A evolução da inflação em portugal

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Marco Oliveira

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Marco Oliveira

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I – A Inflação

II – A evolução da inflação em

Portugal

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A inflação

• A inflação é a subida continua e generalizada

dos preços dos bens e serviços de uma dada

economia, de forma continua.

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Causas da inflação

• De entre a variedade de factores que está na

base da inflação, podemos destacar o aumento

da procura e o aumento dos custos de

produção.

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Causas da inflação

• Aumento da procura

- Poderá verificar-se um aumentos da procura

relativamente a oferta:

- Este excesso de procura originará uma subida

de preços.

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Causas da inflação

• Aumento dos custos de produção

- Segundo a teoria da inflação pelos custos, a

inflação é o resultado do aumento dos custos

de produção.

os mecanismos de inflação pela procura e de

inflação pelos custos estão muitas vezes

interligados.

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Causas da inflação

• O excesso de moeda em circulação

O aumento de moeda em circulação, sem o

correspondente aumento de produção de bens e

serviços acarreta um excesso de procura de

bens e de serviços face respectiva oferta por

parte dos produtores, originando a consequente

subida do preço.

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Causas da inflação

• As relações comerciais entre países.

As próprias relações comerciais entre países por

vezes originam ou incrementam o processo

inflacionário. Nestas circunstancias fala-se de

inflação importada e afecta os países

dependentes dos países com maior inflação.

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Causas da inflação

• O aumento da massa salarial distribuída sem aumento de produtividade

A elevação dos salarios pode contribuir para o desenvolvimento a inflação, a dois níveis: por um lado, pode concretizar-se num aumento da procura de bens e de serviços não satisfeito pela respectiva oferta e, por outro, vem onerar os custos de produção e consequentemente , os preços de venda, a fim de que possam manter-se as margens de lucro dos empresários.

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Causas da inflação

• As praticas de açambarcamento

O açambarcamento de alguns bens por parte dos

produtores ou dos distribuidores origina uma

escassez desses bens no mercado e,

consequentemente, a subida dos respectivos

preços.

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Causas da inflação

• A politica de crédito prosseguida pelas

entidades oficiais.

A procura dos empresários de crédito para

financiarem as suas actividades. Naturalmente,

se as taxas de juro forem elevadas, os

empresários são muito “caros” e o preço dos

bens será forçado a subir.

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A inflação

Subida dos preços de

venda

Descida do poder de compra

Reivindicações salariais

Subida dos salários

Subida dos custos de produção

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Desinflação, deflação e estagflação

• A desinflação traduz a desaceleração do ritmo de

crescimento dos preços.

• A deflação é caracterizada por uma quebra geral

dos preços dos bens e serviços, associada a uma

restrição da procura, da produção e do emprego

• A estagflação caracteriza uma fase da economia

de menor crescimento económico, não foi

acompanhada de menor crescimento dos preços

Page 14: A evolução da inflação em portugal

Depreciação do valor da moeda

• A inflação provoca a depreciação do valor da moeda.

• Assim, assiste-se a deterioração do poder de compra.

• O poder de compra traduz-se na quantidade de bens e serviços que um certo rendimento permite obter.

• O poder de compra esta relacionado, não só com o rendimento auferido, mas também com o preço dos bens

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Como se mede a inflação ?

• Os preços não variam da mesma maneira, logo

é fundamental utilizar índices de preços como

instrumentos de medida.

• Os índices de preços são médias ponderadas

dos preços dos vários bens.

• Um dos índices de preços mais importante é o

Índice de Preços do Consumidor (IPC).

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Como se mede a inflação?

• O IPC é calculado definindo um cabaz de compras que se considera representativo do consumidor médio.

• Um índice de preços mede a evolução dos preços entre uma época base e uma época actual.

• O ano base é aquele que serve para medir, em valor relativo, a variação da grandeza estudada.

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Como se mede a inflação?

• Podemos encontrar:

1. Índice particular ou elementar – mede a

evolução do preço de um bem

I1/0 = p1/p0 X 100

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Como se mede a inflação?

• Índice sintético – mede a evolução dos preços

de um conjunto de bens.

- Simples – média aritmética simples dos índices

particulares dos produtos que entram na sua

composição.

I 1/0 = i1+i2….+ik X 100

K

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Como se mede a inflação?

• Ponderado – média aritmética ponderada dos

índices particulares. Cada índice particular é

afectado por um coeficiente de ponderação,

cujo valor é função da importância relativa do

produto correspondente ao conjunto dos bens

cuja evolução se pretende medir.

I 1/0 = n1i1 + n1i2 + ……+ nkik x 100

N

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Tipos de inflação

• Inflação moderada – caracterizada pelo aumento

lento e previsível dos preços pode ser definida

como uma inflação anual de um só dígito.

• Inflação galopante – é uma inflação a dois ou três

dígitos de 20%, 100% ou 200% ao ano.

• Hiperinflação – é uma inflação numa economia

de mercado em que os preços estejam a aumentar

1 milhão ou mesmo 1 bilião por cento ao ano

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Taxa de inflação

• Se compararmos a evolução do custo de um

cabaz ao longo de um certo tempo, temos uma

medida de inflação.

• A taxa de inflação é um indicador que permite

medir a variação dos preços entre dois

períodos de tempo diferentes.

• A taxa de inflação representa a taxa de

crescimento do IPC entre duas datas.

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Taxa de inflação

Esta taxa de inflação pode ser medida de

várias formas, como diferentes perspectivas da

evolução dos preços.

taxa de inflação = IPC1 – IPC0 x 100

IPC0

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Taxa de inflação

• Taxa de inflação mensal: mede a evolução dos preços entre um mês X do ano Y e o mês X+1 desse mesmo ano.

• Taxa homóloga de inflação: compara um mês com o mês homólogo do ano anterior.

• Taxa média de inflação: determina-se através da média aritmética simples das ultimas doze taxas homólogas e expressa a tendência de evolução dos preços.

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A inflação em Portugal e na UE

• Com a moeda única europeia, os paises deixaram de ter politicas monetárias autónomas.

• A gestão da moeda única é feita agora pela BCE que veio substituir os bancos centrais nacionais nessa função.

• Na prossecução do objectivo de garantia da estabilidade de preço é necessário que a inflação se situe entre 0% e 2%.

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Parte II

A evolução da inflação em Portugal

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Este gráfico mostra perfeitamente por que razão o governo de

Marcelo Caetano se fragilizou ao ponto de cair “de podre” em

1974: a inflação instalou-se e mais que duplicou entre 1970 e

1973, ainda antes do “choque petrolífero”, numa dinâmica

que tem toda a aparência de motivação estritamente interna (a

política “social” então encetada certamente que teve tudo a

ver com isto, sacrificando o anterior rigor orçamental a

“investimentos públicos” também convenientes do ponto de

vista político para o então presidente do Conselho de

Ministros).

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A este propósito – e por contraste –, deve dizer-se que a

duração do governo de Salazar deveria ser mais relacionada

pelos historiadores com a sua política monetária e

financeira: o rigor orçamental e o “escudo forte”, que

controlaram a inflação e as derrapagens das contas

públicas, tornaram o seu governo politicamente sólido no

médio e no longo prazo porque permitiram um crescimento

real do rendimento dos particulares num cenário em que a

moeda perdia muito pouco do seu poder aquisitivo,

bastando um ligeiro crescimento anual do P.I.B. para esse

efeito de enriquecimento deslizante descomprimir as

tensões (e a sua sempre possível “politização”) decorrentes

das expectativas das pessoas.

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Ora, as pressões no sentido de abandonar o enquadramento

“macroeconómico” criado por Salazar sempre se tinham

manifestado desde 1945 (as políticas “industrialistas” à Daniel

Barbosa era isso que pediam) e os conselhos que povoam o

célebre livro do Prof. Valentim Xavier Pintado (Structure and

Growth of the Portuguese Economy, Genebra: E.F.T.A., 1964;

reed. Lisboa: I.C.S., 2002) – e que formaram a geração

“reformista” que chegou ao poder na burocracia estatal em

meados da década de 60 – iam no mesmo sentido. Caetano

chegou assim à chefia do governo num clima já favorável da

“opinião técnica” vigente a maiores gastos com programas

keynesianos de distribuição da riqueza e de demand

management; daí que, em demanda de uma legitimação da sua

liderança entre a nova geração de quadros e profissionais,

Caetano tenha optado por aquilo que ele próprio denominou

“Estado social”, com o seu modelo universal de educação,

saúde e pensões de reforma.

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Por isso é um erro atribuir ao crescimento dos gastos

militares com a guerra no ultramar o peso decisivo nesta

pressão despesista que levou o governo de Caetano a recorrer

à depreciação do escudo para financiar as despesas públicas:

segundo os dados de Eugénia Mata e Nuno Valério (História

Económica de Portugal: Uma Perspectiva Global, Lisboa:

Editorial Presença, 1994, p. 271), as despesas com a defesa

representaram 19.1% das despesas totais em 1970 e 14.2%

em 1973.

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Em 1974 estava já plenamente instalada a perda crescente de

poder aquisitivo do escudo que deverá ter criado uma

sensação difusa mas fundamentada na sociedade de

degradação do poder de compra, não admirando que o golpe

de Estado militar tenha colhido apoio entre o funcionalismo

público militar e civil a partir de uma motivação claramente

salarial (ver as reivindicações iniciais do M.F.A., que só

depois se “politiza” para poder levar a cabo uma mudança

política de fundo que alterasse a situação “profissional” dos

oficiais das forças armadas; entre estes, mesmo que

inconscientemente, a perda de poder de compra deverá ter

introduzido crescentes dúvidas em relação à validade dos

sacrifícios pessoais e familiares envolvidos no esforço de

guerra e cada vez menos compensados financeiramente).

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A influência do marxismo nos círculos oposicionistas desde

os anos 40 explica a sua adopção – primeiro funcional,

depois explícita – pelos actores militares do derrube da II

República na Primavera de 1974. Essa ideologia, que, no

poder, sempre se tornou num “socialismo de Estado”,

legitimou um aprofundamento de duas das principais

tendências do marcelismo (alargamento do alcance e das

despesas com o Welfare State) com repercussões claras na

política financeira e monetária: monetarização da despesa

pública e depreciação da moeda.

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Sem surpresas, a inflação quase triplicou em 1974, devendo-

se a desaceleração de 1975 e 1976 provavelmente a ajudas

externas e ao fim dos encargos com a guerra e o ultramar

(segundo Mata e Valério, Op. Cit., p. 265, mesmo que a

valores correntes, as receitas continuaram a crescer durante o

período revolucionário, pelo que poderiam transferir-se para

os gastos “sociais” e suportar, como suportaram, um

continuado aumento geral da despesa: esta era de 47.6

milhões de contos em 1973 e de 122.6 milhões de contos em

1976).

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A instabilidade política que dominou os primeiros anos da

III República não incentivou os governos da época nem a

um maior rigor orçamental nem a uma estabilização do

escudo, pelo que, de 1976 a 1979, houve uma média de

inflação de 22.9% ao ano; só o governo de maioria de Sá

Carneiro conseguiu que, em 1980, uma política monetária

mais restrictiva baixasse a inflação para 16.6%, o que se

veio a revelar um fenómeno passageiro, já que, entre 1981 e

1984, no seguimento da crise e instabilidade – primeiro

latente, depois patente – instalada no seguimento da morte

do primeiro-ministro, a inflação quase duplica novamente.

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A ajuda financeira do F.M.I., possibilitada pela breve

coligação do “bloco central”, permitiu que, a partir de 1985,

se conseguisse voltar a baixar a inflação (cai 10%), tendência

que se consolida nos anos seguintes com a estabilidade

política permitida pela liderança de Cavaco Silva – só esta

consegue um mandato popular para criar uma situação

macroeconómica estabilizada que neutraliza a influência dos

elementos perturbadores da ordem constitucional

(comunismo e eanismo) e encontra margem de manobra para,

de modo continuado e sustentado, fazer a inflação regressar

ao nível de 1970.

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É só então que o actual regime verdadeiramente se

consolida e fica imune a uma instabilidade crónica do poder

executivo que o marcara desde o início; neste contexto,

tanto os fundos comunitários como a aceitação da disciplina

monetária e financeira dos tratados da União Europeia

aliviaram as pressões internas de monitorização das

despesas e funcionaram como um travão dos efeitos

negativos de descontrolos orçamentais conjunturais como o

que ocorreu durante os governos de António Guterres

(1995-2002), mostrando a evolução da taxa de inflação em

2002 que o maior rigor orçamental posto em prática pelo

governo liderado por Durão Barroso que fez surtir um efeito

positivo.

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Mas desde 2002 que os portugueses

sentem que a inflação está a subir,

quando ela está a descer. Há uma clara

discrepância entre o aumento de preços

percepcionado por cada um de nós e a

estatística oficial de preços.

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Fim