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A Família e a Insegurança Pública “Uma leitura maravilhosa e esclarecedora, ideal para qualquer idade. Escrita de forma leve sobre um assunto extremamente complexo, mostrando a preocupação em fazer um mundo melhor” ( Marciane Jahring )

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A Família e a

Insegurança Pública

“Uma leitura maravilhosa e esclarecedora, ideal para qualquer idade. Escrita de forma leve sobre um assunto extremamente complexo, mostrando a preocupação em fazer um mundo melhor” ( Marciane Jahring )

Todos os direitos desta edição reservados àAdelar Dias [email protected]

Capa e ilustrações: Adelar Dias Junior

Dias Junior, Adelar

A família e a insegurança pública / Adelar Dias Junior,

98 p.

1. Sociedade 2. família 3. violência 4. Segurança Pública 5. Drogas 6. Jornalismo

ÍNDICE

INTRODUÇÃO ….................................................... 05

INSEGURANÇA PÚBLICA ................................... 11A proteção da família …............................... 17

A FORMAÇÃO DA FAMÍLIA ….......................... 23Arrumando a casa ….................................... 23A família ….................................................... 24O casamento ….............................................. 26A busca do par perfeito …............................ 34Cultura familiar …........................................ 41

A PROTEÇÃO DO CASTELO ….......................... 44O que está entrando em seu castelo …........ 44Diálogo: a muralha do castelo …................. 50O caminho do meio …................................... 59Hierarquia do lar …...................................... 61O exercício da alegria …............................... 67

VIGIE O DERREDOR …........................................ 71Um ser social …............................................. 71Parente ou parentela? ….............................. 73A vizinhança ….............................................. 75O trabalho ….................................................. 82Círculo de convivência ….............................. 92

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INTRODUÇÃO

A história universal nos mostra que a violência e a insegurança sempre acompanharam a humanidade. Em todas as sociedades, invariavelmente, há registro e atos violentos e fases de total insegurança para os indivíduos.

A Bíblia judaico-cristã projetou as raízes da violência na relação entre Caim e Abel. Os primeiros irmãos da humanidade protagonizaram o primeiro homicídio do mundo (Gênesis: 4:8-10) e desde então a violência não mais se apartou do homem.

A psicóloga Sandra de Souza Batista Abud, em artigo publicado no Jornal da Manhã de 04 de agosto de 2011, escreve que:

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"A condição humana é inerente à possibilidade da violência. Neste sentido, Freud asseverou a Einstein que podemos somente drenar as condições da violência, mas não eliminar do homem a sua possibilidade."

A violência urbana é determinada por valores culturais, sociais, econômicos, políticos e morais de uma sociedade. De forma mais específica, pode-se associar alguns problemas e práticas que contribuem como o crescimento da violência urbana: desestrutura familiar, desemprego, tráfico de drogas, discussões banais, entre outros.

A violência não é exclusividade brasileira, mas hoje constitui uma grande preocupação do povo brasileiro, ultrapassando, em pesquisas, temas como emprego e custo de vida, ficando atrás apenas de educação e saúde, como mostrou o Jornal Nacional de 16 de agosto de 2010:

"Pesquisa do Ibope mostra principais preocupações dos brasileiros.

O Jornal Nacional encomendou uma pesquisa exclusiva ao Ibope pra saber quais são as maiores preocupações dos brasileiros. Os entrevistados selecionaram os temas com base numa lista. O resultado da pesquisa revela desafios que o Brasil ainda precisa vencer,

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mas também conquistas que precisam ser preservadas.

(....)

Os entrevistados foram apresentados a dez temas em ordem alfabética: custo de vida, educação, emprego e salário, habitação, infraestrutura, que envolve, por exemplo, estradas, portos e fornecimento de energia. E também meio ambiente, saneamento, saúde, segurança pública e transporte público.

E a pergunta era: "Dessa lista, quais são as maiores preocupações para você e sua família?".

Em 10º lugar, aparece transporte público, com 1% dos votos. Em 9º, infraestrutura, também com 1%. Depois vêm saneamento básico, meio ambiente e habitação.

A 5ª colocada, custo de vida, recebeu 9% dos votos. Onde estão os brasileiros mais preocupados com essa questão? O que mais pesa no bolso dessas famílias? Como é a luta para manter as contas no azul?

O tema emprego e salário está em 4º lugar, citado por 10% dos entrevistados. Uma curiosidade: o Nordeste é a região onde o rendimento das famílias têm crescido acima

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da média nacional. Mas é no Nordeste que estão os brasileiros mais preocupados com esse assunto.

Na 3ª colocação, vem a segurança pública, com 13%. Na comparação entre as regiões, os nordestinos se destacam: são os que mais se preocupam com este item, e os que convivem com os maiores índices de violência.

A educação é a 2ª maior preocupação dos brasileiros, com 16%. Mas o tema aparece no topo da lista no Sul, uma região que tradicionalmente tem bons resultados no ensino. A equipe foi de uma ponta a outra do país para mostrar quais são os desafios da educação e o que leva uma escola a se tornar referência.

A maior preocupação dos brasileiros, segundo o Ibope, é a saúde. Aparece disparada na frente. Foi a escolha de 41% dos entrevistados. Entre as regiões do país, as que mais se preocupam com esse assunto são Norte e Centro-Oeste. Quais são os desafios dos governantes em relação à saúde, um setor que pode fazer a diferença entre a vida e a morte de uma pessoa?"

Essa preocupação também foi tema de matéria do jornal da Cidade, de Aracaju, veiculada no dia 19 de abril de 2013:

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"Emília Corrêa chama atenção para o aumento da violência.

A parlamentar chamou atenção mais uma vez para o aparelhamento e a realização de concurso público para o Instituto de Criminalística.

A vereadora Emília Corrêa (DEM), na tarde desta quinta-feira, dia 18/4, fez uso da Tribuna na Câmara Municipal (CMA) no pequeno expediente, para externar sua preocupação com a violência urbana onde as drogas são responsáveis por assaltos, mortes, desestruturação familiar.

Para a vereadora, a violência tem origem nos lares. "Os filhos nascem e crescem em meio a violência, vendo o pai e a mãe. Muitas vezes por falta de estrutura já crescem sem esperança, e o ensinamento maior, infelizmente, não é a palavra de Deus. É a violência, o ódio, a mentira que dentro deste conceito tem sido crescente junto às drogas", relatou a vereadora.

Emília chamou atenção mais uma vez para o aparelhamento e a realização de concurso público para o Instituto de Criminalística como também do IML, segundo a parlamentar o judiciário está trabalhando com o ouvir

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dizer e sem provas técnicas para dar segurança aos julgamentos."

As palavras da vereadora chamam a atenção para a influência da família na composição do ambiente violento.

Esse quadro toma novos contornos no artigo intitulado "A decadência da sociedade brasileira" de autoria do Pr. Hernades Dias Lopes, que alerta quanto ao crescimento econômico em detrimento dos valores morais e éticos de povo brasileiro:

"A decadência da sociedade é moral e espiritual. Alcançamos o progresso científico e econômico, mas nossa cultura está moribunda. Conhecemos os segredos da ciência, mas não conhecemos as profundezas abissais do nosso próprio coração. Amealhamos riquezas e despontamo-nos como a sétima economia do planeta, mas nosso povo chafurda-se num pântano nauseabundo de pecados vís. Temos as maiores reservas naturais do planeta, mas estamos perdendo nosso senso de valores. Agigantamo-nos diante do cenário mundial, mas apequenamo-nos diante do espelho da verdade"

Diante dessa realidade, não podemos deixar de refletir sobre o que estamos fazendo, como família, para contribuir ou impedir o crescimento da violência e a insegurança pública.

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INSEGURANÇA PÚBLICA

“A insegurança é um fenômeno até há pouco desconhecido entre nós, mas na minha opinião chegou em força e para ficar. Se não houver, entretanto, medidas adequadas à repressão de todas as ações que geram insegurança, chegaremos rapidamente a um ponto sem retorno e, teremos de viver em insegurança constante.

“Estamos a beira de um estado de insegurança pública, pois todos os dias vemos crimes contra a vida, contra a honra e contra a integridade física dos cidadãos. Os

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criminosos são apanhados, libertados e voltam a praticar crimes.”(Francisco Fonseca)

A insegurança é uma realidade que sufoca a sociedade, que não confia nas autoridades constituídas, nem nas políticas públicas de enfrentamento. Parece que estamos perdendo a guerra e a impressão que fica é a de que há um governo paralelo. Como mostra as duas matérias do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, uma do dia 28 de novembro de 2012 e a outra do dia 16 de fevereiro de 2013 respectivamente:

“Insegurança volta a assustar moradores do Alemão.

Três confrontos em pouco mais de 24h e medo de ataques do tráfico levam PM a reforçar o patrulhamento.

RIO — O clima de insegurança voltou a assustar moradores dos complexos da Penha e do Alemão. Desde a tarde de quarta-feira, ocorreram três confrontos entre policiais e bandidos, além de boatos de ataques às sedes da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Lojas chegaram a ser fechadas, supostamente por ordem do tráfico, e ruas ficaram vazias na região. A ocupação do Alemão por forças de segurança completou dois anos na quarta-feira.”

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“Ilha do Governador: número de registros de crimes triplicou em um ano.

Janeiro de 2013 vai ficar na memória dos moradores da Ilha do Governador, na Zona Norte do Rio. Mas não por um bom motivo: o período foi um dos mais violentos dos últimos tempos no bairro. A prova está nos números. O número de ocorrências policiais — as que geram boletim de ocorrência — registradas pela PM triplicou em relação a janeiro de 2012.

O comandante do 17º BPM (Ilha), tenente-coronel Dayzer Corpas, credita o aumento dos casos a três situações: o surto de roubos na Ilha do Fundão — onde fica a UFRJ — a ação de uma quadrilha especializada em sequestros relâmpago no bairro de classe média Jardim Guanabara, e a migração de traficantes do Complexo da Maré.

— A chegada da Unidade de Polícia Pacificadora à Maré (confirmada para depois do carnaval pela Secretaria de Segurança) está causando uma fuga para a Vila Joaniza (favela na entrada do bairro), dominada pela mesma facção — explica Corpas.”

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Um detalhe que chama a atenção é o flagrante avanço das drogas, em especial o crack, sendo esta uma droga extremamente devastadora e com a característica de atingir todas as camadas sociais, sem distinção. A droga movimenta um grande mercado, financiando e potencializando a violência, ameaçando e aliciando milhares de jovens para o mundo do crime, como mostra a matéria de O Globo de 25 de junho de 2011:

Ameaçadas pelo tráfico, 2.500 crianças vivem sob proteção no Brasil.

SÃO PAULO - "Teve uma noite que dormi mal porque tinha cheirado muita farinha (cocaína). No dia seguinte eu tava só o pó, me enrolei na contagem dos papelotes e disse pro traficante que na biqueira (ponto de venda de droga) tinha muito mais do que realmente tinha para vender. Fiquei na dívida de R$ 430, não consegui arrumar e o cara foi na minha casa dar a 'letra' pra minha mãe: ou o teu filho paga o que deve ou o corpo dele vai amanhecer na represa". Aos 16 anos, diante da ameaça, Rodrigo (nome fictício) não teve saída, a não ser deixar às pressas a cidade para onde havia se mudado há sete meses, no ABC paulista. Viciado em maconha e cocaína desde os 10 anos de idade, apresentado ao crack aos 13 anos e contratado pelo tráfico no ano seguinte, Rodrigo buscou proteção no poder público municipal, embora ele não esteja na contagem da Secretaria de Direitos

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Humanos em relação às crianças e aos adolescentes ameaçados de morte, que oficialmente já chega a 516 jovens em 11 estados.”

Mas afinal, o que leva nossos jovens a entrarem no mundo das drogas e do crime? O poder público conseguirá controlar a violência e consequentemente resolverá o problema da insegurança que vivemos?

O relatório "Drogas em Destaque", da European Monitoring Centre For Drugs and Drug Addiction, de setembro/outubro de 2003 diz que:

"... Estão mais expostas ao risco de consumo de droga as crianças que vivem no seio de famílias com elevado índice de conflitos entre os pais, com um relacionamento ou uma disciplina familiar deficientes, ou em que os próprios pais têm problemas relacionados com o consumo de álcool ou de drogas."

Sendo a violência um mal social, a solução do problema deverá ser um esforço de toda a sociedade. É claro que o poder público deverá executar as políticas necessárias para o enfrentamento da violência. Políticas que devem abranger várias áreas de atuação, e negligenciar qualquer dos pilares que garantem a dignidade social fortalece o processo que leva à violência. Dessa forma o poder público deverá garantir, por exemplo, educação, saúde, lazer e oportunidades profissionais.