problemas geométricos.

Também existe o pairo de Kalum, em que aparecem as frações e conteúdo

abordando:

a) Transformações:

numa soma de unidade fracionária frações

(unitárias).

b) Produto de soma:

por 9 entre outros.

Os avanços construídos ao longo da história permitiram a criação do

conjunto dos números racionais, que é uma ampliação Matemática do conjunto dos

números naturais. Outro avanço considerável foi quando o homem conseguiu

demarcar os números naturais representados por pontos em uma reta, a chamada

reta numérica.

|_________________|_________________|___________________|

0 1 2 3

Da ampliação do conjunto IN, temos a reta dos números racionais Q:

|________|________|_________|_________|_________|________|

0

1

2

3

|_____|______|______|_____|______|_____|_____|______|______|

0

1

2

3

14

|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|____|_____|

0

1

2

Verificando as retas acima se observa que se pode dar continuidade às

divisões dentro da reta numérica, pois entre dois números racionais sempre haverá

outro número racional e mesmo assim não poderíamos dizer que a reta estaria

completa, pois ainda têm-se os números irracionais completando assim a reta

numérica.

3.2) Frações menores que um inteiro

Cada grupo recebeu um jogo de bloco de frações contendo: Um bloco de

madeira inteiro; um bloco dividido em duas partes iguais; um bloco dividido em

quatro partes iguais e um bloco dividido em oito partes iguais, todos os blocos

apresentavam medidas semelhantes.

Cada grupo fez a composição das seguintes frações:

,

···, depois reproduziram em seus cadernos por meio de

desenhos.

Com base nas frações acima se define: frações menores que um inteiro são

frações que têm o numerador menor que o denominador.

3.3) As frações que representam números naturais iguais ou maiores que

um

Com o jogo de blocos de frações cada grupo montou as seguintes frações e

depois desenhou em seus cadernos:

, e observaram que todas essas frações

representam o número um.

Define-se como fações que representam o número um, as frações cujo

numerador é igual o denominador.

Cada grupo fez a composição das seguintes frações:

analisando as composições das figuras dos blocos verificou-se que,

é igual a 2,

é

igual a 3,

igual a 4,

é igual a 2,

é igual a 3 e

é igual a 6 e definiu-se que: toda

fração onde numerador é múltiplo do denominador representa um número natural

maior ou igual a um.

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3.4) As frações maiores que um inteiro e que pode ser transformados em

números mistos

Utilizando os blocos de frações os grupos construíram as seguintes frações:

Observaram que

é igual a

,

é igual a

,

é igual a

·,

é igual

a

. Observaram também que:

é igual a

lembrando que

é igual a um

inteiro tem-se que

é igual a

, e a mesma ideia foi repetida nas demais frações.

3.5) Os diferentes significados relacionados a uma fração

Relação parte – todo, em que o inteiro, ou a unidade é repartido em partes

iguais, por exemplo: uma folha dividida em quatro partes iguais e tomadas três

delas. (grandezas contínuas)

A parte colorida representa

da folha

Partes iguais de um grupo de elementos (grandezas discretas). Por

exemplo: Uma sala de aula tem 20 alunos, calcule

desses alunos.

Quociente: Resultado da divisão de dois números. Por exemplo, dividir em

partes iguais 3 laranjas para 4 crianças. 1º divide-se a laranja em 4 partes iguais e

distribui 1 pedaço para cada criança.

Ou seja, cada criança receberá

da laranja.

Razão: O número racional é usado como índice comparativo entre as duas

unidades. Ex.: Em um concurso existem 12 vagas para 16 candidatos. Qual é a

razão entre o número de vagas e o número de candidatos?

Ou seja, existem 3 vagas para cada candidato.

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Operador: Quando o número racional tem o papel de transformação, algo

que atua sobre uma situação e a modifica.

Ex.: Qual é o número que multiplicado por 2 é

R:

Qual é

de 15 maças?

.

Medida: Subunidades dos inteiros. É utilizada quando precisamos expressar

a medida de algo menor que uma unidade previamente estabelecida. Medir é

comparar uma unidade padrão para verificar quantas vezes essa unidade cabe em

uma grandeza considerada que pode ser um número inteiro de vezes ou um número

fracionário. Quando for um número fracionário a solução esta em dividir a unidade

padrão em partes iguais para expressar o tamanho numericamente

Ex: 1 - Uma dona de casa fez um suco em que usou um copo de suco de

hortelã e quatro copos de sucos de laranjas, que fração da mistura foi feita com suco

de laranja? R.

da mistura.

2 – Considerando uma régua branca como unidade, pergunta-se: Quanto

mede a régua amarela?

Observa-se a proporcionalidade da régua amarela em relação à régua

branca, portanto observa-se que:

Cada parte da régua branca é

da régua amarela.

3.6) Frações equivalentes

Ao trabalhar com equivalência de frações o professor deve certificar-se que

os alunos construíram e tem compreensão clara do conceito de equivalência.

Enfatize a propriedade fundamental, pois ela é o fundamento do trabalho com:

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comparação e simplificação de frações e suas operações, a resolução de

problemas, e na sequência os números racionais.

Cada grupo recebeu 10 tiras de papel retangular medindo 30 cm por 2 cm e

fez a seguinte atividade.

A) Deixar uma tira em branco, a tira é um inteiro.

B) Dividir uma tira em duas partes iguais

e pintar uma parte.

C) Dividir uma tira em quatro partes iguais e pintar duas partes,

da tira.

D) Dividir uma tira em oito partes iguais e pintar quatro partes,

da tira.

E) Dividir uma tira em 16 partes iguais e pintar oito dessas partes,

da

tira.

A parte colorida representa que fração da tira?

R. Reproduziram as tiras em seus cadernos e verificara que:

=

=

.

Os passos do exercício acima foram repetidos com as frações:

A) Tudo em branco (1 inteiro) e destacado.

B)

Da tira

C)

Da tira

D)

Da tira

E)

Da tira

Verificou-se que:

, pois representam a mesma parte do inteiro. Orientados pelo

professor verificou-se também que: por exemplo, a fração

pode ser multiplicada por

2, 3, 4, 5, 6 e infinitamente que todas essas frações continuam representando a

mesma parte do todo, isto é, são frações equivalentes.

E assim indefinidamente.

E assim indefinidamente.

Duas ou mais frações que representam a mesma parte do inteiro são

chamadas de frações equivalentes.

Propriedade fundamental das frações

Dos exemplos acima se define que:

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“Multiplicando ou dividindo-se uma fração por um número natural diferente

de zero, obtém-se uma fração equivalente a fração inicial”. x

Fração irredutível

È a fração cujo numerador e o denominador não têm divisores comuns

diferentes de 1, ou seja, são números primos entre si.

Ex:

etc.

Define-se também que:

Uma fração ou um número inteiro podem ser representados por infinitas

frações equivalentes.

Ex.1:

. Ex.2:

3.7) Comparação de frações

Em uma festa de aniversário, sobrou um bolo inteiro que foi dividido

entre as crianças; João ganhou

do bolo, Joana

, Flávio

do bolo e Maria

do

bolo.

Utilizando o bloco de frações, os grupos reproduziram as situações do

problema em seus cadernos e compararam as frações:

e registraram em

seus cadernos:

Observaram que João ganhou o maior pedaço do bolo e que Flávio e Maria

receberam pedaços do mesmo tamanho, porém menores que o pedaço recebido por

Joana; então:

=

, com as orientações corretas do professor, definiu-se

que: cada criança recebeu um pedaço do bolo, alguns pedaços eram maiores do

que outros e que na comparação de frações que têm o mesmo numerador a maior é

aquela que tem o menor denominador.

Um bolo foi repartido em 32 pedaços, todos do mesmo tamanho, João

ganhou 1 pedaço, Maria 2 pedaços, Pedro 3 pedaços, Paulo 4 pedaços, Ivo 5

pedaços, Raul 6 pedaços, Tim 7 pedaços e Tom 8 pedaços.

Comparando os pedaços de bolos com os blocos de frações, anotaram em

seus cadernos que:

. Organizaram as frações em ordem

crescente e definiu-se que: todos os pedaços são do mesmo tamanho e que na

19

comparação de frações com denominadores iguais, a maior fração é aquela que têm

o maior numerador.

Em nossa sala de aula, hoje temos 32 alunos, responda quantos

alunos são:

A)

Do total de alunos da sala.

B)

Do total de alunos da sala.

C)

Do total de alunos da sala.

D)

Do total de alunos da sala.

E)

Do total de alunos da sala.

Cada grupo recebeu um jogo de peças de xadrez, cada peça representando

um aluno.

De 32 alunos = 32:2 = 16x1 = 16 alunos

De 32 alunos = 32:4 = 8x3 = 24 alunos

De 32 alunos = 32:8 = 4x3 = 12 alunos

De 32 alunos = 32:16 = 2x7 = 14 alunos

De 32 alunos = 32:8 = 4x5 = 20 alunos

Pelo tamanho do grupo verificou-se que:

É maior que

É maior que

É maior que

É maior que

É maior que

É maior que

>

Analisando a fração , observa-se que: 3 é maior que a metade de 4

e na fração , 1 é a metade de 2; então se verifica que mais que a metade é maior

que a metade do total.

-

>

. É a metade e . É menos da metade do total.

-

>

. . 5 é mais da metade de 8 e 1 é a metade de 2.

20

-

falta uma unidade para a metade e também falta uma unidade

para completar a metade o inteiro, porém essa unidade que falta a

é maior que a

unidade que falta para a

.

3.8) Adição e subtração de frações

a) Os denominadores são iguais:

Num dia de chuva com as crianças em casa mamãe fez um bolo e cortou em

10 pedaços iguais, João comeu

do bolo, Maria

do bolo e o restante a mamãe

guardou na geladeira.

1) Que fração do bolo comeram João e Maria?

2) Que fração João ganhou a mais que Maria?

3) Que fração do bolo ficou na geladeira?

Cada grupo recebeu um jogo de disco de frações. Separaram o disco

dividido em 10 partes iguais para representar o bolo e perceberam que

do bolo

correspondem a 3 pedaços comidos por João e que

do bolo correspondem a 2

pedaços comidos por Maria.

R.1 – Observaram que a fração do bolo comida pelos dois filhos é a soma

, somaram 3+2 = 5 pedaços, e que

do bolo

R.2 – Que fração do bolo João ganhou a mais que Maria é o mesmo que

perguntar qual a diferença entre

, então João comeu

da

torta a mais que Maria.

R.3 – A fração da torta guardada na geladeira é –

, um bolo inteiro

corresponde a

é a fração do bolo comida pelos filhos, então:

do

bolo, simplificando

, temos

do bolo.

Define-se: A soma de frações com denominadores iguais é uma fração em

que:

21

- o numerador é a soma dos numeradores,

- o denominador é o mesmo das frações.

Ex:

A diferença entre duas frações com denominadores iguais é um número

cujo:

- o numerador é a diferença entre os numeradores

- o denominador é o mesmo das frações.

Exemplos:

b) Os denominadores são diferentes:

Seu João tem um sítio pequeno. Ele reservou

do sítio para horticultura que

foi distribuído da seguinte forma:

Para plantar alface,

para plantar cenoura,

para plantar repolho e o

restante dessa área reservada à horticultura João deixou para plantar tomate.

1) Que fração do sítio foi reservada para o plantio de alface, cenoura e

repolho?

2) Dos

reservados a horticultura quanto restou para o plantio de tomate?

R.1 - A soma

representa a fração reservada para plantar alface e

cenoura e repolho.

Cada grupo recebeu um jogo de quadrados de frações de papel vegetal.

Escolheram os quadrados que representam as frações

sobrepondo um

quadrado sobre o outro se obteve:

Que simplificando é igual a

então

=

do sítio

reservado para horticultura.

– Podem-se adicionar duas ou mais frações com denominadores diferentes,

utilizando a equivalência de frações para transformar e frações de mesmo

22

denominador, não necessariamente o mínimo múltiplo comum, depois se calcula a

soma:

Observou-se também que:

R.2 – A diferença

é a fração destinada ao plantio de tomate.

Os alunos separaram os quadrados correspondentes às frações

.

Sobrepondo um quadrado sobre o outro se obtém:

Logo,

-

=

do sítio para o plantio do tomate.

Do sítio para plantar tomate.

Observou-se que

Generalizando-se tem:

Como na adição de frações, a subtração pode ser feita usando a

equivalência de frações para transformá-las em frações com denominadores iguais,

depois se calcula a diferença.

Ex: a)

b)

3.9) Multiplicação e divisão de frações

a) MULTIPLICAÇÃO

A bandeira de um time de futebol tem 3 cores, preto, branco e vermelho,

nessa bandeira as cores formam 3 faixas, uma de cada cor, todas do mesmo

tamanho,

da faixa preta foi reservada para desenhar o emblema do time. Que

fração representa a parte onde está o emblema?

Preto

Branco

Vermelho

ab

−cd

=ad − bc

bd

23

Dividindo-se

em 4 partes iguais tem-se:

O inteiro divide-se em 12 partes iguais

da bandeira

De

é igual a

da bandeira.

Igual

Ou seja,

Cada grupo recebeu um jogo de quadrados de frações em papel vegetal

separando os quadrados que representam as frações

e sobrepondo uma figura

sobre a outra se verificou que

de

é igual a

ou seja:

Da bandeira

A situação acima foi reproduzida em seus cadernos.

O produto de duas ou mais frações é uma fração no qual:

- O numerador é o produto dos numeradores.

- O denominador é o produto dos denominadores.

B) DIVISÃO DE FRAÇÕES

Na divisão de frações os grupos trabalharam situações que envolvem as

diferentes ideias relacionadas à divisão:

1ª Situação – Repartir em partes iguais

João e Maria compraram em uma lanchonete

de um bolo e querem dividir em dois

pedaços iguais. Determine a fração que caberá a cada um.

Para resolver essa situação, cada grupo recebeu um jogo de material

concreto, disco de frações. Separaram o disco dividindo em 4 partes iguais e

marcaram cada peça do disco

com lápis, depois observando as outras peças d

jogo de disco de frações, perceberam que

ficou do mesmo tamanho de cada peça

24

que formava o disco dividido em 8 partes iguais. Então

= 2

do bolo. Assim,

tem-se que cada um recebeu

do bolo.

2ª Situação – Quantas vezes o divisor cabe no dividendo.

A) Um agricultor que tem

de “saco” de feijão quer saber quantas embalagens

serão necessárias para embalar esse feijão em pacotes com

de “saco”?!

Com o bloco de frações os alunos fizeram a composição da figura

do bloco

inteiro e depois separaram a peça correspondente a

do bloco. Observaram

que são necessárias 6 peças de

do bloco para fazer à mesma composição

da figura correspondente a ·3 do bloco.

Então

= 6, ou seja,

do bloco cabe 6 vezes na fração

do bloco.

B) Hoje estamos em 30 alunos na sala de aula, calcule

de 30 alunos e, depois

divide esse

e verifique que fração da sala ficará em cada grupo?

Os alunos foram divididos em grupos iguais alunos em cada

grupo. Cada grupo representa

dos alunos da sala. Após essa separação

efetuada fizeram a divisão

por , assim cada grupo foi dividido ao meio,

formando no total 6 grupos com 5 alunos cada um. Verificou-se que

2 é

igual a

dos alunos da sala.

Assim,

÷ =

dos alunos da sala.

Também foi utilizada a ideia que já foi estudada para os números naturais e

que vale também para os números racionais.

Quando se multiplica o dividendo e o divisor por um mesmo número, diferente

de zero, o quociente permanece o mesmo.

Observe:

= Lembrando que o produto de dois números inversos é igual a 1, tem-

se:

÷

= multiplicando o dividendo e o divisor por

(inverso do divisor) tem-

se:

=

= 6.

25

Obs.: è importante multiplicar o dividendo e o divisor pelo inverso do divisor,

pois nesse casso obtém-se o divisor igual a 1 e, qualquer número dividido por

1 é igual a ele mesmo.

Analisando o as resoluções dos exemplos citados foi possível compreender a

técnica operatória para divisão de frações. Generalizando tem-se:

Ou seja: é igual a “a” x d: b x c ou

.

“Para dividir duas frações multiplica-se a primeira fração pelo inverso da

segunda fração”.

Ex:

=

multiplica-se: o numerador da primeira pelo denominador da

segunda sobre o denominador da primeira pelo numerador da segunda. Assim:

Para a introdução das frações o marco inicial foi contar uma pequena história

sobre o surgimento das frações e seu contexto histórico. Os alunos ficaram

entusiasmados ao verem no projetor holográfico como os povos antigos trabalhavam

com as frações. Não tiveram dificuldades em reconhecer as frações, fazer leitura e

comparação de frações utilizando os materiais concretos: bloco de frações, disco de

frações entre outros. As frações equivalentes foram cuidadosamente trabalhadas,

para que cada grupo e cada aluno dos grupos tivessem a ideia clara do conceito de

frações equivalentes e sua propriedade fundamental. Com a utilização dos

quadrados de frações em papel vegetal, a adição e a subtração e a multiplicação de

frações tornou-se compreensiva e os alunos conseguiram entender suas técnicas

operatórias e foram eles mesmos protagonistas da redescoberta dos algoritmos e

suas regras.

Nas divisões de frações trabalharam-se várias ideias utilizando os materiais

concretos, bloco de frações, disco de frações e outros:

- Quantas vezes o divisor cabe no dividendo

Ex: Quantas vezes

cabe em

·? R. 2

ab

:cd

=ab

xdc

:cd

xdc

=adbc

:dcdc

=adbc

:1=adbc

a

b:

c

d

ad

bc

26

Porém, nem sempre esse tipo de representação permitiu a visualização do

resultado, necessitando buscar outras estratégias.

- Invariância do quociente. Num quociente não se altera quando o dividendo e o

divisor são multiplicados por um mesmo número (diferente de zero) permite obter

uma divisão de frações, uma fração com denominador 1. Os alunos verificaram

através dos materiais concretos e das ideias aplicadas chegaram à interpretação da

divisão, quando lançaram mão da ideia do inverso multiplicativo de um número

racional diferente de zero, dividir é o mesmo que multiplicar pelo inverso.

3.9.1. Resultados obtidos

Para a introdução de frações o marco inicial foi contar uma pequena história

sobre o surgimento das frações em seu contexto histórico. Os alunos ficaram

entusiasmados ao ver data show como os povos antigos trabalhavam com frações.

Não tiveram dificuldades em reconhecer as frações, fazer leitura e

comparação de frações utilizando os materiais concretos: bloco de frações, disco de

frações, quadrado de frações e papel vegetal, entre outros. As frações equivalentes

foram cuidadosamente trabalhadas, para que cada grupo e cada aluno tivessem a

idéia clara do conceito de frações equivalentes e sua propriedade fundamental. Com

utilização dos quadros e frações em papel vegetal, a adição, a subtração e a

multiplicação de frações se tornaram compreensiva e os alunos conseguiram

compreender suas técnicas operatórias e suas regras, tendo o prazer da

redescoberta.

Na divisão de frações utilizou-se o bloco de frações e o disco de frações que

se mostraram mais eficientes e mais compreensíveis para os alunos, em que foram

trabalhadas as diferentes idéias relacionadas à divisão: quantas vezes o divisor cabe

no dividendo; um quociente não se altera quando o dividendo e o divisor são

multiplicados pelo mesmo número diferente de zero (invariância do quociente) em

que se verificou maior aproveitamento e assimilação por parte da maioria dos

alunos. Na comparação dos resultados obtidos no pré-teste com os resultados

obtidos no pós-teste verifica-se que a aprendizagem com essa metodologia se

tornou mais eficiente segundo a tabela em anexo.

27

No grupo de trabalho em redes (GTR) foram realizadas várias discussões

com os participantes de diferentes regiões do Paraná, os quais contribuíram com

ideias que enriqueceram este trabalho.

4- Anexos

4.1 tabela

Questão Núm.alunos Pré –teste

% acertos

Pós-teste

% acertos

1 30 30 67

2 35 70

3 60 65

4 25 80

5 19 58

6 27 55

7 15 70

8 30 65

9 40 65

10 18 73

Questões – Objetivos

1-Reconhecer partes da fração, composição de frações e leitura

2-Identificar a fração e relacionar parte com a unidade

28

3- Identificar em quantas partes foi dividido o inteiro e representá-lo na parte

fracionária

4- Reconhecer equivalência de frações

5- Comparar frações

6,7,8,9,10- Efetuar corretamente as operações básicas de frações

4.2 quadrado de frações

1 meio, 1 quarto 1 oitavo

1 inteiro Meio bloco quarto de bloco oitavo de bloco

4.3-Quadrados de frações em papel vegetal

29

Sobrepondo

4.4 Disco de frações

4.5 Régua de frações

Temos que:

30

5- Considerações finais

A solução para sanar as dificuldades do ensino e da aprendizagem requer

cursos de capacitações específicas em cada conteúdo para os professores, pois só

alimentando o conhecimento é que surgem as novas ideias. A baixa qualidade do

ensino de matemática nas escolas públicas gera uma deficiência na aprendizagem

que sugere repensar urgentemente na qualificação do professor e na importância

que tem a matemática na vida do aluno. Quando as atividades propostas aos alunos

são significativas para o professor, ocorre aprendizagem significativa, em que o

aluno se apropria do conhecimento que se transforma em habilidades adquiridas,

que abre portas para a busca de novos conhecimentos. No ensino das frações

acredita-se que os alunos vão compreender melhor os conceitos se o professor

enfatizar e mantiver o referencial associado à fração de forma mais efetiva, pois no

conceito de fração se fundamenta a idéia de unidade.

Pode-se afirmar que uma aprendizagem matemática nada tem haver com a

memorização de técnicas e regras, e sim capacitá-lo para atribuir significados,

interpretar, equacionar e resolver problemas. Enfim promover o desenvolvimento do

raciocínio lógico.

Conclui-se que a proposta apresentada foi eficiente, pois demonstrou que os

alunos compreenderam os diferentes significados de uma fração em seus diferentes

contextos e desenvolveram autonomia de pensamento que facilitou a definição de

frações equivalentes e sua propriedade fundamental e foram capazes de efetuar as

operações básicas com frações de forma correta e comprrensiva.

31

Espera-se que esse trabalho possa dar subsídios a outros pesquisadores, os

quais possam acrescentar em suas pesquisas novas ideias que facilitem o ensino e

aprendizagem dos números racionais na forma fracionária.

6-REFERENCIAS

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