A Formação de Contadores de Histórias INFANTIS EM LIBRAS.pdf

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1 PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE MULTIPLICADORES INCLUSIVOS PROFORMI A Formação de Contadores de Histórias Infantis em Libras: ensaios pedagógicos Guia Teórico - Prático Autor Luiz Albérico Falcão Recife, 2013

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    PROGRAMA DE FORMAO DE MULTIPLICADORES INCLUSIVOS PROFORMI

    A Formao de Contadores de Histrias

    Infantis em Libras: ensaios pedaggicos

    Guia Terico - Prtico

    Autor

    Luiz Albrico Falco

    Recife, 2013

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    1. APRESENTAO A formao de Contadores de Histrias Infantis em Libras uma proposta inclusiva em que participam crianas surdas e ouvintes e tem como motivao inserir a criana com deficincia auditiva no imaginrio da fantasia das histrias infantis de forma colaborativa e interativa, alm de apresentar a Lngua Brasileira de Sinais - Libras para todas as crianas ouvintes e surdas em respeito s diretrizes reestruturantes de uma sociedade verdadeiramente inclusiva e para/com/por todos. Trata-se de um principio de humanizao e socializao que integra e acolhe, na diversidade de ideias, sentimentos e valores. So oportunidades humanizantes para a convivncia com as pessoas diferentes. A comunicao sinalizada por meio da lngua de sinais com gestos e imagens permeia o mundo da fantasia com brincadeiras, festividade e muita alegria. Portanto, preciso desconstruir todos os preconceitos segregacionistas de que existem dois mundos: o do surdo e o do ouvinte, e trabalhar para a reconstruo de uma mundo bilngue inclusivo onde todos saibam como dialogar, comunicar e educar para conviver com os diferentes e respeitar suas diferenas, como proposta de preparao para a vida em sociedade inclusiva e compartilhada para/com todos. A formao de contadores de histrias infantis em Libras uma proposta que acolhe, interage, desmistifica e supera os limites comunicacionais porque utiliza alm do cenrio imagtico e vesturio apropriado, sinais, classificadores e marcadores da Libras atendendo s especificidades cognitivas de crianas, jovens e adultos surdos e ouvintes.

    O planejamento das atividades e a exposio de experincias de contao de histrias comprovadamente positivas, possibilitam a disseminao de gestos e sinais que culminam com a aprendizagem da Libras por todos os participantes, inclusive e principalmente, educadores e familiares de crianas surdas e ouvintes que estaro atuando como multiplicadores dessas aes pela humanizao de todos os ambientes educacionais1. Neste momento de incluso social brasileiro, todos os espaos familiares, escolares e de formao de educadores deve ter a Libras como instrumento de acesso ao Conhecimento. A lngua de sinais surge como veculo de acesso ao cognitivo da criana surda e amplia os horizontes comunicacionais das crianas ouvintes. O acesso ao acervo literrio infantil de forma sinalizada e oralizada adequando cada cenrio, os personagens e, principalmente, a mensagem implcita e explcita da narrativa uma proposta inovadora que contribui com a estruturao da sociedade inclusiva e para todos. No basta ver a imagem de cada cenrio com o olhar, os sinais e na audio-descrio, mas compreender na

    1 Para a concluso deste Guia terico-prtico tivemos a colaborarao de diversos educadores com experincias em Libras e educao de surdos, em especial, da professora e especialista em Educao Especial e Libras Naedva Burgos que dedicou parte de seu tempo para a correo final.

  • 3 narrativa, o discurso que envolve cada cena, modelo de sociedade e regras de comportamento e sentimentos que envolvem a construo da histria. Desta forma, entende-se que existe a necessidades de capacitar todos os educadores infantis, pais e trabalhadores da educao: professores, interpretes, cuidadores, independente se surdos e/ou ouvintes, a lidarem com a contao de histrias infantis em Libras, respeitando os princpios da cognio visual, da descrio visual sinalizada (FALCO, 2013) como proposta de emancipao crtico-reflexiva dos sujeitos envolvidos. O trabalho de contao de histrias em Libras requer no apenas o domnio da lngua de sinais, mas tambm, como desenvolver estratgias educacionais necessrias para o bom entendimento e desenvolvimento das atividades. preciso conhecimento prvio de como construir o cenrio, os personagens, adequar cada histria e como estabelecer um dilogo participativo, compartilhado e educativo com o pblico oralizado e sinalizante. Esta mais uma iniciativa para a universalizao e popularizao da Libras. preciso garantir interao e respeito, integrao e socializao de valores e princpios humanitrios para todos, surdos e ouvintes, sinalizantes e oralizantes. Muitas dessas regras de convivncia social esto inseridas nas entrelinhas dos textos das histrias infantis que so repassadas ao pblico infantil, sem evidncia nem reflexo crtico-reflexiva das mensagens, pelos que replicam as histrias. Ento no basta contar a histria infantil em Libras, mas tambm, construir as reflexes ticas e morais inerentes aos valores explcitos e implcitos em cada narrativa e tornar tudo isto acessvel como proposta educacional e de formao humana. A importncia de tornar acessvel a literatura infantil para as crianas surdas e ouvintes via imagem, sinalizao e oralizao subsidia o desenvolvimento cognitivo, emocional, intelectual, social e contribui para a aquisio da lngua de sinais como meio de comunicao e interao com o mundo, alm de estimular a formao de leitores mirins. Assim justifica-se a necessidade de um curso para a formao, capacitao e atualizao de educadores contadores de histrias infantis em Libras, que sejam surdos e/ou ouvintes, para atuarem em bibliotecas, espaos educacionais e multiculturais gerando atividades bilngues que alcancem os diversos ambientes de modo inclusivo, compartilhado, interativo, que contagia com brilho nos olhos daqueles que vivenciam tamanhas emoes. 2. HISTRIA DA ARTE

    O mundo infantil apresenta-se repleto de imaginao e fantasias. As histrias infantis so criadas com manifestaes do imaginrio dando vida e voz humana ao abstrato e subjetivo, envolvem eventos e expresses da natureza com a participao de animais e plantas que falam, sentem, reclamam, vivem e morrem com feitios, maldies, e que por um passe de mgica ressuscitam, acordam, despertam de sonos profundos.

    As lies morais e ticas explcitas e implcitas nas histrias infantis buscam doutrinar e reorientar valores e interesses. As narrativas referem conflitos entre o bem ao mau; reflexes sobre sentimentos e comportamentos como a teimosia, a falta de respeito a regras sociais, a no ateno s orientaes dos mais velhos. Tambm mantm a inveja, o poder do bem e do

  • 4 mal rodeando os valores humansticos que conduzem doutrinas aos comportamentos e atitudes infantis, segundo o modelo de sociedade proposto. Contudo, pouco ou nenhum desses princpios esto explcitos na narrativa e como a educao das pessoas surdas est rodeada pelo concreto e objetivo, precisariam ser trabalhados esses valores no tempo posterior ao da dramatizao pelos educadores (pais, cuidadores e professores) surdos e/ou ouvintes para as crianas surdas. Muitas histrias esto sendo contadas, repassadas, exploradas sem conferir o sentido original da narrativa.

    Durante as apresentaes as pessoas envolvidas incorporam cada um dos personagens assumindo suas identidades e gerando realidades coletivas. So momentos de euforia, tenso e medo, amor e dio, revelados nas faces e nas emoes de cada personagem presente, atores e pblico, em ambiente que contagia e sublima a essncia da vida e do amor quando o bem vence o mal e no desfecho se instala o discurso do "felizes para sempre". Mas nem sempre na vida real assim! Da sublimam para a divindade sem estabelecer a crtica reflexiva que emancipa na dialtica.

    So fatos relatando conflitos do dia-a-dia e se motivam como estratgia de fortalecer ensinamentos morais, regras de convivncia, alm de imposio do poder sobre os fracos e indefesos, repletos de ensinamentos culturais, tendenciosos e doutrinadores do comportamento humano com razes morais de manuteno do poder. Em tudo sempre figura personagens quer do rei sobre os seus sditos, do gigante, do poderoso, do bem e do mal, sem relevar nem considerar, contudo, a possibilidade e necessidade da existncia da dualidade na unidade e individualidade de cada ser pensante e reflexivo enquanto direitos universais da vida.

    A histria clssica geralmente esconde-se atrs de personagens e representaes artsticas, enriquecidas pela imaginao dos participantes que se envolvem com a narrativa de problemas e conflitos comuns poca em que se cria o fato, mas que se transportam, como num passe de mgica, para os dias atuais, principalmente quando o discurso ultrapassa os limites do"era uma vez" para a presentificao do tempo com a palavra e o sinal PASSADO. Da se instala o termo "no passado", "em algum lugar", sem que sejam pontuados esses fatores como do imaginrio e da fico jamais existente. Fatalmente algumas crianas mais travessas ou inquietas podero passar algumas noites sem dormir, ficarem com "medo do escuro", do "bicho papo", da "mula sem cabea", do "boi da cara preta", atenderem aos pedidos de seus cuidadores para no serem "enfeitiados".

    Geralmente essas estrias apresentam-se como contos de fadas e iniciam suas narrativas com a tradicional frase era uma vez alertando a todos para o inicio da contao que infantil, mas encanta e envolve todas as idades. Estrias famosas como Branca de Neve e os sete anes, Chapeuzinho Vermelho, Cinderela; apresentam-se tambm as fbulas de animais que se humanizam como o Gato de botas, A formiga e o gafanhoto, O lobo mau e os trs porquinhos. Neste contexto, existe uma categoria mais regional que se apresenta na cultura folclrica brasileira como lendas e mitos que esto classificadas por regies de origem como a Mula sem cabea, Curupira, Saci-perer, Me dgua, Boi tat. Outros modelos de histrias infantis so apresentados na literatura com gravuras, algumas vezes sem

  • 5 textos nos quais as crianas interpretam livremente e criam suas prprias narrativas envolvendo-se nos ambientes representados pelas figuras segundo a imaginao e vivncia de cada uma (FALCO, 2007).

    Para o autor, todo este arsenal literrio est disponvel em papel e tinta, CDs e DVDs, na internet, acessveis toda populao na modalidade oral-auditiva e em alguns casos tambm em sinais da Libras. A crtica ao modelo de adaptao desses textos em Libras que se mantm um contexto de personagens comuns, sendo que, as histrias so contadas sem garantir a compreenso do carter do conto, fruto da imaginao, ou ainda, sem construir no pblico, quais os fundamentos, princpios e doutrinas que esto permeando a histria. Algumas delas, segundo o autor, o personagem perverso o ouvinte e o bonzinho o surdo o que vai de encontro ao modelo inclusivo de uma sociedade humanizada. Desta forma segregacionista alimentam a discriminao.

    Continuando a crtica aos textos adaptados em Libras para crianas surdas, passa-se a ideia com termos e sinais no concreto e atual, como se tivessem, as histrias, realmente ocorridas no PASSADO. Contudo, pela dificuldade da construo conceitual da relao temporal na educao de surdos, entre o sinal e o tempo "passado" concreto ou imaginrio, e diante da inexistncia do sinal "era uma vez", alguns ainda usam o sinal "h muito tempo atrs". O imaginrio das crianas surdas uma incgnita, alguns chegam a acreditar nesta demanda de forma presente da existncia. Nada errado para a idade infantil, mas acreditar ainda na juventude um poblema. Pelo fato dos animais mexerem a boca nos filmes com animao, uma jovem surda aos 15 anos questionou se esses animais, de fato, oralizavam e comunicavam como as pessoas ouvintes. 3. OBJETIVOS DE CONTAR HISTRIAS INFANTIS EM LIBRAS A existncia de conflitos sociais e educacionais pela falta de informao e formao familiar diante das dificuldades em se comunicar e educar uma criana (filho-filha) surda uma ocorrncia comum e agravante da fragilidade afetiva. Pior do que o atraso do diagnstico da surdez e a indiferena dos pais em no saber da necessidade e especificidade cognitiva em lidar com o filho sinalizante. Ao trabalhar de forma recreativa com simplicidade e ludicidade uma histria infantil, desenvolve-se a imaginao e permite-se o acesso ao imaginrio da criana. No apenas como uma simples brincadeira sem objetivos, mas com o propsito educacional de formao pessoal para o desenvolvimento do censo crtico, reflexivo, investigativo, moral e do comportamento. Para tanto, preciso construir todo um processo de interao comunicativa e afetiva com o publico. O contador de histrias se mistura com o personagem e deixa de ser uma pessoa comum passando uma referncia reflexiva, constitutiva e construtiva de atitudes e comportamentos que servem como modelo a ser seguido pelas crianas. As estratgias utilizadas pelo contador de histria, quer seja surdo e/ou ouvinte, deve estabelecer uma relao de empatia e amor, levar o gosto pela leitura com prazer e descobertas, a investigao com ludicidade e construo

  • 6 de valores pessoais e sociais desenvolvendo alm da linguagem, o pensamento lgico e o comportamento afetivo. tudo isto contribui com a estruturao do sujeito; na construo da narrativa, da relao temporal com o mundo; as consequncias e desmembramentos de cada pensamento, ao e reao, o que leva a descobrir que "o livro o melhor amigo do homem2". A sistematizao da lngua de sinais ocorre aps a apresentao da histria com o desmembramento e desdobramento das informaes. Alm dos princpios e valores ticos e morais que esto implcitos na histria e que devem ser pontuados pelo contador e compartilhado por todos como modelo social e pessoal a ser seguido, preciso compreender que a narrativa tem um discurso e uma lgica que deve ser construda, passo a passo, com o pblico. Algo que enriquece e garante a instalao da transdisciplinaridade nesta ao formativa a possibilidade de compartilhar regras gramaticais, envolver os diversos temas curriculares, elaborar o raciocnio e a estruturao dinmica da lngua de sinais e o desenvolvimento das relaes de amizade e colaboratividade entre sujeitos ouvintes e surdos. Assim, pretende-se com esta formao:

    1. Enriquecer o vocabulrio dos sinais e das palavras no conjunto das atividades programadas com cenrios cada vez mais ricos e coerentes com a programao de cada semana;

    2. Possibilitar o desenvolvimento da espontaneidade, simplicidade e criatividade com liberdade e autonomia de cada criana co-autora do processo pedaggico;

    3. Exercitar as emoes e sentimentos, aprender os limites e a conhecer e controlar as reaes fisiolgicas e instintivas;

    4. Construo da identidade pedaggica a partir da vivncia intermediada atravs da cultura literria. 4. CLASSIFICADORES E MARCADORES ENQUANTO RECURSOS LINGUSTICOS AUXILIARES AO CONTADOR DE HISTRIAS Alm dos sinais lingusticos, do uso da mmica (pantomima e gesticulao) para se comunicar com as mos, o corpo e a expresso facial, existem outros recursos lingusticos que favorecem a comunicao com os surdos que o uso de classificadores e marcadores que definem, no cenrio, a distribuio espacial, posio, condio e disponibilidade dos sujeitos, objetos e animais no ambiente. Cada Sinal apresenta uma caracterstica definida como parmetros da Libras composto pela Configurao das Mos, Movimento, Locao, Direo e Sentido e Expresso Facial. Tambm existem variaes como a ritmicidade, velocidade e o tempo para definirem intensidade do sinal. Os classificadores e marcadores na lngua de sinais assumem esta responsabilidade de tornar a lngua mais dinmica. So configuraes das mos que substituem um determinado sinal representando animais, objetos, pessoas, ambientes e natureza. Este recurso assume uma funo bsica de

    2 Comentrio da prof. Ana Vargas durante o I Seminrio de Comunicao Visual em Sala de Leitura para Crianas Surdas realizado em Recife-PE.

  • 7 facilitar a comunicao de forma dinmica, tornando-a mais leve e de fcil compreenso. Substituir um sinal por um classificador atribuir-lhe um significado que atende sua caracterstica fsica, qualidade, condio e quantidade. Ao

    aprendermos os sinais da Libras, preciso ter em mente que no existem apenas as configuraes do alfabeto e dos nmeros como sinais. Falco (2007) registrou 80 configuraes das mos utilizadas pelos surdos de seu convvio demonstrando esta variedade . Assim, os classificadores podem utilizar esses formatos alm de caractersticas dos elementos do desenho geomtrico como formas e modelos. Essas configuraes assemelham-se a algumas caractersticas comuns atribudas ao fenmeno observado como o andar, o movimento, aparncia, sendo assim, no possui uma configurao

    ou formato/desenho da mo nico. Para cada ao de um animal, objeto, ambiente, natureza ou pessoa, o classificador varia e isto caracteriza o dinamismo e a beleza da lngua

    justamente pela adaptao e interao comunicacional. Outro recurso da Libras muito utilizado o marcador que define a distribuio espacial na narrativa. Os marcadores variam segundo a posio definida no dilogo para os diferentes sujeitos, objetos, coisas e natureza contribuindo para identificar cada um dos personagens em cada ambiente. Ao utilizar um marcador

    preciso ter noo de proporcionalidade, direo e sentido. Desta forma, no basta, por exemplo, aprender o verbo andar isoladamente, mas sim, saber quem o sujeito da frase, como ele anda e por onde anda, pois para cada pessoa ou animal tanto a configurao como os movimentos modificam-se e assemelham-se a este elemento que ativo e, por si s, define a ao. 4.1 Utilizao dos classificadores e marcadores Alguns cuidados devem ser tomados com o uso dos classificadores e marcadores pois adaptam-se tanto ao movimento quanto aos sujeitos e podem

  • 8 estar misturados no discurso como distintos um do outro. Quando se misturam classificador e marcador assumem as mesmas configuraes e movimentos como o caso de classificar dois adultos e uma criana, d-se o sinal de PESSOA com a configurao em 3 (quantidade), mas no momento de marcar quem a criana ou os adultos define-se quem quem no dilogo. Os Classificadores tambm so distintos dos marcadores como o caso de colocar um prato numa prateleira, mesa ou numa gaveta. Com o mesmo classificador varia o marcador conforme a posio no espao e a construo do cenrio. Alguns classificadores so semelhantes para os animais que so diferentes entre si e que tambm possuem sinais diferentes. Por exemplo, o classificador para as patas de uma galinha, garsa, pato, pombo, etc o mesmo embora cada animal possua o seu sinal especfico. Portanto, como distinguir de qual ave est-se a referir? A diferenciao entre eles deve ser a apresentao do sinal antes da apresentao do classificador e assim a criana vai poder compreender de qual animal est sendo comentado ou trabalhado. E quando mudar o personagem deve-se colocar o sinal correspondente. Outro exemplo que pode ajudar na compreenso quanto ao uso dos classificadores para uma determinada pessoa. Ao andar assume a configurao em N com movimento dos dedos como sendo os passos de uma pessoa. Neste momento pode andar mais rpido, lentamente, representar uma queda, pular. Mas se vai saltitando a melhor configurao com o nmero 5 com movimento alternado dos dedos.

    Mas ao marcar cada passo no cho, a mo espalmada com os dedos juntos e estendidos, melhor representa e refere-se aos ps e s marcas na

    areia da praia. Esta mesma configurao espalmada pode ser feita ao referir-se a um cardume numa direo frontal com a mo espalmada no mais como o sentido da planta dos ps, mas sim, vertical referindo-se s nadadeiras do peixe, com os dedos para frente e movimento vibratrio. Desta forma, configura-se que para uma situao de ao, tanto o verbo flexional como os classificadores

    assumem uma configurao especfica e adequada de forma, dimenso, expresso. Vejamos algumas destas variaes: Em N com o movimento dos passos caminhando uma pessoa e respeitando a velocidade expressa nos movimentos; Com os nmeros 1,2,3,4 (quantidade) para a pessoa andando conforme a quantidade; A mo espalmada representado muitas pessoas definida a direo pelo sentido do

  • 9 movimento da mo. Assim a PESSOA3: ANDAR, PARAR, CAIR, SUBIR, LEVANTAR, PULAR, PULAR-DE-ALEGRIA; Para o sinal de ANIMAL podemos ter variao comparando a marca e o peso do animal com o andar de um LEO que difere de um GATO ou de um ELEFANTE, mas ambos assumem a configurao em S. E como contar um fato ou uma histria de que um LEO e o classificador (com as garras em S) caminhava numa floresta e quando viu um coelho correu para alcan-lo. Neste momento as patas em S modificam-se para as mos em GARRA referindo-se a um classificador que represente um golpe fatal no pequeno e indefeso animal devorando-o. Abre-se um parntese neste momento para explicar a natureza predadora dos animais (que no um conjunto de rvores), sem deixar de ressaltar que os homens tambm so predadores e comem a carne dos animais que vendida nos mercados e frigorficos4. Para aves em geral o classificador em LV. Mas para referir-se a um gavio ou guia muda a configurao para as garras do animal em L5. Para o peixe usa-se a mo espalmada para frente com movimento das nadadeiras. Para um objeto ou coisa o classificador tambm varia segundo como se pega ou manipula e o marcador, conforme o local onde vai ser colocado e como vai ser colocado ou distribudo o item:

    Veculo: MOTO em X com movimento e sentido tem-se classificador e marcador com as mesmas configuraes, caso a moto vire estar usando o mesmo classificador e o marcador faz o movimento da queda. A mesma reflexo para um carro, nibus.

    CARRO configurao em 5 ou mo espalmada igual para CAMINHO, NIBUS. Se for articulado coloca duas mos espalmadas interligadas.

    O teto de uma casa pode com as mos espalmadas em posio de casa abrindo para cima EXPLODIR, ou abrindo para baixo referindo a imploso do teto ou desabamento. No pode esquecer da expresso facial referente ao fato.

    Para um poste ou uma bandeira hasteada pode-se utilizar apenas o dedo em 1 (quantidade) com o brao vertical. Mas antes precisa fazer o sinal da bandeira ou de eletricidade. E se for uma estaca basta o dedo indicador. Prestar ateno ao marcador do cho para no colocar as estacas no ar sem definir o cenrio como altura, nivelamento, distribuio.

    Para um livro o sinal com as duas mos espalmadas juntas com o polegar para cima, com o movimento de abrir o livro separando os polegares. O caderno com o movimento folheando as pginas, varia o classificador pela largura e o marcador se vai ficar vertical ou

    3 Quando nos referirmos ao sinal colocamos em caixa alta a palavra para distinguir da explicao no texto. 4 Aos 16 anos uma jovem surda da 8 srie come a carne de galinha comprada no mercado, mas no come a galinha abatida em casa.

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    deitado numa prateleira. Perceba que o sinal de biblioteca o classificador de vrios livros arrumados no sentido vertical.

    Uma folha de papel ao cair faz um movimento planando no ar at atingir o cho. Este o classificador da folha de PAPEL, mas e qual a configurao? com a mo espalmada.

    Um COPO vai cair segundo o resultado da queda. Quais as variaes? Se for de plstico sem gua, com gua, se for de vidro, de metal, etc. Para cada ao um classificador e marcador vai ser utilizado para representar. No se pode esquecer da expresso facial quando o copo de vidro espatifar-se no cho, o que no vai ocorrer se for de plstico sem gua.

    Para classificar uma MESA faz o sinal e em seguida se vai ser redonda em LC. Se para carregar de um lado para o outro pode usar a configurao da mo em 90 conforme figura 1 quadro 23. Para segurar um armrio a configurao muda e varia conforme o tamanho e peso.

    O sinal de BRINCAR feito com as duas mos com a configurao em Y, mas cada brincadeira vai assumir o classificador e o marcador correspondente. Por exemplo, de se esconder atrs de um poste ou de uma parede, embaixo de uma caixa, etc. as configuraes vo mudando conforme as aes e atividades: CORRER, PARAR, SENTAR, JOELHOS, DEITADO, ATRS, NA FRENTE, BATER, ESCONDER.

    Com relao aos ambientes e a NATUREZA5: Ao classificar o SOL num momento de ALVORADA, AMANHECER diferente do PR DO SOL, dos RAIOS DO SOL;

    Ao dar o sinal de MAR os classificadores para ONDA e TISUNAME diferem conforme a intensidade e o resultado deste movimento completando mistura e devastao;

    Ao dar o sinal de RVORE para atribuir o discurso ao TRONCO, PAU, ESTACA os classificadores so distintos;

    Para uma CHUVA vai depender do CU como se apresenta NUBLADO ou ENSOLARADO;

    O sinal de VENTO vai mudar com o intensificador com os classificadores e marcadores para TEMPESTADE ou TEMPORAL ou FURACO.

    Aconselhamos ter sempre imagem referente a cada situao em comum e trabalhar estes sinais com classificadores e marcadores antes de iniciar a contao de histria, justamente para nivelar o conhecimento e padronizar os sinais, desta forma pode-se garantir melhor compreenso, entretenimento e participao do pblico. 5 Estamos diante de um conflito de formao, de oferta de contedo pelo mnimo como se o surdo no fosse capaz de aprender conceitos e definies. Tudo vira exemplo e pouco se constri em detalhes. O sinal de NATUREZA, por exemplo, o plural de RVORE. Ou seja, sol, mar, lua, serto, deserto, montanhas, cerrado, as flores, os campos se no tem rvores, nada disto est sendo considerado como parte da natureza.

  • 11 5. METODOLOGIA: USO DE ESTRATGIAS E TCNICAS INDISPENSVEIS AO CONTADOR DE HISTRIAS INFANTIS A cognio visual um caminho de acesso ao mental do sujeito surdo que precisa ser explorado de forma propositiva, investigativa, questionadora, crtica, reflexiva, visando a construo do campo conceitual amplo e interconectado com o conhecimento. A oferta esmolativa que reserva o mnimo ensinado pela lei do menor esforo no fundamenta a sua aprendizagem significativa. Com isto, espera-se desmistificar o modelo pedaggico da aprendizagem por contexto que oferece apenas uma ideia ao sujeito com deficincia auditiva. Muitas aes do cotidiano caracterizam lngua de sinais como a mmica (pantomima e gesticulao), classificadores e marcadores, alguns at correspondem ao prprio sinal da Libras, como o caso de abrir o ziper de uma mala ou de uma roupa; da fechadura de uma porta quer seja do quarto, de um armrio, do guarda-roupa ou mesmo do porta-mala de um veculo; ao segurar o volante de um veculo e j ser o sinal de veculo ou dirigir. So aes semelhantes e recebem a justificativa de serem icnicos pela proximidade da ao-sinal ou ainda ao-classificador e marcador enquanto recurso lingustico da lngua de sinais. Vale ressaltar que a repetio desses movimentos enquanto ao, daquilo que se faz ou deseja no corresponde, necessariamente, ocorrer internalizao e assimilao, de forma consciente e elaborada, de todos os conceitos, detalhamentos, valores, definies, sinnimos, adjetivos, quantidade e qualidade, constituies e saberes que esto implicitamente interligados ao verbo, palavra, sinal.

    ingnuo afirmar que ao repetir essas aes enquanto verbo flexional, a pessoa surda se apropriou de todos esses significados e significantes, de todos os princpios aos quais esto inseridos no campo conceitual mental individual e confirmariam a aprendizagem significativa ou apenas mantida na superficialidade. Por isto defendemos que uma criana surda no aprende a lngua oficial de seu pas (Libras) de forma natural como tem sido levantado e defendido por muitos linguistas e professores surdos e ouvintes. Ao desenvolver a comunicao por meio de classificadores e marcadores no confere o padro da norma culta do sinal a ser utilizado de forma consciente. Em outras palavras, utilizar a pantomima e mmicas com caras e bocas na comunicao no corresponde, efetivamente, no Brasil, ao uso dos sinais da Libras enquanto segunda lngua oficial do Pas. Desta forma, a criana surda no aprende a Libras de forma "natural", apenas olhando uma imagem ou vendo um movimento de um determinado objeto, animal, coisa, ambiente ou natureza.

    O processo cognitivo dito "natural" limitante ao que apenas visto sem caracterizar, necessariamente, conhecimento e aprendizagem significativa, sem caracterizar o principio bsico da aprendizagem significativa que a sua aplicabilidade num campo conceitual fruto da investigao e elaborao mental complexa e em rede. justamente por isto que ao afirmar que uma pessoa surda entendeu o "contexto" nada garante que a sua interpretao no

  • 12 ultrapasse a uma ideia do fato, sem reconhecer nem elaborar o fato em si, suas motivaes, consequncias e desdobramento. A contextualizao do encontro entre a cognio visual com a aprendizagem significativa de uma pessoa surda deve superar os limites da simples sinalizao. E este um desafio constante de educadores, pais, professores, e interpretes que assumem o papel dinamizador da intermediao da criana surda com o mundo conhecimento. Fato que precisa ser bem mais detalhado quando forem crianas com deficincia nvel severo e profundo, pois carecem de estratgias de ensino mais detalhadas com o uso, por exemplo, da tcnica da descrio visual sinalizada6. O que primamos a capacitao intelectual da criana surda a um modelo mental, critico, reflexivo, libertador, que habilite-se com curiosidade investigativa, com interesse e motivao em descobrir o novo e redimensionar aquilo que considere ,conhecido.

    O ser humano surdo deve conquistar seu espao pessoal, social e profissional no por meio de privilgios e benesses, pois ningum precisa ser bonzinho nem considera-lo digno de piedade.

    Cada cidado surdo deve reconhecer seu potencial intelectual, pois no existe deficincia cognitiva diante da surdez. Aprender o que representa autonomia, a conquistar liberdade com criatividade, entusiasmo, ateno e dedicao, conscincia e serenidade, compromisso e responsabilidade tica, esttica e moral. E, acima de tudo, ter humildade para reconhecer-se sujeito em aprendncia. 4.1 A sala de leitura como estratgia dinamizadora e emancipadora do educando surdo A sala de leitura um ambiente de dinamizao de histrias infantis na educao de surdos que promove a criao de temas geradores em comum. Cada criana que chega, olha, v, observa, manuseia, explora, descobre um livro, uma pgina, uma imagem, desenvolve o seu mental na busca de desvendar os mistrios na pgina seguinte. O livro uma ferramenta de interao educacional e comunicacional para/com todas as crianas, jovens e adultos, principalmente aqueles sinalizantes que interagem com mais dependncia do acesso ao conhecimento imagtico. Assim, esta curiosidade ilustrativa vale como tema gerador e polemizador de novas buscas que atendam s necessidades presentes, mas tambm, contribuem estrategicamente, ao bom educador de provocar a interconexo dos saberes que acumulam-se em rede no campo conceitual em processo do imagtico aos sinais e s palavras escritas. Estabelece-se um tringulo amoroso entre o livro como mediador da interao entre surdos e ouvintes, entre a Libras e a Lngua Portuguesa escrita. A sala de leitura funciona como facilitador da relao minimizando os conflitos por conta de mergulharem, pais e filhos, no mesmo roteiro da ludicidade e construo cognitiva. Vale ressaltar que a lngua de sinais com

    6 Disponvel no site www.visaoinclusiva.com.br

  • 13 uso dos classificadores e marcadores contribui para melhor compreenso do cenrio, e a lngua de sinais inserida ressignificando as relaes com surdos, como modelo e exemplo de vida, favorecendo a interao, aprendizagem, respeito ao outro e felicidade familiar. Em cada temtica a ser abordada o contador de histrias em Libras pode ajustar, adequar e dirigir os temas da semana para os conflitos motivacionais mais presentes no cotidiano familiar, escolar, social, sempre buscando a participao ativa e integral da criana. Pode-se, com isto, atender aos princpios morais, sociais e ticos aos quais originaram as histrias infantis. A sensao imagtica quem vai definir o interesse pela histria. Ao observar o encontro de crianas surdas com histrias em quadrinhos, verifica-se que a compreenso da histria est delimitada ao que visto no cenrio e no o que est escrito nas caixas de textos.

    Desta forma no se pode economizar em imagens para no incorrer no risco de perder a informao ou desviar o foco da histria. Vo existir dificuldades e limites da leitura e interpretao das narrativas pelas crianas surdas, principalmente as disponibilizadas em quadrinhos que nem sempre oferecem recursos visuais para a compreenso apenas pelo texto imagtico. Ao depararem-se com imagens maiores e mais comunicativas, as crianas vo parar e olhar com mais ateno e isto pode ainda desviar toda a ateno aos demais episdios. Ressaltamos que a qualidade da participao das crianas, independente se surdas ou ouvintes, est na relao direta com a seduo do ambiente, do cenrio, da qualidade da provocao participativa do pblico, da busca e interesse em transformar cada uma das crianas em consumidoras em potencial, para promover o interesse e o gosto pela leitura da literatura infantil na sala de leitura. O registro das atividades com a demarcao de pontos positivos e a melhorar em cada apresentao e temtica, define a necessidade de ajustes e a possibilidade de aperfeioamento, alm do carter cientfico e metodolgico demandadas.

    Em outras palavras, o pesquisador observador-participante na sala de leitura com crianas surdas gera oportunidades e possibilidades de se criar elementos geradores e cognoscveis ao longo de todo o processo. E a cada momento surge uma nova janela para o imaginrio fomentado novas experincias e fundamentando novas teorias na educao de surdos.

    4.2 Sala de leitura para crianas surdas merece distino e ateno: Construo do Cenrio: A comunicao em Libras prioritariamente manual, portanto, no pode utilizar de equipamentos que comprometam a liberdade dos sinais. No podem ser utilizados bonecos como mamulengos ou vesturia que comprometa a liberdade dos movimentos manuais; Personagens: Impressas em tinta, fixadas em hastes e varetas: A utilizao de imagens fixadas em tubos de caneta, espeto de churrasco, palitos, rguas, aros de bicicleta facilitam a apresentao do personagem;

  • 14 Mscaras: colocadas como touca na cabea com a reutilizao de envelopes tamanho ofcio, recortado na lateral e utilizado como chapu, fixado no envelope a imagem do personagem correspondente histria e ao cenrio, conduzem a compreenso da atividade. No pode esquecer de apresentar o sinal de cada personagem como identificao e reconhecimento da ao. Exemplo: as mscaras da histria do pote de melado; Dobraduras: a utilizao de tcnicas de dobradura para estimular a concentrao das crianas, jovens e adultos uma ferramenta bastante positiva. Esta atividade individual, mas pode ser compartilhada em pequenos grupos colaborativos em que todos podem sair ganhando de forma compartilhada e pr-ativa. A tcnica do Origami com a construo de objetos: bales, barcos, estrelas; de animais: aves, etc. E ao contar uma histria de navegao ou de barco, cada aluno constri o seu barquinho que ser pintado e adornado a gosto. A sombra como ferramenta de descobertas: Ao adivinhar em cada sombra os animais, a criana estimula a observao, criatividade e o censo crtico. Envolvidos com a silueta do animal projetada na tela, pode-se discutir que partes do animal esto presentes e ausentes naquela imagem sem detalhe. tudo isto leva a uma construo lgica e compartilhamento dos sinais referentes. A utilizao de classificadores em substituio dos sinais uma estratgia indispensvel.

    4.3 Construo do Cenrio Caracterizar cada ambiente de acordo com as caractersticas e de

    acordo com as necessidades particulares de cada tema: 1 - Conceituar os arqutipos dos contos de fadas: Castelo, Floresta, Bruxa, Rei, Rainha, Fada, Princesa e Prncipe conforme suas identidades; 2 - Utilizao de roupas, adereos, marcas comuns aos personagens a serem trabalhados, com uso de assessrios diversos, para dar nfase em alguns detalhes da histria. Ex: Capa do chapeuzinho vermelho, varinha de condo, cachimbo do saci, chapus, coroas, arcos, orelhas de animais, etc... 3 - Ter sempre em mente que a comunicao no se limita ao individual, mas sim, ao conjunto do cenrio, do vesturio, dos sinais, da narrativa lgica devidamente planejada e construda e que tem um objetivo em comum: educar, orientar, conduzir a uma reflexo mais humanizada e compartilhada entre pessoas reflexivas e felizes.

    4. Recursos materiais utilizados pelo contador de histrias: 1 - livros de literatura infanto-juvenil: que sejam com muitas imagens ou textos, a traduo no cenrio deve atender aos valores ticos transportados pela encenao; 2 - Pano de fundo: interligando cada cena e cada tema. 3 - Suporte para o livro: Ao deixar o livro aberto nas pginas que vo ser trabalhadas, provocamos uma ligao do cenrio, a histria e a leitura. Despertamos o interesse pela busca nas pginas, sinais, palavras e imagens que contribuam para melhor interao.

  • 15 5. Etapas do trabalho: Planejamento: Escolha da histria; Importncia do livro As ilustraes e a sequncia das pginas para comunicao visual das cenas e orientao da histria; Definio da tcnica e das estratgias conhecendo o pblico, seus conflitos e valores; O cenrio Pano de fundo; Recursos materiais; Discusso do tema: da histria em si e o que deixa como ensinamento; investigar sobre outras histrias, como eram os personagens, aparncias, atitudes, comportamentos, valores, semelhanas com a vida real. Perguntar o que mais gostou, que ensinamentos podem ser levados para aplicar no cotidiano. Estudo da histria: Fazemos uma primeira leitura para conhecer os personagens, definir os cenrios e as caractersticas dos personagens procurando esclarecer dvidas; Estudo em libras: O contador de histrias estuda a melhor maneira de contar a histria, os sinais envolvidos, classificadores e marcadores, as expresses corporais complementares expressando sentimentos e emoes, para que todo o glamour da representao atinja seus objetivos. Tambm pontua com o grupo os sinais novos; Oportunidade de compartilhar e gerao de multiplicadores: Este momento de integrao do grupo muito interessante. Ao atribuirmos o papel dos personagens para as crianas, elas se envolvem e assumem o comando. Vo ocorrer situaes como inverter papeis e falas que podem ser tomadas como errado pelos demais. Afinal de contas, o roteiro foi dado, e a princpio, deve ser seguido, sem variao. Cabe ao contador instrutor, orientar esta possibilidade de improvisar ou no, de acrescentar e modificar de forma criativa e espontnea, sem perder o sentido da narrativa. muito importante na educao de surdos este momento, pois tendem a repetir o comando e as falas sem o direito ou a oportunidade de improvisar, segundo as condies em que cada ambiente se apresenta. A hora do conto: este o momento esperado e precisa contar com a participao de todos. Destacar os pontos importantes de cada histria e sempre fazer aluso a outros episdios reforando a relao temporal e a memria.

    Estratgias educacionais: 1 - Apresentao do Livro - Analisar com as crianas os detalhes da capa do livro, perguntar: De quem aquele p? um cachorro? uma criana? Quem pode ser? Onde este lugar? O que esta fazendo?. Indagar sobre os personagens e suas caractersticas, sentimentos e o cunho moral (se houver). 2 - Preparao do cenrio de acordo com a histria: o cenrio aparecer por meio dos sinais dos personagens e os classificadores da Libras. 3 - Livro aberto para as crianas: o livro deve estar aberto e com as ilustraes voltadas para que as crianas possam ver e observ-las, para entenderem cada cena. necessrio deixar as crianas tocarem no livro para visualizarem melhor as imagens. Deve ser respeitado o interesse da criana.

  • 16 4 - Contando a histria em Libras: a cada cena proposta pela sequncia das pginas do livro; deve-se repassar a cena em Libras, organizando assim o pensamento e a linguagem. 5 - Dramatizao da histria: ao fim da histria, o contador prope uma dramatizao espontnea feita pelas crianas de modo bem livre para evitar limitaes na expresso corporal e sempre que for necessrio, o contador de histria entra em cena para colaborar com a dramatizao, recorrendo ao livro para mostrar como a cena. 6 - Continuao da dramatizao trocando os personagens. 7 - Momento de sistematizao da lngua de sinais: Discutindo a histria; Interao com perguntas e respostas sobre o cenrio e os personagens; O que gostou? O que no gostou? Como eram os personagens? Que lies para a vida podem ser relevantes a partir da histria e do comportamento dos personagens.

    Cada aluno conta a mesma histria e depois com criatividade e improviso com a sua histria. Este momento de criatividade contribui para a apropriao de conceitos como: verdade, mentira, inveno,

    imaginao, sonho, realidade, real, original. Data da ltima alterao: 05/11/2013 BIBLIOGRAFIA FALCO, L. A. B. Surdez, cognio visual e libras: estabelecendo novos dilogos. 2 ed. rev. e ampl. Recife: Ed. do Autor. 2012.

    ______. Educao de surdos: ensaios pedaggicos. Recife: Ed. do Autor. 2012

    ______. Aprendendo a libras e reconhecendo as diferenas: um olhar reflexivo sobre a incluso. 2 ed. Recife: Ed do Autor. 2007

    ______. Prtica docente na educao de pessoas surdas atravs da cognio e da descrio visual sinalizada: ensaios pedaggicos. Disponvel em http://visaoinclusiva.com.br/?p=604 Acesso em 22.10.2013

    ______. Prtica docente na educao de pessoas surdas atravs da cognio e da descrio visual sinalizada: ensaios pedaggicos. www.visoinclusiva.com.br; http://visaoinclusiva.com.br/?p=604 RODRIGUES, L. E. Apostila Contador de histrias surdo. 2013