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A ENFERMAGEM NA ASSISTÊNCIA À CRIANÇA COM PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS
Dulce Maria V. de Freitas Carmem Gracinda S. Scochi Regina Aparecida G. de Lima ••
RESUMO - O presente trabalho tem por finalidade discutir questões referentes à assistência de enfermagem à criança com problema respiratórios agudos, tendo como fundamentos básicos o programa das ações básicas na assitência integral à saúde da criança no controle das infecções respiratórias agudas (IRA). e as ações de enfermagem desenvolvidas nesta assistência.
ABSTRACT - This study aims to discuss problems related to nursing care of children with aceite respiratory problems, having as a foundation a program of basic action to give total assistance to the health of children in order to control acute respiratory problems (IRA). The following topecs are mentioned: characteristics of the need of health services for the infantile population with respiratory problems: basic actions that are the foundation of nursing care; planning of nursing care; competence and preparation of the nursing personnel to attend the basic actions programo Considering the relevance of this theme in child care, the study aims to provide means to give training orientation and to crepare nursing personnel in this area.
1. INTRODUÇÃO
As doenças respirat6rias na infãm'ia, desde a última Mcada, vêm ganhando atenção das autoridades sanitárias em todo o mundo. No país em desenvolvimento, tal preocupação se torna mais relevante, uma vez que estas doenças contrihuem para a elevação dos índin's de mortalidade, particularmente em crianças, sendo que a Infecçiies Hespiratórias Agudas (IRA) atingem uma proporção de I) a 21) vezes superior aos índi("('s dos países industrializados. (São Paulo, 1986)
No Brasil as doenças respiratória,> representam um sério prohlema de saúde nào só por se constituirem em lima das principais causas de óbito, como tamhém por apresentarem peculiaridades, atingindo um segmento prioritário da população, que é o das crianças menores de cinco anos e a.de forma particularmente grave naquelas menores de um ano.
Inúmeros trahalhos têm evidenciadn os riscos de mortalidade infantil pelas doenças respiratórias.
• I'rof"ssor Assisl"nl" junlo ao D"parlanH'nlo d" Enf"rlnag"lll Mall'rno·lnfanl il "Saíul" I'úhlica da Escola de Enf"rlllagl'lll dI' Hi· h"ir;io 1'1'1'10 . (ISI' •• Auxiliar d" Ensino do ()l'parlanH'nlo dl' Enfl'nnagl'lll Malt·rno· Infanl iI (' Saíu'" I'úhlica da Escola dI' Enfl'rlllagl'lll dI' Hih<'irào I'n'lo - lISI'
No Rio Grande do Sul o risco de morrer por pneumonia e gripe de uma criança de baixa condição sócioeconômica foi 6,1 vezes maior entre os favelados de Porto Alegre do que nas populações em melhores condiçôes de vida (CHATKIN et alii, 1987). Na metrópole de São Paulo, segundo dados de 1983, as pneumonias são a quarta causa de mortalidade geral e a segunda causa da mortalidade infantil (SÃO PAULO, 1986). Acrescese a estes fatos a contribuição da IRA na elevada taxa de morbilidade; A organização Mundial de Saúde registra que nos países em desenvolvimento estas doenças em crianças representam 20 a 40% da demanda amhulatorial e 12 a 35�, das internações hospitalares.
Estes dados assemelham-se a estudos regionais e locais. ROCHA et alii (1984), em levantamento das causas de morbilidade infantil em crianças atendidas na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas da faculdade de Medicina de Riheirão Preto - USP situaram os problemas respiratórios como a segunda causa de atendimento, sendo antecipados pelas doenças de origem ga'itro-intestinais. Ressaltam que as crianças da faixa etária de zero a dois anos de idade, representam !)()�, do total da demanda daquele serviço.
Considerando-se que o quadro de infecção respiratótia infantil não se apresenta isolado de outros fatores infecciosos como as diarréias, conjuntivites e as
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doenças infecciosas da infância, alguns estudos evidenciaram a incidência de mais de um episódio desta infecçâo por mês em uma criança com 24 meses, sendo que a OPS (Organização Pan-americana da Saúde) registra a incidência média de 7 a 1 0 episódios por ano de IRA em crianças, com tendência de indicadores maiores concentrarem-se nas faixas etárias menores (SÃO PAULO, 1986).
Diante destes fatos, evidenciamos a importância da relaçâo destas crianças com os serviços de saúde, quer seja a nível de rede básica ou a nível de unidade de internaçâo.
O ministério da Saúde visando incrementar a resolutividade dos serviços de saúde na assistência infantil instituiu como uma das estratégias as "Ações Básicas �a Assistência à Saúde da Criança", representadas pelo: acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, aleitamento materno e orientaçâo para o desmame, controle de doenças diarréicas, controle de infecções respiratórias agudas e controle de doenças previníveis por imunizaçâo. This ações constituem-se no elemento nucleador da assistência a ser prestada em toda a rede básica de serviços de saúde.
A nível de Estado de São Paulo, o controle das infecções respiratórias infantis foi considerado com� primeira prioridade para o ano de 1986 , onde, atraves do projeto DRI (Doenças Respiratórias Infan�is)
_pr�tend�
se a regionalização e hierarquização da asslstenCIa, aphcados a um grupo de doenças envolvendo, para tanto, o preparo da estrutura física e administrativa, ? treinamento de pessoal especializado e o estabelecImento de normas técnicas. (SÃO PAULO, 1986)
Considerando a relevância do problema para a assitência de enfermagem à criança, e, dado o elevado contingente do pessoal de enfermagem responsável pela execução destas ações, é que nos propusemos realizar estudo sobre os fundamentos que norteiam a assistência de enfermagem, centrado nas diretrizes do programa de assistência e controle da IRA.
O objetivo do presente trabalho é : - descrever as ações básicas que fundamentam a as
sistência de enfermagem à criança com problemas respiratórios.
- apresentar subsídios para orientar o treinamento e preparo do pessoal de enft�rmagem neste se.t�r.
, De acordo com o Manual eiaborado pelos Mmlsterios da Saúde e da Previdência Social, o diagnóstico da IRA está fundamentado na observação clínica, valorizando-se alguns sinais e sintomas, gerais ou específicos do aparelho respiratório.
Considera-se como caso suspeito de IRA, toda criança menor de 5 anos, doente há '; dias, que apresente um dos sinais ou sintomas a seguir: "tosse, coriza, dor de ouvido, obstrução nasal, garganta vermelha, respiração rápida e difícil' '.
O exame físico da criança, a observação de sinais e sintomas que acompanham a IRA, as informações ob-
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tidas da mãe sobre a história da doença, associado às observações dos critérios que contribuem para aumentar o risco da doença, como idade, peso ao nascer, estado geral e nutricional, e, evolução da doença, são procedimentos que devem nortear a classificação do quadro da IRA em leve, moderado e grave. (QUADRO 1)
Classificam como casos leves aqueles que apresentam um ou mais sinais da Coluna I do quadro supra citado, casos moderados, 2 ou mais sinais da coluna 11, associados ou não com a coluna I, e, casos graves, I ou mais sinais da coluna IlI, associados com as colunas I ou 11.
Assim sendo, a padronização de critérios diagnósticos, tratamento simplificado e eficiente preconizado pelo referido documento, contribuirá para uma melhor atuação do profissional de saúde em todos os níveis de assistência.
Ressaltamos a importância dessas medidas como uma das fundamentações básicas para atuação do pessoal de enfermagem, dado o seu elevado contingente em todos níveis de assistência, seja na rede básica de saúde ou na unidade de internação. Espera-se que, uma vez capacitado e treinado para o exercício dessas atividades básicas, contribua para a eficácia e a resolutatividade dos serviços de saúde.
2. AÇÕES DE ENFERMAGEM
Embora o documento sobre o controle da IRA defina em linhas gerais os cuidados básicos que devem nortear a assistência à criança, as ações de enfermagem que acompanham tal proposta, não devem se limitar simplesmente a execução de tarefas, mas sIm apresentar uma seqüência de decisões e atitudes embasadas em conhecimento técnico e científico.
Em documento elaborado pela Oficina de Trabalho, realizada pela ABEn e INAMPS, sobre "Subsídios para a conceituação da assistência de enfermagem rumo a Reforma Sanitária" XAVIER et alii ( 1987), são definidos os pressupostos da assistência de enfermagem e suas ações para incrementar essa assistência.
Dentre os pressupostos, consideram que: - a assistência de enfermagem é aquela realizada por
toda categoria de enfermagem, a saber: enfermeiro, técnico, auxiliar, atendente e vistador sanitário;
- o trabalho em saúde se caracteriza como um processo coletivo composto de áreas técnicas específicas, no qual a enfermagem se insere;
- a assistência de enfermagem tem especificidade; - a assistência de enfermagem contribui para integra-
lidade da assistência de saúde. Cabe ressaltar que para o desenvolvimento desta
assistência a força de trabalho em enfermagem, representada em termos relativos para a totalidade da categoria é composta de 6 , 8% de enfermeiros 1 , 2 �, de técnicos, 28 , 9 �, de auxiliares, 63% de atendentes.
Diante deste quadro, ao se preconizar uma maior resolutividade dos serviços, a formação do papel de en-
�UADRO 1 - Classificação de casos, segundo o manual do Ministério da Saúde e Previdência Social
I LEVES II MODERADOS III GREVE
Obstrução Coriza purulenta nasal
Garganta com placas Garganta com membrana (difteria) Secreção nasal purulenta
clara Dor de ouvido
Dor na ouvido com secreção garganta purulenta
Thsse com secreção Retração subesternal ou intercostal Rouquidão purulenta
Thsse com febre maior Garganta que 39° C vermelha
Frequência respiratória Batimento de asas no nariz Gemido expiratório
Tosse maior que 50 incursões por minuto em
Ronqueira menores de 1 ano e 40 incursões por
Chiado minuto de 1 a 4 anos Cianose ------- - ------- -- --- ------------- ---- --------------
Febre Aceitação da alimentação normal ou pouco diminuída
Agitação acentuada Prostação acentuada Palidez acentuada
Abaixo da linha pontilhada do quadro estão indicados os sinais sintomas gerais que podem interferir na evolução do caso.
fermagem para os programas referentes as ações básicas de saúde na assistência infantil exigirá o domínio de conhecimentos específicos em Pediatria. Thl formação incluirá entre outros, o conhecimento de epidemiologia, história natural e humanas (SOCiologia, antropologia, didática e comunicação). Este domínio dará competência técnica e profissional para o desempenho das diferentes funções hierarquizadas, de acordo com os níveis de formação médio e superior (ROCHA, 1986).
As ações de enfermagem compreendendo a identificação dos procedimentos, tarefas e atividades que as categorias de enfermagem vêm concretamente realizando nos serviços de saúde podem assim ser categorizadas de acordo com XAVIER et. alii (1987) Ações de natureza propedêutica e terapêutica complementares ao ato médico e de outros profissionais:
São consideradas como propedêuticas aquelas que apoiam o diagnóstico e o acompanhamento do processo. As ações terapêuticas complementares sãO aquelas que asseguram o tratamento prescrito.
Ações de natureza propedêutica e terapêuticas da enfermagem: -
São ações que visam otimizar a assistência de enfermagem através do diagnóstico e encaminhamento de situação relacionadas com a clientela, demais profissionais e a própria instituição. Ações de natureza complementar de controle de riscos: -
Visam diminuir a probabilidade de agravos a saú-de e ou de suas complicações.
.
Ações de natureza administrativa: -A essência destas ações está na organização do pro
cesso coletivo da enfermagem. Ações de natureza pedagógica: -
Indicam as ações de treinamento, formação e educação continuada, dirigidas à força do trabalho de enfermagem empregada na rede de serviços.
Tendo como referência os pressupostos e ações que caracterizam o trabalho de enfermagem, citados anteriormente, adotaremos o conceito de Assistência de Enfermagem apresentado pela Ofícina de Trabalho, ou seja, "um conjunto de ações de natureza diversa que
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se articulam e se complementam entre si na consecução da finalidade do trabalho em saúde" (XAVIER et alii, 1987).
3. ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NA IRA
Abordaremos as diversas ações de enfermagem em crianças com IRA, tanto a nível de rede básica de saúde como a nível hospitalar. Considerando que as ações de natureza complementar de controle de risco, administrativa e pedagógica se constituem em medidas de caráter geral que apoiam o desenvolvimento das ações propedêuticas, terapêuticas, estas serão descritas de maneira geral, sem a especificação dos níveis de complexidade.
3.1 A nível de rede básica de saúde Casos leves. Referem-se geralmente às infecçües respiratórias de origem virótica de curso benigno e auto limitado. Açôes de enfermagem de natureza propedêutica e tenipêutica complementares ao ato médico e de outros profissionais: Acompanhamento do crescimento e desenvolvimento; Controle dos sinais vitais; Cuidados com alimentação e hidratação; Marcar retornos para a criança quando necessário; Administração de medicamentos:
• Para febre e dor: Ácido Acetil Salicilico (AAS) - Apresentação: comprimidos de 100 mg; 10 a 20 mglkg quando a criança tiver febre acima de :3H?C e em intervalos maiores ou igual a (j horas. Não havendo possibilidade de se obter o peso da criança, usar o esquema: (i meses 1 12 compromido (1)0 mg); (i meses a 2 anos - I comprimido (100 mg); :3 a 4 anos - 2 comprimidos (200 mg);
• Para tosse:
Não fazer uso de antitussígenos, evitando administrar xaropes, pois a tosse é importante para eliminação de secreção. Xaropes podem ocasionar efeitos colaterais como diarréia, naúseas, irritação dos brõnquios, agitação da criança;
Açôes de nat ureza terapêutica e propedêutica da enfermagem: Observação sistematizada da criança com especial atenção aos sinais e sintomas que caracterizam o quadro de IRA; Cuidados com febre: Banhos mornos ou frios durante 3 a 5 minutos ou compressa.,> frias na cabeça, nas axilas, na região (inguinal), para ajudar a abaixar a temperatura; Manutenção da permeabilidade das vias respiratórias:
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Higiene rigorosa da boca e narina remoção de secreção Descongestionar e fluidificar secreção nasal - soro fisiológico de solução preparada (llitro de água fervida com uma colher de sobremesa rasa e sal). Pingar até 3 gotas em cada narina sempre que necessário: Thpotagem para auxiliar a eliminação das secreções três vezes ao dia, sempre antes das refeições. • Cuidados com tosse: Chás caseiros são apropriados; Aumentar o consumo de líquidos. Cuidados com alimentação: Manter narinas desobstruidas para facilitar sucção; Posição semi-sentada para prevenir aspiração; Oferecimento de líquidos frequente para prevenir desidratação e abaixar a hipertemia; Manter a alimentação normal da criança, sem forçar. Tratar os casos leves de acordo com as normas elaboradas pelo Ministério da Saúde e Previdência social. • Orientação da Clientela sobre: Cuidados que visem diminuir os aaspectos sintomáticos Uá descritos); Retornos - dependendo dos critérios adotados na avaliação da criança; Tratamento; Medidas de profilaxia da IRA: Investigar esquema de vacinação das demais crianças da casa e tomar providência necessárias para que completem os esquemas de vacinação • Os pontos que contribuem para a melhora do estado de saúde da criança e sobre os sinais de alerta para que procurem os recursos. Casos moderados Ações de natureza terapêutica e propedêutica da enfermagem: Cuidados com antibioticoterapia: Dosagem; Horário; Via e local de aplicação; Técnica asséptica no preparo e administração.
• Cuidados com oxigenoterapia: fluxo de 3 litros por minuto, contínuo, úmido, até que a criança apresente melhora dos sinais: falta de ar, chiado ou cianose; Cuidados com vaporização - fria, quente e morna Cuidados com aerosol.
• Heconhecer os sinais característicos das doenças respiratórias do trato inferior: tosse com secreção purulenta e febre acima de 39? C, freqüência respiratória maior que 50 movimentos por minuto em crianças menores de 1 ano e menor de 40 movimentos por minuto naquelas com faixa etária de 1 a 4 anos
• Tratar os casos moderados de acordo com as normas elaboradas pelo Ministério da Saúde e Previdência Social
• Orientação da clientela sobre cuidados adotados nos casos leves, acrescidas daquelas sobre: Antibioticoterapia Vaporização
Casos graves Ações de enfermagem de natureza propedêutica e terapêutica complementares do ato médico e de outros profissionais:
• Encaminhamento para unidades de internações. • Executar condutas terapêuticas até que a internação se concretize: Medição antitérmica de acordo com condutas anteriores e caso a criança não possa degludir, administrar 1 0 mglkgldose de dipiroma por via intra muscular; Oxigenoterapia; Antibioticoterapia - dose inicial de penicilina procaína: 50. 000 UIIkgldia, por via intra-muscular; Ocorrendo broncospasmo, administrar adrenalina 1 : 1 000 , por via sub-cutãnea, na dose de 0 ,01 ml/kg dose, até o máximo de 3 doses com intervalos de 20 minutos. Ações de natureza propedêutica e terapêutica da enfermagem: • Tratar casos leves e moderados de acordo com as normas elaboradas pelo Ministério da Saúde e Previdência Social e encaminhar para atenção médica os casos graves e os moderados que não apresentem melhora. (somente para o pessoal de enfermagem capacitado); • Utilizar os sais de reidratação oral em casos de diarréias
A nível de unidade de internação Ações de enfermagem de natureza propedêutica e terapêutica complementares ao ato médico e de outros profissionais: Controle dos sinais vitais - com especial atenção à temperatura acima de 38?C. FC acima de 100 bat min; FR acima de 50 mov/min; Controle de peso; Controle hídrico - característica, volume e freqüência das evacuações e micções; presença de vômitos, aceitação da alimentação; Preparo da criança para examl�S complementares e outros; Coleta de sangue e realização de provas diagnósticas; Realização de teste de sensibilidade à penicilina Administração de medicamentos - antitérmicos, antibióticos broncodilatadores, cardiotõnicos corticóides, descongestionantes nasais; soroterapia; Alimentações por SNG; Terapia umidificadora-vaporização; Terapia com aerosol (broncodilatadores); Mobilização e remoção de secreção; Oxigenoterapia por funil, catéter nasal, oxitenda e sob pressão (duplo catéter, sonda endotraqueal, etc.).
Ações de natureza terapêutica e propedêutica de enfermagem . Observação sistematizada da criança - com especial atenção aos sinais e sintomas que caracterizam o quadro de IRA Cuidados com febre, tosse, võmito - Uá descritos anteriormente ); Cuidados na administração de medicação via oral, intramuscular, endovenosa e subcutãnea; Cuidados na administração da alimentação por SNG e via oral; Manter permeabilidade das vias respiratórias; • Aumentar a eficácia respiratória através de medidas que incluem:
Posição de conforto da criança, para auxiliar a expansão toráxica Alívio do desconforto e da dor; Alívio da distenção abdominal; Conforto e segurança; Manipulação de secreção pulmonar;
• Assegurar oxigenação adequada, através de: oxigenoterapia - cuidado com administração de 02 por funil catéter nasal, oxitenda, sonda endotroqueal; cuidados com vaporização, fria, quente, mista e ultrassõnica; Cuidados com terapia com aerosol; Fisioterapia respiratória - inclui uma série de procedimentos que visam à higiene brônquica possibilitando manter a permeabilidade das vias respiratórias e aumentar a eficácia ventilatória. Estas medidas incluem - o estímulo da tosse, manobras de tapotagem, vibração toráxica, mudança de decúbito, drenagem postural e aspiração de secreções. • Dimunuir a necessidade orgãnica de oxigenação através de ações que incluem: Oimuniur a atividade física-repouso e ambiente tranqüilo; Manter a temperatura ambiente em níveis de neutralidade térmica; Aliviar a ansiedade da criança e da mãe; Proporcionar segurança e conforto. Sempre que possível procurar manter a criança acompanhada de sua mãe; • Orientação da mãe quanto: À doença, sinais e sintomas que acompanham o tratamento; Os cuidados relacionados com a higiene, alimentação, eliminação e vacinação; Preparo para alta hospitalar - retorno médico.
Ações de enfermagem de natureza complementar de controle de risco.
Estas ações relacionam-se às medidas que visam a diminuição de agravos à saúde e/ ou complicações,
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e no caso das doenças respiratórias infantis este fator se torna relevante, tendo em vista a demanda viciosa aos serviços de rede básica, como resultante da falta de orientação e de critérios para o controle dessas crianças, acrescidos da internação das IRA com outras pastologias comuns no período infantil.
Incluem-se nesta categoria as atividades referentes: - à vigilância epidemiológica e nutricional das crian
ças com IRA; - as ações sobre o meio (evitar que a criança fique em
ambientes poluídos por fumaça causada por fogo e cigarro; evitar fumar no local em que se encontram crianças, etc. );
- controle de infecção hospitalar; - controle da clientela de risco.
Devemos, portanto, considerar as ações de controle de risco, para a assistência à criança com a doença respiratória como aquelas resultantes de uma somatória de ações de todos os integrantes da equipe da saúde que visam uma maior extensâo de cobertura da população de risco, assim considerada: RN prematuro, de baixo peso, pequeno, para a idade gestacional e recém-nascidos normais - considerandose as peculiaridades próprias dessa criança e a predisposição aos agravos infecciosos; Crianças menores de um ano, com envolvimento do trato respiratório inferior; Lactentes com presença de doenças associadas: como sarampo, coqueluche, tuberculose e outros; Crianças desnutridas; Crianças com doença há 7 dias ou mais; Crianças sem cobertura vacinal; Crianças submetidas a agravos ambientais - (creches, escolas, situações ambientais precárias); Crianças de baixo nível sócio-econõmico;
Ações de natureza administrativa
Os objetivos da assistência de enfermagem à criança com doença respiratórias podem assim ser definidos: Planejar a assistência de enfermagem à criança partindo da observação e avaliação de suas condições; diagnóstico médico e classificação do quadro segundo os critérios leve, moderado e grave; informações da mãe e da equipe; recursos humanos e materiais disponíveis. Executar as ações de enfermagem de natureza propedêutica e terapêutica, de modo a proporcionar uma a'isistência segura e eficaz.
Ações de natureza administrativa a nível da rede básica de saúde.
Estas ações deverão ser planejadas tendo em vista a dinâmica de atendimento do serviço e o grau de preparo e treinamento do atendimento de enfermagem disponível.
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Pré e Pós-consulta - As crianças com problemas res. piratórios agudos deverão ser enquadradas como prioridade para a consulta médica; a orientação e os cuidados após consulta deverão seguir as ações de enfermagemjá descritas anteriormente; o agendamento deverá seguir os critérios adotados quanto a casos leves, moderados e graves, observando-se, portanto, as peculiaridades de cada caso. Atendimento de enfermagem - Dependendo das condições específicas de cada caso e da avaliação do enfermeiro quanto à necessidade de acompanhamento mais diretamente da criança, serão marcados os atendimentos de enfermagem, para avaliação do estado geraI da criança, do uso da medicação e orientações quanto aos cuidados gerais da criança. Encaminhamento da criança para unidade hospitalar observando a prioridade da execução de alguns cuidados de urgência para assegurar ventilação pulmonar adequada, conforto e segurança.
Ações de natureza administrativa na unidade hospitalar
Estas ações incluem a elaboração do plano assistencial que abrange todas as etapas do processo do trabalho em enfermagem: Histórico e diagnóstico das necessidades da criança tem como objetivo dar subsídios à elaboração do plano assistencial de enfermagem. Prescrição de enfermagem. Deverá especificar as ações propêuticas e terapêuticas que acompanham o ato médico e aquelas específicas da enfermagem. O plano de cuidado exigirá do enfermeiro a delegação de tarefas ao pessoal auxiliar, observando os critérios de benegnidade e gravidade da doença, do nível de complexidade do cuidado e do preparo do pessoal disponível. Avaliação e supervisão da assistência de enfermagem.
Ações de natureza pedagógica
Uma vez considerada a especificidade da assistência de enfermagem à criança com doença respiratória e o nível de preparo de pessoal auxiliar que atua tanto nos serviços da rede básica de saúde, como nas unidades de internação, necessário se faz um maior investimento em programas de treinamento e reciclagem desse pessoal.
, Thl programa deverá incluir as propostas preconizadas pelo Documento do MS/ INAMPS, o qual contém ações básicas que norteiam o ato médico e de enfermagem, o diagnóstico, tratamento e cuidados gerais à criança com IRA.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As propostas emanadas do movimento de Reforma Sanitária no país, exigem cada vez mais a inserção
do profissional de enfermagem naqueles programas que fazem parte das Ações Integradas de Saúde (AIS) à criança, de modo a alcançar a resolutividade e eficácia dos serviços de saúde.
Ao definirmos na assistência de enfermagem à criança com IRA as ações que norteiam o processo de trabalho em enfermagem, procuramos abordar aquelas voltadas para a rede básica e a Unidade de Internação, observando-se os níveis de complexidade. Thl conduta, facilitaria o desenvolvimento da assistência de enfermagem, o planejamento e o preparo de recur· sos humanos nesta área.
Consideramos pois, como um compromisso do enfermeiro a participação no planejamento de programas elaborados a nível nacional, bem como na incrementação dos mesmos a nível regional, partindo-se do gerenciamento da assistência de enfermagem ,através de treinamento e reciclagem do pessoal auxiliar envolvidos nestes programas.
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