A ENFERMAGEM INSERIDA NO NOVO CONTEXTO EM SAÚDE...

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UNISALESIANO Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium Curso de Enfermagem Isamara Cardoso de Moraes Magali Telécio A ENFERMAGEM INSERIDA NO NOVO CONTEXTO EM SAÚDE MENTAL LINS - SP 2009

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UNISALESIANO

Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

Curso de Enfermagem

Isamara Cardoso de Moraes

Magali Telécio

A ENFERMAGEM INSERIDA NO NOVO

CONTEXTO EM SAÚDE MENTAL

LINS - SP

2009

ISAMARA CARDOSO DE MORAES

MAGALI TELÉCIO

A ENFERMAGEM INSERIDA NO NOVO CONTEXTO EM SAÚDE MENTAL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium, curso de Enfermagem sob a orientação da Profª. M.Sc. Tatiana Longo Borges Miguel e orientação técnica da Profª. M.Sc. Jovira Maria Sarraceni.

LINS - SP

2009

Moraes, Isamara Cardoso; Telécio, Magali

A enfermagem inserida no novo contexto em saúde mental / Isamara Cardoso Moraes; Magali Telécio. __ Lins, 2009.

60p. il. 31cm.

Monografia apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UNISALESIANO, Lins-SP, para graduação em Enfermagem, 2009.

Orientadores: Jovira Maria Sarraceni; Tatiana Longo Borges Miguel.

1.Enfermagem. 2 Assistência Psiquiátrica. 3.Desospitalização. I Título.

CDU 616-083

M82e

A MEUS PAIS

DEDICO ESTE TRABAHO AOS MEUS PAIS ANTÔNIO E ELZA, PELA DEDIÇÃO, PELA FORÇA, PELO APOIO, PELO AMOR INCONDICIONAL, POR TEREM ME EDUCADO, POR NUNCA TEREM DEIXADO QUE EU DESISTISSE DO MEU SONHO, POR TEREM ME INCENTIVADO, SE ESTOU AQUI HOJE É GRAÇAS A VOCÊS, VOCÊS SÃO OS RESPONSÁVEIS POR EU ESTAR ME FORMANDO, POR EU SER ESSA PESSOA QUE SOU HOJE, OBRIGADO POR TUDO EU AMO VOCÊS... SEREI ETERNAMENTE GRATA...

EU NÃO TENHO NEM PALAVRAS PARA AGRADECER A VOCÊS O QUE ESCEREVI É POUCO PERTO DO QUE VOCÊS MERECEM, NUNCA VOU ESQUECER OS ESFORÇOS QUE VOCÊS FIZEREM PARA ME AJUDAR, SÓ QUERIA PEDIR DESCULPAS DAS VEZES QUE FUI GROSSA COM VOCÊS E DESCONTEI EM VOCÊS O MEU ESTRESSE.

Mara

AO MEU NAMORADO DANIEL

POR ME AJUDAR NOS MOMENTOS MAIS CRÍTICOS DA MINHA VIDA, POR TER COMPREENDIDO OS MOMENTOS QUE NÃO PUDE FICAR COM VOCÊ E POR TER AGUENTADO MEUS MOMENTOS DE ESTRESSE, POR TER ME FALADO AS PALAVRAS CERTAS NA HORA CERTA. TE AMO...

Isa

AGRADECIMENTOS

A DEUS SEM ELE NADA É POSSIVEL, ELE É O RESPONSAVEL POR

TUDO TER DADO CERTO EM NOSSO TRABALHO, FOI ELE QUE FEZ COM QUE NÓS CHEGASSEMOS ATÉ AQUI... OBRIGADA SENHOR...

Isamara

A ORIENTADORA TATIANA

QUE NOS RECEBEU MUITO BEM DE BRAÇOS ABERTOS E QUE

NOS AJUDOU MUITO, SEM ELA ESTE TRABALHO NÃO SERIA CONCLUIDO... OBBIGADO PELOS MOMENTOS QUE MESMO ESTANDO OCUPADA, NOS ATENDEU SEMPRE COM MUITO CARINHO E ATENÇÃO, VOCÊ É MUITO ESPECIAL...

Isamara

A JOVIRA

QUE SEMPRE NOS ATENDEU MUITO BEM, SEMPRE COM

MUITA PACIÊNCIA, APESAR DE SUA CORRERIA SEMPRE TEVE TEMPO PARA NÓS E NOS NORTEOU EM NOSSO TRABALHO, SEMPRE NOS MOSTRANDO QUAL O MEHOR CAMINHO... OBRIGADA....

Isamara

A MINHA PARCEIRA E AMIGA MAGALI

QUE SEMPRE TEVE MUITA PACIÊNCIA COMIGO, ME AJUDOU

A AMADURECER E QUE ME MOSTROU QUE TEMOS QUE CORRER ATRÁS DAQUILO QUE QUEREMOS, QUE AS COISAS NA VIDA NÃO VEM DE GRAÇA... OBRIGDA MGA...

Isamara

AS ASSISTENTES SOCIAIS GLAUCIA E MARIA AUXILIADORA

GLAUCIA SE VOCÊ NÃO TIVESSE ME CHAMADO PARA

TRABALHAR COM VOCÊ CONCERTEZA HOJE NÃO ESTARIA AQUI E NÃO TERIA APRENDISDO MUITA COISA QUE APRENDI COM VOCÊ AO SEU LADO CRESCI COMO PESSOA VOCÊ ME AJUDOU MUITO... OBRIGADA POR TUDO NÃO ESQUECEREI...

AUXI VOCÊ QUE ENTROU NA LICENÇA DA GLAUCIA TAMBEM SEMPRE ME AJUDOU MUITO ME ENSINANDO COISAS QUE MUITAS VEZES EU NÃO SABIA... OBRIGADA PELO APOIO, CARINHO E ATENÇAO...

Isa

A MINHA IRMÃ ISIS

QUE ME INCENTIVOU NO MEU MOMENTO DE DESESPERO,

QUE ME AJUDOU E QUE POR MUITAS VEZES ABRIU-ME A PORTA DE SUA CASA PARA QUE EU PODESSE USUFRUIR DE SEU COMPUTADOR.... MUITO OBRIGADA....

Isamara

A MINHA TIA INÊS

QUE ME DEU FORÇAS, SEMPRE ME AJUDANDO EM VÁRIOS

TRABALHOS DA FACULDADE, ME EMPRESTOU VÁRIOS LIVROS E SEMPRE ME APOIO E SEMPRE MOSTROU SEU INTERESSE EM ME AJUDAR E A ME FORMAR.... OBRIGADA TIA....

Mara

A MINHA AMIGA DE SALA E DE ESTÁGIO BETE QUE NO DECORRER DOS ANOS ME MOSTROU SER UMA

PESSOA MUITO HUMANA E PREOCUPADA COM OS PROBLEMAS DOS OUTROS, POR TER ME AJUDADO NO MOMENTO MAIS DIFÍCIL DA MINHA VIDA, PELAS RISADAS QUE DEMOSJUNTAS NOS ESTÁGIOS... TE ADORO..

A minha filha Ana Laura

Você é a razão das minhas conquistas e da minha vitoria, através de você

encontrei toda coragem e suportei todos os obstáculos para chegar onde

estou, não existe palavras, gestos ou atitudes para demonstrar o meu amor

por você, simplesmente é infinito ....te amo.... te amo... infinitamente...

A meu esposo Waldinei

Meu apoio, meu a amigo, conselheiro que sempre esteve presente, sem

questionar minhas decisões. Te amo, te amo.....

Aos meus pais Maria e Arlindo

Que é a razão do meu existir. Obrigada por ter feito de mim o que sou, e

pelo amor de vocês, que é o alimento mais rico e especial que um filho pode

ter. Amo vocês...

Agradecimentos

A DEUS

Obrigada por conservar em meu coração a fé e manter as minhas

esperanças. O Senhor é meu pastor e nada me faltará....

A minha professora e orientadora Jovira

Que demonstrou uma dedição inesgotável durante todo nosso trabalho e que

a gente acreditar que quando se tem uma meta, o que era um obstáculo passa a ser uma das etapas do plano. Jovira sucesso, mas sei que isso será

uma conseqüência de seu trabalho que é feito por e com amor. Agradeço por entender as nossas dificuldades e manter a nossa motivação.

A minha orientadora Tatiana

Obrigada por oferecer seus conhecimentos, foi um prazer ter você como

coordenadora, professora, orientadora, conselheira e sempre amiga. Mantenha sempre essa luz interior acessa, para que todos que se aproxima de você se sinta iluminada.

Aos professores

Em especial a Marilisa, por nos conceder a oportunidade de conviver com a sua presença e ensinar que é possível, e nos demonstrou que nada é tão

perfeito que não se pode fazer, melhor. Parabéns você é o exemplo

A minha amiga Sueli

Desejo a você bastante felicidade para fazê-la mais doce, dificuldade para mante-la forte e esperança suficiente para fazê-la feliz. Obrigada pele sua

confiança, sem você o meu trajeto não seria o mesmo. Palavra não será o suficiente para agradecer.

Aos meus irmãos

E todos meus amigos que participaram desse processo, de uma forma direta ou indiretamente. Por acreditarem, cada um ocupa um lugar especial em meu

coração e esses dias vividos valerão muitas boas lembranças.

A minha parceira Isamara Pela sua disposição e vontade, tenho certeza que a escolha não poderia ser

melhor. Evoluímos muito durante esses anos e quando alguém evolui, evolui tudo que está à sua volta. Nosso objetivo foi atingido porque juntas aprendemos a contornar obstáculos.

A equipe do CAPS I

Agradecemos a equipe do CAPS I, por ter colaborado conosco na realização deste trabalho.

ISAMARA CARDOSO DE MORAES

MAGALI TELÉCIO

A ENFERMAGEM INSERIDA NO NOVO CONTEXTO EM SAÚDE MENTAL.

Monografia Apresentada ao Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium,

para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Aprovada em: ___/___/___

Banca Examinadora:

Profº Orientadora Tatiana Longo Borges Miguel - Mestre em ciências –área de

concentração Farmacologia pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo.

Assinatura ______________________

1º Prof. (a) ______________________________________________________

Titulação _______________________________________________________

Assinatura ______________________

2º Prof. (a) ______________________________________________________

Titulação _______________________________________________________

Assinatura _______________________

RESUMO

Trata-se de um estudo descritivo que tem por objetivo analisar o processo de desospitalização, sob a óptica da equipe de saúde mental do CAPS I e seus usuários. Considerando assim as transformações que vem ocorrendo na construção da assistência a saúde mental e na tentativa de não asilar o doente, evitando sua internação e mantendo os na sociedade.O paciente passa a ser tratado dentro do seu próprio meio social, que por muito tempo foi então excluído e asilado Portanto o modo como a loucura é vista hoje não é a mesma de séculos passados, o tratamento do doente mental era feito em instituições fechada, após criticas a esse modelo de tratamento os hospitais psiquiátricos foram substituído por serviços extra hospitalares . Na atualidade os CAPS é um serviço da atenção a saúde mental, preconizando a desinstitucionalização, é um serviço que não isola os pacientes de seus familiares e da comunidade Porem os textos analisados nos trazem reflexões teóricas originadas de experiências concretas na tentativas de implementar essas transformações em direção a reforma e a assistências psiquiátrica. Abordaremos também neste artigo, quais instrumentos estão sendo utilizados pelos profissionais, para lidar com o transtorno mental no cotidiano, tendo como principal objetivo a reinserção social. Focalizando também a enfermagem como profissional e inserida neste contexto, tendo como principal função a promoção da saúde, atuando em diversos níveis de prevenção, na promoção e recuperação, visando a reintegração familiar e social favorecendo uma assistência de qualidade ao doente e familiar melhorando sua qualidade de vida e recuperando sua cidadania .Apos analisados os resultados desta pesquisa, foi possível observar que o trabalho em equipe poderia ocorrer de forma mais articulado com outras especialidades Neste sentido o trabalho da enfermagem na saúde mental e sua qualificação contribui na assistência, suas ações de forma sistemátizada e continua fazendo com que ocorra a reinserção do indivíduo com sofrimento mental na sociedade resgatando sua cidadania, um maior investimento em recursos humanos e físicos contribuiria para um trabalho mais organizado.O trabalho apresenta ainda a importância de uma maior clareza quanto a prática da enfermagem e uma reflexão teórica sobre os instrumento utilizados na construção de como lidar com o transtorno mental no cotidiano, ocorrendo um maior conhecimento da doença mental, diminuindo assim o estigma formado sobre a psiquiatria.

Palavras chave: Enfermagem. Assistência psiquiátrica. Desospitalização.

ABSTRACT This is a descriptive study that aims to analyze the process of deinstitutionalization, from the perspective of the mental health team in CAPS I and its users. Thus considering the changes that have occurred in the construction of mental health care and in an attempt to avoidt giving asylum to the patients, preventing hospitalization and keeping them in society.The patient starts being treated within his own social environment, which has long been then deleted and asylum. So the way madness is seen today is not the same as it was seen in the past centuries. The mental illness treatment was done in closed institutions, after criticism of this treatment pattern of psychiatric hospitals were replaced by extra hospital services. Nowadays the CAPS is a service of attention to mental health preconizing the disinstitutionalization, is a service that does not isolate patients from their families and the community. However the texts analyzed bring to us theoretical reflections that originatd from practical experiences in attempts to implement these changes towards reform and psychiatric care. We also include in this article, which instruments are being used by professionals to deal with mental disorder in everyday life, with the primary goal of social rehabilitation. Focusing also nursing as a professional and inserted in this context, having the primary function the promotion of health, acting at several levels of prevention, promotion and rehabilitation, aimed at family and social reintegration promoting quality care to the patient and family to improvens their quality of life and restoring his citizenship. After analyzing the results of this study, we observed that teamwork could occur in a more integrated way with other specialties.This way the work of nursing in mental health and your vote qualification contribute to the assistance of their actions in a systematic way and continues causing the occurrence of the reintegration of individuals with mental distress in society rescuing his citizenship.A greater investment in human and physical resources would contribute to a more organized by work. This paper presents the importance of clarity and the practice of nursing and a theoretical discussion about the instrument used in the construction of dealing with mental disorder in their lives, experiencing an increased knowledge of mental illness, thus reducing the stigma formed on psychiatry. Keywords: Nursing. Psychiatric care, Deinstitutionalization.

LISTA DE SIGLAS

CAPS - Centro de Atenção Psicossocial

CAPS ad - Centro de Atenção Psicossocial álcool e droga

CAPS i – Centro de Atenção Psicossocial infanto juvenil

MTSM – Movimento dos Trabalhadores em saúde Mental

NAPS - Núcleos de Atenção Psicossocial

OMS – Organização Mundial de Saúde

PNASH – Programa Nacional de Avaliação do sistema Hospitalar

SNDM – Serviço Nacional de Doenças Mentais

SUS – Sistema Único de Saúde

T.O – Terapeuta Ocupacional

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................. 13

CAPÍTULO I – A DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DO SISTEMA PSIQUIATRICO

1 EVOLUÇÃO DA PSIQUIATRIA........................................................ 15

1.1 Reforma Psiquiátrica ......................................................................... 19

1.2 O CAPS como uma nova modalidades de tratamento ...................... 23

CAPÍTULO II – A FORMAÇÃO DA ENFERMAGEM NO BRASIL

2 BREVE HISTÓRICO SOBRE A FORMAÇÃO DA ENFERMAGEM. 29

2.1 A evolução da enfermagem na psiquiatria ........................................ 32

2.2 O papel da enfermagem na psiquiatria ............................................. 36

CAPÍTULO III – A PESQUISA

3 INTRODUÇÃO .................................................................................. 43

DESCRIÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO CAPS I ................................ 43

3.1 Métodos............................................................................................. 43

3.2 Técnicas............................................................................................ 44

3.3 Observação ....................................................................................... 44

3.4 Descrição .......................................................................................... 45

3.5 Depoimentos ..................................................................................... 45

3.5.1 A palavra do Terapeuta Ocupacional ................................................ 45

3.5.2 A palavra da Psicóloga...................................................................... 46

3.5.3 A palavra da Assistente Social .......................................................... 47

3.5.4 A palavra da Enfermeira.................................................................... 48

3.5.5 A palavra da Auxiliar de enfermagem ............................................... 49

3.6 DISCUSSÃO ..................................................................................... 49

3.7 PARECER......................................................................................... 53

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO................................................................ 54

CONCLUSÃO.............................................................................................. 55

REFERÊNCIAS ........................................................................................... 56

APÊNDICES................................................................................................ 61

ANEXOS...................................................................................................... 72

INTRODUÇÃO

O tema abordado refere-se a enfermagem inserida no novo contexto em

saúde mental, tendo em vista que os CAPS tem sido eleitos substitutos no

tratamento mental. Tal modificação no modelo de atendimento em

psiquiatria baseia-se principalmente na busca da inclusão do paciente na

sociedade. O modo como a loucura é vista hoje não é a mesma de séculos

anteriores. O enfoque da loucura como doença e da psiquiatria como

especialidade médica é recente na historia da humanidade. O doente

mental era então enclausurados, excluídos do convívio dos iguais, dos ditos

normais, foi então afastado dos produtivos e dos que não ameaçavam a

sociedade. A loucura e o local para seu tratamento sempre existiu, mas as

instituições psiquiátricas é uma construção do século XVIII, quando Phillipe

Pinel fundamenta a alienação mental como sendo um distúrbio das funções

intelectuais, propondo uma nova forma de cuidar a doença mental, com

objetivo de estudá-las e tratá-las. No entanto apesar da criação dos

hospícios continuam as críticas e a ausência da cura da doença. Com a

criação do SUS em sintonia com as Conferências em Saúde Mental que

impulsionaram a humanização aos doentes mentais, ocorreram vários

movimentos com objetivo de melhora na assistência prestada aos doentes

mentais e o fechamento dos leitos manicomiais. Entre esses movimentos

destaca-se o MTSM e o projeto de lei do Deputado Paulo Delgado,

influenciados por movimentos que ocorria na Europa.

Ao longo dos anos a psiquiatria tem cada vez mais ampliando seu

campo de visão, onde o homem passa a ser visto dentro de um contexto

biopsicossocial. O profissional deve estar atento a todas as transformações

ocorridas nesse processo, pois essas mudanças irão facilitar no futuro uma

evolução satisfatória do processo terapêutico. A assistência em saúde

mental deixa então, de ser especifica e passa a ser uma questão ampla,

que envolve a sociedade e diversos profissionais ligados a área da saúde.

A preocupação é consolidar os serviços, mudar o modelo assistencial,

organizar a rede de serviços, capacitar os recursos humanos e a garantia

dos direitos dos usuários.

A pesquisa parte da seguinte questão: de que maneira o enfermeiro

pode contribuir na política atual de saúde mental, sugerindo como hipótese

a capacitação profissional fundamental para a ressocialização dos

pacientes portadores de transtorno mental.

O presente trabalho tem como objetivo descrever como o CAPS

contribui para a ressocialização de portadores de distúrbios mentais,

descrever a evolução da reforma psiquiátrica, verificar os avanços na

enfermagem psiquiátrica e o seu papel no novo contexto em saúde mental,

ressaltar a importância da capacitação da equipe de saúde a respeito das

novas políticas de saúde mental e identificar as dificuldades na inclusão do

paciente psiquiátrico na família e na comunidade. Sendo a ressocialização

uma condição fundamental para sua cura.

Para demonstrar na prática a veracidade da hipótese, foi realizada

pesquisa no Centro de Atenção Psicossocial I na cidade de Lins durante o

mês de agosto e setembro, cujos métodos foram estudo de caso e

observação sistemática e a técnica foi a de entrevista estruturada entrevista

com Terapeuta Ocupacional, Psicóloga, Assistente Social, Enfermeira e

Auxiliar de Enfermagem.

O trabalho foi organizado em três capitulo:

Capitulo I descreve a desinstitucionalização do sistema psiquiátrico,

analisando as mudanças que ocorreram no tratamento psiquiátrico.

Capitulo II são descritas a formação do enfermeiro no Brasil, analisando

a evolução da enfermagem em saúde mental e seu papel.

Capitulo III consiste em descrever e analisar a pesquisa, seus

resultados, discussão, depoimento dos profissionais, a discussão e a

conclusão da pesquisa.

Finalizando segue a proposta de intervenção e consideração finais.

CAPÍTULO I

A DESINSTITUCIONALIZAÇÃO DO SISTEMA PSIQUIÁTRICO

1 EVOLUÇÃO DA PSIQUIATRIA

“A doença mental é tão antiga quanto a raça humana, mas só

recentemente atraiu a atenção dos meios científicos.” (SILVA; PAULA, 1999, p.

54)

Assim, os distúrbios mentais nem sempre foram vistos como doença.

Por muitos anos foram considerados como manifestação dos deuses, às vezes

como possessão demoníaca. Pouco se sabia como lidar com a doença mental

e a medicina com suas concepções mecanicistas, não tinha nenhum preparo

para lidar com tão complexa tarefa. (AREJANO; PADILHA, 2005)

De acordo com Bock; Furtado; Teixeira (2007), conceito de normal e

patológico em psiquiatria é extremamente relativo, o que numa sociedade, num

determinado momento é considerado normal em outro momento histórico pode

ser considerado anormal. O que distingue o normal do patológico é uma

questão de grau e não de natureza, isto é, nos indivíduos normais e nos

anormais existem as mesmas estruturas de personalidade e de conteúdo que,

se mais ou menos ativadas, são responsáveis pelos distúrbios no indivíduo.

A doença mental hoje tem como definição uma resposta desajustada a

fatores de estresse do ambiente interno ou externo, evidenciadas por

pensamento, sentimento ou comportamento não congruentes com as normas

locais e culturais e interferindo no funcionamento social, ocupacional e/ou físico

do indivíduo. (TOWNSEND, 2002)

Em qualquer momento da vida, uma pessoa pode viver uma situação

difícil, um sofrimento intenso, levando a um desajuste emocional. Esse

sofrimento psicológico leva a desadaptação social interferindo assim no

funcionamento social, sendo considerada pela sociedade como anormal,

patológico ou desviante. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2007)

O ser doente vivencia uma situação anormal, a doença física debilita,

humilha e isola. A relação social é afetada, a intimidade é invadida, a relação

com a família se altera. Há, portanto uma relação de desigualdade, pois os

profissionais de saúde têm precisamente o que o paciente não tem: o

conhecimento e o poder de cura. (WALDOW, 2004)

Portanto, o destino do doente mental seguiria paralelo aos do

marginalizados, reclusos em hospitais e reduzidos a larboterapia, campo de

trabalho forçado. Os doentes ainda trabalhavam como serventes de obra,

refeitórios e enfermarias. (AREJANO; PADILHA, 2005)

A segregação dos doentes mentais em hospícios começou no ano de

1537, no hospício Bedlam em Londres. Os maus tratos e a negligência que

reinavam nos primeiros hospícios permaneceram como uma nódoa na história

da humanidade. (SILVA; PAULA, 1999)

O critério de exclusão baseava-se na inadequação do louco à vida

social. O doente mental era visto como marginalizado e era enclausurados.

Sua exclusão visava à preservação dos bens e da segurança dos cidadãos. O

sofredor psíquico era considerado como responsável pelo desenvolvimento da

doença. (AREJANO; PADILHA, 2005)

O tratamento terapêutico da época baseava-se na exclusão do doente

mental e não apresentava efeito positivo, pois não o inseria na sociedade,

isolando-o, permanecendo, assim, o estigma que o doente mental oferecia

risco para comunidade. (STEFANELLI; ARANTES; FUKUDA, 2008)

Somente no século XVIII Philippe Pinel, considerado o pai da psiquiatria,

propõe uma nova forma de tratamento aos loucos, revolucionário no método de

tratamento dos doentes mentais, separou e classificou os diversos tipos de

desvio ou alienação mental que encontrava, com objetivo de estudá-los e tratá-

los. (INSTITUTO 2009)

(...) a loucura não era sistematicamente internada, era vista como pertencente ás quimeras do mundo. Podia viver no meio da sociedade e só seria separada no caso de tornarem extremas e perigosas. É a partir do século XIX que a loucura é

transformada em doença mental pela psiquiatria. (MELMAN, 1992, p. 56)

A proposta terapêutica adotada na época era o trabalho agrícola. Em

1890 foram criadas novas colônias agrícolas devido a superlotação que ocorria

nesses estabelecimentos. Nessa época propunha-se então que doente mental

fosse inserido em uma família, na tentativa de integrar o sofredor psíquico em

uma família. Essa nova prática só levava à exploração de mão de obra gratuita,

tanto para instituição psiquiátrica como pela família. (AREJANO; PADILHA,

2005)

Por muitos anos o doente mental foi submetido a vários tipos de

tratamento que aliviasse seu sofrimento, porém sem muito resultado. Na

década de 30 os tratamentos utilizados eram através de terapia do sono, a

insulinoterapia, a eletroconvulsoterapia e a psicocirurgia. No entanto, tais

terapias, denominadas de terapias somáticas, mostravam-se insuficientes para

resolver os problemas psiquiátricos que necessitavam dos conhecimentos e

técnicas no campo psiquiátrico. (KANTORSKI et al., 2004)

Desde a década de 1950 o desenvolvimento da psicofarmacologia se ampliou de modo a incluir um uso generalizado de medicações antipsicóticas, antidepressivas e ansiolíticas. A pesquisa sobre como essas drogas agiam proporcionou o conhecimento da etiologia de muitos distúrbios psiquiátricos”. (TOWNSEND, 2002, p. 233)

De acordo com Abhud et al., (1998) “no Brasil, até os anos 80, os

doentes também eram isolados da comunidade, reclusos e ocupavam leitos

manicomiais em prolongadas internações Os hospitais psiquiátricos tanto

públicos quanto privados encontravam-se em péssimas condições de

assistência.”

Hospício D. Pedro II, construído em 1852, marco institucional da

psiquiatria no Brasil, destinado a receber pessoas de todo império esgotou sua

lotação após um ano de funcionamento. A partir de 1904, começa a haver

excesso de doentes no hospício, levando à superlotação. (SANTOS; MOTTA,

2006)

Porém, os métodos utilizados no Hospício D. Pedro II não atingiram o

objetivo de tratamento, pois ao invés de promover a alta de seus pacientes, em

tão pouco tempo de funcionamento este hospital já estava superlotado.

(INSTITUTO, 2009)

Logo, devido à necessidade com grande números de doente mental, ocorre um crescimento dos estabelecimentos e leitos psiquiátricos, seguido de superlotação e deterioração dos pavilhões dos hospitais, inviabilizando a separação dos internados segundo sexo, a idade, patologia, o prognostico (crônicos ou agudos). Há a falta de recursos financeiros para manutenção dos hospitais, carência de força de trabalho, enfermagem devidamente qualificada para assistir aos doentes mentais. (KIRSCHBAUM, 1997, p. 22)

Várias tentativas foram tomadas com objetivo de melhorar a assistência

prestada, partindo daí é instalado um inquérito realizado nos principais estados

brasileiros pelo Serviço Nacional de Doença mental (SNDM). Como resultado

foi elaborado a construção de 4.000 leitos nos estados, cujo padrão é o hospital

colônia, pois a situação da atenção psiquiátrica no Brasil era caótica.

(AREJANO; PADILHA, 2005)

Na metade da década de 1970, emergem as críticas da assistência aos serviços de saúde e denúncias de fraude no sistema de financiamento de serviços e denúncias do abandono e maus tratos a que eram submetidos os internados de hospitais psiquiátricos. (TENÓRIO, 2002, p. 6.)

Tendo em vista a ineficiência da assistência em saúde, em 1978 é criado

o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MSTM) que agregava

reivindicações trabalhistas e humanitárias, liderando a luta anti manicomial

baseado no processo de humanização da assistência psiquiátrica. (BRASIL,

2005)

Com a estruturação do Sistema Único de saúde (SUS), a partir de 1990, e com a realização das I e II Conferências Nacionais de saúde Mental (1987 e 1992), impulsionaram a humanização do tratamento dos doentes mentais e com conseqüência o fechamento dos leitos manicomiais. (ABUHAD et al. , 2005, p. 2)

Nessas mudanças a assistência brasileira ainda se mostra lenta em

relação à assistência psiquiátrica. A Organização mundial da Saúde (OMS)

recomenda às nações que invistam em ações de saúde, usando como

argumento o alto custo da doença mental para o progresso produtivo. É a partir

da década de noventa que passa a existir uma preocupação com a

reformulação na atenção ao sofredor psíquico. Essa reformulação pressupõe

uma atenção mais humanizada. (AREJANO; PADILHA, 2005)

No entanto, com a criação do SUS, em sintonia com a constituição de 1988, há a preconização da universalização do acesso aos serviços de saúde, a integralidade da atenção, a equidade e a hierarquização dos serviços, em um contexto descentralizado e municipalizado. incluindo o processo de desospitalização e a garantia dos direitos de cidadania dos doentes mentais, ocorrendo assim a proposta de reabilitação psicossocial. (ANTUNES, QUEIROZ, 2007, p. 3)

A saúde é um direito de todos. A pessoa que está passando por uma

crise e não consegue superá-la sofre um desajuste em sua vida e precisa de

ajuda que lhe possibilite o resgate social e possa dar continuidade em sua vida.

(RODRIGUES, 2008)

Segundo Stefanelli; Arantes; Fukuda (2008): as pessoas acometidas por

transtorno têm direito à assistência competente e humanitária, o olhar passa a

ser direcionado à pessoa, a sua vida cotidiana tornando-se ela o objetivo de

trabalho e não a doença, preparando as para a reintegração social, pois elas

não deixaram de ser cidadão porque vivenciam ou vivenciaram um transtorno

mental.

1.1 Reforma Psiquiátrica

A assistência ao doente mental passou por mudanças na metade do

século XX que determinaram a importância da Reforma Psiquiátrica e o padrão

de novas práticas de assistência ao deficiente mental. (ANTUNES; QUEIROZ,

2007)

Costuma-se pensar que as expressões “reforma” e “psiquiatria”, só se tornaram parceiras recentemente. No entanto, elas andam juntas desde o próprio nascimento da psiquiatria. Sabemos que foram os “reformadores” da revolução francesa que delegaram a Pinel a tarefa de humanizar e dar sentido terapêutico aos hospitais gerais, onde os loucos encontravam-se recolhidos junto com outros marginalizados da sociedade. (TENÓRIO, 2002, p. 2)

A Reforma Psiquiátrica é um conjunto de transformações, no qual as

práticas, saberes e valores se misturam e avançando dia-a-dia marcada por

tensões conflitos e desafios. (BRASIL, 2005)

De acordo com Tenório (2002), a Reforma Psiquiátrica passa por uma

formulação, onde as estratégias são questionadas e há a elaboração de

propostas para transformar o modelo clássico da Reforma Psiquiátrica.

Para Alverga; Dimenstein (2006), apesar dos avanços que a Reforma

Psiquiátrica sofreu , há muito a ser discutido ainda para que haja uma gestão

em saúde mental.

O processo de reforma psiquiátrica inicia-se nos anos 60, como um movimento contestador da perspectiva medicalizante da doença mental envolvendo propostas alternativas em relação aos manicômios. O chamado movimento anti-psiquiátrico percorreu vários países, com o intuito de dissolver a barreira entre assistentes e assistidos; abolir a reclusão e repressão imposto ao paciente e promover a liberdade com responsabilidade dos pacientes. Tais propósitos incluíam, a pratica de discussão em grupo, envolvendo uma postura essencialmente interdisciplinar. (ANTUNES; QUEIROZ; 2007 p.2)

Segundo Tenório (2002), a Reforma Psiquiátrica teve um período

abrangente na metade da década de 1970, mas vale ressaltar que, antes deste

período, a Reforma Psiquiátrica já tinha uma relação com o que iria acontecer,

como por exemplo, as comunidades terapêuticas.

Nos últimos anos, a política nacional de saúde mental tem sido orientada, tal como enfatiza Paiva (2003), na seguinte direção: Trabalha-se com a defesa da reforma psiquiátrica, por ela ser imbuída dos ideais de uma sociedade realmente igualitária e humana, primando pela reinserção social dos excluídos, como são os loucos, baseando-se nos princípios de liberdade, igualdade e fraternidade. Enfim, por uma sociedade livre da opressão, preconceito e ignorância. (PAIVA apud ALVERGA; DIMENSTEIN, 2006, p.3)

Segundo Berlinck; Magtaz; Teixeira (2008), a Reforma Psiquiátrica

Brasileira é um movimento sócio político que está intimamente ligado à

legislação em saúde mental.

Segundo Alverga; Dimenstein (2006), o movimento da reforma

psiquiátrica pela reinserção social é limitado, pois há uma busca pelas

realizações de ideais sem nenhuma crítica radical de um processo que se

desenvolveu sobre a rejeição do doente mental.

De acordo com Antunes; Queiroz (2007), o SUS junto à constituição de

1988, recomenda a universalização dos serviços de saúde e a integralidade da

atenção. Os princípios da Reforma Psiquiátrica incluem a

(des)institucionalização garantindo os direitos do deficiente mental na

sociedade.

De acordo com Alverga; Dimenstein (2006), a Reabilitação Psicossocial

permanece limitada, no que se diz respeito a consciência cidadã, expectativa

que limita a (des)institucionalização manicomial.

Pedro Gabriel Delgado observa que as iniciativas reformadoras prosseguiram ao longo do século XIX, visando agora dar orientação científica aos estabelecimentos especializados. Na virada do século XX, a reforma passou a se orientar pela crítica a insuficiência do asilo, produzindo, por exemplo, o modelo das colônias agrícolas. Também a consolidação da estrutura manicomial do estado na era Vargas deu-se como um ‘desafio reformista’, e o “fugaz movimento da psiquiatria comunitária, entre os anos de 60 e 70 é outra iniciativa do reformismo no campo de saúde mental”, no Brasil. (TENÓRIO, 2002, p.3)

De acordo com Berlinck; Magtaz; Teixeira (2008), a Lei nº 10.708 de 31

de julho 2003 institui o auxílio Reabilitação Psicossocial para Deficientes

Mentais com histórias de internação. Conhecida como “Programa de Volta para

a Casa”, essa lei (des)institucionaliza o paciente e o inclui em programas extra-

hospitalares, existentes na sociedade.

O Brasil passou por movimentos sociais e políticos na Reforma

Psiquiátrica para tentar abolir as práticas que eram utilizadas na psiquiatria. O

Projeto de Lei do Deputado Paulo Delgado fala sobre a extinção do antigo

modelo e propõe outras modalidades de assistência ao portador de deficiência

mental. (ANTUNES; QUEIROZ, 2007)

É importante destacar também a Portaria n. 1.077, de 24 de agosto de 1999, que dispõe sobre a assistência farmacêutica na atenção psiquiátrica e asseguram medicamentos básicos de saúde mental para usuários de serviços ambulatoriais públicos de saúde que disponham de atenção em saúde mental. Representa um aporte efetivo e regular de recursos financeiros para que os estados e municípios mantenham um programa de farmácia básica em saúde mental. (BERLINCK; MAGTAZ; TEIXEIRA, 2008, p.2)

Inspirados no projeto de Lei do Deputado Paulo Delgado, existem oito leis

em vigor pelo Brasil e em todas elas está prevista a (des)institucionalização do

paciente psiquiátrico para Centros de Atenção Psicossocial, dando-lhe o direito

de voltarem para suas casas e serem reinseridas na sociedade. (BERLINK;

MAGTAZ; TEIXEIRA, 2008)

Depois de 12 anos a lei nº 10.216 foi aprovada e sancionada em 06 de abril

de 2006, esta Lei protegendo as pessoas portadoras de doença, proibindo a

construção de novos hospitais psiquiátricos e a internação prolongada de

pessoas com transtornos mentais. Diz ainda que os tratamentos devem ser

realizados em serviços comunitários de saúde mental como os CAPS, as

internações só poderão ser feitas ou realizadas em surto e se o tratamento do

serviço comunitário de saúde não estiver sendo suficiente o bastante para

deixar que ela tenha uma vida em sociedade. (ANTUNES; QUEIROZ, 2007)

1.2 O CAPS como nova modalidades de tratamento

Ao longo dos anos o doente mental foi isolado da comunidade, reclusos

em prolongadas internações. A estruturação do Sistema Único de Saúde

impulsionou a humanização do tratamento e fechamento dos leitos

manicomiais, sendo o CAPS eleito substituto no tratamento de transtorno

mental. (ABHUD et al., 2005)

Na história brasileira, os Movimentos ocorridos a favor da Reforma

Psiquiátrica representaram uma verdadeira revolução. Influenciados pelos

movimentos ocorridos na Europa entre os anos de 1950 e 1960, cujo objetivo

era desospitalização e a melhora na qualidade da assistência prestada ao

paciente com transtorno mental, condenados a descriminação e isolados da

comunidade. (SILVA; SADIGURSKY, 2008)

Na década de 90, trabalhadores de saúde mental mobilizaram familiares

e usuários de serviços psiquiátricos no Brasil e criaram o Movimento de Luta

Antimanicomial. Nesse contexto da polêmica pós-modernidade, a

(des)institucionalização em psiquiatria/saúde mental propunha um novo projeto

terapêutico que englobava a reabilitação da pessoa com sofrimento psíquico.

(COIMBRA et al.,2005)

Nessa mudança asilar, começa a substituição aos leitos psiquiátricos por

outros tipos de serviço. Em 2002 é criado o Programa Nacional de Avaliação

do Sistema Hospitalar Psiquiátrico (PNASH) que descredencia os hospitais

psiquiátricos sem qualidade na assistência. Surgindo então as residências

terapêuticas, lares abrigados ou moradias e ampliação de CAPS e

ambulatórios de saúde mental. (STEFANELLI; ARANTES; FUKUDA, 2008)

Porém a II Conferência Nacional da Saúde mental, marca a participação expressiva dos usuários e seus familiares que não se dá, no entanto, somente nas instâncias previstas pelas estruturas do SUS. É no cotidiano dos serviços da rede de atenção à saúde mental e na militância, nos movimentos sociais, na luta por uma sociedade sem manicômios, de forma geral, que usuários e familiares vêm conseguindo garantir seus direitos, apoiar-se mutuamente e provocar mudanças públicas e na cultura de exclusão do louco na sociedade. Afinal, o grande desafio da Reforma Psiquiátrica é construir um novo lugar social para os loucos. (BRASIL, 2005, p.40)

A pessoa com problema mental necessita de ajuda externa, recursos

físicos, psicossociais, sócio cultural, assim terão mais suporte para resolução

de seus problemas de maneira significativa tendo oportunidade de se

relacionar uns com outros, cuja ajuda tem efeito notável (VIDAL; BANDEIRA;

GONTIJO, 2008)

Ao se propor, hoje, um tratamento que mantenha o paciente na comunidade e faça disso um recurso terapêutico, ao contrario de normalizar o social, propõem-se que é possível ao louco, tal como ele é habitar o social e não asilar de reclusão. (TENÓRIO, 2008, p. 4)

Trabalhos realizados em vários países têm indicado que os pacientes

quando desospitalizados, vivendo em ambiente social e familiar, há

considerável melhora na sua autonomia e qualidade de vida, podendo assim

ser mantidos na comunidade, fazendo parte dela. (VIDAL; BANDEIRA;

GONTIJO, 2008)

Em continuidade aos processos ocorridos na década de 90, o

nascimento do Centro de Atenção Psicossocial - CAPS Professor Luiz da

Rocha Cerqueira, em São Paulo, em 1987, tornou-se uma espécie de exemplo

irradiador de um novo modelo de cuidados para a psiquiatria brasileira.

(MELMAN, 1992)

Os CAPS E NAPS foram criados a partir da portaria 224, que divide o atendimento em saúde mental em dois grandes grupos, o hospitalar e o ambulatorial. O atendimento hospitalar compreende a internação e a semi-internação, esta ultima na forma dos hospitais dias (“recurso intermediário entre a internação e o ambulatório... visando substituir a internação integral... pelo maximo de 45 dias corrido). O atendimento ambulatorial compreender o ambulatório propriamente dito (na acepção tradicional). (TENORIO, 2002, p. 11)

Estes Centros oferecem serviços de atenção diária, cuidados clínicos

aos transtornos mentais e outras atividades de reinserção social como acesso

ao trabalho, lazer, direitos civis e fortalecimento dos laços familiares e sociais.

A equipe é composta por psiquiatras, enfermeiros, auxiliar de enfermagem,

psicólogos, terapeutas ocupacionais, professores de educação física e

assistentes sociais. (STEFANELLI; ARANTES; FUKUDA, 2008)

Os CAPS são regulamentados pela portaria n° 336, de 19 de fevereiro

de 2002 e têm como missão dar atendimento diurno às pessoas com transtorno

mentais severos e persistentes e como objetivo substituir o modelo

hospitalocêntrico favorecendo a cidadania e a inclusão social dos usuários.

(BRASIL, 2002)

Os Caps e Naps são definidos como unidades de saúde locais/regionais que contam com população adscrita nível local e que oferecem atendimento de cuidados intermediários entre regime ambulatorial e a internação hospitalar em um ou dois turnos de quatro horas, por equipe multiprofissional. Pela regulamentação legal, devem oferecer os seguintes atendimentos: individuais; grupos (psicoterapia, grupo operativo, oficina terapêutica, atividades socioterápicas, entre outras); visitas domiciliares; atendimento á família atividade comunitária enfocando a integração do doente mental na comunidade e sua inserção social . (TENORIO, 2002, p. 11)

Entre outras propostas o Estado beneficia os familiares de pacientes

egresso de longa internação em instituições psiquiátricas com o programa “De

volta para casa”, regulamentado pelo decreto nº 10.703/2003, oferecendo-lhes

mensalmente um auxílio-reabilitação. (WAIDAMAN; ELSEN; MOREIRA, 2009)

Porém os CAPS se diferenciam quanto ao tamanho do equipamento, estrutura física, profissionais, diversidade nas atividades terapêuticas e sua especificidade da demanda: criança, adolescente e usuários de álcool, ou drogas, transtorno psicóticos e neuróticos graves. (BRASIL, 2004, p. 22)

Entre as atividades realizadas, inclui atendimento individual ou em

grupos, oficina terapêutica, visitas domiciliares, atendimento à família e

atividades comunitárias. Dessa forma inclui o paciente na comunidade e trocas

de informação, necessária quanto ao seu tratamento e dúvidas existentes.

(BRASIL, 2002)

O CAPS vem se tornando cada vez mais um laboratório de experiências,

lugar de construção de um saber a partir das pessoas que foram rejeitados,

uma forma de tornar o cuidado mais humanizado voltado para o acolhimento

visando a promoção da saúde. (MELMAM,1992)

Os CAPS I oferecem serviço em município de menor porte, com capacidade operacional para atendimento de uma população entre 20.000 a 50.000 habitantes. Estes serviços têm equipe mínima de 9 profissionais, entre eles profissionais do nível médio e superior . Funciona durante os cincos dias úteis da semana, e tem capacidade para acompanhamento de cerca de 240 pessoas por mês (BRASIL, 2005, p. 29)

O atendimento no CAPS ocorre conforme sua especificidade. Nos CAPS

I e II o atendimento é diário e funciona de segunda a sexta das 8 horas ás 18

horas, o CAPS III funciona durante 24 horas e podem oferecer acolhimento

noturno, evitando sua internação psiquiátrica, destinado para adultos com

transtornos mentais severos e persistentes, o CAPS i atendimento para criança

e adolescentes com transtornos mentais e o CAPS ad para usuários com

transtorno decorrentes do uso e dependência de substância como álcool e

outras drogas. (BRASIL, 2004)

A proposta de desinstitucionalização, não é uma tarefa fácil. Para o familiar existem muitas dificuldades em manter o doente mental no domicilio, principalmente pela falta de infra-estrutura comunitária, como serviços alternativos de saúde mental eficientes, falta de orientação quanto a doença mental e formas de relacionamento com portador dessa doença e o desrespeito e preconceito da comunidade em relação ao seu familiar . (WAIDAMAN, 2009, p. 2)

A inclusão do doente mental é um desafio a ser superado. A sociedade

não aceita essa diferença que foge do que é normal, a agressividade, o

isolamento, ouvir e ver o que não é real ainda assusta as pessoas que

convivem com doente mental. (REINALDO; SAEKI, 2004)

“A população, de um modo geral, ainda guarda preconceitos e temores

em relação à loucura, freqüentemente, não colabora com a proposta de

assumir qualquer responsabilidade no tratamento e na reinserção familiar do

paciente.” (ANTUNES, 2007, p. 10)

O paradigma da Reforma Sanitária e Psiquiátrica não comporta um olhar

fragmentado do sujeito e seus serviços oferecem uma forma de atenção mais

complexa, respeitando a subjetividade e seu espaço social. (BRÊDA et al.,

2005)

A família é um elemento imprescindível no cuidado ao paciente que não

pode se visto de forma isolada. Quando bem esclarecida e informada sobre o

que está acontecendo, a família constitui uma ajuda, caso contrário, pode

prejudicar o processo de cuidar. (WALDOW, 2005)

Schrank; Olschowsky (2008, p. 1) descreve: “quando um membro da

família adoece, ocorre mudança no estilo de vida familiar, pois junto a patologia

psiquiátrica vem associado o estigma da doença. A família deve aprender a

lidar com o imaginário e a periculosidade do louco.”

Há uma sobrecarga da família do usuário portador de transtorno mental

referente às conseqüências que afetam o cotidiano desta família. Os gastos

financeiros, a desestruturação da vida familiar, social e profissional, tarefas

extras, convivência com comportamentos impróprios são situações com as

quais a família acaba aprendendo a lidar, mas que causam um grande

desgaste físico, mental e emocional. (MIELKE et al., 2009)

É necessário pensar nas pessoas com transtorno psíquicos em fases

crônicas e investigar se as famílias e a comunidade estão preparadas para

acolhê-las. Há de se ressaltar, novamente, as questões que envolvem a cultura

de um povo, de uma sociedade. É preciso um estudo para averiguar se as

pessoas estão preparadas para acolher aquelas com transtornos mentais, pois

parece que a sociedade ainda não atingiu tal patamar de conhecimentos e

aceitação. (STEFANELLI; ARANTES; FUKUDA, 2008)

O tratamento do paciente crônico representa um dos maiores desafios para as reformas no setor de saúde mental, necessitando intervenção continua para lidar com as deficiências muitas vezes persistentes dos pacientes. A transferência de cuidado dos pacientes do hospital para ambientes menos restritos requer métodos mais efetivos para ajudá-los a lidar com sintomas psiquiátricos e manejar as

exigências sociais e psicológicas da vida comunitária. (VIDAL; BANDEIRA; GONTIJO, 2008, p. 5)

Mesmo em uma família organizada, a pessoa com distúrbios mentais

torna-se muito vulnerável e suscetível às influências externas. É preciso

comunicação aberta na família que produz confiança e ajuda da comunidade,

haja vista, a influência dos fatores biológicos e sociais na saúde mental.

(RODRIGUES, 2008)

Portanto, a falta de intensivo acompanhamento dos pacientes, recursos

insuficientes, a carência de serviços, a falta de integração entre os serviços, a

interrupção da medicação, o déficit de habilidades sociais e cotidianas, a falta

de centros ocupacionais adequados e a ausência de equipe capacitada para

intervenção em crise são fatores que podem prejudicar o processo de

reinserção dos pacientes. (VIDAL, BANDEIRA; GONTIJO, 2008)

Apesar das dificuldades apontadas, a Reforma Psiquiátrica tem

contribuído para os avanços relacionados ao doente mental. E os CAPS vêm

se tornando um novo marco para os paradigmas de cuidado em saúde mental,

mostrando possibilidade de se tornarem viáveis mudanças que proporcionem a

cidadania de seus usuários. (ANTUNES; QUEIROZ, 2007)

“Esse modelo tem como filosofia rever as relações internas do poder a

inclusão do usuário na sociedade.” (ABHUD et al., 2005, p.2)

A reabilitação é entendida como o resgate de um conceito mais positivo

sobre a saúde mental, na qual a pessoa é vista como capaz de agir, decidir,

opinar, sofrer, alegrar-se, enfim, confrontar-se com o estigma de louco incapaz,

concepção que o desvaloriza enquanto cidadão. (MIELKE, 2009)

A reforma psiquiátrica tem muito a crescer e a reinserção do paciente

em seu meio familiar e social é uma condição fundamental para sua cura.

(ANTUNES; QUEIROZ, 2007)

CAPÍTULO II

BREVE HISTÓRICO SOBRE A FORMAÇÃO DA ENFERMAGEM

2 A EVOLUÇÃO DA ENFERMAGEM

A prática dos cuidados é sem dúvida a mais velha prática da história da

humanidade. Desde o início do mundo, as doenças existem e as diversas

pessoas sempre cuidaram, porque é preciso tomar conta da vida para que ela

possa permanecer. (GEOVANINI, 2005)

O Homem tem necessidade de cuidados mesmo antes de nascer, velar,

cuidar, tomar conta. O cuidado é a essência do ser humano, sem ele deixa de

ser humano, é um processo um modo de se relacionar com alguém.

(WALDOW, 2004)

A proteção materna instintiva é, sem duvida, a primeira forma de manifestação do homem, no cuidado ao seu semelhante, pois, mesmo nas épocas nômades quando as crianças eram sacrificadas por atrapalharem as andanças dos grupos em busca de alimentos, muitas foram salvas devido aos cuidados de suas mães. (GEOVANINI, 2005, p.7)

O cuidado então era prestado a quem precisava de ajuda, no início a

doença era vista como castigo ou poder diabólico, o cuidado era prestado de

maneira empírica, por sacerdotes ou feiticeiros, posteriormente o cuidado

passou a ser exercido por religiosas. (AVELLO; GRAU, 2005)

“O cuidado dos enfermos foi uma das muitas formas de caridade

adotada pela igreja e que se conjuga com a história da enfermagem”.

(PADILHA; MANCIA, 2005, p. 1)

O início da enfermagem como profissão surge com Florence Nightingale

nascida na cidade de New Forest, Inglaterra em 1820, descendente de uma

família nobre, pessoa extremamente religiosa, cuja vontade em dedicar-se aos

cuidados dos enfermos. (AVELLO, 2005)

Considerou que o conhecimento e as ações de Enfermagem são diferentes das ações e conhecimento médicos, uma vez que o interesse da Enfermagem está centrada no ser humano sadio ou doente e não na doença e na saúde propriamente ditas. (GEOVANINI, 2005. p. 26)

É com esta filosofia que, Nightingale conseguiu ao prestar cuidados aos

soldados feridos durante a Guerra da Crimeia, tornar-se figura lendária ao

reduzir as taxas de mortalidade dos feridos durante a guerra, o cuidado se

distanciou da intenção religiosa e passou a ter finalidade de controlar, o meio

ambiente do paciente e a vida hospitalar. (TOLEDO; SOARES, 2008)

Até recentemente o cuidado era considerado algo natural de forma

simples, com a industrialização, o aumento da população e das doenças e a

incorporação do médico ao corpo de trabalhadores dos hospitais fizeram com

que o hospital se transformasse em um espaço terapêutico e não mais

caritativo. (GEOVANINI, 2005)

No Brasil poucos nomes se destacaram; porem Ana Néri a primeira enfermeira voluntaria de guerra do Paris, foi considerada até hoje “mãe dos brasileiros” pelo seu trabalho e dedicação. Participou da guerra Curupaiti, Humaitá, assunção e Corrientes. No Rio de Janeiro, foi fundada a primeira Escola de Enfermagem de “alto padrão” com o nome de Ana Néri. (AVELLO, 2005, p.52)

Com a implantação do SUS, houve necessidade de uma nova estrutura

curricular, suscitou uma nova forma de abordar o processo saúde-doença,

fazendo com que o profissional busque conhecimentos científicos para que

ocorra questionamento quanto ao tratamento biológico e psicológico. (SOUZA

et al., 2006)

A enfermagem é uma das categoria mais importantes do cuidado, e também uma ciência cuja essência e especificidade é o cuidado ao ser humano promovendo, protegendo, prevenindo e recuperando da saúde. Poder-se dizer que a enfermagem constitui uma das primeiras disciplinas, senão a única, que alem de estar presente junto ao

ser de forma consistente, tenta incluí-lo em suas ações como objeto e finalidade de seu existir. (WALDOW, 2004, p. 22)

Com o advento de uma teoria de enfermagem, a prática adquire um

novo status e uma nova conduta, o cuidar, portanto, é visualizado sob uma

nova perspectiva, na qual o ser humano é valorizado em sua totalidade. O ser

humano, ou seja o ser cuidado é olhado, ouvido, sentido. (WALDOW, 2004)

Vive-se em um mundo globalizado, onde são inúmeros os recursos

disponíveis, mas essa evolução traz efeitos negativos. A ciência evolui em uma

velocidade incontrolável, está ao mesmo tempo convivendo com o lado

obscuro dessa nova realidade como a miséria, criminalidade e destruição

ambiental. O mundo está doente, pois a mesma globalização que trouxe coisas

boas, também trouxe coisas ruins, gerando sérios problemas de saúde que só

podem ser resolvidos com dedicação, empenho, força de vontade e com amor.

(MALAGUTTI, 2007)

O papel da enfermeira mudou através dos tempos, a sua função é

ampla, atualmente cada vez mais solidifica sua posição no mecanismo da

saúde da pessoa. A enfermeira geralmente é a primeira pessoa que aparece

no atendimento do paciente que entra no sistema de saúde. Seu atendimento

inicial atua em forma interdependente com os outros profissionais. (GUELLER,

1993)

Dessa forma a enfermagem tornou-se tão complexa. É preciso interligar diversas áreas, em que o enfermeiro é o elo de ligação, o pólo facilitador entre a equipe de saúde, facilitando e contribuindo com a multidisciplinaridade da equipe de saúde. (MALAGUTTI, 2007, p.156).

A enfermagem, entre as profissões da área da saúde, tem como

principal objetivo incluir na sociedade o deficiente mental, visto por ela não

como um corpo doente, mas sim como uma pessoa como todas as outras que

precisam de tratamento. (WALDOW, 2004)

Portanto sendo a enfermagem a arte ou função de cuidar dos enfermos, observando a palavra arte percebemos que nos, enfermeiros, somos especiais. Precisamos ser artistas com muita responsabilidade. Trabalhamos com a criação mais perfeita que existe: o ser humano. Frágil, complexo, imprevisível, dinâmico, triste, alegre, inteligente, tímido, saudável, doente, esperto, pensativo, descobridor, amoroso, cruel, entusiasta. Temos que trabalhar e líder com as mais diversas situações. (MALAGUTTI, 2007, p. 155)

Com o surgimento dessa nova concepção de doença a prática médica

voltou-se para o corpo e para a recuperação da saúde, tornando o trabalho de

enfermagem mais importante, pois, o trabalho do médico necessitou do

trabalho da enfermagem para dar conta de organizar o hospital para

possiblilitar a cura. Dessa forma as técnicas, a administração e a disciplina

constituiíram-se em instrumentos de trabalho da enfermagem, tendo suas

gêneses na segunda metade do seculo XIX, na Inglaterra. (GEOVANINI, 2005)

A enfermagem, entre as profissões da área da saúde, tem como

principal objetivo incluir na sociedade o doente mental, visto por ela não como

um corpo doente, mas sim como uma pessoa como todas as outras que

precisam de tratamento. (WALDOW, 2004)

2.1 Evolução da enfermagem na psiquiatria

A enfermagem psiquiátrica vem lado a lado acompanhando toda

evolução da saúde mental durante estes anos. Fica evidente a modificação de

postura da enfermagem para uma abordagem holística, considerando a

individualidade do ser humano e preconizando a humanização ao doente

mental. (VILLELA; SCATENA, 2004)

Graças a evolução que a enfermagem sofreu nestes últimos anos no ramo da saúde mental, podemos afirmar que ela, “enfermagem psiquiátrica”, diferencia-se das demais áreas de atuação, apenas no que tange ao principal objetivo, no caso o

esforço visando a assistência ao doente mental. (SILVA; PAULA, 1999, p. 29)

No século XVIII, a assistência de enfermagem se dava dentro da

perspectiva do tratamento moral de Pinel. Na época o papel atribuído as

enfermeiras era de assistir ao médico de vigilância e manutenção da vida dos

alienados, considerados como ameaçador e sujeitos a reclusão. (VILLELA;

SCATENA, 2004)

Mundialmente a influência Pineliana consolidava e instituía a psiquiatria como especialidade médica prevendo a internação em local especifico o hospício, onde através do isolamento, da vigilância e da disciplina se instituía o tratamento psiquiátrico. (KANTORSKI et al., 2004, p. 409)

Os loucos então eram internados e mantidos em condições precárias. A

enfermagem era exercida pelas irmãs de caridade, por leigos escolhidos entre

os ex pacientes e serventes de hospital. As irmãs de caridades administravam

os hospícios e eram auxiliadas por enfermeiros que utilizavam meios

agressivos de punição e sujeitavam os pacientes a barbaridades. (VILLELA;

SCATENA, 2004)

Esses meios de punição se dava através da suspensão de visitas, redução de alimentos, colete de força, no intuito de manter o paciente obediente, tais procedimentos eram prescrito pelos médicos e aplicados pelos enfermeiros que, em caso de emergência, também podia determiná-los. (SANTOS; CAVALCANTI; ARAUJO, 2003, p.82)

Esses profissionais tinham contato permanente com paciente, sua tarefa

era de vigiar e punir. Violência e agressividade faziam parte de suas tarefas:

amarrar, conter, gritar, ofender, proibir e aplicar medidas terapêuticas

psiquiátricas prescritas. O enfermeiro era o perfeito executor dessas atividades,

obedecendo as ordens da instituição. (SILVEIRA, 1999)

O trabalho de enfermagem na psiquiatria era cercado por preconceito, seja pela atividade insalubre e degradante, a agressividade que caracterizava o doente mental, associado ao trabalho manual e os que procuravam esse tipo de serviço faziam por não conseguir se empregar em outra atividade. Tal situação ocorria por não encontrarem pessoas com habilidades para lidar com doentes mentais. (KIRSCHBAUM, 1997, p. 23)

Tais práticas foram duramente combatidas por Teixeira Brandão,

considerado o primeiro alienista brasileiro, atuava como médico de inúmeras

especialidades, entre elas tratava de moléstias mentais e nervosas.

Preocupado com o atendimento dos alienados que ocorria naquela época, foi o

responsável pela criação da Escola de Enfermagem, através do decreto n° 791

de 27/09/1890, cujo objetivo era preparar os profissionais que atuassem nos

hospícios e hospitais, ficando oficialmente instituído o Ensino de Enfermagem

no Brasil. (SANTOS; CAVALCANTI; ARAUJO, 2008)

No início da assistência prestada aos doentes mentais não ocorria a

preparação para trabalhar em hospitais psiquiátricos. Com o passar do tempo

ocorre uma superlotação e deterioração das instituições que abrigava os

doentes mentais. Com o preconceito formado sobre a psiquiatria falta a mão de

obra qualificada para assistir os doentes mentais. (KIRSCHBAUM,1997)

Com a inauguração do Hospital Pedro II, registro de más condições do

asilo, sendo as irmãs de caridades e os funcionários acusados de negligência e

de não serem capazes de observar sinais e sintomas da doença, os médicos

ascendem o poder e as irmãs se retiram dos Hospitais. (KANTORSKI et al.,

2004)

Com a escassez de pessoal para trabalhar nos asilos, o Governo recorre

às enfermeiras francesas que iniciam o curso do ensino de enfermagem no

Brasil, criando em 27 de setembro de 1890 a escola profissional de

Enfermeiras e Enfermeiros do Hospício de Alienados (Escola Alfredo Pinto). A

partir de então é reconhecido a função do enfermeiro no interior dos hospícios.

(KANTORSKI et al., 2004)

A partir de 1950 as Escolas de Enfermagem mudaram seus programas,

em especial o da enfermagem, os profissionais assumiram seus novos papéis,

nos novos modelos assistenciais levando o enfermeiro a rever o seu

relacionamento com o paciente. (SANTOS; CAVALCANTI; ARAUJO, 2003)

O trabalhador era preparado de duas maneiras, uma por meio de

conteúdo sistematizado que possibilitava a aquisição do saber psiquiátrico

sobre a loucura e suas formas de tratamento, outro pela prática, onde aprendia

a lidar com doente no próprio local de trabalho, o curso visava a formação do

pessoal de enfermagem para atuar nos hospitais psiquiátricos. (KIRSCHBAUM,

1997)

O papel do enfermeiro em saúde mental teve evolução lenta até 1946,

recebendo maior atenção com aprovação da Lei Nacional em Saúde mental. O

enfoque do cuidado não era mais trabalhar para o cliente e sim junto dele.

Peplau foi o principal representante que definiu o papel e a função do

enfermeiro colocando o de conselheiro que é também chamado terapeuta.

(STEFANELLI; ARANTES; FUKUDA, 2008)

Hidelgard Elizabeth Peplau nasceu em 1º de setembro de 1909, em

Reading, na Pensilvânia, sua carreira na Enfermagem teve início em 1931, com

seus estudos em um programa de enfermagem em Pottstown, Pensilvânia.

Entre os anos de 1943 e 1945 compôs o grupo de enfermeiras do Exército dos

Estados Unidos, trabalhando a maior parte desse tempo na Escola Militar de

Neuropsiquiatria da Inglaterra, onde teve a oportunidade de conhecer os

psiquiatras mais importantes do mundo. (ALMEIDA; LOPES; DAMASCENO,

2004)

Muitas vezes o ingresso para trabalhar em hospitais psiquiátricos se dava através de uma oportunidade de alternativa de profissionalização e garantia de sobrevivência. Os motivos que levaram a trabalhar na psiquiatria está relacionado ao contexto social, econômico e cultural não constituía uma escolha profissional mas a possibilidade de obtenção de emprego. Com a criação das escolas de enfermagem esta ocupação adquiriu uma certa valorização social profissionalizante. (KIRSCHBAUM, 1997, p.24)

Na década de 60, a expansão dos centros de Saúde Mental Comunitário

levou os enfermeiros a sair dos hospitais e vivenciar novas experiências.

(SANTOS; CAVALCANTI; ARAUJO, 2003)

A enfermagem tem como objetivo, ainda, o corpo a doença e não o

indivíduo como um todo. Desde os primórdios o ensino da enfermagem está

centrado no modelo asilares predominando o confinamento e isolamento, o

ensino teórico prático continuam sendo predominantemente nos hospitais.

(CHAMMA; FORCELLA, 2001)

Mesmo com a ampliação de seu campo de atuação o enfermeiro ainda

atua em instituição fechada, continua sendo uma assistência asilar, com

escassez de recursos humanos, principalmente na área de enfermagem.

(SANTOS; CAVALCANTI; ARAUJO, 2003)

Analisar o conhecimento do enfermeiro tem sido difícil, a enfermagem

busca em outras áreas, conhecimentos para organizar a sua prática, sendo que

é prevalente a área biológica. Esta busca de conhecimento visa melhorar não

só a qualidade da assistência, mas o prestígio da profissão, que enfrenta um

relativo desprestígio. (FILIZOLA, 1991)

2.2 Papel da enfermagem na psiquiatria

A enfermagem tem papel fundamental para a realização dos cuidados

prestado aos doentes mentais. Com o preconceito formado sobre a psiquiatria e

a falta a mão de obra qualificada para assistir os doentes mentais, surge a

necessidade de profissionalizar a enfermagem a partir de então esta ocupação

adquire certa valorização. (KIRSCHBAUM, 1997)

O processo que permeia a prática da Enfermagem Psiquiátrica implica

capacidade de observação, de amar, habilidade técnica e científica. O

enfermeiro não deve resolver os problemas do paciente, mas deve buscar

solução mais adequada para sua condição, usando de conhecimentos e

habilidades profissionais. (VILLELA; SCATENA, 2004)

O profissional de saúde deve compartilhar seus conhecimentos com os

clientes e os cidadãos contribuindo assim no processo de mudança social,

possibilitando ao doente mental acesso à informação sobre as doenças

transmissíveis, crônicas, doenças mentais facilitando o entendimento sobre

estas patologias. (RUIZ; LIMA; MACHADO, 2004)

A equipe de saúde tem papel fundamental na inserção da família no cuidado do usuário, pois deve buscar potencialidade/criatividade na construção de um ambiente e condições que favorecem a participação familiar. Para isso os profissionais devem acreditar nessa parceria e compreender que esse processo está em constante mudança, ou seja, a inserção familiar não é estável, muito menos fácil. (SCHANK; OLSHOWSKY, 2008, p. 9)

Quando alguém se encontra em situação de inadaptação, procura tentar

resolver os problemas sozinho. Caso não consiga, procura ajuda de alguém

ligado a ela direta por laços de amizade ou familiar ou indiretamente na

sociedade onde vive. A preocupação que surge é de que essa ajuda de pessoas

indiretamente deve ser preparada para atuação em prevenção primária.

(RODRIGUES, 2008)

A enfermagem desempenha papel importante na saúde e na doença

porque atua nos diferentes níveis de prevenção, a primária que tem por objetivo

diminuir a suscetibilidade de pessoas, família e comunidade aos transtornos

mentais; na prevenção secundária detectar precocemente e assistir de forma

imediata as pessoas em situação de crise ou com transtorno mental e na

prevenção terciária reabilitar socialmente e reduzir a incapacidade.

(STEFANELLI; ARANTES; FUKUDA, 2008)

O Brasil vem sofrendo por uma grande transição epidemiológica,

diminuindo o número de mortalidade no geral e aumentando o número de

doenças crônicas degenerativas dentre elas os transtornos mentais, sendo a

educação em saúde um instrumento importante para promoção da saúde. A

educação em saúde para a população só funciona se esta achar importante para

si. Os processos educativos devem ser de forma que envolve o educando e o

educador e a integração de ações inter setoriais. (RUIZ; LIMA; MACHADO,

2004)

A educação para a equipe de enfermagem é importante, se considerar

que a enfermagem é praticada por um grupo heterogêneo, com um exercício

ainda impregnado de empirismo. A capacitação profissional aumenta a bagagem

de conhecimentos do profissional que não termina em momento algum,

melhorando assim o nível de satisfação do funcionário e preparando-o para dar

sua contribuição à sociedade, alcançando os objetivos proposto pela instituição.

(CORREA, 2002)

Na sua prática, a enfermagem deve considerar que o sujeito, após

rotulado como doente mental, é isolado das pessoas a sua volta. O projeto vital

da pessoa após o adoecimento deve ocorrer de maneira que ela consiga a

reordenar a sua vida. O portador de transtorno mental deve deixar de ser

expectador, deve assumir a posição de protagonista conquistando a capacidade

e auto-determinação para reorganizar sua vida. (REINALDO; SAEKI, 2004)

A orientação e o conhecimento sobre essa patologia é fundamental nesse

processo de inclusão, visto que tudo que é desconhecido gera insegurança. Ao

decorrer do tempo a psiquiatria foi pouco divulgado trancava o doente mental e

ali ele era esquecido hoje tem direito como outro cidadão, direito a saúde.

(REINALDO; SAEKI, 2004)

Com a introdução dos tratamentos somáticos, como a insulinoterapia e

outros, foi exigido da enfermagem uma assistência mais qualificada, fazendo

com que sua prática fosse desenvolvida com a utilização de habilidades médicos

cirúrgicas, conferindo caráter científico. (VILLELA; SCATENA, 2004)

Os profissionais do serviço em saúde consideram que o cuidado em

saúde mental deve ser integral, assistindo o usuário em todas as áreas do ser

humano: biopsicossocial e espiritual de forma humanizada, existindo vínculo

entre a equipe e usuário. O cuidado com ser humano é complexo, o vínculo pela

equipe é visto como facilitador no tratamento. (MIELKE et al.,2009)

A reabilitação visa aumentar as habilidades, diminuindo o dano causado

pelo transtorno mental, fazendo com que o doente passe a ser visto como

cidadão com direitos e deveres. Uma das formas de incluí-los socialmente é

através das oficinas terapêuticas, oportunizando os usuários a inter-relação com

os demais participantes, é uma maneira também de incentivar a preparação

para o mercado de trabalho. (MIELKE et al., 2009)

Esse trabalho deve ser feito para que a equipe se torne mais organizada

e ágil, mas o que ocorre é a desunião e desarticulação da equipe

multiprofissional, cada profissional mantém na sua especificidade, isolado na

realização de tarefas, não há planejamento e integração da equipe. A

hegemonia do trabalho médico prevalece como também a deficiência na

comunicação verbal e documental, falta de organização e infra estrutura da

instituição, falta de apoio do órgão gestor, é dado enfoque na realização de

tarefas e não projetos terapêuticos conforme preconizado no CAPS,

necessidade de supervisão institucional. O processo de transformação gera

ansiedade e angústia, o profissional envolvido no CAPS deve estar motivada

para mudanças. (ABUHAD et al., 2005)

É inquestionável que se torne essencial para o profissional de saúde

atender a experiência vivida pelo ser cuidado que a doença ou incapacidade

resulta em um dano (pequeno ou grande, não importa) na autonomia,

integridade, auto-imagem e na capacidade de se relacionar com os demais.

(WALDOW, 2004)

As ações em conjunto dos profissionais, a família e a comunidade darão novos frutos para psiquiatria a reabilitação é um avanço dos portadores de sofrimento psiquiátrico que foi reconhecido como cidadão, pois atrás de um louco ameaçador, há um ser humano. (WALDOW, 2004, p. 22)

O ponto crucial da enfermagem psiquiátrica são as relações interpessoais

desenvolvidas entre clientes, familiares e profissionais da área da saúde. Torna

se necessário que o enfermeiro adquira na graduação o interesse pela área de

qualificação posterior, com o foco voltado para a promoção e manutenção da

saúde mental. (STEFANELLI; ARANTES; FUKUDA, 2008)

Falar em doença implica pensar na cura, na prevenção, na promoção da

saúde mental, pensar no homem na sua totalidade. Como cidadão é preciso

compreender que a saúde mental é, além de uma questão psicológica, uma

questão política e que interessa a todos os que estão comprometidos com a

vida. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2008)

Na psiquiatria preventiva uma equipe multiprofissional e interdisciplinar é

importante. A intervenção de enfermagem na situação da pessoa em crise utiliza

como instrumento sua própria pessoa na relação de ajuda a escura terapêutica,

estimulando o paciente a se expressar verbalmente, ajudando a encontrar seus

próprios caminhos. (RODRIGUES, 2008)

Para as doenças de origem social como a droga o alcoolismo, a

psiquiatria, as condições de mal estar dos idosos e dos deficientes, a palavra de

ordem recorrente por parte de estudiosos é a prevenção e ,em muitos casos, o

verdadeiro remédio. Quando possível deve-se evitar os sofrimentos e as

doenças. (MALAGUTTI, 2007)

No Brasil as doenças mentais são as que apresentam maior custo

hospitalar. O serviço de saúde mental na comunidade dá ênfase na prevenção,

reduzindo assim o número, a freqüência e seqüelas que podem resultar desses

transtornos, incluindo não só o indivíduo, mas a sociedade. Esse movimento tem

disparado o interesse das autoridades governamentais, apoio e incentivo da

OMS. (RODRIGUES, 2008)

O movimento preventivo está baseado em dois pressupostos fundamental. O primeiro diz respeito ao fato de que muitos transtornos mentais resultam da inadaptação ou do desajuste das pessoas às situações da vida. O segundo sustenta que, alterando o equilíbrio de forças, se fazem possíveis a adaptação e o ajuste sadios (RODRIGUES, 2008, p.17)

Dentre os fatores que influenciam o enfermeiro está a base que é o prazer

pelo cuidar do outro, o que justifica, muitas vezes, a sua permanência na

profissão, mesmo que ainda há fatores desestimulantes como a ausência de um

trabalho bem planejado, dificuldade de relacionamento e complexidade do

sistema. (TOLEDO; SOARES, 2008)

Para tanto, é necessário que as reuniões técnicas diárias auxiliem na

reflexão da equipe sobre se e obre o trabalho, pois propicia um momento de

crescimento da equipe com a participação de todos, na medida em que mostra o

caminho para as tomadas de decisões. O problema é que há falta de

organização no trabalho. O processo de transformação gera ansiedade e

angústia, o profissional envolvido no CAPS deve estar motivado para mudanças.

(ABUHAB, et al., 2005)

A ausência de uma filosofia no serviço de enfermagem, de um trabalho planejado. A enfermagem é exercida de forma heterogênea, conseqüência da divisão técnica e social do trabalho, o que leva a uma indefinição de papéis, bem como à dificuldade no relacionamento entre equipe”. (TOLEDO; SOARES, 2008, p. 216)

O profissional de enfermagem de todos os níveis possuem dificuldade de

cuidar de pacientes que apresentem qualquer tipo de alteração de

comportamento, alguns profissionais ainda rejeitam, repulsam e discriminam o

paciente esquecendo dos direitos humanos, exerce um poder perverso,

sonegando informação e orientação que poderia ajudar no processo de

recuperação. Tais condutas dificultam a recuperação do doente. (CHAMMA;

FORCELLA, 2001)

Hoje se vive em um mundo de reconstrução da assistência prestada aos

doentes mentais, esta é a oportunidade de redirecionar nossa prática, mudar o

nosso modo de pensar e agir sobre a loucura. (SILVEIRA, 1999)

Comentários inadequados denigrem a imagem do profissional e da profissão. Muitas vezes o profissional utiliza de linguagens técnicas incompreensível, a relação e permeada por mutismo, provoca retrocesso na recuperação. De fato não se da tanta atenção ao efeito que os nossos pensamentos, palavras e ações provocam na vida das pessoas. (CHAMMA; FORCELLA, 2001, p. 2)

Para a enfermagem realizar suas funções, deve-se usar de percepção e

observação, formular interpretações válidas, delinear campo de ação com

tomada de decisão, planejar a assistência, avaliar as condutas e o

desenvolvimento de enfermagem oferecer uma intervenção terapêutica, buscar

por meio de instrumentos e ações que possibilita reabilitar. (VILLELA;

SCATENA, 2004)

Princípios da Enfermagem Psiquiátrica: o paciente deve ser assistido com visão holística, na assistência de Enfermagem será focado sobretudo as qualidades e recursos do paciente, o paciente é único e deve ser assistido com dignidade, todos pacientes devem ser assistido com compreensão e empatia, proporcionando condições para um relacionamento eficaz, todo comportamento do paciente tem uma única proposta e visa comunicar uma mensagem. (CORREA, 2002, p. 16)

De acordo com Chamma; Forcella (2001), a luta antimanicomial é

caracterizada pela defesa de tratamento mais eficiente que possibilita a

reinserção do individuo com transtorno psíquico na sociedade, mantendo seus

vínculo pessoais, com uma vida sem preconceitos. Assim o profissional de

enfermagem ganha novos desafios. Desempenha papel importante, à medida

em que participa na consolidação do novo modelo de atendimento psiquiátrico e

tenta aumentar os laços sociais e a rede de apoio ao usuário. No dia-a-dia, a

enfermagem deve estabelecer com os usuários novos vínculos e oferecer,

especialmente, acolhimento.

Embora o enfermeiro seja imprescindível para uma assistência de

qualidade ao doente mental, observa-se a indefinição de seu papel, ainda que

aponte que é o de agente terapêutico, leva o trabalho ativo do enfermeiro

centrado nas atividades burocráticas, triagem e controle de medicamentos.

(CORREA, 2002)

Contribuem também para a indefinição do papel do enfermeiro a sua

inserção no mercado de trabalho sem treinamento formal ou informal e regular

para a área de saúde mental; a carga exaustiva; o baixo salário e a vinculação a

várias áreas; a falta de qualificação e especialização. (SANTOS; CAVALCANTI;

ARAUJO, 2003)

O processo da Reforma Psiquiátrica necessita de enfermeiros preparados

para atuarem como agentes terapêuticos, assim ficam mais próximas do

paciente, incluindo também outros profissionais para que obtenha um bom

relacionamento. (SANTOS; CAVALCANTI; ARAUJO, 2003)

CAPÍTULO III A PESQUISA 3 INTRODUÇÃO

O tema abordado refere-se à enfermagem inserida no novo contexto em

saúde mental, em cujo contexto está o doente mental, que ao longo dos anos

foi excluído e marginalizado. Com as mudanças na Reforma psiquiátrica, a

criação do SUS e o surgimento dos CAPS, surgem novas formas de abordar a

loucura. Para demonstrar que a Enfermagem capacitada contribui para a

ressocialização dos pacientes portadores de transtornos mentais,

desempenhando seu papel com competência e habilidade, visando assistência

com qualidade, assim refletindo o benefício ao próprio paciente além da

satisfação profissional, após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética e

pesquisa – protocolo nº 252 foi realizada uma pesquisa de campo no CAPS I,

na cidade de Lins, no período de agosto a setembro de 2009.

3.1 Métodos

O estudo de caso foi realizou-se no CAPS I, localizado no centro da

cidade de Lins – SP, durante os meses de agosto e setembro. Analisou-se o

processo de desospitalização, a evolução da psiquiatria e os avanços da

enfermagem em saúde mental e as contribuições que trouxeram para a

ressocialização de portadores de distúrbios mentais. Também observou-se

toda organização que envolvia o cotidiano do paciente com a patologia em

questão.

Para tanto, realizou-se entrevistas estruturada com uma psicóloga, uma

enfermeira que ocupa dois cargos, assstencial e administrativo, uma auxiliar de

enfermagem, um terapeuta ocupacional e uma assistente social. O médico

psiquiatra não foi entrevistado, pois o mesmo não se encontrava na unidade,

no período da realização da pesquisa. Todos foram informados previamente

sobre os procedimentos do estudo, consentindo por escrito sua participação no

mesmo. Na entrevista buscou-se caracterizar a maneira que os profissionais de

saúde atuam junto ao doente mental, bem como seus conhecimentos e

dificuldades.

3.2 Técnicas Técnicas utilizadas foram às seguintes:

Roteiro de Estudo de Caso (Apêndice A)

Roteiro de Observação Sistemática (Apêndice B)

Roteiro de Entrevista com Médico (Apêndice C)

Roteiro de entrevista com Terapeuta Ocupacional (Apêndice D)

Roteiro de entrevista com Psicólogo (Apêndice E)

Roteiro de entrevista com Assistente Social (Apêndice F)

Roteiro de entrevista para Enfermeiro (Apêndice G)

Roteiro de entrevista par Auxiliar de Enfermagem (Apêndice H)

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ANEXO A)

3.3 Caracterização do local da pesquisa e observação sistemática. O CAPS I localiza-se na rua Olavo Bilac, 824, na região central de Lins.

Funciona durante os cincos dias úteis da semana, no período diurno e

vespertino. O CAPS em Lins surgiu em março de 2003, cuja equipe de trabalho

conta com o número mínimo exigido. Possui como clientela, adultos com

transtornos mentais severos e persistentes. A estrutura do CAPS é anexa ao

Ambulatório de Saúde Mental e à Secretaria Municipal de Saúde. Fisicamente,

o CAPS possui na entrada a recepção, uma farmácia para preparado e

distribuição da medicação aos usuários do CAPS, uma sala de atendimento do

terapeuta ocupacional para realização de atividades individuais ou em grupos,

uma sala para assistente social, os consultórios dos médicos psicólogos e

psiquiatra, uma cozinha terapêutica e uma sala de arquivos dos prontuários

dos pacientes. A equipe multiprofissional conta com a participação de uma

enfermeira, um psiquiatra, uma psicóloga, uma assistente social, um terapeuta

ocupacional, uma farmacêutica, uma auxiliar de enfermagem, duas auxiliares

de farmácia, duas recepcionistas e um auxiliar de serviços gerais.

3.4 Descrição do funcionamento do CAPS I O paciente encaminhado pelo médico clínico, primeiramente passa por

uma triagem com um técnico (T.O, enfermeira etc) de plantão. Abre-se através

de anamnese, cujo objetivo é observar os principais sinais e sintomas.Esse

primeiro contato sempre ocorre com a participação da família,

espontaneamente, por convocação ou visita familiar.

Fazem parte dos programas do CAPS atividades ocupacionais,

orientações, familiar e medicamentosa, atendimento em grupo e individual,

triagem dos usuários sob a responsabilidade de um enfermeiro que, após esse

procedimento, encaminha o doente mental para cada especialidade como

psicólogo, a assistente social ou psiquiatra.

Quando ocorre abandono do tratamento, é feito uma busca ativa por

meio de telefone e visita domiciliar. Caso ocorra a recusa de retornar ao

tratamento no CAPS pro parte do paciente é realizada a observação do mesmo

no momento da entrega de medicamentos, que geralmente é realizada

mensalmente.

3.5 Depoimento dos profissionais

Participaram como entrevistados os seguintes profissionais: uma

psicóloga, uma enfermeira, uma auxiliar de enfermagem, um T.O e uma

assistente social.

3.5.1 A palavra do terapeuta ocupacional.

É do sexo masculino, 49 anos, reside na cidade de Lins-SP, tem como

experiência profissional a docência em T.O, atualmente trabalha no CAPS I e

está formado há vinte e cinco anos.

A respeito da Reforma Psiquiátrica relatou tratar-se de uma mudança

que reflete a passagem do enfoque hospitalocêntrico, que para o profissional é

extra – hospitalar. Quando questionado sobre como o CAPS pode contribuir

para a melhora do doente mental, disse que o CAPS contribui com o

tratamento interdisciplinar junto aos recursos comunitários. A respeito da

capacitação em saúde mental, relatou freqüentar cursos de capacitação, sendo

que os mesmos são procurados pelo próprio profissional. Segundo o mesmo

as dificuldades encontradas no CAPS são a falta de reuniões e a falta de

recursos humanos.

A respeito do papel da enfermagem, o profissional limitou-se a apontar o

trabalho da enfermagem em uma abordagem clínica com os doentes mentais.

“A enfermagem contribui com os cuidados clínicos,

acompanhamento e administração dos

medicamentos.” (T.O).

“Há falta de interação e reuniões para discussão de

casos com a equipe.” (T.O)

3.5.2 A palavra da Psicóloga.

É do sexo feminino, 54 anos, reside em Lins-SP, tem como experiência

profissional atendimento em consultório e hospital, atualmente trabalha no

CAPS I e está formada há vinte e três anos.

Relatou que a Reforma Psiquiátrica é um novo olhar para doente mental,

com uma assistência extra – hospitalar. Segundo a mesma o CAPS pode

contribuir com o não – isolamento de uma internação estimulando a inserção

social. Ainda refere ter treinamento de como se trabalhar dentro de um CAPS

sem relatar quais são. Quanto às dificuldades encontradas em seu trabalho no

CAPS, relata que há divergências na prática e no foco dos problemas

assistidos.

Para ela a enfermagem tem o papel de acompanhamento, tanto na

medicação quanto nos trabalhos em grupo.

“Acompanhar a administração de medicamentos,

em grupos, trabalhar a conscientização e

finalidades dos remédios prescritos.” (Psicóloga).

“Divergências na prática e no foco dos problemas

assistidos que envolvem sempre: os técnicos,

usuários, familiares e comunidade.” (Psicóloga).

3.5.3 A palavra da Assistente Social

É do sexo feminino, 51 anos, assistente social, formada há 25 anos, não

possui especialização, residente na cidade de Lins.

Para ela a Reforma Psiquiátrica consiste em propor um novo espaço

para o doente mental, com objetivo de dar qualidade na assistência,

reinserindo o paciente na sociedade, diminuindo assim o preconceito ainda

existente. Ainda argumenta que o CAPS tem como função recuperar o

portador de doença mental, sendo formado por uma equipe composta por

profissionais qualificados. Afirma ainda ter participado de treinamento para

trabalhar com o doente mental no CAPS, por ser um trabalho diferenciado.

Segundo ela, o que dificulta o trabalho no CAPS é a estrutura física que não é

adequada, portanto não oferece conforto e qualidade no tratamento ao

paciente.

Quando questionada sobre o papel da enfermagem no contexto do

CAPS, responde que a enfermagem está inserida em uma equipe

multiprofissional e que sua contribuição no tratamento do doente mental no

contexto CAPS está em:

“Avaliar sua atuação, cada equipe tem suas diretrizes e

todas devem estar coesas em sua linha de atuação dentro

desta equipe” (assistente social)

3.5.4 A palavra da Enfermeira

É do sexo feminino 51 anos, enfermeira, possui especialização em

Gestão em saúde mental, formada há 25 anos com experiências anteriores em

hospitais psiquiátricos, ocupando atualmente cargo de enfermeira e diretora,

residente na cidade de Lins.

Relata que o movimento da Reforma psiquiátrica consiste em um avanço

ao atendimento de transtorno mental, o que modifica um atendimento que

consistia em asilar o doente mental sendo amparado através de portarias e

subsidiado financeiramente. Ainda afirma que o CAPS contribui com

atendimento multiprofissional com objetivo de inserir o usuário na sociedade

com a participação da família. A mesma ainda descreve que não recebeu

nenhum treinamento ou capacitação para trabalhar com doente mental no

CAPS, e que a falta de recursos humanos, falta de transporte (coletivo) para os

usuários, o estigma da doença e a demanda excessiva são algumas das

dificuldades encontradas para trabalhar no CAPS.

Com relação à enfermagem afirma que esta tem o papel específico de

supervisionar a equipe e os procedimentos, contribuindo para o tratamento do

doente mental no contexto do CAPS. Porém, para ela, esse profissional não

está preparado para esse novo contexto de política em saúde mental. Quanto à

sua função dentro dessa equipe multiprofissional, diz:

“Como terapeuta, participando de grupos de orientação e

operativos” (enfermeira)

Ressaltando, porém que o profissional de enfermagem não está

preparado para este novo contexto de política em saúde mental, respondendo

o seguinte:

“A faculdade dá pouca ênfase ao atendimento em saúde

mental” (enfermeira)

3.5.5 A palavra do auxiliar de enfermagem É do sexo feminino 43 anos, auxiliar de enfermagem, formada há 16

anos, residente na cidade de Lins.

Relata que a Reforma Psiquiátrica é um avanço para os portadores de

transtorno mental, que atualmente seu tratamento é feito em ambulatórios não

asilando mais. Afirma que o CAPS veio contribuir para a melhora do indivíduo

portador de doença mental, oferecendo seus serviços através de uma equipe

multiprofissional.

Afirma, porém que não recebeu nenhum treinamento para trabalhar no

CAPS.

“Apenas orientações da enfermeira chefe” (auxiliar de

enfermagem)

Também descreve a falta de recursos humanos, estrutura funcional,

recursos físicos e de capacitação o que dificulta o trabalho com doente mental

no contexto CAPS e que a enfermagem contribui no tratamento deste através

de observação, monitoração dos grupos e auxílio na administração de

medicamentos.

E que o papel do auxiliar de enfermagem é:

“Anotações no prontuário, participação na equipe

multiprofissional, administração medicamentosa,

acompanhamento a outros CAPS quando transferido e

orientação quanto às medicações: quantidade e horário”

(auxiliar de enfermagem).

3.6 Discussão

A análise dos dados permitiu observar que todos os profissionais

possuem conhecimento a respeito da Reforma Psiquiátrica e do principal

objetivo do CAPS, como local para a reintegração social e não asilando do

doente mental. No entanto, a concepção de Reforma Psiquiátrica limita-se à

ascensão de uma nova política de atenção em saúde mental, mas não em

relação ao aspecto humano e ideológico do mesmo.

De acordo com Tenório (2002), a Reforma Psiquiátrica passa por uma

formulação, onde as estratégias são questionadas e há a elaboração de

propostas para transformar o modelo clássico da Reforma Psiquiátrica.

Segundo Queiroz; Antunes; (2007, p.2) o processo de reforma psiquiátrica

[...] envolve propostas alternativas em relação aos manicômios [...] com o intuito

de dissolver a barreira entre assistentes e assistidos, abolir a reclusão e

repressão imposta ao paciente e promover a liberdade com responsabilidade

dos pacientes.

“Processo de desospitalização é a garantia dos direitos de cidadania dos

doentes mentais, ocorrendo assim a proposta de reabilitação psicossocial”.

(ANTUNES, QUEIROZ, 2007, p. 3).

Com a estruturação do Sistema único de saúde impulsionaram a

humanização do tratamento e fechamento dos leitos manicomiais, sendo o

CAPS eleito substituto no tratamento de transtorno mental. (ABHUD et al.,

2005).

Através da análise das respostas foi possível observar que os

profissionais em questão, não possuem treinamento ou capacitação profissional

para trabalhar na área da saúde mental/CAPS, dificultando assim o tratamento.

Pode se observar que todos profissionais relatam que a trabalho em

equipe é feito de forma multiprofissional não ocorrendo a interdisciplinaridade,

importantíssimo na psiquiatria preventiva segundo Rodrigues (2008).

Apontam ainda dificuldades como ausência de reuniões e falta de

organização no trabalho, apesar de serem unânimes em reconhecerem a sua

importância na reflexão sobre o trabalho para o crescimento da equipe.

As reuniões técnicas diárias auxiliam na reflexão da equipe sobre o

trabalho, momento de crescimento da equipe com a participação de todos.

Aponta as dificuldades é que as reuniões diárias não ocorrem como

preconizado, a falta de organização no trabalho. (ABUHAB, et al., 2005).

Segundo Queiroz; Antunes (2007, p. 2) “tais propósitos incluíam a prática

de discussão em grupo, envolvendo uma postura essencialmente

interdisciplinar”.

Esse trabalho deve ser feito para que a equipe se torne mais organizada

e ágil, mas o que ocorre não é a união e articulação da equipe multiprofissional,

cada profissional se mantém na sua especificidade, isolado na realização de

tarefas, não havendo planejamento e integração da equipe a hegemônica do

trabalho médico, prevalecendo a deficiência na comunicação verbal e

documental. (ABUHAD et al., 2005).

Verifica-se ainda nos depoimentos, a falta de recursos físicos e recursos

humanos prejudicando o tratamento desmotivando o profissional.

De acordo com Vidal; Bandeira; Gontijo (2008) a falta de intensivo

acompanhamento dos pacientes, recursos insuficientes, a carência de serviços,

a falta de integração entre os serviços, a interrupção da medicação, o déficit de

habilidades sociais e cotidianas, a falta de centros ocupacionais adequados e a

ausência de equipe capacitada para intervenção em crise são fatores que

podem prejudicar o processo de reinserção dos pacientes.

Segundo Abuhad et al. (2005) [...] falta de organização e infra estrutura

da instituição, falta apoio do órgão gestor, maior enfoque a realização de tarefas

e não projetos terapêuticos conforme preconizado no CAPS, necessidade de

supervisão institucional. O processo de transformação gera ansiedade e

angústia, o profissional envolvido no CAPS deve estar motivado para mudanças.

Observou-se que o papel da enfermagem não é bem definido nos relatos,

para os entrevistados suas ações são centradas nos procedimentos. Tal fato é

corroborado pela literatura. Segundo Correa (2002) a indefinição do papel

desses profissionais, ainda que aponte que é de agente terapêutico, centra,

ainda, em atividades burocráticas, triagem e controle de medicamentos.

Por cuidado, tradicionalmente conheciam-se e desempenhava-se técnica

e procedimentos, a preocupação com o desempenho das ações e não com o ser

humano. A enfermagem não cuidava e sim realizava ações, procedimentos,

tendo sua prática centrada em tarefas. (WALDOW, 2004).

No entanto ainda que pautada no modelo tecnicista houve grandes

transformações no papel da enfermagem psiquiátrica, surgindo novos desafios.

O paciente deve ser assistido com uma visão holística assim redirecionando a

prática da enfermagem.

De acordo com Stefanelli; Arantes; Fukuda (2008) a enfermagem

desempenha papel importante na saúde e na doença, porque atua em diferentes

níveis de prevenção, na primária que tem por objetivo a diminuição da

suscetibilidade de pessoas, família e comunidade aos transtornos mentais, na

prevenção secundária a detecção precoce e assistência imediata à pessoas em

situação de crise ou com transtorno mental e na prevenção terciária, a

reabilitação social, redução da incapacidade e a reabilitação do cliente.

Alguns trabalhos como os de Vilela e Scatena (2004) tem demonstrado

uma modificação de postura da enfermagem para uma abordagem holística,

considerando a individualidade do ser humano e preconizando a humanização

do doente mental.

Nesse sentido, a enfermeira da unidade refere que os acadêmicos de

enfermagem não são preparados para exercer o papel supracitado.

Segundo Santos; Cavalcanti; Araújo (2003) os profissionais são inseridos

no mercado de trabalho, em sua grande maioria sem treinamento formal ou

informal e regular para atuar na área de saúde mental, a carga exaustiva,

acrescida dos baixos salários, a vinculação das enfermeiras em várias áreas, a

falta de qualificação e especialização dos profissionais, dificultando assim a

definição de seu papel. (SANTOS; CAVALCANTI; ARAUJO, 2003)

Quando alguém se encontra em situação de inadaptação procura tentar

resolver o problema sozinho, se não consegue procura ajuda de alguém ligado a

ela direta por laços de amizade ou familiar ou indiretamente na sociedade onde

vive. A preocupação que surge é a de que essa ajuda de pessoas indiretamente

deve ser voltada para atuação em prevenção primaria. (RODRIGUES, 2008)

Segundo Correa (2002) a educação para a equipe de enfermagem é

importante, se considerarmos que a enfermagem é praticada por um grupo

heterogêneo, com um exercício ainda impregnado de empirismo. A capacitação

profissional aumenta a bagagem de conhecimentos do profissional que não

termina em momento algum, melhorando assim o nível de satisfação do

funcionário e preparando-o para dar sua contribuição à sociedade, alcançando

os objetivos propostos pela instituição. (CORREA, 2002)

De acordo com Souza et al. (2006) cabe ao profissional uma busca

constante de conhecimentos científicos, para que ocorra questionamento quanto

ao tratamento biológico e psicológico, mas para que isso ocorra é necessário

conteúdo e conhecimento profissional.

Os profissionais de saúde devem educar em todos os momentos, e ter um

compromisso com a saúde de todos. (KAWAMOTO; SANTOS, 1995)

3.7 Parecer Após análise dos dados, pôde-se verificar a visão dos profissionais desta

equipe de saúde não só sobre a Reforma Psiquiátrica, mas também sobre o

papel do enfermeiro neste processo.

Diante dos dados coletados, é possível inferir que apesar de os

profissionais conhecerem a importância da equipe interdisciplinar, o enfermeiro

neste caso, é ainda referido como um profissional com funções tecnicistas e

burocráticas.

Assim, destaca-se a importância da enfermagem no processo de

reintegração social.

PROPOSTA DE INTERVENÇÃO Após a realização deste estudo, evidenciou-se a importância do trabalho

da enfermagem e a dificuldade da equipe em implementar a Reforma

Psiquiátrica efetivamente. No entanto, observa-se que a equipe possui

conhecimentos técnicos-científicos que podem ser potencializados e melhor

aproveitados.

Para que isto ocorra faz-se necessário uma ênfase em treinamentos

específicos com assuntos da área.

Diante da dificuldade em relação a recursos materiais e humanos

propõem-se uma parceria com as faculdades para realização de educação

continuada dos profissionais.

Conclusão

Após a realização da pesquisa, foi possível compreender melhor o

processo da Reforma Psiquiátrica, pois na atualidade os hospitais psiquiátricos

são substituídos por serviços de caráter extra hospitalar e a formação de

recursos humanos em saúde mental no Brasil.

Os resultados analisados nesta pesquisa demonstraram que o trabalho

em equipe poderia ocorrer de forma mais articulado com outras

especialidades, ocorrendo, porém um feedback, possibilitando a construção de

conhecimentos teóricos e práticos entre a equipe, surgindo nova proposta em

relação aos trabalhos realizados e essa proposta concretizar-se-á através de

parceria entre a equipe.

Acreditamos, porém que um maior investimento em recursos humanos e

físicos contribuiria para um trabalho mais organizado.

A pergunta problema e a hipótese evidenciaram que por meio de uma

qualificação adequada o profissional de enfermagem na área de saúde mental

pode contribuir para a assistência com qualidade visando a reinserção social,

ocorrendo um maior conhecimento da doença mental, diminuindo assim o

estigma formado sobre a psiquiatria. A busca desse conhecimento mostra um

comprometimento e responsabilidade da enfermagem.

Entendemos que o trabalho da enfermagem na saúde mental poderia

ocorrer de forma sistemática e contínua fazendo com que a reinserção do

indivíduo com sofrimento mental na sociedade e o resgate da sua cidadania se

torne uma realidade.

Propõe-se ainda que seja dada continuidade à pesquisa aprofundando o

tema abordado, pois o assunto não se esgota sendo complexo e pouco

explorado, o que contribuiria para o aprimoramento dos conhecimentos na

área de atuação e, especificamente, na saúde mental.

REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Roteiro de Estudo de Caso

1. INTRODUÇÃO

O principal objetivo do estudo de caso será analisar se os profissionais do CAPS

estão preparados para a nova política de saúde mental. Os métodos e técnicas

utilizados para a pesquisa serão descritos, assim como também serão descritos

as facilidades e dificuldades da pesquisa em campo.

Relato do trabalho realizado referente ao assunto estudado

a) Será realizado um estudo que se caracteriza como descritivo, utilizando o

método de Estudo de Caso, Observação Sistemática, utilizando a técnica

de entrevista estruturada.

b) O depoimento será analisado através de entrevistados estruturados com

os seguintes profissionais: enfermeira, auxiliar de enfermagem, médico

psiquiatra, terapeuta ocupacional, psicóloga e assistente social.

Discussão

Através da pesquisa das pesquisas será confrontada a teoria conforme os

estudos e pesquisas exploratórias realizadas e a pratica utilizada no Centro de

Atenção Psicossocial.

Parecer final sobre o caso e sugestão sobre a manutenção ou modificação

de procedimentos.

APÊNDICE B – Roteiro de observação sistemática

RELATÓRIO DE VISITA I Local da realização da pesquisa:

Endereço: R: Olavo Bilac nº. 824

Data: 10/02/2008

Horário: 09h00min

II Aspectos Observados:

Serão observados atuação e comportamento dos profissionais em relação às novas políticas de saúde mental.

APÊNDICE C – Roteiro de entrevista com Médico

I IDENTIFICAÇÃO

Profissão, Função, Cargo:

Sexo:

Data de Nascimento:

Grau de escolaridade (títulos, especialização):

Quanto tempo atua na profissão:

Experiências anteriores

Residência (cidade): Estado: II PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1- Para você em que consiste o movimento de Reforma Psiquiátrica? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

............................................................................................................................................

2- Como você acha que o CAPS pode contribuir para a melhora do indivíduo portador de doença mental?

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

3- Você teve algum treinamento a respeito de como é o trabalho com o doente

mental num CAPS? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

............................................................................................................................................

4- Quais são as dificuldades encontradas por você no trabalho com o doente

mental no contexto do CAPS? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

5- De que maneira você acha que a enfermagem pode contribuir no tratamento do doente mental no contexto do CAPS?

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

APÊNDICE D – Roteiro de entrevista com Terapeuta Ocupacional

I IDENTIFICAÇÃO

Profissão, Função, Cargo:

Sexo:

Data de Nascimento:

Grau de escolaridade (títulos, especialização):

Quanto tempo atua na profissão:

Experiências anteriores

Residência (cidade): Estado: II PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1- Para você em que consiste o movimento de Reforma Psiquiátrica? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

2- Como você acha que o CAPS pode contribuir para a melhora do indivíduo portador de doença mental?

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

3- Você teve algum treinamento a respeito de como é o trabalho com o doente mental num CAPS?

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

4- Quais são as dificuldades encontradas por você no trabalho com o doente

mental no contexto do CAPS? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

5- De que maneira você acha que a enfermagem pode contribuir no

tratamento do doente mental no contexto do CAPS? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

APÊNDICE E – Roteiro de entrevista com Psicólogo

I IDENTIFICAÇÃO

Profissão, Função, Cargo:

Sexo:

Data de Nascimento:

Grau de escolaridade (títulos, especialização):

Quanto tempo atua na profissão:

Experiências anteriores

Residência: Estado: II PERGUNTAS ESPECÍFICAS 1- Para você em que consiste o movimento de Reforma Psiquiátrica? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

2- Como você acha que o CAPS pode contribuir para a melhora do indivíduo portador de doença mental?

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

3- Você teve algum treinamento a respeito de como é o trabalho com o doente mental num CAPS? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

4- Quais são as dificuldades encontradas por você no trabalho com o doente

mental no contexto do CAPS? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

5- De que maneira você acha que a enfermagem pode contribuir no tratamento do doente mental no contexto do CAPS?

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

APÊNDICE F – Roteiro de entrevista com Assistente Social I z anteriores

Residência: Estado: II PERGUNTAS ESPECIFICAS 1- Para você em que consiste o movimento de Reforma Psiquiátrica? ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 2- Como você acha que o CAPS pode contribuir para a melhora do indivíduo

portador de doença mental? ............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................. 3- Você teve algum treinamento a respeito de como é o trabalho com o

doente mental num CAPS? .............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

4- Quais são as dificuldades encontradas por você no trabalho com o doente mental no contexto do CAPS?

...............................................................................................................................

...............................................................................................................................

............................................................................................................................... 5- De que maneira você acha que a enfermagem pode contribuir no

tratamento do doente mental no contexto do CAPS? .............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

APÊNDICE G – Roteiro de entrevista com Enfermeiro

I IDENTIFICAÇÃO

Profissão, Função, Cargo:

Sexo:

Data de Nascimento:

Grau de escolaridade (títulos, especialização):

Quanto tempo atua na profissão:

Experiências anteriores

Residência: Estado: II PERGUNTAS ESPECIFICAS 1- Para você em que consiste o movimento de Reforma Psiquiátrica? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

2- Como você acha que o CAPS pode contribuir para a melhora do indivíduo

portador de doença mental? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

3- Você teve algum treinamento a respeito de como é o trabalho com o doente mental num CAPS?

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

4- Quais são as dificuldades encontradas por você no trabalho com o doente

mental no contexto do CAPS? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

5- De que maneira você acha que a enfermagem pode contribuir no

tratamento do doente mental no contexto do CAPS? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

6- Descreva qual o papel do Enfermeiro, dentro da equipe do CAPS.

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

7- Você acha que os profissionais de enfermagem estão preparados para este novo contexto de política em Saúde Mental?

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

APÊNDICE H – Roteiro de entrevista com Auxiliar de Enfermagem I IDENTIFICAÇÃO

Profissão, Função, Cargo:

Sexo:

Data de Nascimento:

Grau de escolaridade (títulos, especialização):

Quanto tempo atua na profissão:

Experiências anteriores

Residência: Estado: II PERGUNTAS ESPECIFICAS 1- Para você em que consiste o movimento de Reforma Psiquiátrica? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

2- Como você acha que o CAPS pode contribuir para a melhora do indivíduo portador de doença mental? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

3- Você teve algum treinamento a respeito de como é o trabalho com o doente mental num CAPS? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

4- Quais são as dificuldades encontradas por você no trabalho com o doente

mental no contexto do CAPS? .............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

5- De que maneira você acha que a enfermagem pode contribuir no tratamento do doente mental no contexto do CAPS?

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

6 - Descreva qual o papel do Auxiliar de Enfermagem, dentro da equipe do

CAPS

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

.............................................................................................................................................

ANEXO A

COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA – CEP / UniSALESIANO

(Resolução nº 01 de 13/06/98 – CNS)

TERMO DE CONSENTIMENTO ESCLARECIDO

I – DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE OU RESPONSÁVEL LEGAL

1. Nome do Paciente: Documento de Identidade nº

Sexo:

Data de Nascimento:

Endereço:

Cidade: U.F.

Telefone:

CEP:

1. Responsável Legal: Documento de Identidade nº

Sexo: Data de Nascimento:

Endereço:

Cidade: U.F.

Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.):

II – DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA

1. Título do protocolo de pesquisa: A Enfermagem inserida no novo contexto em saúde em saúde mental

2. Pesquisador responsável: Tatiana Longo Borges Miguel Cargo/função:Mestre em ciências- área de concentração farmacologia.

Inscr.Cons.Regional: 0118288

Unidade ou Departamento do Solicitante: Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium

3. Avaliação do risco da pesquisa: (probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência

imediata ou tardia do estudo).

SEM RISCO RISCO MÍNIMO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR

4. Justificativa e os objetivos da pesquisa (explicitar): A humanidade convive com a loucura há séculos onde os loucos

eram confinados em grandes asilos e hospitais. Essas instituições

x

também eram destinadas para inválidos, portadores de doenças

venéreas, mendigos e libertinos. A reforma psiquiátrica no Brasil

em 1980 foi precedida em prol dos direitos dos clientes

psiquiátricos. Um dos objetivos da reforma psiquiátrica é substituir

o modelo de atenção centrada no hospital e no isolamento por uma

atenção integrada ao individuo no seu local de domicilio,

atendendo aos diversos tipos de transtornos psiquiátricos dos mais

simples ao mais grave, evitando o afastamento do paciente da sua

família e da comunidade. Dessa forma o processo da reforma

psiquiátrica envolve proposta alternativa em relação aos

manicômios. Surgindo neste período os primeiros Centros de

Atenção Psicossocial (CAPS), Núcleos de Atenção Psicossocial

(NAPS) e em seguida as residências terapêuticas, lares abrigados

ou moradias e ambulatórios de saúde mental.

Os CAPS são serviços de atenção diária que oferece

cuidados clínicos aos transtornos mentais evitando a internação em

hospitais psiquiátricos, outras atividades de reinserção social, são

promovidos como acesso ao trabalho, lazer, direitos civis e

fortalecimento dos laços familiares e sociais. A equipe é composta

por psiquiatras, enfermeiros, auxiliar de enfermagem, psicólogos,

terapeutas ocupacionais, professores de educação física e

assistentes sociais.

Segundo Antunes; Queiros (2007), em pesquisa realizada

no CAPS no Município de Andrada, Minas Gerais, foi observada

através de entrevista com profissionais uma convicção generalizada

de que a reinserção do paciente em seu meio familiar e social é

uma condição fundamental para sua evolução, um processo que

envolve não só a equipe de saúde (médicos psiquiatras, assistentes

sociais, psicólogos, terapeutas ocupacionais, enfermeira, auxiliares

de enfermagem, monitores sociais), mas também o paciente e seu

meio social e familiar. Essa mudança visa à participação de todos

profissionais, trabalhando em equipe, para que essa pessoa que

sofre de transtorno mental possa ser aceito de maneira integral no

seu convívio familiar e social.

Um dos principais desafios para o processo de consolidação da

Reforma Psiquiátrica Brasileira é a formação de recursos humanos

capazes de superar o paradigma da tutela do louco e da loucura,

exige cada vez mais da formação técnica e teórica dos

trabalhadores, muitas vezes desmotivados.

O papel do enfermeiro em saúde mental e psiquiátrica

apresentou evolução lenta até 1946, com aprovação da lei em saúde

mental destacou-se como função do enfermeiro o uso de condutas

que contribuíram para a recuperação, o que foi denominado

“atitude terapêutica” condutas que contribuíssem para recuperação

do cliente. Torna - se necessário que o enfermeiro adquira na

graduação o interesse pela área qualificação posterior, com o foco

voltado para a promoção e manutenção da saúde mental. O

enfermeiro capacitado desempenha seu papel com competência e

habilidade, firmando sua atenção pelo conhecimento.

(STEFANELLI, ARANTES; FUKUDA, 2008)

As funções que compõem o papel do enfermeiro em saúde

mental e psiquiátrico é criar e manter o ambiente terapêutico, atuar

como figura significativa, educar cliente e família sobre saúde

mental, gerenciar o cuidado, realizar a terapia do cotidiano, atuar

em equipe multidisciplinar, participar e criar ações comunitárias

para a saúde mental, participar da elaboração de políticas de saúde

mental, ou seja, a função do enfermeiro na psiquiatria é

proporcionar uma avaliação constante da condição do cliente, tanto

mental como fisicamente, controlar o meio terapêutico 24 h por dia,

administrar medicação, ajudar os clientes em todas as atividades

terapêuticas conforme sua necessidade.

Ao intervir o profissional precisa estar atento para melhorar a

qualidade de vida do reabilitado e estender este cuidado a família

que descrimina e desacredita na capacidade do portador de

transtorno mental. A comunidade no que se refere ao trabalho ajuda

o portador de transtorno mental a ser aceito e reconhecido como ser

humano resgatando sua cidadania, o trabalho é provedor de

sustento na família, o doente que trabalha, a sobrecarga financeira é

reduzida favorecendo a sua aceitação e conseqüentemente sua

reinserção social.

Através do estudo bibliográfico realizado, surgiu o interesse

da seguinte pesquisa. De que maneira o enfermeiro pode contribuir

na política atual da saúde mental? E assim descrever como o

CAPS contribui para a ressocialização e sobre a evolução da

reforma psiquiátrica, verificar os avanços na enfermagem e o seu

papel, ressaltar a importância da capacitação da equipe em saúde

mental, identificar o conhecimento da equipe de saúde a respeito

das novas políticas de saúde mental, identificar as dificuldades na

inclusão do paciente psiquiátrico.

5. Procedimentos que serão utilizados e propósitos, incluindo a identificação dos procedimentos que são experimentais: (explicitar)

Não se aplica

6. Desconfortos e riscos esperados: (explicitar) Nenhum

7. Benefícios que poderão ser obtidos: (explicitar) Maior esclarecimento e conhecimento sobre as mudanças que possam ocorrer na política de saúde mental.

8. Procedimentos alternativos que possam ser vantajosos para o indivíduo: (explicitar)

Não se aplica

9. Duração da pesquisa: 4 meses 10. Aprovação do Protocolo de pesquisa pelo Comitê de Ética para análise de projetos de pesquisa em / /

III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO PACIENTE OU SEU

REPRESENTANTE LEGAL

1. Recebi esclarecimentos sobre a garantia de resposta a qualquer pergunta, a qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos, benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do indivíduo.

2. Recebi esclarecimentos sobre a liberdade de retirar meu consentimento a qualquer momento e deixar de

participar no estudo, sem que isto traga prejuízo à continuação de meu tratamento.

3. Recebi esclarecimento sobre o compromisso de que minha identificação se manterá confidencial tanto quanto a informação relacionada com a minha privacidade.

4. Recebi esclarecimento sobre a disposição e o compromisso de receber informações obtidas durante o

estudo, quando solicitadas, ainda que possa afetar minha vontade de continuar participando da pesquisa.

5. Recebi esclarecimento sobre a disponibilidade de assistência no caso de complicações e danos decorrentes

da pesquisa.

Observações complementares.

IV – CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO

Declaro que, após ter sido convenientemente esclarecido(a) pelo pesquisador, conforme registro nos itens 1 a 6 do inciso III, consinto em participar, na qualidade de paciente, do Projeto de Pesquisa referido no inciso II.

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