A FEMINIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO NO PARÁ: AS MUDANÇAS … · educação no Brasil e na Amazônia,...
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A FEMINIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO NO PARÁ: AS MUDANÇAS E
PERMANÊNCIAS DE DISCURSOS SOBRE A MULHER E EDUCAÇÃO AO
LONGO DO SÉCULO XIX
Rogério Guimarães Malheiros 1
Wanessa Carla Rodrigues Cardoso2 Prof. Dr. Genylton Odilon Rêgo da Rocha3
RESUMO
Esse artigo objetiva fazer uma breve incursão histórico bibliográfica sobre o papel da mulher na educação no Brasil e na Amazônia, detendo-se especialmente sobre a feminização do magistério ao longo do século XIX e início do XX e sua conseqüente precarização. A formação feminina para o exercício do magistério, abre caminho para mulher ocupar o espaço público e para ocupação gradativa ao exercício profissional, no entanto as transformações ocorridas com a República menos revelavam a dissolução dos costumes e mais revigoravam uma velha moral.
PALAVRAS-CHAVE: história da educação; formação de professores; feminização do magistério.
RÉSUMÉ
Cet article vise à faire une brève incursion dans la littérature historique sur le rôle des femmes dans l'éducation au Brésil et l'Amazonie, en se concentrant en particulier sur la féminisation de l'enseignement tout au long des XIXe et début du XXe siècle et de l'appauvrissement. La formation des femmes pour la pratique de l'enseignement, ouvre la voie pour les femmes à occuper l'espace public et l'occupation progressive de la pratique professionnelle, mais les changements qui se produisent avec la République a révélé moins la dissolution des mœurs et des plus revigoravam une morale ancienne.
1 Bacharel e Licenciado em História (UFPA); Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Educação, linha de
pesquisa Currículo e Formação de Professores (UFPA). [email protected]
2 Bacharel e Licenciada em História (UFPA); Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação, linha de
pesquisa Currículo e Formação de Professores (UFPA). [email protected]
3 Mestre em Educação (Currículo) pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1996) e Doutor em Geografia (Geografia Física) pela Universidade de São Paulo (2001). Realizou estagio de pós-doutoramento no Institut National de Recherche Pédagogique (INRP) da França, desenvolvendo atividades de pesquisa no Service d'Histoire de l'Education. Atualmente é Professor Associado I da Universidade Federal do Pará, exercendo atividade de ensino, pesquisa e extensão nos cursos de graduação em Geografia e Pedagogia, e no Programa de Pós-Graduação em Educação (Mestrado e Doutorado). [email protected]
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MOTS CLÉ: histoire de l'éducation, la formation des enseignants, la féminisation de l'enseignement..
A vinda da Família Real em 1808, inicia o processo de institucionalização docente no
Brasil, intensificando a laicização e a normatização do ensino, instituindo a Lei Geral do
Ensino 1827 e a criação das Escolas Normais nas décadas de 30 e 40 do XIX. A Lei do
Ensino permite a mulher o direito de instrução, com conteúdo diferenciado dos homens.
A primeira Escola Normal criada em Niteroi em 1830 tinha como critério de admissão
ter “boa morigeração” (idoneidade moral), ter idade superior a 18 anos, saber ler escrever. A
idoneidade moral era o requisito de maior importância pois esse professor seria um agente da
manutenção da ordem e da moralidade. As escolas normais tiham como missão “elevar o
nível intelectual e moral da população, unificando padrões culturais e de convivência socia”l.
(VILELA. 2010, p.104).
As Escolas Normais pensadas inicialmente por homens e para homens, não previam
presença de alunas. Somente a da Bahia (1836) e São Paulo (1846) mencionava-se um curso
para mulheres que na verdade não chegou a ser implementado. Apenas nas décadas de 60 e 70
com a recriação das escolas normais as mulheres começaram a ganhar espaço no magistério
com muita resistência e restrições. O público feminino passou a ser atendido em prédios
separados ou em dias e horários diferenciados dos homens.
Como os tutores deveriam ser do mesmo sexo que seus alunos a formação de
professores do sexo feminino se fazia necessária. O currículo de estudo e formação feminina
era diferenciado do masculino, elas teriam que se dedicar à costura, ao bordado e à cozinha,
enquanto eles dedicavam-se a estudos específicos como o de geometria. As professoras eram
isentas de ensinar geometria, mas essa matéria era critério para estabelecer níveis de salário,
portanto, reforçava-se com isso a diferença salarial entre professores e professoras.
Assim, as mulheres passaram a ter o direito à instrução, porém essa mesma instrução
acabava por acentuar a discriminação sexual (Cf. FREITAS, 2000). E apesar do estudo passar
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a ser um direito garantido por lei, grande parte da população feminina brasileira da época, não
tinham acesso à formação, com exceção daquelas que pertenciam às elites e às classes
ascendentes, pois a segregação da mulher continuava presente na sociedade brasileira do
período. (Cf. BRUSCHINI e AMADO, 1988).
Para além dessas questões expostas anteriormente, no processo de ingresso ao curso,
as mulheres eram ainda obrigadas, mais que os homens, a atestarem sua ética e bons
costumes. Tratava-se de uma super valorização da moral, que possuía o objetivo de tornar o
ensino das mulheres voltado não à instrução, entendida como formação intelectual, mas como
uma tentativa adicional de disciplinar sua conduta. Neste sentido, segundo Catani,
[...] a ênfase do ensino feminino [era] nas boas maneiras, nas técnicas, na
aceitação da vigilância, na aparência, na formação moralista. Coisa adequada
quando o ensino fundamental se destinava às classes populares, pois o que estava
em jogo não era difundir as perigosas luzes do saber, mas disciplinar as condutas e
refrear a curiosidade (CANTANI, 1997: 28).
Os discursos que predominavam eram de que, pela inferioridade feminina, uma
instiuição para mulheres seria um desperdício de verbas públicas desnecessária, manter uma
instituição de mulheres não tinha sentido e nem utilidade e permitir que as mulheres tivessem
acesso as mesmas escolas que os homens era algo que atemorizava a sociedade, pois iam
contra os princípios de moralidade. Somente em 1880 quando os alunos em sua grande
maioria era do sexo feminino houve a fusão das duas escolas, ressaltando-se com saídas
diferenciadas para homens e mulheres e vigilância atenta.
No Pará, a fundação da Escola Normal data de 1870, tendo o início de suas atividades
somente em 5 de junho de 1871 e assim como as demais escolas Normais do país teve um
período curto para ser instaladas novamente anos depois. Sem prédio próprio, atendia alunos
no Liceu Paraense e alunas no Colégio Nossa Senhora do Amparo, separação está coerente
com o que ditava a moralidade do período.
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As mulheres, que não precisavam de tanta formação intelectual, tidas como inferiores,
dispunham de currículo e cargas horárias diferenciadas especialmente no que se refere as
disciplinas Aritmética, Pedagogia e Gramática, já que os homens tinham mais propensão para
a compreensão das disciplinas lógicas, enquanto elas ocupavam-se muito mais com
atividades de memorização e com prendas de agulhas. (FRANÇA,2004; COELHO, 2006)
NO DESPONTAR DA MODERNIDADE
Na segunda metade do século XIX, caracterizada por sucessivas mudanças
emblemáticas nos mais variados campos sociais (político, religioso, educacional, etc.).
Período, notadamente de transformações, torna-se também de grande relevância para
entendermos ainda mais esse processo da instrução feminina e o da feminização do magistério
e, com este, o de formação de professoras, haja vista que há neste período reconfigurações
acerca do significado da modernidade em voga no período.
Vale ressaltarmos ainda, que durante o século XIX, o Brasil vivenciou o chamado
“surto modernizador estimulado pelos interesses do imperador e das elites econômicas”
(CAVALCANTI, 2001, p. 67).
O tema da modernidade é incessante e tem ocupado a intelectualidade brasileira em
diferentes épocas. No Brasil, a modernidade, constantemente é vista como algo externo e que
deve ou ser admirado e adotado, ou ser admitido com cautela e resignificação.
A importação ocorre quando os intelectuais nacionais vão aos “grandes centros”
europeus, como França e Inglaterra, e trazem consigo idéias e modelos lá vigentes. A Europa,
neste momento, era o exemplo de modernidade a ser seguido.
[...] é na Europa que se realizam as mudanças mais decisivas, as que transformam
a sociedade, as que modificam a existência. É também na Europa que as grandes
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correntes de idéias nasceram, que surgiram a revolução técnica, a transformação
econômica, a experiência política, que constituem outras tantas forças novas. [...]
o que se passa na Europa repercute no mundo inteiro (REMOND, 2004:126).
Também inspirados no modelo europeu, cidades como Belém e Manaus, a partir da
década de 70 do século XIX, começam a se organizarem, urbanizarem-se e a promover um
processo higienizador de seus centros, fato este que esteve diretamente ligado a uma idéia de
progresso e modernização da urbe, que segundo Edinea Mascarenhas Dias (1999),
configurou-se como máxima nos discursos e ações dos executivos e legislativos municipais
brasileiros, mais especificamente, amazônicos.
Na cidade de Belém do Pará, segundo a historiadora Maria de Nazaré Sarges (2002),
esta idéia de modernização da urbe, também esteve presente, pois a partir de 1870 a cidade
começou a tomar forma de grande centro urbano impulsionada pela ascensão do comércio
gomífero.
Neste sentido, a influência do pensar europeu no Brasil data dos tempos coloniais,
porém se acentua mais ainda durante o segundo império, onde o nível de urbanização e vida
cosmopolita alcançado pelos brasileiros facilitaria uma maior conexão e interesse do
Imperador e das elites econômicas brasileiras no mundo cultural do hemisfério norte.
No tempo de surto de modernização, o país refez seus sistemas de transportes,
comunicação e produção industrial, propiciando a ascensão de uma nova classe social, a
burguesia, fortemente influenciada pela internacionalização da economia capitalista, na
medida que era preciso criar condições concretas para a ampliação e reprodução do capital.
A exemplo de Belém e Manaus, no final do século, todos os grandes centros já
contavam com serviços de água, luz, e gás, com estradas pavimentadas e com transporte
urbano. O desenvolvimento da vida cosmopolita, nesses grandes centros, com uma maior
anonimidade e com oportunidades culturais, facilitam a aceitação de novas idéias.
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Esta abertura para novas idéias também propaga no Brasil, no último quartel do século
XIX, uma série de ideologias, entre elas o Iluminismo, o Darwinismo, o Positivismo, o
cientificismo, além do protestantismo, que já havia chegado ao país durante as missões
“históricas” da primeira metade do referido século. Essas ideologias propiciaram fomentar nas
classes médias a aspiração por reformas sociais mais amplas.4
Progresso humano, da perspectiva dos pensadores leigos, significa avanços
técnico-científicos, domínio sobre a natureza, desenvolvimento de uma filosofia
livre do formalismo escolástico, estabelecimento de novos padrões éticos e morais,
de tal forma que esse conjunto de conquistas e de avanços se transformasse em
instrumento de aperfeiçoamento da vida social, material e política. Por essa razão,
José Carlos Reis irá dizer que, nas filosofias leigas, “a utopia substituirá a
profecia. No ‘fim da história’ a espera é outra: não mais o apocalipse, mas uma
sociedade moral e racional”. As descobertas da ciência, as invenções, o
aperfeiçoamento tecnológico, o controle, ainda parcial sobre a natureza, as
descobertas marítimas, a consolidação do capitalismo pré e pós Revolução
Industrial, a “matematização” do Universo, enfim, a ruína do edifício medieval
deu aos séculos XVIII e XIX europeu a certeza de que o progresso humano era
irretratável, mas que somente se consolidaria quando se libertasse definitivamente
das amarras teológicas do catolicismo e quando a razão humana assumisse
definitivamente o controle de todo esse processo (MANOEL, 2004:42).
Nesse sentido, o indivíduo é tomado enquanto um valor, responsável por suas decisões
e exercendo um papel ativo na construção de suas identidades. A modernidade traz como
novidade a possibilidade dada a cada ser humano de compartilhar uma infinidade de
4 O surto de novas idéias resultou, em grande parte, da emergência de um novo elemento na sociedade, os grupos
de classe média urbanos, grandes suficientes para influenciar os cenários nacional, mais abertos para as experiências vivenciadas pelo Brasil de então, e fortes suficientes para desafiar o poder tradicional da aristocracia rural.
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identidades com outros seres humanos sem estar, contudo, preso a qualquer uma delas. As
sociedades moderno-contemporâneas, complexas, se caracterizam pela coexistência de
diversos estilos de vida e visões de mundo. Quando um grupo social é formado a partir de
uma definição comum da realidade, identificamos uma linguagem sustentada em crenças e
valores compartilhados (GRUMAN, 2002).
Neste sentido, influenciados por essa modernidade, na segunda metade do século
XIX, liberdade de consciência era a máxima defendida pelos adeptos da filosofia comtiana no
Brasil. Defendiam a ciência como o meio por excelência de se chegar à plenitude social.
[...] o positivismo não apenas afirma a unidade do método científico e o primado
desse método como instrumento cognoscitivo, mas também exalta a ciência como o
único meio em condições de resolver, ao longo do tempo, todos os problemas
humanos e sociais que até então haviam atormentado a sociedade (REALE,
ANTISERI, 1991: 46).
O ensino, sem sombras de dúvida, pode ser uma excelente maneira de dominação
ideológica. A Igreja Católica sempre procurou doutrinar seus seguidores à sua maneira,
empenhando-se em demonstrar que o seu modo de vida é o mais correto existente dentre os
outros. Não só para a Igreja Católica como para qualquer instituição, o ensino é o mecanismo
ideal para a transmissão de seus valores, de doutrinar seus seguidores.
O movimento de formação e de renovação da escola primária empreendida pelos
primeiros governos republicanos teve um profundo significado político, social e
cultural. Tratava-se não apenas de sua difusão [...] mas, também, da implantação
de uma instituição educativa comprometida com os ideais republicanos e com as
perspectivas de renovação da sociedade brasileira [...]. Nas décadas finais do
século XIX, a educação popular tornou-se uma das bandeiras de luta dos liberais
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republicanos [...]. Nesse esboço impetuoso de iniciativa particular, os republicanos
fizeram da educação um meio de propaganda dos ideais liberais republicanos e
reafirmam a escola como instituição fundamental para o novo regime e para a
reforma da sociedade brasileira (SAVIANI, 2006:. 52-53).
Como podemos notar, o texto em epígrafe é bem salutar para o percebimento do
embate político-ideológico travado entre o Estado e a Igreja para o controle da instrução
pública. Nela podemos depreender que o ensino também era para o estado o meio propagador
de sua ideologia política. Logo, não poderia haver a interferência da religião, já que esta não
corroborava com a ideologia dos políticos adeptos da teoria do estado moderno.
Neste sentido, corroboramos com a acertiva de Leonor Maria Tanuri (2000, p. 66)
quando enfatiza que “a partir de 1868/70, transformações de ordem ideológica, política e
cultural seriam acompanhadas de intensa movimentação de idéias, com profundas
repercursões no setor educacional”. A autora ressalta ainda que neste período, generalizou-se
a idéia de que “um país é o que a sua educação o faz ser”, isto é, a educação passou a ser
encarada entre as pessoas de diferentes posições políticas e ideológicas como elemento
indispensável para o desenvolvimento econômico e social do país.
ORIGENS DO DISCURSO DE INFERIORIZAÇÃO DA MULHER E SUA
POSTERIOR REFORMULAÇÃO
Assim, alicerçada nos postulados científicos aristotélicos de “incompletude
feminina”, a Igreja Católica estabeleceu um “modelo de cristandade ocidental”
permanente, no qual consolidou uma postura valorativa da mãe, ou seja, da mulher
enquanto elemento procriador em constante analogia com Maria que aceitou
“docilmente” sua missão. Em um pólo oposto estaria Eva, cuja criação oriunda da
costela de Adão já denotava uma relação de inferioridade intrínseca — era “a
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pecadora” — cuja sedução maligna desviou o homem do caminho correto e
extirpou do paraíso o destino de toda a humanidade (MELLO e LEITE 2000: 38-
39).
Conforme o enunciado em epígrafe, depreendemos os valores sociais em que se
alicerçou a sociedade brasileira acerca dos dois lados da mulher nesta mesma sociedade. Vale
ressaltar que estamos nos reportando a uma influência do pensamento dos colonizadores que
data dos anos iniciais da colonização brasileira.
Neste sentido, a caracterização da mulher como educadora dos filhos não se deu de
forma imediata no Brasil. Nos anos iniciais de colonização, os portugueses exportaram para o
Brasil seus modelos de comportamento e dominação. Tratava-se de uma sociedade altamente
patriarcal, típica da cultura ocidental judaico-cristã, que fora aperfeiçoada durante anos pelo
sistema capitalista em ascensão. Por essa forma, a sociedade patriarcal determinava que as
mulheres fossem subjugadas pelos homens, isto é, pelo pai, pelo marido e pelas regras
elaboradas por estes (Cf. FREITAS, 2000).
A própria vivência da mulher, na nascente sociedade brasileira, restringia-se a sua
atuação à esfera privada, no ambiente doméstico, e sua ação pública se limitava a participar
das atividades da igreja. O impacto dessa restrição levou a mulher a se recolher ao âmbito
doméstico, à condição de mera procriadora, tornando-se apenas um objeto de domínio
masculino.
Destarte, é importante também percebermos de que forma este pensamento acerca do
papel social da mulher fora alterado, percebendo ainda, quais os interesses das classes
dominantes em repensar a função da mulher na sociedade brasileira.
No século XIX, necessidades econômicas, políticas e sociais marcaram o início de um
processo de urbanização em várias regiões brasileiras, entre elas, a região amazônica com a
próspera economia gomífera. Neste sentido, a própria instalação da Corte Portuguesa no Rio
de Janeiro, em 1808, e a abertura dos portos brasileiros foram fatores importantes para a
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intensificação da vida urbana. Por essa forma, passou-se a uma constante mobilidade dos
proprietários de terras entre o campo e a cidade, juntamente com seus familiares.
Nas cidades, as famílias, embora mantivessem o poder de seu chefe inquestionável,
quebravam seu isolamento. Período em que fora marcado por um alargamento do universo
sócio cultural das famílias da classe dominante e um maior espaço de mobilização de suas
mulheres. Por outro lado, as mulheres das camadas populares ganhavam o espaço público
como trabalhadoras no comércio e nos serviços.
Neste mesmo século, o País viu emergir, também, uma estratificação social mais
complexa. A emergência de uma camada social intermediária tornou-se cada vez mais visível.
Sua participação na vida social passou a ser ativa, não tanto pelas atividades produtivas a que
estavam ligadas, como a mineração, o artesanato, o pequeno comércio, a burocracia, mas,
sobretudo, como esclarece Sodré (1970), pelo envolvimento político. Esse processo de
urbanização permitiu, também, a penetração de diferentes credos e ideologias filosóficas
oriundas do continente europeu, onde a industrialização dos meios de produção se expandia a
largos passos. O pensamento escolástico, originário de Portugal e até então hegemônico no
Brasil, passara a sofrer oposição.
As correntes Liberais, cientificistas e positivistas, neste momento, passam a debater
suas idéias acerca de diferentes necessidades sociais e políticas do País. A filosofia positivista
integrava os ideais republicanos e passava a ter grande influência no Brasil. Em sua
idealização do papel da família, os fervorosos representantes dos princípios doutrinários de
Comte faziam coro com a ideologia vitoriana, em franca expansão na Europa, dando destaque
ao papel da mulher. De acordo com esses princípios ideológicos, as mulheres, pelo seu
altruísmo e pela superioridade de suas virtudes morais e espirituais deveriam responsabilizar-
se pelo bem estar físico, moral e espiritual de suas famílias e de sua pátria.
A missão civilizatória atribuída às mulheres fez crescer o debate sobre a educação
nacional, a educação das meninas em particular - até então praticamente inexistente - e o
papel das mulheres como condutoras morais da ordem social, algo imprescindível para o
progresso do recente Império.
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Os novos inventos de transporte e comunicação se desenvolviam com a Revolução
Industrial e encurtavam as distâncias entre o Brasil e os outros continentes. A Europa dava
início a um amplo movimento sobre o “novo” papel social atribuído às mulheres. Quando a
industrialização dos meios de produção se encontrava sedimentada e em expansão em várias
regiões daquele continente, já na segunda metade do século XIX, a força de trabalho feminino
não se fazia mais tão necessária ao capital. Era necessário encontrar mecanismos sociais que
restabelecessem os velhos valores da ideologia patriarcal fragilizados pelos interesses da
produção e do lucro.
A ideologia vitoriana surgira exercendo um papel fundamental na restauração dos
valores morais das famílias trabalhadoras. Um ideal cristão de feminilidade foi instituído,
embora diferenciado para as mulheres das diferentes classes sociais, como indica Purvis
(1991). O trabalho filantrópico tornava-se assim uma forma legítima de atividade feminina,
caracterizado como um trabalho não pago, de caráter moral e religioso, que proporcionava a
oportunidade das mulheres de classe média se movimentar na esfera pública. Enquanto isso,
num movimento inverso, as mulheres das classes trabalhadoras sofriam uma retração na
participação do mercado de trabalho assalariado, quer nas indústrias, quer no campo.
Aparentemente contraditórias, essas duas ações, uma no plano ideológico e moral, a
outra no plano econômico e social, eram na verdade convergentes.
As categorias gênero e classe nos permitem perceber que o capitalismo vitoriano,
embora desenvolvendo ações assimétricas, relativas ao espaço de trabalho para com as
mulheres de diferentes classes sociais, une-as no plano ideológico, transformando-as em
trabalhadoras suplentes da ação do Estado. Os representantes do poder oficial enfatizavam
que, embora o lar fosse o maior palco de influência da mulher, sua ação não deveria ali se
esgotar, - as mulheres deveriam responsabilizar-se por um efetivo papel na sociedade,
cuidando da saúde física e moral da nação.
Foram inúmeros os motivos ideológicos e econômicos que apelavam para o trabalho
compulsório de caridade das mulheres em países europeus: o avanço da revolução industrial,
a transformação do modelo econômico mundial, a expansão do mercado capitalista, o
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movimento anti-escravagista, a presença de uma forte crise social e a necessidade de
expansão de sistemas nacionais de educação. Apelos constantes começaram a ser feitos às
mulheres, com destaque para os seus diferentes papéis familiares como filhas, irmãs, esposas
e mães, enfatizando suas responsabilidades para com o bem estar de suas famílias e de suas
pátrias.
No Império do Brasil, no entanto, a estrutura social do período era completamente
diferente. Tratava-se de uma sociedade escravagista, emersa por costumes e hábitos baseados
em uma tradição de submissão colonial, que naquele momento, século XIX se via diante de
uma discussão acerca da importância do papel feminino para o futuro da nação? Neste
sentido, algumas questões são de grande relevância para tentarmos entender as
especificidades do período, como: por que razões representantes de diferentes doutrinas
filosóficas eram unânimes em dar destaque ao papel da mulher, numa sociedade fortemente
marcada pela velha mentalidade patriarcal? Sob que circunstâncias os representantes oficiais
começaram a manifestar suas preocupações para com a escolarização das meninas e das
mulheres, tão negligenciada até aquele momento histórico?
Assim, torna-se necessário nos aproximarmos da história da organização do sistema de
instrução pública brasileira, e da posição ocupada por homens e mulheres no interior do
mesmo, para melhor entendermos estas relevantes questões, considerando-as também,
extremamente necessárias para o entendimento da complexa estrutura social do período aqui
abordado.
A MULHER GANHA O ESPAÇO PÚBLICO: DO LAR AS ESCOLAS NORMAIS
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Com a efervescência urbana, início do século XX, a mulher vai despontar em lugares
antes nunca freqüentados, vai sair do reduzido espaço privado, processo que vai acontecendo
desde o século anterior, pra ser vista no espaço público destinado somente aos homens, no
mundo do trabalho ou no mundo de lazer, que se traduzia nas lojas, nas praças, nos cafés, nos
clubes, nos teatros, nos cinemas ou em atividades esportivas.
As mulheres aventurando-se no mundo da rua é algo novo para as classes médias e
altas, as chamadas de “boa família”, já que as camadas populares habitavam o mundo da rua
desde o início do século XIX. No espaço belemita por exemplo vendendo açaí, cheiro,
vasilhas de barro, flores, lavando roupas, trabalhando como criadas ou mesmo se prostituindo.
Ao vivenciarem com maior liberdade o universo dos espaços públicos, nele atuando e criando
suas experiências de vida, essas mulheres sofreram as mais diferentes formas de
marginalização e discriminação.
A liberdade dos movimentos corporais, a beleza dos atrativos físicos realçados em
um descuidado vestir, a a malícia e o prazer muitas vezes refletidos no olhar , são
algumas das formas que os autores representaram as mulheres “mamelucas”,
“índias”, “caboclas” que viviam em Belém no final do XIX (CANCELA. 1997:213-
242)
A participação da mulher na vida urbana, e a multiplicação desses espaços de lazer e
de oportunidades de trabalho, mesmo que desigual (as profissões tidas como femininas eram
de certa forma extensões do mundo do trabalho já desempenhado no lar) provocam
apreensões, portanto, se fazia necessário acatar algumas mudanças para a própria manutenção
das normas prescritas socialmente quanto ao casamento, como única forma de relação
amorosa, a família e o papel de cada sexo. Era necessário afastar os riscos trazidos no bojo da
modernidade.
Neste sentido, a educação neste momento, especialmente para as classes populares,
com um padrão de comportamento mais flexível, era uma forma de salvaguardar os princípios
da moralidade e da “conduta decente”. Nas primeiras décadas do século XX os poderes
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públicos e as elites viam a educação como uma forma de controle e manipulação social,
desejosos de construir a identidade Republicana, baseados no ideário do positivismo
Contiano, que via na figura feminina umas das vias principais para a instituição da moral, da
ordem, disciplina e trabalho, assim reforçando a imagem da “Santa Mãezinha”, da mulher
como redentora e responsável pela estabilidade e harmonia familiar, a mãe dedicada a
salvação do homem, o ser que passa a ser visto como o instrumento privilegiado para
desencadear o processo civilizatório, especialmente das massas trabalhadoras, o indivíduo
capaz de internalizar e disseminar as práticas higiênicas moralizadoras. (CANCELA, 1997;
RAGO, 1985; CARVAHO,1999)
Intelectuais como Veríssimo que defendiam que a perversão de caráter do povo
brasileiro é graças a nossa origem mestiça e escrava, e que essa índole herdada de nossos
antepassados só é possível ser modificada pela educação, a verdadeira educação do caráter,
afirmava que ela poderia ser feita por outros meios além do meio escolar, como a família,
tendo a mulher um papel importante nesse processo.
Mole pelo clima, mole pela raça, mole por esta precocidade das funções genésicas,
mole pela falta de todo o trabalho, de qualquer atividade, o sangue pobre, o caráter
nulo ou irritadiço e, por isso mesmo inconseqüente, os sentimentos deflorados e
pervertidos, animado, indisciplinado, mal criado em todo o rigor da palavra - eis
como de regra começa o jovem brasileiro a vida (VERÍSSIMO, 1985: 69)
Veríssimo ressalta então, a formação da família brasileira profundamente viciada pela
escravidão e a influência perniciosa das mucamas em sua constituição, influenciando
sobremaneira a mulher, pois retirada da sala convivia com hábitos degenerados. Neste
sentido fazia-se necessário a educação da mulher brasileira, tirando-a da quase total
ignorância, já que “o primeiro e principal educador do indivíduo, desde o seu nascimento, e
até ainda bem antes, até a sua morte, é a mulher, segue-se logicamente, necessário, que a
educação da sociedade deve começar pela educação da mulher” (VERISSIMO, 1985:116).
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Neste sentido, deve-se primar pela sua educação moral, física e de higiene, uma educação
geral e simplificada em relação a do homem, necessária graças a sua natureza educadora.
A mulher que sai da clausura, do recôndido espaço do lar e da desnacionalização pela
educação, dos conventos para as Escolas Normais para regeneração da sociedade, para que
eduquem os futuros homens, devem assim, aprender a língua e a literatura nacional, e também
estrangeira, a educação estética, a matemática, a física, a química, as ciências naturais
(noções básicas), a educação artística, história e geografia da pátria, educação física,
fisiologia, e higiene. “Para educar a primeira condição é saber” (VERÍSSIMO, 1985: 129)
No Pará Repúblicano foram criadas duas Escolas Normais, pela Lei nº 29, de 4 de
fevereiro de 1890: uma para mulheres e outra para homens. Essa decisão causou
posicionamentos diferenciados, entre os críticos dessa separação estava Veríssimo que a
considerava uma escola antipedagógica. Favorável a coeducação, Veríssimo em relatório ao
governador solicita em caráter de urgência a união das escolas, entre os argumentos utilizados
para a unificação ressalta-se a contenção de despesas e as condições precárias do Colégio do
Amparo. As considerações de José Veríssimo foram incorporadas pela administração pública,
pela Lei nº 165, de 23 de julho de 1890, modificando o Decreto nº. 64, de 4 de fevereiro de
1890, fundindo-se assim os dois cursos que integraram a Escola Normal do Pará. Em 1900
havia um total de 256 professores normalistas, sendo que, dentre estes, 50 eram do sexo
masculino e 179 do sexo feminino (FRANÇA, 2004).
No entanto, mesmo com as modificações operadas e a feminização do magistério
sendo um fato, a condução da educação não era exercida pelas mulheres, estrutura da
mesma, os cargos administrativos e de liderança e de regulação e controle, como de inspetor,
eram geridos por homens estando ainda a mulher relegada a um plano secundário,
perpetuando velhas práticas de submissão próprios de uma sociedade patriarcal, assim
continuavam a regulação e o controle sobre a prática profissional das professoras e de sua
conduta moral.
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Segundo Villela (2010) os discurso da moralidade vai assumindo significado mais
complexo ao se cruzar com os discursos higienistas e positivistas, além disso passa a
constituir-se uma opção ante a profissões menos prestigiadas como costureiras e parteiras ou
mesmo ante um casamento forçado, proporcionava uma certa liberdade e a possibilidade de
instrução, neste sentido uma alternativa possível em um determinado contexto histórico.
À GUISA DE CONCLUSÃO
Nos anos finais do século XIX e início do XX, após emblemáticas e sucessivas
mudanças, nos mais variados campos sociais (político, religioso, educacional, etc.), tornou-se
de grande relevância para entendermos ainda mais esse processo da instrução feminina e o da
feminização do magistério e, com este, o de formação de professoras, haja vista que há neste
período reconfigurações acerca do significado da modernidade em voga no período.
Em um período em que a própria profissão docente vai se maturando, deixando de
ser uma profissão exclusivamente masculina para ser prioritariamente feminina, haja vista que
possuia baixo prestígio social, baixa remoneração, levando os homens a irem em busca de
outras profissões. Neste contexto com as mudança de discurso operadas e a necessidade das
mulheres assumirem o magistério e as escolas femininas, a mulher passa a assumir o papel de
regeneradoras morais da sociedade.
Apesar das mudanças e transformações em curso, estava muito presente elementos da
mulher, fruto de uma sociedade patriarcal e sob as normas prescritas para cada sexo;
permanecendo muito das funções estabelecidas, que identificavam o homem e a mulher ou
com a rua ou com a casa, o marido como único provedor do sustento, e a mulher responsável
pela honra e pela virtude familiar. Neste sentido a feminização do magistério podem ser
entendidas no contexto das idéias de modernização e coerentes com preceitos civilizacionais
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Republicanos, e muito revelavam a manutenção de uma velha moral do que propriamente a
dissolução dos costumes.
Ao ampliarmos o nosso olhar, percebemos que como tudo que foi inventado nas
oficinas da modernidade, o magistério, no mundo ocidental, também passa por
transformações. E essa trajetória manifesta-se em uma trama de relações sociais contraditórias
de caráter classista e discriminatório para com as mulheres no interior dos diferentes
segmentos sociais.
A feminização do magistério não é um fenômeno novo e tem se manifestado na
maioria dos países ocidentais desde a segunda metade do século XIX. No entanto, um balanço
da historiografia da educação nos permite afirmar que a abordagem desta temática com
destaque nas categorias gênero e classe social constitui um campo de pesquisa recente, tanto
no Brasil quanto em outros países.
Com o desenvolvimento das relações trabalhistas proporcionadas pelo capitalismo
industrial, é refeita a hierarquia das profissões, agregando-se valor àquelas mais condizentes
com as novas exigências do mundo industrializado e à sua ideologia. Neste período é
instituída a educação sob a tutela do Estado para os filhos dos trabalhadores. Nesse contexto,
o magistério deixa de ter o prestígio de outrora e, de forma sensível, vai mudando,
paulatinamente, de gênero. A instituição dos sistemas de educação de massa, sob a
organização do poder público, marca a ampliação da participação da mulher como professora
primária como nos esclarece Braster (1990).5
No entanto, apesar do período de criação desses sistemas seja diferenciado em cada
país por razões complexas, um ponto em comum os une, isto é, eles datam da segunda metade
do século XIX, na maioria dos países ocidentais e representaram a quebra de um número
significativo de práticas educacionais anteriormente existentes, conforme Green (1990). Em
consequência, um novo mercado de trabalho foi colocado a disposição de homens e mulheres.
5 A autora afirma que a instituição do sistema de educação de massa nas maioria dos países ocidentais sob a tutela do Estado, no século XIX é considerado um importante demarcador para ampliação da participação da mulher como professora da escola elementar.
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De acordo com Aldrich (1991), novas questões foram sendo integradas à agenda da história
da educação, levantando-nos a questões e respostas para vários pontos importantes sobre
Educação e Gênero, como exemplo, podemos nos indagar acerca de até que ponto o sistema
formal de educação fora utilizado para reforçar os estereótipos entre meninos e meninas, entre
homens e mulheres? Como esta estereotipia se dá nas diferentes classes sociais? Que
mensagens específicas quanto a gênero as crianças recebem na escola e no lar sobre os seus
futuros papéis como adultos? De que maneira o currículo, explícito ou oculto, é construído e
utilizado para promover tais processos discriminatórios?
Estas questões ratificam a importância de estudarmos objetos e temas relacionados à
história da educação, haja vista que são questões que não foram visitas ou, se visitadas, não
obtivemos respostas satisfatórias para as mesmas.
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