A CONSTRUÇÃO DO EDUCADOR PELA FORMAÇÃO …um educador que assume sua formação continuada. ......
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A CONSTRUÇÃO DO EDUCADOR PELA
FORMAÇÃO CONTINUADA COM BASE NA PRÁTICA ESCOLAR
Maíra Maria Prohmann de Lima Solarevicz 1
Resumo
O principal objetivo deste estudo foi perceber como professores que atuam no Curso Normal de Formação de Docentes concebem a formação continuada, tentar motiválos a buscaremna como recurso para melhorar a prática pedagógica, tentando atender as demandas que surgem a todo momento na função do professor. Espera-se que ao se formar o educador possua segurança no momento de escolher a melhor metodologia, de definir que conteúdos devem ser ensinados e como dominar os alunos sem ser autoritário ou liberal. Na primeira parte do trabalho será feita uma reflexão sobre a função social da escola e de como a educação pode ser o agente transformador da sociedade. Na segunda parte a discussão ocorre no ambiente virtual, com pedagogos que buscam complementar sua formação nos espaços da grande rede através de grupos de estudos. Cada professor envolvido buscou junto a seus pares, em sua escola de atuação, a definição de autonomia, um dos fatores elencados como essencial para um educador que assume sua formação continuada. Na terceira parte serão apresentados os resultados da implementação do Projeto de Intervenção realizado no Colégio Estadual Túlio de França, envolvendo os professores que atuam no Curso Normal e as alunas do 3 º ano do Curso na modalidade Subsequente.
Palavras Chave: Formação continuada, autonomia docente, transformação da
sociedade.
O presente artigo é uma produção obrigatória ao final Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) que mostra os resultados de dois anos de
estudos, investigação sobre um dos fatores que recebe destaque na política
educacional do Paraná: a formação continuada. O principal objetivo deste estudo foi
investigar a forma como os professores que atuam no Curso Normal de Formação
de Docentes percebem a formação continuada e tentar motiválos a buscarem a
formação continuada como recurso para melhorar a prática pedagógica, a
1 Graduada em Pedagogia, Especialista em Educação, Professor PDE/PR.
perceberem a importância de se manterem atualizados, de completarem sua
formação inicial através de cursos, seminários, grupos de estudo, e outros.
Considerando as mudanças que ocorreram na educação como a
inclusão, o ensino de nove anos, a obrigatoriedade de trabalhar temas
como educação indígena e educação étnico-racial bem como a inserção na
escola de equipamentos tecnológicos cada dia mais avançados, que
melhora a educação mais exigem muito conhecimento do professor.
Observando a atuação dos professores logo após saírem da
academia pode se perceber que embora tenham o conhecimento
específico de sua área de atuação, não possuem segurança no momento
de escolher a melhor metodologia, de definir que conteúdos devem ser
ensinados e como dominar os alunos sem ser autoritário ou liberal.
Qual a melhor alternativa para sanar as dificuldades encontradas
pelos professores na difícil tarefa de ensinar em época de conhecimento
globalizado, informática e inclusão? De que forma a capacitação através
da formação continuada pode auxiliar a atuação do professor? A
autonomia intelectual é essencial à função do educador?
Na primeira parte do trabalho será feita uma reflexão sobre a função social
da escola e de como a educação pode ser o agente transformador da sociedade. O
conhecimento deve estar a serviço dos indivíduos, deve ser um instrumento que
possibilite ao aluno após a sua apropriação ingressar no mundo do trabalho e
desenvolver sua cidadania. O papel do professor é fundamental, sua atuação
comprometida com o processo de formação e transformação dos educandos,
proporcionará às práticas educativas as condições para se refletir e agir sobre as
relações que se dão no mundo do trabalho. O professor deve estimular a crítica em
seus alunos, evitando a alienação, mas, para isso precisa garantir essa condição
para si mesmo.
Na segunda parte a discussão ocorre no ambiente virtual, com pedagogos
que buscam complementar sua formação nos espaços da grande rede através de
grupos de estudos. Neste espaço a troca de informações e as discussões ficaram
enriquecidas com a diversidade composta pelos diferentes espaços de atuação dos
professores de trinta e nove municípios diferentes inscritos no grupo.
Cada professor envolvido buscou junto a seus pares, em sua escola de
atuação, a definição de autonomia, um dos fatores elencados como essencial para
um educador que assume sua formação continuada. O resultado desta pesquisa foi
interessante, pois demonstrou que a distância entre o ideal e o real é um longo
processo.
Na terceira parte serão apresentados os resultados da implementação do
Projeto de Intervenção realizado no Colégio Estadual Túlio de França, envolvendo
os professores que atuam no Curso Normal e as alunas do 3 º ano do Curso na
modalidade Subsequente. A intenção inicial era discutir os temas selecionados com
os professores que atuam no Curso Normal, no entanto no decorrer das discussões
com a Direção, Equipe Pedagógica e Coordenação de Curso sobre a
implementação percebendo o desinteresse dos professores em participar de grupos
de estudos (pois não precisam mais de pontuação para avanços, estão em fim de
carreira) optouse por desenvolver as discussões com as alunas.
A formação continuada como ferramenta de democratização do ensino e
potencialização da escola na transformação social
Em discussão com alunos do Grupo de trabalho em Rede (GTR 2009)
colocouse em questão a real função da escola pública no atual contexto, percebeu
se que a escola não pode limitarse somente a preparar o aluno para a cidadania,
mas deve ser um espaço de cidadania. Tanto alunos quanto professores precisam
vivenciar na escola um espaço democrático, para que ao fazer este exercício o
aluno esteja preparado para transformar a sociedade em que vive. A educação
cumpre a função de socialização e se transforma em fator decisivo da humanização
do homem. Definese o processo de educação como o processo de aquisição por
parte das novas gerações das conquistas sociais realizadas por gerações anteriores.
Segundo LIBÂNEO (2004), a função da escola é preparar o aluno para o
exercício da cidadania, tornálo capaz de interferir criticamente na realidade para
transformála, envolvendose diretamente na luta pela justiça social e pela
solidariedade humana, proporcionando serviços e resultados de qualidade, para que
todos aqueles que passem por ela tenham asseguradas as condições de exercício
de liberdade política e intelectual, interagindo e articulandose com as práticas
sociais. A escola necessária para fazer frente a essas realidades é aquela que
garante um currículo de formação cultural e científica, que possibilita o contato com
a cultura/conhecimento produzido pelo homem ao longo da história da humanidade.
A educação pressupõe que se dê ao aluno suporte de formação para o
mundo do trabalho, que o mesmo tenha condições de sobressair bem em qualquer
área que o sujeito tenha aptidões. Deste modo, a função da escola deve ser a de
articular a formação para a vida e também para o mundo do trabalho, sem perder de
vista o conteúdo, que é o instrumento que possibilitará a formação do aluno. Não se
pode ignorar a desumanização que ocorre a nossa volta, nem deixar de cumprir o
papel de educadores, mesmo quando a correria do dia a dia no trabalho, em casa e
na vida em geral nos torna indiferente aos problemas sociais.
Os novos paradigmas da educação exigem do profissional docente uma
nova postura ante as desigualdades sociais, o modo de vida imposto pela
contemporaneidade que exige dos indivíduos uma constante reestruturação de suas
capacidades pessoais e, principalmente, profissionais, a globalização, o
neoliberalismo, a competitividade, o tecnicismo, entre outros fatores, nos faz refletir
sobre a necessidade de criarmos mecanismos que efetivamente contribuam para a
construção de uma sociedade mais humana nos modos de educar.
O grande papel do Educador consiste em resgatar a esperança na
educação, no ensino, nos educandos e em si mesmo, a começar pela humanização
das práticas pedagógicas e de uma efetiva gestão democrática e participativa nas
escolas, em que todos se reconheçam como gestores e participantes desse
processo que é uma construção coletiva.
A função social da escola é a transmissão assimilação do conhecimento
produzido historicamente pela humanidade. Em posse do conhecimento
sistematizado, o homem se humaniza, modifica a natureza e ao modificála também
se modifica. O homem é um ser social que se relaciona com outros homens,
politicamente, religiosamente, culturalmente e assim vai produzindo conhecimentos
que vão possibilitando ao mesmo uma postura crítica perante a sociedade, numa
relação responsável com o mundo no qual está inserido.
Ao cumprir com sua função social a escola estará formando cidadãos
críticos e conscientes, agentes históricos, capazes de transformar a sociedade em
que vive, numa sociedade mais justa, solidária, responsável, consciente e,
sobretudo feliz. A formação continuada é uma das formas de garantir aos alunos a
escola de qualidade, pois prepara os educadores para exercerem melhor sua
função, com educadores mais conscientes e preparados os alunos acabam
percebendo que a educação é importante e melhoram seu desempenho escolar.
Assim a escola tem maiores chances de realizar sua função.
A escola cumprirá bem sua função e aqueles que ensinam se tornarão mediadores competentes se for possível realizar a síntese do antigo com o novo, isto é, da história passada cultural do país com a realidade do presente do país, se a escola transformar os homens que a freqüentam em cidadãos que conhecem o passado e, ao mesmo tempo, se integram no presente como agentes históricos na construção do futuro da sociedade. (GRAMSCI in RODRIGUES 2001, p.60)
Através do conhecimento, o aluno poderá intervir criticamente, participando
ativamente da realidade na qual está inserido na busca de uma sociedade melhor,
de uma vida significativa, se humanizando e relacionando politicamente,
socialmente, religiosamente, culturalmente, de forma a se apropriar do trabalho,
entendendo que este é fundamental para sua sobrevivência, é a base estruturada de
uma nova concepção de história, o conhecimento é a única forma de garantir a
função social da escola, é o instrumento de transformação social.
A prática educativa do professor deve refletir sua ação didática coerente
com o seu exercício de cidadania, não há como um educador ensinar seu aluno a
ser crítico se esta não for uma prática em sua vida. O exemplo ainda é a melhor
forma de se mostrar ao aluno o que se quer ensinar, a ação do professor é o melhor
método. Uma sociedade só muda através da educação de seu povo, é dever sim da
escola formar para o mercado de trabalho, porém sempre questionando a atuação e
os moldes desse mercado. A minoria ainda domina o conhecimento e aos
educadores compete a disseminação e socialização deste conhecimento, através de
uma prática educativa crítica e plena de cidadania.
É a postura do professor comprometido com o processo de formação e
transformação dos educandos, que proporcionará às práticas educativas as
condições para se refletir e agir sobre as relações que se dão no mundo do trabalho.
Esse compromisso e atitude do professor devem implicar uma prática pedagógica
onde os saberes trabalhados em todos os níveis, por meio dos conteúdos
curriculares, sejam portadores, de um lado, da crítica à alienação e, de outro lado,
da perspectiva da humanização no trabalho. Esta é a principal função e para atendê
la os profissionais da educação precisam estar preparados. Sem perder de vista o
conteúdo, que é o instrumento que possibilitará a formação do aluno.
A escola tem como perspectiva trabalhar a formação do aluno em seu
desenvolvimento global, contribuindo com a formação do indivíduo crítico e
participativo o qual tenha condições de ter sucesso no mercado de trabalho, sendo
produtivo e realizado, não somente aquele que executa funções técnicas, mas
desenvolvendo a capacidade de trabalhar em grupo, ser dinâmico, ter boa
comunicação. Quando o currículo contempla a diversidade, a individualidade,
buscando ir de encontro à necessidade do educando visando um currículo flexível,
contemplando os princípios da valorização das diversidades, princípios da autonomia,
princípios da escola democrática, que esteja voltada para preparar o aluno para a
sociedade, onde o mesmo possa exercer verdadeiramente sua cidadania e nesta
perspectiva a escola contempla o trabalho como principio educativo.
A sociedade atual passa por constantes e aceleradas mudanças nas
transformações tecnológicas e industriais. Quando, a função social da escola fica
cada vez mais comprometida ao formar o ser humano para viver e conviver com o
mundo social que o rodeia. Sendo, uma busca pela melhoria das condições de vida
futura, mais humana e mais digna. Percebese que, a cada dia que passa, quanto
mais informações e conhecimento que o mercado de trabalho exige, mais acelerado
fica a busca por melhores formações humanas e profissionais o cidadão se
compromete. É uma correria acelerada pela disputa de vagas nas empresas de
trabalho. Visto que, são valorizados e reconhecidos aqueles que apresentam melhor
formação e aqueles que possuem experiências antecipadas na determinada
profissão.
O docente é indivíduo que vive em uma sociedade capitalista, se constrói
no tecido social no qual está inserido, pode ser o agente que reproduz ou apoiado
na sua formação pode ser o leitor crítico da sociedade contemporânea.
Os professores fazem seus planejamentos partindo do Currículo Oficial, mas o
Currículo Oculto permeia todas as ações desse docente é consenso entre os
teóricos da educação. Desvincular ou negar as contradições entre o discurso e a
prática seria quase leviano. O ato de ensinar está carregado de ações subjetivas,
mas precisa estar pautado no saber elaborado. Vislumbrar essas ações sob olhares
críticos é fazer a reflexão entre a teoria e a prática como referencial pedagógico.
O suporte para que o docente esteja preparado será oportunizado pela
formação inicial e continuada no decorrer de sua carreira. A escola tem sua razão de
ser quando garante o conhecimento formal aos discentes, está assim
instrumentalizando os docentes para alcançarem a emancipação humana.
Tornase necessário todo um cuidado pelos Profissionais da Educação quando se
ocupam do Currículo oculto para veicularem conceitos, princípios, valores, atitudes e
doutrinas. São criações culturais, econômicas, filosóficas e políticas da sociedade
que transcorre para a escola gerando contradições e conflito. Culpabilizar os
professores por situações arraigadas que vêm ocorrendo desde o Brasil Colônia, é
querer amputar questões sociais, política e econômica de um país para a escola que
já está assumindo papéis muito além de suas possibilidades.
O saber se efetiva quando os discentes atribuem significado ao
conhecimento, isto é, quando conseguem estabelecer relações substanciais entre o
que está aprendendo e o que já conhece, de modo que o novo conhecimento seja
assimilado a sua capacidade de compreensão da realidade e passe a ser utilizado o
conhecimento prévio em novas ações. Quando o indivíduo não tem acesso aos bens
culturais, econômicos e sociais, como fazêlo entender que ele pode ser sujeito de
transformação e mudança.
A formação continuada segundo pedagogos que buscam na grande rede
espaços de discussão de suas práticas
No momento da implementação da proposta pude perceber a real limitação
em que muitos educadores se encontram e a dificuldade que encontram em se
perceberem como autores de sua própria formação. Surge então a discussão do
significado de autonomia, tendose em vista a concepção de educador defendida por
Paulo Freire quando se refere a importância da prática pedagógica responsável:
Como professor num curso de formação docente não posso esgotar minha prática discursando cobre a Teoria da não extensão do conhecimento. Não posso apenas falar bonito sobre as razões ontológicas, epistemológicas e políticas da Teoria. O meu discurso sobre a Teoria deve ser o exemplo concreto, prático, da teoria. Sua encarnação. Ao falar da construção do conhecimento, criticando a sua extensão, já devo estar envolvido nela, e nela, a construção, estar envolvendo os alunos. (Freire, 1996, p. 18)
Esta autonomia referese ao processo que mostra a disposição de enfrentar
atividades diversificadas na escola, com compromisso para melhoria da qualidade
da educação e reflexão contínua do conhecimento, valores e, sobretudo com a
autonomia intelectual dos educadores.
Outro saber necessário à prática educativa, e que se funde na mesma raiz que acabo de discutir – a da inconclusão do ser que se sabe inconcluso , é o que fala do respeito decido à autonomia do ser educando. Do educando criança, jovem ou adulto. Como educador, devo estar constantemente advertido com relação a este respeito que implica igualmente o que devo ter por mim mesmo. Não faz mal repetir afirmação várias vezes feita neste texto – o inacabamento de
que nos tornamos conscientes nos fez seres éticos. O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e não umfavor que podemos ou não conceder uns aos outros. Precisamente porque éticos podemos desrespeitar a rigorosidade da ética e resvalar para a sua negação, por isso é imprescindível deixar claro que a possibilidade do desvio ético não pode receber outra designação senão a de transgressão. (Freire, 1996, p. 24)
Realmente, os professores não percebem que a formação continuada
depende de sua força de vontade, pois muitos se consideram "prontos" desde o
momento da formação e não buscam atualização. Muitos professores consideram
que autonomia é poder fazer tudo o que se quer, mas autonomia é algo muito maior,
é poder fazer o que se quer, mas para melhorar a nossa realidade e a dos alunos,
mas infelizmente os professores não deram conta de sua importância para fazer
com que a escola pública atinja o seu real objetivo, que é uma boa formação para o
aluno. Se prestassem a devida atenção a formação continuada, eles já teriam
percebido que muitas vezes os problemas estão dentro de nós, não nos outros.
A construção de uma educação emancipadora nunca é neutra, porque não rendida, mas sempre inovadora. Isto significa a formação de um educadorpesquisador inclusivo, ético e estético, fundado no compromisso com a vida, na diferença, na justiça e eqüidade. (Moreira 2002, p. 23)
Após a discussão com colegas do GTR sobre o tema autonomia profissional,
eles trouxeram certos relatos que merecem ser socializados: "Ninguém é autônomo
primeiro para depois decidir. A autonomia vai se construindo na experiência de
várias, inúmeras decisões, que vão sendo tomadas" (Professor 1). "As nossas
decisões, o nosso modo de ensinar, o jeito de pensar, de sentir, de expressar e de
agir, o nosso viver. Este assumir responsável é o instrumento que compreendo
como autonomia" (Professor 2). "Ter autonomia profissional significa assumir os
ideais que acredito, ter compromisso ético, político e moral" (Professor 3).
Nestas falas dos professores podese perceber que a maioria dos professores
não tinha refletido muito sobre a questão da autonomia, mas, depois de feita a
provocação no GTR, fizeram uma análise e conseguirem entender a importância na
construção do educador, na formação continuada como mecanismo de fortalecer a
prática pedagógica. Embora cada um pareça ter seu próprio conceito sobre
autonomia profissional muitos percebem o seu significado: o compromisso que se
espera cada um assuma, consigo, com seu trabalho e com a sociedade onde vive.
Autonomia pressupõe saber refletir sobre os fazeres pedagógicos,
modificando aquilo que achar preciso, aperfeiçoando seu trabalho, optando sempre
pelo melhor, com a certeza de que se há tentativas, há esperança e possibilidades
de mudança daquilo que tem em vista para mudar. Por outro lado deve ficar bem
claro ao educador que a autonomia não vem de um dia para outro, leva algum
tempo para ser construída. Pois o educador não é superior, melhor ou mais
inteligente por dominar conhecimentos, mas, como o aluno, é participante do mesmo
processo da construção da aprendizagem.
Para mediar a construção da autonomia e emancipação sócioantropológicas, os profissionais da educação, pelo processo de formação continuada, realizam sua reinvenção e passam por uma metamorfose. Transformamse, destruindose como professores e construindose educadorespesquisadores. Tornamse, progressivamente, agentes teóricopráticos, docentes que mediam a formação humana e pesquisadores que investigam sua própria prática e sistematizam os conhecimentos nela produzidos. (Moreira 2002, p. 25)
Os professores entrevistados sintetizam a autonomia como liberdade de ação,
poder de decisão, responsabilidade com o compromisso assumido e alguns citaram
também a busca de formação continuada, observouse que os mesmos deram
ênfase na questão de decidir o que e como desenvolver o seu trabalho.
Muitos comentaram a autonomia em relação ao ambiente escolar, outros
reclamaram da falta de autonomia em relação a questão da indisciplina, por
acreditarem que o aluno não pode ser afetado em seu direito mas o professor pode
ser ofendido e humilhado pelos mesmos.
O assunto autonomia intelectual é passível de muitas leituras, cada docente
pode atribuir intencionalidades e especificidades conforme sua leitura de sociedade
e consciência de seu compromisso enquanto profissional da transmissão do
conhecimento elaborado. Na acepção da palavra autonomia envolve todo um
processo de entendimento do contexto escolar, domínio das metodologias,
conhecimento científico e um contínuo repensar da práxis docente.
Definitivamente não se pode considerar uma tarefa fácil conciliar os conflitos
internos que permeiam o ambiente escolar e para alguns docentes vislumbrar a
autonomia no verdadeiro sentido da palavra chega a ser utopia.
Autonomia, para alguns é agir segundo convicções próprias,
é ter liberdade para agir, mas com responsabilidade, as pessoas buscam
autonomia, mas, não sabem usála. Para outros, ter autonomia a delegação de
poder. Segurança por aquilo que está fazendo. Determinar as próprias ações e ser
responsável por elas. Imposição dada a uma pessoa para delegar responsabilidades
a alguém. Poder elaborar atividades sem a interferência de outras pessoas.
É visível a dificuldade que colegas professores têm em definir autonomia,
principalmente quando se remete à sua própria autonomia. Dizer que é poder
escolher suas ações e atitudes é fácil, mas se conscientizar realmente das suas
dificuldades e limitações é algo mais complexo. Normalmente, se referem às
questões sempre externas ao próprio indivíduo, àquilo que a escola não alcança,
que a SEED e NRE não ofertam ou não atendem as reais necessidades, que os
colegas não participam e não levam a sério. Aceitar as dificuldades e assumir
responsabilidades na busca de sua superação, enquanto ator importante nesse
processo é ainda um desafio constante na realidade escolar da escola pública.
Percebese uma grande diferença entre as respostas dos educadores
preocupados com seu constante aperfeiçoamento daqueles que não reconhecem
sua importância. Enquanto os primeiros estão sempre em busca de maneiras
diversificadas para que os alunos aprendam e se desenvolvam, os segundos
consideram que já sabem tudo, não precisam estudar e que cursos só servem para
elevação de nível. Para esses, os alunos é que não querem aprender, já fizeram
tudo que seria possível. Nesse sentido, o trabalho com o coletivo da escola vem de
encontro a essa necessidade de conscientização por parte de todos.
O entendimento sobre autonomia intelectual foi definido também como uma
posição, postura profissional de tomar certas ações pertinentes não prejudicando o
próximo e sim tentar fazer uma intervenção sábia, prudente e intermediária. Atitudes
de responsabilidade e compromisso sabendo que ainda é difícil no âmbito escolar
ter está autonomia, pois as coisas vem de cima para baixo.
Almejar uma formação docente compromissada com os sujeitos que nela
estão atuando com o objetivo de preservar o seu saber e identidade de maneira
crítica e questionadora, criando seres intelectuais críticos e reflexivos que formarão
cidadãos emancipados parece ser o ideal de todos os pedagogos envolvidos na
discussão. Todos concordam que o professor deve assumir sua formação, pois, se o
processo de autonomia não for buscado, existe o risco de se ter professores cada
vez mais técnicos, desqualificados, repetidores de idéias e conteúdos empobrecidos,
o que se refletirá na formação de seus discentes que irão reproduzir a mesma idéia
na sociedade, ou seja, indivíduos "pobres" de criatividades.
Essa formação autônoma será alcançada no momento em que houver a
implementação da pesquisa da formação cultural no currículo docente e o incentivo
a categoria com bons salários, valorização de seu trabalho, possibilitando a
formação inicial e continuada de boa qualidade e tempo para que esse docente
atualizese, isto é, criando um contexto educacional com princípios democráticos
formando indivíduos comprometidos com uma prática autônoma.
Para tanto, a prática social da educação e, nela, a formação do profissional da educação estão sendo reinventados, em processos de formação continuada, e fazem com que tudo o que somos seja mero patamar de tudo o que ainda podemos ser. (Moreira 2002, p. 25)
Alguns professores entenderam autonomia como a capacidade de resolver
situações, solucionar e opinar em determinados problemas, bem como em sua
disciplina, em sua área de trabalho, no seu local de trabalho enquanto professor
atuante. Ou ainda, ter liberdade de se expressar, fazer e tomar decisões sozinhos,
sem ter que obedecer ordens. Quando a própria pessoa é responsável por seus
atos, ou seja, tudo o que faz, desde que cumpra com seus deveres sem ultrapassar
seus limites.
A autonomia confundese com liberdade, consistindo na qualidade de um
indivíduo tomar suas próprias decisões, com base em sua razão individual. Mas que
na educação esta autonomia se limita em seguir normas e leis. Ao levantar a
discussão sobre autonomia intelectual como forma de atuação pedagógica surgiram
dois pontos de vista interessante: o primeiro referese a liberdade de pensar o que
quiser, expressar a sua opinião enquanto o segundo afirma que autonomia
intelectual é ter condição de pensar as coisas do mundo com criticidade, desvelando
a realidade, a partir do conhecimento adquirido.
O interessante é que ficou evidente a diferença entre as definições. O
primeiro grupo de respostas demonstra um conhecimento prático, no senso comum,
cotidiano e o segundo grupo revela um conhecimento elaborado, pensado, refletido.
Essa diferença de definições fica ainda mais interessante quando conhecemos a
prática pedagógica destes profissionais, pois revelam esta maneira de pensar as
coisas no trabalho desenvolvido na escola, na forma de refletir sobre os conteúdos,
o planejamento, a sua intervenção em sala de aula.
Ao pensar a autonomia da escola e do professor deve se pensar o ensino
aprendizagem, não simplesmente a vontade própria do professor. A ação deve ser
coletiva e vir de encontro aos interesses da escola, relatados nas propostas e
projeto pedagógico, e não para atender o objetivo individual do professor, o poder de
decisão (autonomia) não pode ferir o interesse da coletividade.
Para mediar a construção da autonomia e emancipação sócioantropológicas, os profissionais da educação, pelo processo de formação continuada, realizam sua reinvenção e passam por uma metamorfose. Transformamse, destruindose como professores e construindose educadorespesquisadores. Tornamse, progressivamente, agentes teóricopráticos, docentes que mediam a formação humana e pesquisadores que investigam sua própria prática e sistematizam os conhecimentos nela produzidos. (Moreira, 2002, p. 25)
A autonomia é um processo de construção da identidade das escolas, ou
melhor, é o processo de que as escolas dispõem para marcarem o seu espaço de
atuação. Espaço esse que se alarga ou restringe de acordo com a maior ou menor
capacidade de as escolas agirem. Autonomia é o educador ser livre para mostrar
seu intelecto, isto é um sujeito autônomo que pode mostrar seu ponto de vista sobre
o que pensa.
Muitos professores concordaram que tem autonomia em muitos momentos no
trabalho, principalmente no planejamento das aulas, quando questionados na
autonomia em relação a si próprios em quanto trabalho, ficaram bastante pensativos
podese concluir que a grande maioria não interpreta a palavra autonomia como
uma autonomia intelectual para eles. A autonomia em muitos educadores é ainda
um desafio na sua prática.
Outros não acreditam em autonomia dentro da escola, falaram que esta é
uma farsa, uma vez que entendem autonomia como a liberdade em tomar decisões,
expressar opiniões, fazer com que sejam ouvidos. Há uma preocupação destes
colegas com o tema autonomia, já que fazem parte de um sistema que dita regras
que devem ser obedecidas e cumpridas.
Dia após dia os educadores se deparam com situações que exigem de todos
uma postura responsável na construção de uma escola pública de qualidade para
todos. A formação continuada permite avaliar constantemente a sua prática, quebrar
paradigmas, rever conceitos, através da aquisição e construção de conhecimentos,
que lhes permite transformar a realidade.
Sobre isso afirma Bona:
A formação dos professores se configura preocupação central nesse sentido. Mais do que instruir, eles devem educar, entendendo educação como a preparação para o exercício consciente da cidadania que se faz atuando politicamente na transformação social. O problema é que grande parte dos professores tem como principal orientação o domínio do conteúdo e das técnicas, restringindo sua função ao cumprimento do programa de ensino. (2008, p.7)
Os professores que escolheram o tema Formação Continuada acreditam que
esta é condição indispensável para que educadores sejam sujeitos epistêmicos, em
constante busca de conhecimentos. Mesmo cientes que sempre haverá profissionais
que não levam a sério a sua formação, outros que acreditam estar prontos e
acabados, a maioria que tem ciência de sua incompletude está sempre a caminhar
em busca de novos conhecimentos a fim de pelo menos fazer com que os
profissionais da educação da escola em que atuam, passem a rever a sua prática e
que estes, compreendam e sintam a necessidade da Formação Continuada, na
construção de uma escola pública de qualidade para todos.
A formação continuada segundo pedagogos que atuam no curso normal de
formação de docentes
A Formação Continuada tem sido apontada como o melhor caminho para a
educação atingir a qualidade de ensino desejada. O enfoque teórico desta pesquisa
tomou como base a formação continuada defendida por Antônio Nóvoa,
considerando o professor como um intelectual orgânico (Gramsci) e sujeito
autônomo em sua função de ensinar. Segundo Paulo Freire (1996) entre dizer que
não sabe, mas pode aprender e mentir que sabe para não perder a pose, o bom
educador certamente optará pela primeira, no entanto o despreparo do professor
não pode tornarse uma constante. Não se pode admitir como educador um sujeito
de omissão, mas sim de opção. Ainda segundo Freire: “Ensinar exige tomada
consciente de decisões.” (1996, p. 122)
No Estado do Paraná, a formação continuada tem sido ministrada por meios
dos Grupos de Estudos e dos Encontros de Capacitação no início e meio de ano e
também pode ser organizada dentro do sistema educacional, conforme Instrução Nº
02/2004 da Secretaria de Estado da Educação –Superintendência de Educação –
SUED/SEED.
Quanto aos Grupos de Estudos, muitos professores só o fazem porque
ganham pontos para o avanço, não se preocupando com o conteúdo do que estão
fazendo e não há um feedback dos trabalhos enviados. Os Núcleos/RH recolhem
um trabalho do grupo e as fichas de freqüência.
Quanto a Instrução sobre a hora atividade, a escola pode utilizar 50% das
horas atividades dos professores para Formação Continuada, mas é difícil obter o
apoio da direção e dos professores que alegam que já é pouco o temo das horas
atividades e ainda está se reduzindo com formação continuada e alegam que não
conta pontos para o avanço.
A Capacitação do início dos períodos letivos é vista apenas como mais um
encargo, uma obrigação pela grande maioria dos professores, são poucas as
escolas que conseguem desenvolver um debate produtivo, com resultados objetivos
para seu trabalho pedagógico que por hora se inicia. Normalmente estes momentos
se tornam um muro de lamentações, uma disputa pelo melhor horário para as aulas,
ou uma demonstração de poder para alguns diretores ou professores que se
consideram os “donos do pedaço”.
No caso específico a ser analisado: o Curso Normal de Formação de
Docentes do Colégio Estadual Túlio de França de União da Vitória faz necessário
ressaltar que este Colégio possuía o curso do Magistério durante várias décadas e
foi encerrado com a implementação do PROEM (Programa de Expansão do Ensino
Médio) no Governo Lerner.
O Curso Normal perdeu parte da construção de sua identidade com a
suspensão do funcionamento do curso na maioria das escolas paranaenses, pois
não aconteceram mais cursos, nem outro tipo de formação para os docentes que
nele atuavam. Estes profissionais foram encaminhados para as Equipes
Pedagógicas e forçados a absorver as políticas educacionais adotadas pela SEED
naquele período. Perdeuse a identidade de grupo, desfezse toda uma caminhada
coletiva que vinha sendo construído durante muitas décadas pelo coletivo de
professores do curso.
Mesmo com o curso tendo continuado em 14 escolas do Paraná os
professores efetivos desse curso estiveram desenvolvendo atividades diversas como
professor adaptados e neste período acabaram ficando sem atualização, pelo
menos na área de formação de docente. Esse é o fator determinante que comprova
a necessidade de que todo educador que atua no Curso Normal busque a sua
formação continuada, para dar conta de acompanhar as mudanças que ocorreram e
vem ocorrendo no contexto educacional tanto na legislação como em novos estudos
que vem contribuindo com o aprender. Afinal o curso não se resume a formar
docentes, mas investe na atualização e capacitação preocupandose com a
formação do ser como todo.
Com o retorno do curso iniciouse um novo processo de formação dos
docentes que atuavam no curso, pois nem todos os professores voltaram a atuar,
alguns se aposentaram, outros fizeram a opção por ficar nas equipes em que
atuavam. Deste modo, muitos professores novos pegaram aulas extraordinárias ou
como PSS (Processo Seletivo Simplificado), todo início de ano era uma troca de
professores, alguns não se adaptaram ao trabalho com alunosfuturos professores.
A grande maioria destes professores nunca havia lecionado no curso do Magistério.
O grupo efetivo de atuação no colégio constituise de seis professoras: três
delas em final de carreira (com o tempo para aposentadoria completado), das três
restantes uma é professora PDE em 2008. As demais professoras são pedagogas
em outras escolas, com aulas extraordinárias no curso, ou PSS que não sabem se
continuam atuando nele no ano seguinte. Portanto ao tentar formar um Grupo de
Estudos neste colegiado para discutir a Formação Continuada esta pesquisadora
não encontrou o retornado esperado.
As colegas em fim de carreira, já pretendiam solicitar a aposentadoria para o
final do ano letivo de 2008 ou início de 2009, as professoras mais novas estão
envolvidas com suas escolas de atuação e acabaram não querendo se
comprometer, pois não tem tempo, ou ainda não são efetivas e não recebem a
pontuação que interessa aos efetivos. Além desses fatores o grupo está bastante
desmotivado com a situação do curso que enfrenta um “certo” abandono no colégio,
não há um envolvimento real destes professores nas atividades gerais do colégio,
parece existir um abismo separando o Curso Normal das demais turmas,
principalmente no que se refere aos professores.
Sendo assim ao implementar o projeto do PDE as atividades foram
redirecionadas as alunas da 3 ª série do período noturno do Curso Normal
Subsequente, por ser uma clientela composta de jovens com formação acadêmica,
que já possuem ensino médio completo e algumas já atuam na área da educação,
sendo assim demonstraram maior interesse em participar de um estudo sobre a
formação continuada.
Não se pode recriminar o professor por não manterse em formação
constante, pois apesar das boas intenções o grande número de aulas e situações
encontradas para que dê conta, além da pressão natural do dia a dia, os priva até da
leitura prazerosa. Embora até reconheçam que necessitam de maior fundamentação
para contribuírem para efetivas mudanças em suas salas de aulas, não encontram
motivação para buscálas.
Apesar de estarmos tratando de pessoas que lidam diariamente com o
conhecimento existem professores que não gostam de ler, de se atualizar, talvez
este seja um dos motivos pelo qual a formação continuada acaba falhando. Embora
se tenha tentado motivar os colegas para este estudo, a forma de como conseguir a
adesão destes professores permanece como uma incógnita.
Acreditase que a maioria dos profissionais é comprometida e no momento
atual se faz necessária a formação continuada para atuação em sala de aula,
principalmente no Curso Normal. Pois além do aluno estar mais exigente, a
sociedade vive um momento de ruptura do regime de acúmulo rígido de
conhecimento pronto e acabado para um regime de acumulação flexível, onde o
conhecimento se renova constantemente.
As políticas públicas de formação de professores do Paraná têm avançado
muito com relação a formação continuada, pois está havendo maior conscientização
por parte dos mesmos com relação a importância de se manter em constante
atualização. É evidente que a questão da pontuação para o avanço preocupa muito
os professores ainda, mas não é somente isso que faz com que os profissionais
participem da formação continuada, pois eles estão percebendo necessidade da
mesma para seu crescimento profissional.
A perspectiva de voltar a estudar num sistema como o adotado pelo PDE
assusta um pouco no início, mas provoca e atrai ao mesmo tempo, a oportunidade
de voltar aos espaços acadêmicos, de discutir com os professores questões que
somente fazem parte do cotidiano de um professor e, muitas vezes nem passam
pela cabeça de um acadêmico que estuda algo em perspectiva de futuro, puderam
enriquecer o conhecimento de ambos.
A qualidade do corpo docente é determinante para qualidade do ensino
oferecido. Isto, no entanto não é algo automático e certo ao final da graduação.
Encontramse nos professores em início de carreira diferentes problemas de
adaptação com o cotidiano de sala de aula, a troca de experiências com os outros
educadores em grupos de estudo pode trazer benefícios para ambos.
O que não pode se admitir são profissionais despreparados, acomodados e
que não admitem a necessidade de buscar conhecimentos e melhorar sua prática,
senão pela sua responsabilidade pessoal, pela questão social da educação. Nesse
sentido Gramsci afirma:
Se o corpo docente é deficiente e o nexo instruçãoeducação é abandonado, visando a resolver a questão do ensino de acordo com esquemas abstratos nos quais se exalta a educatividade, a obra do professor se tornará ainda mais deficiente: terseá uma escola retórica, sem seriedade (...) e o verdadeiro será verdadeiro só verbalmente, ou seja, de modo retórico (2004, p.44).
Os pedagogos parecem estar um pouco a frente deste debate, pois lidam com
a questão da formação continuada com certa tranquilidade, acostumaramse a
pensar nesta formação para seus professores e desta forma é inevitável que
preocupemse consigo, com sua formação também. Por isso, o grupo envolvido no
GTR trouxe muita contribuição para o estudo, pois tratavase de pedagogos que
além de atuarem em escolas públicas, lidarem diretamente com a formação de seus
professores, consideram a formação continuada imprescindível para sua atuação, e
a encaram como compromisso assumido por eles.
Junto aos colegas do GTR foram selecionados três temas centrais para as
discussões do grupo: a inclusão, a gestão democrática e a formação continuada em
si. Durante seis meses foram selecionados textos, filmes e materiais sobre os três
temas, que foram apresentados às alunas envolvidas permeando as discussões
sobre a importância deste conhecimento para a atuação das futuras docentes o
resultado foi muito bom, a participação de todas foi muito efetiva, e, o crescimento
profissional ficou assegurado, bem como o interesse pela formação continuada.
Considerações finais
Acreditase que o ser humano enquanto ser vivo constróise a cada dia e
assim vai dominando cada vez mais o seu espaço. Somente através da formação
continuada o professor estará se construindo como educador, da possibilidade de
discussão referente a assuntos inerentes a prática pedagógica com embasamento
teórico. O momento de trocas de experiências com os colegas pedagogos da rede
estadual no GTR contribuiu significativamente para a relação teoriaprática. O
trabalho realizado com professores ocorreu de forma bastante consistente, tendo em
vista o apoio teórico no qual as discussões estavam pautadas, bem como a forma
na qual o assunto era abordado foi fundamental para o sucesso das discussões,
assim como do próprio curso.
Fazer o GTR foi uma experiência diferente, inovadora, pois, possibilitou a
leitura os relatos dos colegas de profissão de regiões diferentes, constatar que suas
angústias também fazem parte das minhas preocupações, ou seja, com algumas
especificidades os conflitos escolares são inerentes na rede.
A busca de literatura pertinente sobre o tema em questão me fez repensar
minha pratica pedagógica, muitas vezes o conflito é fator de crescimento
profissional. Essa situação de não estar atrelada horário para participar, estar em
casa para fazer as atividades, a autonomia que o GTR proporciona é uma situação
que precisa ser elogiada. Fazse necessário ressaltar o uso da mídia interativa para
a formação continuada. Caso a mantenedora oportunize outro GTR certamente irei
participar, pois avalio como muito produtivo todo o processo.
Esse curso me proporcionou um enriquecimento, principalmente na
elaboração de projetos, que poderão ser utilizado no seu cotidiano escolar.
O Grupo de Trabalho em Rede é uma oportunidade de capacitação que possibilita
ema interação maior entre pessoas de lugares distintos, mostrando que os
problemas que enfrentamos na escola são os mesmos. As expectativas que tinha
sobre o grupo de estudo e o interesse dos professores garantiu o sucesso deste
GTR, dando subsídios para que o trabalho efetivo na escola melhore cada vez mais.
O GTR que oferece a oportunidade de formação continuada, com a
disponibilidade de tempo que temos, esse diferencial já é muito importante bem
como a qualidade dos textos estudados, as questões de trabalho propostas, as
trocas de experiências e os projetos de intervenção que contribui com a nossa
atuação. Quiçá todo educador pudesse aproveitar essa oportunidade que nos
permite a formação e informação tão necessária para o crescimento profissional.
Referências
BONA JÚNIOR, Aurélio. O ensino de filosofia e o pensamento educacional de Antônio Gramsci: algumas aproximações. Revista Cavaqueira, ano1, n.1,União da Vitória: FAFIUV, 2008.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. Col. Leitura.
GRAMSCI, Antonio. Cadernos do cárcere, volume 2. 3 ª Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.
LIBÂNEO, J. C. A aprendizagem escolar e a formação de professores na perspectiva da psicologia históricocultural e da teoria da atividade. Educar, Curitiba, n. 24, p. 113147, 2004. Editora UFPR
MOREIRA, Carlos Eduardo. Formação continuada de professores: entre o improviso e a profissionalização. Florianópolis: Insular, 2002.