A época do funcionalismo

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O FUNCIONALISMO URBANISMO, ARQUITETURA, DESENHO INDUSTRIAL A época do funcionalismo é um período inserido entre as grandes guerras, produto das novas conformações sociais, políticas, econômicas e tecnológicas estabelecidas após o intenso belicismo e a maciça produção industrial. A partir das transformações do pós guerra não é possível pensar antigas questões como antes. As questões urbanas, arquitetônicas e artísticas,se antes apresentavam-se como situações subjetivas de um futuro distante, agora ganham força e exigem soluções. A cidade passa a ser entendida como um organismo produtivo, tecnológico, social e político cujo crescimento qualitativo e quantitativo caso não organizado racionalmente emperra seu funcionamento. Nesse sentido a figura do arquiteto passa a ser exigido não apenas como um simples construtor, mas como um pensador do espaço urbano. E, toda a arquitetura moderna a ser revista segundo os princípios funcionalistas. O Funcionalismo como produto do crescimento urbano, do caos instaurado no pós primeira guerra e conseqüente agravamento das questões urbanísticas prega a necessidade de tornar as cidades cada vez mais funcionais. E, como tendência artística prega que tanto na arquitetura quanto no urbanismo ou no mobiliário, a forma deve resultar da perfeita adequação a função. Portanto, seus princípios básicos determinam: -Condicionamento dos projetos arquitetônicos pelo meio envolvente, que obriga o arquiteto a assumir-se também como urbanista; -Prioridade do planejamento urbanístico sobre o projeto arquitetônico; -Recurso à tecnologia industrial, à estandardização e à pré-fabricação em série, isto é, à progressiva industrialização da produção de objetos da vida diária. -Procura de soluções arquitetônicas que conciliem o sentido estético com as funções do edifício, em articulação com as necessidades práticas de um cotidiano urbano cada vez mais massificado; Segundo Argan, o principal obstáculo que impede que a estrutura se adéqüe à função urbana é a especulação imobiliária. Ela divide os arquitetos de então entre os oportunistas que aceitam essa prática e dela tiram vantagem, piorando a condição

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O FUNCIONALISMO

URBANISMO, ARQUITETURA, DESENHO INDUSTRIAL

A época do funcionalismo é um período inserido entre as grandes guerras, produto das novas conformações sociais, políticas, econômicas e tecnológicas estabelecidas após o intenso belicismo e a maciça produção industrial. A partir das transformações do pós guerra não é possível pensar antigas questões como antes. As questões urbanas, arquitetônicas e artísticas,se antes apresentavam-se como situações subjetivas de um futuro distante, agora ganham força e exigem soluções. A cidade passa a ser entendida como um organismo produtivo, tecnológico, social e político cujo crescimento qualitativo e quantitativo caso não organizado racionalmente emperra seu funcionamento. Nesse sentido a figura do arquiteto passa a ser exigido não apenas como um simples construtor, mas como um pensador do espaço urbano. E, toda a arquitetura moderna a ser revista segundo os princípios funcionalistas.

O Funcionalismo como produto do crescimento urbano, do caos instaurado no pós primeira guerra e conseqüente agravamento das questões urbanísticas prega a necessidade de tornar as cidades cada vez mais funcionais. E, como tendência artística prega que tanto na arquitetura quanto no urbanismo ou no mobiliário, a forma deve resultar da perfeita adequação a função. Portanto, seus princípios básicos determinam:

-Condicionamento dos projetos arquitetônicos pelo meio envolvente, que obriga o arquiteto a assumir-se também como urbanista;-Prioridade do planejamento urbanístico sobre o projeto arquitetônico;-Recurso à tecnologia industrial, à estandardização e à pré-fabricação em série, isto é, à progressiva industrialização da produção de objetos da vida diária.-Procura de soluções arquitetônicas que conciliem o sentido estético com as funções do edifício, em articulação com as necessidades práticas de um cotidiano urbano cada vez mais massificado;

Segundo Argan, o principal obstáculo que impede que a estrutura se adéqüe à função urbana é a especulação imobiliária. Ela divide os arquitetos de então entre os oportunistas que aceitam essa prática e dela tiram vantagem, piorando a condição das cidades, e os que verdadeiramente são arquitetos e urbanistas que encaram a questão funcional da cidade.

É possível que a especulação imobiliária tenha se iniciado desde que foi instaurado o conceito de propriedade. Porém, é mais provável que essa prática, como a conhecemos hoje, tenha começado nos primórdios do capitalismo, após as revoluções burguesas. A partir do momento em que a burguesia instaura o direito à propriedade como inalienável, dá-se margem para que a especulação desta ocorra. Até os dias atuais essa questão se mostra muito presente. Se os urbanistas modernos propunham uma cidade funcional que primava pela interação de seus habitantes através do uso de espaços comuns, hoje o que vemos são os mesmos oportunistas de outrora propondo seus empreendimentos imobiliários na forma dos condomínios fechados.

Como se vê , velhas questões continuam ainda a ser obstáculos para o pelo desenvolvimento da cidade. Mas isso não tira a validade das soluções , das diversas orientações e formulações problemáticas ligadas às diversas situações políticas sociais e culturais surgidas e intensificadas a partir das primeiras décadas do século XX.

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Dentre as correntes do funcionalismo é possível distinguir inicialmente duas : a corrente racionalista e a corrente organicista. Dentro da corrente racionalista pode-se distinguir o racionalismo formal de Le Corbusier na França, o racionalismo metodológico - didático de W. Gropius e da Bauhaus na Alemanha, o racionalismo ideológico de Construtivismo soviético, o racionalismo formalista do Neoplasticismo holandês e o racionalismo empírico de A Aalto nos países escandinavos.A corrente organicista fundamenta-se no pensamento racionalista orgânico de Frank L Wright nos Estados Unidos.

O Racionalismo FormalTendo como expoente, idealizador e propagador o arquiteto e artista Le

Corbusier, o racionalismo formal busca uma forma artística que seja uma resposta lógica ao “problema bem formulado”. Nada é mais belo que essa resposta lógica , não são necessários assim adornos ou decorações basta a forma sóbria que responda bem à questão / necessidade construtiva.Parte da premissa de que a sociedade é fundamentalmente sadia e que sua relação com a natureza originária e ineliminável , portanto cabe ao arquiteto-urbanista a criação de condições naturais e ao mesmo tempo lógicas .Ou seja , deve-se organizar o espaço urbano mas não a ponto de impedir que o homem entre em contato com o natural.

E, é no homem que Le Corbusier encontra a medida perfeita para construção do espaço habitável e busca do pelo equilíbrio entre a natureza e a história humana. Não diferenciando objeto-edifício de objeto-natureza busca eliminar as contradições existentes entre coisa e espaço, entre as construções e o entorno. Em suas criações destacam-se volumes elevados por pilares onde a natureza e a cidade não apenas circundam a edificação como também fluem e existem por debaixo dessa.Em seus projetos urbanísticos a valorização do viver em sociedade, do viver “junto com a comunidade” associa-se ao viver individual .Projeta conjuntos habitacionais que são verdadeiras cidades-casas e , essa mescla de viver individual e comunitário é a chave para grandes questões hoje discutidas em termos de sustentabilidade urbana.Quanto ao uso das formas , segue as tendências e geometrizações cubistas e a busca da claridade da forma clássica. Na construção opta-se pela Concepção retangular da planta e das fachadas, de forma a salientar os interiores funcionais do edifício; a fachadas que poderiam ser vistas de vários ângulos e fusão do fundo e da figura numa unidade( para arquitetura natureza e sociedade) .

Racionalismo metodológico – didáticoSurgido na Alemanha do pós guerra, propunha uma via de oposição ao

irracionalismo político, a violência e exasperação das condições sociais. Por meio do racionalismo crítico pretende resolver as questões pendentes buscando a lógica não das armas.

Baseava- se a no Expressionismo do Grupo de Novembro e refletia a ânsia por um renascimento ideal no pos guerra. Não para menos, na Alemanha destruída o mais lógico seria pensar em uma reconstrução pacifica e ideal e não mais em guerra e destruição.

Nesse contexto eleva-se a figura de Walter Gropius e da escola Bauhaus fundada por este e herdeira de várias experiências pedagógicas e artísticas ocorridas na Europa desde o século XIX (movimento inglês Arts & Crafts).

A bauhaus foi uma experiência de escola democratica cujo objetivo, segundo o proprío Gropius, era: “é a obra de arte total – o edifício – na qual não existem quaisquer barreiras entre as artes estruturais e as artes decorativas”.A Bauhaus objetivava a compreensão das revoluções artisticas e movimentos de vanguarda para

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posteriori transformação em metodo e didatica . Nao existiria em seus dominios genios ou mestres todos seriam aprendizem ajudando e influenciando-se mutualmente em perfeita democracia.

A Bauhaus tambem significou uma casa de construção no sentido amplo do termo ali se construiam desde utencilios destinados ao uso cotidiano ate pensava-se na escala da cidade construia-se assim a sociedade visto que essa constroi-se apartir da cidade.

Outras questoes como o dinamismo o signo e significado das formas tambem foram bem pensadas e desenvolvidas na Bauhaus. Por isso Argan afirma que : “ tudo que se inclui no ambito da comunicação visual é objeto de analise e estudo “ na escola .

A Bauhaus e por conseguinte o racionalismo metodológico –didático estao inceridos no contexo industrial que busca a produção em serie e a padronização ( defendida visto que cada individuo é livre para interpretar e tirar as proprias conclusões a partir da forma).

Por fim , pode-se dizer que no curto período da sua existência, tornou-se centro de todas as correntes artísticas europeias. Foi muito mais que um exemplo de arquitetura: nela se ensinava também pintura e design, criação de novos padrões de mobiliário e de tecidos. Foi um foco de atenção de artístas de toda a Europa e de todas as áreas.

Seu legado pode ser visto em criações artisticas a serviço das necessidades elementares do cotidiano e na significativa renovação em todos os ramos da criação artistica até então as chamadas artea menores e atualmente desgnadas novas disciplinas artisticas – foi la que o design adiquiriu status de arte.

Mas, não apenas da Bauhaus viveu W Groupius , a obra urbanistica e arquitetonica considerada simples e pura aplicação racionalista tem como exemplo o projeto da fábrica Fagus onde resolve simultaneamente o problema da instrumentalidade do edificio e as condições de higiene epsicológicas.

Se Gropius não foi apenas a Bauhaus , o racionalismo metodológico didático tambem não restingiu-se a escola. No movimento Alemão, destaca-se também Mies Van Der Rohe . Ao contrário de Gropius , Mies não tem pretensoes sociais nem urbanistas, considera as cidades velhas fadadas a desaparecer e que os arranhas-ceus por ele projetados são sinônimos dos novos tempos e das cidades que vão surgir no lugar das antigas. E, seu facinio pelo arranha-céu, figura mitólogica na arquitetura americana mas de certa maneira vista com estranheza na europa, decorre de sua interpretação lógica da ideologia do Grupo De Novembro: considerando-o uma “casa de vidro” limpida como cristal que eleva-se ao céu.

Mies leva o racionalismo as ultimas consequencias podendo parecer um extremista as vezes, mas na verdade só deseja ser um arquiteto no sentido pelo usando de toda a tecnica e das infinitas possiblidades industriais de seu tempo.Cria assim “poesia “ apartir da tecnologia de ponta. Por Fim , podemos constatar que o racionalismo metodico didatico espalhou-se pelo mundo apartir das perseguições nazitas e encontrou compo fertil nos Estados Unidos ondes as tecnicas de pre fabricação e grandes nomes desevolveram a arquitetura verticalizada e baseada na repetição de elementos rumo ao céu dos grandes centros urbanos.

O Racionalismo IdeológicoTem por base as vanguardas construtivas na União Soviética no início do

século. No início, seu desenvolvimento é limitado pela falta de dinheiro, tecnologia e profissonais capazes de por em prática o que estava sendo discutido no campo teórico. O racionalismo ideologico tem como característica principal seus ideais expressos no campo das artes, principalmente nos ramos da arquitetura e escultura.

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Sofre influência do teatro e busca nas formas expressar o conteúdo. Argan comenta que isso é virtude e defeito simultaneamente pois ao mesmo tempo que a arquitetura é capaz de comunicar instantaneamente os conceitos que a norteiam, ela assume um caráter cenográfico e formalista. Talvez a obra mais emblemática dessa escola seja o monumento de Tatlin para a terceira internacional, famoso por reunir todas as artes em uma só peça, que é arquitetônica, escultural, funcional e comunicativa. O geometrismo aqui desempenha papel fundamental e, é através dele que o espírito racionalista da revolução russa é demonstrado.

O Neoplasticismo – Racionalismo FormalistaNa Holanda se origina um movimento de grande tensão intelectual, provocada

pela guerra, que tem como fundamentos desenvolvimento da atividade criativa de maneira purista, ou seja, sem que ela seja influenciada pela historicidade. O Neoplasticismo prima pela utilização de formas mínimas e por essa razão também tem caráter geométrico. Segundo os neoplásticos, só de se construir formas já obtém-se um efeito estético. No campo da arquitetetura a funcionalidade é muito presente e a ausência de uma finalidade reformista no que se refere ao urbanismo permite que essa funcionalidade seja extensamente explorada. Um grande exemplo de casa do racionalismo formalista é a Casa Schroder, do arquiteto holandês Rietveld. Nela, a composição através das linhas, planos e cores é o retrato da simplicidade neoplastica.

O Racionalismo EmpíricoDiferente dos outros movimentos até então, os escandinavos do racionalismo

empírico não recorrem à regras e à princípios para resolver suas questões. Não que ele opte pelo caminho da irracionalidade, pelo contrário, a razão norteia a maneira como o homen deve pensar suas relações entre si e com a natureza. Portanto, os arquitetos escandinavos, tendo como seu maior expoente Alvar Aalto, não propõe fórmulas compositivas e se aproximam mais da arquitetura orgânica de F.L. Wright. Segundo Aalto, todo o espaço é interno, o horizonte é o limite.

O Racionalismo OrgânicoNo contexto americano surge a figura marcante de Frank Lloyd Wright,

buscando estabelecer nos Estados Unidos uma arquitetura que difere da européia.Segundo ele, a criação em sua plenitude só existe quando não vem acompanhada de uma bagagem histórica. Wright começa a se destacar no início do século com suas casas voltadas para a classe média, as prairie houses. Seu processo projetual parte da criação dos espaços internos para os externos, suas casas são marcadas pela articulação entre espaços e planos. Vive por algum tempo no Japão, onde a cultura e a arquitetura o influenciam até o fim de sua vida. Embora Wright se oponha à historicidade da arquitetura européia, ele aceita a arquitetura japonesa por não considerá-la intrinsicamente histórica, já que sua racionalidade está na relação do homem com a natureza. Voltando ao Ocidente, é um dos grandes responsáveis por trazer elementos das artes orientais para os Estados Unidos e Europa, o próprio caráter orgânico de sua arquitetura a partir de então é também fruto de sua passagem no Japão. No campo teórico, Wright inova ao estabelecer os conceitos do espaço como concepção humana, a arquitetura como ação do sujeito. É o grande responsável pelo início do ciclo histórico da arte americana.

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Pintura e Escultura

No campo da pintura e da escultura, a arte deixa de ser meramente representativa e passa ter um caráter funcional. Os artistas de então se opõe à burguesia capitalista e à hierarquização da sociedade e suas obras passam a contestar a alienação desta. Temos o conflito da arte e da criatividade com a indústria e sua repetitividade. Nesse contexto, os movimentos que surgem são divididos em 2 grupos, as vanguardas positivas e as negativas. Os adeptos das vanguardas positivas pensam que a arte, enquanto operação criativa, deve modificar as condições alienantes determinadas pelo capitalismo industrial ou então pensam que a arte deve servir como fuga da alienação. Já as vanguardas negativas negam qualquer compatibilidade da arte com o sistema cultural vigente, considerando até a impossibilidade da sua sobrevivência.

Vanguardas Construtivas

Cubismo – Esse movimento nasce à luz das obras de Cézzane e Rousseau, representado inicialmente (fase analítica) por Picasso e Braque. Para eles, a partir do momento em que o quadro é considerado um campo plástico, a sucessão de planos deixa de existir assim como a distinção entre imagem e fundo (pintura e escultura, na prática, têm o mesmo valor). Além disso, os objetos são apresentados através de múltiplas visões, referentes a diferentes ângulos, como se o observador estivesse se movimentando em torno dele. Esse movimento não se limita às três dimensões, mas transcende para o espaço-tempo de maneira que o objeto pode aparecer em diversos pontos do espaço. Posteriormente, a implementação da técnica de collage consolida o quadro enquanto espaço real. As principais críticas dirigidas ao movimento estão inseridas no próprio e são feitas por Duchamp e Delanay, que consideram o cubismo ainda muito cartesiano, racionalista e cobram mais arrojo. Talvez por essa razão, Delanay se aproxima do movimento futurista e Duchamp se torne, mais tarde, o maior expoente do dada.

Der Blaue Reiter – Fundado pelo russo Vassili Kandinsky, o cavaleiro azul é a vanguarda construtiva inserida no contexto alemão. Seu outro grande expoente é Paul Klee e, ambos partilham os conceitos de uma arte simbolista e espiritualista, trabalhando extensamente no campo dos signos. A sua produção não busca representar algo real ou tangível, pelo contrário, busca exteriorizar o que está ocorrendo na consciência do artista. É através da introspecção que ele torna visíveis fenômenos que antes só ocorriam internamente. Os artistas fazem uso das linhas, cores e formas geométricas que, nesse contexto, estão destituídas de seu valor original, mas com sua nova conformação adquirem o significado do fenômeno.

Vanguarda Russa – Dentre todos os movimentos que surgem à época do funcionalismo, a vanguarda russa é o único que está inserido numa revolução. Argan divide esse período em 3 escolas, o Raísmo, o Suprematismo e o Construtivismo. O Raísmo, representado por Larionov e Natalia Goncharova se diz ser a síntese entre cubismo, futurismo e orfismo. Para Larionov, o espaço deve existir sem o objeto, apenos com movimentos e com a luz. O suprematismo tem seu grande expoente na figura de Malevich, que prima relação entre idéia e percepção e pelo espaço “representado” ( representação é uma palavra delicada nesse momento) num símbolo

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geométrico. Segundo ele, o quadro é o meio de comunicar a relação entre sujeito e objeto, é a síntese da existência entre mundo interior e exterior. Já o construtivismo é encabeçado por Tatlin, que prega a arte a serviço da revolução. Ele diz que não pode mais haver distinção entre as artes, o que fica evidente em seu famoso monumento à Terceira Internacional. Esse período de florescimento das artes na Rússia sofre um fim abrupto após a morte de Lênin e o inicio da burocracia Stalinista.

A SITUAÇÃO ITALIANA

Do mesmo modo que é imposssivel dissociar totalmente a arte de seu tempo , é impossível conceber a arte italiana do entre guerras sem pensar nos traumas e dificuldades vividos com a implantação do regime totalitario facista no pais.

Visto isso é perfeitamente explicavel o fato do manifesto da arquitetura futurista italiana nao ter tido muitas adesões. Com uma industria moderna ainda em formação, especialmente no norte do pais, o problema das habitações operarias e as questoes sociais que esse encerra eram na maioria das vezes ignorados. Por todo pais reinava a especulação imobiliaria favorecida pelo fato da maior parte da construção civil e iniciativas referentes a essa estarem nas maos do poder publico ( nada diferente do que vemos hoje em muitos paises e cidades onde o bem comum é negado em detrimento do bem de poucos que detem nao apenas o poder economico como tambem o politico)

Assim sendo, qualquer reivindicação social era tratado como questao de policia no caso a policia facista. E, a atuação dos arquitetos futuristas restringiam-se ou em concordarem com a situação e em primeiro momento ver algo de revolucionario no regime facista ou em lutarem contra esse e por fim acabarem vencidos e exilados.

A frente do conformismo ou melhor conformação encontrava-se Piacenti que como arquiteto oficial do regime empreendeu entre outras coisas empreendeu policas de modernização.No entanto, para os arquitetos oficiais modernização significava ou “demolição “ ou o saneamento dos centros historicos com a retirada da populção pobre desses. Com o pretesto do “vulto monumental” a população pobre era transferida para suburbios que eram verdadeiros bolsões de pobreza. Não podemos no entanto dizer que tal politica de “modernização” restringiu-se à Italia, por todo mundo ainda existe o mito que para se modernizar e consequentemente solucionar os problemas social basta tira-los de vista.

Mas nem tudo era aceitação de um regime opressor e falsamente humanista por natureza, em contra mão a politicas oficiais surgiam proposta e organizações de arquitetos insatisfeitos com tal “ modernidade”. A revista Casabella iniciativa do critico E. Perisco e do arquiteto G. Pagano reunia em torno de si as mentes verdadeiramente engajadas com a modernidade e as questoes socialis que essa encerra.Planos como o de urbanização de Milão – milao verde- mostram que nem tudo ideologicamente estava perdido mas distante de concretização visto as opções de atuação do regime facista.

Por fim podemos conculir que apesar das contradições e problemas internos pulsava ainda que modestamente o objetivo de engajar a arquitetura moderna italiana ao que havia de mais novo em toda europa.

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Nas artes , pintura e escultura, a situçao não é tão diversa da que foi vista na arquitetura. Com o fim da primeira Guerra o futurrismo entrava em decadencia e , para “substitui-lo”, ainda nao havia se estruturado ideologicamente uma escola de peso e com adeptos suficientemente engajados. Por isso, o Neofuturismo rapidamente esvazia-se ; lançando luzes ao fato de que a ” arte moderna italiana deveria partir necessariamente do futurismo e sua crise , apontando suas causas na ênfase neo-romantica e no historicismo”.

Tantas contradições internas isolam a arte italiana do fertl mercado europeu e apesar das tentativas de artistas como Balla essa, a arte, acaba em segundo plano quando olhamos para a Italia do entre guerras.

ÉCOLE DE PARIS

Se é valido dizer que a globalização economica começou com as grandes navegações , é igualmente valido falar que a arte global , consmopolitana deve tributo a Ecole de Paris

Diferente da Bauhaus onde a arte era “estudada” , os impulsos revolucionarios transformados em métodos, a arte, em experiencia estetica coletiva transferida para as produçoes industiais (agentes de educação e comunicação social) ; A ecole de paris propunha o “aprendizado” com o mercado. Nada de sistematização ou metodos, o mercado e sua lei basica de oferta e procura formaria os artistas que a sociedade burguesa necessitava.Pode-se assim dizer que a Bauhaus pensava e criava para uma sociedade futura, que talvez ainda nem exista, enquanto a ecole de paris , para a sociedade burguesa que delimitava-se no entre guerras.

Não pode-se contudo subestimar uma frente a outra como tambem não é possivel subestimar a função cultural do mercado ,não ha quem negue que em nosso século ele tem sido determinante. Afinal, o mercado parisiense ,e parte do atual, dirigia-se a uma população exigente.E, a atuação da ecole de paris frente a bauhaus ma formação e irradiação da arte moderna foi decisivamente maior visto tambem que a segunda acabou fechada pelo regime totalitario alemão.

Sendo portando , a ecole de paris um centro efervecente da cultura artistica moderna logo , passou a atrair artistas de toda europa que lotavam as reuniões noturnas nos cafes , buscando seu lugar ao sol e a aprovação da critica que consequentemente refletia a aprovação do mercado. E, embora a principio distancia-se de qualquer tendencia politica , com o advento dos regimes totalitarios , será simbólo da liberdade e de opasição a opresão que os regimes de extrema direita ou mesmo extrema esquerda encerravam. Será, portanto, defensora da liberdade e acima de tudo livre no melhor sentido que pode-se esperar da arte.

Dentre os imumeros artistas que disputavam um lugar de prestigio no concorrido e efervecente mercado parisiense tres figuras sao e foram ja aquele tempo unanimes. São eles : Picasso, Matisse e Braque.

Picasso não filiou-se , ou melhor não seguiu, durante toda sua carreira uma escola artistica,intervém em todos e ao seu estilo percorreu “ da decomposição

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cubista à monumentalidade clássica(ainda que ironica) , do desenho limpido à maneira de Ingres à deflagração da forma, de um naturalismo sereno à violenta dilaceração da forma, do belo ao horrendo” provando que todas as tendencias são ú teis e ao mesmo tempo inútes; E Que o valor existe em si.Do mesmo modo que move-se por diversas tendencias, move-se no tempo, revive classicos da arte para provar que o valor tambem não é historico como tambem não pertence a nenhuma escola, prova que o valor existe , fato simples e complexo, mas fato. (E, o valor hoje ,tambem não existe por si? Logico que sim , Picasso estava e esta certo rompendo a barreira de seu tempo.)

Outra das três figuras emblematicas da ecole de paris é Braque , autor de pensamentos celebres como “Um quadro está concluido quando apagou a ideia” e “ amo a regra que corrige a emoção”. Nos pensamentos, Braque resalta a importancia do objeto frente a ideia do artista , é No Objeto absoluto que o artista fixa o significado e o valor. E , para a criação artistica não é a regra que deve preceder mas sim o que tem de mais puro no ser humano, a emoção, mas que deve ser modelada por uma norma de valores sintese de toda experiencia e práxis.

O ultimo da “ santissima trindade” da ecole de paris é Matisse demostrando que “a arte se faz fora e acima da história” , visto que a arte é o capital, é o valor, é a força da humanidade frente as tragédias da humanidade. O pensamento de Matisse é perfeitamente justificável visto que esse viveu como outros grandes artistas da epoca as duas grandes guerras e encontrou na arte meios para desvilcular-se e de tentar desvincular a humanidade de tamanhas desgraças.

Diversas correntes e diversos artistas uniram-se e mutualmente influenciaram-se na Ecole de Paris , conservando o ideario comum da arte como linguagem universal, de “circulação viva e contínua no corpo vivo da sociedade”. Não é possivel, dada sua heterogenidade, tamanha e viva atuação, citar apenas um quadro ou um artista como unico e representativo da Ecole .Mas pode-se dizer sem duvida que essa tornou-se simbolo e propagadora da arte moderna livre que é de mercado sem vender-se a ele.

DADA

A primeira Guerra traz alem de destruição uma profunda crise de valores que se manifesta em todas as esferas sociais, inclusive na arte. Esta, contrariando as correntes artistica de até então, não se propoe mais a interpretar, conhecer ou participar da realidade , mas pelo contrario, dela si distancia. E, distanciando-se de uma realida de lógica e mercadológica ,deixa de ser fruto da razão , de ter valor e finalidade.

Assim, configura-se a arte Dada que apela para a desvalorização e desfinalização do objeto e do fazer artistico tornando-se e almejando uma anti-arte , um contra senso.

O contra senso é usado para de certa maneira questionar os valores de uma sociedade que fez e faz referencia a lógica e industria mas que foi traida por ambos no

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momento em que a guerra eclode.E, para questionar esses valores é que foram produzidas obras como a Giocconda de Leonardo de Bigodes por Duchamps ou, o Mictóro assinado tambem dele.Duchamps como outros mostram que o valor não esta no objeto em si mas no juizo que se faz dele, e que o limite de uma representação e do real pode ser tão tenue que é facil desmitificar um mito como a Gioconda.

Por fim pode-se dizer que o Dada é acima de tudo liberdade, liberdade de ver o mundo sem o crivo castrador da lógica, liberdade de questionar o inquestionavel, liberdade de derrubar e destruir mitificações e principalmente liberdade de ser artista e viver as contradições de seu tempo da mameira que melhor parecer.

O SURREALISMO

Tal qual a corrente dada o movimento surrealista não pretende criar uma arte representativa e mercadológica e, assim o faz.As produções surrealista apelam para as revelações do inconsciente.

O inconsciente em sua dimensão psiquica é mais facilmente trago a tona por meio de imagens como é feito e provado na psicanálise por isso os artistas surrealistas tomam a imagem não meramente em sua dimensão estetic a mas principalmentena dimensão da propria arte.

As imagens produzidas pelo inconsciente revelam-se como experiencias oniricas não programadas, formam então um conjuto de experiencias irracionais que fazem frente ao racionalismo arquitetonico e ao desenho industrial que se desenvolviam na epoca.

No fundo a expertiencia surrealista prova tal qual q dadaista que o valor das coisas , dos objetos produzidos pelo homem não esta nele em si mas do julgamento que se faz dele, não esta no conteudo mas na interpretação que cada um tem ao ver uma imagem.Não precisa ser psiquiatra ou viver na epoca surrealista para ter a certerza que os idealizadores do surrealismo estavam certos, afinal nada em si possui valor , o valor e a valorização é um atributo consciente ou inconscientemente humano.

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Relatório sobre “A arte moderna” de Giulio Carlo ArganCapítulo 6 – A época do funcionalismo

Pedro Machado Meneghel – 7171752Veruska Bichuette Custodio - 6811169