A culpa não é minha

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A culpa não é minha!

Muito prazer, meu nome é futebol. Dias atrás fiquei muito feliz, pois vi e vivenciei uma das maiores celebrações que podiam fazer em minha homenagem. Por outro lado tenho andado um pouco chateado por estarem vinculando meu nome aos problemas sociais que assolam minha casa mais querida (o Brasil).

Há muitos anos faço parte da vida dos brasileiros, não somente como entretenimento, mas como ferramenta importante na luta contra vários problemas sociais.

Para as crianças mais humildes sou uma das portas, nem sempre aberta a todos, confesso, para um futuro melhor. Mas quantas eu já vi saindo da miséria e hoje podem dar uma vida mais digna para toda sua família. Quantas delas ajudei a se livrarem das drogas e da marginalidade. Sou exemplo para muitos, sou jogo, brincadeira, diversão e competição.

Quando nosso querido país era assombrado pelo terror do racismo, muitos negros talentosos me abraçaram e lutamos juntos contra essa praga. Hoje vejo brancos, negros, marrons, pobres, ricos, todos abraçados em um só grito de gol. Ainda transmito essa mensagem mundo afora.

Fico a imaginar como seria a história do Brasil se eu não estivesse presente, vide as manifestações que ocorreram agora. Não fosse minha grandiosidade e a celebração que a mim fazem, em forma de “Copa”, que atrai a atenção do mundo todo, não haveria tão grandiosa repercussão como tiveram. Sou lazer, sou válvula de escape às frustrações do dia a dia, represento uma paixão nacional.

Posso estar parecendo um pouco soberbo em falar isso tudo, mas é apenas uma forma de demonstrar também a minha indignação e fazer o meu protesto. Preciso desabafar e dizer em alto e bom som: - “A CULPA NÃO É MINHA!”

Podem até usar meu nome em transações e falcatruas, mas a minha verdadeira essência estará sempre junto aos brasileiros. Sou parte da rica cultura desta gente miscigenada e feliz que tem todo o direito de buscar dias melhores.

Um abraço do seu sempre querido FUTEBOL.

Texto de Ernesto J. Dutra (Professor de Ed. Física)

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