A CRIANÇA E A ARTE UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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A CRIANÇA E A ARTE: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Simone Ramos Cantalice Grünewald UEI /UFCG [email protected] Ivanilda Dantas de Oliveira UEI/UFCG [email protected] RESUMO A experiência com as múltiplas linguagens é fundamental para o desenvolvimento infantil, pois através dela as crianças alargam suas capacidades expressivas, cognitivas, afetivas, psicomotoras e sociais. Pautando-se nesse entendimento, o presente relato ressalta a importância da arte na educação infantil para a formação artística e estética dos educandos, convidando os leitores a apreciar algumas propostas envolvendo as linguagens visual, corporal e literária, que foram desenvolvidas durante o projeto “Experimentando Arte”, na Unidade de Educação Infantil UFCG, com crianças de 1 ano e 8meses a dois anos e 6 meses. Tais propostas possibilitaram o desenvolvimento expressivo de representar o mundo através das múltiplas linguagens; ampliar o conhecimento de mundo que a criança possui, manipulando diferentes objetos e materiais, explorando suas características, propriedades e possibilidades de manuseio; levar as crianças a expressar-se através do desenho, pintura, recorte, colagem escultura, construção, movimentos e gestos; favorecer possibilidades de expressão e comunicação, a partir do texto literário. Por fim, gostaríamos de ressaltar que as crianças foram incentivadas a deixar suas marcas singulares que nos indicam o modo como estão se apropriando do mundo da arte e da cultura. Palavras chave: Arte, Educação Infantil, Prática Pedagógica. ABSTRACT The experience with multiple languages is essential for development child, because through them the children broaden their expressive abilities, cognitive, affective, psychomotor and social. Basing themselves on this understanding, the this report emphasizes the importance of art in early childhood education for training artistic and aesthetic of the students, inviting readers to examine some proposals involving the visual language, corporal and literary, which were developed during the project “Experiencing Art” at the Education Unit Children - UFCG, with children aged 1 year and 8 months to two years and six months. Such proposals have enabled the development of expressive represent the world through multiple languages; broaden knowledge of the world that the child has, manipulating different objects and materials, exploring their characteristics, properties and handling possibilities; take children to express themselves through drawing, painting, sculpture, collage, clipping construction, movements and gestures; foster possibilities of expression and communication, from literary text. Finally, we would like to emphasize that the children were encouraged to leave their natural marks indicate us how are grabbing the world of art and culture. Keywords: Art, Early Childhood Education, Teaching Practice.

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A CRIANÇA E A ARTE: UMA EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Simone Ramos Cantalice Grünewald –UEI /UFCG

[email protected]

Ivanilda Dantas de Oliveira –UEI/UFCG

[email protected]

RESUMO A experiência com as múltiplas linguagens é fundamental para o desenvolvimento infantil, pois através dela as crianças alargam suas capacidades expressivas, cognitivas, afetivas, psicomotoras e sociais. Pautando-se nesse entendimento, o presente relato ressalta a importância da arte na educação infantil para a formação artística e estética dos educandos, convidando os leitores a apreciar algumas propostas envolvendo as linguagens visual, corporal e literária, que foram desenvolvidas durante o projeto “Experimentando Arte”, na Unidade de Educação Infantil – UFCG, com crianças de 1 ano e 8meses a dois anos e 6 meses. Tais propostas possibilitaram o desenvolvimento expressivo de representar o mundo através das múltiplas linguagens; ampliar o conhecimento de mundo que a criança possui, manipulando diferentes objetos e materiais, explorando suas características, propriedades e possibilidades de manuseio; levar as crianças a expressar-se através do desenho, pintura, recorte, colagem escultura, construção, movimentos e gestos; favorecer possibilidades de expressão e comunicação, a partir do texto literário. Por fim, gostaríamos de ressaltar que as crianças foram incentivadas a deixar suas marcas singulares que nos indicam o modo como estão se apropriando do mundo da arte e da cultura. Palavras – chave: Arte, Educação Infantil, Prática Pedagógica. ABSTRACT The experience with multiple languages is essential for development child, because through them the children broaden their expressive abilities, cognitive, affective, psychomotor and social. Basing themselves on this understanding, the this report emphasizes the importance of art in early childhood education for training artistic and aesthetic of the students, inviting readers to examine some proposals involving the visual language, corporal and literary, which were developed during the project “Experiencing Art” at the Education Unit Children - UFCG, with children aged 1 year and 8 months to two years and six months. Such proposals have enabled the development of expressive represent the world through multiple languages; broaden knowledge of the world that the child has, manipulating different objects and materials, exploring their characteristics, properties and handling possibilities; take children to express themselves through drawing, painting, sculpture, collage, clipping construction, movements and gestures; foster possibilities of expression and communication, from literary text. Finally, we would like to emphasize that the children were encouraged to leave their natural marks indicate us how are grabbing the world of art and culture. Keywords: Art, Early Childhood Education, Teaching Practice.

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INTRODUÇÃO

No ano de 2010, os profissionais da Unidade de Educação Infantil - UFCG

escolheram o tema A Criança e a Arte para nortear os projetos de trabalho a serem

desenvolvidos, ao longo deste ano, com os grupos I, II, II e IV.

A escolha do referido tema justificou-se pela importância atribuída à arte como

instrumento que possibilita a formação artística e estética das crianças e que contribui

para a ampliação da compreensão do mundo em que vivem.

É imprescindível ressaltar que a educação para a arte efetiva-se segundo

Ferraz e Fusari (2009, p.117) quando no âmbito escolar se promovem situações que

“conduzem à experimentação e a construção de modos variados de ver, ouvir,

perceber, sentir, organizar, entender e representar o mundo.

Nessa compreensão, a Unidade de Educação Infantil constituiu-se em um

espaço privilegiado onde as crianças tiveram acesso a experiências de produção e

apreciação das diversas linguagens expressivas: a visual, a sonora, a cênica, a

corporal, a literária e a audiovisual.

Sendo assim, abordaremos, neste trabalho, a importância da arte para o

desenvolvimento das crianças pequenas, ressaltando-se estudos que enfocam o papel

das experiências sensoriais, da imaginação e do brincar para a ampliação da

expressividade infantil. Em seguida, pretendemos relatar algumas vivências com as

múltiplas linguagens que foram desenvolvidas com as crianças do grupo I (1ano e 8

meses até 2 anos e 6 meses) durante a realização do projeto “Experimentando Arte”e,

por fim, teceremos algumas considerações acerca da experiência relatada.

A CRIANÇA E O UNIVERSO DA ARTE

Os Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (2006, p.31)

elucidam que as propostas pedagógicas das instituições nesse nível de ensino devem

contemplar princípios éticos, políticos e estéticos. Este último sendo assim

apresentado:

Contemplar os princípios estéticos no que se refere à formação

da criança para o exercício progressivo da sensibilidade, da

criatividade, da ludicidade e da diversidade de manifestações

artísticas e culturais.

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Nesse contexto, percebemos a relevância que a arte assume para o

desenvolvimento infantil, pois através das múltiplas linguagens a criança evidencia a

expressão de seu eu e do seu mundo, assim como amplia suas experiências artísticas

e estéticas.

Segundo Ferraz e Fusari (2009, p.85) a expressividade infantil “resulta das

elaborações de sensações, sentimentos e percepções vivenciadas intensamente”.

Sendo assim, assume grande relevância o fazer pedagógico do\a professor\a que

deve promover a ampliação das expressões sensoriais e imaginativas das crianças.

As experiências sensoriais auxiliam as crianças a perceber as semelhanças e

diferenciações entre os objetos, além de ampliar a compreensão da realidade e sua

representação. Por isso, desde muito cedo, devem ser incentivadas a manipular

materiais diversos a fim de perceber os atributos constitutivos dos objetos a partir da

utilização de todos os sentidos. Richter (2008, p.30) afirma que:

A manipulação transformadora da matéria permite inúmeras

possibilidades de sensações e relações. Esta ação construtiva

é acompanhada de uma multiplicidade de imagens que se

instalam no inconsciente e que depois o adulto, sobretudo

através da mediação poética, recuperará amplificadas.

No tocante a imaginação, entende-se que esta é resultante do processo de

reformulação das experiências vividas e se constitui de “novas imagens, idéias e

conceitos que vinculam a fantasia à realidade e desenvolve-se por toda a nossa vida”

(FERRAZ & FUSARI, 2009, p.92)

O contexto contemporâneo, marcado pela sociedade do mercado e do

consumo, valoriza o corpo e a mente disciplinados para a mera assimilação do que é

dado. A partir disso, percebemos que hoje as crianças vivem imersas em um mundo

onde as mídias impõem um modelo que reduz o processo imaginativo, em virtude do

adestramento da experiência sensível.

Para Vygotsky (apud FERRAZ & FUSARI, 2009, p.94) a criança “quanto mais

veja, ouça e experimente, quanto mais aprenda e assimile (...), tanto mais

considerável e produtiva será, a atividade de sua imaginação.

Sendo assim, assume grande relevância a ação pedagógica que considera o

brincar, uma atividade essencial para o mergulho no universo da cultura. Nessa

compreensão, as propostas desenvolvidas pelas crianças de 0 a 5 anos, com as

múltilpas linguagens, devem ser vivenciadas de forma lúdica, “onde o “fazer” se

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identifica com o “brincar”, o imaginar com a experiência da linguagem ou da

representação”. (FERRAZ & FUSARI, 2009, p.92)

A criança, sujeito social e histórico, precisa ser compreendida no que a faz

singular, ou seja, sua capacidade de através da brincadeira experienciar a cultura na

qual se encontra inserida para que possa recriá-la.

Pautados/as nessa compreensão, nós professores\as, precisamos de forma

intencional organizar o espaço físico, o tempo, os recursos materiais e a mediação

pedagógica, na perspectiva de contribuir para o desenvolvimento artístico e estético do

sujeito-criança.

DESCREVENDO O PROJETO “EXPERIMENTANO ARTE”

O projeto “Experimentando Arte” está sendo desenvolvido no grupo I, com

crianças de 1 ano e 8 meses até 2 anos e 6 meses, na Unidade de Educação Infantil –

UFCG, objetivando alcançar, ao longo do ano letivo, os seguintes objetivos: promover

o desenvolvimento expressivo de representar o mundo através das múltiplas

linguagens; ampliar o conhecimento de mundo que a criança possui, manipulando

diferentes objetos e materiais, explorando suas características, propriedades e

possibilidades de manuseio; levar as crianças a expressar-se através do desenho,

pintura, recorte, colagem escultura, construção, canto, dança, produção de sons, falas,

ritmos, movimentos e gestos; promover no cotidiano de sala de aula a apreciação de

desenhos, pinturas, fotografias, esculturas e gravuras; favorecer possibilidades de

expressão e comunicação, utilizando diversos materiais gráficos e plásticos sobre

diferentes superfícies e promover visitas a museus e exposições.

Para tanto, desde os primeiros dias de aula oportunizamos as crianças um

ambiente que favorecesse a exploração e manipulação de materiais variados, como

lápis e pincéis de diferentes espessuras, tintas de cores variadas, água, areia, argila,

jornal, papel, papelão, caixas, livros de literatura infantil, baú de fantasias entre outros.

Temos clareza, que as atividades a serem desenvolvidas com crianças na faixa

etária de 1 ano e 8meses até 2 anos e 6 meses devem primar pela ludicidade,

descoberta, observação e experimentação.

Assim sendo, descreveremos a seguir algumas propostas realizadas com as

crianças do grupo I, ao longo do ano, que suscitaram a brincadeira, a experimentação

de materiais diversos, à expressão corporal e o encontro com o texto literário.

Vamos fazer “meleca”?

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Solicitamos às famílias que enviassem para a Unidade de Educação Infantil

farinha de trigo para fazermos “meleca” com as crianças. Inicialmente, exploramos a

farinha e, em seguida, as crianças foram convidadas a manuseá-la para sentirem a

consistência, o cheiro, o sabor. Depois todos foram para a cozinha observar o preparo

da meleca. Misturamos a farinha de trigo na água e colocamos para cozinhar. Ao

retornarmos para sala de aula perguntamos as crianças o que iríamos fazer e tivemos

respostas engraçadas, como: “parece comida”, “é brigadeiro?”, “vamos comer?” “eca!”.

Foi explicado as crianças que não era para comer, e sim, fazer arte. A maioria delas

ficou empolgada em colocar as mãos e demonstrou prazer em manipular a massa e

colori-la, sujando-se e sentindo prazer pela vivência daquela atividade. Poucas

crianças não desejaram participar dessa experiência, ainda que tivessem sido

incentivadas por nós professores/as e, assim, foram respeitadas na sua singularidade.

Vejamos alguns comentários feitos pelas crianças: “melei a mão”, “a meleca é mole”,

“a meleca suja a mão”, “espalhei a tinta na meleca”, “peguei a meleca e espalhei”.

Esta experiência foi muito divertida e rica, pois as crianças exploraram a textura

dos materiais, observaram o efeito produzido pela mistura, escolheram as tintas para

colorir a massa e, muitas delas, se deleitaram nesse fazer artístico

Temos clareza, que através das artes visuais as crianças desenvolvem o

movimento, o equilíbrio, o ritmo e o prazer de expressar-se. Elas também têm suas

próprias impressões sobre o que constroém, a partir da relação com a produção de

arte, com o mundo dos objetos e com o seu fazer próprio. A esse respeito, Richter

(2008, p. 44) argumenta que (...) “a produção plástica só pode ter existência visual

pela mão que imagina e figura ao transformar distintas materialidades para configurar

significados na interlocução cultural”.

Sendo assim, no processo de aprendizagem das artes visuais, as crianças

elaboram um percurso de criação e construção individual, envolvendo a sua relação

com o outro e a cultura, experiências próprias e novas aprendizagens.

Nessa direção, fundamentamos nosso fazer cotidiano no Referencial

Curricular para a Educação Infantil (1998, p.91) que orienta:

No processo de aprendizagem em Artes Visuais a criança

traça um percurso de criação e construção individual que

envolve escolhas, experiências pessoais, aprendizagens,

relação com a natureza, motivação interna e/ou externa

(RCNEI, 1998, p.91)

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Era uma vez....

Zilberman (1981) afirma que a literatura infantil traz a peculiaridade de se

definir pelo destinatário e tem sua dimensão artística assegurada quando rompe com o

pedagógico, levando o leitor a uma abrangente compreensão da existência.

Compartilhando desse pensamento, investimos em uma proposta de formação

de leitores que promove o acesso das crianças a um acervo de literatura de boa

qualidade e, também, são proporcionadas vivências que cultivam a imaginação, a

descoberta, o prazer e o desejo de ler.

Por essa razão, todos os dias contamos histórias para as crianças e elas

escolhem um livro para ler, em casa, com a sua família. Em um desses momentos

apresentamos o livro “Ida e Volta”, de Juarez Machado, que se utiliza das imagens das

pegadas do personagem principal para narrar a história. Esta obra literária despertou a

curiosidade das crianças, pois a cada página lida surgia uma nova surpresa. Como as

crianças demonstraram grande interesse pela história contada, foi sugerido que elas

fizessem as suas pegadas. Para tanto, pintamos seus pés e carimbamos em folha de

papel. Em seguida, recortamos e, juntos, criamos um caminho de pegadas.

Comentários das crianças acerca da experiência vivenciada: “que cócega”, “vou andar

longe’, sujou o pé”, “eu estou dançando”

Nessa vivência, percebemos o grande envolvimento e interesse das crianças

durante a contação da história, pois seus olhos acompanhavam as pegadas e

buscavam descobrir a partir do diálogo com as imagens e com os/as professores/as

de quem eram as marcas deixadas no papel. A abordagem desenvolvida nesse livro

de literatura infantil convidou o leitor infantil a imaginar, fantasiar e brincar.

Segundo Faria (2004, p.59), a narrativa nos livros de imagem conta histórias

por meio da linguagem visual e, por isso, são organizadas em cenas e sequências,

exigindo por parte do educador “um trabalho minucioso com as crianças, apontando

ou levando-as a descobrir elementos técnicos que fazem progredir ação ou explicam

espaço, tempo, características das personagens etc.”

Sendo assim, destacamos a importância da leitura da narrativa por imagens

na educação infantil, já que se deve reconhecer que esta tanto possibilita o

desenvolvimento das habilidades de observação, análise e síntese, quanto possibilita

uma rica experiência com a cor, a forma e a multiplicidade de sentidos.

Brincando com argila

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Inicialmente, as crianças apenas observaram a argila, mas logo foram

convidadas a tocá-la. A grande maioria mostrou interesse e curiosidade em manipular

esse novo material, então, distribuímos pedaços para todas elas que logo começaram

a amassar, furar, apertar, espremer, bater. Quando indagadas sobre a argila, fizeram

os seguintes comentários: “é fria”, “suja a mão”, “tem muito”, “é preta”, “parece com

cocô”. Observamos que uma das crianças que a princípio rejeitou o material, ao ver os

colegas construindo livremente, lentamente foi se aproximando da mesa, tocou com

apenas um dedo, sentiu a textura e se aventurou na sua construção, no final chamou

uma das professoras e toda feliz disse: “fiz um bolo de aniversário”.

Sabemos que a experimentação de materiais diversificados é fundamental

para que as crianças descubram o mundo e o transforme. Portanto, as crianças do

grupo I tiveram acesso a argila que é um material tridimensional e, nessa experiência,

ampliaram seu repertório visual, a partir da livre expressão criativa, pois apreenderam

a consistência, experimentando a sua maleabilidade, também notaram como o barro

modifica sua forma quando é batido, puxado, amassado, apertado, enrolado e

moldado.

Para Kohl (2005, p.41) a massa de modelar, a argila e outras misturas

adequadas a experiências sensoriais oferecem possibilidade infinitas para as crianças.

(...) O produto acabado não é tão importante quanto o processo.

Atividade na areia

Levamos as crianças para o pátio a fim de brincarmos com água e areia. Para

tanto, disponibilizamos baldes, pazinhas, potes plásticos, pincéis, pauzinhos, tintas,

bacias grandes com água e mangueira. As crianças brincavam livremente, algumas

entravam na bacia, sentavam e não queriam mais sair, outras apreciaram jogar água

para cima, no chão e até nos colegas. À medida que iam explorando os materiais

oferecidos foram descobrindo novas possibilidades tipo: cavar buracos, enterrar os pés

na areia, encher os baldinhos de água, misturar areia e água até transformá-la em lama,

rabiscar na areia, colori-la entre outras. Falas “das crianças sobre essa rica experiência:

“é uma piscina”, vou fazer um buracão”, “que sujeira, eca!” “tou toda molhada”.

Consideramos esta experiência muito prazerosa, uma vez que as crianças

brincando com os elementos da natureza puderam explorar sensorialmente o ambiente,

seu corpo e os diversos materiais a ela oferecidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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A escola, enquanto espaço de formação, precisa considerar as múltiplas

linguagens utilizadas pelas crianças no seu cotidiano, para que possa promover

experiências estéticas e expressivas que garantam o desenvolvimento da sensibilidade,

o incentivo a curiosidade, o prazer da descoberta e da criação.

Partindo dessas considerações, vemos o quanto é importante que, nós,

professores, tenhamos domínio de alguns procedimentos de produção e apreciação

artísticas para que possamos desenvolver propostas que enriqueçam as expressões e

percepções infantis. Nesse sentido, ressaltamos que durante todo o ano letivo tivemos a

oportunidade de aprofundar estudos referentes à arte com o grupo de professores da

Unidade de Educação Infantil\UFCG e especialistas convidados para aprofundar o

tema.

Sendo assim, o projeto “A Criança e a Arte" oportunizou o crescimento estético

tanto dos professores quanto das crianças, pois ambos trilharam um percurso de

criação e expressão.

Em relação ao projeto “Experimentando Arte” gostaríamos de pontuar que

primamos por atividades de exploração e manipulação de materiais diversificados, visto

que foi desenvolvido com as crianças de 1ano e 8meses até 2 anos e 6 meses.

Sabemos que as crianças dessa faixa etária devem ser incentivadas a brincar com as

cores, as misturas, as texturas, para que possam deixar suas marcas singulares que

nos indicam o modo como estão se apropriando do mundo da arte e da cultura.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Referencial Curricular para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998,

v.3.

BRASIL. Parâmetros Nacionais de qualidade para a Educação Infantil. Brasília:

MEC\SEF, 2006.

FARIA, Maria Alice.Como usar a literatura infantil em sala de aula. São Pailo:

Contexto, 2004.

FERRAZ, Maria Heloísa C. de T, FUSARI, Maria F. de Rezende. Metodologia do

ensino da arte: fundamentos e proposições. 2ª ed. – São Paulo: Cortez, 2009.

KOHL, MaryAnn F. Iniciação à arte para crianças pequenas. tradução Roberto

Cataldo Costa – Porto Alegre: Artmed, 2005

RICHTER, Sandra. Criança e Pintura ação e paixão do conhecer. 3ª ed. Porto

Alegre: Ed. Mediação, 2008.

ZILBERMAN, Regina. A literatura infantil na escola. São Paulo: Global, 1981.