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SEBASTIÃO RENATO VALVERDE A CONTRIBUIÇÃO DO SETOR FLORESTAL PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO: UMA APLICAÇÃO DE MODELOS DE EQUILÍBRIO MULTISSETORIAIS Viçosa Minas Gerais – Brasil Fevereiro - 2000

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SEBASTIÃO RENATO VALVERDE

A CONTRIBUIÇÃO DO SETOR FLORESTAL PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO: UMA APLICAÇÃO

DE MODELOS DE EQUILÍBRIO MULTISSETORIAIS

Viçosa Minas Gerais – Brasil

Fevereiro - 2000

SEBASTIÃO RENATO VALVERDE

A CONTRIBUIÇÃO DO SETOR FLORESTAL PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO: UMA APLICAÇÃO DE MODELOS DE EQUILÍBRIO

MULTISSETORIAIS

Tese apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal, para obtenção do título de “Doctor Scientiae”.

Viçosa Minas Gerais – Brasil

Fevereiro - 2000

SEBASTIÃO RENATO VALVERDE

A CONTRIBUIÇÃO DO SETOR FLORESTAL PARA O DESENVOLVIMENTO SÓCIO-ECONÔMICO: UMA APLICAÇÃO DE MODELOS DE EQUILÍBRIO

MULTISSETORIAIS

Tese apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal, para obtenção do título de “Doctor Scientiae”.

APROVADA: 15 de dezembro de 1999. ______________________ _______________________________ Erly Cardoso Teixeira Agostinho Lopes de Souza ______________________ _______________________________ Márcio Lopes da Silva Antônio Carvalho Campos (Conselheiro) (Conselheiro)

_________________________ José Luiz Pereira Rezende

(Orientador)

ii

A Deus.

Aos meus pais e irmãos. À minha esposa Cássia.

Aos meus eternos filhos e amores Caio, Vitória e Maria Carolina.

iii

AGRADECIMENTO

À Universidade Federal de Viçosa e ao Conselho Nacional de

Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela oportunidade e pelo

apoio financeiro para a realização do Curso.

Ao professor José Luiz Pereira Rezende, pela orientação e pelo apoio

na pós-graduação e na minha carreira profissional.

Aos conselheiros e amigos Márcio Lopes da Silva, Agostinho Lopes de

Souza, Antônio Carvalho Campos e Erly Cardoso Teixeira, pelas críticas e

sugestões apresentadas neste trabalho.

Aos colegas do Departamento de Economia Rural, Eduardo Finamore,

Luciano Machado, Marcelo Braga e Niraldo, por compartilharem no estudo

sobre a teoria empregada na metodologia desta tese.

Aos funcionários, estudantes e demais professores do Departamento

de Engenharia Florestal e do Departamento de Economia Rural, pelo bom

convívio desfrutado em todo o tempo.

Aos amigos Laércio Jacovine, Áurea Nardelli, Tarcísio Barcelos, José

Mauro, Ângelo Leite, Paulo Dantas, Genésio Tâmara e ao prof. James Griffith,

pelos louváveis esforços de criação e manutenção do NGI.

Aos professores Luiz Fernando Schettino, Carlos Boechat e Cláudio

Mudado pelo auxílio, pela tradução e pelas sugestões que me foram dadas

neste trabalho.

iv

Aos companheiros de projetos e trabalhos, Durval Neto e Ronaldinho,

pela paciência comigo e pelo entusiasmo em finalizar este estudo.

Aos eternos e inesquecíveis amigos, Bebeto, Silvinho, Rogério da

Silva, Sidney e Paulinho Calambau, que, mesmo distantes, torceram nesta

batalha e vibraram por mais esta vitória.

Aos amigos Dr. João Bosco Vidigal Santana, Zilda Stampini, Maria de

Lourdes Estevam, Sônia Sudré e a minha irmã Maria dos Anjos, pelo carinho,

pela compreensão e pelo amor dedicados aos meus filhos.

Ao Luiz Henrique e à Aparecida, pelos socorros financeiros; ao Sr.

Clecy e família; aos meus irmãos, irmãs, cunhados; e a todos que, de alguma

forma, contribuíram para a realização deste trabalho.

v

BIOGRAFIA

SEBASTIÃO RENATO VALVERDE, filho de Erasmo Pereira Valverde e

Sebastiana Lacerda Valverde, nasceu em Vista Alegre, Distrito de Cataguases,

Estado de Minas Gerais, em 07 de dezembro de 1962.

Em agosto de 1987, concluiu o curso de Engenharia Florestal na

Universidade Federal de Viçosa.

Em agosto de 1987, iniciou sua carreira profissional, como supervisor

operacional, na Transurbes Agro Florestal (TAF), subsidiária da Cia. Suzano de

Papel e Celulose (CSPC), em Suzano, Estado de São Paulo.

Em 1991, iniciou o curso de Mestrado em Ciência Florestal na

Universidade Federal de Viçosa, com a defesa de tese em 1994.

Em 1994, iniciou o curso de Doutorado em Ciência Florestal na

Universidade Federal de Viçosa, com a defesa de tese em dezembro de 1999.

Em janeiro de 1997, foi concursado e aprovado, em primeiro lugar, pela

Universidade Federal de Viçosa, como professor assistente do Departamento

de Engenharia Florestal.

vi

CONTEÚDO

Página

EXTRATO ......................................................................................... viii

ABSTRACT ....................................................................................... x

1. INTRODUÇÃO .............................................................................. 1

1.1. O problema e sua importância ............................................... 2

1.2. Objetivos ................................................................................ 4

2. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................ 6

2.1. Equilíbrio econômico ............................................................. 6

2.2. Os sistemas de contas nacionais (SCN)................................ 8

2.3. Modelos multissetoriais ........................................................ 13

2.3.1. Matriz de insumo-produto (MIP) ...................................... 13

2.3.2. Matriz de contabilidade social (MCS) .............................. 14

2.3.3. Modelos computáveis de equilíbrio geral (CEG) ............. 16

2.4. Modelos de equilíbrio geral aplicados no setor florestal ........ 19

2.4.1. MIP na economia florestal .............................................. 19

2.4.2. MCSs na economia florestal ............................................ 21

2.4.3. Modelos CEG na economia florestal ............................... 22

2.5. Multiplicadores de impactos dos modelos multissetoriais ..... 22

vii

Página

3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................. 27

3.1. Fonte dos dados .................................................................... 27

3.1.1. Tabelas de insumo-produto (TIP) .................................... 28

3.2. Classificação das atividades e produtos das TIPs ................ 29

3.3. Agregação das atividades em setores .................................. 31

3.4. Modelo econômico ................................................................. 34

3.4.1. Matriz de insumo-produto (MIP) ...................................... 35

3.4.2. Matriz de contabilidade social (MCS)............................... 37

3.5. Transformação das tabelas de produção e de consumo intermediário das TIPs em matriz de coeficientes de insumo-produto .....................................................................

39 3.6. Modelo analítico ..................................................................... 41

3.6.1. Matriz de insumo-produto ................................................ 41

3.6.2. Matriz de contabilidade social (MCS).............................. 43

3.7. Matriz dos multiplicadores de impacto da MIP ...................... 49

3.8. Decomposição da matriz de efeitos da MCS ......................... 51

3.9. Índices de efeito de Rasmussem-Hirshman .......................... 53

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................... 54

4.1. Matriz de insumo-produto brasileira, em 1995....................... 54

4.2. Matriz de contabilidade social e a estrutura econômica brasileira em 1995 ............................................

58

4.3. Estrutura de oferta e demanda do setor florestal .................. 71

4.4. Matriz dos multiplicadores de impacto ................................... 73

4.5. Índice de ligação para trás ..................................................... 77

4.6. Índice de ligação para frente ................................................. 78

4.7. Multiplicadores da MCS ......................................................... 79

5. RESUMOS E CONCLUSÕES ...................................................... 89

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................ 92

APÊNDICE ....................................................................................... 98

viii

EXTRATO

VALVERDE, Sebastião Renato, D.S., Universidade Federal de Viçosa, fevereiro de 2000. A contribuição do setor florestal para o desenvolvimento sócio-econômico: uma aplicação de modelos de equilíbrio multissetoriais. Orientador: José Luiz Pereira Rezende. Conselheiros: Antônio Carvalho Campos e Márcio Lopes da Silva.

O objetivo geral deste trabalho foi avaliar a participação dos vários

setores da economia brasileira, com ênfase no setor florestal, nos indicadores

econômicos, Produto Interno Bruto (PIB), emprego, impostos, salários e

balança comercial. Os objetivos específicos foram: a) determinar os impactos

dos choques nas demandas dos consumidores finais do setor florestal na

produção, nos impostos, no emprego, nos salários e nas importações; e b)

avaliar as relações de cada um dos setores analisados com os setores

fornecedores de matérias-primas e consumidores de produtos finais, por meio

dos índices de ligações para frente (forward linkage) e para trás (backward

linkage), visando definir os setores-chave da economia. Para a execução deste

trabalho, foram empregados os modelos de equilíbrio econômico geral

multissetoriais através das análises das Matrizes de Insumo-Produto (MIP) e de

Contabilidade Social (MCS). A MIP foi usada para as análises sobre os

multiplicadores de impactos e a MCS para descrever a estrutura produtiva e

social da economia, e para calcular seus multiplicadores de efeitos. As

ix

principais fontes dos dados foram as Tabelas de Insumo-Produto (TIP) do

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), informações do Banco

Central (BACEN), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES), da Secretaria da Receita Federal (SRF) e alguns valores de forma

residual como a poupança das instituições e as transferências dos fatores de

produção para as firmas e famílias. O ano base foi 1995. Os resultados

indicaram que o setor florestal brasileiro contribuiu significativamente para o

desenvolvimento sócio-econômico brasileiro em 1995 e, com exceção do

recolhimento de impostos, apresentou grande potencial para induzir o

crescimento da economia, por meio de seus efeitos multiplicadores, com

aumentos na produção, na geração de emprego, na remuneração dos salários

e capital, nas exportações e na redução nas importações, melhorando o saldo

da balança comercial. Dessa forma, este trabalho, também confirma o quanto o

setor florestal é um setor-chave para a economia brasileira, dada a grande

relação com os seus fornecedores de matérias-primas e consumidores de seus

produtos finais. A performance do setor florestal foi superior a de outros

setores, como, por exemplo, o setor da indústria automobilística (Veículos), de

equipamentos elétricos e eletrônicos (Eletroeletrônica), de máquinas e

equipamentos (Maquinários), e de produtos químicos e petróleo

(Petroquímico). O único setor que, na média, supera as vantagens

apresentadas pelo setor florestal é o da agroindústria (Alimentícios).

x

ABSTRACT

VALVERDE, Sebastião Renato, D.S., Universidade Federal de Viçosa, february 2000. The contribution of the forest sector to the social-economic development: an application of multisector equilibrium models. Adviser: José Luiz Pereira Rezende. Committee Members: Antônio Carvalho Campos and Márcio Lopes da Silva.

The general objective of this work was to evaluate the share of various

Brazilian economic sector, with emphasis to the forest sector, on the economic

indicators, such as the Gross Domestic Product (GDP), employment, taxes,

wages and trade balance. The specific objectives were: a) to determine the

impact of the shocks on the demands of the forest products final consumers on

the production, taxes, employment, wages and imports; and b) to evaluate the

intersector relationship of each analyzed sector, using the forward and

backward linkage effect. In order to develop this work, multisector general

economic equilibrium models by analysis of Input-Output Matrix (IOM) and the

Social Accounting Matrix (SAM) were used. The IOM was used to analyze the

impact multipliers while the SAM was used to describe the social and productive

structure of the economy and to calculate its multiplier effects. The main

sources of data were the Input-Output Tables (IOT) from the Brazilian Institute

of Geografy and Statistic (IBGE), the information from the Brazilian Central

Bank (BACEN), from the National Bank of Economic and Social Development

xi

(BNDES), and from the Brazilian Federal Revenue Office (SRF). Some data

were obtained indirectly, such as the institution savings and the transference of

the production factors to the firms and families. The base year of this study was

1995. The results indicated that the Brazilian forest sector contributed strongly

to the Brazilian social-economic development in 1995. Except for the income

taxes, the forest sector showed great potential to induce the economic growth,

by its multipliers on the production growth, on the employment, on the payment

of wages and capital, on the exports, and on the decrease of the imports, and

consequently improving the trade balance. This work confirmed how important

the forest sector is to the Brazilian economy, because of the expressive

relationship between the raw-material suppliers and the final product

consumers. The forest sector performance was superior when compared to the

automobilistic industry sector (Vehicles), to the electric and electronic sector

(Eletroeletronic), to the machines and equipment sector (Machinery), and to the

chemicals and petroleum sector (PetrolChemical). The only sector that, on the

average, was better than the forest sector, was the agroindustry sector (Food).

1

1. INTRODUÇÃO

O Brasil é rico em recursos naturais renováveis e não-renováveis. Seu

subsolo é repleto de diversos tipos de minerais, e é um dos poucos países

onde ainda é possível a expansão da fronteira agrícola e um dos que tem a

maior área florestal do mundo. Porém, no que refere a industrialização, o País

agrega pouco valor a esses recursos. Com uma área de 528.383 milhões de

hectares de florestas nativas ricas em biodiversidade e de 4,750 milhões de ha

de reflorestamento, sendo 2,920 milhões com espécies de Eucalyptus sp.,

1,690 milhões de Pinus sp. e 138 mil ha de outras espécies, seus principais

produtos florestais são, entre outros, madeira roliça, serrados, painéis, chapas

de fibras, laminados, carvão e celulose. Mais recentemente, o Brasil tem

iniciado a produção de MDF (Medium Density Fiber) com perspectivas de se

tornar um dos maiores produtores mundiais.

A economia florestal brasileira tem sido responsável, anualmente, na

formação econômica do País, por aproximadamente 4% do Produto Interno

Bruto (PIB), 600.000 empregos diretos, US$450 milhões em arrecadação de

impostos e US$4,1 bilhões em divisas de exportações (GARLIPP, 1995). A

participação brasileira no comércio internacional de produtos florestais tem sido

pouco significativa, com menos de 1,0%. No entanto, para produtos como a

celulose, o Brasil vem obtendo ganhos de competitividade, via aumento na

participação desse mercado, ao longo das últimas três décadas, conforme

estudo de MEDEIROS e FONTES (1994), sendo atualmente o sétimo maior

2

produtor mundial, e, para produtos sólidos da madeira, dadas as exigências por

produtos certificados pelos principais consumidores e os altos investimentos

nesse tipo de indústria, no País, é provável que consiga uma participação mais

expressiva nesse comércio num futuro bem próximo.

Não obstante, é necessário destacar que as florestas apresentam

outros valores, tão importantes quanto os sócio-econômicos anteriormente

citados, como os ambientais, que são difíceis de serem mensurados e

contabilizados. Esses valores referem-se às funções de proteção de encostas e

de margens de cursos d’água, rodovias e ferrovias, contra erosão, lixiviação e

quedas de barreiras, de regulação e manutenção da qualidade das águas, etc.,

além das funções de gerar lazer e recreação.

1.1. O problema e sua importância

As últimas duas décadas têm sido constantemente citadas, na mídia,

por muitos dos economistas mais renomados do Brasil, como perdidas para o

País, em termos de crescimento econômico. Isso pode ser comprovado quando

são observados os indicadores da economia, como crescimento inexpressivo

do PIB, comparado à taxa de crescimento populacional, ao aumento do déficit

público, à elevação da carga tributária, aos problemas de desemprego, de

balanças de pagamentos e comercial, etc.

É preciso apontar alternativas concretas para estimular o crescimento da

economia brasileira, a fim de solucionar os problemas mencionados. Esse

estímulo pode ser viabilizado pela ação de alguns setores produtivos que,

induzidos, podem alavancar o desenvolvimento econômico de uma região ou

país, com a sua capacidade de se relacionar com os demais setores e a sua

forte contribuição na produção e na remuneração do capital e do trabalho

empregado.

O setor florestal brasileiro, com a importância que tem na produção, no

emprego, na arrecadação, nas exportações e no pagamento de salários, pode

ser um desses instrumentos necessários para impulsionar o desenvolvimento

da economia. Mais especificamente no emprego está uma razão importante do

setor florestal, visto que o progresso tecnológico tem contribuído para o

aumento do desemprego em muitos setores, tradicionalmente intensivos em

3

mão-de-obra, como é o caso da agricultura, principalmente em áreas planas,

onde a mecanização tem expulsado trabalhadores do campo. Dessa forma, o

setor florestal pode, com o seu crescimento, absorver grande parte dessa mão-

de-obra, pois a atividade, mesmo em áreas acidentadas, tem-se mantido

viável.

No Brasil, conforme mencionado, a contribuição do setor florestal nos

indicadores sócio-econômicos tem sido muito modesta, diante do potencial de

florestas nativas e plantadas. Por outro lado, em países como o Canadá, a

Suécia, a Finlândia e a Noruega, esse setor é um dos mais importantes,

apresentando as maiores contribuições para a economia. Curiosamente, esses

países são apontados como os que têm os melhores índices de qualidade de

vida, de acordo com o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).

Apesar de não existir nenhum estudo que comprove essa correlação, entre

florestas e qualidade de vida, não há dúvida de que as florestas contribuem

significativamente para tal desempenho.

O desenvolvimento econômico com base no desenvolvimento florestal

é uma alternativa concreta que vem sendo discutida e proposta desde a

década de 1950 pela Organização para Alimentação e Agricultura (FAO) da

Organização das Nações Unidas (ONU), principalmente para o crescimento da

economia dos países em desenvolvimento. Embora tenha acontecido nos

países escandinavos e no Canadá, nos países do terceiro mundo, essa

possibilidade não tem sido verificada. Isso se deve à falta de uma política

adequada de manejo florestal, de industrialização, de gestão e de valorização

dos produtos florestais, que vise agregar valor a esses produtos (PALO, 1988).

Muitos desses países exportam madeiras na forma de toras para os

países desenvolvidos que as processam e agregam valor, transformando em

produtos que são, em alguns casos, importados por aqueles países

exportadores de madeiras. Isso causa mais efeitos positivos para os países

importadores que para os exportadores.

A capitalização obtida pela exportação de madeira serrada e investida

na implantação de fábricas de painéis e depois em fábricas de celulose e papel

pode ser o modelo ideal para o desenvolvimento do setor florestal. Mas, é

necessário que isso seja feito com empresas domésticas, evitando-se a

remessa de lucros e promovendo-se o investimento interno. Porém, não é o

4

que aconteceu nos países em desenvolvimento que fizeram concessão para a

exploração de suas florestas para empresas estrangeiras.

Além disso, as florestas desses países sofreram desmatamentos que

levaram à exaustão grande parte dos recursos florestais, ocasionando a erosão

dos solos, a perda de biodiversidade, as alterações nos recursos hídricos, com

conseqüências para o homem, a agricultura, o clima, a fauna e a flora.

Por sorte, com o conhecimento e a evolução das técnicas de manejo

de florestas nativas e das vantagens comparativas das florestas plantadas nos

países tropicais, as condições supracitadas têm sido melhoradas, favorecendo

o desenvolvimento do setor florestal.

Diante da vantagem comparativa do setor florestal brasileiro e do que

foi exposto acima, é importante desenvolver um estudo que possa ser utilizado

como instrumento aos legisladores e ao poder público, para suas tomadas de

decisões quanto às políticas de desenvolvimento regional, por meio,

principalmente, do desenvolvimento setorial.

A política florestal é uma ferramenta indispensável para viabilizar este

desenvolvimento, conforme os resultados obtidos pela política de incentivos

fiscais ao reflorestamento. Apesar do pouco conhecimento em ciência florestal

que existia à época do programa desses incentivos, que vigorou de 1965 a

1988, e que permitiu alguns insucessos e distorções na prática silvicultural,

este setor contribuiu para um crescimento expressivo na economia, a ponto de

o Brasil sair da situação de importador de celulose, na década de 60, para ser,

hoje, um dos maiores produtores e exportadores mundiais, não só de celulose,

como também, de produtos sólidos da madeira oriunda de reflorestamento,

sem considerar a grande quantidade de empregos que foi gerada. A

expectativa é que este estudo sirva como um documento que subsidie o

renascimento da política florestal brasileira.

1.2. Objetivos

O objetivo geral deste trabalho foi avaliar a participação do setor

florestal na formação do PIB, na geração de empregos, no recolhimento de

impostos, na remuneração dos trabalhadores, nas exportações e na balança

comercial. Especificamente, objetivaram-se: a) determinar os impactos na

5

produção, nos impostos, no emprego, nos salários e nas importações, por meio

de choques nas demandas dos consumidores finais do setor analisado e,

também, b) avaliar as relações de cada um dos setores analisados com os

setores fornecedores de suas matérias-primas e os consumidores de seus

produtos finais, pelos índices de ligações para frente e para trás a fim de

conhecer os setores-chave da economia.

6

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Equilíbrio econômico

O trabalho empregou a teoria econômica de equilíbrio estático, com as

atenções focando-se num determinado momento no tempo. As análises do

equilíbrio e das mudanças entre equilíbrios se fazem sob dois modelos

fundamentais, na análise estática, que são: o modelo de equilíbrio parcial e o

modelo de equilíbrio geral. Mais especificamente, este estudo trata do equilíbrio

geral, que significa o balanceamento de forças opostas, mas interdependentes,

à semelhança dos agentes econômicos produtor e consumidor, que atuam de

forma tal que a ação independente de cada um leva a uma posição em que

todos atingem o equilíbrio geral (FERGUSON, 1994).

É no mercado que interagem essas forças opostas de oferta e

demanda, por determinado bem ou serviço, nas economias. Elas tenderão a

um equilíbrio de preço e de quantidade de um bem ou serviço em cada

mercado. Os preços relativos dos vários bens e serviços determinados nos

mercados vão orientar as ações dos diversos agentes econômicos que atuam

na economia (VIEIRA, 1997).

O equilíbrio de mercado num modelo competitivo consiste num

conjunto de preços e quantidades, tais que o excesso de demanda em todos os

mercados seja igual a zero.

7

Na abordagem de equilíbrio parcial, um mercado pode ser analisado

isoladamente, considerando-o independente de todos os outros, e,

explicitamente, assume-se que “tudo o mais permaneça constante”. Na

abordagem de equilíbrio geral, entretanto, os mercados de todos os produtos

interagem uns com os outros.

Os economistas neoclássicos e seus sucessores analisam as forças

que resultavam em um equilíbrio econômico pelo enfoque do equilíbrio parcial,

porém, a partir da década de 30, sob a influência de John Maynard Kegnes,

houve um novo interesse pelas economias agregativas. Nesse sentido, os

Keynesianos preocupavam-se com o equilíbrio geral, em vez do parcial.

Porém, nem os economistas neoclássicos e nem os Keynesianos

estavam diretamente preocupados com a interdependência econômica, a

estrutura da economia e a forma pela qual os seus setores individuais se

entrosavam (MIERNYK, 1974).

O primeiro trabalho sobre interdependência econômica surgiu a partir

do século XVIII. Em 1758, François Quesnay publicou o “Tableau

Economique”, que retratava a operação de um único estabelecimento, uma

unidade agrícola. Quesnay procurou demonstrar o fluxo circular da economia

francesa entre três classes sociais: a dos produtores rurais, a dos nobres

proprietários e a dos artesãos urbanos (FERGUSON, 1994).

O trabalho seguinte surgiu em 1874, quando Leon Walras publicou

“Elements d’economie polítique pure”. Walras, como outros economistas de

seu tempo, dava grande atenção ao problema de determinação do preço. Ao

contrário de seus contemporâneos, no entanto, ele se interessava pela

determinação simultânea de todos os preços na economia. Seu modelo

consistia em um sistema de equação, uma para cada preço a ser determinado

(MOHD-SHAHWEHID, 1992; TYLER et al., 1992; LUNNAN et al., 1997).

O modelo desenvolvido por Walras mostra a interdependência entre os

setores de produção da economia e as demandas concorrentes de cada setor

para os fatores de produção e inclui equações que representam a renda e a

despesa do consumidor. O próprio Walras considerava seu modelo puramente

teórico. Pensava ele que, mesmo se os dados estivessem disponíveis para

completar seu modelo, os problemas computacionais seriam imensos e

insuperáveis.

8

Outros economistas, principalmente Gustav Cassel, da Suécia e

Vilfredo Pareto, da Itália, contribuíram para o desenvolvimento da teoria do

equilíbrio geral, mas coube a Walras a transição do equilíbrio parcial para o

equilíbrio geral (MIERNYK, 1974).

No entanto, a principal aplicação desses trabalhos, iniciada por

Quesnay, foi atingida na década de 30 deste último século, quando o Wassily

Leontief apresentou uma teoria geral de produção, com base na noção de

interdependência econômica, e, também, publicou a primeira análise de

insumo-produto para a economia norte-americana (MIERNYK, 1974).

Os três principais modelos de equilíbrio econômico geral são: i) os

modelos da matriz de insumo-produto, elaborados a partir da matriz de

Leontief, focando basicamente a composição setorial da produção e demanda,

e dessa forma a demanda intermediária; ii) o modelo da matriz de contabilidade

social, matriz quadrática estruturada com base numa matriz de insumo-produto,

vinculando as demandas intermediárias às contas representativas do consumo,

de pagamento a fatores (valor adicionado), investimento e poupança,

exportação e importação; e iii) os modelos computáveis de equilíbrio geral

(CEG), uma versão moderna do modelo econômico walrasiano de economia

competitiva, que incorporam variáveis micro e macroeconômicas e os

mecanismos de ajuste entre estas (CASTILHO, 1994; SANTANA, 1997). Esses

modelos são também conhecidos como modelos econômicos multissetoriais

aplicados, pois consideram os diferentes setores econômicos de um país ou

região e a forma como eles estão interligados (VIEIRA, 1998).

2.2. Os sistemas de contas nacionais (SCN)

O uso dos modelos de equilíbrio econômico geral através das relações

multissetoriais depende de um sistema de contas integradas que descreva

todos os processos de produção, de circulação, de consumo e de acumulação

numa economia, denominado Sistemas de Contas Nacionais (SCN).

O desenvolvimento de um SCN pode ser visto como tendo o seu início

no século XVII, com as primeiras tentativas de se mensurar a renda nacional.

Entretanto, somente na década de 30 deste último século, os esforços de

estabelecer medidas que representassem o sistema econômico foram

9

sistematizados. É nesse momento que, sob a influência da análise agregativa

keynesiana, é explicitada a importância da quantificação de conceitos como

produção, renda nacional ou dispêndio nacional (RAMOS, 1997).

Inúmeras limitações práticas para se chegar às estimativas dos

agregados de um sistema de contas nacionais decorrem, de um lado, de

problemas de ordem conceitual, relacionados à classificação das transações e

da indicação daquelas que, por sua natureza, devem ser incorporadas às

estimativas e, de outro lado, de limitações relacionadas com a disponibilidade

de estatísticas básicas. Considerando-se as dimensões e a complexidade do

sistema, é operacionalmente impossível contabilizar individualmente cada uma

das transações realizadas, bem como registrar isoladamente todas as

informações referentes à vida econômica de cada uma das partes individuais

que agem dentro de determinada economia nacional. Nessas condições, um

SCN fundamenta-se em conceitos agregativos. As partes individuais são

preliminarmente agregadas em setores e subsetores, constituídos por

conjuntos de elementos que se agrupam em função das semelhanças

verificadas em suas formas de comportamento, tipos de atividades e fins a que

se destinam (ROSSETTI, 1995).

Um dos agrupamentos básicos mais importantes é o que procura

identificar os principais setores de produção, bem como os resultados de suas

atividades operacionais, segundo os tipos e a destinação dos bens e serviços

que fornecem.

Além da identificação dos principais setores e subsetores que

compõem o aparelho da produção das economias nacionais, torna-se ainda

necessária a identificação dos agentes ativos que operam no sistema,

diretamente responsáveis pelas ações econômicas que nele se desenvolvem.

Estes agentes são: as unidades familiares, as empresas, o governo e o resto

do mundo (MAHENDRARAJAH e WARR, 1993).

As transações econômicas que interligam esses agentes conduzem à

identificação de diferentes ações, das quais resultam os conceitos agregados

de produção, renda, dispêndio e acumulação.

As unidades familiares englobam os indivíduos que se encontram

diretamente empregados e os que recebem transferências pagas pelo governo,

por empresas e pelo resto do mundo, fornecendo recursos para as atividades

10

de produção. Essas participam do aparelho produtivo por meio das empresas,

para as quais convergem os seus recursos de produção (trabalho) e outros

tipos (poupança), destinados não só à produção corrente de bens e serviços,

como também à formação e expansão da capacidade instalada de produção

(ROSSETTI, 1995).

Convergem para as unidades familiares diferentes tipos de rendas

como salários, aluguéis, juros, lucros e dividendos, além de vários tipos de

transferências.

Nas empresas, enquadram-se todas as unidades que compõem o

aparelho de produção da economia nacional. Elas não subsistem

isoladamente, pois dependem do regular funcionamento das demais.

O governo engloba as administrações federais, estaduais e municipais

e outras repartições públicas que fornecem serviços de uso coletivo, de que

são exemplos típicos a segurança, a saúde, a educação, o saneamento, etc.

A conta Resto do Mundo destina-se a registrar as transações

econômicas entre unidades familiares, empresas e governo do país com

agentes de outros países.

Essas categorias de agentes ativos assumem praticamente todas as

transações que se verificam nos sistemas econômicos nacionais. As inter-

relações entre as unidades familiares, as empresas, o governo e o resto do

mundo podem ser representadas por meio dos modelos que indicam os fluxos

básicos observados nas economias das nações, à medida que se desenvolvem

as atividades fundamentais, de produção, geração de renda e dispêndio.

As unidades familiares, detentoras da capacidade de trabalho, da

capacidade empresarial, dos recursos da terra, dos ativos reais e das

poupanças, para a formação de capital, fornecem esses recursos às empresas,

para que essas possam produzir os bens e serviços desejados pela sociedade.

No processamento da produção, as empresas estabelecem entre si complexas

inter-relações, caracterizadas pelos fluxos de aquisição de bens e serviços

intermediários que passam de uma empresa para outra, até que sejam obtidos

os bens e serviços finais que atenderão às necessidades de consumo e

acumulação de capital pela sociedade. As empresas remuneram as próprias

empresas e as unidades familiares pelos recursos de produção que estas

forneceram. De posse dessas remunerações, as unidades familiares adquirem

11

os bens e serviços finais que atendem às suas necessidades. Fechando o

circuito das unidades familiares, elas transferem às empresas as remunerações

que delas receberam, ao pagarem por suas aquisições de bens e serviços

finais. Se não for interrompido, esse circuito é capaz de manter o aparelho de

produção da economia em permanente ação, garantindo o emprego dos

recursos disponíveis e a conseqüente satisfação das necessidades sociais

(ROSSETTI, 1995).

O governo emprega recursos originários das unidades familiares e

adquire das empresas bens e serviços necessários às suas operações. As

aquisições governamentais destinam-se ao fornecimento de serviços públicos e

à formação de capital social básico de interesse das unidades familiares e das

empresas.

Completando o circuito, estes últimos dois setores são os que

possibilitam ao governo o fornecimento dos serviços públicos e do capital social

do seu interesse por meio dos pagamentos de tributos.

Os agentes internos exportam para o resto do mundo, absorvendo em

contrapartida as importações. Verificam-se, ainda, transferências financeiras

entre os residentes no país, para o resto do mundo, além de recebimentos e

pagamentos por serviços internacionais.

Dessa forma, as transações que se verificam na atividade econômica

são: produção, consumo e acumulação. Dentre as três, a produção é

considerada a atividade fundamental, porque as demais categorias dependem

das funções produtivas, à medida que os diferentes agentes que operam nos

sistemas econômicos nacionais só podem satisfazer às suas necessidades de

consumo e de acumulação de riquezas se, preliminarmente, destinarem tempo,

talento e esforço à ação de produzir os bens e serviços que desejarem

consumir ou acumular (ROSSETTI, 1995).

A geração de renda ocorre paralelamente ao processo da produção,

pelo emprego de fatores de produção, como trabalho, capital, tecnologia e

capacidade empresarial, sob a forma de salários, juros, aluguéis e lucros como

remuneração às unidades familiares.

O consumo e a acumulação dependem do esforço social de produção.

No conjunto, uma parte da renda agregada será destinada ao consumo, e a

12

outra para acumulação. Essas proporções variam conforme os estádios e os

padrões de desenvolvimento econômico.

Estas interligações da produção, do consumo e da acumulação, para

cada um dos agentes individuais que interagem no sistema, sejam unidades

familiares, empresas ou entidades governamentais, estabelecem uma conexão

na estrutura da economia, conforme demonstrativo na Figura 1.

Figura 1 - Consolidação e interligação das categorias econômicas básicas da produção, do consumo e da acumulação.

Apesar de sua importância, o SCN apresenta sérias restrições quanto

ao seu emprego. A primeira é a alta representatividade das atividades de

subsistência, não-integrantes dos circuitos e das transações econômicas

monetarizadas. A segunda é a inconsistência das estatísticas econômicas

básicas e a falta de informações sobre inúmeros eventos econômicos que

seriam de interesse para as mensurações agregativas. Por isso, os

economistas e estatísticos responsáveis pela construção dos SCN são, por sua

vez, forçados a recorrer a processos de estimação (denominados imputações)

que nem sempre são capazes de apropriar corretamente todas as transações

econômicas (ROSSETTI, 1995).

Produção

Consumo Acumulação

Pagamentos de renda, sob

a forma de salários, juros,

aluguéis e lucros

Despesas de formação de

capital e expansão de

estoques

Poupanças para formação de capital

Despesas de aquisição de

bens e serviços finais de consumo

13

2.3. Modelos multissetoriais

Os modelos multissetoriais são instrumentos utilizados para quantificar

os impactos de políticas econômicas ou choques exógenos no sistema

econômico e, também, procuram retratar esse sistema de forma mais completa

e realista que modelos abstratos e simplificados (MURRAY, 1995;

WEINTRAUB e CHOLAKY, 1991).

2.3.1. Matriz de insumo-produto (MIP)

A matriz de insumo-produto (MIP) representa o lado produtivo da

economia, mostrando suas relações intersetoriais. Os trabalhos de

organização, formalização e aperfeiçoamento dos primeiros estudos sobre

estas relações são de Wassily Leontief. Com o propósito de melhorar os

prognósticos econômicos, Leontief estruturou a primeira tabela dessas inter-

relações para uma economia nacional e apresentou as idéias básicas para a

operacionalização do modelo que se difundiu durante os últimos anos e vem

sendo discutido e aperfeiçoado desde a primeira publicação em 1936 (A

economia do insumo-produto), tanto que, até 1975, mais de quarenta nações,

desenvolvidas e em desenvolvimento, utilizavam as MIPs (SANTANA, 1997;

RAMOS, 1997).

Mais especificamente, a MIP é uma adaptação simplificada do modelo

neoclássico de equilíbrio geral, especialmente do modelo walrasiano. Leontief

simplificou os modelos de equações simultâneas desenvolvidos por Walras de

tal modo que pudessem ser determinados por meio de estimativas empíricas

das inter-relações observadas dentro da economia. A MIP desagrega a conta

de produção nos fluxos de transações intermediárias e final (ou demandas

intermediárias e demanda final), entre os diferentes setores produtivos da

economia (SANTANA, 1997).

Mesmo permitindo a análise global da economia, os trabalhos

conduzidos, por intermédio da MIP, na sua formulação clássica e, ou,

modificada, podem subestimar as ligações de alguns setores produtivos,

porque não incorporam os fluxos que emanam das atividades produtivas para

os fatores de produção e para as instituições (consumidor e governo) e nem

14

contemplam o feed-back do fluxo de demanda final por produtos e serviços, o

que pode ser detectado pela matriz de contabilidade social, constituída

principalmente a partir da MIP (SANTANA, 1994).

2.3.2. Matriz de contabilidade social (MCS)

A matriz de contabilidade social (MCS) descreve o fluxo circular

completo de uma economia. Ela fornece um conjunto completo e consistente

de informações sobre todas as transações entre os setores e agentes em uma

economia. A MCS é representada por uma matriz quadrada, onde as receitas

são lidas nas linhas, e as despesas, nas colunas. As transferências de renda

de um agente (coluna) para outro (linha), na MCS, formam o fluxo circular da

economia que está sendo representada (VIEIRA, 1998). Suas origens estão na

MIP, da qual constituem uma versão ampliada, ao agregar aos coeficientes

técnicos de produção outras informações acerca da produção, da remuneração

dos fatores e de estrutura da demanda (intermediária e final), desagregando-as

por setores e grupos sócio-econômicos (CASTILHO, 1994). O desenvolvimento

da MCS foi motivado pela necessidade de se viabilizar a construção de

modelos macroeconômicos com componente setorial e com informações

relativas à distribuição da renda (NAJBERG et al., 1995).

Como cada conta deve se equilibrar, os correspondentes totais da

coluna e da linha são iguais. A MCS é uma forma simples e eficiente de

armazenar dados econômicos. É, na realidade, um conjunto completo e

consistente de informações, com todas as transações entre setores e agentes

consistentes, pois para cada renda há um gasto correspondente e completo,

uma vez que tanto o agente que efetua, quanto aquele que recebe a transação

são identificados.

As MCSs foram inicialmente desenvolvidas, durante o final da década

de 60 (sessenta) deste último século por Richard Stone. Estudos com MCS

foram iniciados empregando dados das economias do Irã, de Sri Lanka, da

Malásia e do Kênia (PYATT e ROUND, 1985; HASSAN, 1994).

MCS engloba três tipos de fluxos. O primeiro fluxo envolve as

transações de mercado, em que os pagamentos nominais intercruzam-se com

a contrapartida real, emanada dos agentes econômicos. O segundo fluxo é o

15

monetário, que reflete o funcionamento do mercado financeiro, em que os

ganhos do capital representam o fluxo e a geração de capital, fruto dos novos

investimentos. Finalmente, o terceiro fluxo representa as transferências, diretas

e indiretas, realizadas na economia, em que o pagamento de impostos por

parte dos consumidores é o principal exemplo.

Uma MCS apresenta três características básicas. Primeira, ela

descreve a estrutura completa de uma economia, a ligação entre a atividade de

produção, a distribuição de renda, o consumo de bens e serviços, a poupança

e o investimento, e o comércio internacional. Isso permite estimar o impacto de

um setor econômico (produtivo) na produção, no emprego, no valor adicionado

e na distribuição da renda. Segunda, exige-se muito esforço para se obter uma

MCS homogênea e representativa, visto que ela propõe uma estrutura concisa

para sintetizar e mostrar os dados de uma economia regional, sabendo-se que

esses dados são, às vezes, obtidos por agências governamentais distintas e

plotados em diferentes formatos. Finalmente, ela permite calcular os

multiplicadores econômicos regionais, para estimar o impacto do setor, tanto na

produção, quanto na distribuição da renda (WAGNER, 1996).

O ímpeto para o avanço do uso das MCSs é geralmente atribuído à

insatisfação com o método analítico, focado no crescimento econômico, que

não considera a distribuição dos ganhos do crescimento econômico.

Especificamente, a análise da MIP identifica a estrutura econômica regional e

especifica o efeito dos impactos econômicos nos agregados do emprego, da

produção e do valor adicionado. Portanto, a análise de MIPs, geralmente, não

foca num grupo de renda familiar específica ou numa análise de impacto de

distribuição geral do fator renda (PYATT e ROUND, 1979; MARCOVILLER et

al., 1995).

Tanto na MIP, quanto na MCS, a hipótese de coeficientes fixos é a

mais restritiva, porque assume tecnologia com retorno constante (ausência de

economias ou deseconomias de escala) e não permite que ocorra a

substituição entre fatores, mesmo quando os preços relativos sinalizam, ou

quando há disponibilidade de fatores.

A hipótese de coeficientes fixos limita o uso desses modelos, nos

casos em que a análise envolve um horizonte de longo prazo. Outra hipótese

diz respeito aos erros de agregação, cometidos ao se combinar as indústrias

16

dentro de determinado setor. As indústrias de um dado setor são tidas como

homogêneas e diferentes daquelas dos outros setores da economia. Isso

implica que um dado produto é ofertado por um único setor, embora não seja

um produto composto. Os coeficientes para cada setor são representativos de

todas as indústrias, dentro daquele setor. Assim, quanto mais desagregados

forem os setores, menores serão os possíveis erros inerentes ao processo de

agregação. Nesse caso, a MCS está menos sujeita a esse tipo de erro que a

MIP, porque permite que a economia seja especificada, de forma completa, por

meio das estruturas de produção, distribuição e consumo.

Os modelos de equilíbrio multissetoriais até aqui apresentados têm

sérias limitações, como: primeiro, a função de produção exibe coeficientes

técnicos de produção fixos e retorno constante à escala (mudanças

proporcionais nos insumos implicam a mesma mudança proporcional no

produto); segundo, tanto a tecnologia como a produtividade setorial são

determinados por um ano base; terceiro, não há substituição de insumos (os

insumos são requeridos em proporções fixas); quarto, não há restrição de

oferta; e, quinto, os preços são constantes.

Uma das principais utilizações das MCSs é servir como base de dados

para os modelos multissetoriais computáveis de equilíbrio geral (CEG).

2.3.3. Modelos computáveis de equilíbrio geral (CEG)

Recentemente, mais precisamente, a partir dos anos 70, foram

desenvolvidos os modelos computáveis de equilíbrio geral (CEG). Os CEGs

são uma categoria de modelos multissetoriais, capazes de simular o

funcionamento de uma economia de mercado. Eles são sucessores das MIPs e

MCSs, caracterizando-se por permitir a substituição entre fatores e produtos na

oferta e na demanda, além de introduzir um sistema de preços de mercado e

uma completa especificação dos fluxos de renda e produto (NAJBERG et al.,

1995).

Segundo CONSTANTINO et al. (1989), os modelos CEGs estão se

tornando a ferramenta preferida entre os economistas para pesquisar as

conseqüências multissetoriais e multirregionais de mudanças políticas e

econômicas, pois incluem todos os setores importantes de uma economia e

17

simulam o comportamento de grupos particulares de agentes econômicos

como consumidores, produtores e governos.

Os modelos CEGs foram originalmente introduzidos por Johansen

(1960) como um método para contabilizar o custo de oportunidade dos fatores

empregados numa indústria e incorporam todas as amplitudes das ligações

intersetoriais, enquanto satisfazem as restrições impostas pela teoria

econômica. A aplicação pioneira desses modelos para países em

desenvolvimento foi desenvolvida, em 1978, por Adelman e Robinson, que

investigaram as implicações de diferentes estratégias de crescimento sobre a

distribuição de renda na Coréia do Sul. Posteriormente, modelos CEGs foram

usados para analisar os impactos de restrições do balanço de pagamentos na

estrutura de produção e no comércio exterior de países em desenvolvimento

(CONSTANTINO et al., 1989).

Os modelos CEGs permitem que os preços e as quantidades dos

insumos e produtos, trabalho e capital empregados na economia possam variar

com respeito às mudanças nos preços dos produtos e na produção. São

fundamentados na teoria de equilíbrio geral walrasiana e especificados de

forma a captarem os mecanismos de preços, as interações de mercado e as

interdependências entre atividades, via estruturas, que comportam diferentes

graus de sustentabilidade entre fatores e não-linearidade das funções

comportamentais (BINKLEY et al., 1994; DERVIS et al., 1981). Com efeito, a

estrutura básica do modelo CEG envolve quatro pontos principais: (1) a

especificação dos vários agentes econômicos (empresas, consumidores,

governo e resto do mundo); (2) a descrição de suas principais motivações e

comportamentos (maximização de lucro pelas firmas e maximização de

utilidade pelos consumidores); (3) a especificação adequada da estrutura

institucional, incluindo a natureza das interações de mercado (mercados

competitivos para mercadorias e mão-de-obra); e (4) o valor de todas as

variáveis endógenas do modelo para a solução de equilíbrio. Por fim, o modelo

CEG permite, por meio de um conjunto de preços flexíveis (salários, preços dos

produtos e taxa de câmbio), estabelecer o equilíbrio geral, após o ajustamento

dos três mercados (de fatores, de produtos e externo) (SANTANA, 1994;

NAJBERG et al., 1995).

18

Algumas características restringem a aplicação e a eficácia dos

modelos CEGs. Uma característica inerente a esses modelos é a exigência de

grande volume de informações empíricas, a priori, para sua calibração, isto é,

para se estruturar a situação de equilíbrio geral, referente ao período inicial da

análise. Esta característica, segundo JOHNSON (1986), restringe a eficácia

destes tipos de modelos, quando o escopo da análise de políticas envolve toda

a economia, dado o nível de agregação dos dados.

Uma vantagem adicional desses modelos sobre os demais reside na

sua maior abrangência, uma vez que têm evoluído no sentido de abordar de

forma consistente tanto os aspectos microeconômicos - através da modelagem

do comportamento dos agentes - quanto os aspectos macroeconômicos

presentes nos agregados.

Além disso, eles podem ser utilizados no estudo de diversos

problemas, tais como análise dos efeitos de políticas econômicas (taxação,

subsídios, etc.), de mudanças na estrutura econômica e social doméstica

(mudança tecnológica na agricultura, formação de capital humano, etc.) e de

mudanças nos termos de intercâmbio (choques do petróleo, queda nos preços

de comodites agrícolas), aplicados em análises de escolha de instrumentos de

política comercial, num cenário de progressiva liberalização e formação de

blocos regionais de comércio (NAJBERG et al., 1995).

Mais do que os modelos MIP e MCS, os modelos CEG, freqüentemente,

contêm equações que procuram descrever a produção, o consumo, a

poupança, as elasticidades de produção, de substituição e de transformação, o

que requer o uso de sistemas de equações simultâneas na sua formulação e

de computadores para o cálculo das soluções (VIEIRA, 1997).

A implementação das análises econômicas dos modelos multissetoriais

requer a manipulação de um sistema complexo e de grande quantidade de

dados que só é possível ser executada em virtude dos avanços na área de

informática, tanto em nível de máquinas quanto dos programas computacionais

ocorridos a partir da década de 70 deste último século. Com a vulgarização do

uso de microcomputadores e sua interligação em redes, muitos dos dados

necessários aos modelos econômicos podem ser coletados via internet

(VIEIRA, 1998).

19

Os modelos MIP e MCS são implementados apenas com o uso das

planilhas eletrônicas como o Lotus, QPro e o Excel. Para implementar os

modelos CEGs é necessário programas computacionais mais avançados e

específicos, como o GEMPACK que permite implementá-los e obter soluções

em taxas de crescimento (método de solução linear) e o GAMS (Generalized

Algebraic Equilibrium System), que, por sua vez, pode ser utilizado para obter

soluções mesmo para modelos não-lineares.

2.4. Modelos de equilíbrio geral aplicados no setor florestal

2.4.1. MIP na economia florestal

Em nível mundial, há vários trabalhos empregando os modelos de

equilíbrio multissetoriais na economia florestal como ALAVAPATI et al. (1998);

BRÄNNLUND e KRISTROM (1996); CHANG e CHOI (1991); CHANG (1980);

LEONES et al. (1994); LICHTY et al. (1982); LEE e SCHLUTER (1993). A

maioria adotou as análises das MIPs e dos modelos CEGs. Poucos adotaram

os modelos das MCSs. No Brasil, apenas VALVERDE et al., (1997)

empregaram os modelos CEGs para verificar choques das políticas de abertura

do comércio internacional na economia florestal brasileira. Porém, para a

agricultura existem muitos trabalhos como os de GUILHOTO et al. (1994);

FONSECA e GUILHOTO (1987); SANTANA (1994), entre outros.

FLICK e TEETER (1988) analisaram os multiplicadores econômicos

para as indústrias de base florestal para oito estados do sul dos Estados

Unidos, derivados das matrizes de insumo-produto. Os autores observaram

que os multiplicadores da produção, da renda e do emprego para a indústria

florestal têm um impacto maior que a média dos demais setores nas economias

locais e regional onde elas operam.

PSALTOPOULOS e THOMSON (1993) analisaram o papel do setor

florestal na economia escocesa através da análise dos multiplicadores da MIP

de 1979. Os resultados mostram que a silvicultura e a colheita florestal

oferecem grande potencial para melhorar o desenvolvimento econômico,

porém, seus efeitos de ligação para trás, relação com seus fornecedores, são

limitados. Por outro lado, os efeitos para trás da indústria madeireira com o

20

resto da economia são fortes, mostrando que o desenvolvimento integrado da

área florestal com a indústria de processamento madeireiro promoveria melhor

desenvolvimento econômico na área rural da Escócia.

Outros estudos também têm empregado as análises da MIP com o

objetivo de avaliar o impacto econômico do setor florestal, em níveis regional e

nacional. Ferguson (1972), citado por PSALTOPOULOS e THOMSON (1993),

estimou os multiplicadores de emprego e renda para as indústrias de produtos

florestais na Austrália. ELROD et al. (1972) desenvolveram um modelo de

insumo-produto centrado no setor florestal para a Geórgia, EUA. Similarmente,

TROUTMAN e PORTERFIELD (1974) e Terfehr (1976) também citado por

PSALTOPOULOS e THOMSON (1993), desenvolveram, para Arkansas e

Mississipi, EUA, respectivamente. FLICK et al. (1980), para Alabama; KAISER

JÚNIOR (1972) e FLICK (1976) para Oregon, EUA; e KULSHRESHITHA

(1998), para o noroeste do Canadá. Na Nova Zelândia, ALDWELL e WHYTE

(1984) usaram insumo-produto para investigar o efeito da renda e do emprego

da atividade florestal. SULLIVAN e GILLESS (1990) combinaram modelos

econométricos e insumo-produto para determinar o impacto na renda por meio

de mudanças nos níveis de intervenção da exploração florestal, na Carolina do

Norte, EUA.

Os resultados do trabalho de FLICK et al. (1980), que empregaram o

modelo da MIP agregada em 25 (vinte e cinco) setores da economia do

Alabama, em 1977, mostraram que a economia florestal tem uma grande

contribuição para o desenvolvimento daquele Estado. Os multiplicadores

associados com as indústrias florestais são consistentemente maiores que os

das indústrias manufatureiras, significando que o Estado do Alabama teria um

grande aumento na atividade empresarial, na renda familiar e no emprego pela

expansão da indústria florestal, comparavelmente à mesma expansão em

outras indústrias.

KRIESEL (1994) utilizou o modelo de insumo-produto do ano de 1990

para avaliar a importância dos setores de fibra e alimentos na economia do

Estado da Georgia, EUA. Seus resultados mostraram que um, de cada seis

trabalhadores, na Georgia, trabalha na agricultura, floresta ou em setores

relacionados, e que esses setores contribuíam com 16% da produção, 15% do

emprego e 11% no valor adicionado. Ele concluiu que juntos, alimentação,

21

fibras e setores relacionados, são os mais importantes setores econômicos na

Georgia.

2.4.2. MCSs na economia florestal

MARCOVILLER et al. (1995) empregaram o modelo da MCS, com

dados do ano de 1985, para a região de McCurtain, em Oklahoma, EUA, a fim

de avaliarem o impacto dos níveis potenciais da produção intensiva de madeira

pelos vários proprietários florestais e as ligações para frente que o

processamento madeireiro proporciona na renda das famílias, via mudanças na

renda. Eles observaram que cerca de 25% do emprego regional direto estão no

setor de produção de madeira e processamento, e, aproximadamente, 31,5%

das exportações de McCurtain foram de madeiras e produtos madeireiros.

WATERS et al. (1999) construíram uma MCS para o Estado de

Oregon, EUA, e estimaram a estrutura econômica produtiva desse Estado. Eles

observaram que 11% das famílias de Oregon dependem das indústrias

florestais (papel e produtos madeireiros) e 8% dependem da agricultura.

HASSAN (1994) analisou os efeitos da política de ajustamento

estrutural, adotada na década de 80 no crescimento e na distribuição da renda

no Sudão, empregando uma MCS. Ele observou, pela análise dos

multiplicadores, que os setores da agricultura moderna têm uma fraca

contribuição no crescimento econômico e pequeno impacto na renda das

famílias. Em contraste, a agricultura tradicional (incluindo animais e florestas)

proporciona uma forte contribuição e tem os maiores impactos na renda das

famílias.

Esse mesmo autor ainda acrescentou que outras funções importantes

das florestas, para o ecossistema, como as funções de proteção do solo, da

água e do clima e as de lazer, não são captadas pela matriz dos

multiplicadores.

22

2.4.3. Modelos CEG na economia florestal O volume de trabalhos empregando os modelos CEG na economia

florestal é tão diversificado e numeroso quanto o daqueles aplicados para os

modelos MIP.

VALVERDE et al. (1997) observaram que, com a abertura comercial, o

Brasil teria ganhos com o aumento na produção e nas exportações de produtos

florestais, em bem-estar social, como ganhos de utilidade per capita e na

variação equivalente da utilidade das famílias.

BINKLEY et al. (1994) examinaram as conseqüências sócio-econômica

das possíveis reduções na política de exploração florestal anual permissível

(Annual Allowable Cut - AAC) da província de Colúmbia Britânica, Canadá,

empregando um modelo de equilíbrio geral, em que onde os preços dos

produtos florestais podiam flutuar. Eles observaram que o impacto econômico

da redução nos preços é negativamente significativo e que o custo social em

termos de desemprego é alto.

CONSTANTINO et al. (1989) descreveram o contexto econômico do

modelo de equilíbrio geral na economia do setor florestal da Província de

Alberta, Canadá, e PERSSON E MUNASINGHE (1995) usaram o modelo CEG

para traçarem os efeitos da política econômica governamental da Costa Rica

sobre os recursos florestais.

Além da aplicação do modelo CEG, em problemas de natureza

puramente econômica, outras aplicações têm sido empregadas em problemas

de natureza ambiental, como os trabalhos de THIELE (1994), WIEBELT (1994)

e THIELE e WIEBELT (1993) para analisar alternativas políticas que visem a

reduzir o desmatamento nas florestas tropicais da Indonésia, do Brasil e dos

países tropicais, em geral.

2.5. Multiplicadores de impactos dos modelos multissetoriais

O efeito que um setor causa em outros, por causa de aumentos na sua

demanda por insumos resultando em variações na renda, no emprego, na

produção, nos impostos e nas importações, é tipicamente medido pelos

23

multiplicadores de impactos econômicos. Em muitos modelos, essa demanda é

realizada por três agentes: o governo, os consumidores e o resto do mundo.

A demanda do governo são as compras efetuadas pelos setores

públicos por produtos oferecidos pelas empresas. A demanda dos

consumidores são as compras de produtos finais produzidos pelas empresas, e

a demanda do resto do mundo são as exportações das empresas para o

exterior.

Essas demandas são também denominadas demandas finais, que são

ligadas às indústrias, e as indústrias são ligadas umas às outras pelas

compras. Exemplificando, quando os consumidores compram mais papel, a indústria de papel deve produzir mais, e, conseqüentemente, elas compram

mais madeiras, produtos químicos e demais insumos usados na produção de

papel. Assim, todas essas indústrias, produzindo mais, compram mais de seus

fornecedores. Como a demanda por produtos madeireiros e papel cresce, a

indústria florestal estimulará a produção e o crescimento econômico dentro da

região, em muitos casos, numa extensão maior que outras indústrias. Uma

razão fundamental para os multiplicadores elevados é que as indústrias

florestais localizam-se perto da base de seus recursos e compram a maior

parte de seus insumos dos fornecedores mais próximos (FLICK e TEETER,

1988).

Como se observa, o aumento na demanda cria efeitos na produção, no

emprego, na renda, nos impostos e no comércio externo. Se a demanda por

madeira cresce em um dólar, a produção da economia crescerá em mais de

um dólar. Porque, para atender à demanda dos seus produtos, a indústria

madeireira cria demanda por produtos dos seus fornecedores, aumentando

também a sua produção e assim por diante. Cada ligação, nessa cadeia

produtiva, adiciona um pouco mais para produção da economia e, para

produzir mais, pessoas trabalham mais, alugam mais espaços e emprestam

mais capital para as indústrias, efeitos esses que podem ser calculados pelos

multiplicadores da renda e do emprego.

Os multiplicadores de emprego para a indústria de produtos

madeireiros consistem na mudança no emprego total da economia, causada

por uma mudança unitária na demanda final por produtos madeireiros, dividido

24

pelo emprego direto por unidade de produto na indústria de produtos

madeireiros.

Pelo menos três suposições devem ser consideradas para essa

questão dos multiplicadores. Primeiro, os multiplicadores não-necessariamente

prevêem o efeito de uma nova expansão na economia. O modelo assume que

existe capacidade suficiente para acomodar qualquer expansão da demanda.

Os multiplicadores mostram apenas que, se existe capacidade suficiente, a

produção, a renda e o emprego na economia devem ainda expandir para

atender a nova demanda.

Segundo, os multiplicadores são baseados numa pressuposição sobre

requerimentos rígidos de produção. Essa pressuposição limita a acuracidade

da predição feita com esses multiplicadores. Freqüentemente, novas pesquisas

permitem aos empresários planejarem as expansões que requerem trabalho ou

madeira para fabricar uma tonelada de papel. Se a expansão é bem sucedida,

os multiplicadores baseados na velha tecnologia superestimarão a produção, a

renda e o emprego associado a novas demandas. Se o modelo é

ocasionalmente atualizado, novos coeficientes podem ser incorporados, dessa

forma, minimizando o efeito dessa pressuposição.

Terceiro, os multiplicadores são derivados do modelo de uma

economia em equilíbrio, após todos os ajustamentos necessários terem sido

realizados para acomodar a demanda, e as indústrias estarem todas

produzindo a quantidade desejada de produtos. Se mudam as preferências e

se as demandas forem substituídas, os empresários necessitam de tempo para

se ajustarem. As mudanças previstas pelos multiplicadores não ocorrem

instantaneamente. Assim, os multiplicadores prevêem as alterações nos níveis

da produção, da renda e do emprego depois das empresas terem se ajustado

aos estímulos. Além do mais, qualquer economia real está mudando

continuamente: novas demandas ocorrem, velhas demandas cessam, novas

indústrias surgem, os governos mudam suas compras, e impostos, exportações

e importações flutuam, e assim por diante. Enquanto os efeitos teóricos de

cada mudança podem ser previstos pelos multiplicadores, o efeito real não

pode ser facilmente testado, dada a dinâmica da economia.

25

Apesar dessas limitações, os multiplicadores podem ser usados para

comparar setores, porque as condições em que eles são derivados são

idênticas para qualquer setor analisado.

Os multiplicadores de produção, renda e emprego do setor florestal, em

comparação a outros setores, geralmente se posicionam acima da média dos

multiplicadores dos demais setores. Quando a demanda por madeiras e papel

aumenta, a indústria florestal estimula a produção e o crescimento econômico

em toda a região. Em muitos casos, numa extensão maior que a de qualquer

outra indústria.

Uma razão fundamental para os altos multiplicadores é que as

indústrias de base florestal localizam-se próximo das fontes de produção de

madeiras, principalmente, visando minimizar os custos de transporte. Madeira é

matéria-prima de baixo valor e de elevado peso específico, apresentando um

baixo coeficiente preço/peso específico, o que a torna sensível, quanto ao

custo do transporte a grandes distâncias, forçando a concentração regional

das atividades de produção do setor florestal.

O oposto é verdade para outras indústrias. Em setores como finanças,

comunicações e outros intensivos em informação, o custo de transação a longa

distância é pequeno, o que demonstra o quanto esses setores independem da

distância dos fornecedores e consumidores.

Segundo ZENG e HAROU (1988), o setor florestal, como qualquer

outro setor ou indústria, gera efeitos multiplicadores nos setores relacionados

por causa da dependência intersetorial numa economia. Um investimento em

reflorestamento tem de consumir certos insumos como sementes, fertilizantes,

combustível, trabalho e outros. Esses insumos são produtos oferecidos por

outros setores. Como essa relação insumo-produto indica, os insumos de

produção também requerem seus próprios fatores de produção para serem

produzidos. O multiplicador de insumo-produto é a razão que quantifica a

relação entre uma demanda inicial por um produto, madeira, por exemplo, e o

aumento na demanda de todos os insumos requeridos no processo seguinte

para cumprir a demanda por madeira. A MIP é uma técnica poderosa para

quantificar essa relação multiplicadora.

26

Apesar da importância na sua aplicação, para estudos relacionados

com políticas de desenvolvimento regional e setorial, os multiplicadores de

impacto apresentam algumas limitações no seu emprego, tais como:

1. Os multiplicadores podem apenas ser aplicados nos setores que

realmente experimentam uma mudança na sua demanda final;

2. Os multiplicadores não podem ser agrupados (somados);

3. Os multiplicadores não são apropriados para mudanças de larga

escala numa economia, porque os modelos multissetoriais assumem que existe

uma elasticidade de oferta de insumos perfeitamente inelástica; e

4. O valor alto de um multiplicador não é uma indicação de que uma

indústria é relativamente mais importante.

27

3. MATERIAL E MÉTODOS

Para a execução dos objetivos deste trabalho, foram empregados os

modelos das matrizes de insumo-produto (MIP) e de contabilidade social

(MCS). A MIP foi usada tanto para as análises sobre os impactos de aumento

na demanda exógena por produtos dos vários setores resultantes da

agregação escolhida, neste estudo, como para fornecer os dados necessários

para a construção da MCS. Esta, por sua vez, foi utilizada para descrever a

estrutura produtiva e o fluxo circular da economia e para calcular seus

multiplicadores de efeitos.

3.1. Fonte dos dados

A principal fonte dos dados para a construção das MIPs e MCSs foram

as Tabelas de Insumo-Produto (TIP), para o ano de 1995, que são elaboradas

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além dessas tabelas,

foram empregados dados fornecidos pelo Banco Central (BACEN), Banco

Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pela Secretaria da

Receita Federal (SRF) e foram usados, ainda, os valores residuais obtidos

pelas diferenças do total das colunas menos o das linhas, principalmente no

caso das MCSs.

28

3.1.1. Tabelas de insumo-produto (TIP)

As Tabelas de Insumo-Produto (TIP) de um sistema de contas

nacionais desagregado, fornecidas pelo IBGE através do seu Departamento de

Contas Nacionais (DECNA/IBGE), são formadas pelas tabelas de oferta de

bens e serviços, de consumo intermediário, de demanda final, da conta de

produção e distribuição operacional da renda e da produção.

A Tabela de Oferta de Bens e Serviços discrimina, por produtos

(linhas), a oferta total a preços de consumidor. É composta, nas colunas, do

valor da produção, das importações CIF, das margens de comércio e

transporte e dos impostos indiretos e subsídios sobre o produto. A última

coluna, obtida pela soma das anteriores, é o valor da produção total, por

produto, a preço de consumidor.

A Tabela de Consumo Intermediário apresenta, para cada produto

(linhas), o valor, a preços de consumidor, dos insumos consumidos por cada

atividade econômica (coluna). O total por linha representa a parcela da

produção de cada produto consumido pelas demais atividades (consumo

intermediário) e o total por coluna representa o valor do consumo intermediário

total de cada atividade.

A Tabela de Demanda Final discrimina por produto, a preços de

consumidor, os valores destinados ao consumo final das famílias e da

administração pública (governo), a exportação, a formação de capital fixo e a

variação dos estoques.

A Tabela de Produção e de Distribuição Operacional da Renda detalha,

por atividade, o valor adicionado (valor da produção menos o consumo

intermediário) e sua distribuição operacional, composta basicamente da

remuneração dos assalariados (salários e contribuições sociais), impostos e

subsídios sobre a atividade e, por saldo, o excedente operacional bruto.

Além dessas tabelas, também são fornecidas as tabelas de consumo

intermediário a preços básicos de produtos nacionais e de importados, as

tabelas de produção, de impostos e de valor adicionado.

Lamentavelmente, o IBGE não detalha de forma consistente as

atividades e os produtos do setor florestal. Nota-se que o Quadro 1 não

destaca atividades como a silvicultura (primeiro estádio da produção florestal),

29

o carvoejamento, a siderurgia a carvão vegetal, a produção de resinas, entre

outras, assim como seus respectivos produtos.

Os produtos da silvicultura estão agregados no item Outros Produtos

Agropecuários (0199) na atividade Agropecuária (01). A atividade Siderurgia

(05) não é discriminada em Siderurgia à base de carvão vegetal e à base de

carvão mineral. O produto carvão vegetal não é destacado no Quadro 1.

Com antecedência, pode-se afirmar que essas situações podem

subestimar a importância do setor, quanto a sua participação no valor da

produção brasileira, no Produto Interno Bruto (PIB), na geração de empregos,

na arrecadação de impostos, nos resultados da balança comercial, na

distribuição da renda, etc.

3.2. Classificação das atividades e produtos das TIPs

As TIPs do IBGE para o ano de 1995 compõem-se de 42 atividades e

80 produtos, classificados conforme o Quadro 1.

30

Quadro 1 - Classificação das atividades e produtos brasileiros em 1995

Atividades Produtos 01 Agropecuária 0101 Café em Coco 0102 Cana-de-Açúcar 0103 Arroz em Casca 0104 Trigo em Grão 0105 Soja em Grão 0106 Algodão em Caroço 0107 Milho em Grão 0108 Bovinos e Suínos 0109 Leite Natural 0110 Aves Vivas 0199 Outros Produtos Agropecuários 02 Extrativa Mineral 0201 Minério de Ferro 0202 Outros Minerais 03 Extração de Petróleo e Gás 0301 Petróleo e Gás 0302 Carvão e Outros 04 Minerais Não-Metálicos 0401 Produtos Minerais Não-Metálicos 05 Siderurgia 0501 Produtos Siderúrgicos Básicos 0502 Laminados de Aço 06 Metalurgia Não-Ferrosos 0601 Produtos Metalúrgicos Não-Ferrosos 07 Outros Metalúrgicos 0701 Outros Produtos Metalúrgicos 08 Máquinas e Tratores 0801 Fabricação e Manutenção de Máquinas e Equipamentos 0802 Tratores e Máquinas para Terraplanagem 10 Material Elétrico 1001 Material Elétrico 11 Equipamentos Eletrônicos 1101 Equipamentos Eletrônicos 12 Automóveis, Caminhões e Ônibus 1201 Automóveis, Caminhões e Ônibus 13 Outros Veículos e Peças 1301 Outros Veículos e Peças 14 Madeira e Mobiliário 1401 Madeira e Mobiliário 15 Papel e Gráfica 1501 Papel, Celulose, Papelão e Artefatos 16 Indústria da Borracha 1601 Produtos Derivados da Borracha 17 Elementos Químicos 1701 Elementos Químicos Não-Petroquímicos 1702 Álcool de Cana e de Cereais 18 Refino do Petróleo 1801 Gasolina Pura 1802 Óleos Combustíveis 1803 Outros Produtos Do Refino 1804 Produtos Petroquímicos Básicos 1805 Resinas 1806 Gasoalcool 19 Químicos Diversos 1901 Adubos 1902 Tintas 1903 Outros Produtos Químicos 20 Farmacêutica e Perfumaria 2001 Produtos Farmacêuticos e de Perfumaria 21 Artigos de Plástico 2101 Artigos de Plástico 22 Indústria Têxtil 2201 Fios Têxteis Naturais 2202 Tecidos Naturais 2203 Fios Têxteis Artificiais 2204 Tecidos Artificiais 2205 Outros Produtos Têxteis 23 Artigos do Vestuário 2301 Artigos do Vestuário 24 Fabricação de Calçados 2401 Produtos de Couro e Calçados 25 Indústria do Café 2501 Produtos do Café 26 Beneficiamento de Produtos Vegetais 2601 Arroz Beneficiado 2602 Farinha de Trigo 2603 Outros Produtos Vegetais Beneficiados 27 Abate de Animais 2701 Carne Bovina 2702 Carne de Aves Abatidas 28 Indústria de Laticínios 2801 Leite Beneficiado 2802 Outros Laticínios 29 Indústria de Açúcar 2901 Açúcar 30 Fabricação de Óleos Vegetais 3001 Óleos Vegetais em Bruto 3002 Óleos Vegetais Refinados 31 Outros Produtos Alimentares 3101 Outros Produtos Alimentares Inclusive Rações 3102 Bebidas 32 Indústrias Diversas 3201 Produtos Diversos 33 Serv. Indust. Utilid. Pública 3301 Serviços Industriais de Utilidade Pública

Continua ...

31

Quadro 1, Cont.

Atividades Produtos 34 Construção Civil 3401 Produtos da Construção Civil 35 Comércio 3501 Margem de Comércio 36 Transportes 3601 Margem de Transporte 37 Comunicações 3701 Comunicações 38 Instituições Financeiras 3801 Seguros 35 Comércio 3501 Margem de Comércio 36 Transportes 3601 Margem de Transporte 37 Comunicações 3701 Comunicações 38 Instituições Financeiras 3801 Seguros 3802 Serviços Financeiros 39 Serv. Prest. às Famílias 3901 Alojamento e Alimentação 3902 Outros Serviços 3903 Saúde e Educação Mercantis 40 Serv. Prest. as Empresas 4001 Serviços Prestados às Empresas 41 Aluguel de Imóveis 4101 Aluguel de Imóveis 4102 Aluguel Imputado 42 Administração Pública 4201 Administração Pública 4202 Saúde Pública 4203 Educação Pública 43 Serv. Priv. Não-Mercantis 4301 Serviços Privados Não Mercantis

Fonte: IBGE, 1995.

3.3 Agregação das atividades em setores

Neste trabalho, as 42 atividades e os 80 produtos foram agregados em

13 setores. Como o principal setor a ser analisado é o Florestal, procurou-se

agregar as atividades em função da inter-relação (demanda e oferta) do setor

Florestal com os demais setores consumidores e fornecedores de produtos da

Indústria Florestal. Além disso, destacam-se alguns outros setores,

caracterizados como intensivos em capital e constituídos por multinacionais,

muitas vezes citados de forma errada, como setores-chave da economia, dado

as suas contribuições para os indicadores sócio-econômicos, para servirem

como referência nas comparações setoriais. Esse é o caso da indústria

automibilística (veículos), eletroeletrônica, maquinário, etc. O Quadro 2

apresenta a agregação em treze setores dessas atividades e produtos.

O primeiro setor da agregação é o da Agricultura (01). Nele foram

agregados os produtos da Agropecuária (01): Café em Coco (0101), Cana-de-

Açúcar (0102), Arroz em Casca (0103), Trigo em Grão (0104), Soja em Grão

(0105), Algodão em Caroço (0106), Milho em Grão (0107), Bovinos e Suínos

(0108), Leite Natural (0109), Aves Vivas (0110) e Outros Produtos

Agropecuários (0199).

32

Quadro 2 - Agregação das atividades em setores Setor Atividade

01 Agricultura 01 Agropecuária 02 Mineração 02 Extrativa Mineral 03 Extração de Petróleo e Gás 04 Minerais Não-Metálicos 03 Metalsiderúrgico 05 Siderurgia 06 Metalúrgia Não-Ferrosos 07 Outros Metalúrgicos 04 Maquinário 08 Máquinas e Tratores 05 Eletroeletrônico 10 Material Elétrico 11 Equipamentos Eletrônicos 06 Veículos 12 Automóveis,Caminhões e Ônibus 13 Outros Veículos e Peças 07 Florestal 14 Madeira e Mobiliário 15 Papel e Gráfica 16 Indústria da Borracha 08 Petroquímico 17 Elementos Químicos 18 Refino do Petróleo 19 Químicos Diversos 09 Fármaco 20 Farmacêutica e Perfumaria 10 Plástico 21 Artigos de Plástico 22 Indústria Têxtil 23 Artigos do Vestuário 24 Fabricação de Calçados 11 Alimentícios 25 Indústria do Café 26 Beneficiamento de Produtos Vegetais 27 Abate de Animais 28 Indústria de Laticínios 29 Indústria de Açúcar 30 Fabricação de Óleos Vegetais 31 Outros Produtos Alimentares 12 Diversos 32 Indústrias Diversas 13 Serviços 33 Serviços Industriais de Utilidade Pública 34 Construção Civil 35 Comércio 36 Transportes 37 Comunicações 38 Instituições Financeiras 39 Serviços Prestados às Famílias 40 Serviços Prestados às Empresas 41 Aluguel de Imóveis 42 Administração Pública 43 Serviços Privados Não-Mercantis

Fonte: preparado pelo autor.

33

As atividades Extração Mineral (02), Extração de Petróleo e Gás (03) e

Minerais Não-Metálicos (04) foram agregadas no setor Mineração (02),

compondo-se dos produtos Minério de Ferro (0201), Outros Minerais (0202),

Petróleo e Gás (0301), Carvão e Outros (0302) e Produtos Minerais Não-

Metálicos (0401). A agregação Metalsiderúrgico (03) constituiu-se das

atividades Siderurgia (05), Metalurgia Não-Ferroso (06) e Outros Metalúrgicos

(07) e seus produtos são Produtos Siderúrgicos Básicos (0501), Laminados de

Aço (0502), Produtos Metalúrgicos Não-Ferrosos (0601) e Outros Produtos

Metalúrgicos (0701).

Em Maquinário (04) foram agregados os produtos Fabricação e

Manutenção de Máquinas e Equipamentos (0801) e Tratores e Máquinas

Terraplanagem (0802) da atividade Máquinas e Tratores (08). Para a

agregação Eletroeletrônico (05), agregaram-se as atividades Material Elétrico

(10) e Equipamentos Eletrônicos (11), constituídas dos produtos Material

Elétrico (1001) e Equipamentos Eletrônicos (1101).

As atividades Automóveis, Caminhões e Ônibus (12) e Outros Veículos

e Peças (13) foram agregadas em Veículos (06) contendo os produtos

Automóveis, Caminhões e Ônibus (1201) e Outros Veículos e Peças (1301).

A agregação Florestal constituiu-se das atividades de Madeira e

Mobiliário (14), Papel e Gráfica (15) e Indústria da Borracha (16) com os seus

respectivos produtos: Madeira e Mobiliário (1401), Papel, Celulose, Papelão e

Artefatos (1501) e produtos Derivados da Borracha (1601).

No setor Petroquímico (08), foram agregadas as atividades Elementos

Químicos (17), Refino de Petróleo (18) e Químicos Diversos (19), contendo os

produtos Elementos Químicos Não-Petroquímicos (1701), Álcool de Cana e de

Cereais (1702), Gasolina Pura (1801), Óleos Combustíveis (1802), Outros

Produtos do Refino (1803), Produtos Petroquímicos Básicos (1804), Resinas

(1805), Gasoalcool (1806), Adubos (1901), Tintas (1902) e Outros Produtos

Químicos (1903).

Fármaco (09) é o setor que representa as atividades Farmacêutica e

Perfumaria (20) com seus respectivos Produtos Farmacêuticos e de Perfumaria

(2001). As atividades Artigos de Plástico (21), Indústria Têxtil (22), Artigos do

Vestuário (23) e Fabricação de Calçados (24) foram agregadas em Plástico

(10) e contêm os seguintes produtos: Artigos de Plásticos (2101), Fios Têxteis

34

Naturais (2201), Tecidos Naturais (2202), Outros Produtos Têxteis (2301),

Artigos do Vestuário (2301) e Produtos de Couro e Calçados (2401).

A agregação Alimentícios (11) foi composta das atividades Indústria do

Café (25), Beneficiamento de Produtos Vegetais (26), Abate de Animais (27),

Indústria de Laticínios (28), Indústria de Açúcar (29), Fabricação de Óleos

Vegetais (30) e Outros Produtos Alimentares (31), contendo os Produtos do

Café (2501), Arroz Beneficiado (2601), Farinha de Trigo (2602), Outros

Produtos Vegetais Beneficiados (2603), Carne Bovina (2701), Carne de Aves

Abatidas (2702), Leite Beneficiado (2801), Outros Laticínios (2802), Açúcar

(2901), Óleos Vegetais em Bruto (3001), Óleos Vegetais Refinados (3101) e

Bebidas (3102).

Os Produtos Diversos (3201) das Indústrias Diversas (32) foram agregados no

setor Diversos (12). O setor Serviços foi o setor que agregou o maior número

de produtos e atividades, o que certamente poderá superestimar, os resultados

desse setor, em relação aos demais. Nesse setor, foram agregados os

produtos Serviços Industriais de Utilidade Pública (3301), Produtos da

Construção Civil (3401), Margem de Comércio (3501), Margem de Transporte

(3602), Comunicações (3701), Seguros (3801), Serviços Financeiros (3802),

Alojamento e Alimentação (3901), Outros Serviços (3902), Saúde e Educação

Mercantis (3903), Serviços Prestados às Empresas (4001), Aluguel de Imóveis

(4101), Aluguel Imputado (4102), Administração Pública (4201), Saúde Pública

(4202), Educação Pública (4203) e Serviços Privados Não-Mercantis (4301)

das respectivas atividades: Serviços Industriais de Utilidade Pública (33),

Construção Civil (34), Comércio (35), Transportes (36), Comunicações (37),

Instituições Financeiras (38), Serviços Prestados às Empresas (40), Aluguel de

Imóveis (41), Administração Pública (42) e Serviços Privados Não- Mercantis

(43).

3.4. Modelo econômico

Para a execução deste trabalho, foram empregados, nas análises

econômicas, os modelos multissetoriais de equilíbrio econômico geral,

constituídos das MIPs e das MCSs, para avaliar os fluxos intersetorias de bens

e serviços da economia e a estrutura produtiva da economia brasileira por meio

35

de fatores tecnológicos e econômicos e para calcular as matrizes de efeitos e

dos multiplicadores de impactos,

Pela MIP, calcularam-se os fluxos intersetorias e os multiplicadores de

impactos sobre a produção, o emprego, a renda (representada pelo pagamento

de salários, via remuneração do fator trabalho), os impostos e as importações,

enquanto, pela MCS, avaliou-se a estrutura produtiva da economia, tanto pelos

indicadores macroeconômicos, como PIB, Renda Nacional, balança comercial

e nível de poupança, quanto pelos microeconômicos do setor Florestal, como o

seu consumo de matéria-prima, participação no PIB, na balança comercial, na

produção, na formação da renda, no recolhimento dos impostos e no emprego.

Além disso, através da MCS, foram calculados os efeitos global, transferência,

cruzado e circular e os multiplicadores totais, decompostos em produção, valor

adicionado e renda das instituições.

3.4.1. Matriz de insumo-produto (MIP)

Na MIP, o sistema econômico aparece dividido em vários setores

produtivos, cada um dos quais é representado por uma linha, onde se

indica a distribuição da sua produção corrente, e por uma coluna, onde se

indicam os insumos correntes absorvidos em um dado período. Assim, o

elemento que aparecer na célula onde se encontra a i-ésima linha e j-ésima

coluna representa o valor da produção do setor i absorvido como insumo

pelo setor j (HADDAD, 1976).

O modelo da MIP empregado neste estudo encontra-se no Quadro 3.

Ele desagrega a conta de produção nos fluxos de transações intermediário e

final, entre os diferentes setores produtivos da economia. A MIP foi estruturada

em três blocos matriciais: valor adicionado; demanda final; e demanda

intermediária.

O valor adicionado é constituído pelos pagamentos aos fatores de

produção (trabalho e capital), mobilizados por cada setor para o

processamento e a transformação dos insumos em produtos. As remunerações

são expressas na forma de salários, juros, aluguéis, lucros e impostos líquidos

(impostos menos subsídios).

Quadro 3 - Estrutura da matriz de insumo-produto - MIP

Despesa Atividades

Receita 1 ... n

Demanda Final Total

1 Compra de insumos (oluna) Produção

Total

... e

Atividades

n Venda de produtos (linha)

Consumo

das

famílias

Consumo

do

governo

Investimento Exportações

Trabalho

(L)

Remuneração do trabalho (salários)

Valor

Adicionado Capital

(K)

Remuneração do capital (juros, aluguéis, etc.)

Impostos (T)

Recolhimento de impostos sobre a produção,

produtos e importação

Total Oferta total

36

A demanda final é constituída pelo consumo das famílias e do governo,

pelos investimentos realizados na formação de capital fixo pelas empresas e

pelo governo, e pelas exportações de bens e serviços para o resto do mundo.

A demanda intermediária são as transações intermediárias, dadas pelas

compras de insumos que um setor econômico faz a si próprio e a outros,

mostrando o grau de interdependência de cada um em relação àqueles que

absorvem sua produção e àqueles que fornecem os insumos de que necessita

para que sua produção se realize.

3.4.2. Matriz de contabilidade social (MCS)

A estrutura geral da MCS, empregada neste trabalho, está

representada no Quadro 4. Não existe uma maneira única de desagregar e

organizar os dados numa MCS (SADOULET e JANVRY, 1995). O número de

contas, em cada categoria vai depender dos objetivos do estudo. Na MCS,

assim como na MIP, os pagamentos (despesas) são listados nas colunas, e as

receitas nas linhas, de forma tal que, no equilíbrio econômico, o total da coluna

e o total da linha, são iguais. O modelo da MCS adotado neste estudo contém

contas: Atividades, Produtos, Fatores de Produção (capital e trabalho),

Instituições (famílias, firmas e governos), Conta Capital e Resto do Mundo

(ROW).

As contas Atividades são usadas para a compra de insumos intermediários,

pagamento de fatores de produção, na forma de salários como remuneração

do trabalho e juros como remuneração do capital, e pagamento de imposto

sobre a produção para o governo. As receitas das atividades derivam da venda

dos produtos ao mercado doméstico, das exportações e dos subsídios às

exportações recebidos do governo.

A conta Produto compra produtos domésticos e importados e paga

impostos sobre os produtos domésticos e importados. Suas receitas provêm da

venda no mercado doméstico de insumos intermediários para as atividades, de

produtos final para as famílias e para o governo e do investimento da conta

capital.

37

Quadro 4 - Matriz de contabilidade social (MCS)

Receitas Valor Adicionado Instituições Despesas

Atividades Produtos Trabalho Capital Famílias Firmas Governo

Conta Capital

Resto do Mundo Total

Atividades Vendas Domésticas

Subsídios à Exportação

Exportação Produção Total

Produtos Consumo Intermediário

Consumo das Famílias

Consumo do Governo

Investimento Demanda Doméstica

Trabalho Pagamentos de Salários

Salários pagos pelo ROW

Valor Adicionado

Capital Juros sobre o Capital

Lucros pagos pelo ROW

Produto Nacional

Bruto

Famílias Renda do Trabalho

Lucro Distribuído

Transferência entre Famílias

Transferência para Famílias

Firmas Lucro não Distribuído

Transferência Transferência para as Firmas

Impostos sobre Contribuição Social do

Imposto de Impostos

Instituições

Governo

Produção Produtos e Importados

Trabalho Capital Renda Lucro

Transferência do ROW para as Instituições

(Famílias, Firmas e Governo)

Renda das Instituições (Famílias, Firmas e Governo)

Conta Capital Poupança das Famílias

Poupança das Firmas

Poupança doGoverno

Transferência de Capital

Poupança Total

ROW Importação Remuneração do Capital e do Trabalho do ROW

Transferência das Instituições para o ROW

Renda enviada ao

ROW Total Produção

Total Oferta

Doméstica Despesas com Fatores Despesas das Instituições Investimento

Total Rendas vindas

do ROW

39

A conta Fatores de Produção (capital e trabalho) recebe pagamentos

da venda de seus serviços para as atividades na forma de salários e juros e

rendas transferidas do ROW. Essas receitas são depois distribuídas para as

famílias, como renda do trabalho e lucro distribuído, e para as firmas, como

lucro não-distribuído, após os pagamentos das contribuições sociais

correspondentes para o governo.

Pelo lado das Instituições, as famílias recebem renda dos fatores de

produção, conforme descrito acima, e várias transferências vindas de outras

famílias, do governo, das firmas e do resto do mundo. Por outro lado, seus

gastos consistem do consumo e do pagamento de impostos e, por diferença, a

poupança para a conta capital. As despesas governamentais consistem no

pagamento dos serviços prestados pelas atividades, das transferências para as

famílias e firmas, e o restante, nas poupanças do governo para a conta capital.

No lado da receita, o governo recebe os impostos e a transferência de capital

vinda do ROW.

A Conta Capital coleta as poupanças junto com as transferências de

capital do resto do mundo. Disso provém a necessidade financeira para a

formação de capital fixo doméstico e variação de estoque.

As transações entre a economia doméstica e o resto do mundo são registradas

na última conta (ROW). A economia recebe renda do resto do mundo como

pagamento das exportações e paga os importados do resto do mundo.

Similarmente, alguns recebimentos dos Fatores de Produção e Instituições vêm

do exterior, compensando o pagamento de fatores para o resto do mundo. O

déficit da conta corrente é coberto pela transferência de capital líquido do

exterior, que aparece como poupança externa.

3.5. Transformação das tabelas de produção e de consumo intermediário das TIPs em matriz de coeficientes de insumo-produto

Na compilação de uma matriz de insumo-produto, são adotados

procedimentos para transformação dos dados básicos, apresentados nas TIPs,

em matrizes de coeficientes técnicos.

Os procedimentos para o cálculo dos coeficientes técnicos podem ser

divididos em duas etapas: a construção de uma base de dados adequada ao

40

modelo teórico adotado e, em seguida, o cálculo dos coeficientes. As

chamadas TIPs são o resultado da primeira etapa, quando os dados

disponíveis são dispostos de acordo com as variáveis do modelo teórico

O sistema estatístico representado nas TIPs do Brasil, relativas ao ano

de 1995, estabelece dois tipos de referências de atividades (42) e produtos

(80), que possibilitam o cálculo de dois sistemas de Leontief; um deles

associado às matrizes produto por produto, e outro, às matrizes atividade por

atividade.

A transformação dos dados básicos das diversas tabelas de insumo-

produto em coeficientes técnicos diretos pode ser feita sob a hipótese de

tecnologia do setor e de tecnologia do produto.

Sob a hipótese de tecnologia do setor, admite-se que a tecnologia seja

uma característica das atividades, isto é, a tecnologia para produção dos

produtos é aquela da atividade que o produz. No caso da hipótese de

tecnologia do produto, considera-se que a tecnologia seja uma característica

do produto, independente da atividade que o produz.

Adotando-se o procedimento sob a hipótese de tecnologia do setor,

obtém-se uma MIP com dimensão 42 x 42 e um nível de agregação

equivalente às atividades definidas nas TIPs, conforme RAMOS (1997). As

transformações dos dados básicos em coeficientes técnicos foram feitas

considerando-se a metodologia adotada por RAMOS (1997), conforme descrito

no Apêndice.

O cálculo da matriz de coeficientes técnicos baseia-se nas Tabelas de

Produção e de Consumo Intermediário das TIPs, em que o consumo, final e

intermediário, deve ser detalhado em produtos de origem nacional, para refletir

o impacto de variações na demanda final por produtos nacionais sobre o nível

de produção, em que o uso de quantidades reflete, de maneira mais adequada,

a idéia de coeficientes técnicos. Para isso, os elementos da MIP devem ser

expressos em preços básicos aproximados, deduzindo-se dos valores de

preços ao consumidor as parcelas referentes à influência do governo (impostos

e subsídios) e do processo de distribuição (margem de comércio e de

transporte).

Com a utilização dessa forma de expressão do preço, buscam-se maior

homogeneidade e melhor representação do processo produtivo, uma vez que

41

são excluídos os impostos e as margens de comércio e transporte, sujeitos a

alterações não-relacionadas com a tecnologia do processo produtivo.

3.6. Modelo analítico

O modelo básico da equação de insumo-produto (modelo de Leontief),

decomposto a seguir, constituirá a base para se chegar às matrizes dos

multiplicadores e ao modelo de equação da MCS, usado para calcular seus

coeficientes de efeitos, visto que a MCS é constituída, basicamente, das

informações contidas na MIP, mais os dados sobre o fluxo social da economia.

3.6.1. Matriz de insumo-produto

A contabilidade de insumo-produto, estruturada no Quadro 3, pode ser

transformada num modelo analítico, visando a dar suporte às análises

econômicas das simulações de demandas setoriais exógenas e aos cálculos

dos multiplicadores, usando-se a esquematização apresentada no Quadro 5.

Quadro 5 - Esquematização da matriz de insumo-produto - MIP

Despesas Atividades Receitas 1 ... n

Demanda

Final

Demanda

Total 1 X11 ... X1n Y1 X1

... ... ...

Atividades

n Xn1 ... Xnn Yn Xn

Trabalho (L) L1 ... Ln Valor Adicionado Capital (K) K1 ... Kn

Impostos (T) T1 ... Tn

Oferta Total X1 ... Xn

42

No esquema apresentado,

Xij = produção do setor i vendido para o setor j como insumo intermediário, i, j = 1, ..., n; Yi = demanda final por produtos do setor i, i = 1, ..., n; Xi = oferta total do setor i, i = 1, ...., n; Lj = remuneração do trabalho usado no setor j, j = 1, ..., n; Kj = Remuneração do capital usado no setor j, j = 1, ..., n; e Tj = impostos diretos líquidos pagos pelo setor j, j = 1, ..., n.

A partir do Quadro 5, descrevem-se os fluxos intersetoriais de bens e

serviços da economia, por meio de um sistema de equações simultâneas, da

seguinte forma:

tal que a quantidade de produtos dos setores i’s, requerida para a produção do

setor j, Xij, é assumida como sendo proporcional à produção total Xj do setor j,

representado por um coeficiente de insumo-produto aij.

O equilíbrio entre a oferta e demanda total para cada setor é definido

como

Substituindo-se a equação (1) pela equação (2), tem-se

Esta relação é determinada matricialmente por

em que

X = vetor (nx1) com o produto total de cada setor;

Y = vetor (nx1) com a demanda final setorial; e

A = matriz (n x n) com os coeficientes técnicos de insumo-produto.

X X Yi ij ij

n

= +=∑

1, ( )2

.1∑=

+=n

jiYjXijaiX ( )3

,YAXX += ( )4

,jXijaijX = ( )1

43

Nesse modelo, com o vetor de demanda final setorial conhecido e fixo,

pode-se determinar o vetor de produto total setorial através da seguinte

equação matricial:

A equação matricial (5) representa o modelo básico de Leontief, obtido

da matriz de coeficientes técnicos de insumo-produto direta, sendo (I - A)-1 a

matriz dos multiplicadores de impacto de insumo-produto e Y o vetor de

demanda final. Como no caso brasileiro o IBGE fornece as TIPs, separadas em

tabela de consumo intermediário (U) e tabela de produção (V), torna-se

necessária a obtenção de uma matriz de coeficientes técnicos transformada.

Para isso, adota-se a tecnologia do setor com enfoque setor por setor, segundo

o processo de transformação usado por RAMOS (1997), descrito no Apêndice

1A, conforme a equação (14A).

X = (I - D.B)-1 .(D.Y), (6)

em que

D = matriz dos coeficientes dji como a participação do setor j na produção do produto i; B = matriz dos coeficientes bij como o valor do produto i necessário para a produção de uma unidade monetária no setor j; e

Y = matriz de demanda final por produtos nacionais.

3.6.2. Matriz de contabilidade social (MCS)

Para se obter o modelo analítico da MCS, é necessário separar suas

contas em endógenas e exógenas. Uma questão importante é determinar quais

contas podem ser tomadas como exógenas, e quais, como endógenas. Contas

endógenas são aquelas para as quais mudanças no nível das despesas são

reflexos de qualquer mudança na renda, enquanto as contas exógenas são

aquelas para as quais assume-se que as despesas são consideradas

independentes da renda. As contas governo, capital e ROW, geralmente são

tomadas como exógenas, justificando a escolha com base na teoria

macroeconômica e nos objetivos do estudo.

( ) .1YAIX −−= ( )5

44

Neste trabalho, a MCS foi estruturada conforme a metodologia de

PYATT e ROUND (1985), considerando-se como bloco de contas endógenas,

atividades produtivas, instituições e valor adicionado; e como blocos de conta

exógena, conta capital e resto do mundo, conforme demonstrado no Quadro 6.

A lógica de integração desses blocos de contas funciona da seguinte forma: se

um estímulo exógeno é dado às atividades produtivas, estas, ao responderem

a tal estímulo, geram a renda que vai remunerar os fatores produtivos (trabalho

e capital), na forma de salários e lucros; essa renda, por sua vez, ao ser

repassada às instituições, é gasta em poupança, e em consumo e investimento

nas atividades produtivas que, em seguida, dão continuidade ao fluxo circular

da economia.

Quadro 6 - Esquematização da matriz de contabilidade social (MCS)

Despesas Endógena Exógena Total Atividades Instituições Valor

Adicionado Conta Capital

ROW

Receitas 1 ... n Firmas Famílias Governo (L) (K) 1 A11 ... An 0 F1 G1 0 0 I1 E1 X1 Atividades ... ... ... ... ... ... ... 0 0 ... ... ... n A1n ... Ann 0 Fn Gn 0 0 In En Xn Firmas 0 0 0 Frfr Ffr Gfr 0 Kfr 0 Efr Xfr

Endógena Instituição Famílias 0 0 0 Frf Ff Gf Lf Kf 0 Ef Xf Governo 0 0 0 Frg Fg Gg 0 0 0 Eg Xg

Valor Adicionado

Trabalho(L)

L1 ... Ln 0 0 0 0 0 0 El Xl

Capital(K)

K1 ... Kn 0 0 0 0 0 0 Ek Xk

Exógena

Conta Capital

0 0 0 Pfr Pf Pg 0 0 0 Ec Xc

Resto do Mundo

(ROW) m1 ... mn mfr mf mg Lm Km 0 Ee Xe

Total X1 ... Xn Xfr Xf Xg Xl Xk Xc Xe

37

Para se obter a equação básica que possibilite o cálculo dos multiplicadores da

MCS, é preciso transformar a matriz apresentada no Quadro 6 em notação

matricial, conforme o Quadro 7. O Quadro 7 mostra, além das transformações

matriciais, as partições da MCS envolvendo os três blocos de contas

endógenas e os dois de contas exógenas.

No Quadro 6, T11 = mostra a distribuição dos insumos intermediários entre as atividades produtivas; T31 = mostra a estrutura do valor adicionado, sendo gerado pelas atividades

produtivas e alocado na forma de salários e lucros; T23 = mostra a transferência de renda do valor adicionado para as instituições; T22 = mostra a distribuição de renda dentro e entre grupos de consumidores, empresas e o governo; e T12 = mostra o padrão de gasto das instituições nos diferentes bens e serviços.

As informações contidas no Quadro 7 podem ser resumidas em um

único bloco de contas endógenas e um de contas exógenas, com suas

respectivas somas. Pelo Quadro 8, o total dos gastos da conta endógena Tii é

representado por n e o total dos gastos da conta exógena Tij é representado

por Y.

43

Quadro 7 - Notação matricial da matriz de contabilidade social (MCS)

Despesas Endógena Exógena Total Atividades Instituições Valor Adicionado

Receitas 1 ... n Firmas Famílias Governo (L) (K) Conta Capital

ROW

1 Atividades ... T11

T12

0

Y1 X1

n Endógena Firmas

Instituição Famílias 0 T22 T23 Y2 X2 Governo Valor

Adicionado Trabalho (L)

Capital (K)T31

0

0

Y3 X3

Exógena Conta Capital

Resto do Mundo m1

m2

m3

z X4

Total

X1

X2

X3

X4

53

Quadro 8 - Representação simplificada das contas endógenas e exógenas da MCS Despesas Contas Contas Total Receitas Endógenas Soma Exógenas Soma

Contas

Endógenas

Tii

N

Tij

Y

Xi

Contas

Exógenas

Tji

M

Tjj

Z

Xj

Total Xi Xj

Dessa forma, tem-se que

Xi = n + Y. (7)

Da mesma forma, a renda recebida das contas exógenas é dada por:

Xj = m + z. (8)

Os elementos da matriz de transações endógenas (Tii) podem ser expressos,

como uma proporção da soma total, correspondente a cada coluna, isto é,

como uma propensão média a gastar.

Tii = Ai.Xi, (9)

sendo Xi uma matriz diagonal cujos elementos são Xi (i = 1, ..., n) e as colunas

de Ai representam as propensões médias a gastar, geradas a partir do bloco de

matrizes do Quadro 7. Similarmente,

Tji = AkXi. (10)

Com a inclusão das matrizes Ai e Ak, n e m, descreve-se

n = AiXi (11)

e

m = AkXi, (12)

em que Ai e Ak são, respectivamente, as matrizes de propensões médias a

gastar das contas endógenas e exógenas. Assim, da expressão (7) obtém-se

a equação básica da MCS, utilizada para o cálculo das suas matrizes de

efeitos, conforme:

Xi = AiXi + Y, (13)

54

tal que

Y = Xi - AiXi, (14)

ou seja,

Y = (I - Ai)Xi. (15)

Isolando-se X, e usando-se a notação matricial, tem-se

X = (I - A)-1Y. (16)

Os valores da matriz A são determinados da seguinte forma:

T12 = A12X2;

T22 = A22X2;

T23 = A23X3;

T31 = A31X1; e

T11 = A11X1.

Desse modo, a matriz A é igual a:

3.7. Matriz dos multiplicadores de impacto da MIP

As matrizes de coeficientes técnicos de insumo-produto descrevem a

rede de ligações intersetoriais de uma economia. Por meio delas, vários

prognósticos podem ser computados a partir das mudanças verificadas nas

demandas exógenas e obtidos por meio da análise dos multiplicadores de

impacto de produto, renda, emprego, arrecadação de impostos, consumo de

produtos importados, etc.

O multiplicador de produto, para dado setor econômico, mede a

mudança no produto total de todos os setores produtivos resultantes da

mudança de uma unidade monetária da demanda final dos produtos daquele

setor. Assim, se Y1 incrementa de uma unidade, o multiplicador de produto

para um determinado setor é dado por:

AA A

A AA

=11 12

22 23

31

00

0 0

55

O primeiro termo da expressão matricial acima (I - A)-1 é a matriz dos

multiplicadores de impacto de insumo-produto e o segundo é o vetor de

demanda final. Isso significa que, para um incremento de uma unidade na

demanda final de produtos do setor 1, esse setor pode crescer de ΣAi1

(i = 1, ..., n).

No caso das outras variáveis econômicas de interesse, como renda,

emprego, impostos e importações, tem-se que injeções, nas atividades

econômicas através do aumento da demanda final, levam a dois tipos de

multiplicadores de impacto econômico: Tipo I e Tipo II. Essas injeções

desencadeiam uma série de impactos, de forma que uma mudança na

necessidade de produto de um determinado setor causa mudanças na

produção, na renda, no consumo de produtos importados, no recolhimento de

impostos e no emprego (multiplicadores do tipo I). O aumento da renda e do

emprego gera um novo aumento no consumo por mais produto que reflete nas

mesmas mudanças, e assim por diante (multiplicadores do tipo II). Conforme

descrito acima, o impacto econômico na produção é estimado por

X = (I - A)-1 .( Y).

As mudanças nos níveis das outras variáveis econômicas são, então,

calculadas pela multiplicação dos seus coeficientes técnicos pela variação na

produção ( X) resultante da injeção no consumo setorial. Considerando, por

exemplo, o impacto na renda, tem-se o como coeficiente de renda rj:

em que

rj = efeito direto da renda (coeficiente direto de renda);

Xsj = quantidade do valor do trabalho ao setor j para produzir Xj; e

Xj = valor bruto da produção do setor j (j = 1....n).

Dessa forma, o multiplicador de impacto na renda do tipo I (RI) é

,XjXsjrj =

.1

11...2111

0...01

......1

............2...22211...1211

∑=

=+++=⋅n

iiAnAAA

nnAnA

nAAAnAAA

56

RI = rj. X.

O mesmo raciocínio pode ser estendido para as outras variáveis

(impostos, importações, emprego, etc).

No caso do multiplicador de renda do tipo II, calcula-se primeiro o efeito

direto e indireto de renda (rij), transpondo-se a matriz dos multiplicadores de

impacto (I - A)-1 e multiplicando-se pelo vetor de coeficiente direto de renda rj:

Então, o multiplicador de renda do tipo II (RII) é obtido pela divisão do efeito

direto e indireto, pelo efeito direto de renda, ou seja:

RIIj é a renda gerada, direta e indiretamente, por unidade monetária

injetada diretamente no setor j.

Idem no caso dos multiplicadores do tipo II, para as outras variáveis.

Para renda e emprego, serão calculados os dois tipos de multiplicadores,

enquanto para impostos e importações apenas o do tipo I.

3.8. Decomposição da matriz de efeitos da MCS

Definindo (I - A)-1 da equação básica (16) como Ma, tem-se:

X = (I - A)-1Y = MaY.

Esta expressão representa a renda setorial endógena como resultado

das injeções dos multiplicadores contábeis. O desenvolvimento de PYATT e

ROUND (1985) para o cálculo das matrizes de efeitos (globais, transferência,

A A AA A A

A A A

rr

r

rr

r

n

n

n n nn n n

11 21 1

12 22 2

1 2

1

2

11

21

1

...

...... ... ... ...

...... ...⋅ =

rrrr

rr

RR

Rn

n

n

11

1

21

2

1

1

2

......

=

57

cruzado e circular) é feito através da partição adequada da matriz A, em duas

outras matrizes, B e C, de modo que A = B + C.

A = B + C

O processo algébrico, utilizado na decomposição do efeito multiplicador

global, levando em conta as matrizes divididas B e C, é o descrito a seguir:

X = AX + Y = (A + B - B).X + Y

X = (A - B). + B.X + Y

X = (I - B)-1.(A - B).X + (I - B)-1.Y

Fazendo D = (I - B)-1.(A - B), tem-se que

X = D.X + (I - B)-1. (17)

Este é o primeiro round do processo.

Multiplicando-se a equação (17) por D e substituindo-se o valor

encontrado (D.Y), tem-se que

X = D2X + (I + D).(I - B)-1.Y. (18)

Este é o segundo round.

Analogamente, multiplicando-se a equação (17) por D2, substituindo-se

o resultado (D2X) na equação (18) e isolando-se o valor de X, tem-se que

X = (I - D3)-1.(I+D+D2).(I - B)-1.Y, (19)

que é o terceiro e último round.

Fazendo Ma1 = (I - B)-1

Ma2 = (I + D + D2)

Ma3 = (I - D3)-1

Se igualar a equação (19) à equação padrão X = Ma.Y, obtém-se a

matriz de efeitos globais como o resultado de três outros efeitos: o efeito

transferência (Ma1); o efeito cruzado (Ma2); e o efeito circular (Ma3), ou seja:

Ma = Ma3.Ma2.Ma1. (20)

A matriz de efeito transferência (Ma1) capta o efeito da transferência de

insumos e produtos entre as atividades produtivas, semelhante ao multiplicador

de impacto na produção da MIP.

AA A

A AA

AA

AA

A= = +

11 12

22 23

31

11

22

12

23

31

00

0 0

0 00 00 0 0

0 00 0

0 0

58

A matriz de efeito cruzado (Ma2) capta as interações dentro e entre os

três blocos de contas endógenas. Reflete os efeitos de mudanças exógenas na

distribuição de renda sobre o produto e o emprego, sem considerar os efeitos

de mudanças no emprego e produto sobre a distribuição de renda.

A matriz de efeito circular (Ma3) assegura que o fluxo circular se

completa entre as atividades endógenas, ou seja, os impactos de uma injeção

original que fluem das atividades produtivas para o valor adicionado, deste para

as instituições e de volta para as atividades produtivas.

3.9. Índices de efeito de Rasmussem-Hirshman

A partir da equação X = (I - DB)-1(D.Y), e seguindo-se a metodologia

proposta por Rasmussen (1956) e Hirschman (1958), citados por VIEIRA

(1996), consegue-se estabelecer os setores que teriam maior poder de

encadeamento dentro da economia, ou seja, pode-se calcular os efeitos para

trás (backward linkage), que determinam quanto um setor demanda dos

outros; e os efeitos para frente (forward linkage) que determinam o quanto esse

setor é demandado pelos outros (GUILHOTO et al.,1994).

Desse modo, a partir da equação A = (I - DB)-1, define-se aij como um

elemento da matriz inversa de Leontief A, A* a média de todos os elementos de

A e A*j e Ai* como sendo, respectivamente, a soma de uma coluna e de uma

linha típica de A e n o número de setores. Têm-se, então, os seguintes índices:

Índices de Efeito para trás (IEt):

IEt = [A*j/n]A*.

Índices de Efeito para frente (IEf):

IEf = [Ai*/n]/A*.

Os setores que apresentarem valores maiores que 1 (um), nos índices

acima, são considerados, pelo critério de Rasmussen e Hirschman, setores

chave da economia, o que significa dizer que tais setores são importantes na

estratégia de crescimento econômico de um país ou região que estiver sendo

analisado.

59

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como mencionado anteriormente, a matriz de coeficientes técnicos de

insumo-produto é a base para a elaboração das matrizes de insumo-produto

(MIP) e de contabilidade social (MCS) brasileira. Estas foram obtidas pelo

processo de transformação das tabelas de consumo intermediário e produção

das TIPs fornecidas pelo IBGE, segundo a metodologia apresentada por

RAMOS (1997), e que está demonstrada no Apêndice.

Outra informação importante, que deve preceder as discussões dos

resultados, refere-se à forma como o IBGE contabiliza as informações

relacionadas com as indústrias do setor Florestal. Nota-se, pelo Quadro 1, que

as atividades: silvicultura; carvoejamento; siderúrgicas, que utilizam carvão

vegetal e as atividades responsáveis pelo processamento mecânico da

madeira, não são descriminadas nas tabelas desse instituto. Mesmo assim, o

setor Florestal apresentou resultados interessantes quanto à contribuição para

o desenvolvimento sócio-econômico brasileiro, conforme será mostrado e

discutido adiante.

4.1. Matriz de insumo-produto brasileira, em 1995 Considerando-se a agregação setorial 13 x 13 (13 atividades por 13

produtos) e a transformação para se obter a matriz de coeficientes mostradas

na seção 3.3 e 3.5, e no Apêndice, respectivamente, obteve-se a matriz de

60

insumo-produto brasileira a preços básicos, para o ano de 1995, conforme

apresentado no Quadro 9. A matriz de insumo-produto de 1995, apresentada no Quadro 9, revela

a estrutura de produção da economia brasileira. Essa MIP contém, além da

matriz de coeficientes técnicos de dimensão 13x13, a matriz de demanda final

composta do consumo das famílias e do governo, das exportações, da

formação bruta de capital fixo e da variação de estoque, a conta de valor

adicionado constituída das remunerações do trabalho e do capital (excedente

operacional bruto) e dos impostos e subsídios sobre a produção, além da conta

com os impostos sobre os produtos domésticos e importados.

53

Quadro 9 - Matriz de insumo-produto brasileira a preços básicos em R$1.000,00, em1995 Produto Agricultura Mineração Metalsiderúrgico Maquinário Eletroeletrônico Veículos Florestal Petroquímico Fármaco Plásticos Alimentícios Agricultura 12.191.445 106.057 776.235 128 1.043 441 2.521.142 2.319.466 23.977 861.079 31.078.477 Mineração 290.836 4.327.258 1.634.912 135.273 523.655 267.640 150.085 4.597.184 209.623 30.583 647.689 Metalsiderúrgico 124.128 831.431 19.566.327 3.761.556 3.232.695 5.485.618 598.144 798.432 91.462 190.918 1.131.239 Maquinário 194.371 835.472 1.403.817 679.300 958.415 1.386.015 530.111 1.004.062 67.133 377.295 738.188 Eletroeletrônico 13.323 71.689 199.307 589.591 2.947.892 273.156 45.939 85.539 6.231 35.454 62.385 Veículos 16.035 36.279 105.188 387.086 77.429 7.842.661 44.532 38.871 4.049 19.546 44.314 Florestal 125.968 452.969 543.824 359.950 653.418 1.399.785 8.020.295 493.811 345.760 861.117 1.451.470 Petroquímico 6.879.531 1.776.785 1.805.971 354.277 712.509 860.295 3.112.580 15.466.160 1.130.689 4.358.683 1.507.311 Fármaco 235.766 8.209 12.447 1.363 2.210 2.008 13.710 93.684 27.677 8.078 110.856 Plásticos 357.201 93.585 141.423 190.170 686.543 570.869 864.542 305.662 202.401 11.505.969 1.231.569 Alimentícios 3.274.087 21.725 27.476 11.463 12.666 12.760 84.138 798.769 673.844 476.578 15.396.734 Diversos 39.223 61.778 404.678 16.910 40.493 65.007 261.625 134.982 15.003 79.047 88.614 Serviços 6.678.245 6.282.406 7.704.348 2.259.717 4.329.661 5.018.793 6.655.258 9.069.815 1.471.176 4.538.636 12.412.348 Subtotal 1 30.420.159 14.905.644 34.325.954 8.746.784 14.178.629 23.185.051 22.902.102 35.206.437 4.269.025 23.342.984 65.901.196 Importações 942.362 486.058 2.773.977 969.123 3.596.538 3.106.787 1.809.307 7.140.108 991.889 2.544.994 4.801.013 Subtotal 2 942.362 486.058 2.773.977 969.123 3.596.538 3.106.787 1.809.307 7.140.108 991.889 2.544.994 4.801.013 Total icms1 importados 30.037 - - - - - - - - - - Total ipi/iss importado 51.981 1.494 1.353 583 911 1.251 1.277 1.069 623 957 5.514 Imposto importação 52.800 24.411 89.397 74.767 253.769 232.604 82.592 537.298 50.088 181.319 196.865 Outros impostos importados 23.925 7.603 70.334 16.948 56.061 62.136 31.911 169.871 19.016 43.606 109.759 Subtotal 3 158.743 33.508 161.084 92.298 310.741 295.991 115.780 708.238 69.728 225.882 312.138 Total icms nacional 1.580.909 32.946 27.723 10.265 27.874 15.747 9.239 34.815 32.230 42.065 248.833 Total ipi/iss nacionais 165.241 56.247 43.463 20.733 40.603 39.934 40.800 63.193 35.023 51.825 250.981 Total out impostos nacionais 95.596 120.322 129.670 24.205 74.910 91.236 60.031 193.398 547 49.735 278.163 Subtotal 4 1.841.745 209.515 200.856 55.203 143.386 146.917 110.071 291.406 67.800 143.625 777.978 Subtotal 3 + 4 2.000.488 243.022 361.941 147.501 454.127 442.908 225.850 999.644 137.528 369.507 1.090.115 Remunerações 7.094.380 2.962.529 4.913.401 4.237.452 2.576.888 3.761.793 5.149.027 3.877.981 1.323.302 4.767.421 5.965.543 Excedente oper. corrigido 44.770.648 5.564.633 6.673.663 6.997.965 5.289.584 5.304.557 6.127.354 15.856.800 2.753.666 6.651.067 6.063.194 Outros Impostos Produção 1.954 821.919 1.647.484 773.802 876.610 1.211.798 1.248.524 2.044.268 329.414 1.289.423 2.746.448 Outros Subsídio Produção (1.930.299) - (12) (6.343) (2.643) (16.916) (49.374) - - (113.714) (39.363) Subtotal 5 49.936.683 9.349.081 13.234.536 12.002.876 8.740.439 10.261.232 12.475.531 21.779.049 4.406.382 12.594.197 14.735.822 Valor da Produção Calculada 83.299.692 24.983.805 50.696.407 21.866.284 26.969.733 36.995.977 37.412.790 65.125.238 9.804.824 38.851.682 86.528.146 1 Icms - imposto sobre circulação de mercadoria e serviço; ipi - imposto sobre produto industrial; iss - imposto sobre serviço.

Continua ...

54

Quadro 9, Cont.

Diversos Serviços Subtotal 1 FBCF Exportações Variação Estoque

Governo Famílias Subtotal 2 TOTAL

Agricultura 21.586 3.240.714 53.141.791 2.963.637 1.362.674 3.193.485 - 22.638.105 30.157.901 83.299.692 Mineração 324.312 7.817.365 20.956.416 7.407 2.919.570 349.883 - 750.529 4.027.389 24.983.805 Metalsiderúrgico 328.020 5.364.067 41.504.039 569.295 6.552.843 542.700 - 1.527.530 9.192.368 50.696.407 Maquinário 76.272 2.514.526 10.764.978 8.879.082 1.984.690 (540.289) - 777.824 11.101.306 21.866.284 Eletroeletrônico 51.680 3.381.528 7.763.713 6.359.109 2.027.579 508.034 - 10.311.298 19.206.020 26.969.733 Veículos 5.471 4.753.997 13.375.460 8.513.847 4.108.875 549.835 - 10.447.959 23.620.517 36.995.977 Florestal 264.790 10.601.429 25.574.586 1.377.288 3.721.889 206.783 - 6.532.244 11.838.204 37.412.790 Petroquímico 414.412 16.499.517 54.878.720 (41.545) 3.071.867 1.863.068 - 5.353.128 10.246.518 65.125.238 Fármaco 1.880 493.252 1.011.140 2.245 290.065 96.418 - 8.404.957 8.793.684 9.804.824 Plásticos 271.982 4.031.782 20.453.698 12.867 3.280.726 790.921 - 14.313.469 18.397.984 38.851.682 Alimentícios 14.945 7.638.572 28.443.758 36.612 9.759.817 891.742 - 47.396.217 58.084.388 86.528.146 Diversos 348.403 2.210.097 3.765.861 94.623 458.355 66.307 - 2.246.432 2.865.717 6.631.578 Serviços 1.520.005 124.804.406 192.744.815 87.842.941 8.966.426 776.763 126.652.130 207.202.396 431.440.655 624.185.470 Subtotal 1 3.643.757 193.351.253 474.378.974 116.617.407 48.505.376 9.295.650 126.652.130 337.902.089 638.972.652 1.113.351.626 Importações 205.757 10.674.594 9.072.520 189.015 756.018 - 13.662.934 Subtotal 2 205.757 10.674.594 Total icms importados - 705.355 689.337 - 45.794 - 1.182.861 Total ipi/iss importado 900 713.367 1.320.119 - 52.822 - 924.623 Imposto importação 12.857 435.274 848.721 22.639 36.067 - 1.844.070 Outros impostos importados 3.210 99.123 158.453 3.718 16.216 - 174.423 Subtotal 3 16.967 1.953.120 Total icms nacional 15.176 15.386.021 1.101.649 383.370 302.381 - 5.908.518 Total ipi/iss nacionais 26.463 5.163.110 2.945.227 672.099 769.551 - 23.692.532 Total outros impostos nacionais 16.069 1.014.668 - 140.438 (756) - 1.617.561 Subtotal 4 57.708 21.563.799 Subtotal 3 + 4 74.675 23.516.919 Remunerações 1.077.330 199.570.197 Excedente oper. corrigido 1.403.313 181.965.419 Outros Impostos Produção 226.746 16.523.787 Outros Subsídios Produção - (1.416.699) Sub Total 5 2.707.389 396.642.704 Valor da Produção Calculada 6.631.578 624.185.470 1 FBCF - Formação bruta de capital fixo

53

4.2. Matriz de contabilidade social e a estrutura econômica brasileira em 1995

Neste estudo, foram obtidos dois tipos de MCS, para o ano de 1995,

para a economia brasileira. O primeiro tipo teve o objetivo de descrever o fluxo

circular e a estrutura produtiva da economia para este ano. Nele, a MCS foi

elaborada a preços de consumidor, separando a conta Atividades da conta

Produtos (Quadro 10). O segundo, visou calcular os multiplicadores de efeitos.

Para isso, a MCS foi elaborada a preços básicos, empregando a matriz de

coeficientes técnicos de insumo-produto, transformada conforme RAMOS

(1997).

Assim, pela matriz do Quadro 10, pode-se conhecer os indicadores

macroeconômicos da economia brasileira e as informações em níveis

microeconômicos e setoriais, procurando sempre destacar o setor florestal e a

sua participação nesses indicadores.

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Quadro 10 – Matriz de contabilidade social brasileira (preços de consumidor em R$1.000,00), em 1995

Atividades Agricultura Mineração Metalsiderúrgico Maquinário Eletroeletrônico Veículos Florestal Petroquímico Fármaco Plásticos Alimentícios Diversos Serviços

Agricultura Mineração Metalsiderúrgico Maquinário Eletroeletrônico Veículos Florestal Petroquímico Fármaco Plásticos Alimentícios Diversos Agricultura 13.825.038 114.573 873.381 - - - 2.861.074 2.417.800 19.408 1.000.949 34.013.138 22.662 Mineração 364.939 4.973.300 3.226.031 173.164 623.485 318.902 168.758 7.712.562 247.259 32.345 768.566 394.259 Metalsiderúrgico 179.735 908.098 21.641.126 4.267.480 3.726.605 6.234.790 656.672 801.198 96.874 200.131 1.286.634 385.452 Maquinário 257.174 1.004.747 1.567.474 1.182.479 1.122.746 1.521.167 613.999 1.219.909 79.149 450.302 860.505 70.795 Eletroeletrônico 2.861 57.949 178.461 796.707 6.617.423 243.995 29.865 60.770 2.743 23.317 33.241 64.366 Veículos 9.622 3.338 26.230 365.930 17.724 10.723.097 15.277 1.183 - 505 336 909 Florestal 121.183 610.745 686.023 474.006 831.908 1.645.775 10.737.146 656.133 483.815 1.069.586 1.955.276 353.663 Petroquímico 9.330.531 1.989.848 2.137.772 432.375 848.807 965.165 3.667.164 20.656.706 1.468.891 5.304.581 1.717.493 500.570 Fármaco 315.129 - - - - - - 75.296 754.445 - 129.795 833 Plásticos 488.516 105.391 146.645 237.205 807.103 657.989 976.942 345.342 236.698 13.798.936 1.378.115 311.276 Alimentícios 4.060.253 15.862 11.092 9.045 6.611 6.984 62.498 876.603 782.826 505.226 18.412.285 15.518 Diversos 80.564 91.421 658.561 16.409 44.412 77.972 408.040 208.810 20.314 113.237 132.028 202.906 Serviços 4.347.228 5.758.699 6.297.335 2.133.339 3.604.623 4.375.004 4.667.323 8.340.442 1.200.790 3.745.222 8.184.573 1.361.607 Trabalho 7.094.380 2.962.529 4.913.401 4.237.452 2.576.888 3.761.793 5.149.027 3.877.981 1.323.302 4.767.421 5.965.543 1.077.330 Capital 44.770.648 5.582.787 6.673.647 6.997.965 5.289.585 5.304.557 6.127.354 15.856.800 2.753.667 6.651.067 8.997.215 1.403.314 Firmas Famílias Governo (1.948.109) 804.518 1.659.228 542.728 851.813 1.158.787 1.271.651 2.017.702 334.643 1.188.857 2.693.403 466.118 C. Capital ROW Total 83.299.692 24.983.805 50.696.407 21.866.284 26.969.733 36.995.977 37.412.790 65.125.238 9.804.824 38.851.682 86.528.146 6.631.578

Continua ...

Quadro 10, Cont.

56

Produtos Serviços Agricultura Mineração Metalsiderúrgico Maquinário Eletroeletrônico Veículos Florestal Petroquímico Fármaco Plásticos Alimentícios

Agricultura 77.358.947 21.346 - - - - 26.132 889 - - 5.892.033 Mineração - 24.736.221 - - 16.946 - - 47.384 - - - Metalsiderúrgico - 10.557 49.276.081 747.852 73.827 134.503 27.332 96.550 - - - Maquinário - - 704.888 19.213.832 290.011 232.813 23.002 - - 8.759 - Eletroeletrônico - - 99.119 702.101 25.912.742 40.888 - - - 25.639 - Veículos - - 296.503 473.015 122.729 35.780.448 27.835 - - 18.497 - Florestal 213.971 - 39.294 - 3.594 24.255 36.718.209 15.822 - 111.771 - Petroquímico - 24.677 10.484 - - - - 65.115.057 184.111 28.511 145.702 Fármaco - - - - - - 4.230 186.316 9.471.298 - 50.410 Plásticos - - - - 10.450 8.612 99.736 23.772 387 38.194.980 146.356 Alimentícios 266.861 - - - - - - 161.575 83.112 11.590 85.459.781 Diversos - 5.263 34.259 46.081 42.953 1.370 49.236 25.705 5.699 50.456 - Serviços 593.718 7.047 - 18.701 10.638 232.290 3.411.225 9.811.637 650.384 241.906 31.761 Agricultura 3.417.908 Mineração 12.874.244 Metalsiderúrgico 9.297.138 Maquinário 2.437.652 Eletroeletrônico 5.181.286 Veículos 8.283.502 Florestal 16.290.928 Petroquímico 23.507.372 Fármaco 2.120.817 Plásticos 6.312.191 Alimentícios 12.701.946 Diversos 5.339.463 Serviços 119.759.935 Trabalho 199.570.197 Capital 181.965.419 Firmas 9.532.460 4.287.340 3.787.538 1.667.019 4.649.194 7.219.899 5.858.818 4.731.534 3.185.782 5.921.337 18.268.682 Famílias Governo 15.125.472 2.254.136 4.131.502 3.536.061 2.613.538 5.386.457 7.474.996 4.748.948 3.880.033 3.012.014 5.627.471 14.897.560 C. Capital ROW 2.289.139 4.071.788 2.297.386 5.786.317 9.264.483 6.807.893 2.197.614 9.103.296 1.511.004 3.131.157 3.053.965 Total 624.185.470 92.509.232 37.295.741 60.081.613 31.268.456 45.784.024 57.957.967 53.192.317 93.199.570 18.103.791 53.372.074 127.946.250

Continua ... Quadro 10, Cont.

Produtos Fatores de Produção Instituições

Diversos Serviços Trabalho Capital Firmas Famílias Governo C. Capital ROW Total Agricultura - 345 83.299.692

57

Mineração 96.135 87.119 24.983.805 Metalsiderúrgico 186.055 143.650 50.696.407 Maquinário 294.593 1.098.386 21.866.284 Eletroeletrônico - 189.244 26.969.733 Veículos - 276.950 36.995.977 Florestal 147.290 138.584 37.412.790 Petroquímico 425.333 (808.637) 65.125.238 Fármaco - 92.570 9.804.824 Plásticos 220.196 147.193 38.851.682 Alimentícios - 545.227 86.528.146 Diversos 6.343.376 27.180 6.631.578 Serviços 1.482.655 607.693.508 624.185.470 Agricultura 26.128.685 - 6.720.071 1.094.545 92.509.232 Mineração 1.383.118 - 467.125 3.567.684 37.295.741 Metalsiderúrgico 2.474.502 - 1.280.229 6.644.949 60.081.613 Maquinário 114.938 - 16.705.034 2.060.386 31.268.456 Eletroeletrônico 17.565.369 - 12.817.925 2.107.746 45.784.024 Veículos 21.386.803 - 12.703.300 4.420.211 57.957.967 Florestal 10.792.609 - 2.125.670 4.357.851 53.192.317 Petroquímico 15.140.357 - 2.343.453 3.188.485 93.199.570 Fármaco 14.249.799 - 158.172 299.505 18.103.791 Plásticos 22.976.390 - 1.206.518 3.386.817 53.372.074 Alimentícios 77.331.550 - 1.332.957 11.814.994 127.946.250 Diversos 7.211.676 - 1.709.149 664.217 16.979.179 Serviços 170.153.815 126.652.130 84.457.572 6.309.265 561.348.900 Trabalho 57.182 247.334.426 Capital 3.125.903 301.499.928 Firmas 2.101.470 (71.211.073) 113.004.995 113.004.995 Famílias 191.265.741 169.507.493 101.749.947 462.523.181 Governo 3.438.758 13.371.960 55.867.298 5.852.000 6.471.000 30.235.000 3.324.649 202.290.195 C. Capital 106.533.995 45.378.570 (26.111.882) 18.226.492 144.027.175 ROW 2.243.318 9.556.694 201.387 13.135.440 74.650.881 Total 16.979.179 561.348.900 247.334.426 301.499.928 113.004.995 462.523.181 202.290.195 144.027.175 74.650.881

Fonte: preparado pelo autor.

62

Para facilitar a visualização dos indicadores macroeconômicos, as

informações do Quadro 10 foram resumidas no Quadro 11. Por este, verifica-se

que o Produto Interno Bruto (PIB) da economia brasileira em 1995 foi de

R$646.191.517.000,00, calculado pela conta de produção (PIB = Produção -

Consumo Intermediário + Impostos sobre Produtos, ou seja,

1.113.351.626.000,00 - 541.533.543.000,00 + 74.373.434.000,00 =

R$646.191.517.000,00), ou pela conta de geração da renda (PIB =

Remuneração dos empregados + Remuneração do Capital + Impostos sobre a

Produção e de Importação - Subsídios à Produção, ou seja, PIB =

247.277.244.000,00 + 298.374.025.000,00 + 104.115.611.000,00 -

3.575.363.000,00 = 646.191.517.000,00).

Além do PIB, podem ser obtidas informações sobre a Renda Nacional

Bruta, a Poupança Bruta, o déficit em conta corrente e o déficit da balança

comercial.

Pela MCS, nota-se que a Renda Nacional Bruta (RNB) foi de

R$636.037.775.000,00, calculada pela conta de alocação da renda, através da

diferença entre o PIB (obtido pela conta de geração da renda) e as rendas

líquidas enviadas e recebidas do resto do mundo (13.135.440.000,00 -

3.125.903.000,00 = 10.009.537.000,00).

A poupança bruta, em 1995, foi de R$125.800.683.000,00, sendo

R$106.533.995.000,00 poupado pelas firmas; R$45.378.570.000,00 pelas

famílias; e R$-26.111.882.000,00 déficit pelo governo, como poupança externa.

O saldo das operações correntes com o Resto do Mundo apresentou um

déficit, em 1995, de R$18.226.492.000,00, representado, principalmente, pelo

déficit da balança comercial que foi de R$11.397.399.000,00 (exportações de

R$49.916.655.000,00 menos importações de R$61.314.054.000,00) e pela

conta de operações correntes, em que o déficit foi de R$10.009.537.000,00,

resultado da diferença entre a renda de propriedade enviada

(R$13.135.440.000,00) e recebida (R$3.125.903.000,00) para o resto do

mundo.

Quadro 11 - Matriz de contabilidade social brasileira (preços de consumidor em R$1.000,00), em 1995

Fatores de Produção Instituições

Atividade Produtos Trabalho Capital Firmas Famílias Governo C. Capital ROW Total

Atividade 1.113.351.626 1.113.351.626

Produtos 541.533.543 386.909.611 126.652.130 144.027.175 49.027.175 1.249.039.114

Trabalho 247.277.244 37.182 247.334.426

Capital 298.374.025 3.125.903 301.499.928

Firmas 113.004.995 113.004.995

Famílias 191.265.741 169.507.493 101.749.947 462.523.181

Governo 26.166.814 74.373.434 55.867.298 5.852.000 6.471.000 30.235.000 3.324.649 202.290.195

C. Capital 106.533.995 45.378.570 -26.111.882 18.226.492 144.027.175

ROW 61.314.054 201.387 13.135.440 74.650.881

Total 1.113.351.626 1.249.039.114 247.334.426 301.499.928 113.004.995 462.523.181 202.290.195 144.027.175 74.650.881

Fonte: preparado pelo autor.

64

Além destas contas, a conta de remunerações dos empregados não-

residentes apresentou um pequeno déficit (R$144.205.000,00), por causa da

diferença do que se pagou pelo trabalho realizado por estrangeiro no Brasil

(R$201.387.000,00) e do que se recebeu pelo trabalho de brasileiros no

exterior (R$57.182.000,00). A única conta de operações correntes a apresentar

superávit em 1995 foi a de transferência corrente alocada na conta governo,

que foi de R$3.324.649.000,00, resultante da diferença do que foi enviado

(R$669.595.000,00) pelo que foi recebido (R$3.994.244.000,00).

No que se refere aos setores produtivos e ao que foi estabelecido

como agregação, neste trabalho, nota-se, pelos dados dos Quadros 10 e 11,

que do valor da produção total de R$1.113.351.626.000,00 da economia

brasileira, em 1995, R$541.533.543.000,00 referem-se ao consumo

intermediário de todas as atividades; R$571.818.083.000,00 ao pagamento do

valor adicionado, sendo R$247.277.244.000,00 como remuneração do trabalho

pelo pagamento de salário; R$298.374.025.000,00 como remuneração do

capital (excedente operacional bruto); e R$26.166.814.000,00 como a soma

dos impostos diretos líqüidos (impostos menos subsídios) sobre a produção.

O setor florestal participou com 4,6% do consumo intermediário total,

num valor de R$24.864.758.000,00, o que o posiciona como o oitavo colocado

entre os que mais adquiriram insumo intermediário, porém, muito próximo do

sexto e do sétimo colocados, que são Veículos e Plástico, respectivamente. O

setor Florestal tem como principais fornecedores o próprio setor

(R$10.737.146.000,00), Serviços (R$4.667.323.000,00), Petroquímica

(R$3.667.164.000,00) e Agricultura (R$2.861.074.000,00), consumindo dos

demais setores apenas 11,8% de matéria-prima (R$2.933.051.000,00) (Quadro

10). Convém ressaltar que todo o consumo intermediário que o setor Florestal

adquire da Agricultura refere-se a Outros Produtos Agropecuários, pois neste

estão contidos todos os produtos da silvicultura, que é a atividade primária do

setor Florestal, fornecendo madeira na forma bruta (toretes, madeira roliça,

etc.) e que o IBGE deveria alocar no setor Florestal.

Pelo Quadro 10, observa-se que a Agricultura é o único setor que, no

saldo, recebeu subsídios diretos na produção, os demais setores recolheram

impostos sobre a produção. Os setores que mais recolheram impostos foram

Serviços, Alimentícios e Veículos. O setor Florestal vem em sexto lugar,

65

enquanto Fármaco, Diversos e Maquinário foram os que menos contribuíram

para o recolhimento de impostos sobre a produção.

Pela ótica da produção, observando-se a coluna Produto, no Quadro

10 (MCS a preços de consumidor), pode-se fazer várias discussões e

comentários.

A primeira submatriz (coluna Produto e Linha Atividades) representa o

valor total da produção doméstica. Os setores que apresentaram as maiores

produções foram: Serviços (58,06%); Alimentícios (7,77%); e Agricultura

(7,48%). As menores produções foram dos setores: Diversos (0,60%); Fármaco

(0,88%); e Maquinário (1,96%). O setor Florestal (3,36%) ficou em sétimo lugar,

na frente ainda dos setores Veículos (3,32%) e Eletroeletrônico (2,42%). Mais

precisamente o valor total da produção do setor Florestal foi de

R$37.412.790.000,00, cerca de 3,36% do total produzido no Brasil em 1995.

As importações do setor Florestal brasileiro foram a segunda menor de

todas as importações feitas em 1995. E estas importações representaram

apenas 5,40% do valor de produção dessa atividade. Por outro lado, setores

como Petroquímico, Eletroeletrônico e Veículos, além de apresentarem altas

participações das importações no valor total de suas produções, 10,96%,

13,34% e 8,40%, respectivamente, foram responsáveis também pelas maiores

contribuições, 14,85%, 15,11% e 11,10% nas importações brasileiras em

1995.

Pelo lado das exportações, o setor Alimentícios apresentou as maiores

exportações, 20,12% do total exportado, seguindo-se Serviços,

Metalsiderúrgico, Veículos e Florestal. Os setores que tiveram as menores

índices de exportações foram Fármaco, Diversos, Agricultura e Maquinário. No

caso da Agricultura, especificamente, isso se deve ao fato da agregação, deste

estudo, considerando apenas os produtos básicos, sendo que as principais

commodities agrícolas brasileiras exportadas estão alocadas no setor

Alimentícios.

Os setores Eletroeletrônico e Petroquímica foram os que apresentaram

os maiores déficits na balança comercial brasileira, em 1995, seguidos de

Serviços e Maquinário. O setor Florestal foi um dos quatro a apresentar

superávit na balança comercial, com o terceiro melhor resultado, superado

apenas por Alimentícios e Metalsiderúrgico, conforme Figura 2. Apesar das

66

exportações de Veículos serem maiores que as do setor Florestal, o saldo da

sua balança comercial foi cerca de R$4,00 bilhões menor.

Figura 2 - Saldo da balança comercial brasileira por setor, em 1995.

No que se refere a pagamento de salários, nota-se, pelo Quadro 12,

que o setor Florestal foi o quarto maior (2,08%) a contribuir com a renda

salarial dos trabalhadores brasileiros em 1995, sendo: Serviços (80,71%), o

primeiro; Agricultura (2,87%), o segundo; e Alimentícios (2,41%), o terceiro. Por

outro lado, Diversos (0,44%), seguido de Fármaco (0,54%) e Eletroeletrônico

(1,04%), foram os piores. Para melhor mostrar a participação do setor Florestal

na remuneração salarial e a comparação com os demais setores estudados, foi

elaborada a Figura 3, excluindo-se o setor Serviços, dada a concentração

excessiva de atividades agregadas nesse setor. Com isso, pode-se ver que o

setor Florestal teve uma contribuição significativa na remuneração dos

trabalhadores brasileiros em 1995. É bom frisar que esse setor apresenta uma

peculiaridade, em relação aos demais setores, excetuando-se Agricultura e

Alimentícios, que é a de remunerar tanto os trabalhadores urbanos quanto os

rurais. Por exemplo, a indústria de papel e celulose emprega na unidade fabril

os trabalhadores urbanos e na unidade florestal, principalmente, os

trabalhadores rurais, que são responsáveis pelas atividades de silvicultura,

manutenção das florestas, colheita e extração florestal.

(8.000.000)

(6.000.000)

(4.000.000)

(2.000.000)

-

2.000.000

4.000.000

6.000.000

8.000.000

10.000.000

Agricu

ltura

Mineraç

ão

Metalsi

derur

gico

Maquin

ário

Eletroe

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ico

Veículo

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Florest

al

Petroq

uímico

Farmaco

Plástic

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Alimen

tícios

Diverso

s

Serviço

s

Setores

R$

67

Quadro 12 - Remuneração salarial (R$1.000,00) dos trabalhadores brasileiros por setor econômico em 1995

Ordem Setor Salários Porcentagem (%)

1 Serviços 199.570.197 80,71 2 Agricultura 7.094.380 2,87 3 Alimentícios 5.965.543 2,41 5 Florestal 5.149.027 2,08 5 Metalsiderúrgico 4.913.401 1,99 6 Plásticos 4.767.421 1,93 7 Maquinário 4.237.452 1,71 8 Petroquímico 3.877.981 1,57 9 Veículos 3.761.793 1,52

10 Mineração 2.962.529 1,20 11 Eletroeletrônico 2.576.888 1,04 12 Fármaco 1.323.302 0,54 13 Diversos 1.077.330 0,44

Total 247.277.244 100,00 Fonte: preparado pelo autor.

Figura 3 - Participação dos setores da economia brasileira, com exceção de Serviços, no pagamento de salários em 1995.

Como se vê no Quadro 13, os setores Serviços (60,99%), Agricultura

(15,0%), Petroquímico (5,31%) e Alimentícios (3,02%) foram, nesta seqüência,

os setores que mais contribuíram com a remuneração do capital, enquanto

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Agricultura14,87%

Mineração6,21%

Metalsiderurgico10,30%

Maquinário8,88%

Eletroeletrônico5,40%Veículos

7,89%

Florestal10,79%

Petroquímico8,13%

Farmaco2,77%

Plásticos9,99%

Alimentícios12,50%

Diversos2,26%

68

Diversos (0,47%), Fármaco (0,92%), Eletroeletrônico (1,77%) e Veículos

(1,78%) foram os que menos contribuíram na formação do excedente

operacional bruto (lucro). O setor Florestal (2,05%) é o oitavo neste ranking,

com valores bem próximos do sexto (Metalsiderúrgico, 2,24%) e do sétimo

(Plástico, 2,23%) colocados.

Quadro 13 - Remuneração do capital (R$1.000,00) empregado pelos setores econômicos, em 1995

Ordem Setor Capital Porcentagem (%) 1 Serviços 181.965.419 60,99 2 Agricultura 44.770.648 15,00 3 Petroquímico 15.856.800 5,31 5 Alimentícios 8.997.215 3,02 5 Maquinário 6.997.965 2,35 6 Metalsiderúrgico 6.673.647 2,24 7 Plásticos 6.651.067 2,23 8 Florestal 6.127.354 2,05 9 Mineração 5.582.787 1,87

10 Veículos 5.304.557 1,78 11 Eletroeletrônico 5.289.585 1,77 12 Fármaco 2.753.667 0,92 13 Diversos 1.403.314 0,47

Total 298.374.025 100,00 Fonte: preparado pelo autor.

Pelo Quadro 14, nota-se que o setor Florestal contribuiu com 2,68%

(R$17.296.980.000,00) para a formação do PIB nacional, uma situação que o

coloca em oitavo lugar entre os treze setores analisados e que tem Serviços,

(63,45%) como a atividade com a maior contribuição para o PIB, seguido de

Agricultura (8,07%) e de Alimentícios (5,04%). Os setores que apresentaram as

menores contribuições para o PIB foram Diversos (0,99%), Fármaco (1,15%) e

Mineração (2,08%). Excluindo-se o setor Serviços e considerando-se apenas

os setores responsáveis pela produção direta de bens, a participação do setor

Florestal no PIB salta para 7,32%, conforme se observa na Figura 4.

69

Quadro 14 - Valor do Produto Interno Bruto (R$1.000,00) brasileiro, em 1995, e a participação de cada setor na formação do PIB Ordem Setor PIB Porcentagem (%)

01 Serviços 410.033.048 63,45 02 Agricultura 52.171.055 8,07 03 Alimentícios 32.553.721 5,04 04 Petroquímico 25.632.517 3,97 05 Plástico 18.234.816 2,82 06 Veículos 17.700.133 2,74 07 Florestal 17.296.980 2,68 08 Metalsiderúrgico 16.782.337 2,60 09 Maquinário 14.391.683 2,23 10 Eletroeletrônico 14.104.743 2,18 11 Mineração 13.481.336 2,09 12 Fármaco 7.423.626 1,15 13 Diversos 6.385.520 0,99

Total 646.191.517 100,00

Fonte: preparado pelo autor.

Figura 4 - Participação dos setores de produção de bens (exclusão do setor Serviços) no PIB brasileiro, em 1995.

Das contas do IBGE, é possível elaborar uma tabela contendo a

relação de pessoal empregado na economia brasileira, em 1995, por atividade

produtiva. O Quadro 15 traz essa relação de empregados, de acordo com a

agregação setorial adotada neste estudo. Dessa forma, nota-se que o total de

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A gricultura22,09%

M ineração5,71%

M etals iderurgico7,11%

M aquinário6,09%

E letroeletrônico5,97%V eículos

7,50%

Flores tal7,32%

P etroquím ico10,85%

Farm aco3,14%

P lás ticos7,72%

A lim entíc ios13,78%

D iversos2,70%

70

pessoal empregado, em 1995, na economia brasileira foi de 61.226.100

trabalhadores. Desse total, 2,20% estavam empregados no setor Florestal, que

o coloca como quinto setor entre os setores que mais empregam na nossa

economia. O setor que mais empregou foi Serviços (61,26%), seguido de

Agricultura (24,75%) e Plástico (4,04%). Por outro lado, os setores que menos

empregaram foram Fármaco (0,21%), Diversos (0,44%) e Eletroeletrônico

(0,45%).

Quadro 15 - Quantidade de pessoal empregado na economia brasileira, por setor econômico, em 1995 Ordem Setor Quantidade Porcentagem (%)

01 Serviços 37.510.500 61,26 02 Agricultura 15.163.000 24,75 03 Plástico 2.477.500 4,04 04 Alimentícios 1.535.800 2,50 05 Florestal 1.343.600 2,20 06 Metalsiderúrgico 764.200 1,25 07 Mineração 704.900 1,15 08 Maquinário 421.800 0,70 09 Veículos 324.000 0,53 10 Petroquímico 304.000 0,49 11 Eletroeletrônico 276.200 0,45 12 Diversos 272.100 0,44 13 Fármaco 128.500 0,21

Total 61.226.100 Fonte: preparado pelo autor.

No geral, com base no que foi exposto acima, pode-se afirmar que o

setor Florestal apresentou uma contribuição importante para os indicadores

macro e micro da economia brasileira, em 1995. Especificamente, no comércio

internacional e na geração de empregos é que esse setor apresentou os

melhores indicadores, tendo contribuído significativamente para reduzir o

tamanho do déficit, nesse ano, em razão do alto valor das suas exportações e

das baixas importações, confirmando a grande vantagem comparativa revelada

da indústria florestal brasileira. Quanto à geração de empregos, é importante

dizer que a indústria florestal é grande empregadora de mão-de-obra e que,

71

apesar de não ter sido discriminada neste estudo, ela emprega tanto mão-de-

obra urbana quanto rural, aspecto este que a diferencia de muitas outras

indústrias.

Além disso, se o IBGE desagregasse das contas Agricultura e

Siderurgia, as partes tocantes a Silvicultura e Siderurgia a carvão vegetal,

certamente isso contribuiria ainda mais para melhorar o desempenho do setor

Florestal.

Comparando com outros setores, alguns deles beneficiados por

incentivos do governo e outros representados, na sua maioria, por capital

internacional, como Veículos, Eletroeletrônico, Petroquímico, Alimentícios e

Agricultura, o setor Florestal apresenta resultados mais favoráveis. Por

exemplo, o setor Florestal, comparado a Veículos, só perde para a contribuição

na formação do PIB, mesmo assim por uma diferença muito pequena, e

impostos, dada a alta carga tributária incidente sobre os automóveis. Quanto

ao setor Eletroeletrônico, este só ganha em relação aos impostos.

Petroquímico só é melhor que o setor Florestal, no que se refere à contribuição

do PIB e do Valor Adicionado. No todo, apenas o setor Alimentícios (complexo

agroindustrial) apresentou resultados mais satisfatórios que o setor Florestal.

4.3. Estrutura de oferta e demanda do setor florestal

O setor que mais consome matéria-prima fornecida pelo setor Florestal

é Serviços, representado principalmente pela sua atividade de Construção Civil

(os dados referentes a oferta e demanda das atividades de cada setor

agregado podem ser observados no Quadro 2A do Apêndice 2A - Tabela de

consumo intermediário das atividades) que é grande consumidor de Madeira e

Mobiliário, pelo Comércio e pela Administração Pública que são consumidores

de Papel, Papelão e Artefatos de Papel, principalmente para embalagens.

O setor Florestal é o segundo maior consumidor de matéria-prima do

próprio setor, como Papel e Gráfica, consumindo celulose. O terceiro maior

consumidor de produtos florestais é o setor Alimentícios, sendo os produtos da

indústria de Celulose, Papel, Papelão e Artefatos de Papel os mais

consumidos. Esses produtos são, certamente, empregados na embalagem dos

produtos alimentícios.

72

Veículos é o setor que consome grande quantidade de produtos

derivados da borracha, como o látex, usado na produção de pneumáticos,

tornando-o, o quarto maior consumidor de produtos florestais.

Os demais setores (Plásticos, Eletroeletrônico, Metalsiderúrgico,

Petroquímico, Mineração, Maquinário, Fármaco, Diversos e Agricultura) foram,

ao todo, responsáveis pelo consumo de 16% dos produtos fornecidos pelo

setor Florestal.

A Figura 5 ilustra a estrutura de oferta do setor Florestal como

consumo intermediário para os demais setores empregados neste estudo.

Figura 5 – Estrutura de oferta do setor Florestal, em 1995. Pelo lado da demanda do setor Florestal, observa-se que o seu maior

fornecedor, além dele próprio (35,02%), é o setor Serviços (29,06%), seguido

de Petroquímico (13,59% ) e Agricultura (11,01%), Figura 6.

Dentro de Serviços, as atividades que mais fornecem produtos para o

setor Florestal são Serviços Financeiros e Serviços Prestados às Empresas.

Do setor Petroquímico, o produto mais consumido pelo setor Florestal é

Outros Produtos Químicos, que referem-se aos produtos empregado nas

etapas de cozimento e de branqueamento na indústria de papel e celulose, que

é, isoladamente, a maior consumidora de produtos fornecidos pelo setor

Petroquímico.

Serviços41,45%

Florestal31,36%

Alimentos5,68%

Demais Atividades16,04%Veículos

5,47%

73

Madeira e Mobiliário foram o principais consumidores dos produtos da

Agricultura, seguidos de Papel e Gráfica, provavelmente, madeira na forma de

toras vendidas para a produção de produtos sólidos da madeira e para a

produção de celulose. Isso reforça a tese de que a produção de madeira, seja

de mata nativa, seja de reflorestamento, foi englobada nas atividades

agropecuárias. Portanto, se essa atividade primária florestal fosse

descriminada, pelo IBGE, no setor Florestal, aumentaria a demanda do referido

setor e fortaleceria os seus resultados, quanto à participação e ao potencial de

impacto no desenvolvimento econômico.

Dentre todos os setores, os principais fornecedores para o setor

Florestal foram: Plásticos, Metalsiderúrgico, Maquinário, Diversos, Mineração,

Eletroeletrônico, Veículos e Fármaco.

Figura 6 – Estrutura de demanda do setor Florestal, em 1995.

No tocante à demanda final de produtos florestais, as famílias são os

principais consumidores, demandando: Madeira e Mobiliário e Papel, Celulose,

Papelão e Artefatos (Quadro 10).

4.4. Matriz dos multiplicadores de impacto Utilizando-se matriz de insumo-produto, a preços básicos (Quadro 9),

e, aplicando-se os cálculos dos multiplicadores, obtêm-se os valores dos

efeitos diretos (multiplicadores do tipo I) do aumento de uma unidade adicional

na demanda exógena (demanda final) de produtos de cada setor na produção,

Indús tria Flores tal35,02%

Serviços29,06%

Quím ica e Petróleo13,59%

Agricultura11,01%

Dem ais A tividades11,32%

74

na renda (salários), no emprego, nos impostos e nas importações, conforme o

Quadro 16. No caso das importações, sabe-se que alguns setores, como

Agricultura, Alimentícios e Florestal, aumentam as suas produções, dado um

aumento na demanda de seus produtos, importando muito menos matéria-

prima que outros, como Veículos, Eletroeletrônico e Petroquímico. Dessa

forma, considerou-se, neste trabalho, que quanto menor o valor do coeficiente

de impacto, nas importações, melhor é a contribuição do setor para o

desenvolvimento econômico, pois aumentos nas importações podem contribuir

para prejudicar a balança comercial.

No caso dos multiplicadores da produção, observa-se que os setores

Metalsiderúrgico e Alimentícios foram os que apresentaram os maiores valores

de impacto na produção, 2,463 e 2,426, respectivamente. Por outro lado, os

setores que apresentaram as piores contribuições foram Serviços (1,545) e

Agricultura (1,666). O setor Florestal apresentou o quinto maior valor, 2,173,

significando que, se a demanda final por produtos florestais aumenta de

R1.000,00, ocorre uma variação global em todos os setores da economia para

atender a essa mudança da ordem de R$2.173,00. Em outras palavras,

R$2.173,00 indicam a quantidade de recursos necessários para adquirir os

insumos requeridos pelo setor Florestal para produzir R$1.000,00 do produto

final desse setor, ou a mudança total na capacidade produtiva dos setores

requeridos para atender ao estímulo exógeno por produtos florestais.

Considerando apenas os efeitos diretos dos multiplicadores de

impostos, renda, emprego e importações, pode ser destacado que o setor

Serviços apresenta as melhores contribuições para o desenvolvimento da

economia, com a maior participação para o recolhimento de impostos (0,052),

para a formação da renda por meio do pagamento de salários (0,439) e menor

volume de importação (0,038). Quanto à geração de empregos, o multiplicador

de empregos do setor Serviços ficou em quinto lugar (0,0868), e a Agricultura e

Alimentícios em primeiro (0,2342) e segundo (0,1467) lugares,

respectivamente. Isso indica que para se gerar um emprego a mais na

economia é necessário apenas um aumento de R$5.000,00 no valor da

demanda final por produtos da Agricultura.

75

Quadro 16 - Multiplicadores de impacto do tipo I (efeito direto) na produção, nos salários, no emprego, nos impostos, e nas importações dos diversos setores econômicos, 1995 Setor Produção Salários Emprego Impostos Importação Agricultura 1,666 0,181 0,234 0,039 0,040 Mineração 2,115 0,336 0,074 0,034 0,062 Metalsiderúrgico 2,463 0,332 0,065 0,032 0,122 Maquinário 1,841 0,334 0,047 0,022 0,086 Eletroeletrônico 2,048 0,278 0,047 0,037 0,190 Veículos 2,338 0,319 0,050 0,035 0,155 Florestal 2,173 0,342 0,098 0,029 0,101 Petroquímico 2,033 0,222 0,046 0,037 0,166 Fármaco 1,851 0,278 0,051 0,032 0,143 Plásticos 2,220 0,313 0,127 0,032 0,135 Alimentícios 2,426 0,270 0,147 0,045 0,103 Diversos 2,042 0,363 0,086 0,034 0,076 Serviços 1,545 0,439 0,087 0,052 0,038 Fonte: preparado pelo autor.

Os setores que menos contribuíram para o processo de

desenvolvimento econômico, quando se aumenta de uma unidade o valor da

demanda final por seus produtos, considerando separadamente as variáveis de

interesse, foram: Maquinário, quanto a recolhimento de impostos (0,0215);

Agricultura, quanto a pagamento de salários (0,1812); Petroquímico, quanto a

geração de empregos (0,0463); e Eletroeletrônico, quanto a aumento nas

importações (0,1899), dado o seu déficit na balança comercial.

O setor Florestal apresentou o terceiro maior valor para a contribuição

na formação da renda (0,342), o quarto para geração de empregos (0,098), e o

sexto setor que menos importa (0,101), dado um aumento de uma unidade na

demanda final por seus produtos. Apenas para o recolhimento de impostos é

que este apresentou uma contribuição ínfima, ficando em penúltimo lugar.

Dessa forma, pode-se notar que, para um aumento de dez mil

unidades monetárias (R$10.000,00) na demanda final de produtos florestais,

são gerados um emprego a mais na economia, é elevada em mais três mil

unidades monetárias a remuneração dos salários, em mil unidades monetárias

76

as importações, e em apenas 200 unidades monetárias o valor dos impostos

recolhidos.

No geral, considerando apenas os efeitos diretos dos choques na

demanda exógena, pode-se afirmar que o setor Florestal apresenta um

desempenho mais significativo para a economia que outros setores ditos

estratégicos, em termos de crescimento econômico como, Veículos,

Eletroeletrônico e Petroquímico. É o que acontece, por exemplo, no pagamento

de salários, na geração de empregos, nas reduções das importações e no

aumento da produção (nesse caso, perde apenas para Veículos).

Quanto aos multiplicadores do tipo II, que representam o efeito direto,

indireto e induzido do aumento na demanda exógena, observa-se (Quadro 17)

que os valores desses multiplicadores são bem maiores que os do tipo I, o que

mostra os efeitos em cadeia, tal que mudança na demanda de produtos de um

determinado setor causa um aumento na produção total que significa aumento

no consumo intermediário (consumo intersetorial), nas importações, na

tributação, no nível de emprego e no pagamento de salários (efeito direto, tipo

I). Esses aumentos no salário e no emprego vão refletir em mais consumo de

produtos através da demanda final que refletirá na produção, no emprego, na

renda e assim por diante (efeito direto, indireto e induzido, tipo II).

O comportamento do setor Florestal em relação aos multiplicadores do

tipo II não é tão bom quanto o do tipo I, porque enquanto neste o setor Florestal

apresentou o terceiro e quarto maiores valores, nos do tipo II são o oitavo e o

sétimo, respectivamente, para renda e emprego.

77

Quadro 17 - Multiplicadores de impacto do tipo II (efeito direto, indireto e induzido) na renda (salários) e no emprego

Setor Renda (salários) Emprego Agricultura 2,1279 1,2867 Mineração 2,8326 2,6097 Metalsiderúrgico 3,4258 4,2848 Maquinário 1,7252 2,4405 Eletroeletrônico 2,9144 4,6275 Veículos 3,1353 5,7543 Florestal 2,4884 2,7289 Petroquímico 3,7267 9,9176 Fármaco 2,0615 3,8937 Plásticos 2,5496 1,9908 Alimentícios 3,9157 8,2653 Diversos 2,2345 2,1042 Serviços 1,3742 1,4449 Fonte: preparado pelo autor.

Assim, nos Quadros 16 e 17, vê-se que um aumento de R$1.000,00 na

demanda final (aumento na demanda das famílias, governo e exportação) de

produtos do setor Florestal implica num aumento de R$2.170,00 na produção,

de R$30,00 na arrecadação de impostos, de R$100,00 nas importações, de

0,1 empregos e R$340,00 no pagamento de salários. Esse aumento de

R$340,00 na renda dos trabalhadores causa aumento na demanda das famílias

que reflete em aumentos na produção, nos impostos, nas importações e de

novo na renda, só que desta vez de R$2.480,00, como, também, cria mais 2,73

novos empregos.

4.5. Índice de ligação para trás

O Quadro 18 mostra que o setor Metalsiderúrgico apresentou os

maiores índices de ligação para trás, entre os treze setores agregados neste

estudo. Alimentícios e Veículos vieram logo em seguida. O setor Florestal foi o

quinto a apresentar o maior índice de ligação para trás (1,05). Isso mostra que

esses setores apresentam forte relação de cadeia com seus fornecedores.

78

Por outro lado, setores como Serviços, Agricultura e Maquinário

apresentam uma relação fraca, visto que apresentaram os piores índices de

ligação para trás.

Quadro 18 – Índices de ligação para trás (IEt) e para frente (IEf) para os

setores produtivos da economia brasileira conforme agregação deste estudo, em 1995

Setor IEt IEf Agricultura 0,809 1,093 Mineração 1,027 0,893 Metalsiderúrgico 1,196 1,480 Maquinário 0,894 0,697 Eletroeletrônico 0,995 0,607 Veículos 1,136 0,669 Florestal 1,056 0,887 Petroquímico 0,987 1,417 Fármaco 0,899 0,497 Plástico 1,079 0,877 Alimentícios 1,179 0,764 Diversos 0,992 0,554 Serviços 0,751 2,565 Fonte: preparado pelo autor. 4.6. Índice de ligação para frente

De acordo com esse critério, Serviços apresentou o melhor índice de

ligação para frente, seguido de Metalsiderúrgico e Petroquímico. Os piores

índices de ligação para frente foram para os setores Fármaco, Diversos,

Eletroeletrônica e Veículos.

Nesse caso, o setor Florestal apresentou um resultado menos

satisfatório (0,887), comparado com o índice de ligação para trás, o que o

posiciona em sexto lugar, entre os treze setores agregados.

O setor Florestal apresentou um índice de ligação para trás maior que

1 (um), indicando que esse setor tem uma forte dependência dos demais

setores da economia, dos quais demanda insumos. Isto é, tem grande poder de

influência sobre os setores situados à sua montante, via demanda de insumos

intermediários, significando alto grau de integração intersetorial.

79

Por outro lado, como o índice de ligação para frente foi menor que

1 (um), esse setor tem um pequeno poder de influência sobre os setores

situados à sua jusante via oferta de matérias-primas. Nesse caso, pelo critério

de Rasmussen-Hirschman, esse setor não seria um setor-chave para o

crescimento econômico, considerando apenas as ligações prospectivas. Por

esse critério, apenas Metalsiderúrgico pode ser considerado um setor-chave.

Não obstante, o critério de Rasmussen-Hirschman tem sido criticado,

principalmente, pelo fato de que esses índices não levam em consideração os

diferentes níveis de produção em cada setor da economia.

Mesmo não apresentando um índice de ligação para frente maior que 1

(um), o valor deste índice para o setor Florestal (0,887) ainda foi maior que os

valores encontrados para outros setores como Plástico (0,877), Alimentícios

(0,764), Maquinário (0,697), Veículos (0,669), Eletroeletrônico (0,607), Diversos

(0,554) e Fármaco (0,4970).

4.7. Multiplicadores da MCS

As matrizes dos multiplicadores de efeitos da MCS foram empregadas

para calcular o choque do aumento de uma unidade monetária no valor da

variável exógena (Conta Capital e ROW) sobre a produção, a renda das

instituições (firmas, famílias e governo) e sobre o valor adicionado, assim

como o impacto global em todo o fluxo circular da economia. Para isso,

empregou-se como base de cálculo a MCS (Quadro 19). A MCS contém a

mesma matriz de coeficientes técnicos da MIP (Quadro 9) resultante da

transformação pelo processo adotado por RAMOS (1997).

Quadro 19 – Matriz de contabilidade social brasileira (preços básicos em R$1.000,00), em 1995

Agricultura Mineração Metalsiderúrgico Maquinário Eletroeletrônico Veículos Florestal Petroquímico Fármaco Plásticos Alimentícios Diversos Agricultura 12.191.445 106.057 776.235 128 1.043 441 2.521.142 2.319.466 23.977 861.079 31.078.477 21.586 Mineração 290.836 4.327.258 1.634.912 135.273 523.655 267.640 150.085 4.597.184 209.623 30.583 647.689 324.312 Metalsiderúrgico 124.128 831.431 19.566.327 3.761.556 3.232.695 5.485.618 598.144 798.432 91.462 190.918 1.131.239 328.020 Maquinário 194.371 835.472 1.403.817 679.300 958.415 1.386.015 530.111 1.004.062 67.133 377.295 738.188 76.272 Eletroeletrônico 13.323 71.689 199.307 589.591 2.947.892 273.156 45.939 85.539 6.231 35.454 62.385 51.680 Veículos 16.035 36.279 105.188 387.086 77.429 7.842.661 44.532 38.871 4.049 19.546 44.314 5.471 Florestal 125.968 452.969 543.824 359.950 653.418 1.399.785 8.020.295 493.811 345.760 861.117 1.451.470 264.790 Petroquímico 6.879.531 1.776.785 1.805.971 354.277 712.509 860.295 3.112.580 15.466.160 1.130.689 4.358.683 1.507.311 414.412 Fármaco 235.766 8.209 12.447 1.363 2.210 2.008 13.710 93.684 27.677 8.078 110.856 1.880 Plásticos 357.201 93.585 141.423 190.170 686.543 570.869 864.542 305.662 202.401 11.505.969 1.231.569 271.982 Alimentícios 3.274.087 21.725 27.476 11.463 12.666 12.760 84.138 798.769 673.844 476.578 15.396.734 14.945 Diversos 39.223 61.778 404.678 16.910 40.493 65.007 261.625 134.982 15.003 79.047 88.614 348.403 Serviços 6.678.245 6.282.406 7.704.348 2.259.717 4.329.661 5.018.793 6.655.258 9.069.815 1.471.176 4.538.636 12.412.348 1.520.005 Trabalho 7.094.380 2.962.529 4.913.401 4.237.452 2.576.888 3.761.793 5.149.027 3.877.981 1.323.302 4.767.421 5.965.543 1.077.330 Capital 44.770.648 5.582.787 6.673.647 6.997.965 5.289.585 5.304.557 6.127.354 15.856.800 2.753.667 6.651.067 8.997.215 1.403.314 Firmas Famílias Governo 72.143 1.063.539 2.009.413 914.960 1.328.094 1.637.790 1.425.000 3.043.912 466.942 1.545.216 3.255.379 301.421

C. Capital

ROW 942.362 469.307 2.773.989 969.123 3.596.538 3.106.787 1.809.307 7.140.108 991.889 2.544.994 2.408.813 205.757

Total 83.299.692 24.983.805 50.696.404 21.866.285 26.969.734 36.995.977 37.412.790 65.125.238 9.804.825 38.851.682 86.528.146 6.631.578

Continua ...

78

Quadro 19, Cont. Serviços Trabalho Capital Firmas Famílias Governo C Capital ROW Total

Agricultura 3.240.714 22.638.105 - 6.157.122 1.362.674 83.299.692 Mineração 7.817.365 750.529 - 357.290 2.919.570 24.983.805 Metalsiderúrgico 5.364.067 1.527.530 - 1.111.996 6.552.843 50.696.407 Maquinário 2.514.526 777.824 - 8.338.793 1.984.690 21.866.284 Eletroeletrônico 3.381.528 10.311.298 - 6.867.143 2.027.579 26.969.733 Veículos 4.753.997 10.447.959 - 9.063.682 4.108.875 36.995.977 Florestal 10.601.429 6.532.244 - 1.584.070 3.721.889 37.412.790 Petroquímico 16.499.517 5.353.128 - 1.821.523 3.071.867 65.125.238 Fármaco 493.252 8.404.957 - 98.662 290.065 9.804.824 Plásticos 4.031.782 14.313.469 - 803.788 3.280.726 38.851.682 Alimentícios 7.638.572 47.396.217 - 928.353 9.759.817 86.528.146 Diversos 2.210.097 2.246.432 - 160.930 458.355 6.631.578 Serviços 124.804.406 207.202.396 126.652.130 88.619.704 8.966.426 624.185.470

Trabalho 199.570.197 57.182 247.334.426 Capital 181.965.419 3.125.903 301.499.928

Firmas 113.004.995 113.004.995 Famílias 191.265.741 169.507.493 66.405.359 427.178.593 Governo 38.624.007 55.867.298 5.852.000 6.471.000 30.235.000 - 8.285.581 5.216.507 167.615.202

C. Capital 106.533.995 45.378.570 (26.111.882) 18.226.492 144.027.175

ROW 10.674.594 201.387 13.135.440 13.662.934 669.595 9.828.538 189.015 75.320.476

Total

Fonte: preparado pelo autor.

82

No Quadro 20, pode-se observar que os setores que apresentaram os

maiores valores sobre os multiplicadores globais da economia foram: Serviços

(12,603), Mineração (12,512), Diversos (12,441) e Metalsiderúrgico (12,375). O

setor Florestal apresentou o sexto maior valor (12,205) para esse desempenho

global da economia, por meio de mudanças nas variáveis exógenas, superando

setores como Veículos, Eletroeletrônico, Maquinário, Agricultura, Fármaco,

Plástico e Petroquimico.

Quadro 20 – Multiplicadores de impacto da MCS na produção das atividades, na renda das instituições e no pagamento do valor adicionado, em 1995 Multiplicadores Impactos Global Atividades Instituições Valor

Adicionado Agricultura 11,015 5,140 3,209 2,665 Mineração 12,512 6,109 3,568 2,835 Metalsiderúrgico 12,375 6,288 3,403 2,684 Maquinário 11,908 5,700 3,449 2,759 Eletroeletrônico 11,063 5,519 3,100 2,445 Veículos 11,899 6,031 3,284 2,584 Florestal 12,205 6,031 3,438 2,736 Petroquímico 10,945 5,435 3,072 2,438 Fármaco 11,204 5,431 3,213 2,560 Plásticos 11,849 5,923 3,305 2,621 Alimentícios 12,322 6,193 3,400 2,729 Diversos 12,441 6,048 3,564 2,829 Serviços 12,603 5,819 3,777 3,007 Fonte: preparado pelo autor.

Decompondo-se esses impactos globais da economia em impactos

sobre a produção das atividades, as rendas das Instituições e a formação do

valor adicionado, tem-se que o setor Serviços apresentou os maiores impactos

sobre a remuneração do valor adicionado e sobre as transferências às

instituições e, ainda, apresentou o oitavo maior valor sobre a produção das

atividades, em que o setor Metalsiderúrgico (6,288) teve o maior valor. Os

setores que apresentaram os piores valores sobre os impactos na produção

foram: Agricultura (5,140), Fármaco (5,431) e Petroquímico (5,435). Quanto ao

83

impacto sobre as transferências às instituições, os setores Petroquímico

(3,072), Eletroeletrônico (3,100) e Agricultura (3,209) apresentaram os piores

valores, enquanto Serviços (3,777), Mineração ((3,568) e Diversos 3,564) os

melhores. No que tange aos impactos sobre a remuneração do valor

adicionado (trabalho e capital), nota-se que Serviços (3,007), Mineração

(2,835) e Diversos (2,829) apresentaram as maiores contribuições, enquanto

as piores ficaram por conta de Petroquímico (2,438), Eletroeletrônico (2,445) e

Fármaco (2,560).

Em relação aos treze setores resultantes da agregação, o setor

Florestal apresenta resultados favoráveis quanto a esses multiplicadores,

principalmente, para os das atividades e valor adicionado, visto que se

posiciona em quinto lugar para ambos. Os resultados desses multiplicadores,

para o setor Florestal, mostram que um aumento de R$1.000,00 na demanda

das contas exógenas (conta capital e resto do mundo) desse setor implica num

aumento total de R$12.205,00 sobre todo o fluxo circular da economia, sendo

R$6.031,00 de aumento na produção de todos os setores produtivos,

R$3.438,00 como aumento nas transferência às instituições e R$2.736,00

como aumento nas remunerações do valor adicionado.

A comparação desses multiplicadores com os multiplicadores da

produção derivados da análise de insumo-produto mostra uma grande

contribuição dos modelos da MCS. Os multiplicadores da MCS são maiores

que os da MIP, porque para a MCS são consideradas as contas das

instituições e do valor adicionado no cálculo dos multiplicadores, enquanto para

os multiplicadores da MIP apenas a demanda intermediária é considerada. Além dos impactos sobre a produção (atividades), instituições e valor

adicionado, o multiplicador de efeito global pode ser decomposto em efeito

transferência, cruzado e circular (Quadro 21).

O setor Florestal apresentou valor modesto para o efeito cruzado,

quando comparado com os demais efeitos, mas, assim mesmo, ainda maior

que o apresentado pelo setor Veículos e muito próximo do valor encontrado

para o Eletroeletrônico. A melhor performance do setor Florestal foi para o

efeito transferência, que é o mesmo valor encontrado pelo multiplicador da

produção da MIP, visto que o efeito transferência capta a transferência entre os

insumos e produtos dos setores produtivos. Este valor, para esse efeito,

84

confirma os ótimos índices de ligações para trás e para frente encontrados para

esse setor. O valor encontrado para o efeito circular para o setor Florestal

(sétimo colocado) mostra que esse setor tem um grande poder de fazer com

que a renda dos fatores de produção proveniente do aumento da produção

pelas atividades produtivas seja repassada às instituições e destas de volta ao

processo produtivo.

Quadro 21 – Decomposição dos multiplicadores de efeito global da MCS em

efeitos transferência, efeitos cruzados e efeitos circulares, em 1995

Efeitos Setor Transferência Cruzado Circular Agricultura 1,666 2,291 2,638 Mineração 2,115 1,854 2,037 Metalsiderúrgico 2,463 1,608 1,727 Maquinário 1,841 2,213 2,578 Eletroeletrônico 2,048 1,769 1,878 Veículos 2,338 1,658 1,776 Florestal 2,173 1,758 1,971 Petroquímico 2,033 1,780 1,843 Fármaco 1,851 2,023 2,243 Plásticos 2,220 1,746 1,928 Alimentícios 2,426 1,484 1,545 Diversos 2,042 1,934 2,190 Serviços 1,545 2,493 3,035 Fonte: preparado pelo autor.

Com exceção dos multiplicadores de impacto para emprego do tipo II,

observa-se (Quadro 21) que a diferença, em termos absolutos, nos

multiplicadores entre os setores analisados, é muito pequena, porém,

significativa em termos relativos. As diferenças são menores onde o efeito das

inter-relações setoriais é grande, como na produção calculada pela MIP e nos

multiplicadores da MCS. No caso de variáveis como emprego, em que os

coeficientes técnicos tendem a ser mais heterogêneos, a diferença relativa dos

multiplicadores é maior, pelo fato de alguns setores serem mais intensivos em

85

trabalho, como Agricultura, Alimentícios e Florestal, que outros, que são mais

intensivos em capital, como Veículos e Eletroeletrônico.

O Quadro 22 resume a posição dos setores estudados, em termos de

participação e de impacto dos multiplicadores da MIP e da MCS sobre cada

variável analisada, além dos índices de ligações para frente e para trás. Como

se pode observar (Quadro 23), o setor Florestal é importante para contribuir

com o desenvolvimento da economia brasileira através das participações na

produção, nas exportações, na balança comercial, na inter-relação com outros

setores, na remuneração e geração de emprego e na arrecadação de

impostos. Além disso, o setor apresenta um potencial alavancador da

economia, no que se refere aos seus impactos em cada uma das variáveis,

excetuando-se os impostos, quanto ao fluxo circular de toda a economia.

A baixa contribuição em impostos se deve, principalmente, ao fato de

que os produtos florestais são, em grande parte, ‘produtos básicos e semi-

elaborados, e que a carga tributária incide mais sobre os produtos supérfluos.

Conseqüentemente, isso explica valores maiores para os setores Veículos e

Eletroeletrônico sobre a participação e o potencial de arrecadação de impostos,

em relação ao setor Florestal.

No geral, comparando-se o setor Florestal com os demais setores de

produção de bens, como Veículos, Eletroeletrônico, Maquinário, Petroquímico,

Agricultura e Alimentícios, nota-se, pelo Quadro 23, que ele só perde para

Alimentícios. Essa perda é maior em termos de participação que dos

multiplicadores de impacto, em razão do tamanho da agregação do setor

Alimentícios, que envolve mais atividades que a do setor Florestal. Entretanto,

é bom lembrar que a atividade florestal faz parte da atividade agroindustrial, o

qual é representado pelo setor Alimentícios, e que ambos os setores possuem

os mesmos potenciais para induzir o desenvolvimento de uma economia

através de choques na demanda final por seus produtos.

Estes resultados confirmam os de outros trabalhos, realizados em

vários países, como FLICK et al. (1980), FLICK e TEETER (1988),

PSALTOPOULOS e THOMSON (1993), KRIESEL (1994), MARCOVILLER et

al. (1995) e WATERS et al. (1999), que mostram o quanto o complexo florestal

é importante indutor para o desenvolvimento sócio-econômico de um dado

local, região ou país, por sua capacidade de responder com aumentos na

86

produção, na geração de empregos, nas exportações, na balança comercial e

na renda dos trabalhadores, aos estímulos da demanda por seus produtos

finais.

Isso também comprova porque países como o Canadá, a Suécia, a

Finlândia, que tiveram o seu desenvolvimento calcado nas indústrias de base

florestal, são países economicamente fortes, considerados como os que têm os

melhores índices de qualidade de vida segundo relatório da ONU. No Brasil, é

possível perceber um pouco esse efeito, quando se analisa o desenvolvimento

de estados como o Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo e

parte de Minas Gerais, que também se desenvolveram através da utilização

dos recursos florestais, e que são considerados os melhores estados do país

em termos de desenvolvimento sócio-econômico. Por outro lado, têm-se os

estados da região Norte, que são os mais ricos em termos de recursos

florestais e que estão entre os estados mais pobres. Vários fatores podem

explicar isto, como, entre outros, o desenvolvimento recente dessas regiões,

mas, o principal é o baixo índice de industrialização desses recursos, gerando

pequeno valor agregado sobre essa indústria.

Até há pouco tempo, muito dos produtos florestais básicos, como a

madeira na forma de toras, eram exportados sem passar por nenhum

processamento. Poucos eram exportados na forma de madeira serrada,

laminada, beneficiada ou industrializada, como painéis, aglomerados,

compensados, etc.

Com o desenvolvimento da indústria florestal na Região Norte,

agregando mais valor aos seus recursos florestais, viabilizará o crescimento

sócio-econômico regional e, com isso, novas indústrias de vários setores serão

atraídas, dada a forte relação do setor florestal com os demais setores da

economia. Em cadeia, isto proporcionará a melhoria da qualidade de vida desta

região.

76

Quadro 22 - Classificação dos setores Florestal, Metalsiderúrgico, Veículos, Eletroeletrônico, Maquinário, Alimentícios, Agricultura e Petroquímico na participação do PIB, Emprego, Valor Adicionado, Exportações, Importações, Balança Comercial e Impostos, nos Índices de Ligações para trás (IEt) e para frente (IEf) e nos multiplicadores da MIP e da MCS

Variáveis Florestal Metalsiderúrgico Veículos Eletroeletrônico Maquinário Alimentícios Agricultura Petroquímico PIB 8 7 6 10 9 3 2 4 Emprego 5 6 9 11 8 4 2 10 Pagamento Fator 7 5 9 11 8 4 2 3

Salário 4 5 9 11 7 3 2 8 Capital 8 6 10 11 5 4 2 3

Exportações 5 2 4 9 10 1 11 8 Importações 2 5 10 12 9 6 4 11 Balança Comercial 3 2 9 13 11 1 6 12 Impostos 6 7 3 5 12 2 13 6 IEt 5 1 3 7 11 2 12 9 IEf 6 2 10 11 9 8 4 3 Multiplicadores de Impactos da MIP

Produção 5 1 3 7 11 2 12 9 Renda 3 6 7 9 5 11 13 12 Emprego 4 8 10 11 12 2 1 13 Impostos 12 10 6 4 13 2 3 5 Importações 6 8 11 13 5 7 2 12 Renda II 5 2 9 11 10 4 8 3 Emprego II 6 2 7 10 9 4 11 1 Multiplicadores de impacto da MCS

Global 6 4 8 11 7 5 12 13 Atividade 6 1 5 10 9 2 13 11 Instituição 5 6 9 12 4 7 11 13 Valor Adicionado 5 7 10 12 4 6 8 13 Transferência 5 1 3 7 11 2 12 9 Cruzado 9 12 11 8 3 13 2 7 Circular 7 12 11 9 3 13 2 10

Fonte: preparado pelo autor.

77

Quadro 23 - Classificação comparativa entre o setor Florestal e os setores Veículos, Eletroeletrônico, Maquinário, Alimentícios, Agricultura e Petroquímico, de acordo com as variáveis empregadas, os índices de ligações para trás e para frente e os multiplicadores da MIP e da MCS

Variáveis Florestal/Veículos Florestal/Eletroelet Florestal/Maquinário Florestal/Alimentícios Florestal/Agricultura Florestal/Petroquí. PIB X X X X X X Emprego X X X X X X Pag. Fator X X X X X X

Salário X X X X X X Capital X X X X X X

Exportação X X X X X X Importação X X X X X X Balança Comercial X X X X X X Impostos X X X X X X IEt X X X X X X IEf X X X X X X Mult da MIP Produção X X X X X X Renda X X X X X X Emprego X X X X X X Impostos X X X X X X Importação X X X X X X Renda II X X X X X X Emp II X X X X X X Mult da MCS Global X X X X X X Atividade X X X X X X Instituição X X X X X X Valores Adicion. X X X X X X Transfer X X X X X X Cruzado X X X X X X Circular X X X X X X Total 17 8 22 3 19 6 7 18 14 11 17 8

Fonte: preparado pelo autor.

89

5. RESUMO E CONCLUSÕES

O objetivo geral deste trabalho foi avaliar a contribuição do setor florestal

para o desenvolvimento sócio-econômico brasileiro. Especificamente,

objetivou-se analisar a participação desse setor na formação dos indicadores

macro e microeconômicos da economia brasileira como a participação no

Produto Interno Bruto (PIB), no emprego, no recolhimento de impostos, na

balança comercial, na remuneração dos fatores de produção (salário e capital),

assim como determinar os multiplicadores de impacto nessas variáveis, diante

de um choque de demanda por produtos demandados pelos consumidores

finais.

O trabalho foi realizado adotando-se os modelos de equilíbrio geral

multissetoriais, especialmente os das matrizes de insumo-produto (MIP) e de

contabilidade social (MCS), e usando como fonte de dados as Tabelas de

Insumo-Produto (TIP) fornecidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), como também dados do Banco de Desenvolvimento

Econômico e Social (BNDES), do Banco Central (BACEN), da Secretaria da

Receita Federal (SRF) e de forma residual, para alguns valores da MCS. Todas

as informações foram obtidas para o ano de 1995.

Compondo-se de 42 atividades e 80 produtos, as tabelas de produção e

de consumo a preços básicos das TIPs do IBGE foram transformadas com

base na abordagem da tecnologia de setor e modelo setor por setor, para

90

fornecer a matriz de coeficientes técnicos de insumo-produto, visando a

elaboração da MIP e da MCS. Após essa transformação, as atividades e os

produtos foram agregados em 13 setores, destacando-se o setor florestal e

seus principais fornecedores e consumidores. Os resultados obtidos pela MCS foram melhores que os da MIP, porque

para a MCS são consideradas, além da demanda intermediária, as contas das

instituições e do valor adicionado, enquanto pela MIP apenas a demanda

intermediária é considerada.

Em 1995, a economia brasileira apresentou déficit na balança de

pagamentos (operações correntes com o resto do mundo) e na balança

comercial onde os setores de produção de bens da agregação, como

Eletroeletrônico, Petroquímico, Veículos e Maquinário foram os que mais

contribuíram para esse déficit. Os resultados mostraram, ainda, que o setor Florestal brasileiro

apresentou importantes contribuições para o desenvolvimento econômico

brasileiro em 1995, e, também, com exceção do recolhimento de impostos,

grande potencial de induzir o crescimento, seja através de aumentos na

produção, na geração de empregos, na remuneração dos salários e capital, no

aumento das exportações e na redução nas importações, favorecendo a

balança comercial.

Mais precisamente, o setor florestal brasileiro contribuiu nesse período

com 2,68% do PIB, empregou 2,2% dos trabalhadores, recolheu 6,0% de toda

arrecadação de impostos e foi o responsável por 8,7% das exportações

brasileiras.

Os valores encontrados para os índices de ligações para trás e para

frente confirmam o quanto o setor Florestal é chave para a economia brasileira,

dada a grande relação com os seus fornecedores de matérias-primas e

consumidores de seus produtos finais.

Dessa forma, este trabalho confirma a expectativa de que o setor

Florestal pode contribuir para melhorar os indicadores sócio-econômicos

brasileiros e, mais importante ainda, no tocante a emprego, absorver grande

parte da mão-de-obra que vem sendo dispensada pelo avanço tecnológico,

principalmente pela mecanização agrícola em áreas planas.

91

Não obstante, a boa performance do setor florestal, os resultados

encontrados poderiam ser ainda melhores caso o IBGE descriminasse melhor

as atividades que compreendem esse setor, como, por exemplo, a silvicultura

que é a atividade florestal básica e que, nas TIPs, está compreendida na

atividade agricultura, o carvão vegetal que é uma das principais fontes de

energia da matriz energética de Minas Gerais e que em nenhum lugar foi citado

nas TIPs e, entre outras coisas, a atividade de siderurgia, que poderia ser

separada entre as siderúrgicas a carvão vegetal daquelas a carvão mineral.

92

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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98

APÊNDICE

99

APÊNDICE Metodologia de cálculo das matrizes de coeficientes técnicos de insumo-

produto

O conjunto das Tabelas de Insumo-Produto (TIP) fornecido pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é formado por uma série

de tabelas contendo a produção, o consumo intermediário e final de produtos

nacionais e importados, os impostos, o valor adicionado, etc., conforme

representado no Quadro 1A.

Quadro 1A - Representação das tabelas de insumo-produto (TIP) fornecidas

pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

Produtos Nacionais

Atividades Demanda Final Valor da Produção

Produtos Nacionais Un Fn Q Produtos Importados

Um Fm

Atividades V E G Impostos Tp Te Valor Adicionado y’ Valor da Produção q’ g’ No Quadro 1A,

V = matriz de produção, apresenta para cada atividade o valor da produção de cada um dos produtos;

q = vetor com o valor bruto da produção total por produto; Un = matriz de consumo intermediário nacional, apresenta para

cada atividade o valor dos produtos de origem interna consumidos;

Um = matriz de consumo intermediário importado, apresenta para

cada atividade o valor dos produtos de origem externa consumidos;

100

Fn = matriz da demanda final por produtos nacionais, apresenta o valor

dos produtos de origem interna consumidos pelas categorias da demanda final (consumo final das famílias e do governo, exportação, formação bruta de capital fixo e variação de estoques);

Fm = matriz da demanda final por produtos importados apresenta o

valor dos.produtos de origem externa consumidos pelas categorias da demanda final;

E = matriz da demanda final por atividade, representa a parcela do

valor da de uma atividade destinado a demanda final. Estes dados não são observados, são calculados a partir de Fn;

Tp = matriz dos valores dos impostos e subsídios associados a

produtos, incidentes sobre bens e serviços absorvidos (insumos) pelas atividades produtivas;

Te = matriz dos valores dos impostos e subsídios associados a

produtos, incidentes sobre bens e serviços absorvidos pela demanda final;

g = vetor com o valor bruto da produção total por atividade; y = vetor com o valor adicionado total gerado pelas atividades

produtivas. É considerado como um vetor por medida de simplificação, na prática é uma matriz por atividade com o valor adicionado a custo de fatores e a preços básicos, as remunerações (salários e contribuições sociais), o excedente bruto operacional (obtido por saldo) e os impostos e subsídios incidentes sobre as atividades.

Para se obter a matriz de coeficientes técnicos de insumo-produto das

MIP e MCS, é necessário, dadas as características como são dispostas as

informações na TIP, transformar os dados fornecidos pelas tabelas do Quadro

1A usando a metodologia empregada por RAMOS (1997), conforme o que se

segue.

Primeiramente, com base no esquema do Quadro 1A e das relações

contábeis de um Sistema de Contas Nacionais (SCN), descrevem-se as

equações para o valor da produção por produto (1A), por setor (2A) e o valor

da produção total (3A), como:

q Un i Fn q un Fni ij ii

= + = = +∑. ( )1A

g V i g vj iji

= = = ∑. ( )2Aq gi

ij

j∑ ∑= ( )3A

101

Da matriz de consumo intermediário nacional - Un - calcula-se, para

cada setor, o peso de cada produto no seu consumo intermediário. Este peso

pode ser interpretado como uma relação técnica entre produto consumido e o

setor. Define-se, então, o coeficiente bij como o valor do produto i necessário à

produção de uma unidade monetária no setor j. Admitindo-se uma classificação

ampla com m produtos e n setores, esse coeficiente é calculado por:

I = 1,...,m e j = 1,...,n.

Escrevendo como uma equação matricial:

dim[B] = m x n

(produto x setor)

A matriz de produção fornece duas estruturas de referência, a

participação de cada setor no mercado (cotas de mercado) e a participação de

cada produto na produção de cada setor (composição da produção). Define-se:

d ji - como a participação do setor j na produção do produto i e;

c ij - como a participação do produto i na produção do setor j.

Calculados por:

j = 1, ...., m e i = 1, ..., n

i = 1, ...., m e j = 1, ..., n

B Un g= < >−. 1

Un B g= < >.

bungij

j

ij= ( )4A

dvqjiji

i= ( )5A

cvgijij

j= ( )6A

102

Usando notação matricial:

dim[D] = m x n

(setor x produto)

dim[C] = n x m

(produto x setor)

As matrizes D e C têm como características a soma dos elementos de

suas colunas iguais a unidade.

i) a partir de D, é possível mostrar que

ii) a partir de C é possível mostrar que

A característica do sistema de dados que impede o cálculo dos

coeficientes técnicos, diretamente, é a inexistência de uma relação direta entre

produtos e setores. Se definir uma matriz de transformação que relacione os

produtos com os setores, torna-se possível calcular as matrizes de coeficientes

técnicos, ou entre produtos ou entre setores.

Seja T uma matriz, setor por produto, que transforma o valor da

produção por produto no valor da produção por setor. Admite-se então, que:

Dim[T] = n x m

D V q= < >−. 1

C V g= < >−' . 1

V C g' .= < >

g T q= . ( )7A

∑ = ∑ = ∑ = d v q q

v q q ji

ji i i

ji i i

1 1; .

∑ = ∑ = ∑ = c v g g

v g g ij

ij j j

ij j j

' . '

1 1.

103

O valor da produção do setor j pode ser escrito por:

E o valor total da produção pode ser escrito como:

Da equação (3A) sabe-se que o valor da produção total é:

O que faz com que, necessariamente

O desenvolvimento acima mostra que a soma dos elementos de suas

colunas ser igual a 1 é uma condição necessária para uma matriz de

transformação T.

Considerando a equação (1A), pode-se escrever:

Onde dim [T.B] = n x m

(setor por setor)

Chamando T.B de Aa

g t qj ji ii

= ∑ .

g t q t qjj

ij ii

ijjj

i= =

∑ ∑ ∑∑∑ . .

.∑∑ =j

jgiiq

tijj

=∑ 1

q Un i Fn= +.

q B g i Fn= < > +. .

g T q= .

),..( FnqBTg +=

q Bg Fn= + ( )8A

g I A T Fn= − −( ) . ( . )1 ( )9 A

104

A equação (9A) forma o sistema de Leontief, que relaciona os valores

da produção por setor com as respectivas demandas finais, em que

Aa - matriz de coeficientes técnicos diretos atividade por atividade;

T.Fn - demanda final por atividade.

A primeira questão é, para a maioria dos modelos de transformação,

resolvida pela alocação da demanda proporcionalmente aos setores

produtores. Para a segunda questão, considera-se sempre que os insumos são

proporcionais à produção e introduzem-se duas hipóteses sobre como a

estrutura de insumos é determinada. Essas hipóteses se refletem em diferentes

matrizes de transformação.

A determinação da estrutura de insumos, ou seja, da matriz de

transformação, é feita estabelecendo-se a hipótese sobre a tecnologia do setor.

A hipótese de tecnologia do setor diz que a tecnologia é uma

característica das atividades (setores), isto é, a tecnologia para a produção dos

produtos é aquela da atividade que o produz. Assim, as informações

disponíveis são sobre as estruturas de insumo de cada atividade. As estruturas

de insumos dos produtos serão calculadas pela média ponderada das

estruturas das atividades que o produzem, considerando como peso a

participação de cada atividade na produção do produto (cotas de mercado).

Supondo-se a existência de um coeficiente técnico perfeito - αikj - que

represente o valor do produto i, necessário a produção de uma unidade

monetária do produto k na atividade j, pode-se escrever o valor do produto i

consumido, na atividade j, como

Dividindo-se a equação (10A) pelo valor da produção por setor, chega-se a

uma relação geral para os modelos de insumo-produto:

un vij ikj kjk

= ∑α . ( )10A

ung

vij

jikj kj

k= ∑α .

b cij ikj kjk

= ∑α . ∀i j, ( )11A

105

Como não é possível obter, das estatísticas básicas, o coeficiente

perfeito, introduzindo-se as hipóteses de que a tecnologia é uma característica

de cada atividade, tem-se:

αikj = αikj.ckj, ∀ k.

Assim,

Como

Da definição da hipótese, pode-se escrever que:

Logo

Matricialmente,

Como a soma das colunas da matriz D é igual à unidade, pode-se

escrever que T = D. Substituindo-se Aa em (9A), obtém-se:

Chamando g de X e Fn de Y, tem-se

)...(1).( FnDBDIg −−=

..DBAp =

c bkjk

ij ij= ⇒ =∑ 1 α

..∑=j

jkdijikap α

..∑=j

jkdijbikap ( )13A

)...(1).( YDBDIX −−= ( )14A

..∑=k

kjcijijb α

.∑=kkjcijijb α ( )12A