A Contribuicao Das Tres Racas Indios Negros e Europeus Para a Formacao Do Povo Brasileiro Analisando...

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A CONTRIBUIÇÃO DAS TRÊS RAÇAS (ÍNDIOS, NEGROS E EUROPEUS) PARA A FORMAÇÃO DO POVO B A CONTRIBUIÇÃO DAS TRÊS RAÇAS (ÍNDIOS, NEGROS E EUROPEUS) PARA A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO, ANALISANDO OS DIFERENTES CONCEITOS DE MISCIGENAÇÃO  Neuma Alves de Oliveira A História do Brasil é marcada por vários fatos e acontecimentos que deixaram marcas profundas na sociedade, e que foram contados e recontados ao longo dos anos com versões renovadas que estiveram de encontro à historiografia tradicional, trazendo um novo olhar sobre a colonização, miscigenação e a questão racial no Brasil. O grande encontro de povos a partir da América portuguesa colocou em contato culturas completamente diferentes, cada qual, com os seus costumes, crenças e valores, gerando diversas discussões acerca de brancos, índios e negros miscigenados. A mestiçagem como fato social só começou a ser percebida no século XIX, sendo, porém entendida por uma sociedade dominada pela noção da superioridade branca, como um fenômeno negativo, que degradava o povo brasileiro. Diversos foram às visões a respeito da problemática da mescla cultural, aparecendo pela primeira vez com Von Martius que afirmava que para compreender a História brasileira era necessário um estudo das três raças que lhe deram origem; em um período que reinava o sistema escravista, admitir a contribuição do negro na formação étnica brasileira apontava como uma questão desafiadora; no entanto, suas idéias não foram seguidas ao longo do século. Tivemos a interpretação dada por Sílvio Romero que abordou o papel das raças e da mestiçagem na criação do folclore. 1 / 5

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A CONTRIBUIÇÃO DAS TRÊS RAÇAS (ÍNDIOS, NEGROS E EUROPEUS) PARA A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO, ANALISANDO OS DIFERENTES CONCEITOS DE MISCIGENAÇÃO

A CONTRIBUIÇÃO DAS TRÊS RAÇAS (ÍNDIOS, NEGROS E EUROPEUS) PARA AFORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO, ANALISANDO OS DIFERENTES CONCEITOS DEMISCIGENAÇÃO

 

Neuma Alves de Oliveira

A História do Brasil é marcada por vários fatos e acontecimentos que deixaram marcasprofundas na sociedade, e que foram contados e recontados ao longo dos anos com versõesrenovadas que estiveram de encontro à historiografia tradicional, trazendo um novo olhar sobrea colonização, miscigenação e a questão racial no Brasil. O grande encontro de povos a partirda América portuguesa colocou em contato culturas completamente diferentes, cada qual, comos seus costumes, crenças e valores, gerando diversas discussões acerca de brancos, índios enegros miscigenados.

A mestiçagem como fato social só começou a ser percebida no século XIX, sendo, porémentendida por uma sociedade dominada pela noção da superioridade branca, como umfenômeno negativo, que degradava o povo brasileiro. Diversos foram às visões a respeito daproblemática da mescla cultural, aparecendo pela primeira vez com Von Martius que afirmavaque para compreender a História brasileira era necessário um estudo das três raças que lhederam origem; em um período que reinava o sistema escravista, admitir a contribuição donegro na formação étnica brasileira apontava como uma questão desafiadora; no entanto, suasidéias não foram seguidas ao longo do século.

Tivemos a interpretação dada por Sílvio Romero que abordou o papel das raças e damestiçagem na criação do folclore.

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Romero definiu a cultura brasileira como mestiça, cujo caráter específico dependeria daintegração de elementos díspares. A literatura e a arte nacionais teriam sido criadas pela fusãodas raças e pela incorporação a uma expressão civilizada das ‘faculdades de imaginação esentimentos dos selvagens do continente americano e africano’. O folclore brasileiro teria sidocriado graças à atuação do mestiço. (MOTA, 2000, p. 343).

 

Romero dizia que a idealização romântica do indígena e a questão da escravidão, eramresponsáveis pela ausência de estudos do afro-brasileiro, entretanto em Estudos sobre apoesia popular no Brasil, demonstrou desinteresse pela cultura afro-brasileira, apesar de ter feito propaganda doabolicionismo. Na verdade, sua teoria da mestiçagem partiu de uma visão racista eevolucionista através do branqueamento.

 

Valorizou miscigenação como fator de adaptação das raças e culturas ao meio local,precondição para vitória do colonizador europeu nos trópicos, e acreditava que o elementobranco seria vitorioso na ‘luta entre raças’ devido à sua superioridade evolutiva. Previa assim ototal branqueamento da população brasileira em três ou quatro séculos. (MOTA, 2000, p.344).

 

A esse respeito aproximava-se de Varnhagen, que com sua história branca, elitista e defensorda escravidão, mostrava-se favorável a miscigenação como forma de integrar índios e negros apopulação branca. Com esse mesmo pensamento racista seguem Paulo Prado, Caio Prado Jr.e Nina Rodrigues, este último apesar de ter direcionado seus estudos ao negro, afirmava queeste lhe inspirava a “evidência científica” da sua inferioridade e poderiam ameaçar a civilizaçãopor serem incapazes de interagir como sujeitos no Brasil republicano.

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A partir das primeiras décadas do século XX, o Brasil passa por mudanças profundas; com aRevolução de 30 essas mudanças são orientadas politicamente e as teorias raciológicastornam-se obsoletas, pois com a nova realidade social era preciso superá-las, assim, surgeGilberto Freyre trazendo um novo olhar sobre a mesma problemática dos intelectuais do séculoXIX, Freyre se volta para o culturalismo de Franz Boas e cria o mito da democracia racial.

 

A passagem do conceito de raça para o de cultura elimina uma série de dificuldades colocadasanteriormente a respeito da herança atávica do mestiço. Ela permite ainda um maiordistanciamento entre o biológico e o social, o que possibilita uma análise mais rica dasociedade. Gilberto Freyre transforma a negatividade do mestiço em positividade, o quepermite completar definitivamente os contornos de uma identidade que há muito vinha sendodesenhada. (ORTIZ, 2006, p. 41)

 

A fusão das três raças para a composição do povo brasileiro é vista por Freyre como um fatorpositivo, para ele a miscigenação teria corrigido a distância entre a casa-grande e a senzala egerado uma relação adocicada entre senhores e escravos. Gilberto Freyre viu na mestiçagemuma característica peculiar do brasileiro, em que cada uma das raças deu sua contribuiçãopara a formação étnica do Brasil. O genial reconhecimento e valorização dessa mescla culturalfazem de Freyre um dos autores mais apreciados, apesar dele ter considerado que aescravidão “fora tão doce quanto o mel da cana-de-açúcar” e que a receptividade e tolerânciaportuguesa quanto à mistura racial se deu devido à atração sexual. No entanto, mesmo quetenha cometido alguns deslizes em Casa-grande e Senzala, este autor colocou nessa obra umnovo enfoque sobre a problemática da miscigenação que tantas controvérsias gerou ao longodos anos.

Portanto, o que se percebe é que a temática da miscigenação ou questão racial decorrente dacolonização, tem gerado diferentes opiniões entre intelectuais que têm análises divergentes emse tratando da mestiçagem ocorrida no Brasil. É cediço que a mescla cultural fez surgir visõesracistas, que de uma forma maquiada ainda está presente até hoje; mas autores como GilbertoFreyre ofereceu ao brasileiro uma carteira de identidade e nos fez reconhecer que somos a

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união entre negros, indígenas e europeus.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

MOTA, Carlos Guilherme (org.) Viagem Incompleta: a experiência brasileira (1500 – 2000). SãoPaulo: Ed. SENAC, 2000.

 

ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira e Identidade Nacional. 5ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.

 

VAINFAS, Ronaldo. Colonização, miscigenação e questão racial: notas sobre equívocos etabus da historiografia brasileira. Agosto 1999.

 

 

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