A CROCHETAGEM NA POTENCIALIZAÇÃO DO TRÍCEPS … · 2015-12-02 · reduzir a irritação cutânea...
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A CROCHETAGEM NA POTENCIALIZAÇÃO DO TRÍCEPS SURAL N O JUMP TEST
Ricardo Washington Fonseca da Silva 1, Tiago de Souza Cerqueira Costa 1, Vanda
Cunha Cavalcanti 1, Ricardo Nogueira Pacheco 2, Henrique Baumgarth 3. 1 Acadêmico - Curso de Fisioterapia - Universidade Estácio de Sá – Rio de Janeiro. 2 Orientador - Curso de Fisioterapia - Universidade Estácio de Sá – Rio de Janeiro. 3 Co-orientador - Curso de Fisioterapia - Universidade Estácio de Sá – Rio de Janeiro.
RESUMO: O objetivo deste estudo é explorar a interferência da técnica manual mioaponeurótica de crochetagem no músculo tríceps sural, de forma isolada, sem utilização de outros recursos na potencialização muscular. Foram analisados 20 voluntários, sendo estes divididos em 2 grupos: um que não foi submetido à técnica denominado grupo controle e o outro do qual os componentes foram submetidos a técnica mencionada, classificado grupo experimental, após a realização da crochetagem todos realizaram o teste de salto vertical (jump test) para mensurar o aumento na potência da musculatura. A comparação dos resultados entre os 2 grupos mostrou uma diferença insignificativa no percentual (3,6% no grupo controle e 3,0% no grupo experimental), concluindo, então, que não houve potencialização muscular. Palavras-chave: crochetagem, salto vertical, jump test, potência. ABSTRACT:The objective of this study is to explore the interference of the mioaponeurótica manual technique of crochetagem in the sural muscle tríceps, of isolated form, without use of other resources in the muscle potentaly. 20 volunteers had been analyzed, being these divided in 2 groups: one that was not submitted the called technique group has controlled and the other of which the components had been submitted the mentioned technique, classified experimental group, after the accomplishment of the crochetagem all had carried through the test of slew (jump test) to measurer the increase in the power of the musculature. The comparison of the results between the 2 groups showed a insignificant (3,6% controlled group and 3,0% experimental group), difference in the percentage, concluding then, that it did not have muscular potentaly. Keywords: crochetagem, jump vertical line, jump test, potence.
1. INTRODUÇÃO
A Crochetagem também conhecida como Diafibrólise Percutânea é uma técnica da
terapia manual com o objetivo principal a liberação miofascial. Desenvolvida por Kurt Ekman
na Inglaterra após a segunda guerra mundial, a Crochetagem apresentou evolução no Brasil,
quando o professor Henrique Baumgarth aperfeiçoou o gancho tendo em vista que a
utilização da técnica gerava dor ao paciente no momento que era efetuada, um fator
indesejado já que é priorizado um tratamento fisioterapêutico indolor. É um método de
tratamento que utiliza o gancho como ferramenta, e habilidade do terapeuta para tratar algias
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mecânicas do aparelho locomotor. Isso se torna possível através da destruição das
aderências e dos corpúsculos irritativos mio-aponeuróticos, que são depósitos úricos ou
cálcios localizados geralmente nos lugares de estases circulatório e próximo as articulações.
Esse resultado proposto pela Crochetagem é observado e confirmado nos tratamentos
do dia a dia por quem utiliza esta técnica, apesar de pouco documentado, considerando que
os primeiros trabalhos de pesquisa a seu respeito são recentes e estão em crescimento.
Para mensuração deste estudo experimental foi adotado o Jump Test (teste de salto
vertical) o qual Galdi (2003) se define em um meio de avaliação do potencial mecânico dos
músculos dos membros inferiores. O salto vertical é de grande importância no desempenho
de diversas modalidades esportivas sendo utilizado como instrumento para estimativas de
variáveis como: potência muscular e força explosiva, composição de fibras musculares,
processo de encurtamento-estiramento e energia elástica.
As principais indicações para a utilização da técnica de Crochetagem são as
aderências pós traumáticas. As algias inflamatórias como tendinites e epicondilites dentre
outras, também possui indicação da aplicação da técnica da Crochetagem, assim como
algumas nevralgias.
O presente estudo se torna relevante pelo fato de ser estudo experimental de caráter
único com o intuito de demonstrar se é possível utilizar a técnica mio-aponeurótica de
Crochetagem para potencialização muscular e em conseqüência incorporar mais uma
alternativa que poderá trazer um resultado satisfatório no que se refere ao desempenho.
O principal objetivo á avaliar a potencialização muscular quando utilizada a técnica da
Crochetagem, de forma isolada, sem a utilização de outros recursos, em indivíduos
saudáveis. Para isso foi enfocado o músculo tríceps sural e a forma de mensuração foi o
Jump Test.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
CROCHETAGEM (HISTÓRICO DA TÉCNICA DO GANCHO)
O fundador desta técnica é o fisioterapeuta sueco Kurt Ekman, que trabalhou na
Inglaterra ao lado do Dr. James Cyriax, durante anos pós-segunda guerra mundial. Frustrado
por causa dos limites palpatórios das técnicas convencionais, inclusive a massagem
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transversa profunda de Cyriax, ele colaborou progressivamente com a construção de uma
série de ganchos e uma técnica de trabalho específica para os mesmos, Baumgarth (2005).
Sua reputação se desenvolveu depois do tratamento com sucesso de algias
occipitais do nervo de Arnold, de epicondilites rebeldes e de tendinites de calcâneo, também
rebeldes. Durante os anos 70, ele ensinou seu método para vários colegas, como, Duby,
Burnotte, Estes perpetuaram o ensino de Ekman, dando-lhe uma abordagem menos
sintomática da disfunção, Baumgarth (2005).
De fato, no início Ekman tinha uma abordagem direta e agressiva, ou seja, dolorosa.
Esta abordagem prejudicou durante muito tempo o suo da técnica como a preferencial. Os
doutores P. Duby e J. Brunott, se inspiraram no conceito de cadeias musculares e da filosofia
da osteopatia para desenvolver uma abordagem da lesão mais suave, através da
denominada diafibrólise percutânea, Baumgarth (2005).
OS EFEITOS DA DIAFIBROLÍSE PERCUTÂNEA
Dubby, Brunott (2004), afirmam que os diferentes tipos de ações sobre os tecidos
subcutâneos são utilizados nas ações mecânicas; nas aderências fibrosas que limitam o
movimento entre os planos de deslizamento tissulares; nos corpúsculos fibrosos (depósitos
úricos ou cálcios) localizados geralmente nos lugares de estases circulatório e próximo às
articulações; nas cicatrizes e hematomas, que geram progressivamente aderências entre os
planos de deslizamento; nas proeminências ou descolamentos periósteos; nos efeitos
circulatórios a observação clínica dos efeitos da diafibrólise percutânea parece demonstrar
um aumento da circulação linfática. O rubor cutâneo, que segue uma sessão de
crochetagem, parece sugerir uma reação histamínica. Efeito Reflexo: a rapidez dos efeitos
da diafibrólise percutânea, principalmente durante a crochetagem ao nível dos trigger points
sugere a presença de um efeito reflexo.
PRINCIPAIS INDICAÇÕES
Para Baumgarth (2005), as principais indicações para o uso do gancho são:
- As aderências consecutivas a um traumatismo levando a um derrame tecidual.
- As aderências consecutivas a uma fibrose cicatricial iatrogênica cirúrgica.
- As algias inflamatórias, ou não inflamatórias, do aparelho locomotor: miosite, epicondilites,
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tendinites, periartrites, pubalgia, lombalgia, torcicolo etc.
- As nevralgias consecutivas a uma irritação mecânica dos nervos periféricos, occipitalgia do
nervo de Arnold, nevralgia cervicobraquial, nevralgias intercostais, ciatalgia e outras.
- As síndromes tróficas dos membros: algoneurodistrofia, canal do carpo.
PRINCIPAIS CONTRA-INDICAÇÕES
Para Baumgarth (2005), as contra-indicações mais relevantes no uso da técnica da
crochetagem são:
- Terapeuta agressivo ou não acostumado com o método.
- Os maus estados cutâneos: pele hipotrófica, ulcerações, dermatoses (eczema, psoríase).
- Os maus estados circulatórios: fragilidade capilar sangüínea, reações hiperhistamínicas,
varizes venosas, adenomas.
- Pacientes que estão fazendo uso de anticoagulantes.
- Abordagem demasiadamente direta em processos inflamatórios agudos.
- Idosos com a pele demasiadamente fina
- Fobia
DESCRIÇÃO DO INSTRUMENTO (GANCHO).
Depois de terem sido testados vários dos materiais disponíveis para a técnica, tais
como: a madeira, ossos, e outros, o Dr. Ekman criou uma série de ganchos de aço, de forma
a melhor atender às exigências do seu método. Cada extremidade do gancho apresenta uma
curvatura diferente, permitindo o contato com os múltiplos acidentes anatômicos que se
interpõem entre a pele e as estruturas a serem tratadas. Cada curvatura do gancho se
continua em uma espátula, que permite reduzir a pressão exercida sobre a pele. Isto permite
reduzir a irritação cutânea provocada pelo instrumento. Além disso, cada espátula apresenta
uma superfície externa convexa e uma superfície interna plana. Esta configuração cria entre
as duas superfícies um bordo em bisel e desgastado. Esta estrutura melhora a interposição
da espátula entre os planos tissulares profundos, inacessíveis pelos dedos do terapeuta,
permitindo a crochetagem das fibras conjuntivas delgadas ou dos corpúsculos fibrosos, em
uma manipulação eletiva.
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DESCRIÇÃO DO MÉTODO
O método consiste em três fases:
Primeira fase. A palpação digital, consiste em uma espécie de amassamento,
realizado com a mão palpatória, permitindo delimitar grosseiramente as áreas anatômicas a
serem tratadas, Baumgarth (2005).
Segunda fase. A palpação instrumental é realizada com a utilização do gancho em
função do volume da estrutura anatômica a tratar, como: o músculo palpado no momento ou
a área ligamentar ou tendinosa. Ela permite localizar com precisão as fibras conjuntivas
aderentes e os corpúsculos fibrosos. Com o gancho em uma das mãos, posiciona-se a
espátula, colocando-a ao lado do dedo indicador, localizador da mão palpatória. O conjunto é
posicionado na direção perpendicular às fibras tissulares a serem tratadas. A mão palpatória
cria um efeito em onda com os tecidos moles, onde o polegar busca esta onda dentro do
gancho. A penetração e busca palpatória são efetuadas através de movimentos lentos,
ântero-posteriores. Durante esta última fase, os movimentos de mão palpatória precedem os
movimentos da mão com o gancho, o que permite reduzir a solicitação dos tecidos,
controlando melhor a ação do gancho. A impressão palpatória instrumental traduz por um
lado uma resistência momentânea, seguida de um ressalto durante a passagem da espátula
do gancho num corpo fibroso, e por outro lado, uma resistência seguida de uma parada
brusca quando encontra uma aderência. Estas últimas impressões só podem ser percebidas
quando o gancho está em movimento, pelo indicador da mão repousado no gancho. Estas
sensações se opõem àquelas de fricção e de superfície lisa, encontradas nos tecidos
saudáveis, Baumgarth (2005).
Terceira fase. A fibrólise corresponde ao tempo terapêutico. Esta fase consiste, no
final do movimento de palpação instrumental, em uma tração complementar da mão que
possui o gancho. Este movimento induz, portanto, um cisalhamento, uma abertura, que se
visualiza como um atraso breve entre o 5ª dedo da mão palpatória repousada sobre a área e
a curva maior do gancho. Esta tração complementar é feita para alongar, ou romper as fibras
conjuntivas que formam a aderência, ou mesmo deslocar ou achatar o corpúsculo fibroso,
Baumgarth (2005).
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POTENCIALIZAÇÃO NO TRÍCEPS SURAL
Calais-Germain (1991) refere-se ao tríceps sural como sendo o músculo mais forte da
perna. Anatomicamente o descreve mencionando que é formado por três músculos (porções)
denominados sólio, gastrocnêmio lateral e medial. Possuem a mesma inserção: O tendão de
Aquiles, o qual se insere na face posterior do calcâneo e quanto a origem o sóleo vem da
parte posterior alta da tíbia e fíbula e o gastrocnêmio se origina da parte inferior do fêmur.
Acrescenta que quando estamos na ponta do pé ou em pé com os joelhos estendidos o
colocamos sob tensão e sua ação é conduzir o calcâneo a flexão plantar. Exemplifica que é
um músculo solicitado na marcha ou na propulsão de corrida.
Em relação a elevação da potência (potencialização), Hakkinen (1985) enfatiza, que o
que diferencia nos exercícios de fortalecimento a força e a potência musculares é a relação
de velocidade para execução do movimento. O treinamento voltado para aprimoramento da
força tem sido usualmente feito com velocidades baixas e cargas relativamente altas,
enquanto a potência se relaciona com execuções rápidas e, conseqüentemente, cargas mais
baixas.
Segundo Fleck, Kraemer (1999) e Kubo et al (1999), a potência é a velocidade com que
se desempenha o trabalho de determinado segmento, ou seja, a potência gerada por um
salto vertical, matematicamente, é o produto do peso corporal de um sujeito pela altura de
sua saída do chão, dividido pelo tempo que demorou a executar a repetição. Foi observado
por Alves (2006) em seu estudo, referente aos efeitos do treinamento físico militar na
potência muscular, que o acúmulo metabólico (fadiga) e o stress neuromuscular,
proporcionado por um alto programa de treinamento, estavam diretamente relacionados com
a diminuição da performance nos saltos.
JUMP TEST (TESTE DE SALTO)
Powers; Howley (2000) citam que o teste de Sargent (Sargent jump test - salto
vertical), assim como o teste de salto a distância foram utilizados como testes de campo para
avaliação da potência anaeróbica de explosão durante muitos anos. Explicam que o salto de
distância é a distância coberta num salto horizontal a partir de uma posição agachada,
enquanto o teste de sargent de saltar e alcançar é a diferença entre a altura atingida com o
indivíduo estático e a altura máxima que o indivíduo pode tocar ao saltar. Os mesmos
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ressaltam que para a avaliação da potência muscular é essencial que o teste empregado
utilize grupos musculares envolvidos. Questionam a sua eficácia mencionando que ambos
podem falhar na avaliação da capacidade máxima do sistema ATP-CP em decorrência da
curta duração de cada um. Goubel (1997); Komi (2000) relatam que o teste de salto vertical
e horizontal é um método não invasivo, sendo uma forma confiável de avaliar a potência
muscular nos membros inferiores.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
AMOSTRA
Participaram do estudo 20 voluntários, na faixa etária entre 16 e 54 anos, sendo 18
(90%) do sexo masculino e 2 (10%) do sexo feminino, na cidade do Rio de Janeiro – RJ e
divididos em 2 grupos, ambos com 10 componentes, que foram denominados: GRUPO I
(CONTROLE) e GRUPO II (EXPERIMENTAL), que foi submetido à técnica de crochetagem
no músculo tríceps sural, com o intuito de estabelecer um parâmetro de avaliação para
investigar se houve aumento da potência muscular neste grupo que sofreu interferência da
técnica de crochetagem.
EQUIPAMENTOS
Foram utilizados para a coleta de dados: uma placa para marcação em isopor medindo
1,00 m de comprimento x 0,60 m de largura, coberta por uma cartolina, com demarcações
numéricas a cada 10 cm, envolvidas com papel Contact, tinta Acrilex nas cores amarela e
azul, uma câmera fotográfica marca Samsung, modelo Digimax A503 5.0 mega Pixels, uma
trena métrica nos padrões do INMETRO, uma maca, um gancho (instrumento utilizado na
crochetagem) - Figura 1 - e um rolo de esparadrapo.
Figura 1 – Gancho (instrumento utilizado na crochetagem).
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PROCEDIMENTO
O procedimento foi realizado individualmente, baseando-se no protocolo de Sargent
Jump Test, que mede indiretamente a força muscular dos membros inferiores. (Fernandes
Filho, 1999)
A câmera fotográfica foi posicionada a uma profundidade de 3 metros, determinada por
um esparadrapo no chão, sob uma altura de 1,60 metros para possibilitar melhor
visualização no registro da experiência, o mesmo foi realizado em ambiente aberto para
aproveitamento da luz natural.
A primeira etapa foi determinar a altura que a placa deveria ser fixada na parede.
Estabelecendo como referência a borda superior do dedo indicador sujo de tinta do indivíduo
que estava sendo testado, que ficou na postura ortostática, com os membros superiores
abduzidos em um ângulo de 180° e os calcanhares em contato com o solo que em seguida
deixou na parede a marca de tinta, a partir dessa marca a placa foi fixada. (figura 2).
Figura 2: Procedimento para fixação da placa na parede
A segunda etapa foi a realização dos três primeiros saltos verticais. O participante
inicialmente se posicionou lateralmente, conforme figura 3, com os pés paralelos calcanhares
em contato com o solo e depois de sujar o dedo indicador da mão dominante com a tinta de
cor amarela, para marcar o placar, agachou-se e realizou o primeiro salto vertical. Os demais
saltos foram realizados seguindo o mesmo procedimento, no qual resultou em uma média do
somatório da altura dos três saltos. Foi estipulado 10 (dez) minutos de repouso, antes de
realizar a técnica de crochetagem.
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Figura 3 – Procedimento para realização jump test (salto vertical)
A terceira etapa foi a realização da técnica de crochetagem no músculo tríceps sural
bilateral, por 7 (sete) minutos, do participante que durante a aplicação da técnica
permaneceu deitado no divã clínico na posição em decúbito ventral. (Figura 4).
Figura 4 – Realização da crochetagem.
A quarta etapa foi a realização dos três últimos saltos verticais, após a técnica de
crochetagem. Seguindo a mesma seqüência da segunda etapa, com apenas um diferencial:
o participante, desta vez, sujou o dedo indicador da mão dominante com a tinta de cor azul.
Nesta etapa também se calculou a média do somatório da altura dos três saltos. O tempo de
repouso foi de 17 minutos.
No grupo I (CONTROLE) os participantes foram submetidos a todas as etapas do
procedimento, porém não foi realizada a técnica de crochetagem no músculo tríceps sural.
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4. RESULTADOS
O Resultado foi avaliado através da média dos três primeiros saltos (média I) e a média
dos três últimos saltos (média II), e posteriormente calculado o percentual de diferença entre
as duas médias (% da média II subtraída do % da média I), com o objetivo de mensurar os
maiores e menores percentuais de cada grupo e avaliar os grupos como um todo através do
somatório de seus percentuais de diferença e efetuando uma média dos mesmos.
No grupo I (CONTROLE) teve como o menor percentual de diferença o valor negativo
de -7,1%, o que caracteriza uma média dos três primeiros saltos mais alta que os três últimos
e o percentual de diferença mais alto foi de 20,4%, determinando assim uma distância muito
elevada entre os percentuais de diferença neste grupo, existindo uma variação de 27,5 %
entre o mais alto e o mais baixo. (vide tabela 1).
No grupo II (EXPERIMENTAL) do qual foi submetido à técnica de crochetagem no
tríceps sural, entre os três primeiros saltos e os três últimos saltos verticais apresentou
resultados mais próximos. Os voluntários deste grupo tiveram como percentual de diferença
mais alto 5,6% e o mais baixo 0.7% apresentando uma variação entre os percentuais de
diferença mais altos e mais baixos de 4,9% apenas se comparado ao grupo I. (vide tabela 1).
Tabela 1 – Percentuais de Diferença
GRUPO I GRUPO II
20,4% 5,6% 6,6% 4,4% 5,7% 3,6% 5,1% 3,3% 4,5% 2,8% 2,8% 2,8% 2,2% 2,6% 1,3% 2,1% 0,4% 1,8% -7,1% 0,7%
Na avaliação total através do somatório dos percentuais de diferença do grupo I
(CONTROLE) foi retirada uma média de 3,6 % final, e com o mesmo procedimento realizado
com o grupo II (EXPERIMENTAL) obteve-se a média de 3,0 % caracterizando assim um
valor total mais elevado no grupo I (CONTROLE). Vide figura 4 abaixo.
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Grupo 1 3,6 % Grupo 2 3,0 %
2,7%
2,8%
2,9%
3,0%
3,1%
3,2%
3,3%
3,4%
3,5%
3,6%
3,7%
Grupo 1 Grupo 2
Seqüência1
Figura 4 - Gráfico comparativo do somatório dos percentuais de diferença.
A hipótese levantada para justificar a diferença, está relacionada a existência de um
avaliado, no grupo I (CONTROLE) que realiza treinamento muscular por ser um desporto
praticante de esporte de alto rendimento (salto a distância). Powers; Howley (2000)
mencionam que a impulsão vertical, necessária no salto está associada a força explosiva
dos MMII (membros inferiores) e não treinada tende a diminuir como em qualquer
capacidade física. Força explosiva compreende a capacidade que o sistema neuromuscular
tem de superar resistência a maior velocidade de contração possível, segundo Weineck
(1989). Estas considerações são demonstradas nitidamente no seu resultado final individual
destacando um percentual de 20,4 % em relação aos demais.
5. DISCUSSÃO
Simão et al (2001) fizeram as seguintes menções em relação a potência: para a
produção de altos níveis de potência não só se faz necessária a força muscular como a
velocidade de contração; potência é altamente dependente da força; para a performance
desportiva e o desempenho das atividades da vida diária (AVD’s) potência e força são
fundamentais, destacando também a sua relevância quando relacionada a prescrição de
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exercícios tanto em indivíduos saudáveis como aqueles que apresentam necessidades
específicas.Segundo Powers; Howley (2000) os músculos com alta porcentagem de fibras de
contração rápida produzem mais potência do que aquelas que contém sobretudo fibras
lentas. Weineck (1989) define como força, a capacidade de superar ou suportar resistência
por meio de uma ação muscular e a potência é o trabalho mecânico.
O presente estudo experimental realizado por nós não teve nenhum objetivo de
desenvolvimento da força tanto quanto adaptação de fibras lentas em rápidas. O fator a ser
observado foi se através da liberação miofascial poderíamos obter uma maior liberdade para
contração muscular, devido ao melhor deslizamento das fáscias.
Segundo Baumgarth (2005) um dos efeitos básicos da crochetagem é o efeito
mecânico. Vargas et al (2002) menciona que é uma técnica manual que atua sobre as
restrições de mobilidade de qualquer elemento conjuntivo de desordens mecânicas ou
bloqueios funcionais, causando respostas vegetativas e estimula a circulação linfática e/ou
sanguínea, otimizando o deslizamento das fáscias. Isto ocorre porque é possível quebrar as
aderências e fibroses provocadas por cristais de oxalato de cálcio de origem cicatricial,
traumática ou cirúrgica concentrados entre os diferentes e mais profundos planos de
deslizamento dos músculos, tendões, ligamentos e nervos devolvendo o livre movimento
entre as capas musculares, que antes não apenas causavam irritação mas também limitação
na amplitude articular, normalizando as funções. O mesmo estudo acrescenta que é uma
técnica de tratamento com finalidade terapêutica e que também prepara a estrutura para
receber um tratamento de manipulação ou mobilização.
Ressaltando que todos os componentes que participaram da experiência eram
indivíduos saudáveis não necessitando da intervenção terapêutica da crochetagem, porque o
objetivo do estudo estava relacionado em investigar a relação da técnica com o aumento da
potência muscular.
Apesar dos resultados demonstrarem que não se obteve ganhos significativos, ainda
sim é possível usá-la na preparação das estruturas para receber um treinamento ou mesmo
executar exercícios fisioterapêuticos para a potencialização muscular, partindo do
pressuposto que mesmo pequenos comprometimentos músculo-esquelético podem alterar a
sua integridade e interferir no ganho potencial.
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6. CONCLUSÃO
Apesar do trabalho não apresentar na análise comparativa, variáveis significativas nos
resultados dos saltos entre o grupo que foi favorecido pela técnica de crochetagem (GRUPO
EXPERIMENTAL) e o grupo do qual a técnica mencionada não foi realizada (GRUPO
CONTROLE), consideramos que para a amostragem, do presente estudo, não se
estabeleceu um critério de inclusão mais homogêneo. Onde todos os participantes deveriam
praticar treinamento muscular, possuírem pesos e idades relativamente iguais ou serem do
mesmo sexo, por exemplo. Podendo ser fatores que influenciam nos resultados.
Concluímos, apesar dos participantes do grupo experimental relatar uma maior
sensação de conforto e liberdade de movimento no músculo crochetado (tríceps sural), que a
técnica explorada não promoveu a potencialização muscular do tríceps sural conforme
demonstram os resultados. Propomos, então, novos estudos sugerindo que a técnica seja
efetuada em diferentes grupamentos musculares com um tempo de execução maior e
estabelecendo variáveis mais criteriosas na composição da amostragem.
AGRADECIMENTO Ao nosso orientador, Ricardo Nogueira Pacheco, pela dedicação profissional, disponibilidade e incentivo. Ao nosso co-orientador, Henrique Baumgarth, pelos esclarecimentos da técnica aplicada, idéias e pelo espaço cedido para a realização deste estudo experimental.
E-mail: [email protected]
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REFERÊNCIAS
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