Aplicabilidade da Norma de Desempenho 15.575 - Professor Orestes Gonçalves
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Centro de Educação
Curso de Pedagogia
A educação primária escolar de mulheres
negras
(Rio Grande do Norte, 1922-1947)
Paulo Basílio de Alcântara
Natal | Rio Grande do Norte | 2016
Paulo Basílio de Alcântara
A educação primária escolar de mulheres
negras
(Rio Grande do Norte, 1922-1947)
Monografia apresentada ao Curso de
Pedagogia do Centro de Educação da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito parcial para obtenção do grau
de Pedagogo.
Orientadora I Prof.ª Dr.ª Marta Maria de Araújo
Natal | Rio Grande do Norte | 2016
Paulo Basílio de Alcântara
A educação primária escolar de mulheres
negras
(Rio Grande do Norte, 1922-1947)
Monografia apresentada ao Curso de
Pedagogia do Centro de Educação da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como exigência para conclusão da
graduação, aprovado pela seguinte comissão
avaliadora.
______________________________________________________________
Prof.ª Dr.ª Marta Maria de Araújo (Orientadora)
_______________________________________________________________
Prof.ª Ms. Berenice Pinto Marques (Titular)
______________________________________________________________
Prof.ª Ms. Hercília Maria Fernandes (Titular)
Natal | Rio Grande do Norte | 2016
Dedico às senhoras
partícipes da pesquisa
Resumo
O princípio do direito à educação primária para todos, conferindo
direção ao conjunto das políticas estatais de ampliação de oportunidades
educacionais pela expansão da escola pública e subvenção crescente às
escolas particulares, seria determinante para a melhoria de oportunidades
de vida pessoal e social em especial da criança estudante negra? Para
responder, de maneira geral, a essa indagação, o presente trabalho
objetiva discutir as dimensões básicas da educação escolar primária de
mulheres negras, nascidas nas primeiras décadas do século XX, para,
assim, averiguar o alcance do princípio do direito à educação primária na
determinação de suas melhorias de oportunidades na vida pessoal e
social. O trabalho, metodologicamente, é norteado pela análise do
corpus documental (entrevistas, legislação educacional, regimento interno
de escolas, mensagens governamentais, relatórios do Diretor de
Departamento), com base nas teorizações de Magalhães (2014) e Teixeira
(1968 e 1978) quanto ao entendimento de escolarização e de
alfabetização e de fins e aos meios da educação escolar. Em termos de
conclusão, o princípio do direito à educação escolar primária para as
vinte e duas (22) mulheres, partícipes de nossa pesquisa, pode ser, assim,
evidenciado: a maioria das mulheres (16) não prosseguiu ou não concluiu
a educação escolar primária; a minoria das mulheres (6) prosseguiu a
educação escolar para os níveis de ensino secundário ginasial e normal. O
princípio do direito à educação primária para todos, disposto no conjunto
das políticas estatais de ampliação de oportunidades socioeducacionais –
em última instância – somente garantiu às vinte e duas mulheres negras o
acesso à primeira educação, no estrito limite de uma alfabetização a um
minimum, equivalentemente, determinando um processo de viver análogo
a uma condição social pobre ou de classe social pobre.
Palavras-chave: Educação escolar primária. Mulheres negras.
Oportunidades socioeducacionais. Rio Grande do Norte.
Abstract
Would primary education to every citizen principle of law, providing
guidance for State law of educational opportunity enlargement through
expanding the number of public schools and increasing subsidy to private
schools, be decisive to improve personal and social life opportunities and
Black young student? In order to answer to this question this study intends to
discuss the basic dimensions of primary schoolingof Black women who
were born in the early decades of the 20th century, in order for the principle
of law range to primary education to be ascertained in determination of
enhancing personal and social life opportunities. Methodologically, this
study was conducted to analyse the documentation corpus (interviews,
educational law, school internal regulation, governmental messages,
reports from the Director of the Department of Education) based on
Magalhães’s (2014) and Teixeira’s (1968 and 1978) theories concerning the
understanding towards schooling and literacy as well as the methods of
schooling. As a conclusion, the principle of law to primary education to the
22 women held in this study, could be foregrounded as follows: the majority
of the women researched (16) didn’t either continue or graduated from
primary school; the minority of the women researched (6) continued to
secondary school ginasial and normal. Primary education to every citizen
principle of law existing in the State Politics of social educational
enhancement – in last instance – only guaranteed to those 22 Black
women access to primary education, limited to literacy to a minimum,
equivalently, decreeing an analogous living process to a poor social
condition or a poor social layer.
Keywords: Primary School Education. Black women. Social educational
opportunities. Rio Grande do Norte.
Sumário
Introdução 7
Capítulo Um 11
A educação escolar primária no Rio Grande do Norte (1922-1930)
Capítulo Dois 30
A educação escolar primária no Rio Grande do Norte (1931-1943)
Capítulo Três 52
A educação escolar primária no Rio Grande do Norte (1944-1947)
Conclusão 63
Referências 66
Anexo 71
Introdução
Nas três primeiras décadas do século XX no Estado do Rio
Grande do Norte, um extensivo programa de reforma estruturante
dirigido aos setores político, social e urbano associado à reforma de
uma educação escolar uniformizada seria levado a efeito nos governos
de Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão (1908-1913), Joaquim
Ferreira Chaves (1914-1920), Antônio José de Mello e Souza (1921-1923),
José Augusto Bezerra de Medeiros (1924-1927) e Juvenal Lamartine de
Faria (1928-1930).
No período do Governo Provisório (1930-1934) de Getúlio
Dornelles Vagas, o Rio Grande do Norte foi administrado por uma Junta
Governista Militar Provisória: major Luís Tavares Guerreiro, capitão
Abelardo Torres da Silva Castro e o tenente Júlio Perouse Pontes (6 a 12
de outubro de 1930).
Nesse período do Governo Provisório e Governo Constitucional
de Getúlio Dornelles Vagas, o Rio Grande do Norte seria, ademais
administrado pelos Interventores Federais: Irineo Joffili (3 de outubro de
1930 a 28 de janeiro de 1931), Aluízio de Andrade Moura (28 de janeiro a
31 de julho de 1931), Hercolino Cascardo (31 de julho de 1931 a 2 junho
de 1932), Bertino Dutra da Silva (11 de junho de 1932 a 6 de junho de
1933), Mário Leopoldo Pereira Câmara (2 de agosto de 1933 a 27 de
outubro de 1935), Rafael Fernandes Gurjão (eleito Governador
Constitucional pela Assembleia Constituinte Estadual). No entanto,
devido a uma decisão judicial, o Governador Rafael Fernandes Gurjão
foi empossado no dia 29 de outubro de 1935. Logo depois, se tornou
Governador Constitucional de 29 de outubro de 1935, permanecendo
até 23 de novembro de 1937.
No chamado Estado Novo (1937-1945), o Rio Grande do Norte foi
governado pelos seguintes Interventores Federais: Rafael Fernandes
Gurjão (no dia 24 de novembro de 1937 foi nomeado como sexto
Interventor Federal pelo presidente Getúlio Vargas, permanecendo até
3 de julho de 1943), Antônio Fernandes Dantas (3 de julho de 1943 a 15
de agosto de 1945), José Georgino Alves de Souza Avelino (15 de
agosto a 19 de outubro de 1945).
No governo do General Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), o Rio
Grande do Norte foi administrado por esses governos Interventoriais:
Miguel Seabra Fagundes (7 de novembro de 1945 a 13 de fevereiro de
1946), Ubaldo Bezerra de Melo (13 de fevereiro de 1946 a 15 de janeiro
de 1947) e Orestes da Rocha Lima (15 de janeiro de 1947 a 31 de julho
de 1947).
Naqueles primeiros governos do século XX (1908-1930), foi levado
a efeito um extensivo programa de reforma estruturante dirigido aos
setores político, social e urbano associado à reforma de uma educação
escolar uniformizada, priorizando a criação de uma rede de grupos
escolares nas mais importantes cidades do Estado.
Nos governos dos Interventores Federais (1930-1947), foi posto em
prática um plano educacional voltado para a expansão das escolas
primárias urbanas e rurais (grupos escolares, escolas reunidas, escolas
isoladas e escolas rudimentares) nos quarenta e dois (42) municípios do
Estado, destinada à população em idade escolar e adulta, visando à
ampliação das oportunidades socioeducacionais.
O presente trabalho objetiva discutir as dimensões básicas
(programa de estudo, materiais didáticos, utensílios pedagógicos e
didática de ensino) da educação escolar primária de mulheres negras,
nascidas nas primeiras décadas do século XX, para, assim, averiguar o
alcance do princípio do direito à educação primária na determinação
de suas melhorias de oportunidades na vida pessoal e social. Portanto,
a escrita do trabalho está centrada nas dimensões básicas da
educação primária de vinte e duas (22) mulheres negras que são:
modalidade de escola de estudo, tipos de escola (pública ou
particular), tempo de alfabetização e da escolarização, programas de
estudo, materiais didáticos, utensílios pedagógicos e didática de ensino.
No Rio Grande do Norte, os trabalhos sobre a educação escolar da
criança e da jovem pobre e negra, de fato, ainda são inexistentes em
face das especificidades educacionais e das problemáticas sociais que
se pretende analisar.
O trabalho é metodologicamente orientado pelas teorizações
de Magalhães (2014) quanto ao entendimento de escolarização e de
alfabetização e pelas teorizações de Anísio Teixeira (1978) quanto ao
entendimento dos fins da educação (resultados) e meios (processos)
em consonância com as teorias de educação de John Dewey.
O corpus documental compreende vinte e duas (22) entrevistas
de mulheres negras (Anexo), nascidas no Rio Grande do Norte
(entrevistadas pelos graduandos do Curso de Pedagogia, 2012 a 2015),
além de fontes oficiais da época (legislação educacional, regimentos
internos de escolas, relatórios de Diretores do Departamento de
Educação e mensagens governamentais).
Este trabalho de monografia foi estruturado em três capítulos
sucessivos de conformidade com o período da educação escolar
primária das vinte e duas mulheres negras entrevistadas. O primeiro,
intitulado – A educação escolar primária no Rio Grande do Norte (1922-
1930) – discute as dimensões básicas da educação das sete mulheres
que estudaram a educação escolar primária no período de 1922 a
1930.
O segundo capítulo – A educação escolar primária no Rio
Grande do Norte (1931-1943) – analisa as dimensões básicas da
educação das onze mulheres que estudaram a educação escolar
primária no período de 1931 a 1943.
O terceiro capítulo, intitulado – A educação escolar primária no
Rio Grande do Norte (1944-1947) – examina as dimensões básicas da
educação das quatro mulheres que estudaram a educação escolar
primária no período de 1944 a 1947.
A conclusão desta monografia reflete a história do direito à
educação escolar primária das vinte e duas mulheres, partícipes de
nossa pesquisa, que se circunscreve no estrito limite de uma
alfabetização a um minimum. Em última instância, o principio do direito
à educação primária assegurou, para umas mulheres, o acesso à
primeira educação escolar; para outras mulheres, o prosseguimento dos
estudos escolares em nível ginasial secundário e ginasial normal.
Capítulo Um
__________________________
A educação escolar primária no Rio Grande do Norte
(1922-1930)
A educação escolar primária no Rio Grande do Norte (1922-1930)
No governo de Antônio José de Mello e Souza – eleito em 9 de
dezembro de 1906 para completar o período de governo de Augusto
Tavares de Lyra, o qual foi convidado para assumir o cargo de Ministro da
Justiça e Negócios Interiores do presidente Affonso Augusto Moreira Penna
(1909-1910) – a Assembleia Legislativa aprovou a reformada Instrução
Pública (Lei nº 249, de 22 de novembro de 1907, 1908, p. 5) “[...] dando
especialmente ao ensino primário moldes mais amplos e garantidores da
sua proficuidade [...]”. Em março de 1908, o governador Dr. Antônio José
de Mello e Souza autorizou a criação do Grupo Escolar "Augusto Severo"
na capital Natal (Decreto n° 174, de 5 de março de 1908), no bairro da
Ribeira onde estavam localizados o Palácio do Governo, o Teatro Alberto
Maranhão e as repartições públicas.
Quando eleito para o segundo mandato de governador, o
intelectual e político Alberto Frederico de Albuquerque Maranhão (1908-
1913) confirmou a reforma da Instrução Pública (Lei nº 249, de 22 de
novembro de 1907), adaptando-a às condições do sistema societário em
reorganização e criando o Grupo Escolar Modelo “Augusto Severo”
(Decreto nº 174, de 5 de março de 1908). Empenhando-se por uma
equalização das oportunidades públicas no tocante à educação primária
para a criança, o governador Alberto Maranhão decretou, para o êxito
da reforma, a criação de um grupo escolar em cada sede de município e
uma escola mista em cada um dos outros municípios do Estado, de uma
escola normal em Natal (Decreto nº 178, de 29 de abril de 1908).
No decorrer dos quatro anos do governo de Joaquim Ferreira
Chaves Filho (1914-1920), a Assembleia Legislativa aprovou a Lei Orgânica
do Ensino Primário, Secundário e Profissional no Estado (Lei n° 405, de 29 de
novembro de 1916). A educação primária dita uniforme, base da
organização geral do ensino público e laico, que tem como o mais sólido
dos seus fundamentos democráticos, a extensão da escolarização
13
primária para todas as crianças em idade escolar seria ministrada nos
grupos escolares, nas escolas isoladas, nas escolas rudimentares, e, ainda,
nas escolas noturnas e ambulantes.
Por essa Lei Orgânica do Ensino Primário de 1916, (p. 45), o
fundamento da educação primária consistia “[...] em leitura, escrita,
cálculo e desenho, que serão cuidadosamente seriados, constituindo as
demais matérias os elementos acessórios da Instrução Primária”. Conforme
essa Lei Orgânica do Ensino Primário de 1916, (p. 45), o método geral de
ensino orientado para professores em sala de aula era a indução, por
meio dele, “[...] os professores terão cuidado de que o aluno não decore
mecanicamente qualquer conhecimento, devendo dar, em primeiro
lugar, os fatos e depois as regras”.
Pela legislação educacional pesquisada referente à época do
governo de Joaquim Ferreira Chaves Filho (1914-1920), foram criados três
(3) grupos escolares nas sedes de três (3) municípios, possivelmente com
duas classes, uma para cada sexo. Ademais, foram criadas duas (2)
escolas isoladas em uma (1) vila de um (1) município com duas classes,
sendo uma para cada sexo.
Eleito para um segundo mandato de governador, a primeira
prioridade de Antônio José de Mello e Souza (1921-1923) consistiu em
ampliar as oportunidades educacionais pela expansão da educação
escolar primária por povoações e pequenos lugarejos, na modalidade
escola rudimentar com duração de dois anos. O propósito governamental
consistia em socializar, para os filhos do povo pobre, conhecimentos
mínimos da cultura letrada, com certa uniformidade, gradualidade e
ensino ativo.
Para ampliar as oportunidades educacionais visando à expansão
de uma rede escolar primária, esse governo decretou – conforme a
legislação educacional pesquisada − a criação de um (1) grupo escolar
com três (3) classes, sendo uma para cada sexo e uma (1) classe mista
infantil na sede de um (1) município. Na modalidade rudimentar, criou
14
vinte e sete (27) escolas em vinte e quatro (24) povoações de dezoito (18)
municípios e uma (1) em uma vila de um (1) município. Na modalidade
rudimentar mista, criou dez (10) escolas em dez (10) povoações de nove
(9) municípios. O governo de Antônio José de Mello e Souza subvencionou
dez (10) escolas particulares em cinco (5) cidades, uma (1) vila, três (3)
povoações e um (1) pequeno lugarejo de nove (9) municípios.
Em muitas localidades com lisonjeira frequência teria sido a própria
população quem solicitou e providenciou a casa para instalação da
escola. No parecer do governador Antônio José de Mello e Souza, o Rio
Grande do Norte, há algum tempo, apregoava a ampliação da
educação escolar primária e seriamente efetivava. Entretanto, a difusão
da escola primária não foi inseparável da luta comunitária da escola
primária para todos. Segundo o governador Antônio José de Mello e
Souza,
Todos querem escolas e quando, aqui e ali, o Estado
encontra alguém mais ou menos capaz de regê-las e as
cria, a afluência é imediata e numerosa; basta dizer que
escolas rudimentares abertas há poucos meses, já têm
frequência diária de 40 e 50 alunos. Noutras, os professores,
no caso as professoras, lutam com embaraço para atender
até a moças e rapazes, que procuram a instrução
elementar (MENSAGEM LIDA PERANTE O CONGRESSO
LEGISLATIVO, 1922, p. 13).
No governo de José Augusto Bezerra de Medeiros (1924-1927), o
Diretor-Geral do Departamento de Educação, Nestor dos Santos Lima,
elaborou o Regimento Interno das Escolas Rudimentares (3 de abril de
1923), o Regimento Interno das Escolas Isoladas (18 de abril de 1925) e o
Regimento Interno dos Grupos Escolares (15 de maio de 1925) tendo sido
aprovados pelo Conselho de Educação em reunião ordinária de 2 de abril
de 1925.
Pelo Regimento Interno das Escolas Rudimentares (1925), o ensino
primário, ministrado na modalidade escola rudimentar (fixa, ambulante,
diurna e noturna), teria o programa de estudo e o material escolar e
15
pedagógico reduzidos. A escola de modalidade rudimentar, com seis
meses ou dois anos de duração, funcionava em povoações, pequenos
lugarejos, sítios, fazendas e bairros populares com mais de cinquenta
analfabetos. De acordo com o trabalho de Araújo (1998, p. 112), as
escolas de modalidade rudimentar ambulante funcionaram “[...] em
períodos alternados, de acordo com as necessidades de cada localidade
e dos que vierem a se beneficiar”.
Pelo Regimento Interno das Escolas Isoladas (1925), o ensino
primário, ministrado na modalidade escola isolada (mista, feminina e
masculina), compreendia os cursos graduados infantil e elementar, com
dois anos para cada nível. O programa de estudo ampliado do curso
primário elementar era semelhante ao do curso infantil, porém, mais
desenvolvido. A escola de modalidade isolada funcionava nas cidades
maiores, vilas e povoações.
Pelo Regimento Interno dos Grupos Escolares (1925), o ensino
primário completo, ministrado na modalidade grupo escolar,
compreendia os cursos graduados infantil, elementar e complementar,
com dois anos para cada nível. O programa de estudo unificado e
seriado nos conhecimentos voltava-se para uma ampla transmissão de
saberes gradualmente organizados. A escola de modalidade grupo
escolar funcionava nas cidades sedes dos municípios e nas vilas mais
desenvolvidas.
A regulamentação da educação escolar primária diferenciada,
nas modalidades escola rudimentar, escola isolada e grupo escolar
determinava a idade para ingresso na escola rudimentar (sete a quinze
anos no horário diurno, e dez anos em diante no horário noturno); nas
escolas isoladas (sete a dezesseis anos); e nos grupos escolares (sete a
dezesseis anos). O método de ensino das escolas rudimentares (conforme
as circunstâncias do meio local); escolas isoladas (ensino prático e
concreto com base no método intuitivo); e nos grupos escolares
(considerando os princípios da pedagogia moderna e o método intuitivo).
16
O tempo letivo das escolas rudimentares (dois anos); escolas isoladas
(quatro anos) e dos grupos escolares (quatro anos).
No governo de José Augusto Bezerra de Medeiros (1924-1927), em
face da expansão de uma rede de escolas primárias públicas em todo o
Estado – conforme a legislação educacional pesquisada − foram criados
dois (2) grupos escolares um com três classes: uma feminina, uma
masculina e uma mista infantil, provavelmente e um grupo escolar com o
número de matérias previamente fixado. Ainda foram criadas trinta e
quatro (34) escolas rudimentares em duas (2) vilas, dezesseis (16)
povoações, quatro (4) pequenos lugarejos, duas (2) praias, uma (1)
fazenda, quatro (4) sítios, um (1) engenho de vinte (20) municípios.
Ademais, foram criadas cinco (5) escolas rudimentares mistas em cinco (5)
povoações de cinco (5) municípios; uma (1) escola rudimentar noturna em
uma (1) povoação de um (1) município; além de duas (2) escolas
rudimentares masculinas em duas (2) povoações de dois (2) municípios. O
governo de José Augusto Bezerra de Medeiros subvencionou cinco (5)
escolas particulares em três (3) cidades de três (3) municípios.
O governo de Juvenal Lamartine de Faria (1928-1930) foi o último
da chamada Primeira República no Brasil e no Rio Grande do Norte.
Convictamente, o governador Juvenal Lamartine de Faria era um
defensor da ampliação de uma rede escolar primária para todos. O
citado governador (1929, p. 141) recomendou que os seus três sucessivos
diretores do Departamento de Educação – Nestor dos Santos Lima,
Chistovam Bezerra Dantas e Francisco Ivo Cavalcante Filho –
aumentassem, progressivamente, a matrícula de todas as crianças em
idade escolar e melhorando“[...] as condições do ensino tornando-o mais
eficiente e dando-lhe uma feição mais prática”. Nesse governo, uma
parte das escolas de modalidade rudimentares foi convertida em grupos
escolares. Para o primeiro Diretor do Departamento de Educação, Nestor
dos Santos Lima, em seu relatório de 1928 (p. 3) ”[...] o ensino primário
17
oficial vai sendo difundido vantajosamente por todos os recantos do
Estado, tanto quanto as possibilidades financeiras o têm permitido”.
No governo de Juvenal Lamartine de Faria (pela legislação
educacional pesquisada), visando atender à política de expansão da
educação escolar pública em todo o Estado, foram criadas,
aproximadamente, vinte e três (23) escolas rudimentares em duas (2)
fazendas, uma (1) cidade, dez (10) povoações, um (1) bairro, duas (2)
praias, um (1) pequeno lugarejo e seis (6) localidades em dezoito (18)
municípios.
Na modalidade rudimentar mista, foram criadas duas (2) escolas
em uma (1) povoação e um (1) engenho de dois (2) municípios. Na
modalidade rudimentar noturna para adultos, foram criadas trinta e cinco
(35) escolas em trinta e cinco (35) cidades de trinta e cinco (35)
municípios. Na modalidade rudimentar noturna masculina, foram criadas
três (3) escolas em duas (2) cidades e uma (1) povoação de três (3)
municípios. Na modalidade rudimentar feminina e masculina, foram
criadas três (3) escolas em duas (2) povoações e um (1) pequeno lugarejo
de três (3) municípios, além de uma (1) escola Isolada em uma (1) cidade
de (1) município. O governo de Juvenal Lamartine de Faria subvencionou
oito (8) escolas particulares em sete (7) cidades de seis (6) municípios.
O presente capítulo objetiva discutir as dimensões básicas
(programa de estudo, materiais didáticos, utensílios pedagógicos e
didática de ensino) da educação escolar primária de mulheres negras no
período de 1922 a 1930, para, assim, averiguar o alcance do princípio do
direito à educação primária na determinação de suas melhorias de
oportunidades na vida pessoal e social.
Educação escolar primária de mulheres negras (1922-1930)
É no governo de Antônio José de Mello e Souza (1921-1923) e parte
do governo José Augusto Bezerra de Medeiros (1924-1927) – pelo corpus
documental das entrevistas – que as senhoras Rozilda Maria da Silva
18
(empregada doméstica) e Jael Pereira da Silva (professora primária)
estudaram a educação primária, respectivamente em uma escola
pública (não declarada) da cidade de Assu e no Grupo Escolar “Meira e
Sá” da vila de Santana do Matos (município de Santana do Matos).
A senhora Rozilda Maria da Silva (conforme entrevista, 2015) é filha
de mãe lavadeira de roupa e de pai agricultor, ambos, apenas,
alfabetizados. Na escola primária pública (possivelmente) da cidade de
Assu onde a senhora Rozilda estudou a educação primária por três anos
(1922-1924), o programa de estudo compreendia linguagem (leitura e
escrita), aritmética (possivelmente), história, geografia e ciências. Há uma
possibilidade da escola primária onde estudou a senhora Rozilda Maria da
Silva ser de modalidade isolada. Pelo Regimento Interno das Escolas
Isoladas (1925), o programa de estudo compreendia Canto, Leitura e
Escrita, Língua Materna, Aritmética, Geografia, História Pátria, Moral e
Civismo, Lições de Coisas, Desenho e Exercícios Físicos.
Os materiais didáticos utilizados pela professora Nezinha para o
ensino e aprendizado dos alunos compreendiam cartilha, caneta, lápis,
livros, borracha, régua, caderno de escrever e caderno de caligrafia. Os
utensílios pedagógicos, usados na sala de aula, eram uma campainha e
uma mesa com bancos compridos onde se sentavam todos os alunos.
A didática de ensino da professora Nezinha abrangia aulas
expositivas, exercícios de caligrafia e de cópia, além de provas mensais
para os alunos. O castigo adotado pela professora Nezinha era de ficarem
sentados numa cadeira no canto da sala de aula para aqueles alunos
que desobedeciam à professora. No Quadro 1, encontra-se uma síntese
de dados pessoais e escolares da senhora Rozilda Maria da Silva.
A senhora Rozilda Maria da Silva não prosseguiu em seus estudos
escolares devido à necessidade de trabalhar como cozinheira para ajudar
os seus pais. Alguns colegas da senhora Rozilda estudaram até a
educação em nível secundário.
19
A senhora Jael Pereira da Silva (conforme entrevista, 2014) é filha
de mãe dona de casa e de pai agricultor e dono de bodega, apenas
alfabetizados. No Grupo Escolar “Meira e Sá” na vila de Santana do Matos
onde a senhora Jael estudou a educação primária por cinco anos (1922-
1926), o programa de estudo abarcava linguagem (leitura e escrita),
aritmética (possivelmente), desenho, geografia, história, ciências,
trabalhos manuais, educação física e preceitos da religião católica. Pelo
Regimento Interno dos Grupos Escolares (1925), o programa de estudo
compreendia Canto, Leitura e Escrita, Língua Materna, Aritmética,
Morfologia Geométrica, Moral, Geografia, História Pátria, Lições de Coisas,
Desenho, Trabalhos Manuais, Economia Doméstica e Exercícios Físicos.
Os materiais didáticos utilizados pelas professoras Nené e Lindalva
para o ensino e aprendizado dos alunos eram cartilha de título Ensino-
Rápido da Leitura (autoria de Mariano de Oliveira), caneta, lápis, tinteiro,
régua globo, mapa, murais, caixas, caderno de escrever, caderno de
caligrafia e caderno de desenho. Os utensílios pedagógicos, usados na
sala de aula, eram campainha, palmatória e carteiras individuais
arrumadas em frente ao birô das professoras.
Quanto à didática de ensino das professoras Nené e Lindalva,
centrava-se em aula expositiva, exercícios de caligrafia, exercícios
desenho, lições de classe e deveres para casa. Os castigos seguidos pelas
professoras Nené e Lindalva eram os de se ajoelhar no milho e, por vezes,
“batiam” nos alunos de palmatória para aqueles que não realizavam as
atividades escolares, brigavam com os colegas ou mesmo desobedeciam
às professoras. No Quadro 1, encontra-se uma síntese de dados pessoais e
escolares da senhora Jael Pereira da Silva.
Pela entrevista da senhora Jael Pereira da Silva, ela prosseguiu seus
estudos escolares até o curso normal ginasial, formando-se em professora
do Magistério Primário, mas desconhece se algum colega do Grupo
Escolar “Meira e Sá” continuou os estudos escolares.
20
Quadro 1
Síntese de dados pessoais e escolares das senhoras referidas e a legislação
educacional que criou as Escolas Primárias
Nome das
senhoras
participe da
pesquisa
Data e local de
nascimento
Modalidade de
escola, nome e
localidade
Período e séries
que estudou
Legislação
educacional que
criou as Escolas
Primárias que
estudaram as
participe da
pesquisa
Rozilda Maria
da Silva
1º de setembro de
1916 na cidade do
Assu (Município de
Assu)
Escola * localizada
na cidade de Assu
(Munícipio de Assu)
1922 |1ª série
1923 | 2ª série
1924 | 3ª série
−
Jael Pereira
da Silva
17 de novembro
de 1917 na vila de
Santana do Matos
(Município de
Santana do
Matos)
Grupo Escolar
“Meira e Sá”
localizado na vila
de Santana do
Matos (Município de
Santana do Matos)
1922|1ª série
1923| 2ª série
1924| 3ª série
1925 | 4ª série
1926 | 5ª série
Decreto nº 74, de
16 de março de
1918
Fonte | Silva (2015) e Silva (2014)
*Modalidade de Escola Primária não declarada na entrevista
É no governo de José Augusto Bezerra de Medeiros (1924-1927) –
pelo corpus documental das entrevistas – que as senhoras Maria da
Conceição Carlos (empregada doméstica) e Sebastiana Lira da Silva
(cozinheira e vendedora) estudaram a educação primária,
respectivamente no Grupo Escolar “Felipe Camarão” da cidade de
Ceará-Mirim e uma escola primária particular que funcionava numa casa
de taipa na povoação de Estivas (município de Ceará-Mirim), além de
uma escola primária particular em Natal (bairro da Ribeira), próxima à
estação de trem.
A senhora Maria da Conceição Carlos (conforme entrevista, 2012)
é filha de mãe doméstica (na casa do senhor de engenho) e de pai
lavrador de cana de açúcar, ambos analfabetos. No Grupo Escolar
“Felipe Camarão” da cidade de Ceará-Mirim onde a senhora Maria
Carlos estudou a educação primária por dois anos (1924-1925), o
21
programa de estudo constava linguagem (leitura e escrita), aritmética
(quatro operações), história, geografia trabalhos manuais e ciências.
Os materiais didáticos utilizados pela professora Aline para o ensino
e aprendizado dos alunos eram Cartilha Ensino Rápido (autoria de Antonio
Feliciano de Castilho), lápis, borracha, caneta, cartolina, papel madeira e
caderno de escrever. Os utensílios pedagógicos, usados na sala de aula,
eram campainha, uma mesa com bancos destinada aos alunos, além da
mesa e cadeira da professora.
Por sua vez, a didática de ensino da professora Aline abrangia aula
expositiva, leitura em voz alta e lições de palavras retiradas da cartilha
Ensino Rápido, exercícios de cópia, além de provas mensais. A professora
Aline não adotava castigos para os alunos, apenas os alertava quando
eles não estavam bem comportados. No Quadro 2, tem-se uma síntese de
dados pessoais e escolares da senhora Maria da Conceição Carlos.
Pela entrevista da senhora Maria da Conceição Carlos, ela não
prosseguiu seus estudos escolares haja vista a necessidade de trabalhar
como empregada doméstica. Algumas de suas colegas prosseguiram seus
estudos escolares.
A senhora Sebastiana Lira da Silva (conforme entrevista, 2014) é
filha de pais pescadores, ambos analfabetos. Na escola primária particular
que funcionava numa casa de taipa (povoação Estivas) e na escola
primária particular em Natal (bairro da Ribeira), próxima à estação de
trem, onde a senhora Sebastiana estudou a educação primária por dois
anos (1924-1925), os programa de estudos basicamente restringiam às
lições da Cartilha Nacional (autoria de Hilário Ribeiro de Andrada e Silva),
da Cartilha Nossa Pátria (autoria de José Francisco da Rocha Pombo),
bem como dos ensinamentos dos preceitos da religião católica.
Os materiais didáticos adotados pelas professoras Maria de Lourdes
e Adelaide para o ensino e o aprendizado dos alunos eram a Cartilha
Nacional, a Cartilha Nossa Pátria, lápis, caneta, tinteiro e caderno para
escrever. Os utensílios pedagógicos, usados na sala de aula, eram bancos
22
com cadeiras destinados aos alunos, além do birô das professoras e
palmatória.
A didática de ensino das professoras Maria de Lourdes e Adelaide
compreendia aulas expositivas e atividades desenvolvidas, apenas, em
sala de aula (leitura e exercícios de cópia, ditado e aritmética,
possivelmente). O castigo adotado pelas professoras Maria de Lourdes e
Adelaide eram de ficarem em pé no canto da sala de aula ou de costas
para o restante da turma para os alunos ditos mal comportados. No
Quadro 2, encontra-se a síntese de dados pessoais e escolares da senhora
Sebastiana Lira da Silva.
Na entrevista da senhora Sebastiana Lira da Silva, ficou claro que
ela não continuou seus estudos escolares devido à necessidade de
trabalhar como pescadora e vendedora. Mas, um colega foi professor
primário.
Quadro 2
Síntese de dados pessoais e escolares das senhoras referidas e a legislação
educacional que criou as Escolas Primárias
Nome das
senhoras
participe da
pesquisa
Data e local de
nascimento
Modalidade de
escola, nome e
localidade
Período e séries
que estudou
Legislação
educacional que
criou as Escolas
Primárias que
estudaram as
participe da
pesquisa
Maria da
Conceição
Carlos
8 de dezembro de
1917 no Sítio Vilar
(Município de
Ceará-Mirim )
Grupo Escolar
“Felipe Camarão”
Localizado na
cidade de Ceará-
Mirim (Município de
Ceará-Mirim)
1924 | 1ª série
1925 | 2ª série
Decreto nº 266, de
23 de março de
1912
Fonte | Carlos (2012) e Silva (2014)
*Modalidade de Escola não declarada na entrevista
23
Quadro 2
Síntese de dados pessoais e escolares das senhoras referidas e a legislação
educacional que criou as Escolas Primárias – continuação
Nome das
senhoras
participe da
pesquisa
Data e local de
nascimento
Modalidade de
escola, nome e
localidade
Período e séries
que estudou
Legislação
educacional
que criou as
Escolas
Primárias que
estudaram as
participe da
pesquisa
Sebastiana
Lira da Silva
27 de fevereiro de
1919 em Estivas
(Município de
Ceará-Mirim)
Uma casa*
localizada na
povoação Estivas
(Município de
Ceará-Mirim)
Escola localizada
na cidade do Natal
(bairro das Rocas)
1924 | 1ª série
1925 | 2ª série
−
Fonte | Carlos (2012) e Silva (2014)
*Modalidade de Escola não declarada na entrevista
É no governo de Juvenal Lamartine de Faria (1928-1930) – pelo
corpus documental das entrevistas – que as senhoras Maria Nazaré dos
Santos Moura (agricultora), Raimunda Ermina da Costa (costureira,
rendeira e oleira) e Francisca Eulália da Cunha (costureira e agricultora)
estudaram a educação primária, respectivamente na “Escola de Mestre
Manoel” em Traíra (município de Macaíba), na Escola Isolada “Borracha”
no sítio Marí (município de Carnaúbas) e em uma escola primária pública
no sítio Boa Esperança (município de Santana do Matos).
A senhora Maria Nazaré dos Santos Moura (conforme entrevista,
2015) é filha de pais agricultores, ambos analfabetos. Na “Escola Mestre
Manoel” (escola particular) na Povoação de Traíra (município de
Macaíba) onde a senhora Maria Moura estudou a educação primária por
um ano (1928?), o programa de estudo constava de linguagem (leitura e
escrita), aritmética (quatro operações) e pintura em tecido.
24
Os materiais didáticos utilizados pelo professor “Mestre Manoel”
para o ensino e aprendizado dos alunos eram cartilha, lápis, borracha,
caderno de escrever e caderno de caligrafia. Os utensílios pedagógicos,
usados na sala de aula, eram campainha, palmatória e uma mesa
comprida com bancos ao redor destinada aos alunos.
A didática de ensino concebida pelo “Mestre Manoel” consistia
em aulas expositivas, exercícios de caligrafia, exercícios de cópia e
atividade de pintura em tecido. O professor “Mestre Manoel” não fazia uso
de castigo em sala de aula. No Quadro 3, encontra-se uma síntese de
dados pessoais e escolares da senhora Maria Nazaré dos Santos Moura.
De acordo com a entrevista da senhora Maria Nazaré dos Santos
Moura, ela não prosseguiu seus estudos escolares devido à necessidade
de trabalhar como agricultora. A senhora Maria Nazaré dos Santos Moura
não tem conhecimento se algum colega da “Escola de Mestre Manoel”
continuou os estudos escolares. Ela sabe que alguns colegas concluíram a
educação primária.
A senhora Raimunda Ermina da Costa (conforme entrevista, 2012) é
filha de mãe costureira e de pai agricultor, ambos estudaram a educação
primária. Na Escola Isolada “Borracha” do Sítio Marí (Município de
Caraúbas) onde a senhora Raimunda estudou a educação primária por
três anos (1928-1930?), o programa de estudo abrangia linguagem (leitura
e escrita), aritmética (quatro operações), história, ciências e trabalhos
manuais.
Os materiais didáticos utilizados pelo professor Zacarias Gomes
para ensino e aprendizado dos alunos eram Carta de A.B.C (autoria de
Landelino Rocha), lápis, borracha, régua, caneta, tinteiro, globo, caderno
de escrever, caderno de caligrafia. Os utensílios pedagógicos, usados na
sala de aula, eram quadro-negro, mesa ladeada de bancos destinada
aos alunos, birô do professor, sino e palmatória. Os alunos mais
“adiantados” sentavam próximos ao professor e os alunos ditos atrasados
ficavam mais distantes do professor.
25
A didática de ensino do professor Zacarias Gomes compreendia
aula expositiva, cópia de palavras ou frases do quadro negro, ditado,
lições de palavras da cartilha, “tomar” tabuada, além de provas mensais.
Os castigos aplicados pelo professor Zacarias Gomes eram: os alunos que
desobedecessem eram obrigados a se ajoelhar no milho e, às vezes,
“apanhar” de palmatória. No Quadro 3, tem-se uma síntese de dados
pessoais e escolares da senhora Raimunda Ermina da Costa.
A senhora Raimunda Ermina da Costa não prosseguiu seus estudos
escolares pelo fato de haver casado muito jovem e necessitar cuidar dos
afazeres da casa. A senhora Raimunda Costa não tem conhecimento se
algum colega da escola Isolada “Borracha” continuou os estudos
escolares.
A senhora Francisca Eulália da Cunha (conforme entrevista, 2014) é
filha de mãe costureira e agricultora e de pai agricultor; um apenas
alfabetizado (mãe); o outro, analfabeto (pai). Na escola primária pública
do Sítio Boa Esperança (Município de Santana do Matos) onde a senhora
Francisca estudou a educação primária por três anos (1928-1930?), o
programa de estudo abrangia linguagem (leitura e escrita), aritmética
(quatro operações), moral e civismo e ciências.
Os materiais didáticos utilizados pelas professoras Telma, Vitória,
Enoleide, Geralda e Dalva para o ensino e aprendizado dos alunos eram
livros, lápis, borracha, régua, caderno de escrever e caderno de
aritmética. Os utensílios pedagógicos, usados na sala de aula, eram uma
mesa com bancos de cada lado destinada aos alunos e uma mesa com
cadeira para as professoras.
A didática de ensino das professoras Telma e Vitória, englobava o
ensino individual para cada aluno assistido nas lições de classe e nos
deveres de casa, enquanto a didática das professoras Enoleide, Geralda
e Dalva contemplava o ensino coletivo com aulas expositivas, ditado,
lições de tabuada, tarefas no quadro-negro e provas mensais. Os castigos
adotados pelas professoras eram de se ajoelhar no milho, usando, muitas
26
vezes, a palmatória, principalmente para aqueles alunos que não
soubessem as lições de classe ou para aqueles que faltassem com respeito
aos colegas e às professoras. No Quadro 3, apresenta uma síntese de
dados pessoais e escolares da senhora Francisca Eulália da Cunha.
A senhora Francisca Eulália da Cunha não prosseguiu seus estudos
escolares devido à necessidade de trabalhar como costureira para ajudar
seus pais, e, posteriormente, trabalhar com o marido no roçado. A senhora
Francisca Cunha desconhece se algum colega da escola primária
prosseguiu os estudos escolares.
Quadro 3
Síntese de dados pessoais e escolares das senhoras referidas e a legislação
educacional que criou as Escolas Primárias
Nomes das
senhoras
participe da
pesquisa
Data e local de
nascimento
Modalidade de
escola, nome e
localidade
Período e séries
que estudou
Legislação
educacional que
criou as Escolas
Primárias que
estudaram as
participe da
pesquisa
Maria Nazaré
dos Santos
Moura
23 de agosto de
1915 em Capoeira
distrito de
Macaíba
(Município de
Macaíba)
“Escola de Mestre
Manoel”
Localizado na
Povoação Traíra
(Município de
Macaíba)
1928?|1ª série
−
Raimunda
Ermina da
Costa
24 de dezembro
de 1918 no Sítio
Cacimba do Meio
(Município de
Caraúbas)
Escola Isolada
“Borracha”
Localizado no Sítio
Marí (Município de
Caraúbas)
1928 | 1ª série
1929 | 2ª série
1930? |3ª série
−
Francisca
Eulalia da
Cunha
12 de fevereiro de
1920 no Sítio Boa
Esperança
(Município de
Santana do
Matos)
Escola* localizada
no Sítio Boa
Esperança
(Município de
Santana do Matos)
1928 | 1ª série
1929 | 2ª série
1930? |3ª série
−
Fonte | Moura (2015), Costa (2012) e Cunha (2014)
*Modalidade de Escola não declarada na entrevista
27
Pelas pesquisas efetivadas na legislação educacional (1922-1930)
referentes aos governos de Antônio José de Mello e Souza, José Augusto
Bezerra de Medeiros e Juvenal Lamartine de Faria – quando as senhoras
Rozilda Maria da Silva, Jael Pereira da Silva, Maria da Conceição Carlos,
Sebastiana Lira da Silva, Maria Nazaré dos Santos Moura, Raimunda Ermina
da Costa e Francisca Eulália da Cunha estudaram a educação primária –
constata-se que a quantidade de escolas primárias públicas e a
subvenção de escolas particulares teriam sido, gradativamente,
ampliadas, conforme o Quadro 4.
Quadro 4
Quantidade de escolas primárias públicas e subvenção às escolas
particulares
(1922-1930)
Governadores do
Estado
Modalidades de escolas primárias
Escolas
primárias
particulares
subvencionadas
− Grupos
Escolares
Escolas
Reunidas
Escolas
Isoladas
Escolas
Rudimentares
−
Antônio José de
Mello e Souza
(1921-1923)
1
−
−
37
10
José Augusto
Bezerra de
Medeiros
(1924-1927)
2
30*
−
42
5
Juvenal
Lamartine de
Faria
(1928-1930)
4**
5**
1
66
8
Total 7 35 1 145 23
Fonte | Legislação educacional (1922-1930)
* Relatório do Diretor do Departamento de Educação (1924-1928)
** Mensagens do governador Juvenal Lamartine de Faria (1929-1930)
28
Observa-se, no Quadro 4, que, no período desses governos (1922-
1930), houve um crescimento significativo das escolas primárias públicas
por modalidade: grupo escolar (1 para 7); escolas reunidas (0 para 35);
escolas isoladas (0 para 1) e escolas rudimentares (37 para 145). A
quantidade total de escolas primárias pública criadas nas modalidades
grupo escolar, escolas reunidas, escolas isoladas e escolas rudimentares foi
de cento e oitenta e oito (188) escolas.
Em termos relativos, o crescimento da quantidade de escolas
primárias pública nas modalidades pode ser, assim, demonstrado: grupo
escolar (600%); escolas reunidas (35.000%); escolas isoladas (100%) e
escolas rudimentares (291,9%). Nesse período de 1922 a 1930, a expansão
das escolas primárias públicas correspondeu a uma média de 394,8%. E a
uma média de 23,5 por ano.
Nesses oito anos (1922-1930), o crescimento das escolas primárias
particulares subvencionadas foi de 10 para 23. A expansão das
subvenções às escolas primárias particulares correspondeu a uma média
de 130%. E a uma média de 1,4 por ano.
As dimensões básicas da educação escolar primária das senhoras
partícipes de nossa pesquisa – programa de estudo das escolas públicas e
particulares que estudaram (linguagem com leitura e escrita, aritmética às
quatro operações, história, geografia, ciências e trabalhos manuais,
basicamente); didática de ensino dos professores (aulas expositivas,
exercícios de caligrafia, exercícios de cópia, ditado de palavras, leitura
em voz alta, tomar “tabuada”, lições de classe, deveres de casa, provas);
materiais didáticos (cartilha, livro didático, lápis, borracha, caneta, tinteiro,
globo, régua, caderno de caligrafia, caderno de escrever) e utensílios
pedagógicos (mesa ladeada de bancos, birô e cadeira dos professores,
campainha, palmatória) – demonstram basilares na formação escolar
uniforme e mínima para efetivar uma escolarização para todos: uma
professora ou um professor (geralmente pobre), ensinando conteúdos de
29
aprendizagens e “tomando” as lições de estudo ao mesmo tempo para a
mesma classe de alunas e alunos de condição social pobre.
A formação escolar uniforme e mínima, proporcionada na
educação escolar das senhoras Rozilda Maria da Silva, Jael Pereira da
Silva, Maria da Conceição Carlos, Sebastiana Lira da Silva, Maria Nazaré
dos Santos Moura, Raimunda Ermina da Costa e Francisca Eulália da
Cunha, poderia não haver favorecido o seguimento dos estudos para
outros níveis da educação escolar? A nossa resposta para essa indagação
é que, por um lado, pode haver contribuído.
Uma exceção foi a senhora Jael Pereira da Silva que estudou a
educação primária no Grupo Escolar “Meira e Sá” na vila de Santana do
Matos que prosseguiu os estudos escolares até o curso normal ginasial.
Pode-se dizer, que, o direito à educação primária das senhoras
Rozilda Maria da Silva, Jael Pereira da Silva, Maria da Conceição Carlos,
Sebastiana Lira da Silva, Maria Nazaré dos Santos Moura, Raimunda Ermina
da Costa e Francisca Eulália da Cunha esteve, por um lado, associada à
política de expansão das escolas primárias públicas de modalidades:
grupo escolar, escolas reunidas, escolas isoladas e escolas rudimentares.
Por outro lado, associado à política de subvenção às escolas primárias
particulares.
Assim, as senhoras Rozilda Maria da Silva, Jael Pereira da Silva,
Maria da Conceição Carlos, Sebastiana Lira da Silva, Maria Nazaré dos
Santos Moura, Raimunda Ermina da Costa e Francisca Eulália da Cunha –
mulheres negras e de condição social pobre e assalariada – não
prosseguiram os outros níveis da educação escolar (com exceção da
senhora Jael Pereira da Silva que estudou até o curso normal ginasial), por
precisarem trabalhar (seja como empregada doméstica, cozinheira,
vendedora, agricultora, costureira, rendeira e oleira) para o sustento
pessoal e familiar. Enfim, não prosseguiram os estudos escolares razões que
se prendiam à sobrevivência humana e à existencial da vida.
Capítulo Dois
__________________________
A educação escolar primária no Rio Grande do Norte
(1931-1943)
A educação escolar primária no Rio Grande do Norte (1931-1943)
Nos governos dos primeiros Interventores Federais no Rio Grande do
Norte – Irineo Joffili, Aluízio de Andrade Moura, Hercolino Cascardo, Bertino
Dutra da Silva, Mário Leopoldo Pereira Câmara e Rafael Fernandes Gurjão
(1930-1943) – com exceção do primeiro e do terceiro – foi posto em
prática, conforme afirmado na Introdução, um plano educacional
visando ampliar as oportunidades socioeducacionais por meio de uma
política de expansão de uma rede de escolas primárias urbanas e rurais.
Assim, na Interventoria de Aluízio de Andrade Moura (governou o
Estado por seis meses, 1931), o Diretor do Departamento de Educação,
professor Severino Bezerra de Melo levou adiante um plano educacional
de ampliação das oportunidades socioeducacionais por meio de uma
política de expansão de uma rede de escolas primárias urbanas e rurais –
conforme a legislação educacional pesquisada – sendo criadas onze (11)
escolas na modalidade rudimentar em onze (11) povoações de nove (9)
municípios. Foi criada, ainda, uma (1) escola de modalidade rudimentar
mista em uma (1) cidade de um (1) município. Esse governo subvencionou
cinco (5) escolas primárias particulares da cidade do Natal.
Na Interventoria de Bertino Dutra da Silva (governou o Estado por
doze meses, 1932-1933), o Diretor do Departamento de Educação,
professor Severino Bezerra de Melo, para levar adiante um plano
educacional de ampliação das oportunidades socioeducacionais por
meio de uma política de expansão de uma rede de escolas primárias
urbanas e rurais – conforme a legislação educacional pesquisada –
planejou e materializou a criação de duas (2) escolas de modalidade
rudimentar em duas (2) povoações de dois (2) municípios. Na modalidade
rudimentar mista, foi criada uma (1) escola em uma (1) cidade de um (1)
município. Ademais, na modalidade rudimentar mista, foi criada uma (1)
escola em uma (1) povoação de um (1) município.
32
Esse governo de Bertino Dutra da Silva subvencionou quarenta e
seis (46) escolas particulares em dez (10) cidades, uma (1) vila, doze (12)
povoações, duas (2) praias, quatro (4) sítios e seis (6) pequenos lugarejos
de dezesseis (16) municípios. Pelo trabalho de Melo (2015), na Interventoria
de Bertino Dutra da Silva, foram criadas escolas noturnas de Ensino
Supletivo no Batalhão da Polícia Militar, no Batalhão Federal e na Casa de
Detenção de Natal destinados aos militares não alfabetizados.
Na Interventoria de Mário Leopoldo Pereira Câmara (governou o
Estado por dois anos e seis meses, 1933-1935), o Diretor do Departamento
de Educação, professor Amphiloquio Carlos Soares Câmara, prontamente
organizou um plano educacional considerando a Campanha Pró-
Edificações Escolares e a Campanha de Combate ao Analfabetismo com
o auxílio do Estado e das Prefeituras Municipais.
Conforme a Exposição do Interventor Mário Leopoldo Câmara
apresentada ao Presidente Constitucional Getúlio Dornelles Vargas (1935)
e conforme a legislação educacional pesquisada, foram criados nove (9)
grupos escolares em quatro (4) cidades, duas (2) vilas e duas (2)
povoações de oito (8) municípios. Na modalidade escolas reunidas, foram
edificadas vinte e um (21) escolas em três (3) cidades, dezoito (18)
povoações de dezessete (17) municípios; além da criação de uma (1)
classe primária anexa a uma escola reunida na capital.
Ainda na Interventoria de Mário Câmara, foram criadas vinte e três
(23) escolas de modalidade escola isolada em quinze (15) povoações,
cinco (5) pequenos lugarejos, dois (2) sítios e um (1) engenho de quatorze
(14) municípios. Nesse governo, foi autorizada a subvenção de trinta e
nove (39) escolas primárias particulares em seis (6) cidades, oito (8) sítios,
quatro (4) pequenos lugarejos, doze (12) povoações e um (1) engenho de
vinte (20) municípios.
No Governo Constitucional de Rafael Fernandes Gurjão (29 de
outubro de 1935 a 23 de novembro de 1937), posteriormente nomeado
por Getúlio Dornelles Vargas como sexto Interventor Federal do Rio
33
Grande do Norte (24 de novembro de 1937 a 3 de julho de 1943) em face
da política de expansão de uma rede de escolas primárias, o primeiro
Diretor do Departamento de Educação, o cônego Amâncio Ramalho
Cavalcanti organizou um plano educacional que foi efetivado de 1936 a
1938, à época, Diretor do Departamento de Educação.
Pela legislação educacional pesquisada, foram criadas duas (2)
escolas noturnas anexas a duas (2) escolas reunidas em duas (2) cidades
de dois (2) municípios. Por sua vez, foram criadas três (3) escolas noturnas
anexas a três (3) grupos escolares em três (3) cidades de três (3)
municípios. Foram criadas cinquenta e seis (56) escolas de modalidade
isolada em duas (2) vilas, vinte (20) povoações, dezessete (17) pequenos
lugarejos, dezesseis (16) sítios e um (1) engenho em vinte e nove (29)
municípios.
Na modalidade escola isolada rudimentar, foram criadas dez (10)
escolas em quatro (4) povoações, três (3) pequenos lugarejos e dois (2)
sítios de oito (8) municípios. Nesse período, foi autorizada a subvenção a
cento e setenta e quatro (174) escolas particulares em vinte e nove (29)
cidades, uma (1) vila, dezesseis (16) povoações, quatro (4) pequenos
lugarejos, vinte e sete (27) sítios de trinta e nove (39) municípios.
Na Interventoria de Rafael Fernandes Gurjão, o segundo Diretor do
Departamento de Educação, o professor Antônio Fagundes (1939-1943)
prosseguiu com plano educacional concebido pelo cônego Amâncio
Ramalho Cavalcanti. Pela legislação educacional pesquisada à época
do segundo Diretor do Departamento de Educação, foram criadas treze
(13) escolas de modalidade isolada em uma (1) praia, três (3) sítios, quatro
(4) pequenos lugarejos, quatro (4) povoações e dois (2) engenhos de onze
(11) municípios. Ademais, foi criada uma classe primária anexa a um
grupo escolar de uma (1) cidade de um (1) município, além de vinte e oito
(28) cursos complementares em vinte e seis (26) grupos escolares de vinte
e seis (26) cidades em vinte e seis (26) municípios.
34
Por sua vez, ainda a época do segundo Diretor do Departamento
de Educação, foram criadas duas escolas noturnas em uma (1) cidade e
em uma (1) vila de dois (2) municípios. Nesse período, foram
subvencionadas sessenta e nove (69) escolas particulares em nove (9)
cidades, uma (1) vila, três (3) povoações, cinco (5) pequenos lugarejos,
duas (2) fazendas, três (3) sítios, um (1) engenho e uma (1) praia de 15
municípios.
O presente capítulo objetiva discutir as dimensões básicas
(programa de estudo, materiais didáticos, utensílios pedagógicos e
didática de ensino) da educação escolar primária de mulheres negras no
período de 1931 a 1943, para, assim, averiguar o alcance do princípio do
direito à educação primária na determinação de suas melhorias de
oportunidades na vida pessoal e social.
Educação escolar primária de mulheres negras (1931-1943)
É no governo dos Interventores Federais Aluízio de Andrade Moura
(1931), Hercolino Cascardo (1931-1932), Bertino Dutra da Silva (1932-1933)
e parte do governo do Interventor Federal Mário Leopoldo Pereira
Câmara (1933-1935) – pelo corpus documental da entrevista – que a
senhora Severina Lucas de Souza (artesã e costureira) estudou a
educação primária na Escola Rural “Manguari” no Sítio Manguari
(município de Ceará-Mirim).
A senhora Severina Lucas de Souza (conforme entrevista, 2014) é
filha de mãe artesã e empregada doméstica e de pai agricultor; um
analfabeto (mãe) e outro, apenas, alfabetizado (pai). Na Escola Rural
“Manguari” do Sítio Manguari (município de Ceará-Mirim) onde a senhora
Severina estudou a educação primária por quatro anos (1931-1934), o
programa de estudo compreendia linguagem (leitura e escrita), aritmética
(quatro operações) e desenho.
Os materiais didáticos utilizados pelas professoras Benigna, Branca
e Adelaide para o ensino e aprendizado dos alunos eram a Carta de A.B.C
35
(autoria de Landelino Rocha), Cartilha Ensino-Rápido da Leitura (autoria
de Mariano de Oliveira), Nova Cartilha (autoria de Mariano de Oliveira) e
o Livro de leitura (autoria de Francisco Viana), além de lápis, pena, tinteiro,
borracha e coleção de madeira com seis cores. Os utensílios
pedagógicos, usados na sala de aula, eram um sino de mão, pedra da
licença, banco destinado aos alunos, além do birô das professoras.
A didática de ensino das professoras Benigna Rodrigues, Branca
Praxedes e Adelaide centrava-se em aulas expositivas, exercícios de
ditado, cópia de palavras, frases do quadro-negro e de “tomar” tabuada.
Por sua vez, mensalmente, havia passeio nas terras do fazendeiro Brasilicio.
Os castigos aplicados pelas professoras Benigna, Branca e Adelaide
consistiam em se ajoelhar no milho lendo frases escritas no quadro-negro e
ficar em pé atrás da mesa da professora escrevendo várias vezes em seu
caderno “que estava errado”, além de “apanharem” de palmatória para
aqueles alunos desobedientes ou ditos briguentos. No Quadro 5, encontra-
se uma síntese de dados pessoais da senhora Severina Lucas de Souza.
Conforme a entrevista da senhora Severina Lucas de Souza, ela
não prosseguiu seus estudos escolares devido à necessidade de trabalhar
como artesã e costureira, aprendizados considerados uma herança
deixada por sua mãe. Duas colegas da senhora Severina Souza – filhas de
um fazendeiro da região − deram continuidade até a formação
universitária; uma se formou em medicina.
É no governo de Rafael Fernandes Gurjão (1935-1943) – pelo corpus
documental das entrevistas – que as senhoras Maria Estevam Nogueira da
Câmara (agricultora), Francisca Alves do Nascimento (agricultora), Maria
Emília da Fonseca (dona de casa), Fabiana Ramalho de Almeida Seabra
(doceira), Tereza Miranda (artesã e costureira), Maria Almeida dos Santos
(agricultora e babá), Maria José Dantas (cozinheira), Maria de Lourdes de
Oliveira Costa (professora do Magistério Primário), Francisca de Lemos
Alves (dona de casa) e Cleonice Ferreira Silva (dona de casa) estudaram
a educação primária.
36
Essas senhoras (Maria Estevam Câmara, Francisca Nascimento,
Maria Emília da Fonseca, Fabiana Seabra, Tereza Miranda, Maria Almeida
dos Santos, Maria José Dantas, Maria de Lourdes Costa, Francisca Alves e
Cleonice Silva) estudaram a educação primária respectivamente na
Escola Municipal “Madalena Antunes Pereira” da cidade de Ceará-Mirim,
na escola primária particular que funcionava numa casa na povoação
Lagoa de Juazeiro (município de Taipu), no Grupo Escolar “Nísia Floresta”
da cidade de Nísia Floresta, na escola primária particular que funcionava
numa casa de um sítio próximo a Pedro Velho, no Grupo Escolar “Joaquim
Nabuco” da cidade de Taipu (município de Taipu), na escola primária
particular que funcionava em uma casa em Cuité (município de Pedro
Velho), na Escola Ambulatório São José na cidade do Natal (bairro das
Rocas), no Grupo Escolar “Isabel Gondim” cidade do Natal (bairro das
Rocas), na escola particular que funcionava em uma casa na povoação
Imburana (município de Macau) e no Grupo Escolar “João Tiburcio” na
cidade do Natal (bairro do Alecrim).
A senhora Maria Estevam Nogueira da Câmara (conforme
entrevista, 2015) é filha de pais agricultores, ambos analfabetos. Na Escola
Municipal “Madalena Antunes Pereira” da cidade de Ceará-Mirim onde a
senhora Maria Câmara estudou a educação primária por quatro anos
(1937-1940), o programa de estudo abarcava linguagem (leitura e escrita),
aritmética (quatro operações), história, geografia, ciências e ensino
religioso.
Os materiais didáticos utilizados pela professora Dalva para o
ensino e aprendizado dos alunos eram a Carta de A.B.C (autoria de
Landelino Rocha), lápis, caneta, caderno de caligrafia, caderno de
desenho e coleção de lápis cores. Os utensílios pedagógicos, usados na
sala de aula, eram carteiras individuais destinada aos alunos, além do birô
da professora e palmatória.
A didática de ensino da professora Dalva centrava-se na
assistência individual e grupal aos alunos quanto às lições de palavras da
37
cartilha, deveres de classe e correção dos deveres de casa. Os castigos
aplicados pela professora Dalva aos alunos eram de se ajoelhar em
caroços de milho e de “apanhar” de palmatória para aqueles alunos ditos
mal comportados e que não respondessem às lições de classe. No Quadro
5, encontra-se uma síntese dos dados pessoais e escolares da senhora
Maria Estevam Nogueira da Câmara.
Na entrevista da senhora Maria Estevam Nogueira da Câmara,
ficou evidente que ela não prosseguiu seus estudos escolares haja vista a
necessidade de trabalhar como agricultora, porém alguns de seus
colegas estudaram até a formação universitária.
A senhora Francisca Alves do Nascimento (conforme entrevista,
2014) é filha de mãe dona de casa e de pai agricultor, ambos
analfabetos. Na escola primária particular que funcionava numa casa na
povoação Lagoa de Juazeiro (município de Taipu) onde a senhora
Francisca estudou a educação primária por quatro anos (1937-1940), o
programa de estudo abrangia linguagem (leitura e escrita), aritmética
(quatro operações) e ciências.
Os materiais didáticos utilizados pela professora Isabel para o
ensino e aprendizado dos alunos eram cartilha, livro didático, tabuada,
caderno de escrever, caderno de caligrafia e caderno de desenho e
lápis. Os utensílios pedagógicos, usados na sala de aula, eram quadro-
negro, giz, mesa rodeada de bancos para os alunos sentarem e a mesa
da professora.
A didática de ensino da professora Isabel consistia em aulas
expositivas, lições da cartilha e do livro didático, lições da tabuada, além
de provas mensais. O castigo empregado pela professora Isabel era
“palmatoada” para o aluno que não soubesse responder às perguntas
das lições de classe. No Quadro 5, tem-se uma síntese dos dados pessoais
e escolares da senhora Francisca Alves do Nascimento.
Concernente à entrevista da senhora Francisca Alves do
Nascimento, ela não prosseguiu em seus estudos escolares pelo fato de
38
não haver uma escola próxima de onde morava e devido à necessidade
de trabalhar para ajudar seus pais. A senhora Francisca Nascimento não
tem conhecimento se algum colega deu continuidade aos estudos
escolares.
A senhora Maria Emília da Fonseca (conforme entrevista, 2015) é
filha de mãe dona de casa e de pai agricultor, ambos analfabetos. No
Grupo Escolar “Nísia Floresta” da cidade de Nísia Floresta onde a senhora
Maria Emília estudou a educação primária por dois anos (1937-1938), o
programa de estudo compreendia linguagem (leitura e escrita), aritmética
(quatro operações), desenho, história, geografia, ciências, trabalhos
manuais e economia doméstica.
Os materiais didáticos utilizados pela professora Severina para o
ensino e aprendizado dos alunos eram cartilha, folhas de papel almaço,
lápis, régua, mapas e fichas. Os utensílios pedagógicos, usados na sala de
aula, seriam bancos compridos rodeado de tamboretes destinado aos
alunos, além do birô da professora.
A didática de ensino da professora Severina consistia em lições de
palavras, lições de coisas, exercícios de cópia, exercícios de caligrafia e
provas mensais. Os castigos adotados pela professora Severina eram
puxões de orelhas, ajoelharem-se no milho, tamborete na cabeça, por
vezes, trancá-los num quarto escuro para os alunos ditos mal
comportados. No Quadro 5, encontra-se a síntese de dados pessoais e
escolares da senhora Maria Emília da Fonseca.
De acordo com a entrevista da senhora Maria Emília da Fonseca,
ela não prosseguiu seus estudos escolares pelo fato de necessitar trabalhar
para ajudar seus pais. A senhora Maria Fonseca desconhece se algum
colega do Grupo Escolar “Nísia Floresta” deu continuidade aos estudos
escolares.
A senhora Fabiana Ramalho de Almeida Seabra (conforme
entrevista, 2013) é filha de mãe empregada doméstica e de pai agricultor,
ambos apenas alfabetizados. Na escola primária particular que
39
funcionava numa casa em um sítio próximo a cidade de Pedro Velho
onde a senhora Fabiana estudou a educação primária por quatro anos
(1937-1940), o programa de estudo compreendia linguagem (leitura e
escrita) e aritmética (possivelmente).
Os materiais didáticos utilizados pela professora Deda para o
ensino e aprendizado dos alunos eram cartilha, lápis e cadernos. Os
utensílios pedagógicos, usados na sala de aula, eram mesa e cadeira
destinadas aos alunos, além da mesa da professora.
A didática de ensino da professora Deda consistia na assistência
individual e grupal aos alunos quanto à leitura em sala de aula e lições da
cartilha no caderno. A professora Deda não adotava castigos para os
alunos. No Quadro 5, há uma síntese de dados pessoais e escolares da
senhora Fabiana Ramalho de Almeida Seabra.
Referente à entrevista da senhora Fabiana Ramalho de Almeida
Seabra, ela continuou os estudos escolares em nível ginasial secundário
por um breve tempo, mas, por necessitar trabalhar como doceira, não
prosseguiu os estudos. Posteriormente, retomou seus estudos escolares em
nível ginasial secundário na cidade de Salvador (Bahia). A senhora
Fabiana Seabra não tem conhecimento se algum colega da escola
primária deu continuidade à educação escolar.
A senhora Tereza Miranda (conforme entrevista, 2015) é filha de
mãe dona de casa e de pai agricultor, pedreiro, marceneiro, ambos,
apenas, alfabetizados. No Grupo Escolar “Joaquim Nabuco” da cidade
de Taipu onde a senhora Tereza estudou a educação primária por quatro
anos (1937-1940), o programa de estudo constava de linguagem (leitura e
escrita), aritmética (quatro operações), geografia, historia, caslitênica
(educação física), cantos de hinos patrióticos e trabalhos manuais.
Os materiais didáticos utilizados pelas professoras Maura Moura e
Odila da Silva Leite para o ensino e aprendizado dos alunos eram cartilha,
caderno de escrever, caderno de caligrafia, caderno de aritmética, lápis,
caneta, tinteiro, mapa e mural. Os utensílios pedagógicos, usados na sala
40
de aula, eram carteiras duplas destinadas aos alunos, além do birô com
cadeira das professoras e sino (para os alunos pedirem permissão para ir
ao banheiro).
A didática de ensino das professoras Maura Moura e Odila da Silva
Leite centrava-se em aulas expositivas, lições cópias, dramatização de
histórias ou poesias, além de provas mensais. As professoras costumavam
levar os alunos para passeios e excursões escolares no sítio Maracajá e na
povoação Gameleira (município Taipu). Os castigos adotados pelas
professoras Maura Moura e Odila da Silva Leite eram do aluno
permanecer depois da aula fazendo exercícios e do aluno dito
desobediente e “briguento” não ir ao recreio. No Quadro 5, encontra-se
uma síntese dos dados pessoais e escolares da senhora Tereza Miranda.
Por sua vez, a senhora Tereza Miranda prosseguiu seus estudos
escolares em nível ginasial secundário no Colégio Atheneu, mas, em
decorrência de haver casado não continuou os estudos em nível ginasial
secundário. Alguns colegas da senhora Tereza Miranda estudaram até a
formação universitária – dois (2) em Agronomia e uma (1) em Pedagogia.
A senhora Maria Almeida dos Santos (conforme entrevista, 2012) é
filha de mãe agricultora e de pai vendedor; um analfabeto (mãe) e outro,
apenas, alfabetizado. Na escola primária particular que funcionava em
uma casa na povoação de Cuité (município Pedro Velho) e na Escola
Divina Providência na cidade do Natal onde a senhora Maria Santos
estudou a educação primária por cinco anos (1938-1942), os programas
de estudo constava de linguagem (leitura e escrita), aritmética (quatro
operações), história, geografia (possivelmente), ciências e preceitos da
religião católica.
Os materiais didáticos utilizados pelas professoras (nomes não
registrados) para o ensino e aprendizado dos alunos eram Carta de A.B.C
(autoria de Landelino Rocha), lápis, borracha, caderno de escrever e
caderno de caligrafia. Os utensílios pedagógicos, usados na sala de aula,
eram carteiras individuais, mesa e cadeira das professoras. De acordo
41
com a senhora Maria Almeida dos Santos a sala de aula era cheia de
alunos.
A didática das professoras era centrada na assistência individual e
grupal aos alunos compreendendo aulas expositivas, lições de palavras,
lições de coisas, cópia do quadro-negro, ditado de palavras e frases. As
professoras não adotaram castigos para os alunos. No Quadro 5,
encontra-se uma síntese de dados pessoais e escolares da senhora Maria
Almeida dos Santos.
Pela entrevista da senhora Maria Almeida dos Santos, ela não
prosseguiu sua educação escolar, devido à necessidade de trabalhar
como agricultora em Pedro Velho e como babá na cidade do Natal. A
senhora Maria dos Santos desconhece se algum colega das escolas
primárias deu continuidade aos estudos escolares.
A senhora Maria José Dantas (conforme entrevista, 2012) é filha de
mãe cozinheira e vendedora e de pai funcionário do Serviço de Águas e
Esgotos do Rio Grande do Norte; um analfabeto (mãe) e outro, apenas,
alfabetizado. Na Escola Ambulatório “São José” (escola comunitária
subvencionada) da cidade do Natal onde a senhora Maria Dantas
estudou a educação primária por cinco anos (1939-1943), o programa de
estudo abarcava linguagem (leitura e escrita), aritmética (quatro
operações), história, geografia, ciências e preceitos da religião católica.
Os materiais didáticos utilizados pelas professoras Maria de Lurdes,
Isabel e Irmã Vitória para o ensino e aprendizado dos alunos eram cartilha,
tabuada, lápis, borracha, régua, caderno de escrever, caderno de
caligrafia. Os utensílios pedagógicos, usados na sala de aula, eram
carteira individual destinada aos alunos, além da mesa das professoras.
A didática de ensino das professoras Maria de Lurdes, Isabel e Irmã
Vitória consistia em aulas expositivas, deveres de classe com a cartilha,
lições de tabuada, deveres de casa e provas trimestrais. Os castigos
adotados pelas professoras Maria de Lurdes, Isabel e Irmã Vitória eram de
se ajoelhar no milho atrás da porta da sala de aula ou ficar depois do
42
horário da aula para terminar as atividades para aqueles alunos que não
fizessem os deveres de casa e de classe. No Quadro 5, encontra-se uma
síntese de dados pessoais e escolares da senhora Maria José Dantas.
Pela entrevista da senhora Maria José Dantas, ela prosseguiu seus
estudos escolares até o segundo ano do ginasial secundário, porém por
necessidade de trabalhar como cozinheira não concluiu os estudos
escolares. A senhora Maria desconhece se algum colega do Colégio
Ambulatório São José deu continuidade aos estudos escolares.
A senhora Maria de Lourdes de Oliveira Costa (conforme entrevista,
2015) é filha de mãe empregada doméstica e costureira e de pai
agricultor e vendedor ambulante, ambos analfabetos. No Grupo Escolar
“Isabel Gondim” da cidade do Natal onde a senhora Maria Costa estudou
a educação primária por cinco anos (1939-1943), o programa de estudo
compreendia linguagem (leitura e escrita), aritmética (quatro operações),
ciências, história, geografia, trabalhos manuais, preceitos da religião
católica e educação física.
Os materiais didáticos utilizados pelas professoras Francisca,
Enerstina, Maria Sampaio e Djalma para o ensino e aprendizado dos
alunos eram cartilha, lápis, caneta, tinteiro, régua, coleção de lápis de
cores, globo, mapa, mural, caixa, caderno de escrever, caderno de
desenho e caderno de caligrafia. Os utensílios pedagógicos, usados na
sala de aula, eram quadro-negro, giz, carteiras individuais destinadas aos
alunos, além do birô das professoras.
A didática de ensino das professoras Francisca, Enerstina, Maria
Sampaio e Djalma consistia em aulas expositivas, deveres de classe, leitura
em voz alta, ditados de palavras, deveres de casa, deveres para casa e
provas mensais. As professoras Francisca, Enerstina, Maria Sampaio e
Djalma não adotavam castigos para seus alunos, apenas os alertavam
quando não estavam bem comportados. No Quadro 5, encontra-se uma
síntese de dados pessoais e escolares da senhora Maria de Lourdes de
Oliveira Costa.
43
Segundo a entrevista da senhora Maria de Lourdes de Oliveira
Costa, ela prosseguiu os seus estudos escolares realizando até cursos
auxiliares (comércio, puericultura, escritório e treinamentos para
alfabetizar) e atuando como professora do Magistério Primário e
trabalhando no Mobral; trabalhou, também, no quartel, na Secretaria, na
Maternidade Januário Cicco e na Loja Brasileira. Uma colega da senhora
Maria Costa prosseguiu seus estudos escolares até a faculdade de
Pedagogia, tornando-se Diretora em uma das escolas que trabalhou.
A senhora Francisca de Lemos Alves (conforme entrevista, 2013) é
filha de mãe empregada doméstica de pai pescador, ambos
alfabetizados. Na escola primária particular que funcionava em uma casa
na povoação de Imburanas (município de Macau) onde a senhora
Francisca estudou a educação primária por três anos (1940-1942), o
programa de estudo compreendia linguagem (leitura e escrita) e
aritmética (quatro operações).
Os materiais didáticos utilizados pela professora Maria para ensino
e aprendizado dos alunos eram Carta de A.B.C (autoria de Landelino
Rocha), cartilha, lápis com borracha na ponta e caderno de escrever. Os
utensílios pedagógicos, usados na sala de aula, eram uma mesa ladeada
por bancos compridos destinada aos alunos, além da mesa da professora.
Nessa mesa os meninos sentavam de um lado e as meninas do outro.
A didática de ensino da professora Maria consista em aulas
expositivas, lições da cartilha e “tomar” tabuada. O castigo adotado pela
professora Maria, era de se ajoelhar no milho para aqueles alunos ditos
mal comportados. No Quadro 5, tem-se uma síntese de dados pessoais e
escolares da senhora Francisca de Lemos Alves.
De acordo com a entrevista da senhora Francisca de Lemos Alves,
ela não prosseguiu seus estudos escolares por necessitar ajudar sua mãe
nos trabalhos domésticos. Algumas colegas – em situação social mais
privilegiada − da senhora da senhora Francisca deram continuidade à
educação escolar.
44
A senhora Cleonice Ferreira Silva (conforme entrevista, 2012) é filha
de mãe dona de casa e de pai pedreiro; um analfabeto (mãe) e outro
alfabetizado (pai, primário incompleto). No Grupo Escolar “João Tiburcio”
da cidade do Natal onde a senhora Cleonice estudou a educação
primária por quatro anos (1940-1943), o programa de estudo consistia
linguagem (leitura e escrita), aritmética (quatro operações), ciências,
história, geografia e preceitos da religião católica.
Os materiais didáticos utilizados pelos professores João Saturnino,
Rosa e Maria José para ensino e aprendizado dos alunos eram cartilha,
livro, lápis, caneta, tinteiro, régua, globo, mapa, murais com figuras,
caderno de escrever, caderno de caligrafia e caderno de desenho. Os
utensílios pedagógicos, usados na sala de aula, eram carteiras dupla
destinadas aos alunos, além do birô dos professores.
A didática de ensino dos professores João Saturnino, Rosa e Maria
José consistia em aulas expositivas, dever de classe, ditado, lições dos
textos da cartilha e dever de casa. No Grupo Escolar “João Tiburcio”,
havia passeios e excursões como atividade de férias. O castigo dado
pelos professores João Saturnino, Rosa e Maria José era do aluno voltar
para casa quando não fizesse o dever de casa. No Quadro 5, encontra-se
também uma síntese de dados pessoais e escolares da senhora Cleonice
Ferreira Silva.
Pela entrevista da senhora Cleonice Ferreira Silva, ela não
prosseguiu seus estudos escolares por necessitar cuidar de sua casa. Dois
colegas do Grupo Escolar “João Tiburcio” prosseguiram seus estudos
escolares se formando e atuando como professoras do Magistério
Primário.
45
Quadro 5
Síntese de dados pessoais e escolares das senhoras referidas e a legislação
educacional que criou as Escolas Primárias
Nome das
senhoras
participe da
pesquisa
Data e local de
nascimento
Modalidade de
escola, nome e
localidade
Período e séries
que estudou
Legislação
educacional que
criou as Escolas
Primárias que
estudaram as
participe da
pesquisa
Severina
Lucas de
Souza
21 de abril de 1923
na povoação de
Várzea de Dentro
(município de
Ceará-Mirim)
Escola Rural
“Manguari”
localizada no Sítio
Manguari
(município de
Ceará-Mirim)
1931 | 1ª série
1932 | 2ª série
1933 | 3ª série
1934 | 4ª série
−
Maria
Estevam
Nogueira da
Câmara
14 de julho de
1939 na cidade de
Ceará-Mirim
(município de
Ceará-Mirim)
Escola Municipal
“Madalena Antunes
Pereira”
localizada em
Ceará-Mirim
(município de
Ceará-Mirim)
1937 | 1ª série
1938 | 2ª série
1939 | 3ª série
1940 | 4ª série
−
Francisca
Alves do
Nascimento
12 de abril de 1930
em Lagoa de
Juazeiro
(município de
Taipu)
Uma casa
Localizada na
povoação Lagoa
de Juazeiro
(município de Taipu)
1937 | 1ª série
1938 | 2ª série
1939 | 3ª série
1940 | 4ª série
−
Maria Emília
da Fonseca
13 de novembro
de 1939 no
engenho Olho
D’água em Sapé
(município de São
José do Mipibu)
Grupo Escolar “Nísia
Floresta”
localizado na
cidade de Nísia
Floresta (município
de Nísia Floresta)
1937 | 1ª série
1938 | 2ª série
Decreto nº 226, de
8 de julho de 1910
Fabiana
Ramalho de
Almeida
Seabra
19 de maio de
1931 em Pedro
Velho (município
de Pedro Velho)
Uma casa
localizada em um
sítio próximo a
Pedro Velho
(município de Pedro
Velho)
1937 | 1ª série
1938 | 2ª série
1939 | 3ª série
1940 | 4ª série
−
Fonte | Souza (2014), Câmara (2015), Nascimento (2014), Fonseca (2015), Seabra (2013), Miranda
(2015), Santos (2012), Dantas (2012), Costa (2015), Alves (2013) e Silva (2012)
46
Quadro 5
Síntese de dados pessoais e escolares das senhoras referidas e a legislação
educacional que criou as Escolas Primárias – continuação
Nome das
senhoras
participe da
pesquisa
Data e local de
nascimento
Modalidade de
escola, nome e
localidade
Período e séries
que estudou
Legislação
educacional que
criou as Escolas
Primárias que
estudaram as
participe da
pesquisa
Tereza
Miranda
15 de novembro
de 1929 no sítio
Rodeio (município
de Taipu)
Grupo Escolar
“Joaquim Nabuco”
localizada na
cidade de Taipu
(município de Taipu)
1937 | 1ª série
1938 | 2ª série
1939 | 3ª série
1940 | 4ª série
Decreto nº 86, de
8 de janeiro de
1919
Maria
Almeida dos
Santos
4 de fevereiro de
1930 em Cuité
(município de
Pedro Velho)
Uma casa
localizada em Cuité
(município de Pedro
Velho)
Escola Divina
Providência
localizada na
cidade do Natal
1938 | 1ª série
1939 | 2ª série
1940 | 3ª série
1941 | 4ª série
1942 | 5ª série
−
Maria José
Dantas
10 de outubro de
1933 na cidade do
Natal (praia da
Redinha)
Escola Ambulatório
São José cidade do
Natal (bairro das
Rocas)
1939 | 1ª série
1940 | 2ª série
1941 | 3ª série
1942 | 4ª série
1943 | 5ª série
−
Maria de
Lourdes de
Oliveira
Costa
27 de junho de
1932 na cidade do
Natal (município
Natal)
Grupo Escolar
“Isabel Gondim”
localizado na
cidade do Natal
(bairro das Rocas)
1939 | 1ª série
1940 | 2ª série
1941 | 3ª série
1942 | 4ª série
1943 | 5ª série
Decreto nº 749 de
19 de novembro
de 1934
Francisca de
Lemos Alves
22 de setembro de
1932 na povoação
de Imburana
(município de
Macau)
Uma casa
localizada na
povoação de
Imburana
(município de
Macau)
1940 | 1ª série
1941 | 2ª série
1942 | 3ª série
−
Fonte | Souza (2014), Câmara (2015), Nascimento (2014), Fonseca (2015), Seabra (2013), Miranda
(2015), Santos (2012), Dantas (2012), Costa (2015), Alves (2013) e Silva (2012)
47
Quadro 5
Síntese de dados pessoais e escolares das senhoras referidas e a legislação
educacional que criou as Escolas Primárias – continuação
Nome das
senhoras
participe da
pesquisa
Data e local de
nascimento
Modalidade de
escola, nome e
localidade
Período e séries
que estudou
Legislação
educacional que
criou as Escolas
Primárias que
estudaram as
participe da
pesquisa
Cleonice
Ferreira Silva
20 de abril de 1930
em Jardim do
Seridó (município
de Jardim do
Seridó)
Grupo Escolar
“João Tiburcio”
localizado na
cidade do Natal
(bairro do Alecrim)
1940 | 1ª série
1941 | 2ª série
1942 | 3ª série
1943 | 4ª série
Decreto nº 765 de
21 de dezembro
de 1934
Fonte | Souza (2014), Câmara (2015), Nascimento (2014), Fonseca (2015), Seabra (2013), Miranda
(2015), Santos (2012), Dantas (2012), Costa (2015), Alves (2013) e Silva (2012)
Pelas pesquisas efetivadas na legislação educacional (1931-1943)
referentes aos governos dos Interventores Federais Aluízio de Andrade
Moura, Bertino Dutra da Silva, Mário Leopoldo Pereira Câmara e Rafael
Fernandes Gurjão – quando as senhoras Severina Lucas de Souza, Maria
Estevam Nogueira Câmara, Francisca Alves do Nascimento, Maria Emília
da Fonseca, Fabiana Ramalho de Almeida Seabra, Tereza Miranda, Maria
Almeida dos Santos, Maria José Dantas, Maria de Lourdes de Oliveira
Costa, Francisca de Lemos Alves e Cleonice Ferreira Silva estudaram a
educação primária – verificou-se que a quantidade de escolas primárias
públicas e a subvenção de escolas primária particular teria sido
consideravelmente ampliadas, principalmente as escolas primária
subvencionadas, conforme se pode ver no Quadro 6.
48
Quadro 6
Quantidade de escolas primárias públicas e subvenção às escolas
particulares (1931-1943)
Interventores
Federais do
Estado
Modalidade de Escolas criadas Escolas primárias
particulares
Subvencionadas
− Grupos
Escolares
Escolas
Reunidas
Escolas
Isoladas
Escolas
Rudimentares
Escolas
Noturnas
–
Aluízio de
Andrade Moura
(1931)
−
−
−
12
−
5
Bertino Dutra
da Silva
(1932-1933)
−
−
−
4
−
46
Mário Leopoldo
Câmara
(1933-1935)
9
21
23
−
−
39
Rafael
Fernandes
Gurjão
(1935-1943)
−
−
79
−
5
248
Total 9 21 102 16 5 338
Fonte| Legislação Educacional (1931-1943)
Fonte | Exposição Apresentada ao Exmo. Snr. Dr. Getúlio Vargas M. D. Presidente da
Republica (1935 e 1935a)
Pelo Quadro 6, no período dos governos Interventoriais (1931-1943),
houve um crescimento significativo das escolas primárias públicas por
modalidade: grupo escolar (0 para 9), escolas reunidas (0 para 21),
escolas isoladas (0 para 102), escolas rudimentares (12 para 16) e escolas
noturnas (0 para 5). A quantidade total de escolas primárias públicas
criadas nas modalidades grupo escolar, escolas reunidas, escolas isoladas,
escolas rudimentares e escolas noturnas foram de cento e cinquenta e três
(153) escolas.
Em termos relativos, o crescimento da quantidade de escolas
primárias públicas nas modalidades pode ser, assim, demonstrado: grupo
escolar (900%), escolas reunidas (2.100%), escolas isoladas (10.200%),
escolas rudimentares (33,3%) e escolas noturnas (500%). Nesse período de
49
1931 a 1943, a expansão das escolas primárias públicas correspondeu a
uma média de 1.175%. E a uma média de 12,7 por ano.
Nesses doze anos (1931-1943), o crescimento das escolas primária
particulares subvencionadas foi de 5 para 338. A expansão das
subvenções às escolas primária particulares correspondeu a uma média
de 6.660%. E a uma média de 27,7 por ano.
As dimensões básicas da educação escolar primária das senhoras
partícipes de nossa pesquisa – programa de estudo das escolas públicas e
particulares que estudaram (linguagem com leitura e escrita, aritmética às
quatro operações, história, geografia, ciências, desenho, educação física,
preceitos da religião católica, trabalhos manuais, economia doméstica,
basicamente); didática de ensino dos professores (aulas expositivas,
exercícios de caligrafia, exercícios de cópia, ditado de palavras e de
frases, tomar “tabuada”, lições de classe, dever de casa, frases do
quadro-negro, lições da cartilha, lições do livro didático, provas); materiais
didáticos (cartilha, livro didático, lápis, borracha, coleção de cores,
caneta, tinteiro, régua, tabuada, caderno de caligrafia, caderno de
escrever, caderno de desenho, folhas de papel almaço, mapa, globo,
fichas, murais, caixas) e utensílios pedagógicos (carteiras duplas, carteiras
individuais, mesa ladeada de bancos, birô e cadeira dos professores, giz,
quadro-negro, pedra da licença, sino, palmatória) – expressam como
auxiliares de uma formação escolar uniforme e mínima para efetivar uma
escolarização para todos: uma professora ou um professor (geralmente
pobre), ensinando conteúdos de aprendizagens e “tomando” as lições de
estudo ao mesmo tempo para a mesma classe de alunas e alunos de
condição social pobre.
A formação escolar uniforme e mínima, proporcionada na
educação escolar das senhoras Severina Lucas de Souza, Maria Estevam
Nogueira Câmara, Francisca Alves do Nascimento, Maria Emília da
Fonseca, Maria Almeida dos Santos, Francisca de Lemos Alves e Cleonice
Ferreira Silva, poderia não haver favorecido a continuidade dos estudos
50
para outros níveis da educação escolar? A nossa resposta para essa
indagação é que, por um lado, pode haver contribuído.
Uma exceção foi a senhora Fabiana Ramalho de Almeida Seabra,
estudante de uma escola primária particular numa casa próxima à cidade
de Pedro Velho que prosseguiu os estudos escolares em nível secundário
ginasial, porém necessitou interromper por um determinado tempo. Outra
exceção foi a senhora Tereza Miranda que estudou a educação primária
no Grupo Escolar “Joaquim Nabuco” na cidade de Taipu que prosseguiu
os estudos escolares até o nível secundário ginasial, porém não concluiu
esse nível. Ademais, outra exceção foi a senhora Maria José Dantas que
estudou na Escola Ambulatório “São José” da cidade do Natal que
prosseguiu seus estudos até o ginasial secundário, contudo não concluiu.
Por sua vez, outra exceção foi a senhora Maria de Lourdes de Oliveira
Costa que estudou no Grupo Escolar “Isabel Gondim” da cidade do Natal
que prosseguiu seus estudos escolares até o curso normal ginasial.
Por conseguinte, o direito à educação primária das senhoras
Severina Lucas de Souza, Maria Estevam Nogueira Câmara, Francisca
Alves do Nascimento, Maria Emília da Fonseca, Fabiana Ramalho de
Almeida Seabra, Tereza Miranda, Maria Almeida dos Santos, Maria José
Dantas, Maria de Lourdes de Oliveira Costa, Francisca de Lemos Alves e
Cleonice Ferreira Silva esteve, por um lado, associado à política de
expansão das escolas primárias públicas de modalidades: grupo escolar,
escolas reunidas, escolas isoladas, escolas rudimentares e escolas
noturnas. Por outro lado, associado à política de subvenção às escolas
primárias particulares.
Assim, as senhoras Severina de Souza, Maria Estevam Câmara,
Francisca do Nascimento, Maria da Fonseca, Fabiana Seabra, Tereza
Miranda, Maria dos Santos, Maria José Dantas, Maria de Lourdes Costa,
Francisca Alves e Cleonice Silva – mulheres negras e de condição social
pobre e assalariadas – não prosseguiram os outros níveis da educação
escolar (exceção das senhoras Tereza Miranda, Fabiana Seabra e Maria
51
Dantas que estudaram no nível ginasial secundário, porém ambas não
concluíram os estudos escolares nesse nível; a senhora Maria de Oliveira
Costa concluiu os estudos escolares tornando-se professora do Magistério
Primário) umas por precisarem assumir o trabalho doméstico e outras por
precisarem trabalhar (seja como artesã, costureira, agricultora e doceira)
para sustento próprio e familiar. Ao fim e ao cabo, a maioria das senhoras
não prosseguiu os estudos escolares por razões que se prendiam à
sobrevivência humana e à existencial da vida.
Capítulo Três
__________________________
A educação escolar primária no Rio Grande do Norte
(1944-1947)
A educação escolar primária no Rio Grande do Norte (1944-1947)
Os governos dos Interventores Federais no Rio Grande do Norte
(1943-1947) – Antônio Fernandes Dantas, José Georgino Alves de Souza
Avelino, Miguel Seabra Fagundes, Ubaldo Bezerra de Melo e Orestes da
Rocha Lima – (com exceção de José Georgino Alves de Souza Avelino)
colocaram, em prática, um plano educacional que visou à ampliação
das oportunidades socioeducacionais por meio de uma política de
expansão de uma rede de escolas primárias públicas.
Na Interventoria de Antônio Fernandes Dantas (governou o estado
por dois anos e um mês, 1943-1945), o Diretor do Departamento de
Educação, o professor Severino Bezerra de Melo, visando ampliar as
oportunidades socioeducacionais por meio de uma política de expansão
de uma rede de escolas primárias – de acordo com a legislação
educacional pesquisada – autorizou a criação de dois (2) grupos escolares
com três (3) classes, sendo uma feminina, uma masculina e uma mista
infantil, em duas (2) cidades de um (1) município.
Na Interventoria de Miguel Seabra Fagundes (governou o Estado
por três meses, 1945-1946), nomeado pelo General Eurico Gaspar Dutra
(1946-1951), o Diretor do Departamento de Educação, o professor Severino
Bezerra de Melo visando ampliar as oportunidades socioeducacionais
para adultos não alfabetizados – pelo corpus documental da pesquisa –
autorizou a criação de cinquenta (50) cursos para a alfabetização de
adultos nos quarenta e dois (42) municípios do Estado.
Na Interventoria de Ubaldo Bezerra de Melo (governou o Estado
por onze meses, 1946-1947), nomeado pelo General Eurico Gaspar Dutra
(1946-1951), o Diretor do Departamento de Educação, o professor Severino
Bezerra de Melo, dispôs um plano de educacional que visou ampliar as
oportunidades socioeducacionais por meio de uma política de expansão
de uma rede de escolas primárias – pela legislação educacional
54
pesquisada – foi determinada a criação de oito (8) grupos escolares em
cinco (5) bairros e três (3) praias da cidade do Natal.
Na Interventoria de Orestes da Rocha Lima (governou o Estado por
seis meses, 1947), nomeado pelo General Eurico Gaspar Dutra (1946-1951),
o Diretor do Departamento de Educação, o professor Severino Bezerra de
Melo, instituiu a criação de duas (2) escolas de modalidade escolas
reunidas do tipo rural em uma (1) cidade de um (1) município. Criou doze
(12) classes primárias em seis (6) grupos escolares na cidade do Natal.
Ademais, nesse governo, criou três (3) classes primárias em um (1) grupo
escolar de uma (1) cidade de um (1) município.
O presente capítulo objetiva discutir as dimensões básicas
(programa de estudo, materiais didáticos, utensílios pedagógicos e
didática de ensino) da educação escolar primária de mulheres negras no
período de 1944 a 1947, para, assim, averiguar o alcance do princípio do
direito à educação primária na determinação de suas melhorias de
oportunidades na vida pessoal e social.
Educação escolar primária de mulheres negras (1944-1947)
É no governo dos Interventores Federais Antônio Fernandes Dantas
(1943-1945), José Georgino Alves de Souza Avelino (1945), Miguel Seabra
Fagundes (1945-1946), Ubaldo Bezerra de Melo (1946-1947) e Orestes da
Rocha Lima (1947) – pelo corpus documental das entrevistas – que as
senhoras Severina Alves da Costa (agricultora) e Irene Maria da
Conceição (empregada doméstica), estudaram a educação primária,
respectivamente, no Grupo Escolar “Eloy de Souza” (município de Campo
Redondo) e no Grupo Escolar “Amaro Cavalcante” (município de São
Tomé).
A senhora Severina Alves da Costa (conforme entrevista, 2012) é
filha de pais agricultores, ambos analfabetos. No Grupo Escolar “Eloy de
Souza” da cidade de Campo Redondo onde a senhora Severina estudou
a educação primária da 2ª à 3ª série (1944-1945) e com um professor
55
particular (em sua própria casa) da 4ª e 5ª série (1946-1947), o programa
de estudo abrangia linguagem (leitura e escrita), aritmética (quatro
operações), história, geografia e ciências.
Os materiais didáticos utilizados pelos professores Mercedes Ribeiro,
Maria Abigail e Pompeu para o ensino e aprendizado dos alunos eram
Carta de A.B.C (autoria de Landelino Rocha), tabuada, lápis, borracha,
caneta, tinteiro, régua, mapa do Brasil e caderno de escrever. Os utensílios
pedagógicos, usados na sala de aula, eram mesas ladeadas de
tamboretes destinados aos alunos, além do birô dos professores,
campainha e palmatória.
A didática de ensino dos professores Mercedes Ribeiro, Maria
Abigail e Pompeu centrava-se em aulas expositivas, exercícios de
caligrafia e de cópia, ditado de palavras, tomar “tabuada”, deveres para
casa, além de provas trimestrais. Os castigos seguidos pelos professores
eram raramente aplicados, porém consistia nos alunos se ajoelhar no
milho e, por vezes, “palmatoadas” para aqueles ditos desobedientes. No
quadro 6, tem-se uma síntese de dados pessoais e escolares da senhora
Severina Alves da Costa.
Em consonância com a entrevista da senhora Severina Alves
Costa, ela prosseguiu seus estudos escolares em nível ginasial secundário,
mas somente quando adulta na cidade do Natal. Quando jovem,
precisou interromper os estudos para ajudar seus pais no roçado; nas horas
vagas, ensinava outras pessoas a ler e escrever. A senhora Severina Costa
desconhece se algum colega do Grupo Escolar “Eloy de Souza” deu
continuidade aos estudos escolares.
A senhora Irene Maria da Conceição (conforme entrevista, 2013) é
filha de mãe dona de casa e de pai vendedor ambulante e oleiro,
estudou a educação primária (mãe) e outro, analfabeto (pai). No Grupo
Escolar “Amaro Cavalcante” da cidade de São Tomé onde a senhora
Irene estudou a educação primária por quatro anos (1944-1947), o
programa de estudo compreendia linguagem (leitura e escrita), aritmética
56
(quatro operações), ciências, história, geografia e preceitos da religião
católica.
Os materiais didáticos utilizados pelas professoras Francisca Amélia
do Carmo e Joanita Costa para o ensino e aprendizado dos alunos eram
cartilha, livros didáticos, lápis, borracha, caneta, globo, régua, mapa,
caderno de escrever, caderno de caligrafia, caderno de desenho e
tinteiro (este somente utilizado pelas professoras). Os utensílios
pedagógicos usados, na sala de aula, compreendiam carteiras duplas
destinadas aos alunos, além de mesa com cadeira das professoras e
palmatória.
A didática de ensino das professoras Francisca Amélia do Carmo e
Joanita Costa consistia em aulas expositivas, lições de cópia e de
caligrafia, ditado de palavras, desenho e soletração. As professoras
costumavam levar, mensalmente, os alunos para passeios nas fazendas da
região. O castigo dado pelas professoras Francisca Amélia do Carmo e
Joanita Costa era o da palmatória para os alunos que não respondessem
corretamente as lições. No quatro 7, encontra-se uma síntese de dados
pessoais e escolares da senhora Irene Maria da Conceição.
Referente à entrevista da senhora Irene Maria da Conceição,
sabe-se que ela não prosseguiu os estudos escolares por necessitar
trabalhar como empregada doméstica. Ela não tem conhecimento se
algum colega do Grupo Escolar “Amaro Cavalcanti” prosseguiu os
estudos.
57
Quadro 7
Síntese de dados pessoais e escolares das senhoras referidas e a legislação
educacional que criou as Escolas Primárias
Nome das
senhoras
participe da
pesquisa
Data e local de
nascimento
Modalidade de
escola, nome e
localidade
Período e séries
que estudou
Legislação
educacional que
criou as Escolas
Primárias que
estudaram as
participe da
pesquisa
Severina
Alves Costa
2 de novembro de
1935 no sítio Lagoa
do Meio
(município de
Campo Redondo)
Grupo Escolar “Eloy
de Souza”
localizado na
cidade Campo
Redondo (município
de Campo
Redondo)
1944 | 2ª série
1945 | 3ª série
1946 | 4ª série
1947 | 5ª série
−
Irene Maria
da
Conceição
20 de julho de
1933 no sítio
Recreio (município
de São Tomé)
Grupo Escolar
“Amaro
Cavalcanti”
localizado na
cidade São Tomé
(município de São
Tomé)
1944 | 2ª série
1945 | 3ª série
1946 | 4ª série
1947 | 5ª série
Decreto nº 368, de
31 de dezembro de
1927
Fonte | Costa (2012) e Conceição (2013)
É no governo dos Interventores Federais Miguel Seabra Fagundes
(1945-1946) e Ubaldo Bezerra de Melo (1946-1947) – pelo corpus
documental das entrevistas – que as senhoras Ana Maria Pereira da Costa
(trabalhadora na casa de farinha e agricultora) e Maria de Lourdes
Herculano estudaram a educação primária, respectivamente, na escola
particular que funcionava em uma casa no povoado de Vera Cruz
(município de Vera Cruz) e na escola particular que funcionava em um
galpão na fazenda Brasília (município de Pedro Velho).
A senhora Ana Maria Pereira da Costa (conforme entrevista, 2015)
é filha de mãe dona de casa e de pai trabalhador de casa de farinha,
ambos analfabetos. Na escola primária particular que funcionava em uma
casa no povoado de Vera Cruz (município de Vera Cruz) onde a senhora
Ana estudou a educação primária por dois anos (1946-1947), o programa
58
de estudo abrangia linguagem (leitura e escrita), aritmética (quatro
operações), história, geografia (possivelmente), ciências e preceitos da
religião católica.
Os materiais didáticos utilizados pela professora Ana para o ensino
e aprendizado dos alunos eram os seguintes: cartilha, lápis, borracha,
globo, mapa caderno de escrever, caderno de caligrafia e régua de
madeira (utilizada pela professora). Os utensílios pedagógicos usados, na
sala de aula, eram uma mesa comprida ladeada de tamboretes
destinada aos alunos, além de mesa e cadeira da professora e
palmatória.
A didática de ensino da professora Ana centrava-se em assistência
individual e grupal aos alunos quanto cópia das letras do alfabeto e
números, ditado de palavra e de frases, lições de classe e deveres para
casa. No início das aulas, a professora costumava perguntar sobre as
missas e comentava em conjunto com os alunos. Os castigos adotados
pela professora Ana era o da palmatória e, por vezes, se ajoelhar no milho
para os alunos ditos mal comportados. No Quadro 8, encontra-se uma
síntese dos dados pessoais e escolares da senhora Ana Maria Pereira da
Costa.
De acordo com a entrevista da senhora Ana Maria Pereira da
Costa, ela não prosseguiu os estudos escolares por necessitar trabalhar
como agricultora e na casa de farinha. A senhora Ana Costa desconhece
se algum colega levou adiante os estudos escolares.
A senhora Maria de Lourdes Herculano (conforme entrevista, 2015)
é filha de mãe costureira, dona de casa, parteira e de pai agricultor; um
alfabetizado (mãe) o outro, analfabeto (pai). Na escola particular que
funcionava em um galpão na fazenda Brasília (a quatro léguas da cidade
de Epitácio Pessoa) no município de Angicos onde a senhora Maria
Herculano estudou sua educação primária por um ano (1947) o programa
de estudo compreendia linguagem (leitura e escrita), aritmética (quatro
operações), história, geografia e canto do hino nacional.
59
Os materiais didáticos utilizados pela professora Aurélia de Moraes
para o ensino e aprendizado dos alunos eram Carta de A.B.C (autoria de
Landelino Rocha), livro didático, livro de catecismo, lápis, borracha,
caderno de escrever e caderno de caligrafia. Os utensílios pedagógicos,
usados na sala de aula, eram uma mesa comprida ladeada de bancos
destinada aos alunos, além de birô e cadeira da professora.
A didática da professora Aurélia de Moraes era centrada em aulas
expositivas, cópia do livro didático, lições da cartilha, ditado de palavras,
além de provas mensais. Na entrada e saída das aulas, era entoado o
hino nacional. A professora Aurélia de Moraes não adotou castigos para
os alunos. No Quadro 8, tem-se uma síntese dos dados pessoais e
escolares da senhora Maria de Lourdes Herculano.
Segundo a entrevista da senhora Maria de Lourdes Herculano, ela
não prosseguiu seus estudos escolares por necessitar trabalhar como
costureira. A senhora Maria Herculano, também, desconhece se algum
colega prosseguiu os estudos escolares.
Quadro 8
Síntese de dados pessoais e escolares das senhoras referidas e a legislação
educacional que criou as Escolas Primárias
Nome das
senhoras
participe da
pesquisa
Data e local de
nascimento
Modalidade de
escola, nome e
localidade
Período e séries
que estudou
Legislação
educacional que
criou as Escolas
Primárias que
estudaram as
participes da
pesquisa
Ana Maria
Pereira da
Costa
7 de janeiro de
1934 no sítio
Jenipapo
(município de
Vera Cruz)
Uma casa
localizada no
povoado de Vera
Cruz (município de
Vera Cruz)
1946 | 1ª série
1947 | 2ª série
−
Maria de
Lourdes
Herculano
13 de abril de 1936
no vilarejo de
Pedra D’água
(município de
Baixa Verde)
Um galpão
localizado na
Fazenda Brasília
(município de
Angicos)
1947?| 1ª série
−
Fonte | Costa (2015) e Herculano (2015)
60
Pelas pesquisas efetivadas na legislação educacional (1944-1947)
referentes aos governos dos Interventores Federais Antônio Fernandes
Dantas, Miguel Seabra Fagundes, Ubaldo Bezerra de Melo e Orestes da
Rocha Lima – quando as senhoras Severina Alves Costa, Irene Maria da
Conceição, Ana Maria Pereira da Costa e Maria de Lourdes Herculano
estudaram a educação primária – constata-se que a quantidade de
escolas primárias públicas teria sido razoavelmente ampliadas, conforme o
Quadro 9.
Quadro 9
Quantidade de escolas primárias públicas e subvenção às escolas
particulares
(1944-1947)
Interventores Federais do Estado Modalidade de Escolas criadas
− Grupos Escolares Escolas Reunidas do tipo
Rural
Antônio Fernandes Dantas (1943-
1945)
2
−
Miguel Seabra Fagundes (1945-1946)
−
−
Ubaldo Bezerra de Melo (1946-1947)
8
−
Orestes da Rocha Lima (1947)
−
2
Total 10 2
Fonte| Legislação Educacional (1943-1947)
Verifica-se, no Quadro 9, que, no período dos governos
Interventoriais (1944-1947), houve um discreto crescimento das escolas
primárias públicas por modalidade: grupo escolar (2 para 10) e escolas
reunidas do tipo rural (0 para 2). A quantidade total de escolas primárias
públicas, criadas na modalidade grupo escolar e escolas reunidas do tipo
rural, foi de doze (12) escolas.
61
Em termos relativos, o crescimento da quantidade de escolas
primárias públicas nas modalidades pode ser, assim, demonstrado: grupo
escolar (400%) e escolas reunidas do tipo rural (200%). Nesse período de
1944 a 1947, a expansão das escolas primárias públicas correspondeu a
uma média de 500%. E a uma média de 3,3 por ano.
As dimensões básicas da educação escolar primária das senhoras
partícipes de nossa pesquisa – programa de estudo das escolas públicas e
particulares que estudaram (linguagem com leitura e escrita, aritmética às
quatro operações, história, geografia, ciências, preceitos da religião
católica, canto do hino nacional, basicamente); didática de ensino dos
professores (aulas expositivas, exercícios de caligrafia, exercício de cópia,
exercícios de desenho, ditado de palavras e de frases, lições de classe,
lições da cartilha, deveres de casa, provas); materiais didáticos (cartilha,
livro didático, livro de catecismo, lápis, borracha, caneta, tinteiro, régua,
caderno de caligrafia, caderno de escrever, caderno de desenho, mapa,
mapa do Brasil, globo) e utensílios pedagógicos (carteiras duplas, mesa
ladeada de tamboretes, birô e cadeira dos professores, palmatória) –
revelam-se definidoras de formação escolar uniforme e mínima para
efetivar uma escolarização para todos – uma professora ou um professor
(geralmente pobre) ensinando conteúdos de aprendizagens e “tomando”
as lições de estudo ao mesmo tempo para a mesma classe de alunas e
alunos de condição social pobre.
A formação escolar uniforme e mínima, promovida na educação
escolar das senhoras Irene Maria da Conceição, Ana Maria Pereira da
Costa e Maria de Lourdes, poderia não haver favorecido a continuidade
dos estudos para outros níveis da educação escolar? A nossa resposta
para essa indagação é que, por um lado, pode haver contribuído. Uma
exceção foi a senhora Severina Alves Costa que estudou a educação
primária no Grupo Escolar “Eloy de Souza” da cidade de Campo Redondo
que prosseguiu os estudos escolares até o secundário ginasial, mas
interrompeu seus estudos.
62
Consequentemente, o direito à educação das senhoras Severina
Alves Costa, Irene Maria da Conceição, Ana Maria Pereira da Costa e
Maria de Lourdes Herculano esteve associado à política de expansão das
escolas primárias públicas de modalidade grupo escolar e escolas
reunidas do tipo rural.
Desse modo, as senhoras Severina Alves Costa, Irene Maria da
Conceição, Ana Maria Pereira da Costa e Maria de Lourdes Herculano –
mulheres negras e de condição social pobre e assalariada – não
prosseguiram os outros níveis da educação escolar (exceto a senhora
Severina Alves Costa que iniciou os estudos em nível ginasial secundário,
porém não concluiu por necessitar trabalhar) uma por não ser aprovada
no exame do Colégio Atheneu feminino, outra por assumir os trabalhos
domésticos e as demais pela necessidade de trabalhar (seja como
agricultora, empregada doméstica ou costureira) a fim de auxiliar,
financeiramente, suas respectivas famílias. Por fim, não prosseguiram os
estudos escolares por razões que se prendiam à sobrevivência humana e
à existencial da vida.
Conclusão
__________________________
64
Conclusão
O princípio do direito à educação primária para as vinte e duas
(22) mulheres, partícipes da nossa pesquisa, pode ser, assim, descrito: a
maioria das mulheres (16) não prosseguiu ou não concluiu a primeira
educação escolar; a minoria das mulheres (6) prosseguiu a educação
escolar para os níveis de ensino secundário ginasial e normal.
Essa constatação pode ser explicada pelas teorizações de
Magalhães (2014) e de Teixeira (1978). Para Magalhães (2014, p. 53), a
alfabetização, por si só, possui “[...] um efeito diferenciador dentro desse
mesmo status quo”. Entretanto, a escolarização continuada possui “[...]
um efeito progressivo e multiplicador, em função e para além do status
quo”.
Conforme as teorizações de Teixeira (1978, p. 17), a educação
escolar em seus fins (resultados) e em seus meios (processo) deve se
identificar “[...] do mesmo modo, aliás, que os fins da vida se identificam
com o processo de viver.” Por suas palavras, observa-se que o
verdadeiro sentido da educação escolar é de emancipação e de
promoção social e profissional. Ainda para Teixeira (1968, p. 43), o
princípio do direito à educação primária para igualdade de
oportunidades educacionais deve, por conseguinte, manifestar-se pelo
direito da continuidade “[...] de forma que todos, em igualdade de
condições, possam [...] continuar até os níveis mais altos”.
As senhoras, partícipes de nossa pesquisa, tiveram o direito da
educação primária, contudo, naquilo que Magalhães (2014, p. 52)
denomina de uma “[...] alfabetização a um minimum”. A média de
tempo da educação primária, dessas vinte e duas senhoras, foi de 3,4
anos. Os fins (resultados) e os meios (processo) da educação primária,
nos estritos limites de uma alfabetização a um minimum, determinaram,
equivalentemente, um processo de viver análogo à mesma condição
social pobre ou de classe social pobre.
65
Por um lado, a educação escolar dessas senhoras circunscreve-
se, no estrito limite de uma alfabetização a um minimum. Ou seja,
proporcionou um efeito diferenciador dentro da mesma condição
social ou classe social. Por outro, o princípio do direito à educação
primária para todos, disposto no conjunto das políticas estatais de
ampliação de oportunidades socioeducacionais – por si só – não
permitiu garantir a continuidade dos estudos escolares das senhoras
partícipes de nossa pesquisa. Em última instancia, o principio do direito à
educação primária assegurou, para umas mulheres, o acesso à primeira
educação escolar; para outras mulheres, o prosseguimento dos estudos
escolares nos níveis ginasial secundário e ginasial normal.
Referências
__________________________
67
Referências
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Autoriza o governo a reformar a Instrução Pública. Atos legislativos e
decretos do governo do Rio Grande do Norte (1907).Natal: Typographia
d’A República, 1908.
______. Decreto n° 174, de 5 de março de 1908. Cria no bairro da Ribeira
um Grupo Escolar denominado "Augusto Severo". Atos legislativos e
decretos do governo (1908-1909). Natal: Typographia d’A República,
1909.
______. Decreto n° 178, de 29 de abril de 1908. Restabelece a Diretoria
da Instrução Pública, cria Escola Normal, grupo Escolares e escolas
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(1908-1909). Natal: Typographia d’A República, 1909.
______. Lei nº 405, de 29 de novembro de 1916. Lei Orgânica do Ensino.
Reorganiza o ensino primário, secundário e profissional, no Estado. Natal:
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______. Relatório do Diretor do Departamento de Educação Dr. Nestor
dos Santos Lima. Natal, 2 out. 1924. (Datilografado).
______. Relatório do Diretor do Departamento de Educação Dr. Nestor
dos Santos Lima. Natal, 2 jan. 1925. (Datilografado).
______. Departamento de Educação. Regimento Interno das Escolas
Rudimentares.Natal: Typ. d’A República, 1925.
______.Departamento de Educação. Regimento Interno das Escolas
Isoladas.Natal: Typ. d’A República, 1925.
______.Departamento de Educação. Regimento Interno dos Grupos
Escolares.Natal: Typ. d’A República, 1925.
______. Relatório do Diretor do Departamento de Educação Dr. Nestor
dos Santos Lima. Natal, 15 set. 1926. (Datilografado).
______. Relatório do Diretor do Departamento de Educação Dr. Nestor
dos Santos Lima. Natal, 5 set. 1927. (Datilografado).
______. Relatório apresentado pelo Dr. Nestor dos Santos Lima, Diretor do
Departamento de Educação. Natal, 15 ago. 1928. (Datilografado).
______. Mensagem apresentada a Assembleia Legislativa pelo Exmo. Dr.
Juvenal Lamartine de Faria em 3 de outubro de 1929. Natal: Imprensa
Oficial, 1929.
______. Mensagem apresentada a Assembleia Legislativa pelo Exmo. Dr.
Juvenal Lamartine de Faria em 1º de outubro de 1930. Natal: Imprensa
Oficial, 1930.
______. Exposição apresentada ao Exmo. Snr. Dr. Getúlio Vargas M. D.
Presidente da Republica, pelo Interventor Federal do Rio Grande do
Norte Mario L. Pereira da Câmara. Natal: imprensa official, 1935.
______. Exposição apresentada ao Exmo. Snr. Dr. Getúlio Vargas M. D.
Presidente da Republica, pelo Interventor Federal do Rio Grande do
Norte Mario L. Pereira da Câmara. Natal: imprensa official, 1935a.
SANTOS, Maria Almeida dos. Entrevista. Natal (Rio Grande do Norte), 28
nov. 2012. (Entrevista gravada).
70
SEABRA, Fabiana Ramalho de Almeida. Entrevista. Natal (Rio Grande do
Norte), 14 jun. 2013. (Entrevista gravada).
SILVA, Cleonice Ferreira. Entrevista. Natal (Rio Grande do Norte), 14 dez.
2012. (Entrevista gravada).
SILVA, Jael Pereira da. Entrevista. Natal(Rio Grande do Norte), 15 maio
2014. (Entrevista gravada).
SILVA, Sebastiana Lira da. Entrevista. Natal (Rio Grande do Norte), 16
maio 2014. (Entrevista gravada).
SILVA, Rozilda Maria da. Entrevista. Natal (Rio Grande do Norte), 30 maio
2015. (Entrevista gravada).
SOUZA, Severina Lucas de. Entrevista. Natal (Rio Grande do Norte), 20
maio 2014. (Entrevista gravada).
TEIXEIRA, Anísio Spindola. Educação é um direito. São Paulo: Companhia
Editora Nacional, 1968.
______. A pedagogia de Dewey (Esboço da teoria da educação de
John Dewey). In: DEWEY, John. Vida e educação. Tradução e estudo
preliminar por Anísio Teixeira. 10. ed. Rio de Janeiro: Fundação Nacional
do Material Escolar; São Paulo: Melhoramentos, 1978.
Anexo
__________________________
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Anexo
Educação primária de mulheres nascidas no século XX
(Entrevista)
1. Nome completo da entrevistada.
2. Data e local (cidade, vila, sítio e município) de nascimento.
3. Nome completo o pai e da mãe.
4. Escolarização do pai e da mãe.
5. Ocupação do pai e da mãe.
6. Todos os seus irmãos (quantos) e irmãs (quantas) estudaram a
escolarização primária?
7. Nome da(s) escola(s) onde estudou a escolarização primária.
8. Locais (cidade, vila, sítio e município) da escolarização primária.
9. Período de tempo que estudou a escolarização primária.
10. Anos que estudou a escolarização primária (19--- 19---).
11. Série(s) que estudou a escolarização primária.
12. Nome(s) do(s) professore(s) da(s) escola(s) primária onde estudou.
13. Plano de estudos da(s) Escola(s) onde estudou.
14. Aula expositiva com (ou sem) utilização de recursos pedagógicos e
assistência (ou não) individual ao aluno.
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15. Método ensino adotado pelo(s) professor(es) (lições de palavras,
método intuitivo com lições de coisas e outros, por exemplo).
16. Materiais escolares utilizados no processo de ensino e aprendizagem ─
cartilha ou livro (nome e autoria), catecismo (nome e autoria), livros
infantis, caderno, caderno de caligrafia, caderno de desenho.
17. Utensílios escolares utilizados no processo de ensino e aprendizagem −
régua, lápis, caneta, tinteiro, globo, mapa, mural, caixa, etc.
18. Mobiliário existente na sala que estudou − carteira individual ou dupla,
banco, tamborete, mesa ou birô do professor, campainha, palmatória,
outros.
19. Tarefas diárias − tarefas de classe (quais?) tarefas semanais (missa,
festas) e tarefas mensais (provas e excursões).
20. O que se ensinava sobre higiene para os alunos? Os ensinamentos
vinham do ensino de ciências?
21. Os alunos eram obrigados a irem limpos e bem asseados para a
Escola?
22. Os alunos eram castigados pelos professores? Quais eram os castigos?
23. Quais eram os motivos para castigar o aluno?
24. Você prosseguiu os estudos?
25. Em que trabalha ou trabalhou?
26. O que representou para sua vida a escolarização primária?
27. O que representou em termos de fins humanos e de fins sociais a sua
escolarização primária?
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28. Conhece algum colega da escola primária de formação universitária?
Assinatura
Local e data da entrevista