A Doutrina Cristológica Do Extra Calvinisticum

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    A DOUTRINA CRISTOLGICA DO EXTRACALVINISTICUM - PARTE 1

    I INTRODUONas palavras de Louis Berkhof, a encarnao do Verbo omilagre dos milagres[!" #unio personalis, como $ambm conhecida a encarnao, um verdadeiro mis$rio %uedesafia $oda e %ual%uer forma de e&plicao"['!

    # $eologia reformada cr(, %ue por ocasio da uniopersonalisas duas na$ure)as de *ris$o permaneceraminal$eradas, sem mis$ura, confuso, separao e diviso"No obs$an$e, uma discusso $em a$ravessado os sculos,desde a +eforma ro$es$an$e do sculo -" .s doisgrandes ramos do pro$es$an$ismo, o lu$erano e o calvinis$a,$(m diferido em suas afirma/es dogm0$icas %uan$o aos

    efei$os da unio personalis na pessoa de 1esus e, maisespecificamen$e, na sua na$ure)a divina"

    . presen$e $rabalho se prop/e a discorrer sobre essacon$rovrsia en$re lu$eranos e calvinis$as, conhecida comoa con$rovrsia do extra calvinisticumou o e&$ra

    calvinis$a, %ue nada mais do %ue a afirmao de %ue aess(ncia divina do Logos no ficou res$ri$a 2 na$ure)ahumana a par$ir do momen$o da encarnao" # inves$igaose 3us$ifica pelo fa$o de os lu$eranos acusarem oscalvinis$as de esposarem a heresia nes$oriana, condenadano 45 sculo"

    *om o ob3e$ivo de refu$ar a acusao lu$erana a pes%uisase es$ru$urar0 a par$ir de locisdiferen$es" 6m primeiro

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    lugar, ser0 abordado olocushis$7rico, ou o con$e&$ohis$7rico do in8cio da con$rovrsia" 6m segundo lugar,olocusconfessional, %ue a afirmao de alguns

    documen$os confessionais reformados" 9erceiro, ser0averiguado o locusb8blico, is$o , a base b8blica do e&$racalvinis$icum" 6, em %uar$o e :l$imo lugar, receber0 a$enoo locus $eol7gico, %ue cons$ar0 da an0lise da dou$rinalu$erana e subse%uen$e afirmao $eol7gica reformada"

    II O LOCUS HISTRICO'"" # .+;. 96+=. 6 ?@# +6L#A. *.= #>.@9+;N#C preciso $er em men$e, an$es de %ual%uer coisa, %ue e&is$e$an$o a dou$rina %uan$o o $ermo do extra calvinisticum" .surgimen$o do $ermo e&$ra calvinis$icum es$0 ligado 2s

    con$rovrsias cris$ol7gicas en$re os dois grandes ramos dopro$es$an$ismo do sculo -D o lu$erano e o reformado" .pon$o nevr0lgico dos deba$es cris$ol7gicos es$ava na%ues$o da presena de 1esus *ris$o na ?an$a *eia" 10 adou$rina em si, pode ser en$endida como abarcando umespec$ro maior de assun$os, mas sempre relacionados 2

    pessoa de 1esus *ris$o" Nas palavras de 6dEard >avidFillisD o :l$imo, de %uem o pol(mico $ermo um r7$uloenganoso, um ensinamen$o comum a um n:meroincrivelmen$e grande de represen$an$es da $radio mui$oan$es do sculo -"[G!10 a respei$o do $ermo e&$ra calvinis$icum, impor$an$e %ue

    se diga %ue o mesmo no foi cunhado pelos calvinis$as"2

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    #n$es, o $ermo foi cunhado pelos lu$eranos %ue, de acordocom +ichard #" =uller, usaramHno para se referir 2insis$(ncia reformada a respei$o da absolu$a

    $ranscend(ncia da na$ure)a humana de *ris$o pela?egunda essoa da 9rindade em e duran$e aencarnao[I!" ?obre a origem do $ermo como uma reaolu$erana, a observao de Fillis impor$an$eD

    No caso do extra calvinisticumo r7$ulo cris$ali)ou osen$imen$o predominan$e en$re os lu$eranos, %ue era algo

    peculiarmen$e calvinis$a ensinar %ue, ap7s a encarnao, oe$erno Jilho de >eus $em a sua e&is$(ncia $ambm alm dacarne"[4!

    #lm disso, ele afirma %ue e&is$e cer$a dificuldade nada$ao ade%uada do $ermo, embora isso se3a poss8vel 2

    medida %ue e&is$a um cri$erioso e&ame do crescimen$o dosen$imen$o dos lu$eranos em relao aos calvinis$as[-!"1un$os, os $ermos extrae calvinisticumaparecerampela primeira ve) no curso do deba$e crip$oHkeno$icis$aen$re os $e7logos lu$eranos de 9Kbingen, liderados por1ohannes Bren), e os $e7logos lu$eranos de

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    a onipresena do seu corpo humano" 10 os $e7logos de

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    eviden$e no con$e&$o das discuss/es envolvendo a *eia do?enhor %ue, de acordo com Beng$ TUgglund, alm dapredes$inao, a dou$rina da ceia do ?enhor $em sido o

    pon$o mais con$roverso en$re o calvinismo e olu$eranismo[!" # dou$rina lu$erana ensina e acredi$a %ue overdadeiro corpo de *ris$o capa) de es$ar simul$aneamen$e presen$e em mui$os lugares, em vir$udeda communicatio idiomatum, %ue afirma %ue h0 umain$erHre$rocomunicao de a$ribu$os en$re as na$ure)ashumana e divina de *ris$o" .s lu$eranos sus$en$avam %ue,

    por ocasio da encarnao,

    ["""! vis$o %ue 1esus *ris$o RR verdadeiro >eus e RRverdadeiro homem em uma pessoa, as propriedades da suana$ure)a divina so comunicadas 2 sua na$ure)a humana eviceHversa, permi$indo assim, %ue seu corpo es$e3a em

    mui$os lugares simul$aneamen$e, de acordo com apropriedade da onipresena, %ue um a$ribu$o da suana$ure)a divina"['!

    6sse aspec$o da dou$rina lu$erana ficou conhecido comoubi%uidadeD +ealmen$e afirmamos a onipresena da

    na$ure)a humana de *ris$o a ela comunicada ubiquitaspersonalis et supernaturalis, i.e., omnipresentia[G!"Terman Bavinck sumaria com propriedade a dou$rinalu$erana do communica$io idioma$umD

    .s lu$eranos $omaram a comunicao de %ualidades

    pr7prias para di)er %ue, no apenas os a$ribu$os das duas5

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    na$ure)as foram comunicados a uma pessoa divina, maspara di)er %ue os a$ribu$os da na$ure)a divina $ambmforam comunicados 2 na$ure)a humana" or sua unio com

    a na$ure)a divina, a na$ure)a humana foi elevada a umaposio de onipo$(ncia e onipresena divinasW recebeusingulares, mais e&celen$es, al$8ssimas, sobrena$urais,irras$re0veis, indi)8veis e celes$iais prerroga$ivas dema3es$ade, gl7ria, vir$ude e poder, %ue no foramsimplesmen$e criadas, dons fini$os, mas dons divinos einfini$os, como a habilidade para fa)er viver, onipo$(ncia,

    onisci(ncia e onipresena discricion0ria"[I!

    # compreenso lu$erana do communicatio idiomatumfoidesafiada, primeiramen$e, por @lrich XE8nglio, %ue en$endiaa e&presso em %ues$o como uma alloiosis, is$o , umafigura de linguagem pela %ual a$ribu8mos a uma na$ure)a as

    %ualidades de ou$ra[4!" XE8nglio considerava oen$endimen$o de Lu$ero a respei$o da comunicao dea$ribu$os um absurdo" ara ele, a afirmao is$o o meucorpo $omada li$eralmen$e era blasfema" . verbo %uerdi)er apenas significa, no en$endimen$o de XE8nglio" 6s$afoi a posio %ue ele man$eve an$es, duran$e e depois do

    famoso *ol7%uio de =arburgo, em 4'Q";n$eressan$emen$e, os principais par$icipan$es dessecol7%uio foramD Lu$ero e =elanch$hon, do lado lu$eranoWXE8nglio e .ecolampadio, do lado reformadoW e =ar$inBucer, %ue sus$en$ou uma posio mediana, mas comfor$es inclina/es )Einglianas[-!" >isso apreendeHse %ue,

    XE8nglio no compar$ilhava do en$endimen$o de Lu$ero, de6

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    %ue vis$o %ue a na$ure)a humana de *ris$o havia recebido acomunicao do a$ribu$o da onipresena, o Verbo es$avacircunscri$o 2 pessoa de 1esus *ris$o"

    1oo *alvino, apesar de no $er sido influenciadodire$amen$e por XE8nglio, o foi por =ar$in Bucer,principalmen$e duran$e o per8odo %ue passou em6s$rasburgo 4GPH4I" *alvino possu8a grandefamiliaridade com os escri$os de Lu$ero e Bucer, alm deapreciar profundamen$e a Loci Communes, de

    =elanch$hon" . grande dese3o do reformador franc(s eraencon$rar uma via mdia, um meioH$ermo, de maneira %ue$odos os reformadores pudessem concordar e encerrar osdeba$es"

    Nas Institutas a R!"i#i$% C&ist$, sua magnum opus,

    *alvino aler$a con$ra o %ue ele considerava como doise&cessosD

    =as a%ui se nos imp/e de fa$o guardarHnos de dois v8cios, asaber, ou minimi)amos e&cessivamen$e, de seus mis$rios,os sinais, aos %uais foram como %ue ane&ados, no os

    desgarremos, ou no nos mos$remos moderados em suae&al$ao, obscurecendo $ambm, en$remen$es, os pr7priosmis$rios"[O!

    # e&cessiva minimi)ao con$ra a %ual *alvino adver$e a$end(ncia )Eingliana de redu)ir o sacramen$o da *eia a um

    ri$ual de simples sinais va)ios" or sua ve), o aler$a para a7

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    e&al$ao moderada dirigida aos lu$eranos e $ambm aosca$7licos, por causa da sua (nfase da presena corp7reade 1esus *ris$o nos elemen$os" orm, mesmo buscando

    uma via mdia en$re XE8nglio e Lu$ero, *alvino noconcordava com a ideia de comunicao de a$ribu$os comopropos$a por Lu$ero e seus seguidores" *alvino no admi$ia%ue o a$ribu$o da onipresena fosse comunicado 2 na$ure)ahumana de 1esus, possibili$ando assim, %ue o corpo e osangue do +eden$or es$ivessem em, com e sob oselemen$os do po e do vinho" ara *alvino, o concei$o de

    ubi%uidade era improceden$e" 6le afirmava %ue $al concei$o,alm de ser capa) de abrir as por$as para o herege=arcio[P!, mons$ruosoD

    # menos %ue o corpo de *ris$o possa es$ar em $oda par$e aum mesmo $empo, sem %ual%uer limi$ao de lugar, no

    ser0 cr8vel es$ar ele escondido sob o po da *eia" or es$anecessidade foi por eles in$rodu)ida a mons$ruosa noo deubi%uidade"[Q!

    # ubi%uidade s7 seria considerada caso o corpo de *ris$ono fosse encerrado sob a espcie do po" # par$ir do

    momen$o em %ue di$o %ue a carne do +eden$or es$0 em,com e sobo elemen$o do po, es$abeleceHse umacon$radio l7gica, pois como algo onipresen$e pode es$arencerrado sob uma frao de poY or essa ra)o, oreformador franc(s, logo em seguida, es$abelece oracioc8nio l7gico e verdadeiro a respei$o do corpo de *ris$oD

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    =as, 2 lu) de s7lidos e claros $es$emunhos da 6scri$ura,demons$rouHse %ue o corpo de *ris$o es$0 circunscri$o pelamedida de um corpo humanoW alm disso, por sua

    ascenso ao cu, ficou claramen$e manifes$o %ue ele noes$0 em $odos os lugaresW ao con$r0rio disso, %uando elepassa a um lugar, dei&a o an$erior"['R!

    #ssim, *alvino re3ei$a a dou$rina lu$erana do communicatioidiomatum, e as no/es de ubi%uidade e do genusmaiestaticum" C impor$an$e %ue se diga, %ue apesar de

    re3ei$ar o en$endimen$o lu$erano, *alvino admi$ia umacomunho real, uma par$icipao real do corpo e do sanguedo +eden$or, dis$anciandoHse assim, do )Einglianismo" 6leafirmou %ue, ao crermos, comemos a carne de *ris$o,por%ue pela f ele se fa) nosso, e essa mas$igao fru$o eefei$o da f['!"

    . extra calvinisticumno pensamen$o calviniano se achae&plici$amen$e afirmado nas InstitutasD

    9ambm, o %ue nos lanam em ros$o como sendo absurdo,a saber, se a alavra de >eus ves$iu a carne, logo foi ela

    confinada ao c0rcere es$ri$o de um corpo $erreno, purodescaramen$o, pois embora a ess(ncia infini$a do Verbo seunisse com a na$ure)a de um homem em uma pessoa:nica, no en$an$o no imaginamos haver qualquerconfinamento. ra, de modo maravilhoso, do c!u

    desceu o "ilho de #eus, e no entanto ele no deixou o

    c!uW de modo maravilhoso, %uis sofrer a ges$ao no :$ero9

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    da Virgem, andar pela $erra e pender na cru),para quesempre enchesse o mundo, assim como desde o in$cio"[''!

    . Verbo no es$0 confinado 2 carne" C impor$an$e %ue se$enha em men$e %ue, para *alvino, a pessoa do +eden$or plena e comple$amen$e divina" 6le um subscreven$e plenoda '(&)u"a ! Ca"*!+nia, %ue afirma %ue 1esus perfei$o %uan$o 2 divindade e perfei$o %uan$o 2humanidade, verdadeiramen$e >eus e verdadeiramen$e

    homem['G!" . %ue *alvino nega, %ue a ?egunda essoada 9rindade $enha ficado circunscri$a pela carne, comoassevera ?$ephen 6dmondsonD

    #%ui *alvino argumen$a %ue embora a divindade de *ris$oes$e3a unida 2 sua humanidade e comple$amen$e presen$e

    nela, $odavia no es$0 con$ida por essa humanidade em suafini$ude, mas es$0, de forma ub8%ua, presen$e e&$eriormen$ee&$ra" 6m ou$ras palavras, as na$ure)as de *ris$opermanecem dis$in$as, de maneira %ue sua na$ure)a divinaconserva sua infini$ude e sua na$ure)a humana, a suafini$ude"['I!

    . mesmo asseverado por F" eus o Jilho no es$ava apenasencarnado em 1esus de Na)ar, mas %ue ele e&is$ia$ambm fora dele e&$ra ao mesmo $empo" *omo >eidade

    e$erna, o Jilho no podia, de maneira alguma, es$ar res$ri$o10

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    a um corpo humanoW ele deveria re$er sempre o a$ribu$odivino da onipresena"['4!

    #cer$adamen$e, *alvino afirma %ue a na$ure)a divina, pordefinio e necessidade l7gica, no pode ser mudada" 10em relao 2 na$ure)a humana, *alvino emborarespei$ando plenamen$e a unidade pessoal de *ris$o, e&igiapara a na$ure)a humana, hipos$a$icamen$e assumida, $odaa limi$ao humana['-!" . en$endimen$o lu$eranodo communicatio idiomatume da ubi%uidade da na$ure)a

    humana de *ris$o implica em uma mudana, uma al$eraona sua na$ure)a divina, vis$o %ue, se assim fosse, o finitoseria capa% de conter o infinito['O!" #demais, oen$endimen$o lu$erano $ra) consigo srias implica/es emrelao ao a$ribu$o incomunic0vel da imu$abilidade"

    *omo conse%u(ncia do en$endimen$o de *alvino, oslu$eranos acusaram os reformados de separar asna$ure)as de *ris$o do mesmo modo como Nes$7rio haviafei$o['P!" 9al acusao no se sus$en$a, vis$o %ue *alvino eos calvinis$as nunca ensinaram algo %ue sugerisse ae&is$(ncia de duas pessoas, uma divina e ou$ra humana,

    como Nes$7rio fe)" # afirmao de *alvino e&pl8ci$ademais para no ser levada em con$aD ois, na verdade,afirmamos %ue a >ivindade foi $o associada e unida 2humanidade, %ue sua propriedade permaneceu in$egral acada na$ure)a,e todavia dessas duas ! constitu$do um&nico Cristo['Q!"

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    .u$ra acusao levan$ada pelos $e7logos lu$eranos era %ue,por meio do extra calvinisticumera poss8vel falar de*ris$o em sua na$ure)a divina como o Verbo 6$erno de

    >eus 2 par$e do seu ser como o *ris$o encarnadosubse%uen$e 2 sua encarnao[GR!" # grande preocupaodos $e7logos lu$eranos era com a possibilidade de seprocurar um Logos asarkos, is$o , um *ris$o fora da suacarne" Novamen$e, *alvino nunca ensinou algo parecidocom isso" 6le nunca deu margem 2 noo de %ue sepoderia encon$rar *ris$o, %ue no o Verbo encarnado"

    ?obre isso, a observao de Filhelm Niesel por demaisper$inen$eD

    *alvino no ensina %ue >eus pode ser achado em 1esus*ris$o, mas %ue $ambm pode ser encon$radocomple$amen$e 2 par$e d6le" No" >e acordo com *alvino,

    >eus $em revelado a ?i mesmo apenas em 1esus *ris$o edevemos, por$an$o, agarrarHnos r0pida e solenemen$e a 6lee no $en$ar procurar >eus fora da pessoa do =ediador"[G!

    #s alega/es lu$eranas se cons$i$uem em fac$7ides eargumen$os do $ipo reduc$io ad absurdum, por imporem

    sobre as afirma/es de *alvino sen$idos e conclus/escomple$amen$e alheias" ara o reformador franc(s, *ris$o a suprema revelao da >ivindade, de maneira %ue ohomem, ao con$emplar a *ris$o, con$empla a e&pressoe&a$a do ?er de >eus"

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    No obs$an$e, o en$endimen$o lu$erano pode, com 3us$ia,ser associado com o eu$i%uianismo, vis$o %ue, por meio doseu communica$io idioma$um, as duas na$ure)as acabam

    sendo confundidas, mis$uradas" >essa forma, a na$ure)ahumana dei&a de ser humana, e a na$ure)a divina dei&a deser divina" . %ue h0 um $er$ium %uid, algo %ue no nemdivino nem humano, e, como ser0 vis$o pos$eriormen$e, isso$ra) srias conse%u(ncias 2 iden$ificao do +eden$or como homem e comprome$e a obra da +edeno"

    # >.@9+;N# *+;?9.LZ. 69+# *#LV;N;?9;*@= H#+96 '

    III O LC'( CON'ESSIONAL

    G"" . *#96*;?=. >6 T6;>6LB6+< 4-G

    . Catecismo de Heidelberg, documen$o produ)ido, apedido do r8ncipe 6lei$or, Jrederico ;;; do ala$inado, porXacarias @rsinus 4GIH4PG e

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    RESPOSTA. *ris$o verdadeiro homem everdadeiro >eus" ?egundo sua na$ure)ahumana, no es$0 agora na $erra, mas

    segundo sua divindade, majestade, graa eEsprito, jamais se afasta de ns"

    PERGUNTA ,/. =as, se a na$ure)a humanano es$0 em $odo lugar onde a na$ure)adivina es$0, as duas na$ure)as de *ris$o noso separadas uma da ou$raY

    RESPOSTA.>e maneira nenhumaW anatureza divina de Cristo no pode ser

    limitada e est presente em todo lugar"

    or isso, podemos concluir %ue a na$ure)adivina dele es$0 na sua na$ure)a humana epermanece pessoalmen$e unido a

    ela, embora tambm esteja fora dela"[i!

    9omando, primeiramen$e, a %ues$o IO do *a$ecismo,podeHse perceber claramen$e %ue, em clara oposio aolu$eranismo, @rsinus e .levianus ensinam a dou$rinado extra calvinisticum" or um lado, a humanidade de *ris$o

    no ub8%ua, no recebeu a comunicao do a$ribu$o daonipresena" ?eria a$ uma con$radio em $ermos, pois,como um a$ribu$o incomunic0vel pode ser comunicado 2humanidadeY ?implesmen$e no pode\ # humanidade de*ris$o no es$0 na $erra, mas es$0 no cu, 2 des$ra de>eus" . Catecismoreconhece a limi$ao espacial pr7priada na$ure)a humana e nega %ue na communicatio

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    http://www.cristaoreformado.com/2011/07/doutrina-cristologica-do-extra_16.html#_edn1http://www.cristaoreformado.com/2011/07/doutrina-cristologica-do-extra_16.html#_edn1
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    idiomatuma humanidade do +eden$or $enha recebido oa$ribu$o incomunic0vel da onipresena" or ou$ro lado, adivindade do +eden$or fa) com %ue ele no es$e3a

    circunscri$o 2 des$ra de >eus, con$ido pelo inv7lucro da suacarne" >e acordo com a sua divindade, *ris$o 3amais seafas$a de n7s" 6le es$0 presen$e em $odos os lugares" #afirmao dos au$ores de Teidelberg vai diame$ralmen$econ$ra o pensamen$o dos $e7logos lu$eranos, %ueacredi$avam na ine&is$(ncia do Logos asar!os, masapenas ensar!os"

    # respos$a 2 pergun$a IP ainda mais clara e mais e&pl8ci$aa respei$o do extra calvinisticum" . seu enunciado abordadire$amen$e a acusao de nes$orianismo fei$a peloslu$eranos" # respos$a uma veemen$e negao daacusao lu$erana e uma clara afirmao da unio

    personalis" .Catecismoafirma a infini$ude da na$ure)adivina de *ris$o, pois ela no pode ser limi$ada nem con$ida"#n$es, ela es$0 presen$e em $odos os lugares, preenchendoa $odo o cosmos" # acusao de nes$orianismo cai por $erra%uando o Catecismoassevera a unio hipos$0$ica" #na$ure)a divina de *ris$o es$0 unida comple$a einseparavelmen$e 2 sua na$ure)a humana, con$udo, semes$ar circunscri$a a ela"

    ;n$eressan$emen$e, as duas %ues$/es do Catecismo deHeidelbergforam baseadas no "reve Catecismoeno Catecismo #aior de Xacarias @rsinus" 6&is$e grandediscusso a respei$o da da$a da composio dos dois

    ca$ecismos de @rsinus" LMle >" Bierna afirma %ueD15

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    6m resumo, podemos di)er com $oda apossibilidade de cer$e)a %ue @rsinus foi oau$or do B* e do *=W ' %ue ele compSs o

    B* no final de 4-, ou comeo de 4-', e o*= no final de 4-'W G %ue o B* foidelineado como um ca$ecismo simples paraadul$os e crianas no ins$ru8dos,possivelmen$e encomendado, mas, comcer$e)a, empregado como esboo preliminardo *TW e I %ue o *= foi plane3ado para ser

    um $e&$o $eol7gico de n8vel mdio para oses$udan$es da universidade, noencomendado para a escri$a do *T, masprovavelmen$e consul$ado depois noprocesso"[ii!

    . "reve Catecismode @rsinus, nas respos$as 2s %ues$/esG4 e G-, di) o seguin$eD

    G4 " =as, no es$0 *ris$o sempre conoscoa$ ao fim do mundo, como ele prome$euY

    +" @ma ve) %ue *ris$o verdadeiro >eus everdadeiramen$e humano, ele sempre estcom a igreja em sua divindade, majestade,

    graa e EspritoW mas na sua na$ure)ahumana ele no es$0 agora na $erra, mas nocu"

    G- " =as, no es$o as duas na$ure)as em*ris$o separadas se a na$ure)a humana no

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    http://www.cristaoreformado.com/2011/07/doutrina-cristologica-do-extra_16.html#_edn2http://www.cristaoreformado.com/2011/07/doutrina-cristologica-do-extra_16.html#_edn2
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    es$iver presen$e onde %uer %ue es$e3a adivinaY

    +" No, absolu$amen$e" $ois desde %ue a

    divindade infinita e est e permanecepresente em toda parte ao mesmo tempo,no necess0rio %ue se3a separada oudividida do seu corpo para es$ar em algumaou$ra par$e"[iii!

    ?emelhan$emen$e, o Catecismo #aiordi) o seguin$e nas

    respos$as 2s %ues$/es QI e Q4D

    QI " *ris$o, en$o, no es$0 sempre conoscoa$ o fim dos $empos, como ele prome$euY

    +" 6m conformidade com a sua na$ure)ahumana, ele es$0 agora no cu, mas em sua

    divindade, esprito, poder e graa ele jamaisest separado de ns"

    Q4 " =as, no es$ariam separadas as duasna$ure)as de *ris$o, se a na$ure)a humanano es$iver onde es$0 a divinaY

    +" No, absolu$amen$e" or ser infini$a, ana$ure)a divina no necessi$a se separar doseu corpo para es$ar em %ual%uer ou$rolugar,pois existe perpetuamente epermanece simultaneamente a mesma

    dentro e fora do seu corpo"[iv!

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    http://www.cristaoreformado.com/2011/07/doutrina-cristologica-do-extra_16.html#_edn3http://www.cristaoreformado.com/2011/07/doutrina-cristologica-do-extra_16.html#_edn4http://www.cristaoreformado.com/2011/07/doutrina-cristologica-do-extra_16.html#_edn3http://www.cristaoreformado.com/2011/07/doutrina-cristologica-do-extra_16.html#_edn4
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    G"'" # *.NJ;??. >6 JC B6Lo mesmo modo, a na$ure)a humana noperdeu suas carac$er8s$icasW maspermaneceu cria$ura, $endo in8cio, sendo umana$ure)a fini$a e man$endo $udo o %ue pr7prio de um verdadeiro corpo" 6 ainda %ue,por meio da sua ressurreio, *ris$o $enhaconcedido imor$alidade 2 sua na$ure)ahumana, ele no $ransformou a realidade damesma, pois nossa salvao e ressurreio

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    dependem $ambm da realidade de seucorpo"[vi!

    # Confisso "elgaafirma de modo claro %ue, por ocasio

    da unio personalis, cada uma das na$ure)as de *ris$oman$m suas carac$er8s$icas pr7prias e in$ransfer8veis" #na$ure)a divina permaneceu noHcriada, e$erna, infini$a,preenchendo cu e $erra" # na$ure)a humana, por sua ve),man$eve as suas carac$er8s$icas deD criada, fini$a, limi$ada"6ssa dis$ino forma uma eviden$e an$8$ese con$ra

    %ual%uer deificao da na$ure)a humana ou humani)aoda na$ure)a >ivina"[vii!#Confisso "elganega a noolu$erana de ubi%uidade da na$ure)a humana de *ris$o, bemcomo a limi$ao da sua na$ure)a divina 2 sua carne"ermanecendo a na$ure)a divina com os seus a$ribu$ospr7prios, sem comunic0Hlos 2 na$ure)a humana, sem

    mis$ur0Hlos com os a$ribu$os pr7prios da humanidade,concluiHse, por$an$o, %ue a onipresena, carac$er8s$ica daess(ncia divina, permanece inal$erada, corroborando assim,a dou$rina cris$ol7gica reformada do extra calvinisticum"

    G"G" . B+6V6 *#96*;?=. >6 F6?9=;N?96+ -IO

    .s divinesde Fes$mins$er no abordaram o extracalvinisticumde maneira $o e&pl8ci$a %uan$o os au$oresdo Catecismo de Heidelberg" No obs$an$e, no $ra$amen$odispensado ao ?er de >eus, especificamen$e ao elencar osa$ribu$os divinos, podeHse inferir, com mui$a propriedade, adou$rina cris$ol7gica do extra calvinisticum"

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    http://www.cristaoreformado.com/2011/07/doutrina-cristologica-do-extra_16.html#_edn6http://www.cristaoreformado.com/2011/07/doutrina-cristologica-do-extra_16.html#_edn7http://www.cristaoreformado.com/2011/07/doutrina-cristologica-do-extra_16.html#_edn6http://www.cristaoreformado.com/2011/07/doutrina-cristologica-do-extra_16.html#_edn7
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    Na respos$a 2 pergun$a I, sobre o %ue >eus , o "reveCatecismo de &estminsterdi) o seguin$eD >eus esp8ri$o, infinito, eterno e imutvel em seu ser, sabedoria,

    poder, san$idade, 3us$ia, bondade e verdade"[viii!. extracalvinisticumpode ser inferido a par$ir da afirmao de %ue>eus infini$o, e$erno e imu$0vel em seu ser" Vis$o %ue>eus infini$o em seu ?er, e vis$o %ue o Verbo encarnado >eus, imposs8vel %ue sua ess(ncia se3a con$ida por umcorpo fini$o e circunscri$o espacialmen$e" Vis$o %ue o ser de>eus imu$0vel, imposs8vel %ue sua ess(ncia infini$a se3a

    con$ida por a%uilo %ue, em si e de si mesmo, fini$o" . >r"+ober$ L" +eMmond, discu$indo a definio confessional,afirma %ueD No con$e&$o da respos$a do *a$ecismo aparen$e %ue por ^infini$o em seu ser_, os divines deFes$mins$er afirmaram %ue >eus onipresen$e, is$o , %ue>eus $ranscende $odas as limi$a/es espaciais e es$0

    imedia$amen$e presen$e em cada par$e da sua criao"[i&!6 e&a$amen$e %uando discu$e a afirmao de %ue>eus infini$o em seu ?er, %ue o +eMmond fa) refer(nciaao extra calvinisticume o $raa a$ *alvinoD *alvinodificilmen$e foi um he$erodo&o, da forma como os lu$eranossarcas$icamen$e o acusaram por causa do seu extra

    calvinisticum^a %ues$o do e&$raH*alvino_"[&!

    [i!*.NJ;??. B6L6 T6;>6LB6+

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    [ii!LMle >" Bierna .rg"" 'ntroduo ao Catecismo deHeidelberg( )ontes, Histria, *eologia" ?o auloD *ul$ura*ris$, 'RR" p" 4-H4O"

    [iii!'bid" p" -O" `nfase acrescen$ada"

    [iv!'bid" p" QQ" `nfase acrescen$ada"

    [v!6LB6+

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    na$ure)a humana 2 unidade da pessoa divina sem divisoou separao de na$ure)as , e $ambm sem mudana ouconfuso de na$ure)as W e ainda de $al forma %ue os

    a$ribu$os de ambas as na$ure)as per$encem 2 pessoadivinoHhumana e con$ribuem con3un$amen$e na obra dasalvao" *f" +ichard #" =uller" Di*ti%na& %2 Latin anG&!!3 T4!%"%#i*a" T!&)s5 D&a6n P&in*i7a"" 2&%)P&%t!stant S*4%"asti* T4!%"%#.avid Fillis" Ca"8in9s Cat4%"i* C4&ist%"%#5 T4!'un*ti%n %2 t4! s%-*a""! E:t&a Ca"8inisti*u) in Ca"8in9sT4!%"%#.?$udies in =edieval 9hough$" Vol" '" LeidenD 6" 1"Brill, Q--" p" -"

    [I! +ichard #" =uller" Di*ti%na& %2 Latin an G&!!3T4!%"%#i*a" T!&)s5 D&a6n P&in*i7a"" 2&%) P&%t!stant

    S*4%"asti* T4!%"%#.p" "

    [4! 6" >avid Fillis" Ca"8in9s Cat4%"i* C4&ist%"%#5 T4!'un*ti%n %2 t4! s%-*a""! E:t&a Ca"8inisti*u) in Ca"8in9sT4!%"%#.p" Q"

    [-! I;i.

    [O! >avid

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    [P! 6" >avid Fillis" Ca"8in9s Cat4%"i* C4&ist%"%#5 T4!'un*ti%n %2 t4! s%-*a""! E:t&a Ca"8inisti*u) in Ca"8in9sT4!%"%#. p" Q"

    [Q! >avid avid Fillis" Ca"8in9s Cat4%"i* C4&ist%"%#5 T4!'un*ti%n %2 t4! s%-*a""! E:t&a Ca"8inisti*u) in Ca"8in9sT4!%"%#.p" 'G"

    [! Beng$ TUgglund" Hist(&ia a T!%"%#ia.or$o #legreD*onc7rdia, 'RRG" p" ''O" >avid

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    [-! I;i.

    [O! 1oo *alvino" As Institutas5 Ei@$% C"0ssi*a.;V"O"4"?o auloD *ul$ura *ris$, 'RR-" p" GIO"

    [P! I;i.;V"O"O" p" G4Q"

    [Q! I;i" ;V"O"GR" p" GOO" `nfase original"

    ['R! I;i.

    ['! I;i.;V"O"4" p" GIO"

    [''! I;i.;;"G"I" p" 'G-" `nfase acrescen$ada"

    ['G! T" Be$$enson" D%*u)!nt%s a I#&!a C&ist$.?oauloD #?96, 'RR" p" R"

    ['I! ?$ephen 6dmondson" Ca"8in9s

    C4&ist%"%#.*ambridge, @D *ambridge @niversi$M ress,'RRI" p" '"

    ['4! F" avid

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    uma deduo l7gica da pressuposio presen$e no fini$umnon capa& infini$i" No obs$an$e, de acordo com avid

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