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A CONSTRUÇÃO DE VALORES ALIMENTARES NA PREVENÇÃO DE DOENÇA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Schirley Terezinha de Oliveira Professora da Rede Pública Estadual do Paraná
Curitiba - Pr
Jorge Alberto Lenz Departamento Acadêmico de Física - DAFIS / UTFPR
Curitiba - Pr RESUMO Este trabalho relata o desenvolvimento de uma proposta de ensino
na 7ª série do Ensino Fundamental de um Colégio Estadual no município de Curitiba no período normal de aulas durante o 1º e 2º bimestres de 2009. Para o desenvolvimento da proposta foi utilizado um Caderno pedagógico idealizado a partir da proposta das Diretrizes Curriculares Estaduais contemplando ações de formatação complementares ao Currículo Escolar envolvendo e propiciando a integração entre os sujeitos presentes no espaço escolar. A proposta foi construída a partir da observação da necessidade da comunidade escolar em refletir e discutir sobre o direito do ser humano à alimentação, como aproveitar melhor os alimentos, como combater desperdícios e como baixar o custo dos mesmos. Ao estudar a função de cada nutriente, levou-se o educando a perceber a importância da alimentação na manutenção da saúde e prevenção de doenças.
Palavras chaves: Alimentação. distúrbios alimentares. hábitos
alimentares. aproveitamento de alimentos. ABSTRACT This work relates the development of a teaching proposal in the 7th
grade of Fundamental Education of a State School in the city of Curitiba in the normal period of classes during 1st and 2nd bimesters of 2009. For the proposal development a pedagogic book idealized from the State Curricular Guidelines was utilized contemplating complemental formatting actions to the School Curriculum, involving and propitiating the integration among the present people in the school space. The proposal was built starting from the observation of the school community's need of reflection and discussion about the human being`s right of feeding, how to better take advantage of food, combating wastes and lowering their cost. When studying the function of each nutrient, to take the student to notice the importance of the alimentation in the health maintenance and diseases prevention.
Key words: Alimentation. alimentary disturbances. alimentary
habits. food utilization.
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1. INTRODUÇÃO:
Dentro de um contexto histórico podemos observar que o ensino de
Ciências sofreu modificações tanto no seu enfoque quanto na metodologia
dominante. Nas décadas de 50 e 60 predominaram as aulas de laboratório com
os objetivos de transmitir informações atualizadas e vivenciar o método
científico: numa primeira fase enfatizando os produtos para em seguida
enfatizar o processo (onda construtivista). Na década de 70 e 80 predominam a
utilização de jogos, simulações e resolução de problemas (o cotidiano como
ponto de partida para levantar problemas e propor soluções). Dentro de um
contexto no país marcado por grandes transformações políticas
(redemocratização) busca-se a formação da cidadania e a ciência é vista como
um produto do contexto econômico, político, social (Krasilchik, 2000, p.86).
Na década de 90 com a proposta de Currículo Básico da Secretaria
de Educação do Estado do Paraná houve a valorização do trabalho docente
com temas (sexualidade e prevenção à gravidez e doenças sexualmente
transmissíveis, prevenção ao uso e abuso de drogas, reciclagem, entre outros)
baseado em projetos esporádicos como, por exemplo, o Projeto Vale-Saber em
que era oferecida uma bolsa auxílio para o professor desenvolver um projeto
de intervenção durante um ano letivo na escola. A partir de 2003 iniciou-se o
processo de construção das novas Diretrizes Curriculares Estaduais (DCE)
onde se observava a discussão em torno de recursos pedagógico-tecnológicos
e diferentes estratégias de ensino propondo vários encaminhamentos
metodológicos como: problematização, contextualização, interdisciplinaridade,
pesquisa, leitura científica, atividade em grupo, observação, atividade
experimental, os recursos instrucionais e o lúdico (Diretrizes Curriculares de
Ciências para o Ensino Fundamental, SEED, 2008, p.68).
O Caderno Pedagógico proposto foi construído de acordo com o
ciclo de aprendizagem, denominado 5Es, conforme demonstrado por
LLWELLYN, 2002 apud GIOPPO et al, 2006, p.8. A proposta de trabalho é
fundamentada na utilização de conhecimentos espontâneos como ponto de
partida para dar significado aos temas a serem trabalhados e levarem o
educando a elaboração dos conhecimentos científicos, contribuindo para
melhoria da qualidade de vida dos educandos, de seus familiares e demais
sujeitos coexistentes no espaço escolar.
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As diferentes estratégias metodológicas objetivaram sensibilizar os
educandos para a prevenção de doenças relacionadas aos hábitos
alimentares. Promovendo a reflexão e a discussão como ferramenta que
propicia o rompimento de obstáculos conceituais provenientes de seu grupo
familiar e social. Com isto, pretendeu-se colaborar com a melhoria da qualidade
do ensino público no Estado do Paraná.
2. A ESCOLA E A CONSTRUÇÃO DE VALORES ALIMENTARES
A compreensão do conjunto de fatores associados ao consumo
alimentar da população não se pode excluir da análise de componentes
econômicos, sociais, nutricionais, históricos e culturais de um determinado
grupo (Oliveira & Thébaud-Mony, 1997,p.202). No caso do Brasil observa-se
uma condição bipolar no contexto de saúde pública no que se refere a nutrição.
A desnutrição energético-proteica presente nas classes de menor poder
aquisitivo, se contrapõe à obesidade que atinge jovens e adultos de todos os
estratos sociais. Neste contexto, ressalta-se a importância de estratégias de
saúde coletiva, planejamento e desenvolvimento de ações educativas que
possibilitem redução no consumo de gordura, sem comprometer a ingestão de
vitaminas e minerais (Sichieri, 1998,p.135).
A manutenção da saúde está diretamente relacionada a questão da
escolha e do acesso a uma alimentação saudável. No decurso do século XX, o
consumo de açúcar aumentou dez vezes. Por volta de 1800, o consumo de
açúcar por pessoa ao ano, era de 5 quilogramas enquanto agora é de
aproximadamente 45 quilogramas. Prova inequívoca do aumento da obesidade
nos últimos anos – o consumo de açúcar. Além da obesidade, existem outras
enfermidades metabólicas relacionadas ao consumo desmesurado de açúcar:
arteriosclerose, manifestada através do enfarte de miocárdio, angina de peito,
acidentes vasculares cerebrais, gangrena dos membros inferiores e o diabetes.
Os alimentos ricos em gorduras saturadas têm importância na gênese da
arteriosclerose, pois servem de base no fígado para a formação das moléculas
de acetato, ponto de partida para a síntese do colesterol em cerca de 75% do
total dessa substância.São desse modo, alimentos indesejáveis embora sejam
apetitosos (Kamel, 1996, p.25).
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Na pesquisa sobre a evolução da disponibilidade domiciliar nacional
de alimentos de 1974 a 2002, observou-se que houve um aumento no
consumo de alimentos com alto teor de gordura (fast foods), e discreta redução
no consumo de verduras e frutas que sempre tiveram ingestão menor que o
recomendado. Observou-se também, que apenas 38% dos brasileiros
responderam consumir arroz e feijão diariamente, o que sinaliza uma crescente
“americanização” dos hábitos alimentares, principalmente entre os jovens.
Aliado ao que foi exposto ocorre uma redução de atividade física em razão da
crescente mecanização e do avanço tecnológico. Dietz et Al,1985 apud
Damiani et al, 2000, p.489-523 demonstrou que o número de horas que um
adolescente passa assistindo televisão acarreta um aumento de 2% na
prevalência de obesidade para cada hora adicional de televisão em jovens de
12 a 17 anos.
De acordo com os dados recentes da Organização Mundial de
Saúde (OMS) 25% da população infanto-juvenil apresenta sobrepeso ou
obesidade (Dias et al, 2000, p.721). Sabendo-se que nos dois primeiros anos
de vida e até os dez anos de idade, as células adiposas das crianças estão em
multiplicação, conclui-se que elas terão mais depósitos de gordura para serem
preenchidos ao longo da vida, portanto, de acordo com a ABESO (Associação
Brasileira para o Estudo da Obesidade) a criança que com dois anos de idade
é caracterizada como obesa tem 50% de chance de tornar-se um adulto obeso
e aos dez anos, o índice pula para 60%.
Estudos internacionais indicam que até 60% das crianças
qualificadas como obesas, passam por períodos de depressão. A obesidade
pode levar à sentimentos de baixa auto-estima e isolamento social, sendo
caracterizada, de certa forma, na sociedade contemporânea, como pessoa
doente e também pelo indivíduo excluído da sociedade enquanto padrão de
estética (Sichieri, 1998,p.15 ). Observa-se na escola que os adolescentes que
estão acima do peso ideal têm sua auto-estima afetada, pois muitas vezes são
ridicularizados perante o grupo dificultando sua integração e muitas vezes,
também a aprendizagem. O excesso de peso também pode gerar
complicações de outras ordens, como arteriosclerose precoce, falta de ar e
apnéia do sono, problemas posturais (como desvios na coluna) que surgem
devido ao peso elevado (Oliveira & Fisberg, 2003, p.107).
5
Diante disto, medidas intervencionistas, de caráter educativo e
informativo no combate e prevenção de distúrbios nutricionais em indivíduos
mais jovens, devem fazer parte do currículo escolar (Oliveira & Fisberg, 2003,
p.108). Dentro do conceito de segurança alimentar e nutricional a adoção de
práticas alimentares saudáveis sugere o consumo de alimentos diversificados
baseada em três princípios: da variedade, da moderação e do equilíbrio
contrapondo-se às propagandas que induzem o consumo de alimentos
industrializados e de baixo valor nutricional (Moreiras, 1999 apud Rodrigues,
2003, p.34)
Algumas medidas importantes foram tomadas a nível institucional
para minimizar o problema. O Consea/Paraná (Conselho Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional) foi pioneiro em 2004 na aprovação de uma
Lei Estadual proibindo a venda, em todas as escolas públicas e privadas, de
bebidas com quaisquer teores alcoólicos, balas, pirulitos e gomas de mascar,
refrigerantes e sucos artificiais, salgadinhos industrializados, salgados fritos e
pipocas industrializadas. Posteriormente foram proibidos em todo território
nacional, pelo Projeto de Lei 127/07, em escolas de educação infantil e
fundamental e aprovado pela comissão de Educação e Cultura.
Verificou-se que os adolescentes são considerados grupo de risco
nutricional por conta de práticas alimentares inadequadas. Estes, muitas vezes,
não realizam o desjejum, omitem algumas refeições e incluem lanches em
substituição às mesmas. Além disso, estão em uma fase de transformações
biopsicossociais em que são vulneráveis aos fatores ambientais, em particular
aos relacionados com a alimentação e nutrição (Dias et al, 2000,721-722p.).
3. A PROPOSTA DE ENSINO E SEU DESENVOLVIMENTO EM SALA DE AULA
Esta proposta de ensino baseou-se em Vigotsky, pois pretendeu-se
garantir a aprendizagem e impulsionar o desenvolvimento através do processo
colaborativo entre o educador e o educando.
As atividades foram desenvolvidas visando favorecer a
autoconfiança, sendo além de formadoras, também mobilizadoras dentro do
processo ensino-aprendizagem, promovendo a interação entre o sujeito com o
objeto do conhecimento. Segundo Demo (1998, p.31) a avaliação é um
6
componente intrínseco da aprendizagem e estratégia de questionamento
diagnóstico permanente da realidade devendo oferecer condições para que o
conhecimento adequado seja sempre reconstruído .
Visando promover transformações qualitativas do conteúdo foram
utilizadas as seguintes estratégias com os educandos:
1. Atividade de sensibilização: diagnóstico dos alimentos
consumidos preferencialmente pelos adolescentes;
2. Levantamento bibliográfico sobre o valor nutricional dos alimentos
consumidos preferencialmente pelos adolescentes;
3. Aula expositiva como agente de veiculação do conteúdo,
fornecimento de informações básicas, para articulação da seqüência de
atividades, para contextualizar o tema;
4. Problematização através de leitura de textos complementares
sobre assuntos relacionados à alimentação: importância do desjejum, imagem
corporal e outros, discutindo como os padrões de beleza e supervalorização do
corpo pode desencadear processos de transtornos alimentares;
5. Desenvolvimento do pensamento crítico com a utilização de
imagens comparativas para análise de doenças ligadas à obesidade
enfatizando a importância da prevenção através da adoção de atitudes
alimentares saudáveis. A análise da imagem corporal sob a influência de
fatores socioeconômicos e da mídia;
6. Utilização do laboratório de informática. A tecnologia como
ferramenta pedagógica: software sobre nutrição (SBPC);
7. Aplicação prática dos conhecimentos adquiridos. Divulgação de
forma de preparo e aproveitamento total dos alimentos, com elaboração de um
livro de receitas alternativas;
8. Socialização do conhecimento através da realização de uma
campanha com recursos visuais de divulgação dentro do ambiente escolar
sobre valores alimentares e prevenção de doenças.
E com a comunidade escolar, elaborar uma campanha de prevenção
de doenças através de hábitos alimentares saudáveis e divulgar às famílias dos
educandos receitas alternativas através da confecção de um caderno de
receitas pelos alunos;
7
4. RELATO DOS RESULTADOS OBTIDOS:
4.1. APLICAÇÃO DO PRÉ-TESTE
O pré-teste foi aplicado com a intenção de realizar uma sondagem
inicial sobre os conhecimentos dos educandos sobre nutrição, hábitos
alimentares e manutenção da saúde.
A hipótese foi de que os educandos desconhecem conceitos sobre
nutrição bem como a relação com a manutenção da saúde, além de
possibilidades de melhoria dos hábitos alimentares através do aproveitamento
total dos alimentos. Foi realizado no período de 09 à 13 de março em três
sétimas séries (8º ano) do Ensino Fundamental, no período normal de aulas.
Participaram da sondagem inicial um total de 102 alunos. As questões foram
divididas em dois grupos, a saber: informações sobre nutrição e sobre hábitos
alimentares além de informações pessoais tais como: Nome; idade; sexo; peso
e altura.
A sondagem inicial demonstra que 92,15% dos educandos nunca
participaram de alguma palestra/evento sobre alimentação e que 82,35% dos
educandos não têm conhecimento de nenhum trabalho sobre alimentação na
escola.
Ao serem questionados sobre quais alimentos que deveriam ingerir
diariamente, saladas/verduras, frutas, carnes e arroz e feijão foram às
respostas freqüente. Demonstra que o prato típico brasileiro é consumido pela
maioria. Entretanto, quando a questão é sobre a ingestão de legumes,
verduras, frutas, cereais, leite e carnes, 30,39% afirmam ingerir estes alimentos
várias vezes por semana, 28,43% não costumam prestar atenção na
alimentação e 20,5% não os consomem por não gostarem. È importante
ressaltar que 15,68% não têm oferta destes alimentos em casa.
Há um equívoco entre exemplos de alimentos e grupos de
nutrientes, então, os educandos citam um e outro. Quando solicitados a definir
nutrientes, eles citaram funções e exemplos, mas, não conseguiram defini-lo.
A grande maioria, ou seja, 81,37% nunca ouviram falar em distúrbios
alimentares e os que ouviram confundem com outras doenças, como diabetes
e anemia.
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Observou-se nesta amostra que 61,78% fazem quatro refeições
diárias, somente 1,96% realiza seis refeições diárias recomendadas pelos
nutricionistas. Quanto ao aproveitamento total dos alimentos, 54,90% não
responderam se existem partes vegetais que são aproveitadas para o preparo
dos alimentos, revelando, assim, um desconhecimento sobre o assunto;
31,37% citaram que algumas são aproveitadas e somente 7,84% aproveitam
todas as partes vegetais.
4.2. SENSIBILIZAÇÃO ATRAVÉS DA CONFECÇÃO DE GRÁFICOS
Os gráficos de 1 a 3 expõem cada qual um levantamento da
realidade do educando através do diagnóstico dos alimentos consumidos
preferencialmente pelos mesmos utilizando uma tabela individual de consumo
de alimentos, seguida de cálculos percentuais. Os próprios alunos de cada
série elaboraram os gráficos mostrando o seu perfil alimentar.
Gráfico 1 – Perfil alimentar elaborado pelos educandos da 7ªA
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
todos os dias
quase todos os dias
de vez em quando
não consome
9
Gráfico 2 – Perfil Alimentar elaborado pelos educandos da 7ªC
Gráfico 3 - Perfil alimentar elaborado pelos educandos da 7ª D
Para análise dos gráficos apresentados anteriormente sobre os
perfis alimentares, os estudantes responderam algumas questões relacionadas
aos hábitos alimentares.
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
consome todos os dias
consome quase todos os dias
consome de vez em quando
não consome
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
consome todos os dias
consome quase todos os dias
consome de vez em quando
não consome
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O gráfico 4 apresenta os hábitos, segundo os educandos, que
poderiam ser modificados e as respectivas porcentagens de respostas.
Gráfico 4 – Hábitos alimentares que poderiam ser modificados segundo os educandos.
O gráfico 5 apresenta, segundo os educandos, os motivos propostos
para que os hábitos alimentares sejam alterados e suas respectivas
porcentagens.
Gráfico 5 – O que leva as pessoas a mudarem seus hábitos alimentares segundo os educandos
Através da atividade de sensibilização, os educandos puderam
visualizar o perfil alimentar da turma e refletir sobre quais hábitos poderiam ser
Consumir menos guloseimas
38%
Ingerir mais legumes, verduras
e frutas27%
Reduzir consumo de refrigerantes
17%
Consumir comida saudável
8%
Reduzir consumo de lanches rápidos
9%
Consumir alimentos salgados
1%
46%
19%
15%
10%
8%
2%Sobrepeso/obesidade/perder peso
Regimes e dietas
Conscientização sobre alimentação
Estar muito magra/muito gorda
Doenças
Outros(falta de tempo, influência da tv,condição econômica)
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modificados, além de trabalhar as disciplinas de ciências e matemática de
forma integrada. A utilização da estratégia metodológica da elaboração
coletiva de gráficos para representação da realidade pode sensibilizar para os
conteúdos a serem trabalhados e facilitar o processo ensino-aprendizagem.
A principal dificuldade encontrada e discutida com a equipe
pedagógica foi a defasagem em matemática básica que foi suprida com a
interferência e colaboração das Professoras de matemática Edna dos Reis
Menezes e Liziane Vernize do Prado que auxiliaram os educandos na
elaboração de gráficos, bem como revisaram conteúdos pré-requisitos.
4.3. EXPLORANDO O CONTEÚDO NA BIBLIOTECA
Os educandos foram encaminhados à biblioteca da escola onde foi
solicitado que pesquisassem em livros, jornais e revistas o valor dos alimentos
que foram apontados como preferenciais pelos adolescentes, a saber: batata
frita; balas, pirulitos, chicletes e similares; cerveja; bolachas, biscoitos, arroz e
pão branco; refrigerantes, chocolates e lanches rápidos (hambúrguer, cachorro
quente; frutas, verduras e legumes).
Esse tipo de atividade objetiva aproximar o educando do ambiente
da biblioteca escolar, familiarizando-o com as diferentes fontes de pesquisa.
Proporciona a oportunidade de poder selecionar e também resumir o material
encontrado focando no tema proposto.
Durante a realização da atividade, os educandos foram observados
e avaliados dentro dos critérios avaliativos que são apresentados na tabela 1.
Observou-se que a mudança de ambiente proporciona uma melhora
na atenção e interesse dos alunos, bem como a consulta a diferentes fontes de
pesquisa gera interesse e motiva o educando a ler e pesquisar. A realização de
algumas atividades na biblioteca escolar certamente incentivará o hábito de
freqüentar bibliotecas o que melhoraria o aprendizado como um todo, pois,
quanto mais o educando lê, mais ele aprende.
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Atitudes e comportamentos Pouco Razoavelmente Muito
Demonstra interesse nas atividades 21 35 46
Ouve atentamente as explicações da Professora
18 45 39
Executa a tarefa proposta 21 41 40
Registra as informações importantes 09 43 50
Demonstra respeito pela Professora e os colegas
09 31 62
Coopera com colegas quando solicitado 09 34 59
Tabela 1 – Atitudes e comportamentos observados durante atividade na biblioteca e o
número de alunos observados.
4.4. A BUSCA DE EXPLICAÇOES PARA A RELAÇÂO ENTRE
HÁBITOS ALIMENTARES E SAÚDE
É extremamente importante levantar a discussão sobre hábitos
alimentares, uma vez que na pesquisa sobre evolução domiciliar de alimentos
de 1974 a 2002 observou-se no Brasil um aumento no consumo de alimentos
com alto teor de gordura (fast foods) e redução do consumo de verduras e
legumes que sempre foi abaixo do recomendado pela OMS (organização
Mundial de Saúde). A crescente “americanização” dos hábitos alimentares com
a diminuição do consumo de arroz com feijão, que é apontada como
consumida diariamente apenas por 38% dos brasileiros, é preocupante. A
utilização de diferentes estratégias pode atingir um maior número de
educandos sensibilizando-os e tornando-os multiplicadores na discussão
destes temas com a família.
Na tentativa de amenizar a falta de informações a respeito da troca
de hábitos alimentares por outros mais saudáveis foi proposto uma série de
encaminhamentos metodológicos que visam levar o educando a incluir o
conhecimento científico no rol de seus saberes e desta maneira articulá-los
numa sequência de atividades sugeridas.
Leitura e discussão de textos em sala de aula sobre pirâmide
alimentar, nutrientes presentes nos alimentos, em defesa da comida, alimentos
a serem evitados e fibras.
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Preenchimento de um quadro com o conteúdo das refeições de
cada educando durante uma semana.
Atividade prática de laboratório para identificação da proteína
presente na clara do ovo e no leite.
Pesquisa do significado das palavras triglicerídeos, colesterol e o
valor normal das taxas presentes no sangue.
Produção de texto sobre a importância dos sais minerais.
Exercícios sobre vitaminas.
Representação por meio de desenhos e recortes um prato de
“comida da vovó” baseado no texto de Michael Pollan intitulado “Em defesa da
comida”.
Exibição do filme “Super size me” (A dieta do palhaço) sobre os
perigos da americanização da dieta para saúde.
Após a conclusão desta série de atividades, os educandos foram
convidados a expressarem sua opinião analisando e avaliando, segundo
critérios predeterminados, questões relativas a hábitos alimentares. As tabelas
de 2 até 5 apresentam os resultados obtidos identificando a porcentagem de
respostas junto com os critérios selecionados e o pensamento crítico.
Afirmativa 1
“A menor presença das mulheres dentro de casa, em todos os
estratos sociais, tem como conseqüência o aumento de consumo de
produtos industrializados que poupam tempo e mão de obra.”
Porcentagem dos alunos que
responderam Critérios Pensamento crítico
50% Adequado
Justifica plenamente seu posicionamento frente à questão proposta, utilizando
conhecimentos adquiridos nas atividades anteriores.
26,5% Parcialmente
adequado
Justifica parcialmente seu posicionamento frente à questão proposta, utilizando
conhecimentos adquiridos nas atividades anteriores.
13% Inadequado Não é capaz de justificar seu
posicionamento frente à questão proposta.
10,5% Não responderam
Tabela 2 – Resultados apresentados pelos educandos ao analisar a afirmativa 1
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Exemplos de respostas fornecidas dos educandos em complemento
a questão apresentada:
“Concordo totalmente com isso, o gosto pela comida caseira tem
diminuído desde que a mulher começou a trabalhar, o consumo de comida
industrializada aumentou e isso acaba prejudicando no futuro por falta de
nutrientes”.
“Com tanto trabalho e responsabilidade as mulheres estão cada
vez mais sem tempo para se dedicarem ao preparo de alimentos a para facilitar
compra-se comidas industrializadas”.
Afirmativa 2:
“O padrão do que é bom ou moderno não é dado pelo valor
nutricional dos alimentos, mas pelo valor que é gerado pela sua
publicidade.”
Porcentagem dos alunos que responderam
Critérios Pensamento crítico
54% Adequado
Justifica plenamente seu posicionamento frente à questão
proposta, utilizando conhecimentos adquiridos nas atividades anteriores.
27% Parcialmente
adequado
Justifica parcialmente seu posicionamento frente à questão
proposta, utilizando conhecimentos adquiridos nas atividades anteriores.
13% Inadequado Não é capaz de justificar seu
posicionamento frente à questão proposta.
06% Não responderam
Tabela 3 – Resultados apresentados pelos educandos ao analisar a afirmativa 2.
Exemplos de respostas fornecidas dos educandos em complemento
a questão apresentada:
“As pessoas hoje em dia acabam optando por comida saborosa e
deixam para trás as saudáveis. Consomem qualquer coisa não se importando
com a saúde, só com o sabor”.
“Essas comidas de propaganda que dá vontade de comer na hora
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são os alimentos que têm muitas calorias. A maioria das propagandas passa
informações sobre alimentos que não são saudáveis”.
Afirmativa 3:
“As mulheres rejeitam cada vez mais o ato de cozinhar e
conhecem cada vez menos os ingredientes e as tecnologias caseiras de
preparo dos alimentos.”
Porcentagem dos alunos que responderam
Critérios Pensamento crítico
38% Adequado
Justifica plenamente seu posicionamento frente à questão
proposta, utilizando conhecimentos adquiridos nas atividades anteriores.
29,5% Parcialmente
adequado
Justifica parcialmente seu posicionamento frente à questão
proposta, utilizando conhecimentos adquiridos nas atividades anteriores.
22,5% Inadequado Não é capaz de justificar seu
posicionamento frente à questão proposta.
10% Não responderam
Tabela 4 – Resultados apresentados pelos educandos ao analisar a afirmativa 3.
Exemplos de respostas fornecidas dos educandos em complemento
a questão apresentada:
“O ser humano hoje em dia quer praticidade e não se importa se o
que está comendo faz bem para saúde”.
“Hoje em dia nós não sabemos como são feitas estas comidas
que compramos fora, fazer comida em casa é mais saudável e as pessoas
gastam menos”.
Afirmativa 4:
“É importante valorizar a atividade de alimentação e a dieta
tradicional brasileira.”
Exemplos de respostas fornecidas dos educandos em complemento
a questão apresentada:
“Comer mais alimentos saudáveis (arroz, feijão, ovos, legumes e
verduras), alimentos que sabemos como são preparados, ao invés de
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alimentos que não reconhecemos nem os nomes”.
“As pessoas de hoje em dia nem ligam para os sabores exóticos
que o Brasil tem: comidas que não fazem mal, elas preferem comidas
gordurosas”.
Porcentagem dos alunos que responderam
Critérios Pensamento crítico
36% Adequado
Justifica plenamente seu posicionamento frente à questão proposta, utilizando
conhecimentos adquiridos nas atividades anteriores.
21% Parcialmente
adequado
Justifica parcialmente seu posicionamento frente à questão proposta, utilizando
conhecimentos adquiridos nas atividades anteriores.
34% Inadequado Não é capaz de justificar seu posicionamento
frente à questão proposta.
09% Não
responderam
Tabela 5 – Resultados apresentados pelos educandos ao analisar a afirmativa 4.
4.5. APROFUNDAMENTO DO TEMA
As escolas públicas atendem uma clientela que possui condições
socioeconômicas mais vulneráveis em relação a que freqüenta escola privada,
o que impossibilita o acesso a uma alimentação equilibrada, uma vez que a
boa alimentação é muito cara e nem todos têm acesso às informações de
como alimentar-se melhor. Neste aspecto, a escola pública deve desenvolver
estratégias para enfrentamento desta realidade social: num país que produz
alimentos em quantidade mais que suficiente para alimentar toda a população,
uma grande parcela de cidadãos não têm acesso à quantidade e qualidade
mínima de alimentos para manter-se saudável, desenvolvendo quadros de
desnutrição, deficiências marginais e/ou obesidade.
Abordagens que visem ao esclarecimento dos assuntos
relacionados a distúrbios alimentares podem ser realizadas através da
comparação dos padrões de beleza e podem tocar a auto-estima das pessoas.
Destacam a importância da dieta balanceada para manter um comportamento
alimentar saudável.
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Todas as atividades foram desenvolvidas destacando-se o papel
multiplicador dos educandos em suas famílias, repassando informações e
conhecimentos do valor nutricional dos alimentos para melhoria da qualidade
de vida através de uma alimentação sadia, adequada e saborosa.
4.5.1. Atividade 1
Leitura de textos e discussões sobre temas como a saúde do corpo
e aparência; distúrbios alimentares (obesidade, comedores compulsivos,
bulimia, anorexia) e dieta balanceada. Foi realizado um levantamento de grupos
e/ou entidades que ajudam pessoas com distúrbios alimentares. Portanto, foram
citados e colocados no quadro negro os seguintes:
Comedores Compulsivos Anônimos - fone (41) 33601800;
Abeso – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade
http://www.abeso.org.br Rua Tabapuã, 888, Conjunto 81 e 83 - São Paulo fone: (11)
3079 - 2298. Fax: (11) 3079 – 1732;
Ministério da saúde: http://www.saude.gov.br/alimentação;
Hospital de Clínicas da UFPR: http://www.hc.ufpr.br. Rua General
Carneiro, 181 Centro - Curitiba - PR. fone: (41) 3601800.
4.5.2 Atividade 2
Pesquisa sobre grupos de ajuda para pessoas com distúrbios
alimentares. Os educandos fizeram uma lista de atitudes que se pode adotar
para manter um comportamento alimentar saudável.
Obedeça rigorosamente ao horário das refeições, comendo com
intervalos de 4 a 5 horas.
Jamais pule refeições.
Quando surgir a vontade de comer fora dos horários, busque uma
saída alternativa (caminhada, exercícios físicos etc.) que reduza a ansiedade.
Antes de cada refeição, planeje o que você for comer e prepare
cuidadosamente a mesa e o prato.
Preste a máxima atenção ao ato de comer. Não coma enquanto
for ler ou ao assistir televisão.
Mastigue bem os alimentos.
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Jamais faça compras em supermercados de estômago vazio, para
não encher o carrinho com guloseimas.
Não estoque comidas tentadoras (doces, sorvetes, salgadinhos)
em casa. Tenha sempre à mão opções saudáveis.
Não vá a festas de estômago vazio.
4.5.3. Atividade 3
Acesso ao sítio na internet http://www.anaemia.com.br destinado ao
público adolescente que trata de distúrbios alimentares como anemia por
exemplo.
4.5.4. Atividade 4
Montagem de um quadro com imagens de padrões de beleza atuais,
antigos e de outras culturas para efeito de comparação. Observando as
imagens de padrões de beleza atuais, sejam eles antigos ou atuais, o
educando escreveu um texto, de no máximo 15 linhas, explicando como os
fatores socioeconômicos e a mídia influencia nos padrões de beleza existentes,
em diferentes tempos e culturas. A tabela 6 apresenta o resultado desta
avaliação.
Porcentagem dos alunos que responderam
Critérios Pensamento crítico
38% Adequado
Apresentaram com clareza as relações existentes entre os padrões de beleza e a influência da mídia e das condições sócio-
econômicas
36% Entendimento
parcial
Apresentaram de forma insuficiente, as relações existentes entre os Padrões de beleza, a influência da mídia e as condições sócio-
econômicas.
17% Inadequado Não apresentaram as relações existentes entre os padrões de beleza, a influência da mídia e as
condições sócio-econômicas.
09% Não
responderam
Tabela 6 – Resultado da avaliação da produção de texto dos educandos segundo os critérios acima
4.5.5. Atividade 5
Através da inclusão digital, objetiva-se proporcionar a diversificação
da prática pedagógica através da utilização do laboratório de informática e de
19
software livre divulgado pela biblioteca virtual da Unicamp. Os educandos
tiveram oportunidade de cadastrar-se na biblioteca virtual e poderão, se assim
quiserem, voltar a utilizá-la em trabalhos escolares vindouros podendo acessar
os softwares disponíveis de suas casas ou outros ambientes. Isto ajuda a criar
o hábito da pesquisa de textos disponíveis na internet e não só de usá-la com
finalidade recreativa.
Para o acesso a internet foi utilizado o laboratório de informática da
escola. Para tanto, os educandos acessaram o endereço eletrônico
http://www.ib.unicamp.br/lte/bdc/busca.php?tipoMaterial=a%3ª1%3A%7Bi%3ª0
%3Bs%3A8%3A%22software%22%3B%7D&acao=exibirCategoria e, por
conseguinte ao link denominado nutrição disponível no sitio da SBPC
(Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência). Solicitou-se que lessem
com atenção as informações contidas e ao final da tarefa responderam
questões relativas ao acesso.
Número de alunos que acessaram o
software 87%
Concluíram a atividade 66%
Atividade incompleta 17%
Não realizaram a atividade 17%
Número de alunos que não
conseguiram acessar o software
13%
Tabela 7 – Porcentagem de educandos que foram encaminhados para a atividade no laboratório de informática
4.5.6. Atividade 6
Realização de um seminário para divulgação da forma de preparo e
aproveitamento máximo dos alimentos, combatendo assim o desperdício. O
tema sobre aproveitamento total dos alimentos e combate ao desperdício ajuda
a derrubar preconceitos que impedem a adoção de hábitos alimentares
saudáveis, principalmente em relação ao aproveitamento de folhas e talos,
transformando os educandos em mobilizadores sociais na medida em que
atuam em suas famílias, disseminando conhecimentos sobre alimentação
evitando o desperdício e mantendo o valor nutricional.
20
Foram apresentadas receitas com formas de preparo de alimentos
saudáveis. Cada educando trouxe um alimento para os colegas degustarem,
explicou como foi preparado, o seu valor nutricional e entregou uma cópia
escrita da receita para que levassem para casa.
Os educandos foram avaliados de acordo com a participação no
seminário e a posterior organização das receitas alternativas no caderno de
Ciências e os resultados são apresentados na tabela 8.
Seminário sobre aproveitamento dos alimentos
Preparação da receita 82% Participaram
18% Não participaram
Apresentação oral 82% Participaram
18% Não participaram
Organização de um caderno de receitas
82% Participaram
18% Não participaram
Tabela 8 – Participação dos educandos no seminário sobre aproveitamento dos Alimentos
As principais dificuldades encontradas na utilização do laboratório de
informática foram:
Falta de um auxiliar de laboratório para resolver pequenos
problemas técnicos que apareceram durante as aulas.
Falta de uma lousa ou projetor para que todos os educandos
pudessem acompanhar o processo passo a passo e ao mesmo tempo.
Disparidade entre os educandos: alguns têm acesso ao
computador em casa e alguns nunca tinham acessado.
Apreensão de alguns pais que não sabiam como seu filho (a) se
sairia durante a atividade.
Quanto à produção de texto:
A maioria dos educandos consegue expressar oralmente os
conhecimentos adquiridos, porém, apresentam uma dificuldade significativa em
expor suas idéias por escrito.
Falta do hábito de leitura e conseqüente dificuldade de
21
interpretação.
Quanto ao seminário de aproveitamento de alimentos:
Condições econômicas de alguns alunos que não tiveram como
preparar as receitas.
Preconceitos de alguns educandos em relação ao aproveitamento
de talos, folhas, etc.
4.6. SOCIALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO
A confecção de cartazes pelos educandos foi escolhida como ação
mobilizadora para uma campanha com recursos visuais. O conteúdo presente
nos cartazes procurou estimular os adolescentes a experimentar novos
sabores e desta forma assumir o papel de cidadão consciente que atua no
próprio cotidiano, promovendo a alimentação saudável em seu ambiente
familiar e social. Pretendeu-se também valorizar o trabalho de quem prepara as
refeições e estimular o aprendizado da preparação de uma alimentação
saborosa e equilibrada.
Os educandos apresentaram muita dificuldade na elaboração de
cartazes dentro dos critérios estabelecidos, principalmente no que se refere a
sintetizar idéias para passar imagem-informação. Eles elaboraram os cartazes
da mesma forma como fazem trabalhos escritos, simplesmente colando folhas
ou escrevendo resumos em cartolinas. Houve pouca preocupação também
com a vinculação aos conceitos trabalhados. A tabela 9 apresenta os critérios
de avaliação bem como a porcentagem de metas obtidas.
Tabela 9 – Resultado da avaliação dos cartazes produzidos pelos educandos
Critérios Adequado Parcialmente
adequado Inadequado
Elaboraram o cartaz 69%
Capacidade de sintetizar idéias
30% 35% 35%
Utilização de imagens
33% 32% 35%
Vinculação aos conceitos
trabalhados 33% 32% 35%
Não elaboraram o cartaz 31%
22
Os cartazes foram expostos no ambiente escolar atingindo os três
turnos (matutino, vespertino e noturno) com o tema alimentação e saúde.
No momento da exposição em sala de aula e da escolha dos
cartazes que iriam ficar expostos no ambiente de maior circulação, foi realizado
um trabalho de sensibilização sobre a forma correta de elaborar um cartaz, que
passe a informação correta, desperte a curiosidade e tenha uma boa
apresentação estética.
Na escola, além de aprender sobre o valor nutricional dos alimentos,
os educandos adquirem hábitos de alimentação e higiene. A campanha com
recursos visuais, através da elaboração de cartazes, mostra a todas as
pessoas que freqüentam o ambiente escolar, a importância da alimentação
saudável na formação de pessoas sadias e ativas. Como a culinária faz parte
da cultura das pessoas, devemos valorizar a dieta tradicional brasileira e o
momento que a família passa à mesa.
Os cartazes também mostram que a mudança de hábitos promove
uma alimentação mais nutritiva, principalmente quando aproveitamos melhor os
alimentos reduzindo perdas, equilibrando refeições e tornando-as mais baratas.
Procurou-se valorizar também as frutas da estação e os alimentos regionais,
como por exemplo, o pinhão.
A escola ainda é vítima de muitas situações de vandalismo por parte
do corpo discente, nos impossibilitando de promover e manter exposições
permanentes nos ambientes de grande circulação. Os cartazes que ficam em
sala de aula são rabiscados e depredados de um turno para outro e nos
corredores ocorre o mesmo problema. Em virtude disto, optou-se por um
espaço no hall de entrada do pavilhão pedagógico- administrativo para que
todos pudessem visualizar os cartazes e, ao mesmo tempo, eles pudessem
estar protegidos da ação dos vândalos, uma vez que sempre tem um professor
ou pedagogo circulando, além dos assistentes administrativos.
Enquanto meio de comunicação, o cartaz concorre agora (não era
assim à cem anos onde era de longe o mais imponente) com muitos outros: o
panfleto, o mural, a rádio, a imprensa, a televisão, os outdoors, a internet, a
publicidade móvel, etc. Enquanto meio, aquilo que primeiro caracterizou o
cartaz e lhe deu vantagens comunicativas – o tamanho, a cor, e o tipo de
expressão – já não funcionam como funcionaram e por isso o cartaz deixou de
23
ser um meio efetivo para o anúncio a não ser em meios providenciados para o
efeito. Daí que dois ou três dias sejam a perspectiva de vida de um cartaz. O
cartaz, pela sua presença urbana tem uma vida curta.
4.7. ANÁLISE DO PÓS- TESTE
No pós-teste foram aplicadas as mesmas questões do pré-teste para
efeito de comparação com os dados obtidos antes da aplicação do projeto e
após o término do mesmo.
A hipótese levantada é de que as diferentes estratégias
metodológicas e a utilização de diversos ambientes dentro do espaço escolar
proporcionariam uma melhoria e uma facilitação no processo ensino-
aprendizagem.
O pós-teste foi realizado no período de 15 a 17 de junho em três
sétimas séries (8º ano) do Ensino Fundamental, no período normal de aulas.
Participaram da sondagem 102 alunos. As questões foram divididas em dois
grupos e trataram de informações sobre nutrição e sobre hábitos alimentares.
Constaram no pós-teste informações pessoais tais como: nome; idade; sexo;
peso e altura.
A sondagem inicial demonstra que 92,15% dos educandos nunca
participaram de alguma palestra/evento sobre alimentação, este número
diminuiu para 66,66% e dos 82,35% que afirmaram não ter conhecimento
sobre nenhum trabalho sobre alimentação na escola no pré-teste, agora
somente 1,96% afirmam isto. Estes resultados estão apresentados no gráfico
6.
Gráfico 6 - Resultado da questão sobre evento/palestra sobre alimentação
0 10 20 30 40 50 60
não
seminário nas aulas de ciências
escola
aulas de ciências
filme super size me
igreja
não
sim
24
O gráfico 7 relaciona o número de respostas dadas pelos
educandos quando inquiridos sobre o conhecimento da existência de
informações sobre alimentação na escola em que estuda.
Gráfico 7 – Resultado apontado pelos educandos quando questionados a respeito de
algum trabalho sobre alimentação na escola
O gráfico 8 apresenta o número de respostas relativas a questão
sobre quais deveriam ser os alimentos a serem ingeridos diariamente.
Gráfico 8 – Alimentos apontados com maior freqüência pelos educandos para serem
Ingeridos
Ao observar a freqüência das respostas sobre quais alimentos
devemos ingerir diariamente percebe-se que os alunos utilizaram os conceitos
frutas
legumes
carnes
arroz e feijão
cereais
leite
pães/massas/macarrão
sucos naturais
menos frituras/doces/refrigerantes
0 10 20 30 40 50
não
não respondeu
seminário nas aulas de ciências
apostila PDE
aulas de ciências
elaboração de cartazes
não respondeu
sim
não
25
de pirâmide alimentar e dieta balanceada para responderem uma vez que foi
apontado os itens verduras/saladas, frutas e legumes preferencialmente, além
de citarem o arroz com feijão que é o prato tradicional brasileiro.
As definições de nutrientes aproximaram-se mais do esperado,
devido aos conceitos que foram trabalhados em sala de aula e nota-se que a
maioria dos alunos compreendeu a importância dos nutrientes para
manutenção da saúde. A tabela 10 apresenta as respostas dos educandos
quando indagados sobre o conceito do termo nutrientes.
Frequência das respostas
Definição
13 Substância que tem no alimento que pode ser plástico,
energético e regulador e que cada função ajuda a termos saúde
11 Fibras, ferro e vitaminas que contém os alimentos
09 O que o corpo precisa para continuar saudável e
funcionar como deve
06 Substâncias que encontramos nos alimentos e que
fortalecem nosso corpo
05 Algo que nutre nosso organismo
05 O que compõe os alimentos
04 Encontrados em alimentos saudáveis
03 Tudo de bom que contém em certo alimento
02 Tudo que nosso corpo precisa
02 Substâncias encontradas nos alimentos e que mantém
a saúde
02 Parte saudável presente nos alimentos
01 Substância que nos sacia e nos dá energia
01 Serve para ajudar nosso organismo a combater diversos
tipos de doenças como obesidade
01 Leva a maior quantidade de energia para nosso corpo
25 Não responderam
12 Respostas erradas
Tabela 10 - Definições de nutrientes dadas pelos educandos
26
Quanto aos distúrbios alimentares, 67,64% dos educandos
apresentaram conhecimento sobre o assunto, ou seja, citaram que já ouviram
falar em distúrbios alimentares e os distúrbios citados estão em sua maioria
corretos e de acordo com conceitos apresentados no material de apoio, além
disso, alguns educandos citaram mais de um distúrbio como pode ser visto no
gráfico 9 onde o mesmo apresenta os resultados verificados.
Gráfico 9 – Distúrbios alimentares apontados pelos educandos
Quanto ao conceito de dieta balanceada nota-se que o percentual
saltou de 60,78% para 71,56%. A tabela 11 demonstra essa tendência.
Porcentagem Alternativa
28,43%
É aquela que leva em consideração a quantidade de alimentos: alguns devem ser consumidos em grande
quantidade e outros em pequena quantidade.
É aquela que leva em consideração a quantidade e a qualidade dos alimentos, portanto, alguns alimentos são
proibidos.
71,56% É aquela que ajuda a compor uma alimentação saudável
levando em conta a quantidade e a qualidade, não existindo alimentos proibidos.
Tabela 11 – Opinião dos educandos em relação a dieta balanceada
02468
101214161820
não responderam
sim
não
27
Em relação ao número de refeições ao longo do dia, houve um
acréscimo no número de alunos que começaram a fazer seis refeições como
aconselham os nutricionistas como pode ser visto no gráfico 10. Na sondagem
inicial este percentual era de 1,96% a agora aparece em torno de 10%.
Gráfico 10 – Número de refeições que os educandos realizam ao longo do dia
Considerando a ingestão de legumes, verduras, frutas, cereais, leite
e carnes houve um aumento de 30,39% para 48,03% na ingestão destes
produtos várias vezes durante a semana. Nota-se também que os educandos
que raramente consomem frutas, verduras, legumes (com exceção de
batatas), caíram de 20,58% para 14,70%. Os educandos que não
costumavam prestar atenção na alimentação, também diminuíram passando
de 28,43% para 16,66%. A nova situação está colocada na tabela 12.
Quando provocados a citarem situações em que ocorre o
aproveitamento total dos alimentos, 87,25% dos educandos referem-se a
partes que estão sendo utilizadas em suas residências, contrapondo-se com
31,37% que responderam aproveitar algumas partes na sondagem anterior. A
tabela 13 apresenta a nova tendência para o aproveitamento de partes de
vegetais no preparo dos alimentos.
10%
19%
53%
7%10%
1%café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar
café da manhã, colação, almoço, lanche da tarde e jantar
café da manhã, colação, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia
mais de 6 refeições
10%
19%
53%
7%10%
1%
almoço e jantar
café da manhã, almoço e jantar
café da manhã, almoço, lanche da tarde e jantar
café da manhã, colação, almoço, lanche da tarde e jantar
café da manhã, colação, almoço, lanche da tarde, jantar e ceia
mais de 6 refeições
28
Porcentagem (%) Alternativa
16,66 Não costuma prestar atenção na alimentação
14,70 Raramente consome frutas, verduras, legumes
(com exceção de batatas), pois, não gosta
13,72
Gosta e aceita alimentação variada (frutas, verduras e legumes) mas encontra dificuldade em consumi-las, pois não é possível a oferta
destes alimentos em casa
0 Não consome frutas, verduras e legumes porque
não gosta e, por razões diversas também não estão disponíveis em casa
6,86
Como não gosta de frutas, verduras e legumes, não os consome (embora estejam disponíveis
em casa), mas julga alimentar-se adequadamente
48,03 Ingere estes produtos várias vezes durante a
semana
Tabela 12 – Hábitos de ingestão de legumes, verduras e frutas apresentados pelos
educandos após a aplicação do projeto
Respostas Número de alunos Porcentagem
(%)
Não são aproveitadas
04 3,92
Algumas são aproveitadas
89
Exemplos de partes Frequência
de respostas
87,25
Cascas de frutas 71
Talos de legumes 12
Sementes de abóbora
07
Folhas de beterraba 06
Casca de legumes 05
Entrecasca de maracujá
02
Sementes de maracujá
02
Preparação de adubos
02
Todas são aproveitadas
0 0
Não responderam
09 8,82
Tabela 13 – Aproveitamento dos alimentos apontados pelos educandos
29
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
A muito se discute a qualidade do ensino público e a necessidade do
enfrentamento dos problemas apontados pelos diferentes pesquisadores na
área de educação. A resistência em aplicar novas estratégias metodológicas ,
a formação acadêmica insatisfatória , a precariedade das condições materiais
no ambiente escolar , a utilização do livro didático como única fonte de
pesquisa, questões relativas aos currículos escolares, o desinteresse por parte
dos educandos e a desmotivação e desvalorização do magistério inibem o
profissional da educação em buscar condições inovadoras para facilitar a
aprendizagem. As considerações anteriores apontam um desafio fundamental:
a necessidade de profundas mudanças na metodologia arcaica presente nas
escolas.
Sendo a escola um espaço privilegiado de reflexão e discussão,
colabora na construção dos valores alimentares, aqui entendidos como as
representações, conscientes ou não, positivas ou negativas, associadas a
uma prática ou a um objeto social (Poulain & Proença, 2003, p.370). A
construção destes valores, pode levar a uma mudança na maneira pela qual a
pessoa se situa em relação às práticas alimentares do seu grupo social,
repensando a influência dos fatores externos em relação ao seu
comportamento alimentar, a saúde individual e a formação de hábitos. Sendo
assim, o conhecimento deve transpor barreiras e contribuir para a profilaxia de
muitas enfermidades metabólicas que incidem com maior freqüência nas
pessoas que têm hábitos alimentares irregulares.
Na implementação do projeto PDE, visamos contribuir com políticas
públicas eficazes de mobilização da comunidade escolar na discussão do
direito humano à alimentação. A reunião de um conjunto de estratégias
metodológicas variadas e a utilização de material didático complementar teve
efeito positivo em sala de aula, sensibilizando os educandos na prevenção a
doenças e conseqüente manutenção da saúde, a partir de modificações em
seus hábitos alimentares.
A garantia da qualidade e da adequação nutricional está
relacionada também as condições econômicas da população e sendo a
30
escola pública que atende as camadas mais vulneráveis, foi de suma
importância alertar para a forma de preparo mais adequada e a maneira de
aproveitar melhor os alimentos, combatendo o desperdício.
O processo de aprendizagem não acaba em si mesmo, mas, cada
educando atua como agente social e mobilizador em sua família e em sua
comunidade, repassando estes conhecimentos.
As atividades desenvolvidas durante a implementação do projeto na
Escola fortaleceram as relações nos grupos discentes, docentes e equipe
administrativo-pedagógica através da cooperação e mobilização para realizar
as diversas atividades propostas, contribuíram desta forma, para a melhoria da
educação na escola pública paranaense.
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