A dif cil arte · A concilia o entre o combate COVID-19 e a recupera o da economia n o est f cil....

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131 ABR/JUN 2020 TRIMESTRAL ANO XXXIII 7,50

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A conciliação entre o combate à COVID-19 e a recuperação da economia não está fácil.

Após algumas semanas de alívio em termos sanitários, que permitiu a saída de milhares

de portugueses das suas casas e a consequente laboração de fábricas, a abertura de

estabelecimentos comerciais, en!m, o chamado regresso da economia, o fantasma viral

voltou com forte intensidade, mormente na região da Grande Lisboa e Vale do Tejo.

Apontam-se causas, às vezes de forma simplista, criticam-se decisões, o medo reinstala-

-se, a con!ança dilui-se. E sabe-se da importância da con!ança em todos os domínios da

sociedade, sobretudo na economia.

O Poder e as autoridades sanitárias, que tão bem estiveram na primeira fase da

pandemia, merecendo os elogios nacionais e internacionais, dão agora mostras de uma

certa desorientação – nas medidas e na comunicação. À semelhança, aliás, do que

sucede em quase todos os países do mundo, com políticos e cientistas desesperados,

debitando posições contraditórias, corrigindo hoje as posições de ontem.

Fala-se na segunda vaga, o secretário-geral da ONU a!rma que, num cenário optimista, a

normalidade no mundo só acontecerá a partir de 2023.

Em Portugal, o “passo atrás” na região da Grande Lisboa ordenado pelo Executivo, era

inevitável – para segurança dos portugueses e, também, para a recuperação da boa

imagem de Portugal no exterior, questão fundamental em termos económicos,

nomeadamente quanto à atracção de turistas.

Nestes dias de algum desespero, começam a surgir vozes defendendo um novo

lockdown. Não. Salvo casos excepcionais e pontuais, não é esse o caminho. A experiência

mundial diz-nos que devemos e podemos “descon!nar” melhor. Como sugere Guterres,

temos de conviver com o vírus pelo menos até 2023. Até lá, temos de harmonizar os

problemas sanitários com a recuperação da economia. Não há outra opção, não há

outro rumo. –ARG

A difícil arte de “descon!nar”

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C A D E R N O S D E E C O N O M I A Director Rui Leão Martinho

Coordenador-Geral António Ramos Gomes

Conselho Editorial António Pinheiro António Pinho Cardão Carlos Tavares Daniel Bessa Eduardo Catroga Francisco Murteira Nabo Guilherme Vaz João Costa Pinto João Duque João Salgueiro Joaquim Miranda Sarmento José de Almeida Serra José Félix Ribeiro Manuela Morgado Mário Adegas Miguel Cadilhe Nicolau Santos Nuno Valério Ricardo Arroja Teodora Cardoso Directora Comercial Maria Manuela de Almeida Projecto Gráfico Notimpossible.Design Paginação António Paulo Gomes Rui Ligeiro Revisão António Paulo Gomes Propriedade e Edição: Polimeios-Produção de Meios, Lda. NIPC: 503 635 855 Detentores com mais de 5% do capital da empresa: António Ramos Gomes, Maria Manuela de Almeida Redacção, Administração, Publicidade e Departamento de Assinaturas: Rua Francisco Rodrigues Lobo, 2-R/C Dto. 1070-134 Lisboa, Portugal Telefone: 213 859 950 E-mail: [email protected] URL: www.cadernoseconomia.com.pt ERC 109627. Depósito legal n.º 18969/87 ISSN 0874-4068 Produção Gráfica: Polimeios Impressão e acabamento: RBM Artes Gráficas, Lda. Alto da Bela Vista, 68 - Pavilhão 8, R/C São Marcos 2735-336 Agualva-Cacém Ano XXXIII – Número 131 – Abr/Jun 2020 Estatuto Editorial https://cadernoseconomia.com.pt/estatuto-editorial/ A revista Cadernos de Economia é uma realização conjunta da Polimeios e da Ordem dos Economistas Portugueses

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C A D E R N O S D E E C O N O M I A S U M Á R I O 5

7 A retoma económica Rui Leão Martinho

9 Regresso da economia Pedro Siza Vieira

14 As perspetivas económicas e orçamentais da COVID-19 Joaquim Miranda Sarmento

17 Economia em tempos de pandemia Catarina Reis

19 Estaremos no limiar do Momento Hamiltoniano da União Europeia? José Caetano

23 União Europeia, pandemia e autonomia estratégica dos Estados: a anti-subsidiariedade João Ferreira do Amaral

26 O dilema saúde-economia, afinal é um trilema Paulo Almeida Sande

29 Os efeitos no modelo empresarial futuro Jorge Marrão

34 A tecnologia e a indústria na economia pós-COVID-19 António M. Cunha

38 A COVID-19, a economia e a reindustrialização Luís Mira Amaral

41 Um novo compromisso com o futuro Francisco Jaime Quesado

44 Da emergência à recuperação António Saraiva

48 Do impacto no mundo do trabalho

ao regresso a um “melhor normal” Mafalda Troncho

51 A transição digital no trabalho e na educação Glória Rebelo

55 Os desafios dos seguros de saúde e da supervisão Margarida Corrêa de Aguiar

58 Continuar a assumir o papel José Gomes

60 Saúde e economia: o caso do Algarve Luís Coelho e Efigénio Rebelo

62 Pandemia e investimentos Stephan Morais

65 A globalização, a desglobalização e a competitividade Eduardo Catroga

72 No mato sem cachorro Nicolau Santos

ABRIL | JUNHO 2020 0

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Como é natural, esta edição dos Cadernos de Economia aborda a recuperação e a retoma da

economia após o surto profundo da pandemia que tem assolado o mundo. E, claro, também se

verificou (e ainda se verifica neste momento) em Portugal, tendo primeiro determinado uma

quase completa paralisação das actividades económicas (durante o tempo do confinamento a

que fomos obrigados) e agora justifica que nos devotemos à recuperação do tecido empresarial,

de modo a que a retoma seja possível. Esta epidemia provocou a paralisação de sociedades e o

congelamento da economia, interrompendo os habituais fluxos económicos e o regular

funcionamento do mercado.

Já antes da eclosão da pandemia, Portugal apresentava debilidades várias sob o ponto de vista

económico, como questões estruturais nunca resolvidas, um PIB per capita entre os mais baixos

dos países da Zona Euro, uma baixa produtividade de trabalho, um sistema bancário com

fragilidades várias ou a morosidade da justiça. No entanto, temos possibilidades de, perante este

desafio pós-COVID-19, reagirmos de forma acertada aproveitando esta oportunidade de

podermos optar por um adequado plano estratégico que privilegie a reindustrialização que

tenha como referenciais a transformação digital, a economia circular e a economia do

conhecimento. Para que tal seja possível, há que recrutar e reter talentos nas várias áreas do

conhecimento, atrair empreendedores e mobilizar, com base no tal plano estratégico de que

necessitamos, trabalhadores e empresários para uma tarefa de fundo que poderá colocar

Portugal no pelotão da frente dos países europeus.

Há que levar em conta que há hoje um reforço do papel dos Estados, que a globalização vai ser

decerto diferente do que tem sido até hoje, que as cadeias de produção vão sofrer alterações e

que os países vão dar preferência à produção mais perto dos seus mercados, enquanto as

tecnologias serão, cada vez mais, globais. A Europa deu recentemente prova de que

compreendeu o seu papel nesta crise, aprovando os fundos necessários à recuperação económica

dos países para preservar o mercado interno e garantir a manutenção da moeda única.

Sobre todos estes pontos, os vários autores que nesta edição colaboram apresentam os seus

pontos de vista e deixam-nos reflexões, sugestões e pistas indispensáveis para percebermos a

conjuntura presente e o caminho para a retoma. Saibamos aproveitar este período difícil, mas,

pleno de oportunidades, e reordenar a economia no caminho do futuro. !

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A retoma económica

ABRIL | JUNHO 2020 0

RUI LEÃO MARTINHO DIRECTOR

C A D E R N O S D E E C O N O M I A E D I T O R I A L 7