A Economia Brasileira de 1985 a 1994 (1)

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Curso: Gestão de Recursos Humanos Disciplina: Economia e Mercado Prof.: Marcio Coutinho A ECONOMIA BRASILEIRA DE 1985 A 1994 Governo Sarney: Mar/85 a Mar/90 A recessão no período de 1981/83 contribuiu para melhorar o balanço de pagamentos, revertendo o déficit existente na balança comercial em expressivos superávits, mas não teve efeito sobre a inflação. No final do governo militar, a situação externa estava equacionada. Os superávits comerciais ocorreram em função da queda das importações (81/83) e expansão das exportações (84). As exportações cresceram devido a recuperação da economia mundial, incentivos ao setor exportador e a desvalorização cambial do ano anterior e maturação dos projetos do II PND. A nova republica se inicia com o seguinte quadro: a) Economia em crescimento b) Balanço de pagamentos equilibrado c) Inflação elevada em torno de 200%a.a. Cenário político - Colégio eleitoral elege Tancredo Neves. O mesmo adoece e o vice Jose Sarney assume. Em 86 terá eleições diretas para governador, Assembléia Constituinte e eleições diretas para presidente. O ministro Dornelles adotou uma série de medidas de austeridade fiscal e controle monetário-creditício, utilizando controle tarifário como forma de diminuir as pressões inflacionárias. A partir de Junho/85 se observava aceleração inflacionaria. Sai Dornelles e entra Dilson Funaro (Ago/85). A aceleração inflacionaria no final de 85 e inicio de 86, levou ao lançamento do Plano Cruzado (28/02/86). PLANO CRUZADO

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Curso: Gestão de Recursos Humanos Disciplina: Economia e Mercado Prof.: Marcio Coutinho

A ECONOMIA BRASILEIRA DE 1985 A 1994

Governo Sarney: Mar/85 a Mar/90

A recessão no período de 1981/83 contribuiu para melhorar o balanço de

pagamentos, revertendo o déficit existente na balança comercial em

expressivos superávits, mas não teve efeito sobre a inflação.

No final do governo militar, a situação externa estava equacionada. Os

superávits comerciais ocorreram em função da queda das importações

(81/83) e expansão das exportações (84).

As exportações cresceram devido a recuperação da economia mundial,

incentivos ao setor exportador e a desvalorização cambial do ano anterior

e maturação dos projetos do II PND.

A nova republica se inicia com o seguinte quadro:

a) Economia em crescimento

b) Balanço de pagamentos equilibrado

c) Inflação elevada em torno de 200%a.a.

Cenário político - Colégio eleitoral elege Tancredo Neves. O mesmo

adoece e o vice Jose Sarney assume. Em 86 terá eleições diretas para

governador, Assembléia Constituinte e eleições diretas para presidente.

O ministro Dornelles adotou uma série de medidas de austeridade fiscal e

controle monetário-creditício, utilizando controle tarifário como forma de

diminuir as pressões inflacionárias. A partir de Junho/85 se observava

aceleração inflacionaria. Sai Dornelles e entra Dilson Funaro (Ago/85).

A aceleração inflacionaria no final de 85 e inicio de 86, levou ao

lançamento do Plano Cruzado (28/02/86).

PLANO CRUZADO

Curso: Gestão de Recursos Humanos Disciplina: Economia e Mercado Prof.: Marcio Coutinho

Introduziu nova moeda, substituindo o cruzeiro pelo cruzado e definiu

regras de conversão de preços e salários.

Salários – manter o poder de compra dos últimos 6 meses + abono de 8%.

Salário mínio idem + abono de 16%. Introduziu gatilho salarial que seria

acionado toda vez que a inflação atingisse 20%;

Preços – Foram congelados no nível de 28/02/86. Exceção da energia

obteve aumento de 20%.

Cambio – Foi fixado no nível de 27/02/86

Alugueis – Valores médios recompostos por meio de fatores

multiplicativos

Ativos Financeiros – substituição da ORTN pela OTN e valor congelado por

12 meses. Contratos posfixados os juros foram transformados em juros

nominais. Proibido indexar contrato com prazo inferior a 01 ano (exceto a

poupança). Contratos prefixados - foi introduzido a tablita com

desvalorização de 0,45% ao dia (media da inflação dez/85 a 02/86).

Inicio do plano ocorreu uma redução abrupta na taxa de inflação e teve

grande apoio popular, graças ao congelamento de preços. Além da queda

da inflação, destaca-se um grande crescimento econômico. O aumento da

demanda ocorreu em função dos seguintes fatores:

a) Aumento real salário

b) Exagerada oferta de moeda

c) Diminuição no recolhimento de IR na fonte

d) Consumo reprimido durante a recessão

e) Expansão do crédito

O excesso de demanda provocou escassez de alguns produtos como é o

caso do Leite, carne e automóveis, gerando a cobrança de ágio.

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O governo tentou resolver o problema da oferta, sem abrir mão do

congelamento, através de: isenções de impostos, subsídios, liberação de

importação de produtos alimentícios.

PLANO CRUZADO II – 21/11/86

Visava controlar o déficit publico com aumento da receita (aumento de

tarifas e impostos).

O aumento das tarifas e impostos foram repassados aos preços. Em fev/87

romperam-se o controle de preços. Corrigiu o valor da OTN, indexação

voltou pior, pois os salários tinham reajustes mensais.

Este novo pacote colocava uma política monetária restritiva. Aumento da

taxa real de juros e restrição de crédito.

A Economia desaqueceu. Houve perda de reservas em função do saldo

negativo na balança comercial. Brasil decretou moratória em Fev/87.

Em Abril de 87 a inflação superou os 20%a.m.. Saiu Funaro e entrou

Bresser Pereira.

PLANO BRESSER ( 12/06/87)

Objetivo principal era evitar a hiperinflação

Principais medidas:

a) Congelamento de salários por 03 meses

b) Congelamento de preços por 03 meses

c) Desvalorização cambial 9,5%

d) Congelamento de alugueis

e) Tablita 15%a.m.

f) Criação da Unidade Referencial de Preços (URP)

g) Mudança da base do indice de preço ao consumidor

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O plano Bresser se assentava na contenção salarial e elevada taxa de

juros. Foi bem sucedido na recuperação da balança comercial e na queda

da inflação, mas provocou queda na produção industrial.

Dezembro/87 sai Bresser entra Mailson da Nóbrega

Mailson rejeita a idéia de choque. Visava estabelecer a inflação em

15%am, reduzir o déficit publico. Adotou congelamento dos empréstimos

ao setor publico, a contenção salarial e redução no prazo no recolhimento

dos impostos. Em Jan/88 suspendeu a moratória.

Esta política era conter a inflação menor que 20% no primeiro semestre,

mas a recomposição das tarifas publica no segundo semestre provocou

um aumento da inflação.

A constituição de 1988 introduziu um aumento das transferências de

impostos para estados e municípios, sem que fossem repassadas as

obrigações, aumentando o desequilíbrio do orçamento federal.

Inflação de 26,9% e 28,8% nos meses de novembro e dezembro,

respectivamente e janeiro sinalizando ser superior a 30%, levou a

implantação de novo plano econômico.

PLANO VERÃO (JAN/89)

Visava conter a demanda e elevação das taxas de juros.

Novo congelamento de preços, sendo que vários preços administrados

foram aumentados e alterou a data de comparação do índice de preços

para dia 15. Nova moeda, Cruzado Novo, cortou 03 zeros.

Os salários foram convertidos pela media dos últimos 12 meses +

aplicação da URP de janeiro.

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Ativos financeiros – Aplicação de tablitas nos contratos pré e posfixados,

evitando desta maneira a transferência de renda dos devedores para os

credores. O Estado era o principal devedor.

Cambio- desvalorização do cruzado em 18% a adotou taxa fixa em que

NCz$ 1,00 = US$1,00.

O governo Sarney se caracterizou pelo descontrole das contas publicas

(aumento do déficit operacional e crescimento do endividamento intero a

prazos mais curtos) e taxas de juros reais elevadas.

GOVERNO COLLOR/ITAMAR

Diagnostico era que existia a possibilidade de rápida monetização das

aplicações financeiras, e a principal fonte de rolagem da dívida era o

overnight. O governo Collor inicia com as seguintes medidas:

a) Reforma monetária - Redução drástica da liquidez da economia

(bloqueio de recursos). O objetivo era evitar pressões de consumo

b) Reforma administrativa e fiscal – Diminuir o déficit por meio de

redução do custo de rolagem da divida publica, suspensão de

subsídios, incentivos e isenções, ampliação da base tributária (setor

exportador e ganhos de capital na bolsa), tributação grandes

fortunas e fim do anonimato fiscal

c) Congelamento de preços e desindexação dos salários em relação a

inflação passada. Nova regra maio/90

d) Cambio – Taxa flutuante

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e) Liberalização do comercio exterior (redução de tarifas de

importação).

Pequena parcela da sociedade ficou com o dinheiro bloqueado por 18

meses. A partir de maio/90 houve um relaxamento no controle de preços

e salários, juntamente com a monetização, acelerou a inflação no segundo

semestre.

Com objetivo de redução de gastos foi dado inicio ao programa de

privatização que ficou a cargo do BNDES.

Com as dificuldades de exportar, facilidade de importar e aumento do

petróleo (guerra do golfo), deteriorou o saldo da balança comercial, e o

banco central se viu obrigado a intervir no mercado de cambio,

desvalorizando a moeda. Fracasso do plano Collor I.

PLANO COLLOR II

Acabava com o overnight e criava o Fundo de Aplicação Financeira (FAF),

onde o governo determinava a composição do patrimônio deste fundo

(mínimo de 56% de títulos do governo). Cria-se a TR, que refletia a media

de taxa dos CDB e congelamento de preços e salários.

Sai Zélia entra Marcilio Marques Moreira.

O novo ministro tinha a visão de que o controle da inflação passaria por

um maior controle do fluxo de caixa do governo; preocupação com a

negociação da divida externa e descongelamento de preços e salários.

A recessão de 92 sem diminuir a inflação, a baixa arrecadação, as altas

taxas de juros, o quadro político desfavorável, resultou no impeachment

do presidente.

Porém com a taxa de cambio real, combinado com a abertura financeira e

excesso de liquidez internacional, promoveu uma grande entrada de

recursos externos. 01 semana de aplicação no Brasil, se ganhava ao

correspondente a um ano no exterior.

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Itamar assume com a postura de um governo de transição. Vários

ministros passam pelo comando da economia. Em Maio/93 Fernando

Henrique Cardoso assume como ministro da fazenda e implantou o plano

real (Julho/94).

O problema inflacionário passava por um ajuste fiscal. Foi aprovado o

IPMF (imposto provisório sobre movimentação financeira) e lançado o

Plano de ação imediata (redução despesas em todas as esferas do

governo; endurecimento nas negociações com os estados e municípios e

dificultando para este se utilizar dos bancos estaduais para o

financiamento da divida.

Situação da economia na implantação do Plano Real: Inflação inercial;

situação fiscal melhor; maior nível de reservas; país inserido no fluxo

voluntario de recursos externo e maior grau de abertura comercial.