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A ETEC DR. EMÍLIO HERNANDEZ AGUILAR E O ENSINO DE HISTÓRIA - A “PRÉ-HISTÓRIA” DO BRASIL SILVA, Mara Cristina Gonçalves da¹ Grupo de Reflexão Docente n. 16 Entre Práticas e Reflexões: História Pública e Ensino História Resumo: O presente texto é um relato reflexivo da experiência de aprendizagem a partir da chamada pré-história no território que hoje forma o território nacional brasileiro; procuramos utilizar vários instrumentos didáticos como o próprio livro didático, leitura de livro paradidático e visita ao uma exposição no Museu da Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo. Palavras-chave: Pré-História brasileira; museu; ensino de História. 1. Introdução Sou bacharel e licenciada plena em História e desde 2008, quando começou o Ensino Médio na Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar lecionamos o componente curricular História. A escola fica no município de Franco da Rocha na região metropolitana de São Paulo, desde que iniciamos temos a preocupação com um ensino de história significativo para os estudantes que permeiam nosso cotidiano. Nos 1º anos A, B e C do Ensino Médio da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar, no município de Franco da Rocha na região metropolitana de São Paulo, no ano de 2015 do período matutino foram utilizadas seis aulas para desenvolvermos os conteúdos de História relacionada ao período anterior a chegada dos europeus no século XV e XVI seguindo o livro didático distribuído pelo Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (BRAICK, 2013), essa obra é distribuída na região para as escolas públicas pela Diretoria de Ensino de Caieiras da Secretaria Estadual de Educação SEE/SP. Nas escolas técnicas estaduais a programação de cada componente curricular é registrada no Plano de Trabalho Docente- PTD, onde registra-se as bases tecnológicas (os conteúdos) que serão desenvolvidos, no nosso caso, nossos registros correspondem aos capítulos do livro didático. (1) Mestranda do Programa de Pós-graduação Educação: História, Política, Sociedade da PUC- SP sob orientação da Profª Drª Helenice Ciampi; professora de História e Sociologia da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar e professora de Ética e Cidadania Organizacional e Sociologia da Etec de Francisco Morato.

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A ETEC DR. EMÍLIO HERNANDEZ AGUILAR E O ENSINO DE HISTÓRIA - A

“PRÉ-HISTÓRIA” DO BRASIL

SILVA, Mara Cristina Gonçalves da¹

Grupo de Reflexão Docente n. 16 – Entre Práticas e Reflexões: História Pública e Ensino História

Resumo:

O presente texto é um relato reflexivo da experiência de aprendizagem a partir da chamada pré-história no

território que hoje forma o território nacional brasileiro; procuramos utilizar vários instrumentos didáticos

como o próprio livro didático, leitura de livro paradidático e visita ao uma exposição no Museu da

Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo.

Palavras-chave: Pré-História brasileira; museu; ensino de História.

1. Introdução

Sou bacharel e licenciada plena em História e desde 2008, quando começou o Ensino Médio na

Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar lecionamos o componente curricular História. A escola fica no

município de Franco da Rocha na região metropolitana de São Paulo, desde que iniciamos temos a

preocupação com um ensino de história significativo para os estudantes que permeiam nosso cotidiano.

Nos 1º anos A, B e C do Ensino Médio da Etec Dr. Emílio Hernandez Aguilar, no município de

Franco da Rocha na região metropolitana de São Paulo, no ano de 2015 do período matutino foram

utilizadas seis aulas para desenvolvermos os conteúdos de História relacionada ao período anterior a

chegada dos europeus no século XV e XVI seguindo o livro didático distribuído pelo Programa Nacional

do Livro Didático para o Ensino Médio (BRAICK, 2013), essa obra é distribuída na região para as

escolas públicas pela Diretoria de Ensino de Caieiras da Secretaria Estadual de Educação – SEE/SP.

Nas escolas técnicas estaduais a programação de cada componente curricular é registrada no Plano

de Trabalho Docente- PTD, onde registra-se as bases tecnológicas (os conteúdos) que serão

desenvolvidos, no nosso caso, nossos registros correspondem aos capítulos do livro didático.

(1) Mestranda do Programa de Pós-graduação Educação: História, Política, Sociedade da PUC-

SP sob orientação da Profª Drª Helenice Ciampi; professora de História e Sociologia da Etec

Dr. Emílio Hernandez Aguilar e professora de Ética e Cidadania Organizacional e Sociologia

da Etec de Francisco Morato.

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Desenvolvimento

O primeiro capítulo “A construção da História” e o segundo capítulo “Da origem do ser humano à

formação dos primeiros Estados” (BRAICK, 2013, 08 – 33), nos permitem discutir que

“(...) todos os registros e as evidencias das ações humanas são fontes de estudo da

História. A história como experiência humana torna-se objeto de investigação do

historiador, que realiza o levantamento das fontes históricas, analisa-as dialoga

com as teorias e com outros achados produzidos na esfera social e os transforma

em documentos”, (FONSECA, 2012, p.41 e 42).

E no segundo capítulo retrata a pré-história europeia, o debate sobre o conceito explicitando

o pressuposto dos que assim de pré-história, baseado na ideia de que só se tem história a partir da

escrita (século XIX). Mas questiona que se tudo que é feito pelo homem permite conhecer como

esse homem viveu, então, não existe história só com a escrita, com os objetos e os artefatos são

expressões da história humana. Desta forma explicitamos aos alunos o porquê de trabalharmos com

o conceito de fontes históricas que abarca qualquer manifestação humana e não só a escrita.

Essas informações são importantes para o terceiro capítulo “A identidade do homem

americano” (BRAICK, 2013, p. 34 -47), pois sobre o Brasil e as Américas o conceito de pré-história

é ainda mais anacrônico. Nas Américas antes da chegada dos europeus foram contemporâneas umas

das outras sociedades com escrita, civilizações e grupos humanos nômades de caçadores e coletores

com uma imensa diversidade de grupos, de comunidades humanas.

O período anterior a chegada dos europeus à América pode ser chamado de pré-colombiano

para todas as Américas e/ou de pré-cabralino e/ou pré-colonial para o território que hoje

corresponde ao território brasileiro.

Há polemicas sobre a duração desse longo período. Questiona-se há quanto tempo nossa

espécie está por aqui, A arqueóloga franco-brasileira Niède Guidon defende que há mais de 50 mil

anos a. P. (antes do Presente); já o bio-arqueólogo Walter Neves defende que há aproximadamente

mais de 20 mil anos a. P.; e a teoria de Clóvis (norte-americana) há uns 15.500 anos a. C.

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Para a linha do tempo da “A pré-história americana” (BRAICK, 2013, p. 38), acrescentamos

o item que chamado de período paleoíndio de aproximadamente mais de 50 mil anos a. P. até

aproximadamente 8 mil anos a. P.

Questionamos com os alunos qual é a diferença entre a. P. (antes do Presente) e a. C. (antes

de Cristo), e propomos aos estudantes que pesquisem essas diferenças que são relacionadas ao

desenvolvimento das pesquisas arqueológicas nas Américas Central e do Sul. Desejamos que eles

saibam que os pesquisadores convencionaram que antes do Presente (a. P.) refere-se até 1950 e diz

respeito as diferentes realidades das civilizações das Américas que são distintas das civilizações

surgidas em torno do Mar Mediterrâneo.

Temos também digitalizado a obra de Norberto Luiz Guarinello “Os primeiros habitantes do

Brasil” divididos em cinco arquivos no formato “pdf” para poderem ser enviados por e-mail ou

postados nos grupos fechados das salas na rede social Facebook cujo objetivo é mostrar mais

amplamente que o livro didático os vestígios arqueológicos existentes pelo território brasileiro, pois

o livro didático mostra os vestígios mais conhecidos ou porque são mais estudados ou porque não

se conhece quase nada, como por exemplo: os geoglifos que são pouquíssimos escavados no Acre e

os muito estudados como: Luzia (a brasileira mais antiga) e os sítios arqueológicos de Lagoa Santa,

o Parque Nacional Serra da Capivara no Piauí, e os sambaquis do litoral e de rios amazônicos.

Com a obra de Guarinello (1994), amplia-se o repertorio com ilustrações e textos

explicativos sobre os povos da região Sul: os homens de Umbu e a tradição Humaitá; aprofunda

sobre São Raimundo Nonato no Piauí; também aprofunda sobre a região amazônica e as tradições

ceramistas de Tapajós e Marajó; traz os vestígios arqueológicos da região Centro Oeste e a tradição

Una; e do Sudestes a tradição Itararé e a grande diversidade dos motivos gráficos da cerâmica dos

tupi guaranis e a obra conclui com uma cronologia que começa a partir de 40 mil a. P. e vai até 500

a. P.

Apesar de ser uma obra para a primeira série do Ensino Fundamental II gostamos de

apresenta-la aos estudantes porque traz um amplo levantamento da presença humana no território

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que hoje é o Brasil e permite discutir porque a maioria dos brasileiros não conhecem esse grande

patrimônio arqueológico que o país possui.

Várias questões são levantadas para iniciarmos o assunto. Onde esses objetos são

guardados? Qual é a importância de um museu? As atuais populações indígenas são descendentes

dos paleoíndios? Qual a importância da arqueologia? E a organização de uma visita, que a

instituição denomina de visita técnica.

A experiência da visita técnica tem a dimensão de ser uma atividade para proporcionar uma

experiência de aprendizagem significativa aos estudantes a partir da oportunidade de observar e

conhecer um museu, uma exposição, observar os objetos e a linguagem museal.

Visita ao Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo

Nessa perspectiva organizamos um dia de visita a Universidade de São Paulo, visitamos o

Museu de Geociências, uma rápida visita ao prédio da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo à

FAU-USP cujo arquiteto João Batista Vilanova Artigas é o mesmo arquiteto do prédio de nossa

Etec, ao Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE-USP) e ao Museu do Crime (Museu da Polícia

Civil do Estado de São Paulo).

No MAE-USP visitamos a exposição “Pelos Caminhos da Cidade de Pedra, Trinta Anos de

pesquisa arqueológica”, devido a diferenças de agenda nenhuma das visitas foi acompanhada pela

monitoria do serviço educativo do MAE-USP.

Na visita com o 1º B em 18/08/2015 a professora Isabel Apª Lozano da Silva professora de

história da mesma instituição, colega que nos substitui, devido a exigência da supervisão do Centro

Paula Souza para assumirmos a Coordenação de Projetos Responsável pela Orientação e Apoio

Educacional a professora Isabel concordou em levar a turma para essa visita técnica.

Procuramos explicar as principais características da exposição como as estratigrafias das

prospecções arqueológicas representadas nas fotografias, os grafismos representados desde animais

até geometrismos.

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Os estudantes também foram orientados a observar e refletir sobre o que eram os objetos em

exposição e sobre qual o possível uso e significado dos mesmos.

Figura 01

Fotografia 1 - Folder da exposição - Pelos caminhos da Cidade de Pedra: Trinta anos de pesquisa

arqueológica, autoria de própria.

Os estudantes assistiram ao vídeo da exposição que conta os 30 anos de pesquisa de

cooperação cientifica entre o MAE-USP e o Museu Nacional de História Natural de Paris (MNHN),

a partir de 1985.

A imagem que lembra o “Pikachu” foi facilmente identificada pelos estudantes.

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Após assistirem o vídeo os estudantes jogaram o jogo de quebra cabeças formado com as

principais fotografias da exposição.

A participação na visita, as respostas a proposta de roteiro à visita ao MAE-USP:(ver no

blog https://hemetec.wordpress.com/2015/11/03/museu-de-geociencias-do-instituto-de-geociencias/

https://hemetec.wordpress.com/2015/11/03/visita-tecnica-a-usp-fotos/). E a avaliação (prova) com

a questões de vestibulares, Enem e da Olimpíada Nacional de História do Brasil são as formas que

utilizamos para avaliar o envolvimento do estudantes.

Figura 02

Fotografia 2 - Segundo o folder da Ação Educativo do MAE-USP, quando olhamos pinturas e gravuras

rupestres tendemos a criar associações com imagens da nossa época, mas isso não quer dizer que para as

pessoas que o produziram tinha o mesmo sentido, autoria própria.

As questões da avaliação:

01 – (UFSCar – SP) A mandioca, a batata-doce, a araruta, o milho e o feijão, o amaranto e

o amendoim são utilizados como alimentos atualmente, porque foram:

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a) Cultivados como fontes alimentares das primeiras civilizações agrícolas que se

fixaram nos vales dos rios Nilo e Eufrates, há 5 mil anos.

b) Cultivados inicialmente na África por volta de 3 mil anos atrás e difundidos nos

séculos XV e XVI pelos europeus.

c) Alimentos básico das primeiras comunidades agrícolas que se tornaram sedentárias

há 7 mil anos no Oriente Próximo.

d) Domesticados por populações que desenvolveram a agricultura na América, há pelo

menos 6 mil anos.

02 - Há mais ou menos quatro mil anos alguns povos indígenas do Brasil começaram a praticar a

agricultura, entre esses povos destaca-se:

a) Os tupis-guaranis b) Os sambaquis c) Os portugueses d) Os Xiitas

03 - (Fgv) Sobre os povos dos sambaquis, é incorreto afirmar que:

a) sendo nômades, ocuparam a faixa amazônica, deslocando-se durante milhares de anos, do

Marajó a Piratininga (SP);

b) sedentários, viviam da coleta de recursos marítimos e de pequenas caças;

c) as pesquisas arqueológicas demonstram que tais povos desenvolveram instrumentos de pedra

polida e de ossos;

d) na chegada dos primeiros invasores europeus, esses povos já se encontravam subjugados por

outros grupos sedentários;

e) esses povos viveram na faixa litorânea, entre o Espírito Santo e o Rio Grande do Sul,

basicamente dos recursos que o mar oferecia.

04 - Há cerca de 2000 anos, os sítios superficiais e sem cerâmica dos caçadores antigos foram

substituídos por conjuntos que evidenciam uma forte mudança na tecnologia e nos hábitos. Ao

mesmo tempo que aparecem a cerâmica chamada Itararé (no Paraná) ou Taquara (no Rio Grande

do Sul) e o consumo de vegetais cultivados, encontram-se novas estruturas de habitações. (André

Prous. O Brasil antes dos brasileiros. A pré-história do nosso país. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 49. Adaptado). O texto

associa o desenvolvimento da agricultura com o da cerâmica entre os habitantes do atual território

do Brasil, há 2000 anos. Isso se deve ao fato de que a agricultura:

a) favoreceu a ampliação das trocas comerciais com povos andinos, que dominavam as técnicas de

produção de cerâmica e as transmitiram aos povos guarani.

b) possibilitou que os povos que a praticavam se tornassem sedentários e pudessem armazenar

alimentos, criando a necessidade de fabricação de recipientes para guardá-los.

c) proliferou, sobretudo, entre os povos dos sambaquis, que conciliaram a produção de objetos de

cerâmica com a utilização de conchas e ossos na elaboração de armas e ferramentas.

d) difundiu-se, originalmente, na ilha de Fernando de Noronha, região de caça e coleta restritas, o

que forçava as populações locais a desenvolver o cultivo de alimentos.

05 - Nos últimos anos, apoiada em técnicas mais avançadas, a arqueologia tem fornecido pistas e

indícios sobre a história dos primeiros habitantes do território brasileiro antes da chegada dos

europeus. Sobre esse período da história, é possível afirmar que

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a) as práticas agrícolas, até a chegada dos europeus, eram desconhecidas por todas as populações

nativas que, conforme os vestígios encontrados sobreviviam apenas da coleta, caça e pesca.

b) os vestígios mais antigos de grupos humanos foram encontrados na região do Piauí e as

datações sobre suas origens são bastante controvertidas, variando entre 12 mil e 40 mil anos.

c) os restos de sepulturas e pinturas encontrados em cavernas de várias regiões do país indicam

que os costumes e hábitos desses primeiros habitantes eram idênticos aos dos atuais indígenas nas

reservas.

d) os sambaquis, vestígios datados de 20 mil anos, comprovam o desconhecimento da cerâmica

entre os indígenas da região, técnica desenvolvida apenas entre povos andinos, maias e astecas.

06 - Entre 8 mil e 3 mil anos atrás, ocorreu o desaparecimento de grandes mamíferos que viviam

na América do Sul. A vegetação dessa região antes e depois de uma grande mudança climática que

tornou essa região mais quente e mais úmida. Revista Pesquisa Fapesp, n.º 98, 2004.

As hipóteses a seguir foram levantadas para explicar o desaparecimento dos grandes mamíferos na

América do Sul.

I - Os seres humanos, que só puderam ocupar a América do Sul depois que o clima se tornou mais

úmido, mataram os grandes animais.

II - Os maiores mamíferos atuais precisam de vastas áreas abertas para manterem o seu modo de

vida, áreas essas que desapareceram da América do Sul com a mudança climática, o que pode ter

provocado a extinção dos grandes mamíferos sul-americanos.

III - A mudança climática foi desencadeada pela queda de um grande asteróide, a qual causou o

desaparecimento dos grandes mamíferos e das aves. É cientificamente aceitável o que se afirma

A) apenas em I. B) apenas em II. C) apenas em III.

D) apenas em I e III.

07 – (6ª ONHB) Observe a representação dos sepultamentos retirados no Sambaqui Morro do

Peralta, em Laguna, Santa Catarina, e assinale a alternativa mais pertinente:

A. Os Sambaquis, habitados por pescadores-coletores, podem ser definidos como um

território composto por um amontoado de conchas que, neste caso, tem sua função ligada

aos rituais funerários.

B. A imagem, em uma escala de 1:10, mostra dois sepultamentos numa área quadriculada

de 26 metros, compostas de ossos humanos, restos de peixes, moluscos e pedras.

C. A metodologia que fundamenta a produção da imagem dos sepultamentos permite que

sejam levantadas hipóteses sobre o passado.

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D. A descoberta dessas ossadas incentivou a promulgação da Lei Federal n. 3.924/1961,

que protege os sítios arqueológicos brasileiros e impede a depredação desses espaços.

Leia o texto abaixo e responda às questões.

Desenterrado em 1975, o crânio de Luzia é o mais antigo fóssil humano já encontrado nas

Américas. Transportado de Minas Gerais para o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista,

no Rio de Janeiro, permaneceu anos esquecido entre caixas e refugos do acervo da

instituição. Foi ali que o arqueólogo Walter Neves, da Universidade de São Paulo, USP, o

encontrou alguns anos atrás. Ao estudá-lo, fez descobertas surpreendentes.

Os traços anatômicos de Luzia nada tinham em comum com o de nenhum outro habitante

conhecido do continente americano. A medição dos ossos revelou um queixo proeminente,

crânio estreito e longo e faces estreitas e curtas. De onde teria vindo Luzia? Seria ela

remanescente de um povo extinto, que ocupou a América há milhares e milhares de anos e

acabou dizimado em guerras ou catástrofes naturais? A hipótese de Walter Neves acaba de

ser reforçada por um trabalho feito na Universidade de Manchester, na Inglaterra. Com a

ajuda de alguns dos mais avançados recursos tecnológicos, os cientistas ingleses

reconstituíram pela primeira vez a fisionomia de Luzia. O resultado é uma mulher com

feições nitidamente negróides, de nariz largo, olhos arredondados, queixo e lábios salientes.

São características que a faz muito mais parecida com os habitantes de algumas regiões da

África e da Oceania do que com os atuais índios brasileiros. Fonte: TEICH, Daniel Hessel. A

primeira brasileira. Disponível em: http://veja.abril.com.br/250899/p_080.html Acesso em 26/08/2010.

08. Assinale a conclusão correta.

A) Os primeiro habitantes do Brasil não foram os índios vindos do norte.

B) Luzia desfrutou apenas da tecnologia que o período neolítico podia oferecer.

C) Luzia morreu jovem porque era sedentária e não praticava esportes.

D) No tempo de Luzia já existia programas sociais do governo brasileiro de combate a

fome, mas ela não foi ajudada por nenhum desses programas por causa da corrupção.

09. A partir da análise do texto podemos concluir corretamente que

A) a África parece ser o lugar de surgimento de toda humanidade.

B) a tecnologia ainda precisa fazer muitos avanços antes de dizer como Luzia se parecia.

C) o cientista Walter Neves tirou conclusões que opõem-se a dos cientistas ingleses.

D) Luzia é muito parecida com os índios brasileiros.

O trabalho sobre esse período antes da chegada dos europeus às Américas está mais fácil

pois o tema hoje em dia tem um capítulo dedicado a isso nos livros didáticos apesar dos mesmos

ainda não explorarem toda a diversidade dos vestígios arqueológicos existentes no Brasil.

Outro elemento que também facilita é o fato dos meios de comunicação divulgarem mais os

achados arqueológicos e a própria internet também divulga, o debate mais difícil tem sido sobre a

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quanto tempo temos a presença humana nas Américas? Um raciocínio comum é sobre a Teoria de

Clóvis ser a mais correta para justificar a presença humana no continente, as pesquisas sobre Luzia

e Lagoa Santa num primeiro momento não são suficientes, normalmente a explicação sobre as

descobertas da Anna Roosevelt na caverna da Pedra Pintada em Monte Alegre no Pará com pinturas

rupestres de aproximadamente 12 mil anos a. P., auxiliam a demonstrar as falhas da Teoria Clóvis,

claro porque a Anna Roosevelt é norte americana.

Esse debate possui uma faceta geopolítica relacionada à superioridade norte americana no

desenvolvimento técnico cientifico, além de a Teoria Clóvis ser a mais antiga teoria de explicação

sobre a presença humana nas Américas e provavelmente é a teoria que os pais com instrução

tiveram contato no período escolar deles.

Figura 03

Fotografia 3 - Essas pinturas rupestres estão num paredão rochoso que recebe o nome de Ferraz Egreja em

homenagem ao proprietário da localidade, que encontrou pela primeira vez essas evidencias e incentivou as

pesquisas desde 1982, informações do folder da Ação Educativo do MAE-USP, autoria própria.

Considerações finais

É muito gratificante o trabalho com o tema sobre o Brasil pré-colonial devido a grande

diversidade de vestígios arqueológicos e as diferentes culturas que cada grupo humano vai

desenvolver para retirar do meio ambiente o necessário para a manutenção e reprodução do próprio

grupo.

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Também serve de contraponto para observar que essa diversidade não existe mais, tão

amplamente, que a conquista do território que hoje é o Brasil dizimou milhões de pessoas e

centenas de culturas. Além de completar o quadro dos tipos de patrimônios apresentados no

capítulo um no item “Patrimônio Histórico” (BRAICK, 2013, p. 14), as autoras apresentam a

existência do patrimônio como material e imaterial podendo ser histórico e cultural, esse trabalho

amplia para o a existência do patrimônio arqueológico, como fazendo parte do patrimônio nacional.

Preservar esse patrimônio para confirmar a imemorialidade dos povos indígenas que aqui

viveram e das duas centenas de etnias nativas que ainda vivem entre nós. (LEMOS, 2000).

Referências bibliográficas

BRAICK, Patrícia Ramos. História: das cavernas ao terceiro milênio. 3ª ed. SP: Moderna, 2013.

FONSECA, Selva Guimarães. Didática e prática de ensino de história. 13ª ed. Revista e ampliada.

SP: Papirus, 2012.

GUARINELLO, Norberto Luiz – Os primeiros habitantes do Brasil – 4ª ed. SP: Atual, 1994.

(Coleção a vida no tempo do índio).

https://hemetec.wordpress.com/2015/11/03/museu-de-geociencias-do-instituto-de-geociencias/

https://hemetec.wordpress.com/2015/11/03/visita-tecnica-a-usp-fotos/

LEMOS, Carlos A. C. O que é patrimônio histórico. SP: Brasiliense, 2000. Coleção Primeiros passos

– v. 5).

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