A Economia como Ciência Social - PDF
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Economia como Ciência Social - Resumo
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A ECONOMIA COMO CIÊNCIA SOCIAL. O conhecimento da sociedade
• Ciência vem do latim scire, significando saber, estar ciente.
• Locke: Nada esta no intelecto que antes não tenha passado pelos sentidos. O conhecimento vinha,
pois, pelos sentidos.
• Leibniz: A não ser o próprio intelecto. Somente o intelecto pode elaborar o conhecimento.
• O pensamento de Leibniz e Locke era amarrado em premissas filosóficas, enquanto a moderna
psicologia do conhecimento é ramo da ciência experimental cujas conclusões se embasam no teste
da realidade.
Conhecimento empírico: Visa detectar regularidades ou seqüências nos acontecimentos. Não lhe interessa
saber por que isso ocorre, mas sim que ocorre.
Conhecimento cientifico: Parte do primeiro, no que diz respeito à observação metódica e à detecção das
regularidades. Visa estabelecer relações de causa e efeito entre os fatos observados com o intuito
de explicá-los, usando para tanto o método cientifico consistente na experimentação. Destina-se a
explicação dos fenômenos. Tais tarefas – explicar e prever- exigem rigor de raciocínio e maestria
no método de pesquisa para terem chance de sucesso.
Conhecimento filosófico: Almeja transcender a pura explicação cientifica para enfeixar toda a
fenomenologia ou grande parte dela numa visão ou numa explicação global de caráter universal.
Fala-se, assim, numa filosofia cristã, judaica, existencialista, e assim por diante. Daí a distinção
dos filósofos entre o conhecimento não pela simples causas, mas pelas causas remotas, próprias da
filosofia.
A ciência: Nada prova. Ela apenas fornece os métodos e o embasamento analítico destinados a permitir
sejam contestadas determinadas proposições tidas até então como verdadeiras. O jogo da ciência
prossegue não para consagrar definitivamente o já estabelecido, mas para permitir uma
consagração provisória enquanto as novas explicações submetidas ao teste da realidade não
ganhem pontos suficiente para tomar o lugar das anteriores.
Ciências exatas e ciências sociais: se diferenciam pelo número e complexidade das variáveis que lhes são
próprias.
Ciências exatas: conceitualmente mais simples.
Ciências sociais: Campo coalhado de variáveis. Apresentam comportamento bem mais oscilante e
irregular; um processo de ação e reação muitas vezes em cadeia, tornando difícil a sua análise de
tratamento estatístico. Fator de perturbação bastante sério nas ciências sociais é o fato de nelas o
homem ser a um tempo o seu sujeito e o seu objeto.
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Unidade das ciências sociais: a divisão das ciências sociais em direito, economia, sociologia, política,
antropologia e etc, se deu mais para fins didáticos do que em função de limites precisos entre eles.
Uma crise política poderá deitar por terra programas econômicos, ainda quando bem elaborados e
executados. O marco institucional, representado pela legislação vigente, condiciona todas as
situações estudadas em cada uma das ciências sociais, mormente quanto tal legislação é
sociologicamente legítima, ou seja, está em sintonia como o modo de ser e de ver da sociedade,
porque, caso contrário, a sociedade acabaria por rejeitar a norma, encontrando meios para
contorná-la ou distorcê-la.
OS MODELOS O modelo pode ser visto como uma simplificação drástica da realidade, da qual extraem ou se separam
algumas poucas variáveis, tidas como relevantes para explicação de um dado fenômeno, como o
estabelecimento de relações funcionais entre elas. Nem sempre todas aquelas causas estarão
atuando sobre o fenômeno em foco. Por exemplo, uma crise política: certamente produzirá sensíveis
reflexos em diversos segmentos econômicos. Mas não se poderá imaginá-la como permanente. O
mesmo se diga de um fenômeno climático ou de um evento bélico.
Variáveis endógenas: aquelas a serem explicitamente consideradas pelo modelo e cuja variação deverá
explicar o comportamento do fenômeno em análise.
Variáveis exógenas: as demais, que sobram tidas como menos relevantes ou de influência remota para
aquela explicação e cuja variação é desconsiderada, sendo, pois assimiladas a constantes. Como é
possível dar um tratamento matemático a uma ciência social.
Redução do número de variáveis: A redução do número de variáveis torna matematizável a explicação,
como nas ciências ditas exatas.
A lei dos grandes números: Segundo a qual a dispersão e diversidade dos comportamentos, atos e fatos
relativos a indivíduos isoladamente considerados ou a pequenos grupos tendem a se reduzir
drasticamente quando vistos em seu contexto global. Quando alterações bruscas ocorrem, pode-se
detectar logo a existência de uma causa ou conjunto de causas atuando naquele particular campo
de observação; eventos semelhantes somente chamarão a atenção dos cientistas se apresentarem
relevância estatística, ou seja, se o seu coeficiente na sociedade como um todo, ou segmento dela,
alterar-se constante e significativamente. Alguns desconsideram a lei dos grandes números,
quando é apenas ela que permite detectar tendências e estabelecer probabilidades, sem se deixar
desviar por caso fortuito, excepcionais ou pura e simplesmente irrelevantes.
O teste da realidade: permitir teste da adaptabilidade, também chamado de aderência, de uma teoria a
realidade. Uma terapia pode ser miraculosa na mente do médico seu idealizador. Mas somente o
gráfico estatístico das curas obtidas com o seu emprego irá confirmar ou desmentir aquela
convicção. Forma-se a jurisprudência.
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Rigor Científico: o quantitativo: a vantagem daquele é tornar mais rapidamente as evidentes possíveis
inconsistências ou falhas de raciocínio. Se se chegar a um sistema de três equações e três
variáveis, ele permitira quantificá-las e, portanto, habilitá-las a passar pelo teste da realidade, pela
comparação entre os valores por elas assumidos no modelo e na concretude do mundo dos fatos,
tal como evidenciado estatisticamente.
Cautelas com a Matemática: Econometria: emprego da ferramenta estatístico-matemática na análise
econômica. A variável tamanho e a variável produtiva não são variáveis independentes, mas sim
condicionadas por uma terceira variável não explicita, qual seja, a fertilidade da terra. A esse
fenômeno chama-se econometria multicolinearidade, a qual é depurada por métodos próprios.
Quantidade e qualidade: dá-se a qualidade de “calma” a uma pessoa que se irrita ou perde o controle de si
poucas vezes (aí o elemento quantitativo). E diz-se ser ela nervosa se isto ocorre muitas vezes. Daí
o conceito da razoabilidade (qualidade).
CLASSIFICAÇÃO DOS MODELOS Indutivos: Ocorrem da indução, observação e mensuração estatística dos fatos e do
estabelecimento de possíveis relações funcionais entre as variáveis que os representam.
Clássico modelo da oferta e procura. Ou os modelos explicativos da inflação, relacionando o
comportamento do nível geral de preços a fatores vários como o déficit público. Provém da
observação inteligente e metódica dos fatos seguida por uma adequada elaboração teórica a
significar o confronto de diversas hipóteses de trabalho e o estabelecimento de um nexo
entre o dado observado e a sua explicação lógica em termos comportamentais.
Modelo dedutivo, ou aprioristico: Teoria dos jogos. Cada agente “aposta” no que farão os demais;
não é diretamente observável e nem foi criada a partir de uma observação, pois decorre mais
de uma analogia. O modelo dedutivo define situações ou comportamentos hipotéticos antes
mesmo de verificar se existem.
Explicativos: ligam variáveis em suas relações funcionais, com vistas a chegar a relações de causa
e efeito, ou seja, relações explicativas.
Prescritivos: relacionam variáveis sob a ótica de que algumas representam objetivos a serem
alcançados, enquanto outras serão meios para que tal se realize.
Explicação e previsão: Com efeito, se um método consegue explicar um evento ou conjunto de
eventos, poderá, com igual confiabilidade, ser utilizado em projeções futuras do mesmo.
Duas ressalvas: De que as variáveis endógenas continuem a ter, no futuro, o mesmo grau
de relevância entre as causas geradoras do evento em foco, ou seja, os seus coeficientes de
explicação não devem sofrer alterações substanciais; e quanto às variáveis exógenas, que
nenhuma, deixada de lado pelo mesmo modelo, venha a ganhar a relevância que antes não
ostentava.
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• Um imposto já existente cuja alíquota fosse alterada para mais ou para menos. Nesse caso, ele
continuaria a ser, uma variável endógena, mas a alteração na mudança do seu peso ou coeficiente
levaria a um novo resultado final da equação explicativa.
• Estocástico = algo aleatório
• No mundo físico, o leque de probabilidades é muito mais estreito do que no mundo social.
• Os modelos foram concebidos para simplificar a realidade, tornando-a cientificamente manejável.
• Os postulados, ou proposições, da Economia, têm um caráter tendencial, ou seja, revelam ou
indicam uma tendência e não uma certeza absoluta.
• Uma enorme parcela de todos os investimentos feitos é baseada em projeções de dados e pesquisas
de mercado.
MODELOS E LEIS DA ECONOMIA – A CAIXA DE FERRAMENTAS.
• Não passam de algumas conclusões de alguns modelos de aplicação mais universal.
• Não passam de conclusões ou proposições decorrentes de determinados modelos, mantendo, por
conseguinte, o seu caráter tendencial, sem adquirir foros de verdade insofismável e imutável.
• A chamada teoria econômica vem a ser um conjunto de modelos, isto é, um leque de explicações,
cada qual aplicável a uma dada parcela da realidade e baseada em alguns pressupostos.
• Pode ser vista como uma caixa de ferramentas, sendo as ferramentas os vários modelos construídos.
• Muitas vezes a incapacidade do grande público de distinguir entre uma proposição analítica, isto é,
baseada em modelos, e uma afirmação direta sobre uma dada realidade é a responsável pela sua
incompreensão ou descrença quanto às potencialidades não apenas da ciência econômica mas de
qualquer ciência.
UM EXEMPLO DE MODELO ECONÔMICO: A LEI DA PROCURA.
• A lei estabelece uma relação entre preço e quantidade. Poderia ser sintetizada pela expressão.
D = f (p, Y, ps, pc, H)
D = quantidade procurada.
P: Preço.
Y: Nível de renda: A quantidade procurada subirá, caso todos ou quase todos
os apreciadores daquele bem tiverem rendimentos mais altos.
Ps: Preço do sucedâneo: a sua procura variará caso varie o preço de outro
bem apto a substituí-lo.
Pc: Preço do bem complementar. Também influi sobre a procura do bem
principal.
H: Hábitos de consumo. Correspondem ao componente sociocultural da
procura e são a resultante de todo um conjunto de fatores.
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• O preço é a única variável endógena.
• As outras variáveis passíveis de influir sobre a procura são: o nível de renda da população –
variável indicada internacionalmente pela letra Y, pois a quantidade procurada subirá, caso todos ou
quase todos os apreciadores daquele bem tiverem rendimentos mais altos.
• Parece muito simplista a hipótese de haver apenas uma variável, o preço, a influir sobre a
quantidade procurada. Sob este aspecto, o modelo não esta errado, mas é obviamente incompleto.
Não, no sentido de que, sobretudo em curto prazo, ou seja, a intervalos não muito extensos de
tempo, a variável preço realmente consegue explicar uma alta proporção das variações observadas
na quantidade procurada, digamos 80% a 90%.
• Já, a médio ou em longo prazo, esta hipótese ceteris paribus tem de ser abandonada, pois parece
evidente a sua improbabilidade.
• Nem todos os elementos aptos a entrar num modelo são passíveis de serem diretamente
quantificados.
OS MODELOS E AS INSTITUIÇÕES
• As chamadas leis nada mais são do que conclusões de modelos de aplicação mais ampla e
generalizada.
• Cada modelo está inserido no seu nicho institucional, e ele operara a contento mesmo além de
fronteirar políticas, aspirando assim à universalidade, quanto mais amplo for, geograficamente, esse
nicho institucional.
• O modelo vem a ser a formalização de uma teoria, e a critica a ela não pode basear-se no dilema
falso-verdadeiro, mas deve considerar o seu escopo de aplicação útil e a sua limitação além desse
escopo.
REFERÊNCIAS
ROSSETTI, José P. Introdução a Economia. 17. ed São Paulo: Atlas, 1997.