A EPISTEMOLOGIA ARQUEOLÓGICA DE MICHEL FOUCAULT · A EPISTEMOLOGIA ARQUEOLÓGICA 1 ... • 1-...
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A EPISTEMOLOGIA ARQUEOLÓGICA 1
DE MICHEL FOUCAULT.
Parte Integrante do livro Introdução ao Pensamento Epistemológico de HiltonFerreira JapiassuFerreira Japiassu.Mestrado em Direito Ambiental e Políticas Públicas - UNIFAPDisciplina: Metodologia da Pesquisa Científica - Método Dialético.p g qProfessor: Doutor Raul Galaad.
Mestrandos: Adilson Garcia do Nascimento.Roberto José Nery Moraes.Daniela Fortunato.
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1- Conceito.
E i l i é i d h i j2
• Epistemologia é a teoria do conhecimento, ou seja, oestudo critico do conhecimento científico em seusdiversos ramos – Dicionário Rideeldiversos ramos Dicionário Rideel.
• Segundo Foucault:1 Não podemos compreender a formação epistemológica• 1. Não podemos compreender a formação epistemológicarepresentada pelas Ciências Humanas em buscar umestatuto de positividade e cientificidade, semp ,compreender sua relação com o conhecimento e a culturado saber pré-científico, opinião ou episteme;Infra-estrutura cultural do saber propriamente dito;Conhecimento das populações tradicionais;
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2. Arqueologia das Ciências Humanas.2. Arqueologia das Ciências Humanas.3
• Obra denominada de “Les Mots et les chose” – AsPalavras e as Coisas - Arqueologia das CiênciasHumanas;
• Apresentar certo agenciamento global das ciênciasp g ghumanas no que chama “o triedro dos saberes”;
• Definir um espaço epistemológico da constituição• Definir um espaço epistemológico da constituiçãodas Ciências Humanas de caráter racional ecientífico ou seja o espaço da teoria docientífico, ou seja, o espaço da teoria doconhecimento da formação das Ciências Humanascom base na razão e no método científicocom base na razão e no método científico.
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3. O Sistema das Ciências Humanas.3. O Sistema das Ciências Humanas.
T i d d S b U i ló i d ê4
• Triedro do Saber: Um espaço epistemológico de trêsdimensões, que se define a partir de três eixosprincipais da racionalidade organizadora do saber:principais da racionalidade organizadora do saber:
• a. Eixo das Matemáticas e Psicomatemáticas –Ciências exatas e protótipos da cientificidade;Ciências exatas e protótipos da cientificidade;
• b. Eixo das Ciências da Vida, da Produção e daLinguagem – Biologia economia e ciências daLinguagem Biologia, economia e ciências dalinguagem;
• c. Eixo da Reflexão Filosófica – Desenvolvendo-sec. Eixo da Reflexão Filosófica Desenvolvendo secomo pensamento do mesmo, ou como, analítica dafinitude.
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4. Formação dos Planos Epistemológicos.4. Formação dos Planos Epistemológicos.
T d d i d i b l ê l5
• Tomados dois a dois, estabelecem três planos:• 1- Plano comum ao eixo das matemáticas e ao das três
iê i d id d d ã d li iciências da vida, da produção e da linguagem e seria odas matemáticas aplicadas;2 Pl i d t áti d• 2- Plano comum ao eixo das matemáticas e ao dareflexão filosófica que seria o da formação dopensamento;pensamento;
• 3- Plano comum ao eixo das ciências da vida, daprodução e da linguagem e ao da reflexão filosófica,produção e da linguagem e ao da reflexão filosófica,que seria o das ontologias regionais e da diversasfilosofias da vida, do homem alienado e da formassimbólicas.
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4. Formação dos Planos Epistemológicos.4. Formação dos Planos Epistemológicos. 6
• Ontologia: Parte da filosofia que investiga anatureza do ser enquanto ser, considerado em simesmo independente da matéria, e dasespeculações acerca da essência, substância eacidentes, bem como, a parte da metafísica quetrata dos entes em geral, tratado dos seres –gDicionário Rideel.
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5. Ciências Humanas e os Três Eixos e Planos E i ló iEpistemológicos.
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• Não se enquadram em nenhum deles;• Não encontradas sobre nenhuma das dimensões nem na
fí i d l ã l íd d T i dsuperfície dos planos, são excluídas do TriedroEpistemológico;P ti i é i t l d t l d fi id• Participam porém no intervalo deste, no volume definidopelas três dimensões;Disciplinas que participam mais ou menos de modo• Disciplinas que participam mais ou menos de mododiversificado das três dimensões;
• A cada uma destas disciplinas correspondem regiões• A cada uma destas disciplinas, correspondem regiõesepistemológicas, congregando um grupo de ciências humanas,com características comuns e certos modelos de organizaçãog çdo saber;
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Ciências Humanas e os Três Eixos e Planos E i t ló iEpistemológicos.
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• 1ª Região – Das Ciências psicológicas – Biologia –conceitos de função e de norma;
• 2ª Região – Ciências sociológicas – Economiapolítica – conceito de conflitos e de regras;p g ;
• 3ª Região – Ciências lingüísticas e culturais – tomamde empréstimo das ciências da linguagem um modelode empréstimo das ciências da linguagem um modeloorganizado em função das idéias de sentido e desistemasistema
• Assim se fecha o sistema das ciências humanas noTriedro EpistemológicoTriedro Epistemológico.
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6. Dialética Epistemológica.6. Dialética Epistemológica.9
• Regiões epistemológicas somente poderão ser entendidasnuma compreensão da historicidade;I id hi ó i iê i h d h• Inseridas na história como ciência humana e do homem comsua historicidade própria;C d iã b l d l t d i d t iê i• Cada região abalada pelo oposto denominado contraciência –questionamento, critica, contestação - que quebra a aparenteestabilidade, o equilíbrio;estabilidade, o equilíbrio;
• Psicanálise – Região psicológica;• Etnologia Região sociológica;• Etnologia – Região sociológica;• Forma suprema do pensamento da linguagem – Região
lingüísticalingüística.
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6. Dialética Epistemológica.6. Dialética Epistemológica.10
• Após a proposição epistemológicapositiva instaura-se uma dialéticapositiva instaura se uma dialéticaepistemológica, que quebra a solidez dasdi idiversas regiões;
• Desse modo termina o sistema de• Desse modo, termina o sistema deconstituição das ciências humanasproposto por Foucault.
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7. Episteme Ocidental antes da Idade Moderna.7. Episteme Ocidental antes da Idade Moderna.
Episteme do grego saber ou ciência;11
• Episteme do grego – saber ou ciência;• O sistema das ciências humanas é um
resultado, e não um ponto de partida;• A episteme ocidental ou arqueológica das• A episteme ocidental ou arqueológica das
ciências humanas, se constituí de suas raízes, ei i l t i t ló iseus primeiros elementos epistemológicos no
solo da cultura e do saber, antes de serem ditasciências humanas;
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7. Episteme Ocidental antes da Idade Moderna.7. Episteme Ocidental antes da Idade Moderna.
Sentido antigo Opinião saber pré científico;12
• Sentido antigo – Opinião, saber pré-científico;• Século XVII – Cartesianismo filosófico e
científico – pensamento do homem culto,honesto;;
• A fisionomia da episteme – a cara da ciência -i d d d t d d ê ivai depender do estado de suas emergências
científicas – demandas - e racionais –utilidade/razão/atitude - cuja linguagem todomundo fala ou pretende falar.p
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7. Episteme Ocidental antes da Idade Moderna.7. Episteme Ocidental antes da Idade Moderna.13
• Três momentos da Episteme Ocidental:• 1- A Época da Renascença – Século XVI;p ç• 2- A Época Clássica ou da Ciência das Luzes –
Séculos XVII e XVIII;Séculos XVII e XVIII;• 3- Inicio do Século XIX até os dias atuais –
Segmento aberto que surgem novas diferenças que seSegmento aberto que surgem novas diferenças que seinstalam e se consolidam.A ê i i ã d iê i h• A emergência e a organização das ciências humanasdependem de formações epistemológicas
isucessivas.29/2/2008
8 Episteme Clássica da Representação8. Episteme Clássica da Representação.
l i d i i14
• Representação clássica da ciência;• Formas da ciência clássica;• Caracteriza este conhecimento científico com o termo
Representação;p ç ;• É preciso situar e caracterizar a representação, não só
como um fato mental mas como um registrocomo um fato mental, mas como um registroepistemológico específico – conhecimento especifico;Sendo necessário para compreensão ma atit de• Sendo necessário para compreensão uma atitudecientifica ou racional de todo um período dopensamento e da culturapensamento e da cultura.
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8. Episteme Clássica da Representação.8. Episteme Clássica da Representação. 15
• Descartes – Regulae ad Directionem Ingenii – formasclássicas de constituição da matemática e da físicamatematizada do século XVII;
• Newton – Philosophia Naturalis Principiap pMathematica;
• Identidades – diferenças – substituídas pelasIdentidades diferenças substituídas pelassimilitudes –pensamento por semelhança;
• Privilegia se os esquemas da ordem e da medida• Privilegia-se os esquemas da ordem e da medidacomo princípios organizadores do conhecimentocientífico mathesis universalis;científico – mathesis universalis;
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8. Episteme Clássica da Representação.8. Episteme Clássica da Representação. 16
• Foucault: Representação entendida a partir da compreensão dosigno;Si D b i li bi á i i á• Signo – Descobrir a linguagem arbitrária que autorizará amanifestação da natureza em seu espaço, os termos de suasanálises e as leis de sua composição;análises e as leis de sua composição;
• Organização binária – De um lado aquilo que é representado, deoutro, o quadro representante;outro, o quadro representante;
• Representatividade clara e distinta – significante e significadofuncionando indissociavelmente graças à natureza dag çrepresentação.
• A evidenciação do significado nada mais será senão a reflexãoç gsobre os signos que o indicam, e que na idade clássica, vale comoo discurso imediato do significado. 29/2/2008
9. Novos Segmentos da Organização do Conhecimento.9. Novos Seg e os da O ga ação do Co ec e o.17
• 1- Taxionomia – Mathesis como disciplina dasprepresentações complexas
• 2- Análise das Gênesis – Estudo da ordem das• 2- Análise das Gênesis Estudo da ordem dasproduções e dos desenvolvimentos constitutivos notempotempo.
• Renascença até o início do século XIX.
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10. Arqueologia das Ciências Humanas10. Arqueologia das Ciências Humanas
• Espaço da Empiricidade: Nele se encontram:18
• Espaço da Empiricidade: Nele se encontram:• História Natural: Ciência dos caracteres que
ti l ti id d d tarticulam a continuidade da natureza e seuentrelaçamento;
• Teoria da moeda e do valor: Ciência dos signosque autorizam a troca e permitem equivalência
id d d j d hentre as necessidades e desejos dos homens;• Gramática geral: Ciência dos signos pela qual o
homens reagrupam a singularidade de suaspercepções e recortam o movimento contínuo deseus pensamentos.
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10. Arqueologia das Ciências Humanas10. Arqueologia das Ciências HumanasEpisteme clássica:19
• Congrega e assumem fisionomia de antigosesboços de conhecimento:esboços de conhecimento:• Histórias naturais da Antiguidade, da Idade Média e da
Renascença;Renascença;• Rudimentos da economia;
Gramáticas particulares e• Gramáticas particulares e• Primeiras reflexões filosóficas sobre a linguagem;
• Não se trata dos saberes modernos da Vida, doTrabalho (e da produção), da Linguagem e daCultura
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10. Arqueologia das Ciências Humanas10. Arqueologia das Ciências Humanas
Arqueologia: Ciência das coisas velhas:20
Arqueologia: Ciência das coisas velhas:• Ciência das iniciativas capitais e das inspirações
f d t ifundamentais• Importante retornar aos estados antigos do saber
para interrogar sua constituição e funcionamentoepistemológicos
• Atestam o clima geral do pensamento e do saber deum período histórico – arquivos de uma cultura eum período histórico arquivos de uma cultura ede seu saber
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11 O Início da Era da Positividade11. O Início da Era da Positividade
• Surge com o séc XIX e vem até nós21
• Surge com o séc. XIX e vem até nós.• Época de transição: Revolução Francesa• Novos campos de estudo se instauram: consciência
da história; Infra-estrutura do trabalho produtivo;• Emergência da realidade da vida organizada (com
sua fisiologia e ecologia);sua fisiologia e ecologia);• Realidades flexionais e vocálicas da linguagem;
A l d d iti id d d l• A palavra-de-ordem: positividade do real,esgotamento fenomenológico da coisa em si
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11 O Início da Era da Positividade11. O Início da Era da Positividade
• Transmutação do núcleo epistemológico clássico:22
• Transmutação do núcleo epistemológico clássico:• História natural torna-se biologia (saber da vida);• Teoria das riquezas e valor torna-se conhecimento
científico do homem trabalhador, produtor econsumidor;
• Gramática geral converte-se em ciência dalinguagem;
• A partir desses núcleos transformadospepistemologicamente (do classicismo à época doséculo XIX e de nossa contemporaneidade) queséculo XIX e de nossa contemporaneidade) quesurgem as diversas ciências humanas atuais. 29/2/2008
11 O Início da Era da Positividade11. O Início da Era da Positividade
• Superação dos três núcleos da idade clássica23
• Superação dos três núcleos da idade clássica(saberes da positividade da Vida, do Trabalho e doFalar Humano):Falar Humano):
• Equivale à superação do obstáculo epistemológico(B h l d)(Bachelard)
• Do Espírito pré-científico – à constituição de umaciência verdadeira
• Eliminado o obstáculo, as ciências humanaspodem constituir-se e aparecer em estado livre noespaço do saber
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11 O Início da Era da Positividade11. O Início da Era da Positividade
• Reação exercida sobre os símbolos filosóficos24
• Reação exercida sobre os símbolos filosóficos• Reação sobre o símbolo da filosofia das Luzes: o
hhomem;• Vivemos o desfecho da antropologia, a
desintegração do homem, dois fenômenos conexosà emergência atual de certas disciplinas (psicanálisee etnologia, que Foucault chama de contra-ciências););
• Etnologia: Estudo das etnias para estabelecer aslinhas gerais da estrutura e da evolução daslinhas gerais da estrutura e da evolução dassociedades. 29/2/2008
12 Epistemologia Arqueológica12. Epistemologia Arqueológica
• Arqueologia positiva: busca a origem do homem e25
• Arqueologia positiva: busca a origem do homem esua história;A l i t ló i t f d t• Arqueologia ontológica: remonta ao fundamento,buscando a origem do homem no ser como origem;
• Arqueologia fenomenológica: busca a origem, nohomem, e a origem do homem, na natureza;
• Arqueologia proposta por Foucault: não visa adescoberta da origem do homem, mas odescoberta da origem do homem, mas ofundamento das ciências humanas.
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12 Epistemologia Arqueológica12. Epistemologia Arqueológica
P i t l i i t t26
• Para a epistemologia, importantenão é o objeto tratado por umanão é o objeto tratado por umaciência, mas o lugar que esta ouaquela ciência ocupa no espaço dosabersaber.
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13. Conclusão
• Apesar de seu enorme interesse e importância para o27 p p pestudo das ciências humanas, em que se mostraminsatisfatórias as análises de Foucault?
• Toda sua abordagem propõe ao leitor umarepresentação, um quadro do saber;representação, um quadro do saber;
• O campo epistemológico fica reduzido ao estudode três positividades: vida trabalho e linguagem;de três positividades: vida, trabalho e linguagem;
• Será que a física e a matemática não exprimiriamtambém a experiência da ordem?também a experiência da ordem?
• Para ele as ciências humanas não falam do homem( li j(analisam normas, regras e conjuntossignificantes). 29/2/2008
13. Conclusão28
• Quanto à existência ou inexistência do homem, estesapenas aparecem e não existem, tais como se fizerampela cultura. Assim, o homem estudado pela ciêncianão passa de um fenômeno humano, que se tornoupresa de uma linguagem.
• Para Foucault, “o homem é uma invenção cuja datarecente a arqueologia de nosso pensamento mostrarecente a arqueologia de nosso pensamento mostrafacilmente. E talvez o fim próximo”.
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13. Conclusão29
• O homem não é o mais antigo nem o maist t d bl d b hconstante dos problemas do saber humano,
mas a onipotência do saber.
Segundo Foucault os homens atuais estão• Segundo Foucault, os homens atuais estãoesmagados pela cultura e por seus resultados.
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13. Conclusão30
• Significado da Ciência: Parece mais um acervo deacontecimentos acumulados nos livros do queacontecimentos acumulados nos livros do queconhecimentos que de fato possuímos entre nós e quepossamos compreender.possamos compreender.
P li üí ti t l i t b tid• Para a lingüística e etnologia, estamos submetidos aleis que nos escapam, enquanto que a psicanálise
t il imostra que somos aquilo que ignoramos ser.
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13. Conclusão
O h ã d i d h d31
• O homem não passa do conceito de homem, de umafigura devanescente num sistema temporário de
iconceitos.• A estrutura teórica (sistema), é anônima, sem sujeito
e sem identidade, que dirige em todas as épocas amaneira como as pessoas refletem, escrevem, julgam,falam e experimentam as coisas.
• Assim, o homem é rechaçado ao mesmo tempo como, ç psujeito e objeto do sistema.
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13. Conclusão
P F l h ã é bj difí il i32
• Para Foucault, o homem não é o objeto difícil, eisque é um objeto inexistente.
• Há seres humanos, mas não passam de mitos.• As propriedades e privilégios que os humanistasp p p g q
atribuírem ao homem (um fantasma) são ilusórios.• A epistemologia de Foucault exclui totalmente o• A epistemologia de Foucault exclui totalmente o
homem real, considerando-o apenas um conceito,reduzindo-o a um elemento do sistemareduzindo o a um elemento do sistema.
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