A exuberância do sertão

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Mude de atitude: seja Curves na estrada 34 A história preservada e a natureza extraordinária fazem da Chapada Diamantina um destino surpreendente no interior da Bahia O visual lá de cima parece car- tão-postal. E é. Do alto do Morro do Pai Inácio, descortina-se uma das paisagens mais marcantes do Bra- sil, registrada em inúmeros panfle- tos de propaganda dessa parte pou- co conhecida da Bahia. Longe do litoral e dos trios elétricos que dão fama turística ao estado, a Chapa- da Diamantina oferece uma série de belezas naturais incomparáveis que agradam turistas de todas as idades. Entre rios de águas crista- linas, e que cercam os vilarejos e cachoeiras, que demandam dias de caminhada para serem alcançadas, estão atrativos para todos os gostos e condicionamentos físicos. Para quem deseja se surpre- ender sem muito esforço, uma boa opção é o Poço Encantado, um dos grandes ícones da região. Dentro de uma enorme gruta, está esse poço de um azul perturbador, possível gra- ças à presença de água cristalina e de grande quantidade de minerais, principalmente magnésio, que refle- tem a luz. Os mais céticos podem até encontrar dificuldade em acreditar que esse tom de azul é natural, mas eles vão esquecer esse questionamen- to ao perceber que, o que parece um túnel vindo do fundo do poço é, na verdade, o reflexo de uma abertura na parte superior da gruta, permi- tindo a entrada de raios de sol, que enriquecem ainda mais o cenário. Já quem quiser se exercitar pode encarar uma bela trilha que dura cerca de uma hora até a Ca- choeira do Buracão. Às margens do rio, o visitante receberá colete sal- va-vidas e será convidado a nadar por entre um enorme cânion em uma experiência única. Em pou- cos minutos, será possível ouvir o barulho e sentir as primeiras gotas d’água da cachoeira que se reve- lará por completo depois de mais algumas braçadas. Os mais aventureiros, sem dúvi- da, se encantarão com a famosa Ca- choeira da Fumaça. Sua exuberância exige esforços de quem quer avistá- la: é preciso fazer uma caminhada de cerca de 50 quilômetros, que leva, na estrada do SERTÃO A exuberância Por Natália Martino 35 www.curves.com.br em geral, três dias. A recompensa fi- nal, entretanto, vale o esforço: a ca- choeira é uma das maiores do Brasil, com 340 metros de queda. Água, po- rém, só no verão. Durante o inverno, o baixo volume de água no rio não chega até o fim da queda – evapora no caminho - o que não deixa de ser um espetáculo memorável. A maioria dos turistas que deseja presenciar esses e outros inúmeros espetáculos da natureza da Chapada Diamantina, chega à região pelo município de Lençóis. A cidade remonta ao século 19, quando teve seu apogeu graças à mineração, e hoje é considera- da Patrimônio Histórico Nacional pelo IPHAN (Instituto do Patrimô- nio Histórico e Artístico Nacional). A infraestrutura não deixa nada a desejar nem aos mais exigentes turistas. Aeroporto, agências de tu- rismo, restaurantes com culinária nacional e internacional e acomo- dações de todo o tipo: de sofistica- dos hotéis a albergues e campings. Para quem preferir fugir de toda essa infraestrutura que é seguida de perto pela badalação, uma boa op- ção é se hospedar em Igatu. Esse vi- larejo secular, também tombado pelo IPHAN, é conhecido pela maioria dos visitantes como cidade fantasma graças às inúmeras ruínas em pedra que contam parte da história da re- gião. Uma das poucas opções de hos- pedagem por ali é a pousada Pedras de Igatu. A simplicidade e o charme do local fazem dela uma ótima esco- lha para quem estiver buscando al- guns dias de descanso. Longe do litoral e das micaretas, a Bahia continua agradando até os visitantes mais exigentes O que surpreende por lá O que levar Charme nas cidades Além de Lençóis e Igatu, outras cidades da Chapada Diamantina são opções charmosas para os viajantes. Rio de Contas e Mucugê são dois bons exemplos. Apesar de menores e menos conhecidas, as duas cidades também oferecem boas opções de hotéis, restaurantes, agências turísticas e, claro, belos casarões históricos. No topo do Brasil Com quase dois mil metros de Como o calor no sertão baiano é arrebatador mesmo nas épocas mais frias do ano, não esqueça de colocar na mala roupa de banho, chapéu e protetor solar. Um par de tênis, bem como uma pequena mochila para levar água, frutas e repelentes, são essenciais para qualquer caminhada, mesmo as menores. Na Chapada Diamantina, a presença de uma máquina fotográfica se torna ainda mais indispensável, para eternizar cada passo dessa deliciosa aventura. Depois de nadar pelo rio que corre no meio do Cânion, o turista avista os 90 metros da Cachoeira do Buracão A charmosa Rio de Contas é a cidade mais ao sul da Chapada altura, o Pico das Almas é um dos cumes mais altos do nordeste brasileiro. Lá de cima, é possível ter uma ampla e bela visão da região. Mas, para alcançá-lo, é preciso acordar cedo e enfrentar cerca de duas horas de caminhada em uma trilha que fica bastante íngreme em alguns momentos. O caminho atravessa vales famosos pela enorme quantidade de plantas, inclusive orquídeas raras. Belezas subterrâneas Entre as riquezas da região, estão grutas enormes, com formações de estalactites e estalagmites impressionantes. O passeio por algumas delas leva horas e, caso o visitante deseje, o guia pode desligar as lanternas e propor que todos fiquem em silêncio. A completa ausência de luz e o barulho das pequenas gotas que formam, ao longo dos séculos, os espeleotemas, aguçam novos sentidos e marcam o passeio. FOTOS: ARQUIVO PESSOAL

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A história preservada e a natureza extrordinária fazem da Chapada Diamantina um destino surpreendente no interior da Bahia

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A história preservada e a natureza extraordinária fazem da Chapada Diamantina um destino surpreendente no interior da Bahia

O visual lá de cima parece car-tão-postal. E é. Do alto do Morro do Pai Inácio, descortina-se uma das paisagens mais marcantes do Bra-sil, registrada em inúmeros panfle-tos de propaganda dessa parte pou-co conhecida da Bahia. Longe do litoral e dos trios elétricos que dão fama turística ao estado, a Chapa-da Diamantina oferece uma série de belezas naturais incomparáveis que agradam turistas de todas as idades. Entre rios de águas crista-linas, e que cercam os vilarejos e cachoeiras, que demandam dias de caminhada para serem alcançadas, estão atrativos para todos os gostos e condicionamentos físicos.

Para quem deseja se surpre-ender sem muito esforço, uma boa opção é o Poço Encantado, um dos grandes ícones da região. Dentro de uma enorme gruta, está esse poço de um azul perturbador, possível gra-ças à presença de água cristalina e de grande quantidade de minerais, principalmente magnésio, que refle-tem a luz. Os mais céticos podem até

encontrar dificuldade em acreditar que esse tom de azul é natural, mas eles vão esquecer esse questionamen-to ao perceber que, o que parece um túnel vindo do fundo do poço é, na verdade, o reflexo de uma abertura na parte superior da gruta, permi-tindo a entrada de raios de sol, que enriquecem ainda mais o cenário.

Já quem quiser se exercitar pode encarar uma bela trilha que dura cerca de uma hora até a Ca-choeira do Buracão. Às margens do rio, o visitante receberá colete sal-va-vidas e será convidado a nadar por entre um enorme cânion em uma experiência única. Em pou-cos minutos, será possível ouvir o barulho e sentir as primeiras gotas d’água da cachoeira que se reve-lará por completo depois de mais algumas braçadas.

Os mais aventureiros, sem dúvi-da, se encantarão com a famosa Ca-choeira da Fumaça. Sua exuberância exige esforços de quem quer avistá-la: é preciso fazer uma caminhada de cerca de 50 quilômetros, que leva,

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Por Natália Martino

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em geral, três dias. A recompensa fi-nal, entretanto, vale o esforço: a ca-choeira é uma das maiores do Brasil, com 340 metros de queda. Água, po-rém, só no verão. Durante o inverno, o baixo volume de água no rio não chega até o fim da queda – evapora no caminho - o que não deixa de ser um espetáculo memorável.

A maioria dos turistas que deseja presenciar esses e outros inúmeros espetáculos da natureza da Chapada Diamantina, chega à região pelo município de Lençóis. A cidade remonta ao século 19, quando teve seu apogeu graças à mineração, e hoje é considera-da Patrimônio Histórico Nacional pelo IPHAN (Instituto do Patrimô-nio Histórico e Artístico Nacional). A infraestrutura não deixa nada

a desejar nem aos mais exigentes turistas. Aeroporto, agências de tu-rismo, restaurantes com culinária nacional e internacional e acomo-dações de todo o tipo: de sofistica-dos hotéis a albergues e campings.

Para quem preferir fugir de toda essa infraestrutura que é seguida de perto pela badalação, uma boa op-ção é se hospedar em Igatu. Esse vi-larejo secular, também tombado pelo IPHAN, é conhecido pela maioria dos visitantes como cidade fantasma graças às inúmeras ruínas em pedra que contam parte da história da re-gião. Uma das poucas opções de hos-pedagem por ali é a pousada Pedras de Igatu. A simplicidade e o charme do local fazem dela uma ótima esco-lha para quem estiver buscando al-guns dias de descanso.

Longe do litoral e das micaretas, a Bahia continua agradando até os visitantes mais exigentes

O que surpreende por lá

O que levar

Charme nas cidades Além de Lençóis e Igatu, outras cidades da Chapada Diamantina são opções charmosas para os viajantes. Rio de Contas e Mucugê são dois bons exemplos. Apesar de menores e menos conhecidas, as duas cidades também oferecem boas opções de hotéis, restaurantes, agências turísticas e, claro, belos casarões históricos.

No topo do Brasil Com quase dois mil metros de

Como o calor no sertão baiano é arrebatador mesmo nas épocas mais frias do ano, não esqueça de colocar na mala roupa de banho, chapéu e protetor solar. Um par de tênis, bem como uma pequena mochila para levar água, frutas e repelentes, são essenciais para qualquer caminhada, mesmo as menores. Na Chapada Diamantina, a presença de uma máquina fotográfica se torna ainda mais indispensável, para eternizar cada passo dessa deliciosa aventura.

Depois de nadar pelo rio que corre no meio do Cânion, o turista avista os 90 metros da Cachoeira do Buracão

A charmosa Rio de Contas é a cidade mais ao sul da Chapada

altura, o Pico das Almas é um dos cumes mais altos do nordeste brasileiro. Lá de cima, é possível ter uma ampla e bela visão da região. Mas, para alcançá-lo, é preciso acordar cedo e enfrentar cerca de duas horas de caminhada em uma trilha que fica bastante íngreme em alguns momentos. O caminho atravessa vales famosos pela enorme quantidade de plantas, inclusive orquídeas raras.

Belezas subterrâneasEntre as riquezas da região,

estão grutas enormes, com formações de estalactites e estalagmites impressionantes. O passeio por algumas delas leva horas e, caso o visitante deseje, o guia pode desligar as lanternas e propor que todos fiquem em silêncio. A completa ausência de luz e o barulho das pequenas gotas que formam, ao longo dos séculos, os espeleotemas, aguçam novos sentidos e marcam o passeio.

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