A Exaustão do Discurso Dialético: A Crise do Estado Laico

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O Discurso Dialético

• Em 1913, a família Romanov celebrou 300 anos da monarquia russa com ampla festividadeem Moscou, e dessa data até os dias de hoje caíram os Impérios e predominaram osconceitos republicanos, simbolizados na atualidade pela República Norte-Americana.

• Ao longo desses mais de 100 anos o que se viu foi um verdadeiro massacre em nome dasideologias em todo o mundo, e estima-se que tenham morrido quase 200 milhões depessoas em todos os continentes. Apenas na Rússia, estima-se algo por volta de 60 milhõesde mortos ligados direta ou indiretamente a conflitos armados durante o século 20.

• A justificativa para o massacre de Reis e Imperadores e a institucionalização das Repúblicasnos moldes Norte-Americanos laicos e pagãos foi a ascensão das massas através doconflito visto como virtuoso e modernizador que expulsou Deus, a religião e a família comofundamentos na constituição dos Estados Nacionais a partir da 1ª Guerra Mundial.

• A narrativa dialética é o confronto do bem e do mal, das classes sociais, das raças, o queconduziu ao triunfo final das massas agora sem distinções sociais, sem Reis, sem maiorias,estabelecendo-se dessa maneira a crise do Estado laico governado pela hiperrepresentatividade, pela dissolução moral das famílias, já que o pai opressor desaparece emprol das mães solteiras, da redução das religiões ao materialismo dialético em prol delíderes que nada representam, pois que não há mais a noção de maioria ou minoria, apenasum Estado laico aético e amoral, aonde falsos líderes seduzem adolescentes no escritóriode trabalho do Presidente da República.

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O Discurso Dialético

• No vácuo de poder desse estado laico, estabeleceu-se novas normas e valores éticos emorais a partir de empresários e banqueiros, para os quais, o lucro está acima de tudo,mascarando a jogatina das bolsas de valores pelo velho discurso dialético, aonde o conflitopermanece a despeito da destruição de Deus e das famílias, agora revestido de falsascausas sociais, vazias de significados morais, tais como, preservação do meio-ambiente,mudanças climáticas e uma enxurradas de outras falsidades ideológicas que tem comoúnico objetivo manter o estado conflitivo sem distinção de classes sociais apenas parajustificar os investimentos de Wall Street.

• Os valores do estado laico, dessa forma constituído, são aqueles atribuídos as ações deempresas, laicas, que operam nas Bolsas de Valores que por sua vez alimentam o discursodialético do conflito sem fim, de classes para raças, do trabalho para o meio ambiente,tendo como único objetivo maximizar o valor do monetário amplamente justificado pelascirandas e pirâmides financeiras de Wall Street em detrimento de Main Street.

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De Moscou para Washington

• O que é interessante observar é de como essa noção de conflito dialético aos poucos foi sedeslocando de Moscou, a antiga capital comunista, para Washington, capital da RepúblicaNorte-Americana. Com o fim do comunismo passa haver uma tremenda reavaliação danarrativa dialética na Rússia, comparando-se e estudando-se os vários períodos de suahistória para se concluir que os 80 anos de comunismo foi, em todos os sentidos, umimenso desastre para o povo russo, o qual, pagou na carne os mais altos preços impostospela aventura ideológica e conceitual de ascensão das massas e das sociedades semdistinções de classes.

• Mas, repito, o interessante aqui é avaliar como a tônica dessa narrativa dialética se deslocado centro do comunismo para o centro do capitalismo mundial e passa a ser, dessa forma,apropriado pelas elites norte-americanas liberais de Boston, Nova Iorque e Wall Streetatravés de reciclagem de sua surrada e antiga narrativa neoliberal, transformada agora emnova ordem mundial. Bem, me parece que a narrativa dialética deixou de ser um discursorelacionado aos meios de produção, mas sim um discurso moral/amoral; ético/aético dasRepúblicas em geral constituídas a partir desses valores laicos.

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• O Estado Sou Eu... (L’EtatCé Moi...)

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O Estado Sou Eu... (L’EtatCé Moi...)

• O Rei Francês, ao se constituir no próprio Estado, reuniu em torno de si a família e areligião. Assim, as monarquias de antes da 1ª Guerra Mundial se constituíram em Estadosque tinham seus fundamentos em Deus, no Rei e na família, os quais se tornaram anarrativa dos valores éticos e morais da sociedade com classes sociais distintas epouquíssima representatividade social. A representatividade da sociedade, assimconstituída, estava na legitimidade do próprio Rei que representava Deus e de sua família,que representava ao mesmo tempo Deus e todas as famílias como sagradas. No caso doexemplo do Império Russo comentado no início, esse conjunto de valores éticos e moraisduraram por 300 anos até 1917.

• A era dos Impérios de até 1914 foi sumariamente dispensada pela constituição desociedades militarizadas, racionalistas e materialistas e, em alguns casos, como no Brasil,constituídas em bases hedonistas, pagãs, futebolísticas e carnavalescas. As Repúblicasnasceram laicas e seus valores éticos e morais, antes constituídos por Deus, pelo Rei e pelafamília foram substituídos ao mesmo tempo pela hiper representatividade popular e,contraditoriamente, por líderes sem representatividade pois que essa excessivarepresentatividade popular associada a uma infindável partilha de poder causou umasensível perda da legitimidade da maioria por manobras ímpias de minorias ativistasintimidatórias, fragmentando irremediavelmente a sociedade e retirando a legitimidadedas autoridades eleitas.

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O Estado Sou Eu... (L’EtatCé Moi...)

• As Repúblicas, a partir de 1914, nascem militarizadas através de partidos do tipo fascista ecomunista e de organizações militares que na falta de líderes com representatividade vãotomando de assalto a estrutura do Estado, controlando-o não apenas através de exércitos,polícias, mas também, pela constituição de sistemas de informação que tudo veem e tudosabem, intimidando, difamando a sociedade e permeando tudo e a todos, fraudando desdeo sistema eleitoral até o andamento da própria economia.

• O Rei, Deus e a família foram substituído por opacos generais que de dentro de seusgabinetes padronizados são os que realmente governam o mundo, substituindo a opiniãopública pela fragmentação da sociedade, pulverização das maiorias e o domínio perversosde ímpias falanges de ativistas autoritários que impõem seus valores pela manipulação dasmídias quer sejam elas as corporativas de Wall Street , tais como, NYT, WSJ, Economist, FTe CNN, assim como, também, pelas mídias controladas pelos organismos militares deinformação, ou seja, as mídias sociais da Internet.

• Dessa forma, explica-se o deslocamento do eixo do discurso dialético desde de Moscou atéWashington, consagrando-se, assim, a constituição das Repúblicas laicas, invariavelmentemilitarizadas, as quais criaram a ascensão da massas e da indistinção de classes sociais emuma massa falida de pessoas sem pai nem mães, Deus ou pátria, atiradas no meio da rua aosabor dos valores morais de empresários e banqueiros, os quais, de um lado, manipulampirâmides financeiras e os cassinos aonde se jogam os valores do mundo em pregões dasbolsas e, de outro lado, estruturas militarizadas dos órgãos de segurança e informação quemanipulam eleições, dados estatísticos e a própria economia.

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A Crise das Repúblicas Laicas

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A Crise Moral da República Laica

• O Fim da história do Homem

• O Rei, a Família e Deus constituíam-se em sólidos valores de representação e modelo parauma certa harmonia social, com claras distinções sociais e pouquíssima representativapopular. O fim desse sistema não se deu por crise moral, econômica ou social, mas pelaascensão das massas manipuladas por ideias vãs de igualdade social e, acreditem, pormaior estabilidade social.

• O Leviatã liberto dos estáveis modelos monárquicos laçou a história do homem natrajetória da hiper representatividade, materialismo triunfante, cientificismo arrogante e,acima de tudo, numa imensa precariedade social, já que agora as massas “liberadas” semfreios morais, modelos harmônicos de representatividade familiar se laçaram num freneside sexo, drogas e rock-on-roll.

• A consequência imediata foi a elevação absurda dos níveis de violência em todo o mundopois que sem Deus e com materialismo exacerbado e triunfante as massas caíram nodesespero do abismo existencial. A iminência da morte, o inconformismo com sua finitudee com a fragilidade da existência humana, e a incapacidade de visualizar nada além doslucros financeiros de Wall Street, lançaram-se essas massas liberadas e manipuladas nodesespero das Repúblicas laicas e doutrinadas pelo discurso dialético.

• A história do homem chega ao seu fim pelas mesmas premissas que a construíram: odiscurso dialético e a constituição das Repúblicas laicas

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A Crise Econômica da República Laica

• As causas da atual crise das Repúblicas laicas se parecem e estão fundamentadas nodiscurso dialético de confronto e pelo controle social de três agentes: os organismosmilitares, os financistas depravados de Wall Street e a velha canalha Liberal Norte-Americana de Boston e Nova Iorque.

• Esses três agentes, movidos pelos argumentos enganosos dos neoliberais, fundamentadosem subliteratura do século 18 e 19, ignoraram os mais básicos fundamentos aprendido pelosagentes público norte-americanos entre 1945 e 1972 de que a administração econômica temantes de mais nada um caráter cíclico.

• Nesse período entre 1945 e 1972, o objetivo era evitar que as recessões econômicas setransformassem em depressões econômicas, pois que sabemos como controlar períodosinflacionários, reduzindo-se preços e a produção para patamares mais baixos até que com ofim da recessão a economia volte novamente a “empurrar” os preços para cima, gestandodessa forma, o que podemos chamar de ciclos suaves; sem altas ou quedas acentuadas.

• O que não sabemos, e que sempre foi a principal preocupação dos agentes públicos norte-americanos é de como gerenciar uma economia que escapa da recessão para a depressãosem avisos, pois que quando os preços sobem, sabemos como trazê-los para baixo, mas oque não sabemos é o que fazer quando os preços que caíram voltem a subir para ospatamares anteriores mais altos.

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A Crise Econômica da República Laica

• A insanidade neoliberal com suas políticas de arrochos excessivos transformou o processotradicional de otimização econômica em um garrote, um freio de mão que quando puxadoem demasia transforma recessão em depressão, e pior, ao não reconhecerem a tempo oestabelecimento de um processo depressivo, continuam a puxar o freio de mão,promovendo mais do mesmo.

• Como não sabemos como gestar quedas contínuas de preços e ativos, uma vez instalado oproblema, a única esperança que nos resta é esperar o fim do ciclo. Se o ciclo foicontinuamente bombado para cima através de sucessivas bolhas de crescimento, confunde-se aqui a política do puxar excessivo do freio de mão com o receituário anti-inflacionário,emitindo sinais confusos para os agentes econômicos aonde os preços hora sobem quandoos juros sobem; hora descem quando os juros continuam subindo, e na maior parte dasvezes são indiferentes a qualquer mudança nas taxas de juros. E, isso é sintoma claro deuma economia excessivamente manipulada. Todas essas manipulações alteram odesenrolar “natural” dos ciclos econômicos aumentando-os indefinidamente. Então,esperar o fim de um ciclo que está sendo continuamente alterado passa a ser uma agoniasem fim.

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A Crise Político-Representativa da República Laica

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A Crise Político-Representativa da República Laica

• A Hiper Representatividade

• A crise política da República laica é o da hiper representatividade. Se antes, nas velhasmonarquias o Rei, a família e Deus formavam o Estado, na República laica, apenas umconjunto de leis e códigos não conseguem representar nada, pois que formam apenas umconjunto de termos e significados jurídicos e, nem tão pouco, a magistratura pode terrepresentações política sem perder sua credibilidade e se tornar parcial e instrumento degolpes de Estado.

• Como a República laica é baseada na partilha do poder, então, temos o Presidente com,digamos, 60 milhões de votos, na Câmara com 300 deputados apenas 5% têm mais de150.000 votos, a maioria nem chega a 5.000, adiciona-se aí mais 100 Senadores comaproximadamente de 500.000 até 2000.000 de votos e se pode notar que a constituição deum governo com tal partilha de poder fica inviável, não só porque existem esses votosinstitucionalizados, mas têm também os votos de ímpias minorias de ativistas sociais elobistas que impõem imensas demandas sobre essa partilhas de poder.

• O resultado da hiper representatividade é a paralisia do governo e da sociedade que passado institucional para as ruas (controladas pelas mídias corporativas dos neoliberais), oupara as mídias sociais da Internet (controlada pelos agentes militares e de informação).Então, tudo passa a ser uma questão de quem tem mais força para manipular as massas,agora sem distinção de classes sociais liberadas e manipuladas pelo leviatã, afinal Deus nãoexiste mais!

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A Narrativa de DeusEntre a Razão e a Fé

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• A narrativa de Deus está relacionada ao confronto do homem com o abismo do nada que ocerca. A obra de Deus é apenas inquisitiva nunca uma certeza ou recompensa material,apenas uma busca incessante por respostas e a questão não é, ou serão, as respostas, masas perguntas.

• As perguntas são da natureza do homem e as respostas sua capacidade de usar doisinstrumentos: a razão e a fé. A razão e a fé são parte do questionamento do homemquando ele propõe a si mesmo teses para a resolução de seus problemas, e as respostas, ouas resoluções, estão intimamente relacionadas a sua capacidade de ter fé, o que vai alémde acreditar, mas de intuir, perceber e, misteriosamente, ir além das perguntas parafinalmente encontrar as respostas que preencham esse abismo do nada que o cerca.

• Razão e fé não devem ser confundidas com o “crer” das ideologias tradicionais pois que fénão é “crer”, mas uma capacidade de ir além, muito além, para se encontrar respostas, asquais, uma vez encontradas, surpreendem a todos pela obviedade. Então a fé, não sóremove montanhas, mas também, revela a verdade escondida que era óbvia e que não émais pois que foi amplamente resolvida com a ajuda da razão. Razão e fé não podem serseparadas, elas revelam ao homem, simples animal mamífero, as maravilhas do universo ea imensidão da obra do divino.

A Narrativa de DeusEntre A Razão e a Fé

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• Está claro, para mim, que esses dois instrumentos: a razão e a fé são parte integrantes danarrativa de Deus na elevação do homem animal ao homem civilizado, o qual, dasprofundezas do abismo do nada que o cerca, ergue-se em complacência com sua finitude e,mesmo assim, admira a obra do Divino. É quando, então, caem as falanges dos leviatãsmaldosos que arrastavam a obra de Deus, em desespero, para o turbilhão do nada. Assim,entre a razão e a fé o homem se levanta do nada, aplacando seu próprio desespero porrespostas para reconstruir o mundo e a civilização do povo de Deus, pois que afinal a féremove montanhas e os leviatãs, e que juntos, a razão e a fé podem se tornar poderososinstrumentos para se construir novos mundos.

A Narrativa de DeusEntre a Razão e a Fé

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A Narrativa de DeusA Contenção da Fé Cristã e a Ascensão do Islamismo

• A ascensão do islamismo está diretamente relacionada de como o cristianismo foi contido eabsorvido pelo estado laico. Se antes o Rei era ao mesmo tempo o Estado e a Fé, agora asRepúblicas laicas são materialista e pagãs e a fé foi transformada no Ocidente em causa social eas igrejas em partidos políticos. Na medida em que, os presidentes são incapazes de representarao mesmo tempo a Fé e o Estado por causa dessa hiper representatividade mencionada antes.Então, a fé foi absorvida pela racionalidade republicana das massas sem diferenciações declasses para seguirem a narrativa dialética, abandonando a narrativa de Deus.

• As igrejas racionalistas contiveram a fé e promoveram o racionalismo, transformando-se, assim,em organismos materialistas que não podem competir com a parafernália racional-legal dosEstados laicos, os quais, não permitem competidores, embora se achem extremamentedemocráticos. Está claro que as Repúblicas laicas estão prisioneiras e, assim, aprisionam,também, as massas ao seu discurso dialético de conflitos sem fim. Desde 1914, o mundo entrounum frenesi de guerras e revoluções intermináveis, contando-se os mortos aos muitos milhões.Talvez isso explique o deslocamento desse discurso dialético de Moscou para Washington, poisque os russos refletiram muito entre ganhos e perdas ao longo de sua história desde 1913 até osdias de hoje para questionarem profundamente não apenas as Repúblicas laicas e materialistas,mas também o papel das igrejas e o verdadeiro significado da razão e da fé.

• Prof. Ricardo Gomes Rodrigues

• São Carlos, 7 de outubro de 2017