A Excelência da Pregação Bíblica

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BOM PREGADOR “mas nós pregamos a Cristo...” A EXCELÊNCIA DA PREGAÇÃO BÍBLICA (1Co 1.21 e 2.1-5) I – O MINISTÉRIO DA PREGAÇÃO Buscando uma definição clara e objetiva sobre Pregação, podemos destacar como ponto de partida, que a pregação se resume em Proclamar a Palavra de Deus, visando à divulgação do conhecimento divino”. Para Robson Marinho, “a pregação é um poderoso milagre de Deus, o perfeito chegando até nós por meio do imperfeito, a santidade sendo transmitida através de pecadores”. Já o pregador norte-americano, Philips Brooks (Séc. XX), declara que a “Pregação é a comunicação da verdade aos homens pelos homens. Contendo dois elementos essenciais: a verdade e a personalidade. Não pode omitir-se nenhum dos dois e ainda ser pregação” . O pastor e pregador pentecostal, Luiz Antônio da Luz, dizia que: “pregar é a dádiva da graça de Deus dada aos chamados, de expor verdades bíblicas com a finalidade de impactar o mundo com o poder da palavra revelada no evangelho”. O ministério da pregação existe desde o Antigo Testamento. Era tarefa dos Sacerdotes, para instrução do povo (Dt 6.1-25, 31.10- 12). Também foi exercido pelos profetas, que tinha como alvo manter a santidade de Israel (1Sm 7.2-17). Com o retorno do povo judeu do exílio, ganhou forma na leitura das Escrituras e o seu comentário nas sinagogas (Ne 8.7,8). Já no Novo Testamento, a pregação ganha mais espaço e importância. Os termos Proclamar, Anunciar, Tornar conhecido, ocorre mais de 61 vezes nas páginas neotestamentárias. Uma das definições mais importantes vem do verbo grego Këryx: “proclamar como arauto”, “o que é comissionado pelo seu soberano, para anunciar em alta voz alguma notícia, para assim torná-la conhecida”. O primeiro pregador que surge nos evangelhos é João Batista que cumpre a missão de um arauto do Senhor (Mt 3.1). Jesus declarou ter sido enviado para pregar (Lc 4.43), como também enviou seus discípulos (Lc 9 e 10). Pedro na ocasião do Pentecostes saiu às ruas anunciando (At 2.37). Paulo recebeu tal incumbência (At 9.15) e também se via como um pregador (1Tm 2.7), como também ordenou ao jovem Timóteo a praticar de tal ministério (2Tm 4.2). Podemos concluir que a pregação está no centro do Novo Testamento.

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BOM PREGADOR

“mas nós pregamos a Cristo...”

A EXCELÊNCIA DA PREGAÇÃO BÍBLICA(1Co 1.21 e 2.1-5)

I – O MINISTÉRIO DA PREGAÇÃO Buscando uma definição clara e objetiva sobre Pregação, podemos destacar como ponto de partida, que a pregação se resume em “Proclamar a Palavra de Deus, visando à divulgação do conhecimento divino”.

Para Robson Marinho, “a pregação é um poderoso milagre de Deus, o perfeito chegando até nós por meio do imperfeito, a santidade sendo transmitida através de pecadores”. Já o pregador norte-americano, Philips Brooks (Séc. XX), declara que a “Pregação é a comunicação da verdade aos homens pelos homens. Contendo dois elementos essenciais: a verdade e a personalidade. Não pode omitir-se nenhum dos dois e ainda ser pregação”. O pastor e pregador pentecostal, Luiz Antônio da Luz, dizia que: “pregar é a dádiva da graça de Deus dada aos chamados, de expor verdades bíblicas com a finalidade de impactar o mundo com o poder da palavra revelada no evangelho”. O ministério da pregação existe desde o Antigo Testamento. Era tarefa dos Sacerdotes, para instrução do povo (Dt 6.1-25, 31.10-12). Também foi exercido pelos profetas, que tinha como alvo manter a santidade de Israel (1Sm 7.2-17). Com o retorno do povo judeu do exílio, ganhou forma na leitura das Escrituras e o seu comentário nas sinagogas (Ne 8.7,8).

Já no Novo Testamento, a pregação ganha mais espaço e importância. Os termos Proclamar, Anunciar, Tornar conhecido, ocorre mais de 61 vezes nas páginas neotestamentárias. Uma das definições mais importantes vem do verbo grego Këryx: “proclamar como arauto”, “o que é comissionado pelo seu soberano, para anunciar em alta voz alguma notícia, para assim torná-la conhecida”.

O primeiro pregador que surge nos evangelhos é João Batista que cumpre a missão de um arauto do Senhor (Mt 3.1). Jesus declarou ter sido enviado para pregar (Lc 4.43), como também enviou seus discípulos (Lc 9 e 10). Pedro na ocasião do Pentecostes saiu às ruas anunciando (At 2.37). Paulo recebeu tal incumbência (At 9.15) e também se via como um pregador (1Tm 2.7), como também ordenou ao jovem Timóteo a praticar de tal ministério (2Tm 4.2). Podemos concluir que a pregação está no centro do Novo Testamento.

Entre todas as tradições históricas do cristianismo, nenhuma valorizou a pregação tanto quanto a Reforma Protestante. O culto protestante centrava-se ao redor do púlpito e da bíblia aberta. Para os reformadores, as ordenanças podem ser dispensáveis; a pregação por outro lado, é indispensável.

Martinho Lutero resgatou a doutrina paulina da proclamação: a fé vem pelo ouvir, o ouvir pela Palavra de Deus (Rm 10.17). Ele compreendia que a pregação era a melhor e a mais necessária parte do culto. Com o propósito de restaurar a igreja em Genebra ao modelo bíblico, João Calvino ordenou que os altares fossem removidos das igrejas e que o púlpito com uma bíblia aberta fosse colocado no centro do prédio. A pregação da Palavra deveria ser o elemento essencial do culto público e a tarefa essencial do ministro.

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A teologia reformada é unânime em considerar que a pregação do Evangelho é uma das marcas da Igreja verdadeira. Para Calvino, Satanás tenta destruir a igreja fazendo desaparecer a pregação.

II – OS PROPÓSITOS DA PREGAÇÃO Os propósitos da pregação estão fundamentados na Palavra de Deus. Lembrando, que qualquer outro propósito apresentado, que não esteja baseado nas Escrituras, não passa de mera especulação humana, adulterando seus propósitos, e visando somente o interesse humano. Vejamos em que consistem os propósitos bíblicos da pregação:

(a) A Fé no Deus vivoO primeiro propósito da pregação, segundo Paulo, é que a fé do ser humano esteja alicerçada no poder de Deus (1Co 2.4,5). A pregação possui tal feito de expor visivelmente a confiança do homem em Deus. É um milagre, uma fé que antes era induzida a confiar na sabedoria humana, na religião, na filosofia e ideologias, ou nas riquezas e agora esta centralizada unicamente em Deus. É Deus entrando na atmosfera do ser humano... o homem, por Cristo (1Tm 2.5), adentrado na atmosfera de Deus. Este milagre só é possível pela pregação!

Mediante a pregação (1Ts 2.13) os tessalonicenses deixaram os ídolos e se converteram ao Deus vivo e verdadeiro (1Ts 1.9,10). A pregação de Paulo na cidade de Éfeso (At 19.10) resultou no abandono das artes mágicas (At 19.18-20), e dos ídolos, levando a falência os ourives que fabricavam pequenas imagens da deusa Diana (At 19.24-27). (b) A Salvação dos perdidosJesus Cristo desceu do céu para buscar e salvar os perdidos (Lc 19.10). Antes de regressar, ele disse aos discípulos: “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20.21).

A pregação é o instrumento que Deus usa para levar os perdidos à Salvação. Paulo declara: “Aprouve a Deus salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1Co 1.21). Aqueles que Deus escolheu desde a eternidade (Ef 1.14; 2Tm 1.9) devem ser chamados mediante a proclamação do evangelho (Rm 8.30; At 18.9-11).

Em Atos dos Apóstolos o crescimento da Igreja é apresentado como resultado da pregação da Palavra (At 6.7; 12.24; 19.20). Para o apóstolo Paulo, a expansão missionária da Igreja, só pode existir por meio da pregação (Rm 10.13-15; 15.20).

(c) Edificação do povo de DeusA edificação espiritual da Igreja, não é diferente, só poderá existir pelo ministério da pregação e seu ensino. Pregar é um instrumento eficaz e divinamente orientado para edificar os crentes. A Palavra inspirada tem uma clara finalidade, Paulo declara isto a seu filho Timóteo, em 2 Tm 3.14-4.2.

Em Atos dos Apóstolos fica visivelmente claro, que o fortalecimento espiritual da Igreja é resultado ativo da pregação da Palavra de Deus (At 5.42; 6.4). Os santos são preparados para toda boa obra mediante as Escrituras (Ef 4.11-13). Um dos textos mais fortes em que Paulo revela compromisso com a pregação para edificar os santos é Colossenses 1.28,29.

Edificar os cristãos no conhecimento e na graça de Jesus Cristo é um dos mais importantes aspectos da pregação.

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III – A PRIMAZIA DA PREGAÇÃOO ministério da pregação deve ser visto com primazia, pelo fato que Deus ordenou, e Jesus a tratou com prioridade. Diante de um convite feito pela multidão a Jesus de que não os deixasse, Ele priorizou a missão de anunciar o evangelho (Lc 4.42-44). Da mesma forma, ao enviar os doze, instruiu-os que a pregação deveria ser vista como primazia por eles (Mt 10.1-15). Para o apóstolo Paulo, a pregação da Palavra era mais importante do que até mesmo batizar (1Co 1.17).

A Igreja, por sua vez, precisa encará-la e aceitá-la como sua maior tarefa. Pois foi dada a ela a responsabilidade por exercer tal ministério. O cuidado pastoral é importante, como o louvor, a diaconia, os pequenos grupos... mas nada se compara ou substitui a relevância da pregação. A Igreja pode existir sem prédios, sem liturgias e até sem credos, mas não pode existir sem a pregação da Palavra. A pregação tem um poder como nenhum outro na Igreja.

Para Martinho Lutero, “... quem não prega a Palavra, para o que foi chamado pela igreja, não é um ministro de maneira alguma...”. O ministério da Palavra faz o pastor, o ministro. Na concepção puritana, o mais elevado e supremo oficio do pastor é pregar o Evangelho.

A pregação é parte essencial e um aspecto distinto do cristianismo. Mais que isso: “A pregação é indispensável ao cristianismo”. Os períodos decadentes na história da Igreja foram sempre aqueles em que a pregação havia declinado. A aproximação da Idade Média foi marcada por um declínio na pregação. A grande reforma foi, porém, um reavivamento enfático da pregação do evangelho.

Portanto, é fundamental que a pregação seja tratada com primazia, por aquela que possui a missão de praticá-la, a Igreja. Para isso, é necessário que haja uma (1) Consciência sobre sua importância pelos cristãos; (2) a Priorização em nossas liturgias; (3) a Valorização das pregações ‘bíblicas’; e (4) Espaço para novos pregadores.

CONCLUSÃO:Desenvolvemos a mais importante tarefa no planeta quando pregamos a Palavra de Deus. Nada influenciará mais nossa igreja e o mundo que a pregação. Nosso objetivo não é outro senão mudar vidas. A pregação nunca foi e nunca será opcional.

Chegou o tempo de restaurar a pregação ao seu lugar de direito, sua posição principal do trabalho ministerial. O cristianismo fica em pé ou cai com a pregação, porque esta é a declaração do evangelho. O destino do cristianismo protestante está certamente preso à ascensão ou à queda da pregação eficaz.

Que o nosso sentimento e nosso comportamento a respeito da Pregação, seja no mínimo, igual do apóstolo Paulo: “ai de mim se não pregar o evangelho” (1Co 9.16).

Luciano Ceccon(43) 9128-2843

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