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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE CENTRO DE ESTUDOS SOCIAIS APLICADOS - CES FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FEUFF PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO – MESTRADO ORIENTADOR : PROF. DR. WALDECK CARNEIRO DA SILVA MESTRANDA : ELIANE CERQUEIRA DORNELLAS A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO CURSO NORMAL SUPERIOR: uma análise da experiência de Institutos Superiores de Educação da Zona da Mata de Minas Gerais.
NITERÓI - RJ - 2005
ELIANE CERQUEIRA DORNELLAS A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO CURSO NORMAL SUPERIOR: uma análise da experiência de Institutos Superiores de Educação da Zona da Mata de Minas Gerais.
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Educação da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Movimentos Sociais e Políticas Públicas.
Orientador: Prof. Dr. WALDECK CARNEIRO DA SILVA
NITERÓI 2005
ELIANE CERQUEIRA DORNELLAS A FORMAÇÃO DE PROFESSORES DAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL NO CURSO NORMAL SUPERIOR: uma análise da experiência de Institutos Superiores de Educação da Zona da Mata de Minas Gerais.
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Educação da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Movimentos Sociais e Políticas Públicas.
Aprovada em _____ de __________ de 2005 BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Waldeck Carneiro da Silva ___________________________________________________________________________ Profª. Dr.ª Iduina Mont’Alverne Chaves ___________________________________________________________________________ Prof. Dr. Donaldo Bello de Souza
Niterói 2005
AGRADECIMENTOS A Waldeck Carneiro da Silva – meu orientador, pela presença segura, instigadora, competente e estimulante. A Célia Linhares, professora por quem tenho profunda admiração e por ter me estimulado a enveredar pelo caminho da pesquisa, ouvindo histórias do povo da Zona da Mata Mineira. Aos demais professores do Curso de Mestrado em Educação da Universidade Federal Fluminense A Venício da Cunha Fernandes, pela amizade, por sua paciência e atenção na leitura e releitura de meu texto e pelos comentários que enriqueceram de modo determinante este trabalho. Aos meus familiares por todo auxílio prestado nas inúmeras viagens de estudo ao Rio de Janeiro.
EPÍGRAFE
“Podemos supor então que somos, todos juntos, sujeitos viventes e críticos de iguais sentimentos: a fé na educação e a crença no que se pode fazer na escola, a esperança no homem, a dedicação ao trabalho de educar dentro e fora dos muros da escola; mas também a evidência de que a educação desejada pelo educador não é a educação consentida pelos senhores da sociedade e, às vezes, é o oposto dela... Daí, no fundo do poço, a esperança da prática de uma nova educação que, de algum modo, aponte para um novo mundo e que comece, portanto, por reinventar essa própria prática pedagógica, através de incluir o sentimento de uma verdadeira luta política dentro de um verdadeiro trabalho de educador” (Carlos Rodrigues Brandão).
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RESUMO
Focaliza-se a formação de professores no Curso Normal Superior na Zona da Mata Mineira.
Objetivou-se investigar se estão ocorrendo transformações na prática de docentes formados
em nível médio, na modalidade Normal, após o ingresso no Curso Normal Superior. A
investigação foi desenvolvida a partir de experiências docentes acumuladas na Fundação
FAFILE de Carangola e na Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC), nos
municípios de Carangola, Espera Feliz, Divino e Alto Jequitibá. Foram analisados dados
produzidos na interlocução com estudantes-professores de quatro turmas: duas do 4° e duas
do 5.° período. A análise foi realizada a partir de referencial teórico calcado no saber docente
e na caracterização do professor reflexivo. Na pesquisa de campo, utilizaram-se questionário,
observações da prática docente e entrevistas. Houve o cotejo entre as respostas ao
questionário e o registro das observações e entrevistas realizadas com estudantes-professores,
com formação de nível médio, na modalidade Normal. Foi possível concluir que o Curso
Normal Superior atende à demanda por formação em nível superior, mas não oferece
condições que permitam a formação de professores, que se assumam como sujeitos de sua
prática, sejam reflexivos e valorizem o saber que construíram e constituíram durante o
desenvolvimento de sua prática docente em ambiente escolar.
Palavras-chave: Formação de professores; saber docente; professor reflexivo; Curso Normal
Superior.
RÉSUMÉ
Cette recherche met en évidence la formation des enseignants au cours normal supérieur dans
la "Zona da Mata" de Minas Gerais. Le but de l'étude était de chercher les transformations
dans la pratique des enseignants de l'école primaire, formés au niveau moyen, après leur
entrée au cours normal supérieur. La recherche a été mise en place à partir des expériences du
chercheur comme enseignant à la Fondation FAFILE de Carangola et à l'Université Président
Antonio Carlos (UNIPAC), dans les communes de Carangola, Espera Feliz, Divino et Alto
Jequitibá. On été analysées des données produites lors du dialogue avec des étudiants-
enseignants de quatre classes différentes: deux classes du quatrième période; et autres deux
classes du cinquième période. L'analyse s'est fondée sur un cadre théorique dont les notions
principales sont celles de "savoir des enseignants" et "enseignant-réflexif". Pour la recherche
de terrain, on a employé une enquête par questionnaire auprès des étudiants-enseignants des
classes choisies; des interviews avec certains étudiants-enseignants et de l'observation des
pratiques de ces mêmes agents. Ensuite, on a fait une confrontation entre les données
produites par ces différents instruments. On a pu conclure que le cours normal supérieur
répond à la demande de formation des maîtres au niveau supérieur, mais il ne propose pas les
conditions qui permettraient la formation d'enseignants capables de maîtriser leurs pratiques;
d'agir à la réflexion et de mettre en valeur les savoirs produits tout au long de leur travail
quotidien à l'école.
Mots-clés: formation des enseignants; savoir des enseignants; enseignant-réflexif; cours
normal supérieur.
Introdução
Quando nos propusemos a investigar a formação de professores das séries iniciais
do Ensino Fundamental no Curso Normal Superior e as mudanças por ele provocadas na
prática docente, partimos de nossa experiência acumulada na Fundação FAFILE1 de
Carangola e na Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC. Lecionando para turmas
do Curso Normal Superior, algumas questões geravam uma inquietação: será que nossos
alunos estão se formando de modo que possam aprimorar sua prática docente? Que mudanças
estão sendo provocadas e podem ser percebidas? Estas duas questões suscitavam uma outra,
mais ampla: será que o Curso Normal Superior está realmente atendendo às demandas sociais,
formando professores que aliam o estudo e a pesquisa e proporcionam aos seus alunos
experiências educativas que vão muito além da educação bancária, muito bem identificada por
Paulo Freire, em sua obra Pedagogia do Oprimido?
Diante desses questionamentos, passamos a refletir sobre o assunto e levantar
elementos que nos permitissem formular respostas que pudessem ser aplicadas à nossa
realidade, suscitassem discussões e indicassem possíveis transformações na formação de
professores no Curso Normal Superior.
Partindo de nossas inquietações e da proposta de desenvolver nossa investigação
no sentido de adensar o processo de discussão sobre a formação de professores, procuramos
delimitar nosso objeto de estudo. Esta delimitação se fez necessária a fim de situarmos nosso
alvo, relacionando-o ao nosso espaço de trabalho docente, onde identificamos descompassos
entre a formação e a prática docente de estudantes-professores.
Nossa investigação terá como objeto a formação de professores das séries iniciais
do Ensino Fundamental em Institutos Superiores de Educação em municípios da Zona da
Mata de Minas Gerais. Ao fixá-lo, pretendemos destacar que tipo de formação vem se
efetivando no Curso Normal Superior e os reflexos dessa formação na prática docente dos
estudantes-professores.
1 Esta denominação foi adotada com a mudança de estatuto que se deu no ano de 2003, quando houve a mudança de razão social – de Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Carangola – FAFILE, para Fundação FAFILE de Carangola, adotando a sigla como nome próprio.
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Nos dias atuais, torna-se fundamental rever e analisar criticamente a formação de
professor em nível superior tendo em vista os contextos sociais específicos em que atuam ou
em que atuarão os docentes formados. A revisão e a análise devem ter como propósito realçar
avanços, descompassos e os interesses que prevaleceram na criação do Curso Normal
Superior e prevalecem em seu processo de realização, nos contextos aqui analisados. Dentro
desse processo, procuraremos perceber se de fato vêm sendo provocadas mudanças na prática
docente dos estudantes-professores, de modo que estes tenham consciência de seu papel social
e se sintam capazes de formar brasileiros que possam efetivamente assumir e exercer
plenamente sua cidadania, participando amplamente da sociedade em que vivem, de modo
que lutem e defendam seus direitos individuais e atuem no sentido de transformar as relações
sociais, em articulação com as forças dos movimentos sociais.
Quanto à discussão sobre os interesses, torna-se fundamental expor o que se
encontra em jogo: a formação de professores, condizente com um projeto nacional que realce
a importância da educação na constituição de cidadãos capazes de participar efetiva e
plenamente de nossa sociedade ou a proposta de formação de docentes presa à lógica do
mercado que transforma um direito social, a educação, em serviço, atendendo às
determinações de organismos financeiros internacionais (Banco Mundial, Fundo Monetário
Internacional e outros) e permitindo que a iniciativa privada preencha o espaço não
preenchido pelo setor público, com o propósito de auferir lucros (SILVA, 2001)?
Delimitado o nosso objeto de estudo, as mudanças provocadas pelo Curso Normal
Superior na prática de professores das séries iniciais do Ensino Fundamental, levantamos
algumas questões sobre o que motivou a procura por esse Curso, por parte dos professores
que atuam neste nível de ensino, pois entendemos que a motivação é um fator relevante para
entender transformações que podem ocorrer, ou não, na prática docente: o que determinou a
procura por este curso? Exigências dos órgãos responsáveis pelos sistemas de educação ou a
iniciativa de aperfeiçoar a prática docente, reconhecendo nesse Curso o caminho que
permitiria ter contato com estudos desenvolvidos sobre processo de aprendizagem e reflexões
acerca do papel da escola na formação de cidadãos?
Investigando essas possíveis mudanças, procuraremos apontar a necessidade de
aprofundar a discussão crítica sobre a formação de professores, o seu lugar na educação
brasileira, o papel que vem desempenhando o Curso Normal Superior e os resultados obtidos
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efetivamente. Em outras palavras, nosso propósito é responder à seguinte pergunta: até que
ponto essa formação, de fato, interfere, repercute, influencia, enfim, modifica, transforma a
prática docente desenvolvida no espaço da escola?
Desenvolveremos nossa investigação apresentando, no primeiro capítulo, o
referencial teórico e caracterizando o contexto político-legal da formação do professor das
séries iniciais do Ensino Fundamental, a partir da promulgação da atual LDBEN, Lei federal
9.394, de 20 de dezembro de 1996. Focalizaremos, no segundo capítulo, a Fundação FAFILE
de Carangola e a Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC), que oferecem o Curso
Normal Superior, nos municípios de Carangola, Espera Feliz, Alto Jequitibá e Divino. No
terceiro capítulo, analisaremos dados produzidos no diálogo com estudantes-professores do
curso nestas instituições, através de questionário, entrevistas e observações de suas práticas
docentes em turmas das séries iniciais do Ensino Fundamental.
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Capítulo 1
Referencial teórico e contexto político-legal da formação do professor das séries iniciais
do Ensino Fundamental
A análise das mudanças provocadas pela formação no Curso Normal Superior na
prática de professores das séries iniciais do Ensino Fundamental implica a apresentação de
bases teóricas que nos possibilitem compreender criticamente esse processo e perceber se nele
destacam-se fatores que caracterizam e redimensionam o papel do professor.
Na caracterização e no redimensionamento do papel do professor, entendemos,
não se pode prescindir da observação da relevância do saber docente, construído e constituído
na prática do magistério, da compreensão de que o professor, no seu fazer pedagógico, reúne
a pesquisa e a reflexão, tendo sempre a consciência sobre o seu papel político e social.
Neste capítulo de nosso trabalho, em primeiro lugar, apresentaremos o referencial
teórico que fundamentará a análise dos dados produzidos. Focalizaremos o saber docente, o
professor reflexivo, que alia à sua prática a pesquisa, e o papel social e político desempenhado
pelo professor. A seguir, caracterizaremos o contexto político e legal da formação de
professores das séries iniciais do Ensino Fundamental.
1.1- Referencial teórico
1.1.1- O saber docente
TARDIF (2003), focalizando os professores como sujeitos do conhecimento,
pontua a importância de considerar o saber, o saber-fazer, as competências e as habilidades
que fundamentam o trabalho docente desenvolvido na escola. Compreende que, sem a
observação desses pontos, o professor é destituído de sua condição de sujeito e se torna o
objeto das medidas adotadas pelas autoridades oficiais e de pesquisas desenvolvidas sobre a
formação de docentes.
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Sinaliza que se torna essencial haver uma mudança de perspectiva, de modo que
haja a valorização dos saberes do professor, não com o propósito de justificar as práticas que
se efetivam, mas de proporcionar um crescimento do conhecimento no sentido de o próprio
professor não se destituir da condição de sujeito e, não se destituindo de sua subjetividade,
investir com o propósito de transformar-se e transformar o seu saber-fazer.
TARDIF (2003, p.227) situa a questão do saber docente, afirmando que:
Historicamente, essa questão está ligada à questão da profissionalização do ensino e aos esforços feitos pelos pesquisadores no sentido de definir a natureza dos conhecimentos profissionais que servem de base ao magistério. No desenvolvimento das pesquisas, no que diz respeito à subjetividade dos professores, realçou-se um postulado central: Os professores de profissão possuem saberes específicos que são mobilizados, utilizados e produzidos por eles no âmbito de suas tarefas cotidianas.
Assim, os docentes são considerados, a partir do reconhecimento de que são os “principais
atores e mediadores da cultura e dos saberes escolares” (TARDIF 2003, p.227).
Destacando a importância da subjetividade dos professores e reconhecendo seus
saberes, TARDIF (2003, p.229) apresenta duas tendências que devem ser postas de lado: a
primeira caracteriza os professores “como técnicos que aplicam conhecimentos produzidos
por outros” e a segunda, “como agentes sociais cuja atividade é determinada exclusivamente
por forças ou mecanismos sociológicos”. Reconhece que essas duas tendências
possuem em comum o fato de despojar os atores sociais de seus saberes e, portanto, dos poderes decorrentes do uso desses saberes, e de sujeitar os professores, por um lado, aos saberes dos peritos e, por outro, aos saberes dos especialistas das ciências sociais. TARDIF (2003, p. 230)
1.1.2- O professor como sujeito histórico de sua prática docente
Para tratarmos especificamente da formação do professor, precisamos apresentar
algumas concepções no tocante à caracterização do docente como sujeito histórico de sua
própria prática docente. Focalizaremos estudos cujo alvo é o professor reflexivo.
No tocante ao professor reflexivo, LIBANEO (2002, p.64-65) apresenta o
momento a partir do qual os educadores brasileiros incorporaram o termo reflexão: “o uso do
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termo reflexão na formação de professores foi incorporado pelos educadores brasileiros a
partir do livro de Antônio Nóvoa, Os professores e a sua formação (1992)”. Esta
apresentação é antecedida por uma observação sobre uma tendência do pensamento
pedagógico brasileiro: “o rápido abandono de linhas de pesquisas em favor daquelas
supostamente consideradas mais avançadas(...)”LIBANEO (2002, p.54).
Após o reconhecimento dessa tendência. LIBÂNEO (2002, p.67) ocupa-se da
caracterização da reflexão, apresentando a posição de teóricos, relacionando as quatro fases
da reflexão de Smyth:
Descrever : o que estou fazendo ?
Informar : que significado tem o que faço ?
Confrontar : como cheguei a ser ou agir desta maneira ?
Reconstruir : como poderia fazer as coisas de um modo diferente ?
O processo de reflexão, em resumo, implicaria a descrição da prática, a atribuição
de valor ao que é realizado, o modo como o professor e sua prática docente se constituíram e,
por fim, a indicação da necessidade de transformação do ser e do fazer docente.
Ao focalizar estudos de SACRISTÁN, LIBANEO (2002, p.69) observa que para
este autor “os processos reflexivos devem incidir na fase prévia (planejamento) e posterior
(revisão crítica)”. A reflexividade se dá em três níveis:
1- corresponde ao distanciamento da prática para vê-la, entendê-la, avaliá-la;
2- o segundo nível é o que incorpora a ciência ao senso comum, embora sem
substituir o senso comum.
3- o terceiro nível é a reflexão sobre as práticas da reflexão, a meta-reflexividade,
tarefa para a qual a pedagogia e as ciências da educação têm um papel crucial, pois
se trata de pensar as características dos dois níveis anteriores de reflexividade.
O processo de reflexão para SACRISTÁN (apud LIBÂNEO, 2002, p.70) estaria
dissociado da prática, uma vez que se torna difícil refletir no momento em que o professor
atua no espaço escolar com seus alunos. Segundo este autor, “na ação é tão difícil fazê-lo
quanto seria inútil, por exemplo, alguém pôr-se a pensar quando está perdendo o equilíbrio ao
atravessar o rio por uma passarela suspensa”.
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LIMA & GOMES (2002, p.168) entendem que a ação reflexiva, de acordo com
Dewey, conjugaria três atitudes necessárias: a abertura intelectual, a atitude de
responsabilidade e a sinceridade.
Essas três atitudes necessárias, a nosso ver, são fundamentais quando levamos em
consideração as fases de reflexão de Smith e os três níveis de reflexividade de SACRISTÁN:
se não houver abertura intelectual, como será possível descrever o que realizamos, atribuir
significado ao que foi realizado, avaliar o processo que constituiu o professor como sujeito
histórico e apostar na transformação da prática docente? Havendo tal abertura, o professor
poderá julgar-se, tendo em vista sua prática. A partir desse julgamento, poderá buscar
alternativas que caracterizem uma nova postura docente.
No tocante à formação de professores reflexivos, de acordo com SCHÖN (apud
PIMENTA, 2002), há de se adotar um currículo que não se estruture em um modelo
normativo “que primeiro apresenta a ciência, depois a sua aplicação e por último um estágio
que supõe a aplicação pelos alunos dos conhecimentos técnico-profissionais” (PIMENTA,
2002, p.19). Este tipo de currículo não estaria de acordo com o contexto social em que se
desencadeiam ações educativas e não daria conta dos problemas que surgem no cotidiano
escolar.
Como conseqüência da adoção de um currículo normativo, teríamos o que
PIMENTA (2002, p.30) expõe:
O distanciamento entre cursos de formação e a realidade da escola primária foi
assim diagnosticado na pesquisa de Pinheiro (1967, p.160): “(...) embora os alunos
estudem Psicologia e Sociologia, não adquirem atitude psicológica e sociológica
adequadas para enfrentar, no futuro, problemas concretos (...) Ao aluno não é dada a
oportunidade de refletir sobre os problemas relacionados com a escola primária e
que estão a exigir soluções.
PIMENTA (2002, p.20) expõe, também, que SCHÖN formula uma outra
proposta:
Shön propõe uma formação baseada na valorização da prática profissional como
momento de construção de conhecimento, sendo que ele se dá por um processo de
reflexão na ação e depois de reflexão sobre a reflexão na ação. Abrindo perspectivas
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para a valorização da pesquisa na ação dos profissionais, colocando as bases para o
que se convencionou denominar o professor pesquisador de sua prática.
Quanto à concepção do professor reflexivo de SCHÖN, são apresentadas críticas.
Estas se prendem ao fato de que ele situa a reflexão no plano individual, ou seja, é o indivíduo
que se constrói como um professor reflexivo. PIMENTA (2002, p.23) apresenta a crítica
elaborada por LISTON & ZEICHNER: “o enfoque de SCHÖN é reducionista e limitante por
ignorar o contexto institucional e pressupor a prática reflexiva de modo individual”.
LIMA & GOMES (2002, p.169), diferentemente de SCHÖN, consideram que a
reflexão transcende o nível individual:
A reflexão não é uma atitude individual, ela pressupõe relações sociais, revela
valores e interesses sociais, culturais e políticos, não é um processo mecânico nem
tão pouco gerador de novas idéias. É antes uma prática que deve expressar o nosso
poder de reconstrução social.
Essa afirmação, está em consonância com o que PÉREZ GÓMEZ (apud
LIBÂNEO, 2002, p.56), escreve:
A reflexividade é a capacidade de voltar sobre si mesmo, sobre as construções
sociais, sobre as intenções, representações e estratégias de intervenção. Supõe a
possibilidade, ou melhor, a inevitabilidade de utilizar o conhecimento à medida que
vai sendo produzido, para enriquecer e modificar não somente a realidade e suas
representações, mas também as próprias intenções e o próprio processo de conhecer.
Por trás de uma certa ironia, SACRISTÁN (2002) expõe o problema do
pensamento pedagógico brasileiro no tocante à adoção de novas teorias, fato também
observado por LIBÂNEO (2002). Ao adotá-las, não se questiona a sua coerência interna e a
sua aplicabilidade em um contexto específico. Sendo assim, a teoria se sobrepõe a prática e
não estabelece o diálogo com esta. Não ocorrendo isto, inviabiliza-se a possibilidade de
aperfeiçoar um corpo teórico e a prática que se efetiva em ambiente escolar.
A crítica de SACRISTÁN parte de uma constatação relacionada à prática,
reconhecendo nesta o fator que impede a adoção de uma nova concepção do professor, como
a do professor reflexivo. Todavia, isto não significa que não é possível caracterizar um novo
fazer pedagógico no qual a teoria e a prática dialogariam e permitiriam alcançar avanços,
transformando de fato a prática docente.
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Mesmo que existam fatores que dificultam o processo de transformação,
acreditamos ser possível caracterizar um outro tipo de professor que não perde de vista a
relação entre a prática e a teoria, imprescindível ao desenvolvimento de sua prática
pedagógica.
Para finalizar esta seção, procuraremos sintetizar e reunir idéias de alguns autores
que julgamos importantes. PIMENTA (2002, p.24) observa que “o saber docente não é
formado apenas da prática, sendo também nutrido pelas teorias da educação”. Na formação
dos docentes, de acordo com a mesma autora, a teoria tem importância fundamental, por
permitir que os sujeitos sejam dotados de variados pontos de vista, ampliando a perspectiva de
análise, de modo que os professores tenham uma compreensão dos contextos históricos,
sociais, culturais, organizacionais e de si próprios como profissionais. Essa posição é
reforçada por LIBÂNEO (2002, p.59-60), quando indica que “é preciso desenvolver
competências do pensar que levam a reflexão, implicando, portanto, formação e utilização
funcional de conceitos, resolução de problemas, tomada de decisões, criatividade”.
Citando CONTRERAS (1997), PIMENTA (2002, p.25) observa que este autor
reconhece que “a prática dos professores precisa ser analisada, considerando que a sociedade
é plural, no sentido da pluralidade de saberes, mas também desigual, no sentido das
desigualdades sociais, econômicas, culturais e políticas”. Sendo assim, o processo de reflexão
não se limita ao espaço escolar, mas abarca contextos mais amplos, pois, como afirma
GHEDIN (2002, p.130), “toda reflexão está sempre historicamente situada diante de
circunstâncias concretas que estão ligadas ao contexto social, político, econômico e
histórico”.
De acordo com ZEICHNER (1992), citado por PIMENTA (2002, p.26), “a prática
reflexiva, enquanto prática social, só pode se realizar em coletivos, o que leva à necessidade
de transformar as escolas em comunidades de aprendizagem nas quais os professores se
apoiem e se estimulem mutuamente”. Sendo realizada a prática reflexiva, coletivamente,
poderão ser criadas “as condições que permitam a mudança institucional e social”.
Encerrando, utilizamos as palavras de GHEDIN (2002, p.135), que sintetizam a
concepção do professor reflexivo, com a qual concordamos:
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A experiência docente é espaço gerador e produtor de conhecimento, mas isso não é
possível sem uma sistematização que passa por uma postura crítica do educador
sobre suas próprias experiências. Refletir sobre os conteúdos trabalhados, as
maneiras como se trabalha, a postura frente aos educandos, frente ao sistema social,
político, econômico, cultural é fundamental para se chegar à produção de um saber
fundado na experiência. Deste modo, o conhecimento que o educador “transmite”
aos educandos não é somente aquele produzido por especialistas deste ou daquele
campo específico de conhecimento, mas ele próprio se torna um especialista do fazer
(teórico-prático-teórico).
1.2- O contexto político-legal da formação do professor das séries iniciais do Ensino Fundamental a partir da promulgação da atual LDBEN
O contexto atual da formação de professores tem, como importante marco legal, a
promulgação da Lei federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Nesta lei, foram
caracterizadas mudanças, dentre as quais as concernentes à formação de professores das séries
iniciais do Ensino Fundamental em nível Superior, no Curso Normal Superior; e à criação dos
Institutos Superiores de Educação.
Desenvolveremos este capítulo, apresentando, em primeiro momento, de modo
pontual, o que se apresenta na Lei federal nº 9.394/96 e em suas regulamentações posteriores,
para, a seguir, refletirmos sobre alguns de seus pontos, baseando-nos em estudos
desenvolvidos sobre o assunto sob a perspectiva histórica.
Em nossa abordagem, estabeleceremos diálogos com críticas e posições de
estudiosos e pesquisadores do assunto. Focalizaremos o posicionamento do movimento dos
profissionais da educação, representado pela Associação Nacional pela Formação dos
Profissionais da Educação (ANFOPE), pelo Fórum Nacional dos Diretores de
Faculdades/Centros de Educação das Universidades Públicas Brasileiras (FORUMDIR) e pela
Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação (ANPEd).
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1.2.1- A formação de professores das séries iniciais e os Institutos Superiores de Educação a partir da promulgação da atual LDBEN
A abordagem da formação de professores das séries iniciais e os Institutos
Superiores de Educação a ser desenvolvida nesta seção será subdividida em três partes: na
primeira focalizaremos a formação dos professores a partir da promulgação da atual LDBEN,
na segunda, a concepção legal do curso Normal Superior; e, na terceira, procuramos
compreender os Institutos Superiores de Educação.
Procuraremos compreender criticamente cada ponto, ocupando-nos do que está
disposto nos textos que fixam e regulamentam a formação de professores, em particular, os
das séries iniciais do Ensino Fundamental.
1.2.1.1- A formação de professores das séries iniciais a partir da atual LDBEN
Na Lei federal nº 9394/96, na parte referente aos profissionais da educação,
TÍTULO VI, art. 62, é estabelecido que:
A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal.
Comentando este dispositivo, KULLOC (2000, p.105) observa que, no capítulo
citado acima, “há uma ênfase no ensino superior ministrado nas licenciaturas, o que vem a
caracterizar, paulatinamente, a extinção do curso normal”. A partir desta observação, a
mesma autora afirma que a formação na modalidade normal de ensino médio será aceita como
formação mínima, tendo em vista o próprio desenvolvimento da sociedade, que fará com que
essa formação venha a ser substituída por outra mais completa e complexa.
Aparentemente, a formação em nível superior dos professores das séries iniciais
seria uma novidade introduzida na atual LDBEN. No entanto, o caráter de novidade não se
confirma: no início do século passado aspirava-se e foi implementada a formação docente em
curso superior, como observa KISHIMOTO (1999) e BRZEZINSKI (1999), referindo-se ao
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Movimento dos Pioneiros da Escola Nova, que defendia a proposta de formação docente, para
todos os níveis de ensino, em nível superior. Onde estaria então a novidade? Na fixação
desta determinação no texto legal, o que não ocorreu anteriormente: tanto na Lei Orgânica do
Ensino Normal, Decreto-Lei n° 8.530, de 2 de janeiro de 1946, quanto na Lei federal n°
5.692/71, o Curso Normal era de nível médio.
Um outro fato a ser observado acerca da formação de professores das séries
iniciais do ensino fundamental em nível superior se associa ao que foi determinante no
momento da sua inclusão no texto legal. Se esta decorresse da observação acurada da
realidade, do diálogo com entidades representativas do movimento dos profissionais da
educação e com estudiosos e pesquisadores, no sentido de buscar uma resposta aos problemas
enfrentados pela escola no tocante à formação escolar e aos contextos sociais específicos,
estaria de acordo com um projeto de escola que atuaria no sentido de incluir indivíduos na
sociedade, conscientes de sua cidadania. Todavia, como observa FREITAS (1999, p.18):
A importância dada à questão da formação pelas políticas atuais tem, por objetivo,
equacionar o problema da formação para elevar os níveis de “qualidade” da
educação nos países desenvolvidos, qualidade que, na concepção do Banco Mundial,
é determinada por vários fatores, entre os quais situam-se o tempo de instrução, os
livros didáticos e a melhoria do conhecimento dos professores...
Prendendo-se à bula de organismos financeiros internacionais e prescindindo do
diálogo amplo com entidades representativas do movimento dos profissionais da educação e
com estudiosos e pesquisadores, adotou-se um modelo de formação desvinculado das
demandas da sociedade brasileira e preso a fatores relativos ao mercado econômico. Este
modelo reproduz um fato observado por ROMANELLI (1982), no tocante à história da
educação nacional: as autoridades, buscando equacionar problemas educacionais, foram mais
suscetíveis a fatores externos à educação que às demandas estritamente educacionais.
Analisando o processo de industrialização do Brasil na década de 30 e as
transformações sociais daí decorrentes, que impuseram maiores investimentos em educação,
ROMANELLI (1982) observa que o modelo educacional adotado pelas autoridades não foi
oriundo das necessidades estritas da sociedade brasileira, mas do atendimento das demandas
da indústria: para que fossem preenchidos novos postos de trabalho, era determinante que o
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trabalhador estivesse minimamente escolarizado. Nesse contexto, a escolarização significou
formar trabalhadores para que assim pudessem atuar em fábricas.
Comparando um momento histórico passado, o do início da industrialização
brasileira, com outro em que se expandiu o processo de globalização da economia,
percebemos distinções: se na década de 30 as indústrias foram implantadas e começaram a
expandir suas atividades, na segunda metade da década de 90, a economia brasileira foi
globalizada2 e passaram a prevalecer as regras do mercado econômico. No entanto,
especificamente no caso da educação, as autoridades optaram por um modelo de educação
que não se prendeu a demandas educacionais oriundas da sociedade, mas sim a pressupostos
relativos às atividades fabris, no caso da década de 30, e à economia globalizada e às regras
do mercado, a partir 1995.
Prendendo-nos ao segundo período histórico, a formação de professores foi
tratada não em função das demandas educacionais, mas das regras estabelecidas por
organismos financeiros internacionais, como foi observado por FREITAS (1999).
A fim de reduzir a importância desse fato ou de deixá-lo em evidência, foram
apresentados argumentos relativos à formação docente anterior à promulgação da Lei federal
n° 9.394/96. Tais argumentos se tornaram alvo de críticas de entidades representativas do
movimento dos profissionais da educação, estudiosos e pesquisadores.
No sentido de trabalhar para avançar no entendimento do que seja formar um
professor como profissional, consciente da função do educador e dos processos pedagógicos,
sabendo que seu objeto são os processos educativos historicamente determinados pelas
dimensões econômicas e sociais que marcam época, os movimentos sociais organizados da
categoria, representados pela ANPED, ANFOPE, e FORUMDIR, vêm travando um longo e
intenso debate acerca da formação dos professores e de qual professor se quer formar. Nas
cartas do Rio, de Curitiba, de Manaus e de Goiânia, escritas e divulgadas, respectivamente
2 Sobre a globalização da economia vale apresentar o que IANNI ( 1998, p.47 ) expõe. Em sua exposição encontramos a compreensão do processo em que o Brasil se inseriu efetivamente a partir do início da década de 1990: “O mundo transformou-se na prática em uma imensa e complexa fábrica, que se desenvolve conjugadamente com o que se pode denominar “shopping center global”. Intensificou-se e generalizou-se o processo de dispersão geográfica da produção, ou das forças produtivas, compreendendo o capital, a tecnologia, a força de trabalho, a divisão do trabalho social, o planejamento e o mercado. A nova divisão internacional do trabalho e da produção (...) concretiza a globalização do capitalismo, em termos geográficos e históricos”.
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nos anos de 2000 e 2001, nenhuma insinuação é feita quanto ao professor, em si, na condição
de profissional voltado para o mercado de trabalho.
Para MACEDO (2000), as mudanças fixadas decorreram da suposição de que a
má formação do professor estava associada às mazelas da educação básica: justificou-se, de
modo peremptório e impreciso, que as licenciaturas “não têm permitido a construção de um
curso com identidade própria” (MACEDO 2000, p.22). Além disso, utilizou-se como
argumento o fato de que os professores formados “desconhecem os documentos que tratam de
propostas curriculares ou os conhecem apenas superficialmente” (MACEDO 2000, p.24). Esta
utilização, segundo esta autora, teve como propósito assegurar a legitimidade para as
mudanças propostas, criticando e desqualificando as políticas anteriores.
Quanto às críticas formuladas, face aos argumentos utilizados pelas autoridades
educacionais, elas são pertinentes: não se pode desmerecer ou desqualificar o que havia
anteriormente em se tratando da formação de professores, sem analisar de modo acurado tanto
o processo quanto os resultados obtidos. O que se desejava era que, de modo sério, fosse
descrita a realidade da formação docente e adotadas medidas que de fato pudessem ser
implementadas.
No caso das diretrizes para os cursos de licenciatura, a reformulação parece
basear-se na idéia de que havia um problema pedagógico, expresso pela inadequação dos
currículos de formação e um problema organizacional que se definia pela incapacidade das
instituições formadoras, tal como se organizavam, de darem conta das demandas de formação
de docentes.
No que diz respeito ao documento sobre formação de professores da educação
básica, na perspectiva de uma reforma política, seguindo a linha adotada pelos documentos
oriundos ou inspirados pelo MEC, MACEDO (2000, p.8) observa que “as diretrizes para
formação de professores para educação básica excluem a discussão acerca das finalidades da
educação, entendendo que nada precisa ser deliberado a esse respeito”.
Contraditoriamente, de acordo com o mesmo autor, o documento indica, de modo
inquestionável, que a educação deve garantir “o exercício da cidadania, a inserção produtiva
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no mundo do trabalho e o desenvolvimento de um projeto de vida pessoal e autônoma”
MACEDO (2000, p.8).
Ao assumir tal posição, o MEC não se deu ao trabalho de refletir sobre o seu papel
em âmbito nacional. Se, pelo menos, atentasse para o que TEIXEIRA (1977, p.38) expõe,
talvez não assumisse uma posição tão incisiva:
...o Estado e a União, equipados de corpos de profissionais e técnicos de alta
competência e liberados de absorventes ônus administrativos, exercerão os seus
deveres de assistência supervisora, não pela imposição, mas pela liderança
inteligente, tornando comum para todos, pela informação, a experiência de cada um,
facilitando o intercâmbio de valores e de progressos, e orientando e coordenando os
esforços para o avanço e a unidade dentro, (...), das diversidades regionais e locais.
Prendendo-nos ao texto legal, no sentido de rever sobretudo as posições de
MACEDO (2000), vale rever um dispositivo da Resolução CNE/CP n° 1, de 18 de fevereiro
de 2002, em que são fixadas as diretrizes curriculares referentes à formação de professores.
Quanto à sua constituição, assim, ela se define:
Art. 1º As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da
Educação Básica, em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena,
constituem-se de um conjunto de princípios, fundamentos e procedimentos a serem
observados na organização institucional e curricular de cada estabelecimento de
ensino e aplicam-se a todas as etapas e modalidades da educação básica.
A análise crítica, vale ressalvar, de textos legais deve se pautar na observação do
texto em si e de sua relação com aqueles publicados anterior e posteriormente. Caso
contrário, a abordagem tende a se limitar a pontos descontextualizados, o que tornaria insólita
a nossa reflexão. Feita essa ressalva, retomemos o ponto que se associa ao assunto principal
de nosso trabalho, a educação, em particular, a formação de professores, dentro do processo
de Reforma do Estado brasileiro.
O entendimento da educação como “bem privado” cria um outro impacto
fundamental: a educação passa a ser enfocada como um serviço, não mais como um direito
social. As credenciais educacionais passam a valer, não pelo que representam em termo de
conhecimento, mas por seu potencial de conquista de espaços na sociedade.
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Esse enfoque está em consonância com a Reforma do Estado implementada a
partir de 1995, no governo Fernando Henrique Cardoso. Analisando criticamente esse
processo, CHAUÍ (2003, p.2) apresenta a mudança que se efetivou no tocante à educação,
observando que “(...)essa reforma, ao definir os setores que compõem o Estado, designou um
desses setores como setor de serviços não exclusivos do Estado e nele colocou a educação, a
saúde e a cultura”. A conseqüência disto foi a mudança de significado atribuído à educação:
a) deixou de ser concebida como um direito e passou a ser considerada um serviço;
b) (...) deixou de ser considerada um serviço público e passou a ser considerada um
serviço que pode ser privado ou privatizado. CHAUÍ (2003, p.2)
O exercício da cidadania, nessa “nova perspectiva” assumida pelo MEC, seria
independente do acesso a uma base comum de conhecimento. Tal acesso poderia viabilizar a
construção de uma cultura do trabalho, que facilitaria padrões de comportamentos úteis ao
sujeito no mercado produtivo e, conseqüentemente, de consumo. Como diz CANCLINI
(1995, p.10), posicionando-se de modo contrário a essa tendência:
(...) a escola que se delineia como ideal é aquela voltada para construção de uma
cidadania consciente e ativa, que ofereça aos alunos bases culturais que lhes
permitam identificar e posicionar-se frente às transformações em curso e incorporar-
se na vida produtiva.
Como tal, a escola, como afirma o mesmo autor, deve “(...) pautar-se por
princípios como a ética democrática, dignidade humana, justiça, respeito mútuo,
responsabilidade, diálogo, atuando como profissionais e como cidadãos” (CANCLINI, 1995,
p.49).
A propalada preocupação com a cidadania escamoteia uma preocupação com a
inserção do sujeito no mercado de trabalho, ou seja, ao mesmo tempo em que distorce a idéia
de igualdade democrática e estabelece a associação entre modalidade social e mercado de
trabalho, cria uma arena facilitadora para a aproximação entre mobilidade e eficiência social:
“a educação escolar passa a ter um papel essencial no desenvolvimento das pessoas e da
sociedade” (CANCLINI, 1995, p.9).
Esse papel é contestado por LINHARES (1999, p.16), em consonância com
CANCLINI (1995), quando enfatiza que
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para uma política mais ampla, mais pluralizada do conhecimento, o primeiro passo a
ser dado deve ser o rompimento com a absolutização do conhecimento, ou seja, a
desnaturalização da escola como um bem em si, um bem intransitivo, magnificando
seu poder, independe de sua atuação e das configurações sociais em que está
inserido.
Além disso, como observa a autora,
não basta concordar com a importância da escola e do conhecimento, mas é preciso
perguntar: que conhecimento? Para quê? Como ele foi produzido, apropriado e vem
sendo processado na escola? Com que práticas sociais eles se articulam e se
reforçam? Os circuitos dos conhecimentos abrem perguntas ou fecham pensamento?
Alimentam curiosidades e instigam a invenção? Ou, pelo contrário, promovem o
conformismo e os processos de submissão? Perguntas como estas podem clarear
distinções entre aprendizagens de tipo reprodutor e servil e outras endereçadas à
reinvenção da escola e da cultura (LINHARES (1999, p.16).
Um dos pontos mais contundentes da proposta de diretrizes para formação de
professores centra-se na inadequação da estrutura organizacional destinada a esta formação.
As críticas são dirigidas tanto às universidades quanto aos cursos normais de nível médio,
traduzidos pelas referências “superar as rupturas que também existem na formação dos
professores de crianças e adolescentes” (LINHARES 1999, p.14). A partir disto, propõe-se
uma formação que “atenda aos objetivos da educação básica” (LINHARES 1999, p.15),
mostrando a total articulação que há entre formação de professores da educação infantil e
ensino fundamental e a formação dos professores para os anos finais do ensino médio.
De acordo com LINHARES (1999), no que se refere às “competências”
estabelecidas para a formação de professores, estas se confundem com “objetivos”. Assim, a
dificuldade em estabelecer competências é mais um indicador da pouca clareza das diretrizes
curriculares.
LINHARES (1999, p.8-9) indica, em sua avaliação crítica, as mudanças
importantes promovidas pela LDBEN:
(...) flexibilidade, descentralização e autonomia da escola associados a avaliação de
resultados
(...) normas e recomendações nacionais de cuja falta o país se ressentiu nos anos
recentes, surgem nos marcos de um quadro legal de flexibilização da gestão
pedagógica e reafirmação da autonomia escolar e da diversidade curricular, que
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sinaliza o caminho por um regime de colaboração menos sujeito a injustiça política
entre as unidades da federação e um modelo de gestão mais contemporâneo para
reger as relações entre os centros dos sistemas e as unidades escolares.
A escola passa assim a ser auto-gerenciada, tendo, no entanto, que prestar conta
do seu desempenho final. Trata-se do que LIOTAR (1998) denomina performatividade
(desempenho), ou seja, um mecanismo de controle indireto: em vez de intervir, prescrever e
controlar a realização de cada tarefa, são estabelecidos objetivos/competências e é cobrado o
seu desenvolvimento.
1.2.1.2- A concepção legal do Curso Normal Superior
A concepção do Curso Normal Superior, do ponto de vista legal, se encontra
expressa, cronologicamente, na Resolução CNE/CP nº 1, de 30 de setembro 1999, e, a seguir,
no Decreto 3.276/99, que regulamenta os artigos 61, 62 e 63 da Lei federal 9.394/96:
Art. 2º Os cursos de formação de professores para a educação básica serão
organizados de modo a atender aos seguintes requisitos:
I - compatibilidade com a etapa da educação básica em que atuarão os graduados;
II - possibilidade de complementação de estudos, de modo a permitir aos graduados
a atuação em outra etapa da educação básica;
III - formação básica comum, com concepção curricular integrada, de modo a
assegurar as especificidades do trabalho do professor na formação para atuação
multidisciplinar e em campos específicos do conhecimento;
IV - articulação entre os cursos de formação inicial e os diferentes programas e
processos de formação continuada.
No artigo 2°, em resumo, reconhece-se que o Curso Normal Superior deve ser
compatível com as características das séries iniciais do Ensino Fundamental, não deve
encerrar-se em si mesmo, a formação deverá permitir que o professor atue de modo
multidisciplinar e deve se articular com a chamada formação continuada. Todos esses
requisitos caracterizam uma concepção ideal, que precisará ser observada no instante da
organização e do desenvolvimento do Curso Normal Superior por instituições de ensino.
Sabemos que entre o ideal e o real existem fatores que podem dificultar e até
mesmo impedir a realização do que foi idealizado. No tocante ao modo como o professor
deverá atuar, os currículos são organizados e implementados, de modo que o estudante não
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desperte em si o interesse pelo aprofundamento em certos estudos e, conseqüentemente, acabe
se atendo às noções básicas. Ocorrendo isto, o resultado é a constituição de um profissional
ilustrado, de conhecimentos elementares, não preparado para desenvolver estudos que
subsidiem sua prática docente. PEREIRA (1999, p.112), utilizando Jacques Busquet, sintetiza
esse tipo de formação de modo hipotético e, de certo modo, irônico:
Imagine uma escola de natação que se dedica um ano a ensinar anatomia e fisiologia
da natação, psicologia do nadador, química da água e formação dos oceanos, custos
unitários das piscinas por usuário, sociologia da natação (natação e classes sociais),
antropologia da natação (o homem e a água) e, ainda, a história mundial da natação,
dos egípcios aos nossos dias. Tudo isso, evidentemente, à base de cursos
enciclopédicos, muitos livros, além de giz e quadro-negro, porém sem água. Em
uma segunda etapa, os alunos-nadadores seriam levados a observar, durante outros
vários meses, nadadores experientes; depois dessa sólida preparação, seriam
lançados ao mar, em águas bem profundas, em dia de temporal.
Neste momento cabe retomar a concepção do professor reflexivo apresentada na
seção 1.1.2. Esclarecemos que nossa opção pela retomada do conceito é fundamental para o
desenvolvimento da abordagem do assunto neste momento do trabalho.
Focalizando a concepção teórica do professor reflexivo, PIMENTA (2002)
apresenta a posição de Donald Shön, fundamentada em Dewey. SHÖN defende a proposta
segundo a qual a formação dos profissionais não deve efetivar-se de acordo com um currículo
normativo “que primeiro apresenta a ciência, depois a sua aplicação e por último um estágio
que supõe a aplicação pelos alunos dos conhecimentos técnico-profissionais” PIMENTA
(2002, p.19). O profissional formado nesses moldes “não consegue dar respostas às situações
que emergem no dia-a-dia profissional, porque estas ultrapassam os conhecimentos
elaborados pela ciência e as respostas técnicas que esta poderia oferecer ainda não estão
formuladas”.
Levando em consideração a especificidade dos ambientes escolares em que se dá
a atividade docente e tendo em vista o tipo de formação caracterizado acima, indagamos:
como o professor poderá reconhecer, caracterizar e encontrar respostas para problemas
surgidos no desenvolvimento de sua prática, se não foi formado para tanto? Se o professor
não se formou de modo a atentar para os problemas que surgirem quando estiver atuando com
seus alunos, tenderá a negligenciar o surgimento e a existência do problema e culpabilizar os
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alunos. Eximindo-se de assumir maiores responsabilidades e aplicando, consciente ou
inconscientemente, a teoria do déficit cultural, muito bem focalizada e criticada por SOARES
(1986), poderá alegar que os discentes não dispõem de requisitos indispensáveis para obter
sucesso na escola: ter origem em família que mantém a tradição de estudo, acesso a
bibliotecas e aos bens culturais de nossa sociedade. Assim, assumirá uma posição cômoda
enquanto os problemas persistirão. Por fim, sem ter maior discernimento, perguntará: fazer o
quê?
Se as autoridades competentes se prendessem às questões estritamente
relacionadas às demandas educacionais, no tocante à formação de professores, poderiam
assumir uma outra posição ao refletir sobre o que TARDIF (2004, p.149) expõe:
A pedagogia não pode ser outra coisa senão a prática de um profissional, isto é, de
uma pessoa autônoma, guiada por uma ética do trabalho e confrontada diariamente
com problemas para os quais não existem receitas prontas. Um profissional do
ensino é alguém que deve habitar e construir seu próprio espaço pedagógico de
trabalho de acordo com limitações complexas que só ele pode assumir e resolver de
maneira cotidiana, apoiado necessariamente em um visão de mundo, de homem e de
sociedade.
Como as autoridades talvez não tenham se valido da reflexão ampla, ou se se
valeram, parece-nos que levaram mais em conta impressões, não a caracterização objetiva e
acurada da realidade educacional brasileira, abriram-se precedentes à organização do Curso
Normal Superior de caráter ilustrativo, que atenderia à demanda de validação de
conhecimento e aumento da escolaridade dos professores. Assim, seria posta de lado a
formação de professores capazes de atuar em ambiente escolar dos mais diversos, atentos e
sensíveis ao conjunto de fatores envolvidos direta ou indiretamente em sua prática, como o
exemplo de um professor que, acompanhado por Paulo Freire, visitava uma exposição de
fotografias da localidade na qual estava inserida a escola em que atuava:
Há dez anos ensino nesta escola. Jamais conheci nada de sua redondeza além das
ruas que lhe dão acesso. Agora, ao ver esta exposição de fotografias que nos
revelam um pouco de seu contexto, me convenço de quão precária deve ter sido a
minha tarefa formadora durante todos estes anos. Como ensinar, como formar sem
estar aberto ao contorno geográfico, social dos educando? (FREIRE, 2004,
p.117)
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Partindo dessa fala do professor, FREIRE (2004, p.117) expõe:
A formação dos professores e das professoras devia insistir na constituição deste
saber necessário e que me faz certo desta coisa óbvia, que é a importância inegável
que tem sobre nós o contorno ecológico, social e econômico em que vivemos. E ao
saber teórico desta influência teríamos que juntar o saber teórico-prático da realidade
concreta em que os professores trabalham.
Quanto à formação continuada, por mais que se reconheça a importância da
atualização do professor, alguns fatores acabam dificultando-a: a carga horária de trabalho é
excessiva e não há compensação remuneratória. Assim, o docente não se vê estimulado a se
atualizar e, conseqüentemente, a aprimorar a sua prática docente.
Se o Curso Normal Superior foi concebido de acordo com a lógica do mercado,
prendendo-se ao fato de elevar o nível de escolaridade do magistério e conseqüentemente
melhorar a “qualidade” do ensino, a esta concepção foram e estão sendo elaboradas críticas e
defendidas certas posições. Dentre estas, a que se prende à visão de um curso que forme
professores reflexivos.
De acordo com essa visão, para o exercício do magistério, o professor não deve
desvincular a reflexão de sua prática. Refletindo sobre o que faz, o docente avaliará
criticamente o processo e os resultados e irá aprimorá-los continuamente. Deixará de cumprir
a tarefa de preencher tempos de aula com exposições que não incitam a curiosidade do aluno
e não lhe permite descobrir a importância de sua constituição como cidadão e sujeito de sua
história e passará a se importar com os reflexos de sua ação sobre aqueles com que atua no
espaço da escola.
Em termos teóricos, reconhecemos, essa concepção do curso normal e da
formação de professores é bem pertinente, uma vez que redimensiona o fazer docente e,
conseqüentemente, caracteriza uma escola que se desvincula completamente da escola
tradicional, que tem o professor como sujeito e o aluno como objeto da educação.
Refletindo criticamente sobre essa concepção, SACRISTÁN (2002, p.82), tendo
em vista a realidade em que atuam os professores do ensino fundamental, observa que:
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o professor que trabalha não é o que reflete, o professor que trabalha não pode
refletir sobre sua própria prática, porque não tem tempo, não tem recursos, até
porque, para sua saúde mental, é melhor que não reflita muito...
Aqui precisamos tecer algumas considerações uma vez que tanto a concepção do
professor reflexivo quanto a crítica feita por SACRISTÁN requerem uma revisão. No tocante
ao conceito reflexivo, este é usado e contém a noção de que a reflexão exige um saber
elaborado, não de senso comum, como se este não permitisse refletir sobre problemas
identificados na escola. Quanto à crítica de SACRISTÁN, ela também aponta para este fato,
desconsiderando que na prática, tendo em vista o seu assoberbamento, o professor se vê
impossibilitado de identificar e analisar problemas que surgem em seu dia a dia em sala de
aula. Aqui caberia indagar: de que modo reflete? Preso apenas ao saber empírico, ao saber
teórico ou ao empírico-teórico?
Outro fato a ser destacado, no que diz respeito à crítica de SACRISTÁN, do ponto
de vista de quem se encontra fora do espaço da escola, diz respeito a justificar a ausência de
reflexão por parte do professor: será que o assoberbamento do docente poderia ser usado para
explicar a falta de reflexão? Se for usado, caracteriza-se como uma desculpa, não como uma
explicação propriamente dita.
Considerando os fatos relativos à formação do professor e a situação deste que,
devido às condições em que exerce o magistério, não encontra estímulo para se atualizar
continuamente e o que está preceituado nos textos legais, identificam-se problemas
complexos, cujas respostas não podem ser paliativas nem mirabolantes: se os currículos
existentes não permitem o aprofundamento de estudos sobre assuntos de importância
fundamental para o exercício do magistério, como eles poderão ser organizados sem que a
ênfase recaia na ilustração pela ilustração? Se a realidade do magistério representa um entrave
para a formação continuada, de que modo tal entrave poderá ser removido, permitindo que o
professor se valorize profissionalmente e reconheça o seu papel político em nossa sociedade?
Sem que sejam respondidas devidamente essas duas indagações, o Curso Normal
Superior tenderá a habilitar profissionais seguindo a lógica do mercado, ávido para
desenvolver técnicas ou metodologias, presos à “receitas de bolo”, fórmulas prontas e
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acabadas, mas desprovidos da curiosidade própria ao educador, assim vista por FREIRE
(2004, p.85):
Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move, que me inquieta,
que me insere na busca, não aprendo nem ensino. Exercer a minha curiosidade de
forma correta é um direito que tenho como gente e a que corresponde o dever de
lutar por ele, o direito à curiosidade.
Focalizaremos, a partir deste ponto, as instituições de ensino indicadas para o
oferecimento do Curso Normal Superior e a regulamentação deste curso. De acordo com o
art. 4° do Decreto n° 3.276/99, ele será ministrado por Institutos Superiores de Educação, por
Universidades, Centros Universitários e outras Instituições de Ensino Superior devidamente
credenciadas.
1.2.1.3- Os Institutos Superiores de Educação
Para que a “nova” formação de professores se efetuasse as autoridades
educacionais optaram pela criação de uma nova agência formadora, os Institutos Superiores
de Educação.
É fixado na nova LDBEN, como está disposto em seu art. 63, que os Institutos
Superiores de Educação manterão:
I – cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso
normal superior, destinado à formação de docente para a educação infantil e para as
primeiras séries do ensino fundamental;
II – programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação
superior que queiram se dedicar à educação básica.
Nesse artigo, fica evidenciada perfeitamente a situação da habilitação específica
do magistério, que se dará nos Institutos Superiores de Educação. Com isto, vale observar,
abre-se a perspectiva de ser minimizado o papel das faculdades de educação no tocante à
formação de professores e, até mesmo, de estas serem absorvidas pelos Institutos, devido à
falta de clareza de sua definição e papel.
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Antes da publicação do Decreto federal n° 3.276, em dezembro de 1999, o
Conselho Nacional de Educação havia regulamentado os Institutos Superiores de Educação,
por meio da Resolução CP nº 1, de 30 de setembro de 1999. Em seu art. 1°, é fixado seu
caráter e os tipos de curso que poderiam oferecer:
Art. 1º Os institutos superiores de educação, de caráter profissional, visam à
formação inicial, continuada e complementar para o magistério da educação básica,
podendo incluir os seguintes cursos e programas:
I - curso normal superior, para licenciatura de profissionais em educação infantil e
de professores para os anos iniciais do ensino fundamental;
II - cursos de licenciatura destinados à formação de docentes dos anos finais do
ensino fundamental e do ensino médio;
III - programas de formação continuada, destinados à atualização de profissionais da
educação básica nos diversos níveis;
IV - programas especiais de formação pedagógica, destinados a portadores de
diploma de nível superior que desejem ensinar nos anos finais do ensino
fundamental ou no ensino médio, em áreas de conhecimento ou disciplinas de sua
especialidade, nos termos da Resolução CNE nº 2/97;
V - formação pós-graduada, de caráter profissional, voltada para a atuação na
educação básica.
Em termos de organização dos Institutos Superiores de Educação, no art. 3°, é
indicado como eles poderiam caracterizar-se:
Art. 3º Os institutos superiores de educação poderão ser organizados:
I – como instituto superior propriamente dito, ou em faculdade, ou em faculdade
integrada ou em escola superior, com direção ou coordenação do conjunto das
licenciaturas ministradas;
II – como unidade de uma universidade ou centro universitário, com direção ou
coordenação do conjunto das licenciaturas ministradas;
III – como coordenação única de cursos ministrados em diferentes unidades de uma
mesma instituição.
De acordo com esse artigo, as Instituições de Ensino Superior, públicas ou
privadas, selecionariam uma das opções elencadas nos incisos de I a III. A partir de então,
sobretudo, as instituições privadas reconheceram o mais novo nicho de mercado e passaram a
constituir, de acordo com seus interesses, e oferecer o Curso Normal Superior, atendendo às
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demandas geradas a partir da promulgação da atual LDBEN, concernentes à formação de
professores para a Educação Infantil e para as séries iniciais do Ensino Fundamental.
No que diz respeito à organização dos cursos, o Conselho Nacional de Educação
publicou a Resolução CNE/CP nº 2, de 19 de fevereiro de 2002. Nessa resolução foram
detalhados os requisitos que deveriam ser observados pelas instituições de ensino superior na
organização da grade curricular dos cursos de licenciatura:
Art. 1º A carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica,
em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, será efetivada
mediante a integralização de, no mínimo, 2800 (duas mil e oitocentas) horas, nas
quais a articulação teoria-prática garanta, nos termos dos seus projetos pedagógicos,
as seguintes dimensões dos componentes comuns:
I - 400 (quatrocentas) horas de prática como componente curricular, vivenciadas ao
longo do curso;
II - 400 (quatrocentas) horas de estágio curricular supervisionado a partir do início
da segunda metade do curso;
III - 1800 (mil e oitocentas) horas de aulas para os conteúdos curriculares de
natureza científico-cultural;
IV - 200 (duzentas) horas para outras formas de atividades acadêmico-científico-
culturais.
Parágrafo único. Os alunos que exerçam atividade docente regular na educação
básica poderão ter redução da carga horária do estágio curricular supervisionado até
o máximo de 200 (duzentas) horas.
Art. 2° A duração da carga horária prevista no Art. 1º desta Resolução, obedecidos
os 200(duzentos) dias letivos/ano dispostos na LDB, será integralizada em, no
mínimo, 3 (três) anos letivos.
Em termos de organização e determinação das instituições credenciadas para o
oferecimento do Curso Normal Superior, encontramos as bases que supostamente garantiriam
a qualidade desse tipo de curso. Entre os textos legais e a implementação de seus dispositivos
encontraremos algumas lacunas, quando consideramos as especificidades e os interesses de
grupos interessados em atuar em mais um “nicho de mercado de ensino superior”.
O ponto a ser observado, neste momento, diz respeito ao oferecimento do Curso
Normal Superior, a partir da determinação da Década da Educação, fixada no artigo 87 da Lei
9.394/96, e sobretudo o parágrafo 4°
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§ 4º. Até o fim da Década da Educação somente serão admitidos professores
habilitados em nível superior ou formados por treinamento em serviço.
A interpretação desse parágrafo, conjugada à da Lei 9.424/96, que regulamentou o
Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério –
FUNDEF, levou, sobretudo, os municípios a pressupor que os professores que tinham
formação de nível médio deveriam necessariamente completar seus estudos em nível superior.
Além disso, só poderiam prover o cargo de professor com profissionais habilitados no Curso
Normal Superior.
Vale ressaltar que essa demanda não decorreria da necessidade de aprimorar o
desempenho dos professores em sala de aula, mas a de atender aos dispositivos legais, tendo
em vista fatores financeiros, a parcela determinada pela Lei 9.424 para investimento na
atualização de professores, e contábil, como é o caso da prestação de contas da aplicação das
verbas destinadas à educação.
A demanda criada, a partir da promulgação das Leis 9.394 e 9.424, caracterizou
um nicho no mercado, impulsionando a ação, sobretudo, das instituições privadas no sentido
de oferecer as condições “necessárias” para a formação em nível superior de professores das
séries iniciais do Ensino Fundamental. Como o interesse da iniciativa privada é o de auferir
lucro, a qualidade acabou relegada ao plano estatístico.
Apresentada a fundamentação legal do Curso Normal Superior e as demandas
criadas a partir da instituição deste curso, procuraremos agora rever o papel da formação de
professores, tendo em vista um projeto educacional que aposte na inclusão social de
indivíduos de classes sociais de baixo poder aquisitivo, promovendo, como observa SADER
(2004), “a cidadania das populações alijadas, nas periferias urbanas, do acesso aos direitos
elementares”.
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1.2.2- Instituto Superior de Educação e Curso Normal Superior : interesses conflitantes e papel de diferentes segmentos
Para encerrarmos este capítulo de nosso trabalho, resolvemos retomar algumas
questões acerca da formação dos professores e das agências formadoras, que foram levantadas
anteriormente, e discuti-las com maior abrangência.
Se no desenvolvimento de suas atividades o professor deve se valer de uma
metodologia, precisa ter em vista que esta se associa a uma estratégia de ação cuja finalidade
é permitir que os alunos desenvolvam suas capacidades individuais e se constituam como
sujeitos capazes de exercer plenamente a sua cidadania. Associada, será dominada e utilizada
pelo professor a fim de que possa, na interlocução com o aluno, construir novas possibilidades
pela crítica, pelo diálogo, a cada instante, a cada novo processo social.
Conforme JAPIASSU (1984, p.140), em se tratando da educação e de seu papel
na sociedade, há a necessidade constante de um repensar da epistemologia crítica, ou seja, de
interrogar-se sobre a responsabilidade social dos cientistas e dos técnicos. Sem que isto
ocorra, segundo o mesmo autor, será mantida a tendência de se venerar uma santíssima
trindade Ciência - Técnica – Indústria, não levando em conta as suas implicações no meio
social. Construiu-se um triunvirato do saber que não pode mais apresentar-se
como um conhecimento puro, imaculado ou aristocrático, como uma contemplação
amorosa da verdade, mas como um conhecimento eminentemente tecnicizado
governando de modo quase absoluto um gigantesco processo de produção
racionalizado e industrializado.
O que o autor pretende mostrar é que as ciências, hoje em dia, não se impõem
mais por si mesmas; que seus resultados não poderão mais impor-se de modo evidente e
triunfante; que as ciências não poderão mais construir a verdade das sociedades atuais; que
suas virtudes em nada são evidentes; que os pesquisadores precisam interrogar-se sobre a
significação da ciência que estão fazendo; que eles não poderão mais fazer abstração da
maneira como o conjunto da pesquisa científica é institucionalizado, organizado, orientado,
financiado e utilizado por terceiros; que o próprio trabalho científico está profundamente
afetado pelas novas condições e ele é realizado na sociedade industrial e tecnicizada; que os
pesquisadores devem responsabilizar-se pelas conseqüências que suas descobertas poderão ter
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sobre a sociedade; que eles precisam tomar consciência de que, na vida da ciência, há forças
atuantes: as forças externas, que correspondem ao desenvolvimento natural da ciência;
portanto, precisam tomar consciência de que a ciência está cada vez mais integrada num
processo social, industrial e político.
Com esta forma de pensar, não está se propondo uma volta ao “basismo”, ou ao
lema de que “o povo possui a verdade”, mas à discussão do que significa uma relação mais
orgânica da sociedade civil com as massas, ou seja, o equilíbrio entre “ciência, conhecimento
e saber, já que a ciência é o discurso em que a teoria faz a estratégia” (JAPIASSU, 1984,
p.17).
Como diz MARTINS (1989, p.111), o conhecimento teórico a respeito dos grupos
e classes subalternas apresenta-se, basicamente, como “conhecimento sobre essas classes e
não conhecimento das classes subalternas”. Tal concepção deve ser revista, segundo o autor,
no momento em que o percurso metodológico é outro, não abstrato, histórico, quando se
estabelece a gênese de cada relação social, o tempo de cada uma. E, conseqüentemente,
quando se admite que tanto a relação social é datada quanto o conhecimento (e o
autoconhecimento) a seu respeito é datado.
Considerando o exposto logo acima, apresentamos algumas indagações
apresentadas por SCHON, (apud PIMENTA, 2002).
- Quais as competências que os professores deveriam ajudar as crianças a
desenvolver?
- Que tipo de conhecimento e de saber-fazer permitem aos professores desempenhar
o seu trabalho eficazmente?
- Que tipo de formação será mais viável para equipar os professores com as
capacidades necessárias ao desempenho do seu trabalho?
Às três indagações de SCHÖN, acrescentamos mais duas: por que a formação dos
profissionais da educação, no que se refere à formação de professores da Educação Infantil e
das séries iniciais do Ensino Fundamental em nível superior, ficaria restrita a um curso tão
novo, desconsiderando o papel dos cursos de Pedagogia, cuja história no Brasil, já tem mais
de 60 anos? Não poderia o governo federal, em vez de criar um novo curso com o fim de
formar profissionais da educação, melhorar o desempenho dos cursos de Pedagogia já
existentes? Conforme NEVES (2000, p.153),
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não é preciso refletir muito para ter a percepção de que o modelo sócio-político –
ideológico que vem sendo implantado na sociedade brasileira é um modelo
neoliberal, que postula ser, no cenário mundial uma “ideologia de via única”.
Observando que as universidades perderam a exclusividade pela formação de
docentes, KUENZER (2001) afirma que este fato representa uma proposta elitista e que
abraça as políticas de organismos financeiros internacionais, “que dispensa o rigor da
qualificação científica e da apropriação de metodologias adequadas à produção do
conhecimento”(KUENZER 2001, p.115). A educação, por esta lógica, conseqüentemente,
ganha uma dimensão “tarefeira” e, assim, qualquer outro profissional pode exercer o
magistério.
Concluindo esta parte de nosso trabalho, observamos que não há dúvida de que o
discurso sobre a formação de professores vem sofrendo um embate em que a busca de um
rigor e de avanços de última geração parece colidir com os critérios de legitimação e
pertinência, bloqueando sua penetração na prática escolar. Por isso mesmo, o próprio discurso
pedagógico, se em alguns casos faz germinar circuitos de aprendizagens inovadoras e
emancipatórias, em outras oportunidades, antagoniza-se com a prática escolar, alçando-se a
uma metafísica, com declarações bem construídas e perfeitas para a repetição, mas não para
instrumentalizar os processos de reinvenção da sociedade, da educação, da escola.
O fundamento básico das soluções pedagógicas mágicas, propostas pelas
diretrizes para a formação de professores, configuram, na realidade, uma reforma de natureza
política, fundamentalmente marcada pelo mercado e pelo consumo. Como tal, a tão
proclamada opção por competências é apenas mais um dos indicadores de que a lógica da
mobilidade social vem assumindo cada dia mais espaço na política educacional brasileira.
O que se tem visto é que as formações profissionais baseiam-se em esquema
simples: fornecer uma competência para agir na prática. As ciências da educação, muito longe
de darem respostas categóricas às questões de sempre, trazem ainda mais dúvidas e novas
questões.
Considera-se que o educador profissional é aquele que supõe haver adquirido uma
formação científica especializada. No entanto, a visão dicotômica da relação entre educação
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geral e formação específica, continua perpassando os cursos de formação de professores, que
muitas vezes não passam de um conjunto de regras ou normas pragmáticas, mais ou menos
articuladas.
O conhecimento escolar vem sendo mantido como uma bagagem imposta, muito
mais potente em coisificar do que em alimentar sujeitos em seus exercícios de autonomia:
parece ter esquecido que os saberes nascem como respostas às necessidades e desejos,
inscrevendo-se com o mesmo radical etimológico que reúne o “saber” ao “sabor”.
Daí a importância do enfrentamento das questões relativas à formação de
professores, não por meio de decretos e normas, o que historicamente já se mostrou pouco
produtivo e se tornou recorrente na história educacional brasileira, mas buscando o caminho
da construção cotidiana em cada sala de aula, de cada instituição escolar, procurando delinear
um projeto de cidadania dentro de uma democracia plural, na qual o professor deve ser um
sujeito e não um consumidor de projetos pré-fabricados.
Nesse sentido, pensar hoje os cursos de formação e atualização para educadores é
considerar o imbricamento da teoria e da prática como o mecanismo para uma educação
emancipatória e transformadora. Afinal, a escola precisa ser reinventada, como também
carece ser reinventado o papel do professor.
Este é o desafio para aqueles que pensam e executam as políticas educacionais.
Desafio que ainda está longe de ser superado. Em que pesem os esforços de diversas
Instituições e, principalmente, do movimento de profissionais da Educação no país; em que
pese criar condições efetivas de uma participação marcante de educadores e alunos no
processo de construção de uma sociedade educacional brasileira mais justa, igualitária e
digna, há um longo caminho a percorrer.
Levando em consideração o que acabamos de expor, indagamos: a melhoria na
formação de professores estaria associada apenas ao nível de escolaridade? O professor
formado em nível superior estaria mais capacitado a lecionar do que aquele formado em nível
médio? Deixando essas indagações sem resposta, consideramos que a suposição de que o
nível de escolaridade, por si só, é um elemento determinante na formação do professor, requer
testagens e avaliações, a fim de que possamos saber se ela é verdadeira ou falsa.
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Reservamos o capítulo 2 para enfocar duas instituições que vêm oferecendo o
Curso Normal Superior na Zona da Mata de Minas Gerais. Descreveremos a organização do
curso e refletiremos sobre o modo como ele vem sendo oferecido, estabelecendo contraponto
com o que está preceituado nos textos legais, considerando, sobretudo, os projetos
pedagógicos tal como foram organizados.
Capítulo 2 O papel da Fundação FAFILE de Carangola e da Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC) na formação de professores das séries iniciais em municípios da Zona da Mata de Minas Gerais
Neste capítulo, antes de focalizarmos o papel da Fundação FAFILE de Carangola
e da UNIPAC, apresentaremos dados sobre as duas instituições – de sua fundação aos dias
atuais - e sua área de atuação.
2.1- A FAFILE e a UNIPAC: uma breve descrição das instituições
2.1.1- Breve histórico e apresentação de dados organizacionais da Fundação FAFILE e de seu Instituto Superior de Educação - ISEC
A FUNDAÇÃO FAFILE, Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Carangola, foi criada pela Lei Estadual nº 5454 de 10 de junho de 1970. Em seu artigo 2º,
previa-se que a Fundação seria de Direito Público. Enquanto ocorriam os trâmites para a
autorização de seu funcionamento, uma nova Lei Estadual, n° 5.824, de 22 de novembro de
1971, modificou a redação do artigo 2º da Lei 5.454/70, estabelecendo que a Fundação seria
de Direito Privado. Entretanto, a nomeação do Conselho de Curadores permaneceu a cargo do
Governo do Estado de Minas Gerais, para um mandato de 04 anos.
A Constituição Federal de 1988 previu que “tudo que provém do Poder Público é
público”. Assim, apesar de cobrar mensalidades e viver sem subsídios regulares, a instituição
permaneceu vinculada ao Poder Público, sendo inclusive previsto em seu estatuto que, em
caso de sua extinção, todo o patrimônio será revertido para o Estado de Minas Gerais. Os
funcionários recolhem ao PASEP e, pelo Ato Declaratório nº 266, de 10 de setembro de 1976,
a Fundação ficou isenta do pagamento de Imposto de Renda.
Sendo a instituição criada pelo Governo Estadual, e face à tradicional morosidade
das iniciativas do poder público, coube à sociedade carangolense tomar a iniciativa de
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concretizar a instalação da Faculdade. Assim, em 13 de maio de 1972, foi realizada a primeira
aula, iniciando-se as atividades escolares, no estabelecimento cedido pela Congregação das
Irmãs Servas de Maria do Brasil, a Escola Normal Regina Pacis.
No ano seguinte adquiriram o patrimônio da Sociedade Colégio Carangolense,
sendo boa parte do investimento sido paga com doações dos cidadãos abonados de Carangola,
onde a Fundação FAFILE funciona até hoje.
A Constituição do Estado de Minas Gerais, de 21 de setembro de 1989, em seu
artigo 81, criou a Universidade do Estado de Minas Gerais. Pelo previsto no artigo 82,
parágrafo 1º, estabeleceu-se que esta seria composta pelas Fundações de Ensino Superior
criadas pelo poder público estadual e que optassem por sua absorção. Das 25 entidades
criadas na década de 1970, apenas 10 optaram pela união à Universidade do Estado de Minas
Gerais- UEMG, e a de Carangola foi uma delas.
Durante os governos que se passaram, a Fundação FAFILE não recebeu nenhum,
ou quase nenhum, auxílio financeiro dos governos, sobrevivendo até os dias de hoje de
mensalidades.
Atualmente, a Fundação FAFILE se encontra no estágio de agregada. Está
submetida às normas fixadas em seu estatuto e mantém ligação com a Universidade do Estado
de Minas Gerais – UEMG, que chancela os diplomas expedidos.
De acordo com a Constituição estadual, a Fundação FAFILE seria absorvida pela
UEMG. A absorção total da FAFILE estava prevista no parágrafo 1º da Constituição
Estadual3, dentro de um prazo máximo de 720 dias contados a partir da data de sua
promulgação, 21 de setembro de 1989. Posteriormente, quando foi aprovado o Estatuto da
UEMG pela Assembléia do Estado de Minas Gerais, ficou previsto que a absorção ocorreria
daí por diante. Nada disso ocorreu, nem o cumprimento da Lei que destina 1% da renda anual
do Estado para a UEMG , incluindo as agregadas.
Ainda assim, permanecer agregada à UEMG - Universidade do Estado de Minas
Gerais - é interessante para a Fundação FAFILE: os diplomas emitidos por esta Instituição
3 Neste mesmo artigo está prevista a absorção de Fundações dos municípios de Campanha e Diamantina
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têm o timbre da UEMG, são registrados pela mesma e têm a assinatura do Reitor. Isso tem
facilitado a aprovação de cursos novos por parte do Conselho Estadual de Educação.
Hoje, a Fundação FAFILE mantém 03 faculdades: a FAFILE (Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras), a FACEX (Faculdade de Ciências Exatas) e o ISEC (Instituto
Superior de Educação). A Fundação tem aproximadamente 1.200 alunos matriculados.
Aqui, interessa-nos focalizar, um pouco mais, a criação do Instituto Superior de
Educação, com a oferta do Curso Normal Superior. Também a Fundação FAFILE viu seus
cursos de Pedagogia se esvaziarem e surgir a demanda pelo Normal Superior. As medidas
necessárias para sua implantação foram tomadas e, em seguida, estabeleceram-se negociações
com as prefeituras da região. Foram propostas parcerias para a implantação do curso. Nestas
parcerias, certas Prefeituras subsidiaram o custo das mensalidades em 50% do valor e
cederam espaços físicos para a abertura e o funcionamento do Curso Normal Superior. Nestes
passaram a funcionar uma Unidade fora de sede, caracterizando uma prática da FAFILE e de
outras instituições de ensino privado, como a UNIPAC, a ser focalizada no próximo subitem.
2.1.1.1- O Projeto Pedagógico do Curso Normal Superior do ISEC
O Curso Normal Superior é oferecido pelo Instituto Superior de Educação de
Carangola – ISEC de acordo com o seu Projeto Pedagógico. Destacaremos e apresentaremos
alguns trechos, considerando o que está expresso no texto escrito e o que se efetiva na prática.
Na elaboração do Projeto Pedagógico, foram considerados os seguintes aspectos:
a complexidade do cotidiano escolar e a necessidade atual de se formar professores
(as) que possam continuamente estar fortalecendo competências para atuar em
"zonas indeterminadas da prática" (Schön, 2000), além, é claro, do atendimento à
legislação que regulamenta a formação de professores (as) para lecionar nas séries
iniciais do Ensino Fundamental e Educação Infantil (FUNDAÇÃO FAFILE, 2002,
p.3).
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Feitas as considerações, definiu-se o compromisso da Fundação FAFILE com a
formação de professores, não presa aos parâmetros tradicionais conteudistas, mas de acordo
com as mudanças em curso em nossa sociedade e no mundo em geral, sintetizado no trecho
abaixo:
De forma a contribuir para com o consolidar de uma formação que não se limite à
transmissão de conteúdos, a Fundação Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de
Carangola (FAFILE) apresenta uma proposta cujas competências necessárias à
prática pedagógica sejam fortalecidas. Uma proposta na qual o eixo formador seja a
pesquisa realizada por aqueles (as) que trabalham nas escolas em diálogo com as
pesquisas produzidas na academia. Uma proposta, enfim, que invista seriamente na
emancipação dos sujeitos, contra a tutela e a favor de uma compreensão ampla a
respeito das dinâmicas que perpassam a escola (FUNDAÇÃO FAFILE 2002, p.7).
O currículo do Curso Normal Superior foi baseado na Resolução CNE/CP, n° 1,
de 18 de fevereiro de 2002, atentando para os seguintes pontos:
O ensino visando a aprendizagem do aluno; O acolhimento e o trato da diversidade; O exercício de atividades de enriquecimento cultural; O aprimoramento de práticas investigativas; A elaboração e a execução de projetos de desenvolvimento e da comunicação e de metodologias, estratégias e materiais de apoio inovadores; O desenvolvimento de hábitos de colaboração e de trabalho em equipe (FUNDAÇÃO FAFILE 2002, p.7-8).
A clientela a ser atendida pelo ISEC se constitui de professores das séries iniciais,
em efetivo exercício, e daqueles estudantes que desejam exercer o magistério das séries
iniciais do Ensino Fundamental e da Educação Infantil, como está exposto no projeto
pedagógico:
O perfil do grupo a ser atendido se encontra relacionado à própria demanda que
justifica seu oferecimento. Muito embora se faça necessário atender à legislação, o
curso de forma alguma se limitará ao cumprimento desta necessidade imediata, se
voltando, antes disso, a satisfazer as especificidades do grupo que irá atender:
professores (as) que já se encontram inseridos no mercado de trabalho, bem como
aqueles (as) que desejam ingressar neste campo (FUNDAÇÃO FAFILE, 2002, p.9).
Os eixos norteadores do Curso Normal Superior se baseiam na “investigação
sobre as práticas pedagógicas e nas questões que perpassam o cotidiano escolar”, no “diálogo
permanente e amplo entre a teoria e a prática” e no “referencial teórico-epistemológico que
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fundamenta a concepção do curso em questão e pretende favorecer nos (nas) professores (as)
cursistas as competências que lhes possibilitem registrar, sistematizar e socializar o
conhecimento de que dispõem, através de um movimento contínuo de fortalecimento de uma
identidade produtiva” (FUNDAÇÃO FAFILE, 2002, p.20) .
No tocante à grade curricular, ela foi organizada em dois núcleos: Núcleo de
Fundamentos Pedagógicos e Núcleo de Educação e Conhecimento. No primeiro estão
reunidas as disciplinas de cunho pedagógico e, no segundo, “as disciplinas voltadas à
formação para a pesquisa, bem como aquelas que circunscrevem a questão do método como
uma construção do sujeito em meio à prática” (FUNDAÇÃO FAFILE, 2002, p.21). Os dois
núcleos apresentam a seguinte composição:
Núcleo de Fundamentos Pedagógicos Núcleo de Educação e Conhecimento
Disciplina Disciplina
Sociologia da Educação I Metodologia Científica I
Psicologia da Educação I Pesquisa e Prática Pedagógica I
Filosofia da Educação I Leitura e Produção Textual
Sociologia da Educação II Informática e Educação
Psicologia da Educação II Metodologia Científica II
Filosofia da Educação II Pesquisa e Prática Pedagógica II
História da Educação I Ensino de Português I
História da Educação II Ensino de Matemática I
Antropologia e Educação Pesquisa e Prática Pedagógica III
Ensino de Português II
Ensino de Matemática II
Pesquisa e Prática Pedagógica IV
Estágio Supervisionado de Ensino I
Ensino de Geografia I
Sistemas de Ensino e Políticas Educacionais
Pesquisa e Prática Pedagógica V
Estágio Supervisionado de Ensino II
Ensino de Geografia II
Ensino de História I
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Núcleo de Fundamentos Pedagógicos Núcleo de Educação e Conhecimento
Ensino de História II
Alfabetização
Pesquisa e Prática Pedagógica VI
Estágio Supervisionado de Ensino III
Didática – Teoria Pedagógica
Ensino de Ciências I e II
Educação Inclusiva
Avaliação Escolar
Literatura e Educação
Arte e Educação I e II
Cotidiano Escolar e Currículo
Corporeidade, Conhecimento e
Ludicidade I e II
Gestão e Organização Escolar
Linguagem Aplicada ao Ensino da
Língua Materna
Seminários Interdisciplinares
(FUNDAÇÃO FAFILE 2002, p.21)
No que diz respeito à implementação do currículo, assumiu-se a seguinte posição:
A estrutura curricular deste Curso pretende, portanto, fazer ouvir simultaneamente o
referencial teórico e o discurso prático discente. Para que isso ocorra, foram
distribuídas por todos os períodos as Disciplinas de Conteúdo e Pedagógicas que,
necessariamente, terão que se adaptar progressivamente à discussão prática trazida
pelos (as) professores (as) cursistas. As escolhas sobre quais disciplinas deverão ser
desenvolvidas em determinados períodos é algo sempre passível de
questionamentos, afinal não existe nenhum princípio que possa justificar tais
escolhas (FUNDAÇÃO FAFILE 2002, p.23).
DETALHAMENTO DA CARGA HORÁRIA
Componentes Comuns Carga Horária
Conteúdos Curriculares de Natureza Científico-Cultural 2160 Seminários Interdisciplinares 202
Pesquisa e Prática Pedagógica 432 Parte Prática da Formação Estágio Supervisionado de Ensino 406
Total 3200
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Apresentada a dimensão curricular e a carga horária, resta abordar o colegiado e a
sua função. Esta instância do Curso Normal Superior é constituída por todos os professores e
professoras do curso e um terço de estudantes professores.
Segundo o Projeto Pedagógico, o colegiado se caracteriza como um espaço de
discussão que não se limita apenas às questões administrativas, mas que abarca as questões
pedagógicas, em uma perspectiva presente e com preocupações futuras. As reuniões estão
previstas para ocorrer quinzenalmente, seguindo cronograma fixado pelo Coordenador do
Curso Normal Superior.
De acordo com os dados apresentados anteriormente, o ISEC da Fundação
FAFILE organizou seu curso pautando-se nas determinações legais e em arcabouço teórico
que reflete o que se almeja pelas entidades representativas dos movimentos dos profissionais
da educação. Resta-nos checar se o que está concebido no Projeto Pedagógico dessa
instituição se efetiva ou não. Esta checagem será realizada no capítulo 3 de nosso trabalho.
2.1.2- Breve histórico e apresentação de dados organizacionais da Universidade Presidente Antônio Carlos e do seu Instituto Superior de Educação
A UNIPAC, Universidade Presidente Antônio Carlos, entidade de direito privado,
foi criada em 1966, no município de Barbacena, estado de Minas Gerais, pelo então Secretário
de Estado de Educação de Minas Gerais, Bonifácio Andrada. Seu primeiro nome foi
Fundação Presidente Antônio Carlos – FUPAC.
Em 1996, a FUPAC foi transformada em UNIPAC. Atualmente, é um complexo
universitário onde são oferecidas 39 áreas de graduação em mais de 150 cidades de Minas
Gerais, tendo aproximadamente 40 mil estudantes. Se em sua fundação oferecia poucos
cursos superiores, em 2003, atingiu 105 cursos. Nos dias atuais, a UNIPAC oferece desde os
cursos mais tradicionais, como Medicina e Direito, até os cursos mais contemporâneos como
Biotecnologia e Normal Superior. De menos de 10.000 estudantes, em 1998, passou a 33.346
em 2003.
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Sua finalidade é a de “contribuir e influir no desenvolvimento das áreas sociais da
Região, de Minas e do País, como ainda, formar profissionais para a comunidade” (UNIPAC
2004, p.4). Para atingi-la, busca criar, instalar e manter, sem fins lucrativos, estabelecimento
de ensino, curso superiores, a pesquisa e a formação profissional.
A UNIPAC oferece o Curso Normal Superior, reconhecendo que este curso
permite a aquisição de competências e habilidades necessárias a um desempenho profissional
sólido, de grande importância para a melhoria da qualidade da educação brasileira. O
oferecimento do Curso visa a possibilitar que os professores formados em nível médio se
formem em nível superior, atendendo ao que está estabelecido nos textos legais. Vale ressaltar
que só no Curso Normal Superior há atualmente 18.000 alunos, espalhados por várias
unidades fora de sede, em mais de 130 cidades de Minas Gerais, conforme consta no anexo 4,
em que relacionamos, as cidades, de A a V, onde a UNIPAC oferece o Curso Normal
Superior, em Minas Gerais, a fim de demonstrarmos a ação abrangente da Universidade
Presidente Antônio Carlos neste estado brasileiro.
2.1.2.1- O Projeto Pedagógico do Curso Normal Superior da UNIPAC
Antes de tratarmos propriamente do Projeto Pedagógico, achamos por bem
acrescentar algumas informações acerca do oferecimento do Normal Superior.
A UNIPAC não criou um Instituto Superior de Educação, mas sim um órgão que
assumiria a tarefa de Organizar o Curso Normal Superior, a Superintendência da Rede de
Ensino Normal Superior (SUPRENS). Este órgão se incumbiu de levar o curso a mais de 130
cidades de Minas Gerais, estabelecendo parcerias com prefeituras mineiras, cabendo a estas
oferecer espaço físico onde serão ministradas aulas e manter secretaria administrativa.
Para disseminar o curso, foi criado um jornal intitulado JORNAL DO ENSINO
NORMAL SUPERIOR. Neste veículo de informação, são utilizadas estratégias visando a
convencer o público da importância e da qualidade do Curso Normal Superior. São
divulgados depoimentos de professores, pesquisadores da área da educação e do próprio reitor
licenciado da UNIPAC, Bonifácio Andrada, idealizador e criador do Curso Normal Superior
da Instituição.
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Na idealização e criação do Curso Normal Superior, levou-se em conta o contexto
da educação brasileira pós-promulgação da atual LDBEN e o custo do curso para os possíveis
alunos de cidades do interior do estado de Minas Gerais, como está exposto no discurso do
reitor licenciado:
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) é clara ao exigir que as crianças de 07 a 11 anos tenham, nas escolas fundamentais, professores com formação superior específica. Sendo assim, a Universidade brasileira não poderia se ausentar desse problema, pois é sua obrigação criar esse tipo de curso mesmo para uma clientela economicamente fraca, porque é através dele que se irá preparar o homem de amanhã, alicerce relevante para o avanço nos patamares escolares seguintes. O modelo de implantação do Curso Normal Superior da UNIPAC se inspira muito em antigas concepções de educação popular de meu tempo de vida universitária. Essa filosofia de fazer (e levar) ensino sem pensar exclusivamente em lucros empresariais marcou profundamente minha consciência de estudante. Foi com base nela que a UNIPAC construiu sua rede de educação Normal Superior em Minas Gerais, com mais de 170 faculdades que cobram mensalidades de R$130,00, o que favorece a camada da população que necessita de tais cursos, mas tem poucas condições de arcar com taxas elevadas (Jornal do ensino normal superior- Ano 2 – Número 2 – Barbacena – MG – Fev/2004 - entrevista com Bonifácil Andrada).
Na elaboração do Projeto Pedagógico, foi delineado o perfil pedagógico do curso:
definiu-se que este teria como finalidade formar profissionais capazes de superar desafios
mediante reflexão crítica. A partir desta definição, foram considerados certos aspectos que
estimulam o desenvolvimento do professor: cognitivo, formativo e prático.
No tocante ao primeiro aspecto, considera-se que a atividade docente pressupõe,
por exemplo: o conhecimento de fundamentos psicopedagógicos; a discussão sobre questões
que emergem de vivências, práticas e estágios, articuladas aos conteúdos que compõem a
matriz curricular; caracterização necessária à construção da identidade do docente; e a
compreensão de que o aprendizado da leitura e da escrita em sentido amplo ultrapassa a
simples codificação e decodificação de símbolos.
No que diz respeito ao terceiro aspecto, o de caráter prático, compreendeu-se que
deveria se efetivar a aplicação de conteúdos estudados, em práticas e estágios, refletindo sobre
as possibilidades de inovar continuamente a teoria e a prática dentro da realidade inserida, a
investigação de questões que emergem de vivências, buscando possíveis soluções e apoio aos
alunos que demonstram interesse e empenho nas atividades desenvolvidas.
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Considerados esses três aspectos acima, opera-se com a visão do profissional
formado no Curso Normal Superior. Para a UNIPAC,
O perfil do egresso do Curso Normal Superior desta Instituição é o de um profissional que esteja preparado para utilizar de forma ética e crítica os conhecimentos adquiridos, propondo soluções com autonomia e criatividade para as questões emergentes do processo ensino-aprendizagem em seu contexto social, econômico e político. Será comprometido com a melhoria da qualidade da educação escolar do nosso país, de forma conseqüente e consciente, tendo em vista a consolidação de uma sociedade democrática, com vistas para o progresso cultural e social (UNIPAC, s/d, p.5-6).
Considerados esses aspectos, foi apresentado o objetivo geral do Curso Normal
Superior. Em síntese, com o curso, objetiva-se que
formar o professor para a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental, que tenha uma atuação profissional crítica e autônoma, que seja capaz de tomar decisões individuais e coletivas a partir de referências técnicas, humanas, econômicas, sociais e políticas que atendam às necessidades da educação e da sociedade democrática, do progresso cultural, consciente de suas ações e de seu compromisso ético, comunitário e político, com uma educação básica de qualidade (UNIPAC s/d, p.6).
Foram eleitas competências profissionais e habilidades básicas, dentre elas,
destacamos a promoção de práticas educativas que tenham em vista o desenvolvimento
integral da criança até seis anos, em seus aspectos físico, psicossocial e cognitivo-lingüístico;
utilização de sua formação humana, científica e técnica em favor de um exercício profissional
competente, ético e compromissado com a qualidade da educação básica; compreensão e
reflexão sobre as relações sociais que se estabelecem no ambiente escolar, a dinâmica social e
as relações de poder que perpassam as instituições e a vida coletiva; comprometimento com o
desenvolvimento pleno da cidadania em uma perspectiva democrática cultural e brasileira e
coerente com o projeto da sociedade para a autonomia intelectual e profissional;
desenvolvimento de suas atividades profissionais de forma coletiva, reflexiva, investigativa,
interdisciplinar e dialética, potencializando as capacidades individuais; consideração das
características dos alunos, das necessidades da comunidade na qual está inserido e de temas
da atualidade ao desenvolver atividades de planejamento, execução e avaliação da
aprendizagem.
No tocante à organização do currículo, a UNIPAC optou por dividi-lo em quatro
partes: Conteúdos do Ensino Fundamental e Educação Infantil, Conhecimentos Sociais,
Conhecimentos Pedagógicos e Espaços de Integração. A seguir apresentamos o quadro em
que são detalhados os componentes de cada parte.
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DIMENSÕES CURRICULARES
CONTEÚDOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL E EDUCAÇÃO INFANTIL
CONHECIMENTOS
SOCIAIS
CONHECIMENTOS PEDAGÓGICOS
ESPAÇOS DE
INTEGRAÇÃO
Língua Portuguesa I e II Psicologia da Educação I e II
Avaliação Ensino-Aprendizagem
Metodologia do Trabalho Científico I
e II
Matemática I e II Educação e Sociedade Projeto Pedagógico Prática Pedagógica de
Ensino I
Ciências Filosofia da Educação
Literatura Infantil Prática Pedagógica de
Ensino II
Geografia
Ciência Política
Fundamentos e Metodologia do Ensino na
Educação para Jovens e Adultos
Prática Pedagógica de Ensino III
História geral
História da Educação Literatura Infanto-Juvenil Prática Pedagógica de
Ensino IV
História do Brasil I e II
--- Portadores de
Necessidades Especiais Prática Pedagógica de
Ensino V
Alfabetização e Letramento ---
Portadores de Talentos Oficina de
Monografia
Metodologia da Língua Portuguesa
---
Tópicos Especiais: Formação e Profissão
Docente
Estágio
Supervisionado
Metodologia da Matemática --- ---
Trabalho de Conclusão de Curso
Metodologia da Ciências
---
--- Oficina de
Monografia
Metodologia da História --- --- Política e
Administração Educacional I e II
Metodologia da Geografia
---
---
--- Arte e Cultura --- --- ---
Corporeidade e Expressão
---
---
--- Fundamentos e Metodologia da
Educação Infantil
---
---
---
Laboratório de recursos didáticos e
estratégias de intervenção
pedagógica na Educação Infantil
A fim de que seja dado um outro tipo de atendimento aos estudantes, foram
relacionados recursos didáticos acessíveis a professores e alunos, acreditando que com eles
seria determinada maior dinamicidade às atividades desenvolvidas.
- tecnologias de ensino-aprendizagem: vídeos, softwares e outros;
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- retroprojetor;
- televisão, vídeo-cassete e fitas de vídeo;
- gravador e fitas-cassete;
- laboratório de informática;
- murais e cartazes;
- jornais e revistas;
- livros e textos diversos;
- computador e programas;
- datashow.
Após a apresentação de informações sobre a Fundação FAFILE e a UNIPAC,
passaremos ao capítulo 3 de nosso trabalho, em que analisaremos os dados produzidos pela
pesquisa.
{PAGE }
Capítulo 3
Análise da relação entre a prática docente e os saberes construídos no Curso Normal
Superior
Apresentamos no primeiro capítulo deste trabalho o nosso referencial teórico,
principalmente pautado nas categorias saber docente e professor-reflexivo.
Quanto ao saber docente, segundo TARDIF (2003), não podemos prescindir da
visão de que os professores são sujeitos do conhecimento, que reúnem em sua prática saber,
saber-fazer, competências e habilidades que fundamentam o trabalho docente desenvolvido na
escola. Caso seja desconsiderado isto, o professor é destituído de sua condição de sujeito e se
torna simples objeto das medidas adotadas pelas autoridades oficiais e de pesquisas e estudos
desenvolvidos acerca da formação de docentes.
No tocante à caracterização do professor reflexivo, entendeu-se que não é possível
ser concebida uma prática que não requeira a reflexão, pois, empregando as palavras de
GHEDIN (2002, p.135), “refletir sobre os conteúdos trabalhados, as maneiras como se
trabalha, a postura frente aos educandos, frente ao sistema social, político, econômico,
cultural é fundamental para se chegar à produção de um saber fundado na experiência”.
Fundamentados em nosso referencial teórico, analisaremos os dados produzidos
por meio de aplicação de questionário, entrevista e observação de práticas docentes. Nosso
propósito é analisar a relação entre a formação de professores das séries iniciais do Ensino
Fundamental no Curso Normal Superior e a prática docente dos estudantes-professores.
Nessa análise, utilizando os dados produzidos na interlocução com os estudantes-professores,
procuraremos responder à seguinte questão: a formação no Curso Normal Superior está
possibilitando a professores formados em nível médio, na modalidade Normal, transformar a
sua prática, seja do ponto de vista político, seja do ponto de vista pedagógico?
.
Como não nos seria possível levantar dados relativos aos resultados obtidos com a
implementação do Curso Normal Superior nas cinco regiões brasileiras, optamos pela
focalização do espaço e da realidade em que atuamos, exercendo o magistério em Carangola,
Divino, Espera Feliz e Alto Jequitibá, municípios da Zona da Mata Mineira.
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3.1- Metodologia de análise dos dados produzidos na pesquisa com estudantes-professores
Para o desenvolvimento deste capítulo, foram produzidos dados a partir de
aplicação de questionário, de realização de entrevista e observação da prática pedagógica de
estudantes-professores, matriculados nos 4° e 5° períodos do Curso Normal Superior,
oferecido pelo Instituto Superior de Educação da Fundação FAFILE de Carangola e pela
Universidade Presidente Antônio Carlos - UNIPAC.
O questionário (anexo 1) foi organizado em quatro partes: na primeira, foram
levantados dados pessoais; na segunda, dados a respeito da opção pelo Curso Normal
Superior; na terceira, dados relativos à prática docente dos estudantes professores; e, na
quarta, dados referentes a relação entre a formação no Curso Normal Superior e a prática
docente dos estudantes-professores . Foi constituído o universo de 31 sujeitos.
As entrevistas foram realizadas sem a fixação de um roteiro prévio. Buscamos
fazer o cotejo entre a fala dos estudantes-professores, as respostas às perguntas do
questionário e sua atuação em sala de aula, ressaltando que as entrevistas ocorreram
paralelamente à realização das observações. Como não nos seria possível realizar as
entrevistas e as observações com os 31 estudantes-professores, optamos por realizá-las com
quatro estudantes-professores, dos cursos oferecidos em Divino e Alto Jequitibá, sendo dois
de cada instituição, Fundação FAFILE de Carangola/ISEC e UNIPAC/SUPRENS. Com isso,
buscávamos aprofundar a análise das questões investigadas, evitando abordagens superficiais.
A escolha dos quatro sujeitos, para observação e entrevista, pois o questionário foi
aplicado nos trinta e um estudantes, se deu pelo fato de eles demonstrarem maior interesse em
participar da pesquisa e assumirem uma posição crítica no que diz respeito ao Curso Normal
Superior. Cabe-nos aqui ressaltar também, a grande dificuldade de acesso as escolas em que
trabalham, pois quase todas são na área rural de dificílimo acesso, em lugares chamados
“Deus me Livre”, “Córrego do Pendura Saia”, “Córrego do São João do Norte”, “Córrego da
Jacutinga”, etc.
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Para o estudo dos dados produzidos por meio da aplicação do questionário,
entrevistas e observações, basear-nos-emos na vertente teórica denominada análise de
conteúdo, que nos permite estudar o que se encontra subjacente ao expresso em depoimentos
orais ou escritos e operar com categorias já existentes, como as de gênero, faixa etária,
escolaridade, ou com outras que viermos a definir, observando o que é compreendido por
FERREIRA (2004): “A categoria é uma forma geral de conceito, uma forma de pensamento.
As categorias são reflexo da realidade, sendo sínteses, em determinado momento, do saber”.
No tocante à análise dos dados, vamos estudá-los por parte e, em alguns casos,
relacionando dados de uma parte com os de outra parte. Os dados referentes à parte 1 serão
analisados a fim de constituir um perfil sociocultural dos estudantes e inferir sobre o que
significa ter formação superior em uma região em que a escolaridade se constitui como fator
de mobilidade e distinção social.
Os dados das partes 2, 3 e 4 serão analisados a fim de avaliarmos a formação de
professores no Curso Normal Superior, realizada nas duas instituições de ensino superior
pesquisadas, relacionando-a à prática docente dos estudantes-professores. Cabe aqui ressaltar
que a nossa análise se restringe a um universo específico. Sendo assim, tomaremos o cuidado
no sentido de não generalizar qualquer conclusão a que cheguemos, tendo em vista que não
pretendemos considerar representativas, em nenhum âmbito, as experiências singulares aqui
investigadas.
3.2- Caracterização sociocultural dos estudantes-professores
Na primeira parte do questionário, levantamos dados pessoais dos estudantes-
professores. Procuraremos, analisando os dados, caracterizar o perfil sociocultural de nossos
sujeitos, prendendo-nos a dois pontos: em primeiro lugar, focalizaremos o gênero e a faixa
etária; em segundo lugar, dados referentes à origem social dos estudantes-professores, à
escolarização e à profissão dos seus pais.
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3.2.1- Gênero dos estudantes-professores
De todos os 31 estudantes-professores, 6 % são do gênero masculino e 94%, do
feminino. Estes dados reforçam uma tendência no tocante à formação de professores das
séries iniciais do Ensino Fundamental: a de reunir maior contingente de mulheres e a menor
presença de homens, remetendo-nos à feminilização do magistério das séries iniciais do
Ensino Fundamental, processo que desde o século XIX se dá em nosso país4. Essa tendência,
parece reproduzir-se no Curso Normal Superior, considerando os dados apresentados no
gráfico 1:
Gráfico 1
Gênero dos estudantes-professores
3.2.2- Faixa etária dos estudantes-professores
No que diz respeito à faixa etária, pelo gráfico 2, 100% dos estudantes se
encontram fora da faixa que supostamente seria regular, entre 20 e 21 anos. Esse dado aponta
para o fato de que o ingresso no curso superior está associado à impossibilidade de ingressar
logo após a conclusão do Ensino Médio, à necessidade de ingresso prematuro no mercado de
trabalho ou ao fato de o casamento representar um empecilho, como no caso da estudante 14,
cujo marido, fazendeiro, impediu-a de continuar seus estudos. “Meu marido vai todos os
dias as 22:00 buscar nossa filha que estuda numa escola próxima da minha, mas por ele
ser contra eu estudar, e até hoje ter me impedido, ele não me leva, como forma de
punição, também não paga um centavo para mim, coisa de marido ciumento e com
mentalidade antiga...”
4 SAMPAIO, Maria das Mercês Ferreira, MARIN, Alda Junqueira, abordando a precária situação do trabalho docente em nosso país, tratam da feminilização do magistério, indicando que esse processo não é recente, pois remonta ao final do século XIX e início do século XX.
{ EMBED Excel.Sheet.8 }
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Na entrevista realizada no dia da observação de sua prática docente, ela narrou
que alimentava o sonho de ingressar na faculdade, mas ao se casar se viu obrigada a
abandoná-lo, até que conseguiu, após 15 anos, o apoio de familiares para retomá-lo,
ingressando no Curso Normal Superior, oferecido próximo ao local onde reside. Essa
situação ocorreu também com a estudante 16, cujo marido criou obstáculos durante alguns
anos para seu ingresso em curso de nível superior.
Além do que foi exposto acima, podemos apresentar e discutir a hipótese de que
nossos estudantes ingressaram no Curso Normal Superior em função do que está estabelecido
no TÍTULO IX - Das Disposições Transitórias, da atual LDBEN, art. 87, parágrafo 4º, “Até o
fim da Década da Educação somente serão admitidos professores habilitados em nível
superior ou formados por treinamento em serviço”. Se eles não concluíssem o ensino
superior, ficariam na situação de serem colocados para fora do mercado de trabalho. Neste
caso, podemos inferir que o fator mais determinante na decisão de ingresso no ensino superior
não estaria preso estritamente à formação de professores em si, mas a elementos externos,
aqueles que geraram novas demandas, como a de formação em nível superior de professores
das séries iniciais:
Estudante 14 - “pensava em fazer Pedagogia, mas as leis mudaram muita coisa... parece que
o Curso Normal Superior vai ajudar mais do que a Pedagogia... que era o curso que eu queria
fazer... e também eu não queria ficar para traz nas distribuições de aulas. Com este diploma
vai melhorar muito para mim”.
Estudante 8 - “No primeiro momento foi por necessidade, e medo de perder minha vaga para
alguém mais qualificado do que eu”.
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Gráfico 2 Faixa Etária dos estudantes-professores
3.2.3- Origem social dos estudantes-professores
No tocante à origem social dos estudantes-professores, focalizaremos dois pontos:
grau de escolaridade e profissão dos pais dos estudantes. Esses dois pontos servem de
indicativos para percebermos o processo de mobilidade social decorrente da escolarização.
Constatamos, de acordo com o gráfico 3, que 87% dos pais de nossos alunos se
constituem de analfabetos, semianalfabetos, com grau de escolaridade de ensino fundamental
incompleto e completo. Estes dados são significativos ao analisarmos o novo status social
adquirido por aqueles que se graduam em curso de nível superior, sobretudo em uma região
como a de Carangola, Divino, Espera Feliz e Alto Jequitibá. Nestes municípios da Zona da
Mata de Minas Gerais, a instrução superior era sempre destinada aos mais abastados
economicamente, os fazendeiros e os seus filhos. Os agricultores, em função da lida e do
baixo poder aquisitivo, mal concluíam o primário. Isto gerava um sentimento de inferioridade
que os pais não desejavam transmitir para seus descendentes: estes deveriam estudar para não
pegar na enxada. Estudando, ocupariam um outro espaço na sociedade e seriam mais
respeitados em função da sua instrução.
{ EMBED Excel.Sheet.8 }
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Gráfico 3 Grau de escolaridade dos pais dos estudantes-professores
A ascensão social pela diplomação em nível superior de ensino se confirma
quando levamos em consideração a profissão dos pais, que apresentamos no gráfico 4:
Gráfico 4
Profissão dos pais dos estudantes-professores
{ EMBED Excel.Sheet.8 }
{ EMBED Excel.Sheet.8 }
{PAGE }
Pelos dados contidos no gráfico 4, notamos que aproximadamente 90% das
ocupações profissionais dos pais dos estudantes-professores não exigem grau superior de
instrução. Sendo assim, estes não desempenham papel de destaque na sociedade, ou seja, são
meramente trabalhadores.
Em função deste fato, percebe-se a tendência de esses pais investirem na formação
de seus filhos, de modo que estes não tenham o mesmo destino e possam ser reconhecidos
pela escolarização superior. Em resumo, ao se formar em um curso de graduação, os
descendentes ocuparão um lugar na sociedade diferente de seus pais: sairão da condição de
descendentes de agricultores, lavradores, domésticas, comerciantes, costureiras, e de outras
profissões que não exigem grau superior de ensino, e passarão a constituir uma nova linhagem
familiar.
3.3- O Curso Normal Superior sob o olhar dos estudantes-professores
Nesta seção, trataremos da visão e das impressões dos estudantes-professores
acerca do Curso Normal Superior: da justificativa de sua opção à avaliação de aspectos
relacionados ao curso e dos reflexos deste na prática docente das séries iniciais do ensino
fundamental.
3.3.1- O porquê da opção pelo Curso Normal Superior: aprimoramento da prática docente ou atendimento ao estabelecido em lei?
Quando organizamos os questionários, tivemos a preocupação de reservar uma
parte para coletar dados acerca da opção pelo Curso Normal Superior. Entendíamos que a
partir das respostas dadas tornar-se-ia possível testar duas hipóteses sobre esse assunto: busca
de aperfeiçoamento da prática docente e a opção decorrente do atendimento à imposição
contida na atual LDBEN. No gráfico 5 apresentamos dados que se tornam fundamentais para
revermos essas duas hipóteses.
{PAGE }
Gráfico 5 Opção pelo Curso Normal Superior
Pelo gráfico 5, notamos que 46% dos estudantes-professores optaram pelo Curso
Normal Superior em busca de aprimoramento. Isto significa que os estudantes-professores
reconheceram nele uma alternativa para a busca de resposta a problemas identificados durante
o desenvolvimento de sua prática docente, atuando em suas respectivas escolas. Este fato foi
indicado pelas estudantes 08, 14 e 21 em entrevista realizada no dia da observação das
práticas docentes :
Estudante 21 – “eu queria ser uma professora mais qualificada”.
Estudante 08 – “busco no curso meu crescimento profissional e intelectual”.
Estudante 14 – “nós, professores, temos que nos atualizar sempre”.
Essas três estudantes-professoras diante da oportunidade de ingressar no Curso
Normal Superior tinham a expectativa de se aprimorarem a fim de solucionar problemas que
vivenciavam, atuando em escolas de turmas multiseriadas e observando as dificuldades que
seus alunos apresentavam para apreender os conteúdos das matérias escolares.
{ EMBED Excel.Chart.8 \s }
{PAGE }
Em segundo lugar, observa-se a opção em decorrência do entendimento de que,
após a promulgação da atual LDBEN, tornara-se obrigatória ao professor das séries iniciais do
ensino fundamental a formação em nível superior. Considerando este dado, podemos
entender que o ingresso no Curso Normal Superior não se associa a algum projeto de
aperfeiçoamento profissional, mas de acomodação ao novo contexto educacional em que o
nível de escolaridade se configura como fator determinante na habilitação profissional, bem
como garantia de emprego.
Além desses dois fatores, notamos que a opção foi feita em decorrência de outros
fatores como o financeiro, o custo do curso não ser tão elevado, a necessidade de ter curso
superior (poderia ser qualquer um) e o fator geográfico:
Estudante 16 – “a escolha pelo Curso Normal Superior foi mais por falta de opção e pela
facilidade”.
Estudante 05 – “É um curso que está dentro das possibilidades econômicas dos professores”.
Estudante 10 – “Fácil acesso”.
Estudante 30 – “Rever amigos e conquista de novas amizades e uma nova visão para atuar
em sala de aula”.
Separando os motivos em dois grupos, no primeiro, aquele preso estritamente ao
desempenho das atividades do magistério, no segundo, aqueles que não estão estritamente
associados às atividades docentes, notamos que a maioria dos estudantes-professores, 54%,
não tem no Curso Normal Superior um caminho que lhe permita consumar um projeto
profissional e político, que focaliza o papel social do professor e a importância da educação
no processo de inclusão social de indivíduos oriundos de camadas sociais marginalizadas
economicamente.
3.3.2- O papel do Curso Normal Superior de acordo com os estudantes-professores
Alguns aspectos foram levantados sobre a avaliação que os estudantes-professores
fazem do Curso Normal Superior. Dividimo-los em aspectos positivos e negativos, com o
{PAGE }
propósito de perceber se eles estão associados ao curso em si ou a outros fatores, que não
estariam estritamente relacionados ao curso.
Gráfico 6 Avaliação do Curso Normal Superior: aspectos positivos
Segundo os dados apresentados acima, é possível perceber que 84% se prenderam
a fatores associados ao curso em si: importância dos conhecimentos adquiridos, acesso a
informações atualizadas e trabalho com projeto de pesquisa; enquanto 16%, a um fator que
não deveria ser associado ao curso, mas que acabou sendo, talvez em função de relações
sociais, como laços de amizade construídos.
Todos os fatores positivos indicados pelos estudantes-professores apontam a
importância de envolver professores com atividades fora do espaço de trabalho,
proporcionando acesso a novos conhecimentos, a informações atualizadas e a trabalho com
projetos. Vale destacar que foi indicado o diálogo entre o conhecimento construído e
constituído pelo docente e o conhecimento abordado no Curso Normal Superior. Isto pode
indicar a postura do estudante-professor de se inferiorizar diante da “importância do saber
acadêmico” e, de acordo com a educação bancária, caracterizada por Paulo Freire, se assumir
como um cofre vazio esperando ser preenchido com as moedas de conhecimentos depositadas
pelo professor.
{ EMBED Excel.Chart.8 \s }
{PAGE }
Estudante 14 – “sim, estou gostando muito, ele está ajudando a renovar minhas idéias,
abrindo novos caminhos para ensinar melhor aos meus alunos”.
Estudante 16 – “estou gostando muito, para mim o aprendizado tem sido maravilhoso, o
material é muito rico”.
Estudante 8 – “sim, mas na verdade não era bem isso que eu esperava, na verdade estou bem
decepcionada”.
Estudante 21 – “para falar a verdade estou bem decepcionada com o curso, minha
expectativa é que ali eu aprenderia a ser professora”.
Gráfico 7 Avaliação do Curso Normal Superior: aspectos negativos
Quanto aos aspectos negativos, 61% se prenderam a fatores estritamente
relacionados ao curso, metodologia inadequada dos professores e falta de infra-estrutura. 39%
indicaram fatores que não se associam diretamente ao curso, falta de tempo para estudar e
desinteresse dos colegas. Esses dois fatores indicados por 39% dos estudantes-professores são
destacados pelas quatro estudantes-professoras que foram entrevistadas e tiveram sua prática
observada:
Estudante 14 – “É não ter um lugar para pesquisar, é não ter uma biblioteca, um computador
e também o fato de ficar isolado, por ser apenas uma turma, aí não tem convívio como numa
faculdade, tem poucas pessoas para trocar idéias. Também acho péssimo o lugar onde o Curso
{ EMBED Excel.Chart.8 \s }
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está funcionando, na biblioteca pública da cidade, este espaço não contribui em nada, só
prejudica, não é uma sala de aula, ficamos no meio de mesas, estantes, merenda escolar, sem
nenhuma privacidade, pois a parede da frente é toda de vidro de frente para a rua, o barulho
também atrapalha muito, toda hora alguma coisa tira a concentração da gente. Outro aspecto
negativo é sobre a administração e coordenação do Curso. Eles simplesmente não aparecem...
a Coordenadora vem apenas duas vezes por semestre, e fica no máximo 15 minutos. Nunca
atendeu nada do que foi pedido. A gente fica sem ter com quem reclamar das coisas que
acontecem. Por exemplo: acho que estou ficando no prejuízo, pois é um tal de falta coletiva, é
professor que termina a aula todo dia mais cedo, que falta sem avisar... eu acho que a
administração tinha que se mostrar mais presente para resolver isso com alguma punição, pois
os prejudicados somos nós! Outra coisa é o exagero de trabalhos que os professores nos
pedem para fazer. Mas eu sei que nem tudo que a gente quer é possível, por isso vou tentando
vencer todos os obstáculos que aparecem, pois já considero uma benção de Deus estar
fazendo este Curso”.
Estudante 16 - “Vejo muitos pontos negativos no curso, como a falta de união dos colegas,
pois cada um tem um objetivo diferente, muita gente está fazendo o curso só por fazer, só para
ter diploma de curso superior. Outra coisa é o lugar que o curso funciona, que é na biblioteca
da cidade, acho muito ruim, e acho que o ambiente não é favorável, acho que o lugar não é
um exemplo de ambiente, a gente tem que ter força de vontade para não deixar isso
atrapalhar. Outra coisa é a falta de uma biblioteca do curso, devido a quantidade de trabalhos
que são pedidos, e também uma sala de informática com internet, pois fizemos um semestre
de aula de informática, sem nenhum computador, e fica muito difícil aprender sem praticar.
Sobre a parte administrativa acho que fica tudo a desejar, as coisas que reivindicamos não são
atendidas, a exemplo do próprio lugar que estamos fazendo o curso. Eu não queria apenas um
certificado de curso superior, eu queria e quero adquirir conhecimentos para trabalhar
melhor”.
Estudante – 8 – “Acho que deveríamos ter, no mínimo, em nossa biblioteca, os livros que
constam da ementa de cada disciplina, pelo menos a básica, mas não existe nada! Eu fui lá
com uma lista de 15 livros e não encontrei nenhum! Quando reclamei com a coordenadora ela
disse que pediu aos professores de cada disciplina que trouxessem esses livros para ficarem
emprestados durante o semestre... Outra coisa de negativo, são alguns professores, que
literalmente não ensinam nada, ficam contando coisas de sua vida pessoal para o tempo
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passar, depois pedem trabalhos, e pedem para que apresentemos. Também tem a coisa das
faltas coletivas... acho que é pela falta de interesse nas aulas... ou é porque não se tem controle
disso... às vezes se falta dois dias seguidos, e quase sempre vamos todos embora na hora do
intervalo, fico preocupada, como moro na roça, tem dia que não dá para vir, e fico com medo
das faltas, mas já vi, que ninguém toma pau por falta nesta escola”.
Estudante 21 – “Acho o atendimento administrativo péssimo! Quando reclamamos de algum
professor, nenhuma medida é tomada, o que falamos e reivindicamos não é levado em
consideração. Não temos uma biblioteca adequada, não temos um computador, não temos
internet, e não temos acesso a nenhuma documentação nossa, nem notas, vai tudo para a sede
em Barbacena, que nem sabemos direito onde fica. Outra coisa são esses seminários de 10
horas todos os sábados, a carga horária a ser cumprida é muito grande. Acho que o curso não
está fazendo o que ele se propôs a fazer, eu entrei sabendo uns 10% do que é ser professora,
acho que até o final do curso, com muito esforço e sorte, vou sair sabendo uns 60%.
A fim de tecer comentários sobre os fatores negativos, resolvemos separá-los e
abordá-los em subseções, como a seguir apresentaremos.
3.3.2.1 – Os fatores tempo e espaço como empecilho à formação do professor
No tocante à falta de tempo, a nossa ida até o local de trabalho e a entrevista com
as estudantes foram suficientes para constatar que o tempo é insuficiente para que elas se
desdobrem entre as tarefas profissionais, acadêmicas e domésticas. Como poderia haver
tempo em um dia em que se levanta às quatro horas e quarenta e cinco minutos da manhã e se
dorme por volta das duas horas da manhã, após atuar na escola, servir filhos e marido, ir
assistir às aulas do Curso Normal Superior e, por fim, caminhar por duas horas até chegar à
sua residência, sem falar que é à noite, sozinha, a mercê de chuvas e trovoadas:
Estudante 8 – “Bom... eu me levanto todos os dias, pontualmente, as 4:45 da manhã, pois
meu marido é lavrador, moramos na roça, e eu tenho que preparar o almoço para ele levar
para a lavoura, e ainda, adiantar o serviço da casa, e conseguir chegar na escola por volta das
6:40. Trabalho até as 11:20, e volto para casa, e vou cuidar dos meus filhos, do meu marido e
dos afazeres domésticos , além de preparar as aulas do dia seguinte. Por volta das 17:00 me
apronto para ir para Divino, no ônibus que a prefeitura disponibilizou para levar os alunos
para estudarem, a cidade fica mais ou menos 15 km de distância, mas tenho que andar 3 km
{PAGE }
até o ponto do ônibus. Na ida tudo bem, mas na volta, o ônibus vem parando muito e quando
me deixa no tal ponto, já é por volta de 1:00 da manhã, e tenho que ir a pé o restante do
caminho, completamente sozinha, debaixo de chuva e trovoada, que eu nunca vi lugar para
chover tanto, como aqui no São João do Norte, e vou de morro acima, que a minha casa fica
lá no alto do morro, é a última! Chego em casa já quase na hora de levantar,mas acho que está
valendo a pena, o tempo está passando depressa e logo estarei formada”.
Estudante 16 – “Como eu dou aula de manhã, tenho que acordar muito cedo, no máximo às
5:00, pois a escola é bem longe. Deixo minha filha na casa da minha irmã, e meu marido me
deixa num posto de gasolina, que é caminho do trabalho dele, de lá eu sigo de carona ou a pé
os 8 km restante. A volta é do mesmo jeito, de carona ou a pé até o posto de gasolina e de lá
tem um ônibus, mas só passa muito tarde, e quando chego em casa, mal tenho tempo de
buscar minha filha, cuidar das tarefas de casa e ir para Alto Jequitibá, onde faço o curso.
Quando volto para casa já é bem tarde, e encontro sempre meu marido emburrado, pois ele é
contra a minha decisão de continuar meus estudos, e não me ajuda em nada, estou pagando
com o meu salário, que não chega a R$250,00 por mês, mas tudo bem, enquanto der para
pagar não tenho do que reclamar, e tenho certeza que vou até o fim.
Estudante 14 – “Eu me levanto todos os dias às 4:30 da manhã, para dar conta de fazer tudo.
Acendo o fogão, faço o café, lavo a roupa, cuido dos meus três filhos, faço o almoço, que na
roça é servido às 9:30, depois vou fazer queijos e outros serviços da casa. Às 11:00 me
preparo para ir dar aula, trabalho numa escola que fica mais ou menos a 3 km da minha casa,
e eu vou a pé. Trabalho até 16:30, depois volto e me preparo para ir para Alto Jequitibá, que é
onde faço o Curso Normal Superior, vou de Van, mas ela demora muito na volta, pois vem
pegando gente de outros lugares, e quando passa em Alto Jequitibá já é mais de meia noite, e
ela ainda me deixa a 1 km de casa, tenho que terminar de chegar a pé. Meu marido vai todos
os dias às 22:00 buscar nossa filha que estuda numa escola próxima da minha, mas por ele ser
contra eu estudar, ele não me leva, como forma de punição, também não paga um centavo
para mim, coisa de marido ciumento e com mentalidade antiga... mas, Deus tem me ajudado
muito, e eu estou conseguindo.Quando chego vou logo dormir, pois já está quase na hora de
levantar novamente, mas acho que está valendo a pena!”
Estes fatos reforçariam a crítica apresentada por SACRISTAN (2002) à
concepção do professor reflexivo. Realmente, diante de todos os afazeres desses profissionais
{PAGE }
e da dificuldade de se deslocar de casa para o trabalho e de casa para o local onde é realizado
o Curso Normal Superior e vice-versa, seria demais exigir deles que se tornassem professores
reflexivos.
Inferimos, então, que o assoberbamento inviabiliza a formação do professor
reflexivo. Esta inferência poderia nos levar ao erro, caso não levássemos em consideração
outros dados trazidos pelos professores que responderam à pergunta Existem no cotidiano da
escola espaço e tempo para o desenvolvimento de reflexões sobre a sua prática
pedagógica? Se existem, como são aproveitados?, constante da 3ª parte do questionário
aplicado.
Dos quatro estudantes-professoras, que tiveram suas práticas docentes observadas,
duas estudantes-professoras indicaram que a escola reservava espaço e tempo para a reflexão,
enquanto as outras duas responderam negativamente. Reunindo a resposta destas estudantes à
dos demais estudantes, observamos que 58,1% apontaram que existe tempo e espaço para
reflexão na escola, enquanto 38,7% afirmam que não há5.
Diante desses dados, observamos que mesmo assoberbada, a maioria dos
estudantes-professores dispõe de tempo e espaço na escola, para desenvolver reflexões sobre a
sua prática. A questão a ser apresentada é a seguinte: de que modo são desenvolvidas as
reflexões sobre a prática que se efetiva em ambiente escolar? Nas respostas dos estudantes-
professores, este modo é indicado sem uma caracterização metodológica, como pode ser
observado abaixo em quatro respostas transcritas:
Estudante 9 – “Sim, estudo de grupos, em relação aos alunos, avanços,
aprendizagem, dificuldades, no horário de Educação Física”.
Estudante 12 – “Sim através de reuniões e debates levando a montar projetos que
são desenvolvidos conforme os recursos obtidos e capacidade de cada aluno”.
Estudante 15 – “Existem sim. Na elaboração de projetos, planos de curso,
escolha de metodologias de ensino e outros”.
Estudante 17 – “Sim. Existe grande espaço, tempo e desenvolvimento, para
reflexões para prática pedagógica. São bastante aproveitadas com vídeo, teatros, pesquisas,
enfim várias coisas que são bastante aproveitáveis”.
5 A resposta da informante 30, que corresponde a 3,2% do universo pesquisado, não foi considerada.
{PAGE }
Conforme observamos, quando o estudante-professor apresenta o modo como são
aproveitados o tempo e o espaço para a reflexão, percebe-se que ele não caracteriza, de fato, o
aproveitamento desses dois fatores. Aqui estaria um problema que poderia ser abordado no
Curso Normal Superior, a fim de proporcionar ao estudante-professor uma formação em nível
superior que correspondesse às expectativas, que lhe permitisse aguçar sua curiosidade de
aprender e atuar no sentido de superar os problemas identificados no desenvolvimento de sua
prática docente.
Se o Curso Normal Superior correspondesse às expectativas iniciais geradas e
proporcionasse uma formação que destacasse, por exemplo, a importância do saber docente,
construído e constituído em ambiente escolar e a caracterização do professor reflexivo, o
esforço despendido por aqueles que ingressaram buscando o desenvolvimento profissional
poderia ser compensado. Neste caso, a reflexão seria mais determinante, pois realçaria, na
prática docente, a perspectiva de que o exercício do magistério requer um professor que não
fique se lamentando pelos problemas que lhe surgem e causam aflição, mas que busque
alternativas e avalie seus resultados no sentido de oferecer aos seus alunos uma formação que
os capacite a assumir plenamente sua cidadania e desenvolver suas competências individuais.
Além dos dados apresentados nos gráficos 6 e 7, apresentamos outros produzidos
pelas estudantes 08, 14, 16 e 21, nas entrevistas realizadas nos respectivos dias de observação
de práticas docentes. As duas que estudam em Alto Jequitibá, estudantes 14 e 16, relacionam
o local onde é oferecido o curso, uma biblioteca pública, cujas acomodações não são próprias
para o desenvolvimento de aulas. Além disto, o acervo da biblioteca não atende às demandas
dos estudantes. As estudantes 08 e 21, de Divino, observaram que não são oferecidos recursos
tecnológicos para o desenvolvimento de pesquisas, como computador com acesso à internet.
Os dados produzidos pela nossa pesquisa apontam uma realidade para a qual não
se pode fechar os olhos, pois está relacionada às condições em que é oferecido o Curso
Normal Superior. O importante não é oferecer um curso com infra-estrutura que permita aos
estudantes assistir às aulas em acomodações destinadas a este fim e desenvolver estudos tendo
acesso a referências bibliográficas em meio físico e em meio magnético, empregando recursos
de informática, mas disponibilizar local e profissionais, supondo que isto é o suficiente para
caracterizar a formação de profissionais capazes de atuar em áreas rurais, com turmas
multiseriadas. Esta prática, na verdade, reforça uma tendência contemporânea do ensino,
sobretudo o oferecido pela iniciativa privada que banaliza a educação e não realça o seu papel
{PAGE }
na formação de indivíduos capazes de enfrentar e superar os problemas que lhes são impostos
pelo sistema capitalista em que vivem, apostando na criação de um modelo de sociedade em
que os direitos sociais, como educação e a saúde, não sejam solapados, mas garantidos.
Considerando os dados do questionário, da entrevista e da observação das práticas
docentes, concluímos que as condições oferecidas aos alunos estão aquém de sua realidade
profissional e pessoal. Todos esses fatores acabam levando-nos a inferir que o curso não vem
permitindo um melhor aproveitamento dos estudantes e representa mais um compromisso na
vida de professores assoberbados por atividades escolares desenvolvidas em dois turnos
diários nas escolas e tarefas domésticas, em seus lares. No entanto, a despeito da indicação de
todos esses aspectos negativos, 100% dos estudantes acham que o curso tem ajudado a
refletir, problematizar e atuar na educação escolar, talvez pela avidez de superar obstáculos de
natureza diversa e ser graduado em curso superior.
Estudante 14 – “Tem me ajudado muito, hoje vejo meus alunos com outros olhos, nosso
relacionamento melhorou muito, me ajudou a lidar com situações diversas, me ajudou a
perceber que tenho que avaliar o aluno na sua vida social e cultural. Tenho aprendido novas
técnicas pedagógicas que antes não conhecia.”
Estudante 16 – “Sim, em muita coisa, mas acho que o que se ensina no curso, não se aplica à
realidade dos alunos, que são muito carentes e com enormes problemas de aprendizagem, e eu
não consigo aplicar a teoria que é passada no curso. Parece que o curso está fora da realidade,
por isso na maioria das vezes, nas minhas aulas, eu uso mais a minha experiência, do que os
conhecimentos adquiridos no curso.” No dado que esta estudante apresenta, acho importante
mostrar trechos da observação de sua prática docente, na sua turma que é multiseriada:
“a turma é um abacaxi! Mas comigo eles vão aprender de qualquer jeito, nem que seja na base
do grito!”
“vocês fazem tudo errado, já podem deixar a borracha em cima da carteira para eu apagar, e
vocês vão fazer tudo de novo!”
“Calem a boca! Vocês não me conhecem, não brinquem comigo! Está todo mundo sem
Educação Física!”
“Vou entregar o Dever de Casa e quem não fizer vai ter um castigo, vai se arrepender!”
{PAGE }
Estudante 8 – “Sinceramente muito pouco. Criei muitas expectativas e realmente elas não
foram alcançadas. O que uso mesmo é minha experiência, mas de alguma forma o curso acaba
ajudando, principalmente a refletir sobre como agir com meus alunos, sem ser tão
tradicional...” Também com esta estudante acho importante mostrar trechos de sua prática
docente. Ela trabalha na área rural com turma multiseriada, com alunos extremamente
carentes:
“Façam um bilhete para alguém convidando para sua festa de aniversário! (os alunos ficam
em silêncio, e alguns perguntam: para quem? E ela diz: para quem você quiser! O outro
pergunta: que dia é o meu aniversário? Ela responde, escreve qualquer data! Alguns alunos
fogem da sala...”
“Agora para o Dever de Casa eu quero que vocês façam um bilhete convidando alguém para
um Pic-Nic! Todos ficam mudos...”
Estudante 21 – “Para falar a verdade tem ajudado muito pouco, somos salvos por
alguns professores mais comprometidos, que desenvolvem algumas dinâmicas de grupo muito
interessante, e tem também a Pratica Pedagógica, que sempre acrescenta alguma coisa, mas
não acho que estando hoje no 4º período, muita coisa mudou na minha forma de agir com
meus alunos”.
3.3.3- As disciplinas do Curso Normal Superior indicadas como mais importantes
Gráfico 8 Disciplinas curriculares que colaboram no desenvolvimento da prática docente
{ EMBED Excel.Chart.8 \s }
{PAGE }
Considerando as características dos estudantes-professores, ressalta-se no gráfico
8 a preferência por disciplina de caráter prático, ou nas quais podem ser encontradas soluções
para problemas observados em sala de aula de turmas das séries iniciais do Ensino
Fundamental: 51% indicaram, na ordem, Prática Pedagógica de Ensino, Metodologia das
Ciências e Metodologia de Geografia.
Estudante 14 – “Todas ajudam muito, umas mais que as outras, como por exemplo, a Prática
Pedagógica, a Didática, Alfabetização e Matemática, outras como Filosofia não ajudam
muito, mas gostei muito do que aprendi.
Estudante 16 – “Para mim é a Prática Pedagógica, porque é trabalhado o social, as
dificuldades dos alunos, a Didática e Alfabetização também ajudaram um pouco, mas é a
Prática Pedagógica que ensina como trabalhar e como levar o que se aprende na faculdade,
para a sala de aula. Acho que as outras disciplinas que constam no currículo, não ajudam
muito, para mim, só servem para encher lingüiça, e acho que os professores não demonstram
nenhum interesse, parece que estão ali só por estar, passa a matéria mais não procura saber se
a turma realmente aprendeu, se realmente se está construindo algum conhecimento. Para mim,
muitas matérias não têm utilidade nenhuma, ou não são passadas de forma correta, fazendo
com que eu não tenha aproveitamento nenhum, nem para mim, nem para meus alunos. É
diferente de estudar Português, onde o professor ensina como produzir um texto.
Estudante 8 – “As Metodologias de Português e Matemática, que eu estava ansiosa para
fazer, não me ajudaram em nada! A única disciplina que ajudou um pouco, foi a Prática
Pedagógica, mesmo assim é muita teoria que não tem como ser aplicada na nossa prática
diária, mas muitas vezes alertou como agir com os alunos e até com meus próprios filhos.
Hoje eu uso muito o diálogo com eles, procuro escutá-los mais, antes eu gritava muito.
Uma disciplina como Psicologia que poderia colaborar no sentido de o próprio
professor buscar soluções para as dificuldades de aprendizagem apresentadas por seus alunos,
foi indicada por 8% dos estudantes. Esta indicação suscita um questionamento: por que os
estudantes-professores vêm dando menor preferência a uma disciplina que colabora para a
compreensão de processos que se dão durante o desenvolvimento da criança? Responderemos
a esta indagação após algumas considerações que apresentamos a seguir.
{PAGE }
Considerando o fato de que as autoridades vêm dando relevo às estatísticas
educacionais e, em especial, ao número de aprovados e dos reprovados, em função de
obtenção de verbas junto a organismos financeiros nacionais e internacionais, e pressionam os
professores no sentido de que aprovem mais seus alunos, os docentes buscam corresponder,
levantando e aplicando receitas de bolos, ou seja, métodos que facilitam a apreensão dos
conteúdos programáticos, permitindo que os alunos obtenham bons resultados nas avaliações
escolares.
Nesse caso acima, percebemos que o professor não se vê preparado para refletir
sobre esta situação e assumir que ele não é o único responsável pelas dificuldades de
aprendizagem e, conseqüentemente, pela aprovação e reprovação dos alunos. Como não
desenvolveu uma visão crítica, incorpora, de modo isolado e, podemos dizer, ingênuo, a culpa
pelos problemas de aprendizagem apresentados por seus alunos e, a responsabilidade de
descobrir soluções seja onde for, quando se propõe a superar os obstáculos observados. Neste
caso, o seu desejo é que seu aluno seja, pelo menos, alfabetizado e aprenda as operações
matemáticas básicas, contar, somar, diminuir, multiplicar e dividir, como no depoimento de
nossa estudante 16 (anexo 3.3): “minha turma é um abacaxi, várias professoras já a
abandonaram, por isso nem faço plano de aula: o plano está na minha cabeça, que
comigo eles vão aprender de qualquer jeito, nem que seja na base do grito!”
Retomando a análise dos dados apresentados no gráfico 8, a falta de interesse por
disciplinas como Psicologia pode também estar associada a um dado que consta do gráfico 7,
a crítica ao desenvolvimento das aulas de certos professores, como é citado pela estudante 21
(anexo 4): “... os professores não estão de acordo com o que se propõe no programa de
ensino, as aulas são muito chatas, e a maioria dos professores ficam falando de sua vida
pessoal, de política e de Igreja, e quase não passa matéria nenhuma”. Outro aspecto que
podemos acrescentar aqui é a qualificação dos docentes, para a atuação no Curso Normal
Superior. Como se sabe, são necessários, pelo menos, 10% de mestres e doutores, como está
determinado no parágrafo 1° do Art. 4.° da Resolução CP n.º 1, de 30 de setembro de 1999:
§ 1º O corpo docente dos institutos superiores de educação, obedecendo ao disposto
no Art. 66 da LDB, terá titulação pós-graduada, preferencialmente em área
relacionada aos conteúdos curriculares da educação básica, e incluirá, pelo menos:
I - 10% (dez por cento) com titulação de mestre ou doutor...
{PAGE }
Como torna-se difícil às autoridades exercer maior controle sobre o oferecimento
dos cursos superiores, algumas instituições acabam optando por contratar professores para
ministrarem aulas de disciplinas como Psicologia, Sociologia da Educação, Filosofia da
Educação, dentre outras. Tais professores podem ter apenas pós-graduação lato sensu, como
por exemplo, Especialização em Docência de Ensino Superior, o que lhes permite lecionar
disciplinas para o oferecimento das quais se encontram habilitados, por constarem de seu
diploma de graduação ou certificado de pós-graduação. Este fato acaba comprometendo a
qualidade do curso, o que de certo modo foi indicado por 28% dos nossos estudantes-
professores, como consta do gráfico 7.
Essa situação representa mais um elemento caracterizador do que foi apontado ao
final da subseção 3.3.2.1: o mais importante não é oferecer o Curso Normal Superior tendo
um corpo docente com qualificação e titulação condizente com a importância de um curso
superior, mas disponibilizar recursos humanos legalmente e academicamente habilitados.
3.4- A prática docente dos estudantes-professores
Nesta seção abordaremos os dados referentes à prática docente dos estudantes-
professores. Nosso propósito é perceber se nela se caracterizam mudanças que estariam
associadas à formação no Curso Normal Superior.
3.4.1- A relação entre os estudantes-professores e seus alunos
No gráfico 9, são apresentados dados referentes à relação entre os estudantes-
professores e os alunos para os quais lecionam nas escolas em que atuam. Na organização do
questionário, vale acrescentar, achamos importante observar como se efetivava a relação entre
estudantes-professores e os alunos com que estes atuavam em ambiente escolar.
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Gráfico 9 Relação professor e aluno
das séries iniciais do Ensino Fundamental
Pelo gráfico 9, a relação entre professor e aluno se pauta, sobretudo, pela amizade,
o que se constata pela indicação de 80% dos estudantes-professores. Isto, de certo modo, nos
surpreendeu, uma vez que nos prendíamos à hipótese de que prevaleceria a relação
profissional.
Nas entrevistas e nas observações da prática docente, notamos que a tendência à
relação de amizade se associa ao contexto em que atuam as professoras. Em geral, mais do
que de conteúdos de ensino, os alunos carecem de orientações de higiene corporal, hábitos
alimentares e outras. Essa carência acaba levando os professores a estabelecerem uma relação
mais próxima com os alunos: acabam, de certo modo, substituindo ou exercendo o papel de
mãe, da mãe que afaga, realçando o fator humano, e pune, a fim de disciplinar os seus alunos.
Esta situação poderia ser abordada durante a formação em nível superior, revendo
o papel a ser desempenhado pelo professor em comunidades rurais, como as dos municípios
da Zona da Mata Mineira, onde nossos estudantes-professores atuam. Os levantamentos de
algumas questões acerca deste assunto permitiriam a nossos estudantes-professores rever o
seu papel, reconhecendo, primeiramente, as teorias subjacentes à sua prática, avaliando-as e
adotando outras que viessem a transformar e redimensionar a sua prática em ambiente escolar.
{ EMBED Excel.Chart.8 \s }
{PAGE }
Como os estudantes-professores observaram, o curso não vem levando em
consideração o contexto social em que atuam, nem estabelecendo diálogos entre práticas e
teorias de modo que seja revelado o que está implicado no fazer docente.
3.4.2 – Avaliação da prática docente dos estudantes-professores
Ao final da 3ª parte do questionário, apresentamos a pergunta Como você se
percebe exercendo o ofício de professor? Nosso propósito era levantarmos uma auto-
avaliação da prática docente de nossos estudantes-professores, no sentido de perceber como
eles vinham exercendo o magistério.
Gráfico 10 Avaliação da prática docente dos estudantes-professores
No gráfico 10, observamos que 10% se avaliam como atualizados, o que se torna
um dado a ser analisado com maior cuidado, levando em consideração o fato de que exercem
o magistério há muitos anos, muitos em jornada dupla de trabalho.
Surpreendeu-nos esse percentual, uma vez que são alunos dos 4° e 5° períodos do
Curso Normal Superior. Aqui estaria mais um indicativo de que o curso não cumpre o seu
papel de oferecer uma formação condizente com o contexto atual, com os estudantes-
professores e com o que está concebido nos textos legais e em seu projeto pedagógico. Para a
maioria, dos estudantes-professores, o Curso Normal Superior não os atualiza o suficiente
para que possam mudar sua prática docente.
{ EMBED Excel.Sheet.8 }
{PAGE }
Mesmo não se atualizando, 90% se sentem dedicados e realizados. A dedicação e
a realização podem estar associadas à relação entre professor e aluno, como indicado no
gráfico 9, seção 3.4.1.
Enquanto 10% indicam que são atualizados, 90% constituem um contingente
carente de ações que lhes permitam ter contato com novos conhecimentos e experiências que
possam ser revertidos para a sua prática. Vale a pena ressaltar, novamente, que este dado
deveria ser abordado de modo acurado, durante a realização do Curso Normal Superior. No
entanto, como este curso, especificamente na Zona da Mata Mineira, é oferecido com base em
espaço físico inadequado e professores que não constituem um corpo docente permanente, é
possível concluir que a demanda por atualização não vem sendo atendida devidamente.
3.5- Relação entre a formação no Curso Normal Superior e a Prática Docente
Na quarta parte do questionário, focalizamos a relação entre a formação no Curso
Normal Superior e a prática docente. O nosso propósito foi levantar dados que permitissem
avaliar até que ponto o Curso Normal Superior vinha cumprindo o papel de formar
professores capazes de atuar e refletir sobre a sua prática docente, numa perspectiva
transformadora. Pelos dados apresentados anteriormente, constatamos que, pelas respostas de
nossos estudantes-professores e pelas observações da prática e entrevistas, o Curso Normal
Superior se encontrava aquém das demandas por formação de professores das séries iniciais
do Ensino Fundamental e não correspondia às expectativas dos estudantes-professores. Nesta
subseção, procuraremos verificar se as nossas observações se confirmam ou se há algum dado
novo que nos levaria a revê-las e ter uma outra compreensão acerca do fenômeno.
Por entendermos que na 4ª parte seriam produzidos dados que nos permitiriam
avaliar a relação entre a formação no Curso Normal Superior e a prática docente, organizamos
as questões em uma seqüência: do reconhecimento dos fatores ligados à formação profissional
que interferem direta ou indiretamente na prática docente até a avaliação do papel do Curso
Normal Superior, no sentido de perceber se ele vem permitindo redimensionar o papel do
professor e sua prática pedagógica.
{PAGE }
3.5.1- Fatores profissionais e humanos que interferem na prática docente
Gráfico 11 Fatores que interferem direta e/ou indiretamente em sua prática docente
No gráfico 11, relacionamos fatores que inferem direta ou indiretamente na
prática docente. Sintetizamos tais fatores, analisando as respostas dadas à pergunta Quais são
os fatores relacionados a sua formação profissional e humana que interferem direta e/ou
indiretamente em sua prática docente? Dos 31 estudantes-professores, 28 responderam a
essa indagação, enquanto os demais deixaram o espaço de resposta em branco.
O fator que mais se destaca é o emotivo, indicado por 43% dos estudantes-
professores. O fator reflexivo recebeu 21% de indicações. Compreendendo que estes dois
fatores estão intrinsecamente associados à prática docente, uma vez que a ação do professor
alia a reflexão à emoção e vice-versa, como observam Paulo Freire (2004), Donald Schön
(1992), Selma Garrido Pimenta (2002), percebemos que no total 64% dos professores
indicaram a reflexão e a emoção como fatores que interferem direta ou indiretamente em sua
prática docente.
Os outros dois fatores apontados que interferem na prática docente a ela não
estariam associados diretamente: o descaso dos pais dos alunos e os problemas de ordem
pessoal e familiar dos professores. Mesmo assim, acabam comprometendo a atividade
docente, que, hipoteticamente, ocorreria de modo pleno se algumas condições fossem
observadas, dentre elas, o compromisso dos pais com o desenvolvimento escolar de seus
{ EMBED Excel.Chart.8 \s }
{PAGE }
filhos, acompanhando-os, e discutindo com os professores estágios e resultados do processo
ensino-aprendizagem.
Diante destes dados, notamos que o modelo de Curso Normal Superior que se
efetiva em municípios da Zona da mata Mineira não pressupõe a consideração do que
interfere na prática docente, a fim de reconhecer a sua natureza. Sendo assim, não os aborda
no sentido de perceber o seu impacto objetivo na prática docente e buscar alternativas que
representem soluções, soluções de acordo com contextos específicos, de aplicação abrangente
ou restrita.
Pelos dados que foram produzidos, observamos que o Curso Normal Superior não
está voltado para, a partir da observação dos fatos que interferem na prática de professores
formados em nível médio, na modalidade Normal, redimensionar a prática pedagógica,
transformando-a. Este redimensionamento pode permitir a constituição de um professor que
tenha a consciência de que, utilizando as palavras de TARDIF (2002, p.141), “(...) não pode
somente “fazer seu trabalho”, (...) deve também empenhar e investir nesse trabalho o que ele
mesmo é como pessoa”. Além disso, terá sempre em mente o que FREIRE (2004, p.92)
observa: “O professor que não leve a sério a sua formação, que não estude, que não se esforce
para estar a altura de sua tarefa não tem força moral para coordenar as atividades de sua
classe”.
3.5.2- Aperfeiçoamento de atividades docentes decorrentes da formação no Curso Normal Superior
Gráfico 12 Aperfeiçoamento de atividades docentes: reflexos da formação no Curso
Normal Superior
{ EMBED Excel.Chart.8 \s }
{PAGE }
De acordo com as respostas dos estudantes-professores, é possível perceber que os
reflexos da formação no Curso Normal Superior se fazem presentes na prática dos estudantes-
professores: em suas atividades docentes, desenvolvem reflexões sobre e durante a prática
docente, o domínio de conteúdos que faz com que a professora se sinta mais segura,
abordando conteúdos de áreas do conhecimento, Língua Portuguesa, Matemática, Ciência,
História e Geografia, ou até mesmo oferecendo “receitas de bolo”, fórmulas prontas, ou seja,
metodologias que são adotadas a fim de resolver um problema identificado pelo docente.
Estabelecendo um cotejo entre as respostas às questões do questionário, as
observações das práticas docentes e as entrevistas, observamos alguns fatos que focalizaremos
para ter uma melhor compreensão sobre o reflexo do Curso Normal Superior na prática
docente.
As estudantes-professoras 08 e 21 indicam que o curso pouco acrescenta à sua
prática. Indagada sobre que ajuda ela extrai do Curso Normal Superior, a estudante 8
responde: “Na verdade, em muito pouco! Metodologia de Português e Matemática não
me ajudou em nada. A única disciplina que ajudou um pouco, mesmo assim é muita
teoria que não tem como ser aplicada, é a Prática Pedagógica”. Seu posicionamento na
entrevista foi diferente daquele que adotou no momento que respondeu à pergunta: A sua
formação em nível superior está colaborando para o aperfeiçoamento de suas atividades
docentes? De que modo?, constante no questionário. Em sua resposta, evitou apresentar a
sua posição crítica: “Através de uma maturidade maior dentro dos conteúdos a serem
trabalhados, com visão ampla de ética e ajuda mútua nas necessidades do alunado assim
como uma valorização maior no meu profissional”.
Seu depoimento sobre o fato de o curso não estar acrescentando muito ao
desenvolvimento de sua prática docente só se tornou possível no momento que foi
tranquilizada: ela poderia falar francamente, pois não seria repreendida. Sua atitude defensiva
se associa a um processo em que a apresentação de opinião contrária expõe o sujeito e este
pode sofrer penalizações. Ocorrendo isto, novamente se apresenta uma situação recorrente: o
Curso Normal Superior não vem criando condições para a formação de um professor capaz de
se posicionar criticamente, sem receio de ser punido.
{PAGE }
A crítica apresentada na entrevista aponta a sua expectativa quanto ao Curso
Normal Superior a de lhe oferecer fórmulas prontas para que possa ajudar seus alunos a ter
bom desempenho nas avaliações escolares. Este fato ganha mais destaque quando
observamos as respostas das estudantes-professoras 14 e 21:
Estudante 14 - Sim. Pois estou aprendendo novas técnicas
pedagógicas que antes não conhecia.
Estudante 21 - Em muitos casos sim. Quando encontro professores
dispostos a passar o que estou necessitando. Mas precisamos ter mais
prática do que teoria, ir direto na realidade.
Cabe aqui retomar um ponto que foi focalizado na subseção 3.3.3, a culpa
assumida pelo professor no tocante às dificuldades de aprendizagem e ao mau desempenho de
seus alunos em avaliações escolares. O sentido de culpa os impele a buscar alternativas,
objetivando reverter o quadro escolar em que os alunos não correspondem ao ideal
preestabelecido pela escola ou pelas autoridades educacionais. O Curso Normal Superior
representaria uma alternativa que lhes permitiria constituir um “receituário” a ser usado para
superar os obstáculos encontrados durante o desenvolvimento da prática pedagógica.
3.5.3- Reflexão sobre a prática docente após o ingresso no Curso Normal Superior
Gráfico 13 Análise crítico-reflexiva a partir do ingresso no Curso Normal Superior
{ EMBED Excel.Chart.8 \s }
{PAGE }
Para a organização do gráfico 13, prendemo-nos a quatro itens: ao ensino, à
aprendizagem, ao processo que conjuga o ensino e a aprendizagem e ao papel do professor.
Foram fixados a partir da interpretação das respostas dadas pelos professores à terceira
pergunta da quarta parte do questionário: A partir do ingresso no Curso Normal Superior
você passou a analisar de maneira mais crítico-reflexiva a sua prática docente? Dê
exemplos.
Dos 31 estudantes-professores, apenas 1, reconheceu que o Curso Normal
Superior não alterou significativamente a sua prática.
A síntese a que chegamos sobre a maneira como se dá a análise crítico-reflexiva
representa o que estaria subjacente à resposta dos estudantes. Talvez sem ter consciência
sobre o ponto de vista que seria materializado, eles expressaram um entendimento no qual se
realça, em um momento:
a) a aprendizagem isolada do ensino
Estudante 2 – Os problemas sociais, afetivos e cognitivo dos alunos.
Estudante 31 – Coisas que eu achava errado com o aprendizado da
criança e que hoje descobri que não era erro e sim coisas que o
valoriza.
b) o ensino isolado da aprendizagem
Estudante 1 – O desenvolvimento de minhas aulas passaram a ser
mais elaborados buscando uma reflexão mais ampla e compreendendo
e desenvolvendo atividades em grupos.
Estudante 12 – Eu era muito tradicional em minha prática, hoje vejo
que posso dar o mesmo ensino de qualidade de maneira mais
reflexiva, mais construtivista.
{PAGE }
c) o ensino conjugado à aprendizagem
Estudante 2 – A necessidade de uma alfabetização voltada para o
letramento.
Estudante 7 – Quanto a minha prática docente sempre procuro fazer
um diagnóstico, uma análise, uma reflexão para depois planejar, sem
medo de “errar” e se “errar” fazer deste erro um aliado e não um
inimigo que deixará marcas profundas.
d) O papel do professor
Estudante 6 – Antes de tomar alguma decisão, penso bastante.
Estudante 14 – Estou sendo o professor que os meus alunos
precisam?
Talvez, de suas respostas, mesmo não estando expresso de modo explícito,
possamos chegar ao entendimento de que os estudantes-professores não pensam no ensino,
isolando-o da aprendizagem e vice-versa, como também, ao se prenderem ao papel do
professor, reconhecem nele um dos sujeitos do processo ensino/aprendizagem.
A questão de fundo, a nosso ver, que permanecerá em aberto, é a seguinte: será
que o Curso Normal Superior vem permitindo aos seus alunos analisar o que subjaz ao seu
discurso, de modo que lhes seja possível compreender como se configura o seu pensamento
acerca do processo ensino/aprendizagem dos sujeitos da educação? A consciência sobre as
teorias que se fazem presentes em sua prática e em seu discurso de professor é fator
determinante em qualquer processo de mudança: sem que ela se dê, haverá a tendência de
trocar uma teoria por outra, acreditando que a “antiga” seria eliminada completamente, o que
pode não ser verdadeiro. De certo modo, isso foi o que constatamos, analisando a resposta
dos estudantes-professores.
As quatro estudantes-professores que tiveram suas práticas docentes observadas e
foram entrevistadas responderam à pergunta de modo afirmativo, como pode ser observado
em suas respostas transcritas a seguir:
{PAGE }
Estudante 14 – Sim, principalmente a maneira de avaliar o aluno.
Estudante 16 - Sim, quando tomo uma atitude, fico pensando se fiz a
coisa certa.
Estudante 21 - Sim. Minha postura enquanto profissional e mesmo
pessoal. Percebo a necessidade de bons profissionais para acontecer
mudanças na sociedade.
No entanto, considerando as observações das práticas docentes e os depoimentos
feitos na entrevista, percebemos que as estudantes 8 e 16 não são coerentes: reconheceram
que o Curso Normal Superior acrescentava muito pouco à sua prática, mas responderam que
modificaram o modo como atuam em suas escolas, elaborando suas aulas não como antes,
mas de modo mais reflexivo.
Retornando ao gráfico 13, vale acrescentar que o papel do professor se torna
preponderante ao assumir a responsabilidade de oferecer aos seus alunos um ensino que lhes
permita superar dificuldades e ter bom aproveitamento nas avaliações escolares. Assumindo-
a, buscará encontrar alternativas de ordem prática ou metodológica, acreditando, talvez, que o
problema estaria no método e não no modelo de ensino adotado pela escola. Essa posição
revela uma problemática à qual a atenção do Curso Normal Superior deveria estar voltada, a
que separa a teoria da prática e que revela o professor destituído da capacidade de criticar o
sistema educacional de ensino vigente e se culpando pelo fracasso escolar de seus alunos.
Pelos dados produzidos com os estudantes-professores, fica patente que a
formação no Curso Normal Superior não vem propiciando ao professor desenvolver o seu
pensamento crítico no sentido de revelar as teorias subjacentes à sua prática. Com isto,
percebe-se que o docente não dispõe de instrumentos teóricos e condições para julgar sua
prática. Caso ocorra de modo criterioso esse julgamento, e isto pode se efetivar, o professor
não contrairá a total responsabilidade pelo fracasso escolar de seus alunos e não sairá em
busca de uma panacéia, uma solução eficaz e definitiva, para as dificuldades de aprendizagem
de seus alunos. Terá consciência, sim, sobre a sua parcela de responsabilidade e atuará no
sentido de formar sujeitos que não reproduzam relações sociais aviltantes, mas que atuem no
sentido de transformar-se, transformar o outro e, conseqüentemente, o meio social.
{PAGE }
3.5.4- A posição final dos estudantes-professores acerca do Curso Normal Superior
No gráfico a seguir, apresentamos em resumo a conclusão dos estudantes-
professores no que diz respeito ao papel do Curso Normal Superior, considerando os reflexos
dele em sua prática docente. 100% dos estudantes indicaram que ele ajuda e influencia sua
prática docente. Pelas suas respostas, notamos que não foi estabelecida a distinção entre
ajudar e influenciar: esses dois verbos foram tidos como sinônimos. Tanto ajudando como
influenciando, o Curso Normal Superior provocou mudanças na vida profissional dos
estudantes-professsores.
Gráfico 14 Conclusão dos estudantes-professores
.
Ao elaborarmos esta questão, partimos do princípio de que seriam produzidos
dados que apontariam, de modo qualitativo, reflexos do Curso Normal Superior na prática
docente. Entendemos que o indicador ajuda a sua prática docente está associado ao
oferecimento de recursos metodológicos a serem aplicados pelo professor em sala de aula sem
o desenvolvimento de reflexões; o indicador influencia a sua prática docente diz respeito ao
modo como o curso vem levando o professor a refletir sobre o seu fazer docente e
desenvolver atividades adequadas ao contexto em que ele atua; o indicador influencia e
ajuda a prática docente é o que se espera da formação do professor em nível superior: a
ligação e o diálogo entre a teoria e a prática e entre a prática e a teoria.
Analisando os dados produzidos na interlocução com os estudantes-professores,
notamos que eles não conseguiram distinguir os três indicadores: eles não perceberam a
{ EMBED Excel.Chart.8 \s }
{PAGE }
diferença entre um e outro, como está evidente em suas respostas. Mesmo assim,
consideramos relevante abordá-las, a fim de confirmar ou não a hipótese de que o Curso
Normal Superior vem sendo oferecido, desconsiderando as características de seus estudantes e
o contexto escolar em que muitos destes atuam como professores.
A conclusão de 100% dos estudantes-professores é a de que o Curso Normal
Superior, de algum modo, ajuda, influencia e influencia e ajuda. Isto significa que, mesmo
apresentando problemas, identificados pelos estudantes-professores, o Curso Normal Superior
contribui para o processo de mudança e aperfeiçoamento de práticas docentes. Neste caso,
nota-se que o oferecimento do curso em si representa um fator que estimula e aguça o
interesse em investir na atualização de profissionais, que se vêem obrigados a atuar com
turmas multiseriadas e em áreas rurais que não dispõem de maiores recursos e carecem de
projetos sociais.
Complementando a pergunta Em que você acha que o Curso Normal Superior
ajuda, influencia ou atrapalha a sua prática docente?, os estudantes-professores
responderam à última pergunta da quarta parte que encerra o questionário: Você percebe
transformações em seu trabalho e em sua vida pessoal derivadas da sua formação no
Curso Normal Superior? Quais?
Se o Curso Normal Superior provocou mudanças na vida profissional dos
estudantes-professores, restaria então a necessidade de indicar os tipos de mudanças que
estariam se refletindo na vida pessoal e profissional. Resolvemos relacionar as respostas de
alguns dos estudantes-professores sem estruturar um gráfico. Esta opção decorreu da
variedade de respostas objetivas sobre as transformações que seriam conseqüências da
formação no Curso Normal Superior.
Estudante 1 - Aprendi a ouvir mais as pessoas, estou tendo uma
capacidade maior de reflexão e aceitação do outro.
Estudante 8 - Tinha medo de abandonar o modo tradicional de
alfabetizar e hoje alfabetizo de maneira muito mais fácil, saí do
tradicional e sou mais criativa.
{PAGE }
Estudante 9 - Na minha vida pessoal eu tento me dedicar aos meus
estudos. Na vida profissional eu reflito de uma outra forma sobre
minha prática docente.
Estudante 11 - Estou me sentindo muito mais capaz e com vontade de
ir em busca de algo novo a cada dia.
Estudante 13 - Sim. Até mesmo para ouvir minha filha, como meus
alunos, com mais cuidado e atenção.
Estudante 15 – Várias, como: melhor desenvoltura na sociedade e
conhecimento maior de mundo.
Estudante 17 - Sim. Aprendendo a respeitar a hora e o momento que
cada um tem de aprender.
Estudante 18 - Passei a ser menos tímida ao falar em público, graças
ao Curso Normal Superior. Em meu trabalho passei a ser mais
maleável com os meus alunos.
Estudante 20 - Sim. Conceitos próprios são revistos tanto em minha
vida pessoal como profissional.
Estudante 27 - Sim. Na maneira de avaliar, de ver o aluno, e de
relacionar-me com ele.
Estudante 29 - Percebo sim tanto no trabalho, como no pessoal, tenho
mais segurança e me sinto no mesmo patamar de outros que já tem
formação acadêmica. Parece-me que clareou bastante meus
questionamentos.
Estudante 31 - Sim, quando olho minuciosamente para tudo e
percebo nas entrelinhas o que posso fazer para melhorar a vida dos
outros e a minha.
Pelas respostas acima, notamos que as indicações recaem sobre a caracterização
do professor como profissional e indivíduo mais aberto ao diálogo, cuja auto-estima cresceu,
inclusive nas suas relações sociais: ele se encontra na passagem da condição de um professor
formado em nível médio para a de professor graduado em curso superior, o que representa
uma ascensão na escala social.
{PAGE }
4- Conclusão
No primeiro capítulo de nosso trabalho, ocupamo-nos da apresentação de nosso
referencial teórico. Baseamos a nossa investigação em estudos sobre o saber docente e o
professor reflexivo. Entendemos que estas duas linhas teóricas podem caracterizar a
formação do professor não como processo de habilitação profissional, mas como o processo
que permitirá a construção e constituição de um docente que se assuma sujeito de sua prática,
sujeito que não desmerece o saber que lhe é próprio e que atua estabelecendo sempre o
diálogo entre a prática e a teoria, e vice-versa.
Apresentando a regulamentação do Curso Normal Superior, observamos que as
autoridades prescindiram do diálogo com entidades representativas, tais como ANFOPE,
FORUMDIR, e pesquisadores que vêm acumulando, durante décadas, discussões sobre o
assunto e propondo um novo modelo de formação docente, de acordo com as demandas
sociais por educação.
Notamos que, na elaboração dos textos legais, as autoridades educacionais
também prescindiram do conhecimento construído e constituído pelo professor que atua em
sala de aula, formado em nível médio, na modalidade Normal.
Na discussão apresentada, destacamos que a postura adotada pelas autoridades
refletia um compromisso com organismos financeiros internacionais, Banco Mundial, FMI,
entre outros, não com a formação de professores e um projeto educacional que realmente
atendesse às demandas de nossa sociedade. Essa postura refletia a teoria caracterizada por
ROMANELLI (1982), pela qual o desenvolvimento da educação brasileira se dá, desde a
década de 30, não em decorrência do papel da educação na formação do brasileiro, mas de
fatores externos à educação: o desenvolvimento industrial no Brasil, a partir da década de 30,
e a inserção do Brasil no processo de globalização do mundo, a partir da década de 90 do
século XX.
No capítulo 2, apresentamos dados referentes às duas Instituições que oferecem o
Curso Normal Superior na Zona da Mata do estado de Minas Gerais, o Instituto Superior de
Educação da Fundação FAFILE de Carangola e a Universidade Presidente Antônio Carlos
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(UNIPAC). Observamos que essas duas Instituições preencheram o espaço aberto no
“mercado” a partir da promulgação da atual LDBEN. No tocante à regulamentação do curso,
atendem às determinações legais; já, no concernente à implementação, não vêm oferecendo as
condições necessárias explicitadas em seus projetos pedagógicos, quando os cursos ocorrem
em municípios fora da sede.
No capítulo 3, voltamo-nos para a análise de dados produzidos por meio de
aplicação de questionário, entrevistas e observação de práticas docentes. Analisando as
informações, foi possível perceber que a procura pelo Curso se deu mais pelo estabelecido em
lei do que propriamente pela busca de aperfeiçoamento profissional.
Na primeira parte do terceiro capítulo, procuramos delinear o perfil dos
estudantes-professores: levantamos a faixa etária, o gênero e a origem sociocultural. Notamos
que todos se encontravam acima da idade regular para estar cursando o 4° e 5° período do
curso, e a grande maioria era do gênero feminino, o que reforçaria a teoria da feminilização
do magistério das séries iniciais do Ensino Fundamental. A origem social dos estudantes-
professores é a de família de pais com escolaridade que vai de analfabetos a fundamental
completo. Estes pais exercem funções profissionais correspondentes ao seu grau de
escolarização.
O ingresso no Curso Normal Superior representou o investimento em um projeto
que refletiu preocupações não com a educação em si, mas com a mobilidade social pela
escolarização em nível superior e, de certo modo, o medo de perder o emprego por uma
interpretação equivocada do parágrafo 4°, do artigo 87, da atual LDBEN, e pela estratégia de
divulgação das instituições superiores de iniciativa privada, levando o curso a municípios
distantes e de baixa densidade demográfica da Zona da Mata de Minas Gerais.
De acordo com os depoimentos dos estudantes-professores, o Curso Normal
Superior está aquém das expectativas criadas. Foram destacados problemas relacionados à
infra-estrutura, à qualificação profissional e ao interesse/desinteresse dos alunos pelo curso.
Apesar de estar aquém das expectativas, reconheceu-se que o curso vem ajudando
o professor a aprimorar sua prática docente, sobretudo através das disciplinas de caráter
prático, e proporcionando reflexões sobre o papel do educador e a sua relação com os alunos.
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Esses argumentos servem para justificar o reconhecimento de que o Curso Normal
Superior, mesmo com todos os problemas de implementação, é significativo na vida de
profissionais que atuavam em escolas sem oportunidades de aperfeiçoamento profissional.
Todavia, isto não significa que não tenham que ser apontadas questões importantes para o
aprimoramento do próprio Curso Normal Superior e a definição de que instituição de ensino
superior deverá assumir a responsabilidade de oferecê-lo.
O aprimoramento do Curso Normal Superior poderá se caracterizar a partir do
momento em que seja focalizada a questão central referente à sua procura: esta é determinada
pela necessidade de aprimorar a prática pedagógica ou pela necessidade de atender ao que
está estabelecido em lei, ao projeto pessoal de ascensão na escala social ou ao ensejo de
ingressar e formar-se em um curso superior, seja ele qual for?
Pelos dados produzidos com os estudantes-professores, foi possível notar que a
opção pelo curso de formação de professores em nível superior, em sua maioria, decorreu de
aspectos não vinculados ao aperfeiçoamento da formação em si. Este fato indica que a
procura é determinada do mesmo modo que foram fixadas as mudanças educacionais a partir
da promulgação da atual LDBEN, ou seja, por fatores externos à educação: as autoridades,
atendendo aos compromissos com organismos financeiros internacionais – Banco Mundial e
FMI; os estudantes, em decorrência da carência por formação de nível superior ou imposição
do mercado de trabalho. Tanto para o primeiro quanto para o segundo caso, podemos
encontrar elementos que nos permitiriam compreender o motivo pelo qual se deu o processo
de escolha, como por exemplo: o projeto de desenvolvimento de nosso país foi submetido aos
interesses econômicos e estes se sobrepuseram a qualquer outro projeto nacional. Assim, a
formação de professores não se efetivaria de acordo com as demandas educacionais; e os
interesses mercadológicos prevaleceram em detrimento das demandas sociais por educação.
Diante deste quadro, criaram-se as condições para que as instituições de ensino
superior de iniciativa privada ocupassem um espaço, a partir do momento em que a educação
deixou de ser um direito e se tornou um serviço, ou um negócio lucrativo: basta observar o
exemplo da UNIPAC, com seus mais de 170 cursos de “Normal Superior”, espalhados pelo
interior de Minas Gerais, com mensalidade ao custo de apenas R$ 130,00.
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O oferecimento do Curso Normal Superior se tornou apenas uma questão de
espaço físico e disponibilização de pessoal habilitado para ministrar aulas de disciplinas de
seu currículo. Conseqüentemente, a formação de professores, especificamente em municípios
da Zona da Mata do estado de Minas Gerais, tornou-se uma mercadoria vendida a preços
módicos.
Em síntese, o oferecimento parte do princípio de que, preenchidas as necessidades
básicas, espaço físico para realização de aulas e professores, tem-se o que é suficiente para
formar professores das séries iniciais do Ensino Fundamental. Se não há biblioteca, recursos
de informática, é uma casualidade que não prejudica o projeto maior, o projeto de formar o
maior número possível de professores em curso de nível superior, pela iniciativa privada,
oferecendo um curso que não está de acordo com as demandas sociais por educação, mas sim
com a lógica de atender o estabelecido pelas autoridades educacionais, presas às
determinações de organismos financeiros e incapazes ou omissas para fiscalizar as condições
em que é oferecido o Curso Normal Superior, em unidades fora de sede, criadas para atender
a demandas específicas.
Como o Curso Normal Superior na Zona da Mata de Minas Gerais é oferecido nas
condições apresentadas anteriormente, pelas respostas dos estudantes-professores, pudemos
notar que a preocupação com a formação do professor capaz de revelar as teorias que
subjazem à sua prática, criticá-las e transformar o seu fazer pedagógico, inexiste, ou existe
apenas no discurso ou no Projeto Pedagógico das instituições envolvidas em nossa pesquisa.
Apresentadas essas considerações, resta-nos agora responder a uma pergunta
fundamental: mesmo sendo oferecido nas condições que apresentamos, o Curso Normal
Superior vem transformando a prática dos estudantes-professores que lecionam para turmas
das séries iniciais do Ensino fundamental? De acordo com os dados produzidos pelos
estudantes-professores, são percebidas transformações no tocante à relação professor e aluno.
Alguns professores, depois que ingressaram no Curso Normal Superior, passaram a dialogar
mais com seus alunos e a refletir mais sobre as atividades que desenvolvem no ambiente
escolar em que atuam.
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Essas transformações, reconhecemos, são significativas. Todavia, não são
suficientes para que afirmemos que de fato elas se efetivam e redimensionam o papel do
professor e a sua ação em ambiente escolar.
Observamos, pelos dados produzidos, que os professores, ainda que se preocupem
em dialogar com seus alunos e refletir sobre a sua ação, continuam preocupados em encontrar
fórmulas prontas que permitam ao seu aluno alcançar o sucesso escolar, obtendo boas notas
nas avaliações escolares. Isto nos permite deduzir que o Curso Normal Superior não está
permitindo ao professor desenvolver o seu pensamento crítico, necessário à revelação, ao
julgamento e à superação das teorias que se refletem em sua prática. Assim, ele poderá
perceber que os problemas de aprendizagem não decorrem da metodologia adotada, mas de
um processo de formação escolar que não aposta na formação de sujeitos capazes de
desenvolver suas capacidades individuais e exercer plenamente sua cidadania, mas na
subestimação do indivíduo e no aviltamento de sua origem social.
Considerando que o Curso Normal Superior oferecido em municípios da Zona da
Mata Mineira não vem formando professores que se assumam sujeitos do fazer pedagógico,
podemos concluir que esse curso vem sendo oferecido com base em improvisação de espaço
físico e de mão-de-obra docente, com professores apenas legalmente habilitados para
ministrar aulas de disciplinas da grade curricular definida em Projeto Pedagógico.
Para finalizar, a formação de professores das séries iniciais é um problema em
busca de respostas, respostas que não devem decorrer de impressões, mas de investigações
acuradas. Tais pesquisas, em nenhum momento, poderão deixar de lado a contribuição do
conhecimento de professores e professoras que atuam em escolas das áreas urbanas e rurais e
de estudos desenvolvidos por pesquisadores em instituições de ensino comprometidas com
um projeto que não se circunscreve a auferir lucros, mas a um projeto maior que abarque as
grandes questões sociais e educacionais, visando a apresentar respostas para problemas que
surgem no ambiente escolar. Além disso, que forme profissionais, tendo em vista que, nas
palavras de TARDIF (2003, p.149):
A pedagogia não pode ser outra coisa senão a prática de um profissional, isto
é, de uma pessoa autônoma, guiada por uma ética do trabalho e confrontada
diariamente com problemas para os quais não existem receitas prontas. Um
profissional do ensino é alguém que deve habitar e construir seu próprio
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espaço pedagógico de trabalho de acordo com limitações complexas que só
ele pode assumir e resolver de maneira cotidiana, apoiado necessariamente
em uma visão de mundo, de homem e de sociedade.
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Anexos Anexo 1 - Questionário
1ª PARTE A) INFORMAÇÕES GERAIS 1 - Nome:_________________________________________________________________ 2- Sexo:__________________________________________________________________ 3- Idade: _________________________________________________________________ 4- Escola em que trabalha: ___________________________________________________ 5- Série em que trabalha: ____________________________________________________ 6- Escolaridade dos pais: ____________________________________________________ 7- Profissão dos pais: _______________________________________________________ 2ª PARTE B) SOBRE O CURSO NORMAL SUPERIOR 1- Por que você decidiu fazer o Curso Normal Superior? 2- Qual é a sua avaliação sobre o Curso Normal Superior que você vem fazendo? Mencione os principais aspectos positivos e negativos. 3- Que concepções de ensino e aprendizagem têm sido trabalhadas no Curso? 4- O Curso tem ajudado a refletir, problematizar e atuar na educação escolar ? De que forma? 5- Quais as disciplinas e/ou atividades que mais contribuem nessa formação? O que elas têm de especial em relação às outras? 6- Que questões ou problemas da escola brasileira contemporânea são matéria de debate e aprendizagem no curso (ex: violência, inclusão, cidadania, etc)? 7- Que inovações ou mudanças você proporia para o aperfeiçoamento do Curso?
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3ª PARTE C) PRÁTICA DOCENTE 1- Existem no cotidiano da escola espaço e tempo para o desenvolvimento de reflexões sobre a sua prática pedagógica? Se existem, como são aproveitadas? 2- As reflexões podem proporcionar, ou já têm proporcionado, a revisão e mudança em sua prática docente ? 3- A escola dispõe de recursos didático-pedagógicos e você os utiliza com frequência em seu dia-a-dia de trabalho? Quais? 4- Como se caracteriza a sua relação com os alunos? 5- Você considera e releva o contexto sócio-cultural dos alunos no momento em que planeja e desenvolve as suas aulas? 6- Como você se percebe exercendo o ofício de professor? 4ª PARTE D) RELAÇÃO ENTRE A FORMAÇÃO NO CURSO NORMAL SUPERIOR E A PRÁTICA DOCENTE 1- Quais são os fatores relacionados a sua formação profissional e humana que interferem direta e/ou indiretamente em sua prática docente? 2- A sua formação em nível superior está colaborando para o aperfeiçoamento de suas atividades docentes? De que modo? 3- A partir do ingresso no Curso Normal Superior você passou a analisar de maneira mais crítico-reflexiva a sua prática docente? Dê exemplos. 4- A partir do Curso Normal Superior você passou a perceber que existem outras formas de exercer o trabalho pedagógico? Se a resposta for sim, quais são elas? 5- Em que você acha que o Curso Normal Superior ajuda, influencia ou atrapalha a sua prática docente? 6- Você percebe transformações em seu trabalho e em sua vida pessoal derivadas da sua formação no Curso Normal Superior? Quais?
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Anexo 2 - Tabulação de respostas dos estudantes-professores Parte 1 DADOS PESSOAIS DOS ESTUDANTES Estudante SEXO IDADE LOCAL
DE TRABALHO SÉRIE DAS TURMAS
ESCOLARIDADE DOS PAIS
PROFISSÃO DOS PAIS
Estudante 1
F 34 E. M. Dona Nininha 1ª a 4ª série 2ª grau completo
Comerciante - Bancária
Estudante 2
F 37 E. M. Arthur Romualdo Werner
1ª a 4ª série 2º Grau Comerciante - Professora
Estudante 3
F 30 E. E. Ver. José de Souza Gomes
Pré escolar 1º Grau incompleto
Doméstica - Agricultor
Estudante 4
F 22 E. E. São Gonçalo 3ª e 4ª série 1ª grau incompleto-
Caminhoneiro- Costureira
Estudante 5
F 32 E. M. Córrego da Pimenta
2ª e 3ª séries Semi-analfabetos
Agricultores
Estudante 6
F 27 E. M. Córrego São João do Norte
3ª e 4ª Séries 1º Grau incompleto
Lavrador - doméstica
Estudante 7
F 40 E. M. Gircena Santos Real
1ª a 4ª série Multiseriado
4ª série Lavrador e Doméstica
Estudante 8
F 31 E. M. Silvino Fernandes Rocha
2ª e 4ª série 1º Grau Incompleto
Lavradores
Estudante 9
F 40 E. Especial Patrícia Magalhães (APAE)
Turma deficiente visual
1º Grau incompleto
Lavrador - Professora
Estudante 10
F 26 E. M. Boa Vista 2ª série 1º grau incompleto
Lavradores
Estudante 11
M 29 Escola Gente Inocente 3ª período 1º Grau Completo
Aposentados
Estudante 12
F 37 Centro de Educação Integrado CEI
Maternal 1º Grau incompleto
Aposentada
Estudante 13
M 32 E. M. do Brigadeiro 1ª a 4º Multiseriado
1º Grau incompleto
Agricultor
Estudante 14
F 41 E. E. Padre Júlio Maria 3ª série 1º grau incompleto
Vendedor - Doméstica
Estudante 15
F 55 APAE de Espera Feliz 1ª série Nível Superior
Professores
Estudante 16
F 30 E.E. João Emílio César Pré, 1ª e 3ª séries - Multiseriado
1º Grau Incompleto
Comerciante – Doméstica
Estudante 17
F 50 E. M. Maria Figueiredo de Lima
2ª, 3ª e 4ª séries
1º Grau incompleto
Alfaiate - Doméstica
Estudante 18
F 37 E. M. Arthur Romualdo Werner II
3ª série 2ª Grau Completo
Professora e vendedor
Estudante 19
F 35 E. M. Maria Garcia 1ª série 1ª grau incompleto
Agricultores
Estudante 20
F 35 APAE de Espera Feliz Ed.Infantil Nível Superior.
Fiscal do IBAMA, costureira
Estudante 21
F 24 Centro Educacional Monteiro
2º período 1º Grau incompleto
Lavrador - Costureira
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Estudante SEXO IDADE LOCAL DE TRABALHO
SÉRIE DAS TURMAS
ESCOLARIDADE DOS PAIS
PROFISSÃO DOS PAIS
Estudante 22
F 45 E. E. Prof. Juventino Nunes
1ª fase do Ciclo Básico
1º Grau incompleto
Comerciante - Costureira
Estudante 23
F 38 E. M. Maria Figueiredo de Lima
Fase Introdutória e 1º série
1º Grau incompleto
Professora - Agricultor
Estudante 24
F 39 E. M. Alda Emerick Werner
Pré, 1ª a 4ª - Multiseriado
1.° Grau completo
Aposentados
Estudante 25 F 27 E. M. dos Teixeiras Fase Introdutória e 1a série
1.° Grau incompleto
Comerciante - Doméstica
Estudante 26
F 42 E. M. Gircena Santos Real TV CRAVO
3ª e 4ª série 1º Grau incompleto
Aposentados
Estudante 27
F 38 E. M. Gircena Santos Real TV CRAVO
3ª e 4ª série 1º Grau incompleto
Serviçal
Estudante 28
F 42 E. E. Manoel José da Silva
1ª série 1º Grau incompleto
Agricultor- Doméstica
Estudante 29
F 34 E. M. Vereador Tarcício Vitello Givisiez
2ª série 1º Grau incompleto e Analfabeto
Professora - Agricultor
Estudante 30
F 36 E. M. Lia Marta de Oliveira
4ª série 1ª Grau incompleto
Comerciante
Estudante 31
F 24 E. M. Ernesto Grillo Pré-escolar e Introdutório
4ª série Trabalhadores Rurais
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2ª Parte
SOBRE O CURSO NORMAL SUPERIOR Estudantes Porque você decidiu fazer o Curso Normal Superior?
1 Porque eu já sou professora e gosto muito de lecionar. 2 Para me aperfeiçoar na área de ensino e aprimorar as técnicas de aprendizagem. 3 Para obter mais conhecimentos e me integrar no mercado de trabalho com mais
conhecimentos. 4 Para obter uma graduação na profissão que escolhi. 5 Por causa da L.D.B. Lei de Diretrizes e Bases 6 Por se tratar de um curso superior de fácil acesso, em minha cidade. 7 Porque já exerço a função e preciso adquirir mais conhecimento. 8 No primeiro momento foi por necessidade já no decorrer do curso passei a ter interesse e
estou fazendo por gosto e para crescimento profissional e intelectual.
9 Meu sonho era fazer um curso superior , na área da educação; Por ser em minha cidade perto de onde eu moro, até 2006 todos os professores terão que ter um curso superior (L.D.B.).
10 Por ser professora e atuar no ensino fundamental de 1º a 4º séries e ter no curso Normal Superior uma oportunidade de me aperfeiçoar na minha profissão.
11 Para poder aperfeiçoar minha prática pedagógica e meu comportamento perante os alunos. 12 Por estar trabalhando na escola e sentindo necessidade de me atualizar. 13 Porque foi a faculdade mais fácil de fazer financeiramente, e porque gosto do curso e
também porque a lei obrigava a fazer. 14 Porque preciso atualizar e sempre quis ter um curso superior e tive esta oportunidade só
agora. 15 Por não ter curso superior na área de educação 16 Pela facilidade, e porque sempre quis ter um curso superior para adquirir mais
conhecimentos 17 Decidi fazer este curso Normal Superior, porque só fiz o Magistério para mim ainda
estava faltando algumas coisas para completar, então resolvi estudar. 18 Devido a exigência do governo que todos os professores tem que ter curso superior até
2007. Na época que comecei fazer o curso fiquei com medo de perder o emprego. 19 Por uma necessidade e para enriquecer meu conhecimento. 20 Por não ter curso superior. 21 Por exigência do Sistema Educacional, em primeiro lugar e para a melhoria de meu lado
pessoal e também o lado financeiro. 22 Oportunidade. Preço acessível. Necessidade de se ter um curso superior . Necessidade de
emprego 23 De início foi por necessidade, e no decorrer do curso me interessei e estou gostando.
(algumas matérias não). 24 Na verdade, este não é o curso dos meus sonhos. Mas, tive que optar por este porque ainda
não tive condições de fazer outro. 25 Por ser um curso dentro da área que trabalho, também por fácil acesso e não tinha outro
em minha cidade. 26 Gosto muito de trabalhar com o Ensino Fundamental. E esta oportunidade não poderia
perder. Para mim esta sento uma das melhores coisas da minha vida. 27 Por estar trabalhando de 1ª a 4ª séries e formado ha muitos anos, senti a necessidade de me
atualizar. 28 Devido a exigência do governo pela formação de professores em curso superior para atuar
de 1ª a 4ª série. 29 Para eu me aperfeiçoar, me atualizar em minha área, para melhor atuar em sala de aula. 30 Buscando atualização. O curso é de fácil acesso. O preço é bem dentro do que podemos
pagar. 31 Para me especializar na área que escolhi atual, adquirindo mais conhecimento.
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Estudantes
Qual é a sua avaliação sobre o Curso Normal Superior que você vem fazendo? Mencione os principais aspectos positivos e negativos.
1 O curso é muito interessante. De positivo o curso nos proporciona muitas informações novas e atualizadas. De negativo – não creio que seja negativo mas é difícil colocar toda a teoria em prática.
2 É bom. Aspectos positivos – é muito trabalhado nos projetos de pesquisa. Aspectos negativos – que as aulas deveriam ser mais práticas e teóricas.
3 O curso está nos ajudando a melhorar a maneira de trabalhar com os alunos em suas res-pectivas dificuldades. Por isso não encontro pontos negativos.
4 O curso está proporcionando uma visão mais ampla a respeito da prática docente. 5 Aspectos positivos - É um curso que está dentro das possibilidades econômicas dos
professores. Aspectos negativos – A infra-estrutura que não temos.
6 O curso proporciona uma visão mais ampla a respeito da prática docente. 7 Desenvolver as habilidades, o relacionamento com o público.
Positivos: É nível superior, professores capacitados, etc. 8 Eu avalio o curso em boa parte acima do esperado, estimulando o crescimento num todo,
porém há algumas disciplinas que estão deixando a desejar fazendo-me ficar desestimulada com o conteúdo. No que tange a administração, coordenação o negativo em particular são as faltas nos dias chuvosos, com alguns professores, chegando a ser intransigentes.
9 São ótimas as aulas com professores capacitados. Estou me atualizando para melhorar minha prática.
10 Muito bom! Aspectos positivos – Fácil acesso, informação e crescimento pedagógico, crescimento intelectual. Aspectos negativos – Aulas seguidas de um só professor, mudança de local para funcionar a classe.
11 A avaliação é boa. Porém deixou um pouco a desejar, pois não superou totalmente minhas expectativas. Mas, tenho certeza algo diferente ainda vai acontecer. Digo a respeito da Metodologia dos professores que precisa mudar.
12 Bom, positivo por estar atualizando. Negativo, pelas dificuldades encontradas, falta de tempo.
13 Bom. Aspecto positivo: Entrosamento bom com os colegas, e o novo aprendizado adquirido a cada dia. Aspecto negativo: às vezes, falta uma explicação melhor dos professores, e a falta de interesse de alguns colegas pela matéria.
14 Bom. Poderia melhorar. Tem me ajudado bastante. Atualização profissional – Professores excelentes. E quanto aos aspectos negativos somente o fato de não ser gratuito e o local onde funciona.
15 É um curso muito bom. Bons professores é um ponto positivo. 16 Muita teoria e pouca prática. Não temos infraestrutura adequada. Falta de interesse dos
alunos e até dos professores. 17 A minha avaliação é muito importante sobre o curso Normal Superior, porque estou
aprendendo bastante coisas que não tive oportunidade de aprender. Por isso estou levando a sério com bastante atenção este curso tão dedicado.
18 O curso normal superior é um excelente curso, que abre novos caminhos tanto para os professores que estão trabalhando, quanto para os professores que não estão atuando.Quanto ao ponto negativo é a falta de tempo que as pessoas que trabalham não tem para estudar.
19 Ele esta enriquecendo o meu conhecimento de como formar cidadãos conscientes e críticos.
20 Muito bom, pois esta me proporcionando um conhecimento bem amplo. Bons professores.
21 Quando iniciei tinha grandes expectativas que não foram supridas. Não está sendo quase
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Estudantes
Qual é a sua avaliação sobre o Curso Normal Superior que você vem fazendo? Mencione os principais aspectos positivos e negativos. nada do que esperava. Positivo: é a melhoria de alguns conhecimentos, e a ajuda de outros já existentes Negativo: A postura de alguns professores novatos no curso nos tratando como alunos de Ensino Médio.
22 Razoável. Quando comecei eu estava muito empolgada com o curso, com os professores, com as matérias, porém, com o passar do tempo o entusiasmo foi sendo abafado com professores que não estão nem aí, só querem ganhar dinheiro, alunos que são “turistas” e que passaram de período, com notas muito melhores, e professores que se acham o dono do pedaço.
23 Em parte “ótimo” pois a atuação do professor e minha participação é de crescimento positivo. Porém em alguns conteúdos o professor está deixando a desejar e isso é negativo. Falta estímulo e interesse.
24 É um curso muito abrangente e ao mesmo tempo, complexo, pois na verdade as políticas educacionais passam sempre por reformas, e assim, o que era válido passa a não ser mais e vice-versa, por isso há muitos educadores que ainda não optaram por fazer este curso, devido à insegurança política educacional.
25 Positivo – as amizades, aprender novas coisas para nossa formação. Negativo – professo-res despreparados sem motivação nenhuma para lecionar, não são todos.
26 Positivos – Ampliar meus conhecimentos. Renovar a forma de trabalhar. Negativa – falta de interesse.
27 O curso está sendo bom. Ponto positivo estar me atualizando. Negativo não ter tanto tempo para me dedicar. “Família”.
28 Positivos – O convívio nos trabalhos de grupos a experiência do outro, a liberdade de expressão. Negativo – falta de união, a forma de certos professores trabalhar, cansaço por trabalhar o dia inteiro e estudar a noite.
29 Negativo – Falta explicações dos professores (alguns) muitas das vezes Positivo – Novos conhecimentos atualização.
30 Positivo: Rever amigos e conquista de novas amizades. Nos dá uma nova visão para atuar em sala de aula (é claro nem todos os professores). Negativo – Professores despreparados ou desinteressados tornando assim o curso bem cansativo.
31 Bom, mas os alunos parecem muito desinteressados e dispersos, mas as informações transmitidas compensam.
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Estudantes Que concepções de ensino e aprendizagem têm sido trabalhadas no Curso?
1 Teorias como: Construtivismo, Behaviorismo, Gestalt, interdisciplinaridade, etc. 2 Como alfabetizar os alunos, como trabalhar as disciplinas. 3 Como trabalhar com o aluno hoje, em sala de aula, no mundo e na realidade de cada um
deles, respeitando suas realidades. 4 Debate-se muito a respeito do ensino aprendizagem, na formação das práticas dos
professores que estão estudando. 5 Ensino de qualidade. 6 Muito se debate a respeito do ensino aprendizagem, tanto a nível de formação quanto nas
práticas dos estudantes – professores, sempre voltando-se para uma concepção de relação mútua entre educador e educando.
7 8 Tem sido trabalhadas concepções de ensino e aprendizagens como processo continuados e
progressivos, tendo interações.
9 Idéias diferentes para sairmos do tradicional para o construtivismo discussão do P.P.P interferência e participação do professor para ajudar melhor a escola em que trabalha.
10 Como trabalhar as questões da alfabetização no ensino fundamental, como trabalhar a matemática, a geografia e as questões socais na escola.
11 Procedimentos e conduta do professor quanto à sua prática docente; Processos de aprendizagens dos alunos.
12 O curso nos mostra como sair um pouco do tradicional. 13 Um ensino e aprendizagem maleável, onde o professor e o aluno sejam respeitados e
valorizados. 14 Alfabetização através do construtivismo
Avaliar o aluno a partir do seu cotidiano, etc. 15 Uma aprendizagem voltada para a área do conhecimento
16 Sair um pouco do tradicional e trabalhar idéias novas. 17 Temos trabalhado com bastante atenção neste tão adorável curso. Pois é uma benção de
Deus que permaneceu junto a nós, professores, que tanto almejamos. 18 Avaliar o aluno a partir do seu cotidiano usar a inclusão social com todos os outros. 19 O curso tem nos ajudado a sair do tradicional e está nos mostrando que existe outras
maneiras de alfabetizar. 20 O curso é bem abrangente. E no que se refere as teorias o curso nos oferece um bom
alicerce. Só questiono um pouco mais de tempo para os momentos de “prática”. É um curso atualizado que aborda temas atuais. Os professores também são atualizados, questio-nam, abordam sobre assuntos de relevância no contexto educacional.
21 Acho que se tem trabalhado muito pouco as questões importantes sobre a educação, e as orientações ficam a desejar.
22 Temos muito a falar do construtivismo, mas para mim ele está para complementar a nossa atuação. Mas de um modo geral eu acho que está meio devagar essas questões trabalhadas.
23 A concepção ensino e aprendizagem tem trabalhado um processo progressivo, buscando melhoria no ensino.
24 Na verdade, várias concepções, mas a realidade dentro da sala de aula é uma constante na vida do professor. Cada um tem sua realidade, por mais que haja várias teorias, pois os métodos e as técnicas são processos que somente o professor pode saber quais os melhores a serem trabalhados. Pois depende da realidade de cada um. Quanto aos aspectos positivos muitos estão fazendo este curso porque segundo a “Lei” precisamos ter este curso. E o aspecto negativo é que muitos querem apenas ter o curso por apenas ter, não que levam realmente e necessariamente a sério, e sim, porque é fundamental ter o Curso Normal Superior para estar em sala de aula.
25 Vários. 26 Ter o construtivismo como meta de ação e trabalho. 27 O curso nos mostra que ensinar e aprender pode nos dar prazer, desde que façamos com
amor e dedicação.
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Estudantes Que concepções de ensino e aprendizagem têm sido trabalhadas no Curso? 28 A forma de como chamar atenção dos alunos com conteúdos diversificados realização de
trabalho, em equipe pesquisas de campo. 29 Uma nova prática de ensino. 30 31 Observação é a base para o bom trabalho.
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Estudantes O Curso tem ajudado a refletir, problematizar e atuar na educação escolar? De que forma
1 Sim. Com as experiências de nossos colegas, juntamente com estudos de filósofos e psicólogos que são trazidos para nós estudantes.
2 Sim. Muito conhecimentos de psicologia utilizo na minha prática. 3 Sim. Onde nos auto-avaliamos e depois avaliamos o aluno. 4 Sim, são discutidas estratégias de ensino e práticas pedagógicas. 5 Sim. Muitos professores tem trabalhado, tem nos ajudado muito na concepção de
aprendizagem. 6 Sim. Sempre discutimos concepções estratégias de ensino, numa abordagem que
particularmente me faz rever conceitos e/ou praticar em minha sala de aula algo novo. 7 Sim . Vendo os problemas de forma diferente, ou seja, tentando encontrar soluções. 8 Sim. Através de uma melhoria de qualidade no ensino, buscando refletir em minha
prática criando assim uma capacidade intelectual e psicológica mais adequada e inserida no meio em que a criança vive.
9 Sim, através de aulas práticas em sala de aula, troca de experiências. 10 Sim, os profissionais que nos conduzem tem nos fornecidos ótimos meios para podermos
trabalhar com nossos alunos e em conseqüência conseguir uma melhora no ensino da turma.
11 Sim. Na área de psicologia principalmente tem me ajudado a estudar fatos ocorridos com os alunos e também a resolver.
12 Sim, pelos trabalhos e livros apresentados em sala. 13 Sim. Através de novos métodos, ensinado pelos professores e pelos colegas em sala de
aula. 14 Sim. De todas as formas. Nos aspectos cognitivos, psicomotor e social. 15 Ajuda, de forma prática e teórica. 16 Sim, o curso tem me ajudado bastante, mas ainda está aquém do desejado. 17 O curso tem ajudado bastante, e também temos refletido com maior amor, carinho e
respeito. Procuramos resolver com bastante calma e tentamos resolver os problemas do dia a dia deste curso.
18 Sim, da forma de olhar uma criança e ver a necessidade que ela tem de maneira mais compreensiva, trabalhando sem excluí-la.
19 Sim. Pondo em prática as reflexões. 20 Sim. Um Educador tem que investir na sua constante atualização, visto que o trabalho
como educador está sempre em constante movimento. É sempre necessário se atualizar. 21 Em algumas aulas sim. Quando o professor por meios de metodologias nos dá alguns
embasamentos a respeito. Em outras aulas o professor somente fala de sua vida pessoal e profissional.
22 Sim. Temos vários exemplos de casos que são contados pelos colegas, problemas que são trazidos para debates, formas de trabalhar, materiais didáticos que podem ser feitos confeccionados com sucatas, postura, observação e agora prática no estágio supervisionado.
23 Sim. Buscando na prática a melhoria da qualidade de ensino desenvolvendo a auto- estima e o psicológico.
24 Sem dúvida algumas, sim . Traz amplas idéias para o enriquecimento do cotidiano escolar.
25 Sim. Desperta interesse e nos dá clareza para resolvermos problemas, dificuldades que os alunos apresentam.
26 Sim. Cada experiência que os professores nos passam mais nos ajudam na nossa prática em sala de aula.
27 Sim. Colocando-nos a repensar na forma de trabalhar, no como eu estou trabalhando, que tipo de professor estou sendo.
28 Sim. Conhecer e analisar através do comportamento do aluno as suas principais
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Estudantes O Curso tem ajudado a refletir, problematizar e atuar na educação escolar? De que forma dificuldades o que ocorre em sua aprendizagem tanto dentro de sala de aula quanto na sua vida social.
29 Sim. Pois estou em busca de novos conhecimentos e estou conseguindo-os para passá-los para meus alunos.
30 Como já disse uma pequena parte dos professores tem nos despertado interesse. 31 Muito, levando para minha prática escolar os conhecimentos adquiridos. Principalmente
na questão de observar e respeitar melhor as diferenças de meus alunos.
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Estudantes Quais as disciplinas e/ou atividades que mais contribuem nessa formação? O que elas têm de especial em relação às outras?
1 As metodologias, mas todas são muito importante. As metodologias abrangem mais, ou seja, estão mais direcionadas ao ensino fundamental.
2 Disciplina: Alfabetização. Ela ensina como lhe dar com a criança na alfabetização. 3 Prática pedagógica de ensino. Ela mostra na realidade. (estágio) 4 Todas de alguma forma em particular, com suas relevâncias. 5 Alfabetização e Letramento e Prática Pedagógica 6 Todas já contribuíram e contribuem, seja no aspecto pessoal, quanto nas mudanças de
opinião e postura, ou na ação pedagógica. Mas posso dizer que filosofia e Ensino de Português e Matemática tem relevância nesse sentido.
7 As metodologias, Prática Pedagógica de Ensino e Comun. e Expressão. Elas estão mais próxima da realidade do aluno.
8 Corporeidade e expressão – O conhecimento profundo das expressões pessoais. Prática Pedagógica – Interagir teoria com prática na busca de uma melhoria profissional. Psicologia – A afetividade e o emocional mais harmonizados.
9 Prática Pedagogica, Psicologia (nos ensina a lidar diretamente com os alunos). 10 Prática Pedagógica, Ensino de Matemática, Alfabetização, Geografia. 11 Psicologia, Corporeidade e Expressão e agora, Literatura Infantil. É que podemos
realmente usá-los no dia-a-dia. 12 Nas aulas de prática pedagógica de ensino, metodologia de ciências. Assim descobrindo
métodos para nosso trabalho. 13 Prática pedagógica. O estágio é um amplo assunto, de como trabalhar com alunos em
sala de aula. 14 Alfabetização, Matemática, Prática Pedagógica, Geografia, Cotidiano e Currículo. Elas
ajudam a trabalhar com o aluno dentro da sua realidade. 15 Didática e Psicologia – Elas trabalham muito intimamente a teoria e a prática do
cotidiano escolar. 16 Para mim é a prática pedagógica, que ensina como atuar em sala. 17 Bom, todas as disciplinas, são muito importantes, para nós professores. Todas são para
nós muito especiais, para mim não tem nenhuma diferença, pois os professores tem bastante capacidade.
18 Psicologia – Ajuda entender o pensamento dos alunos a maneira de como agir com eles. Antropologia – Cada aluno tem uma cultura diferente e faz com que eu trabalhe sem discriminá-lo.
19 Todos contribuem, cada uma de uma forma, basta a gente ter interesse. 20 Prática Pedagógica, Prática Docente. 21 A prática de Ensino III – Com as atividades trabalhadas de maneira a ajudar na atuação
da educação escolar; Projeto Político Pedagógico ; Metodologia de Geografia e Ciências Mas não estão sendo passadas da forma que eu imaginava.
22 Prática Pedagógica, Projeto Pedagógico, Ciências. Todas as matérias tem sua contribuição, porém não tem sido passadas para nós do jeito que esperávamos, pois a teoria é muito fácil, e nós precisamos de prática para o nosso dia-a-dia, pois as crianças têm muitas dificuldades.
23 Psicologia – Onde estuda comportamento, afetividade o (eu). Corporeidade e expressão – Relação pessoal, interpretação. Prática pedagógica – Adquirir prática, descobrir o grande valor de uma criança.
24 Todas contribuem, pois há uma inter-disciplinaridade entre todas as matérias. Todas são muito importante na vida do profissional da educação. Uma completa a outra. Não podemos dizer que uma é melhor ou pior, ambas são importantes.
25 Todas contribuem, com o mesmo objetivo elas nos passam coisas do nosso interesse e com isso tem nos ajudado muito.
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Estudantes Quais as disciplinas e/ou atividades que mais contribuem nessa formação? O que elas têm de especial em relação às outras?
26 Prática Pedagógica de Ensino. Metodologia de Ciências. Corporeidade e Expressão. Literatura Infantil . Metodologia de Geografia. Porque nos dão oportunidade de aulas dinâmicas.
27 Prática de Ensino etc., não irei citar as outras pois todas elas tem uma forma de estar despertando, tocando em nosso pensar.
28 Psicologia porque fala muito sobre crianças no seu desenvolvimento; suas dificuldades, ensino e aprendizagem e o mais importante é que mostra que a criança é humana e não uma máquina adaptada para aprender.
29 Prática Pedagógica, Projeto Pedagógico, Literatura Infantil 30 Prática Pedagógica de Ensino. Nos leva a conhecer novas práticas de ensino nos da uma
nova direção para problemas do dia-a-dia que até então ficávamos perdidos. 31 Todas tem um ponto muito positivo: Chamar nossa atenção para o nosso aluno, alvo
principal de nossa pesquisa diária.
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Estudantes Que questões ou problemas da Escola brasileira contemporânea são matéria de
debate e aprendizagem no curso (ex.: violência, inclusão, cidadania, etc.)? 1 Inclusão, cidadania, indisciplina, evasão agressividade dos alunos, (afetivi-
dade/sexualidade) drogas. 2 Nas aulas já debatemos sobre: Neoliberalismo, globalização, sistema educacional
vigente. inclusão social. 3 Discriminação; alunos que freqüentam APAE onde merecem atenção especifica e ao
mesmo tempo precisam ser incluídos em outros ambientes; Mas como trabalhar? 4 Vários são os temas abordados, independentemente da matéria, levando a vários
discursos. 5 Violência nas escolas, inclusão, cidadania, projetos 6 Vários são os temas abordados, independente da disciplina, sempre havendo
oportunidade de discussão sobre o assunto em destaque e fazendo uma ligação com outras questões de enfoque importante.
7 Repetência, discriminação racial, pobreza, falta de higiene. 8 Ética e cidadania no sentido concreto da palavra e não apenas por modismo. Inclusão de
todos.
9 Falamos de métodos de alfabetização inclusão e cidadania. 10 No curso sempre estamos levantando questões que nos levam a debater sobre os proble-
mas da Educação Contemporânea, como a inclusão, a cidadania e a violência na escola. 11 Inclusão – disciplina – distúrbio de comportamentos. 12 Inclusão – para um melhor desenvolvimento do ensino. 13 Inclusão, cidadania e outros. 14 Prática Pedagógica, Geografia, cotidiano e currículo. 15 Todas são debatidas mais a maior preocupação é com a inclusão em todos os sentidos. 16 Falamos de vários problemas da educação brasileira. 17 Dentro da sala de aula, as questões e os problemas são sempre resolvidos, entramos em
acordo com os professores. 18 Evasão, por que geralmente as crianças que tem dificuldades são discriminadas perdendo
o entusiasmos voltando para as ruas como semi-analfabetos ou analfabetos de fato. Tornando-se marginalizados pela sociedade.
19 Inclusão e cidadania. 20 Todas são debatidas, mas a maior preocupação é com a inclusão em todos os sentidos. 21 Afetividade e sexualidade, drogas, violência familiar, inclusão e exclusão. 22 Todas. Quem está na sala de aula, se depara com várias situações- problemas ,o que mais
é discutido é a indisciplina, falta de limite, o que vem de casa. É difícil conscientizar as famílias, que na maioria não tem estudo ou que trabalham fora o dia todo. Isso faz com que somente a escola, estabeleça regras o que acaba gerando muitos outros problemas que são discutidos.
23 Ética e cidadania no sentido concreto da palavra e não somente por modismo.
24 A violência, a inclusão, a sexualidade, as drogas as famílias carentes e menos favorecidas, e muitos outros temas que são fatores que interferem no cotidiano escolar. Inclusive a valorização do ser humano enquanto cidadão.
25 Estão sendo trabalhados vários assuntos como violência, inclusão, cidadania, fracasso escolar, dificuldade de aprendizagem, evasão, indisciplina e outros.
26 Inclusão – Levar o aluno a um melhor desenvolvimento e auto-estima. 27 Repetência, inclusão, cidadania etc. 28 Inclusão. 29 Na maioria das vezes debatemos um pouco de cada problema. 30 Inclusão, cidadania, fracasso escolar etc. 31 Todas estas questões já que convivemos com isto todos os dias.
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Estudantes Que inovações ou mudanças você proporia para o aperfeiçoamento do Curso? 1 Aulas, menos tradicionais (cansativas). Uso de data-show, oficinas, computador, filmes,
aulas práticas. 2 O curso Normal Superior te ensina a refletir sobre os problemas da educação, mas não te
ensina a prática, não ensina a fazer a decoração de uma sala de aula enfim muita teoria, sendo que na prática é diferente.
3 Fonte de pesquisas, computação, interação em outras faculdades (visitas). 4 Estou ainda no 4º período e não acho que deva haver mudanças. 5 Melhora no corpo docente exceto alguns. 6 Como estamos ainda no 4º período, iniciando praticamente o curso, creio que em breve
teremos mudanças porém acredito que o necessário seria estar abrindo mais vagas para o crescimento do Instituto.
7 O curso está de acordo com as nossas necessidades. 8 Proporcionar maior incentivo para o crescimento intelectual, na busca de educadores
responsáveis e abertos às mudanças. Mesa redonda com professores, alunos e demais funcionários para falar e ouvir ambos os lados aceitando críticas e reverter em críticas construtivas.
9 Matérias voltadas para crianças com necessidades especiais. 10 Que os alunos tivessem acesso a ementa do curso e junto com o professor de matérias
específicas engajasse no que realmente vai ser trabalhado em sala para não ocorrer confusão no decorrer do curso.
11 Faria com que os professores trabalhassem com aulas práticas, temas para que os alunos levassem a trabalhar em sala de aula no dia-a-dia.
12 As aulas deveriam ser mais trabalhadas na prática e menos na teoria. 13 Além do que já tem, para ajudar o nosso aperfeiçoamento, seria necessário incluir nesse
curso, aulas de computação, porque muitos de nós professores, não temos computador e nem sabemos como trabalhar com ele.
14 Que o curso se torne público para ser acessível a todos. 15 O curso está muito bem estruturado e acredito não ser necessário nenhuma alteração. 16 Que fosse mais trabalhado o lado prático do curso, mais metodologias. 17 No momento as inovações sobre as mudanças, nós temos um grande e bom aperfei-
çoamento sobre o curso, pois procuramos aperfeiçoar com bastante entusiasmo sobre o curso.
18 O curso deveria ensinar mais a prática do que a teoria. 19 Poderia ter menos teoria e mais prática. 20 Mais prática e menos teoria. Os momentos de troca de experiência, os momentos de
estudos de casos são de suma importância. E acho que temos poucas oportunidades no curso para prática, para viver estas trocas. A coletividade é ponto forte na Educação. Ninguém deve ser uma ilha, cercada de conhecimentos só para si, o que foi bom para mim, poderá ajudar o outro.
21 Que os professores soubessem trabalhar, para que as aulas fossem mais animadas e deixassem de cobrar de nós o que deveriam cobrar deles próprios. Deixar fora da sala, religião, política etc .
22 A Pratica da Metodologia de matemática, Português, História e Geografia, etc. 23 Mais incentivo, para melhor adquirir conhecimento, reunir professores e alunos, discutir
para obter melhores conhecimentos.
24 Na verdade, este assunto é muito complexo, pois a realidade em sala de aula é muito mais séria do que pensamos, ainda mais quando se trata de uma educação tão problemática quanto a de nossa realidade. Para começar precisa-se ter vocação e boa vontade no que diz respeito ao educador.
25 Que as metodologias fossem diferentes das que estão sendo passadas. Estamos preci-sando de práticas inovadoras para trabalharmos em sala de aula com nossos alunos.
26 Menos teoria e mais prática. 27 Que tivéssemos aulas com mais dinâmicas, mais práticas. 28 Passar de forma correta e adequada a própria realidade do aluno no ambiente em que
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Estudantes Que inovações ou mudanças você proporia para o aperfeiçoamento do Curso? vive, ensinar a forma de ensinar para os nossos alunos.
29 Trabalhar mais a realidade das escolas. 30 Que as matérias fossem todas voltadas para a metodologia , e quando são , não estão
sendo bem passadas. 31 Mais criatividade nas aulas para ver se os alunos se interessam mais.
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3ª PARTE PRÁTICA DOCENTE
Estudantes Existem no cotidiano da escola espaço e tempo para o desenvolvimento de refle-xões sobre a sua prática pedagógica? Se existem, como são aproveitadas?
1 Há pouquíssimo, pois minha sala é multisseriada. 2 Não. 3 Sim. Brincadeiras, recortes, contos, vídeos e cursos. 4 Não 5 Não. 6 Raramente. 7 Sim. Com palestras, reuniões etc. 8 Não. Geralmente estamos atarefados e não temos na escola esse tempo. Mas, algumas
vezes paro em casa para refletir e tentar direcionar minhas atividades pedagógicas e fazer uma auto avaliação.
9 Sim, estudo de grupos, em relação aos alunos, avanços, aprendizagem, dificuldades, estudamos no horário de educação física.
10 Sim. Junto com a professora que leciona comigo, nós podemos refletir sobre o que estudo na sala, ela também faz um curso superior e estamos sempre levando nossas crianças a se envolverem socialmente e culturalmente na escola e aprendendo sempre com as inovações que a educação está cada vez mais transmitindo para nós professores.
11 Sim. Na hora do intervalo ou até mesmo quando estou estudando na biblioteca da escola. 12 Sim através de reuniões e debates levando a montar projetos que são desenvolvidos
conforme os recursos obtidos e capacidade de cada aluno. 13 Não. 14 Sim. Através de módulos e reuniões pedagógicas. 15 Existem sim. Na elaboração de projetos, planos de curso, escolha de metodologias de
ensino e outros. 16 Não, a escola não oferece esse momento, temos que refletir em casa. 17 Sim. Existe grande espaço e tempo para o desenvolvimento de reflexões sobre a prática
pedagógica. São bastante aproveitadas com vídeo, teatros, pesquisas, enfim várias coisas. 18 Não, por que a escola não tem espaços adequados, devido à super lotação e falta de mais
profissionais capacitados. 19 Não. 20 Não. Há uma preocupação muito grande com as coisas burocráticas, onde se esquece da
qualidade, dando lugar à quantidade. Flexibilidade uma palavra que não se deve somente escrever, mas usá-la, quando se faz necessário e com coerência, responsabilidade e comprometimento.
21 Sim. Através de trabalhos em sala de aula,como por exemplo, aulas simuladas na Prática de Ensino III.
22 Sim, sempre que possível nos reunimos e discutimos comportamentos, desen-volvimentos, questões familia-escola, problemas psicológicos até mesmo sobre o profes-sor. Assim desenvolvemos formas de trabalho e melhor aproveitamento.
23 Não. 24 As reflexões na verdade não são feitas dentro da sala no momento da execução da
aprendizagem, mas sim no andamento do desenvolvimento do aluno. O professor precisa fazer uma reflexão quanto ao seu trabalho desempenhado em sala de aula.
25 Não. 26 Sim. Com aulas práticas, trabalhos apresentados e experiências dos colegas. 27 Não. 28 Sim. Através da própria troca de experiência e cada debate é aproveitado e renovado a
sua forma de trabalho. 29 Às vezes, sim. 30 Às vezes temos coerência de especialista. 31 Sim, quando paramos para conversar entre colegas, observamos nossos erros e acertos e
tentamos buscar soluções.
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Estudantes As reflexões podem proporcionar, ou já tem proporcionado, a revisão e mudança em sua prática docente?
1 Com certeza. 2 Sim. A maneira de lhe dar com as crianças entendendo melhor. 3 Já tem proporcionado, quando ocorre a autoavaliação do professor e depois do aluno, se
ambos estão caminhando para progressão ou regressão. 4 As reflexões em casa sim, já proporcionam mudanças em minhas práticas. 5 Não. 6 As reflexões sobre a prática docente acontece com mais frequência nos estudos no
Instituto. 7 Sim 8 As reflexões já estão provocando revisões e mudanças em minha prática, pois está
direcionando-me para balizar-me em ações concretas e ter uma visão mais ampla no relacionamento professor/aluno e ter uma interação profissional na escola.
9 Sim, contamos com o apoio da equipe técnica que nos ajuda e nos orienta, estamos sempre mudando e refletindo sobre nossa prática pedagógica.
10 Já posso sentir essa mudança em minhas aulas, sinto que tenho segurança quando ensino algo para meus alunos.
11 Sim. Cada vez que leio, mais aprendo. As assessorias pedagógicas de alguns livros didáticos tem me ajudado muito.
12 Sim, porque através de maiores conhecimentos temos maiores acertos, ou seja reconhecer às necessidades de cada um.
13 Não. 14 Já têm proporcionado mudança a partir do momento que comecei a introduzir as questões
debatidas no curso, no cotidiano escolar. 15 Sim. Pois tudo está em crescente evolução no mundo, e a educação não pode ficar
parada. 16 Sim, ajuda bastante, já mudei bastante em alguns aspectos com meus alunos. 17 As reflexões são bastantes proporcionais as nossas mudanças, e as nossas revisões, são
bastante práticas e docentes. Nós procuramos no máximo ter bastante entendimento ao adorável curso.
18 Já tem proporcionado várias mudanças em minha prática docente. 19 As reflexões já tem proporcionado mudanças na minha maneira de alfabetizar e me
posicionar diante dos alunos. 20 Não. Se houvesse esse momento com certeza seria algo enriquecedor, algo para o
crescimento e troca de idéias na prática Pedagógica. 21 Sim. Sempre estou mudando minha postura, tentando ser melhor, enquanto professor. 22 Sim, para que se tenha um bom trabalho e um aproveitamento melhor dos alunos, eu
tenho revisado e mudado minha forma de trabalho. 23 Na escola não há espaço para reflexão, tais reflexões são feitas individuais e em casa. 24 Com certeza que sim. Cada dia em nosso cotidiano escolar precisamos rever e analisar
nossos métodos e nossas práticas educacionais. O professor não é o dono da verdade, pois ele também aprende com seus alunos.
25 26 Com certeza. Através das aprendizagens e conhecimentos estamos nos atualizando na
nossa prática. 27 Sim, muito. 28 A cada dia eu aprendo um pouco mais, é com o dia-a-dia que se vai adquirindo e
adequando as concepções pedagógicas e transformando-as em práticas através da própria experiência.
29 Pode proporcionar sim, uma vez que debatemos e constatamos o problema, mudamos nossa postura de trabalho.
30 31 Com certeza, a escola tem que caminhar em equipe.
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Estudantes A escola dispõe de recursos didáticos-pedagógicos e você os utiliza com freqüência em seu dia-a-dia de trabalho? Quais?
1 Sim. Muitos livros para leitura e material como alfabeto móvel que estimula muito a criatividade da criança.
2 Não. Só livros didáticos. 3 Sim. Na medida do possível pois às vezes falta material de manuseio para rendimento da
aula. (material pedagógico) jogos etc. 4 Não, os recursos didáticos que utilizo são adquiridos através de mim mesma. 5 Sim. Em partes – Livros e Cadernos. 6 Não possui além de materiais mínimos para aula expositiva. Qualquer recurso adicional
fica a cargo dos professores. 7 Sim. Giz, papel, cartolinas, livros, pincéis, etc. 8 A escola possui alguns recursos didáticos os quais são usados com freqüência. Mimeó-
grafo coleções de livros literários, alguns projetos, e mesmo livros didáticos entre outros. 9 Sim, jogos, livros, massinha, vários materiais concreto.
10 Sim, são poucos esses recursos mas usamos com freqüência. 11 Sim. Fitas de Vìdeos, livros, encartes, enciclopédias e outros. 12 Sim. TV, Vídeo, CD, jogos educativos. 13 Sim, livros, mimeógrafo, lapis de cor, e outros. 14 Sim. Vídeo ,TV , retro projetor , aparelho de som materiais didáticos e outros. 15 Sim, utilizo muito a biblioteca, jogos pedagógicos, vídeos, recreação no parque,
artesanato e outros recursos mais.
16 Não, eu é que levo revistas, e tento estar construindo com eles de acordo com nossa necessidade.
17 Sim a escola sempre dispõe de bons recursos didático- pedagógicos. 18 São poucos, porém, os que tem, procuro usá-los. Ex. livros didáticos, jogos pedagógicos
etc. 19 A escola não dispõe. Os recursos a gente que tem que ser criativo e conseguir o próprio
recurso. 20 Sim. Livros, jogos, brinquedos, material lúdico (CDs, Fantoches). 21 Poucos, por ser uma escola que está a pouco tempo no mercado e a concorrência é
grande, os recursos financeiros são pequenos para uma maior investida. Como meus alunos são pequenos utilizamos brinquedos pedagógicos de montar, livros de história com figuras, sala com letras, números, músicas etc.
22 Dispõe de vários recursos e sempre os utilizo, como jogos, vídeos, brinquedos e livros. 23 Sim, alguns. E são usados no dia a dia.
Livro didático, coleções de livros de “Literatura em minha casa”. Mimeógrafo. 24 Infelizmente, por se tratar de crianças a nível de 1ª a 4ª séries poderia haver por parte do
município (executivo) mais preocupação quanto a variados recursos didático-pedagógicos principalmente na remuneração do profissional pois este, poderia investir melhor se assim fosse.
25 Os materiais que nos fornecem são utilizados com freqüência. Stêncio, cola, giz, lápis, borracha, cadernos, lápis de cor, folhas de ofício, mimeógrafo, quadro, livros, dicionários, etc.
26 Sim, jogos educativos. 27 Não. Mas procuro ser criativa, estar sempre levando novidades, ou seja, dou meus pulos. 28 Sim, livros didáticos, jogos etc. 29 Sim. Stêncil, Folhas, Mimeógrafo, Xerox 30 Sim – TV e Vídeo , biblioteca e vários jogos pedagógicos. 31 Não. Eu procuro criar meus recursos principalmente com materiais recicláveis.
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Estudantes Como se caracteriza a sua relação com os alunos?
1 É uma relação de muito carinho e atenção, pois leciono com muito prazer. 2 Se caracteriza da melhor forma possível, tento ser uma professora carinhosa mas
impondo limites aos meus alunos. 3 Afetividade – Ela é a base de tudo (calor humano e respeito com o próximo). 4 Uma relação de carinho e cumplicidade. 5 Ótima – Sou muito amiga dos meus alunos. 6 Procuro estar sempre atenta aos anseios dos alunos na busca de propor aulas que
despertem interesse e sentido para eles. 7 Sim. Procuro ter uma relação de carinho e respeito. 8 Caracteriza-se na busca de um relacionamento amigável, buscando motivações para que
aconteça uma aprendizagem contínua e harmoniosa. 9 Tenho boa relação com meus alunos, somos amigos, procurando sempre compreender
suas dificuldades. 10 Meu relacionamento com meus alunos é muito agradável sou amiga, e estou sempre
disposta a ajudá-los. 11 A melhor possível .
Muitos se apegam até mesmo me chamando de pai. 12 Boa. São crianças que precisam de carinho especial, pois devem ser bem trabalhados no
lado afetivo. 13 Bom relacionamento, não só com os alunos, mais com a família do aluno também. 14 Relação de amizade e companheirismo, onde aluno e professor trabalham juntos. 15 É uma relação de constante troca de experiências, onde eu ensino e também aprendo. 16 É boa, uma relação de respeito. 17 Caracterizamos as nossas relações com nossos alunos, com bastante harmonia e
dedicação, pois a coisa mais bela é saber um pouco e passar para os nossos alunos aquilo que nós aprendemos.
18 Eu me relaciono bem com meus alunos, sou amiga e companheira de todos. 19 Minha relação com os alunos é muito boa, mas ainda tem algo a melhorar. 20 Bom, toda criança chega na escola com uma expectativa imensa do diferente, do novo.
Procuro corresponder a estas expectativas proporcionando momentos relevantes para a construção do conhecimento de meus alunos. Levando sempre em conta o que elas trazem consigo, valorizando o seu meio para novas conquistas.
21 É um bom relacionamento, mas com uma certa postura mais firme. Se não for assim fica difícil acontecer a aprendizagem.
22 Carinho, e amor e dialogo são o mais importante para uma boa relação professor/aluno, porém é preciso ser enérgica para se ter domínio da situação.
23 Amigável. Somos amigos, fazemos de nossas aulas harmonia geral. 24 Minha relação com meus alunos é totalmente abrangente. Procuro manter uma relação de
amizade, liberdade e bastante afetividade, pois por eles serem ainda bem pequenos, necessitam de muito carinho, atenção e afetividade, pois vêem na professora uma “mãe”.
25 Nós nos damos super bem, eu os adoro e acho que eles também, alguns me chamam até de mãe.
26 Muito bem. Principalmente nesta escola as crianças gostam de mim e há respeito entre nós. Tudo que aplico é novidade, eles adoram.
27 Muito boa, lá somos amigos estamos aprendendo a todo instante. 28 Tenho boas relações com meus alunos e percebo através dos resultados que tenho obtido
no processo de toda minha experiência. 29 Da melhor maneira possível. Passo para eles uma forma harmoniosa de trabalho, pois o
momento em que estamos em sala, sou professora, mãe, vó, tia e etc, de tudo sou um pouco e não me importo, acho que isso deixa o aluno mais a vontade.
30 A melhor possível. E fico muito feliz vendo as crianças de outras turmas pedindo a diretora que querem que eu seja eu a professora deles.
31 De amor, pois são crianças carentes, e já que não tenho filhos dedico a eles meu carinho.
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Estudantes Você considera e releva o contexto sócio-cultural dos alunos no momento em que planeja e desenvolve as suas aulas?
1 Claro que sim. Temos que trabalhar dentro da realidade do aluno. Ele precisa conhecer outras realidades, mas tem que trabalhar na sua.
2 Eu trabalho de acordo com a realidade dos meus alunos, pois sou professora da zona rural, e faço um paralelo mostrando a zona rural e urbana.
3 Sim. Pois é através da realidade deles que se tem maior rendimento no desenvolvimento do aluno.
4 Sim, a vida do aluno sempre é levada em consideração, pois me faz analisar minha prática pedagógica.
5 Sim. 6 Sim. O contexto sócio-cultural interfere nas aulas e orienta minha ação pedagógica. 7 Sim. Procuro trabalhar e planejar minhas aulas de forma a respeitar a cultura dos alunos. 8 Sim, pois se eu não considerar e relevar o contexto sócio-cultural de meus alunos, estarei
planejando e desenvolvendo minhas aulas superficialmente, sem valorizar a bagagem cultural que cada aluno possui eu não estarei estimulando-os a produzir.
9 Sim, porque tenho que conhecer sua realidade, meus alunos tem muitas dificuldades com a familia, falta apoio, colaboração nas tarefas da escola.
10 Sim. Meus alunos são crianças da zona rural e seus pais não tem muito a oferecer , assim estou sempre olhando esse contexto ao planejar minhas aulas.
11 Sim. Procuro também ajudar aqueles menos privilegiados. 12 Sim. 13 Sim, porque se o professor não considerar e relevar o contexto sócio-cultural, dos alunos
as aulas se tornam inúteis. 14 Sim. Trabalho dentro da realidade de cada aluno. 15 Sim, isto é fundamental. Planejar considerando este contexto para obter resultados
satisfatórios. 16 Levo em consideração a realidade do aluno para preparar minhas aulas, pois eles são
muito carentes. 17 Sim. Considero o contexto sócio-cultural dos nossos alunos, pois no momento de
planejarmos nossas aulas isso é muito importante. 18 Sim, sempre observo a cultura e a situação social de cada aluno ao avaliá-lo. 19 Sim. Minhas aulas são planejadas de acordo com a realidade dos meus alunos. 20 Sim. É de suma importância levar em conta o meio que a criança vive, seu contexto
sócio-cultural. O que é família para a criança pode ajudar muito no processo da construção do conhecimento. Sendo assim se conhece o novo e melhor através da vivência para construir novas conquistas.
21 Sim. Mas procuro ajudá-lo quando este contexto é negativo e lhe prejudica. Procuro mudar de uma forma delicada. Valorizo tudo o que o aluno traz de casa.
22 Tudo que o aluno traz de casa, seu convívio com o mundo lá fora, não só deve como pode ser aproveitado, em todos os momentos.
23 Sim. Preciso relevar, pois assim meus alunos desenvolverão o senso crítico, sócio-cultural, procuro estimulá-lo aproveitando seu conhecimento (bagagem).
24 Com certeza, sim. Cada aluno é de uma maneira e cada um tem um tipo de educação. Minha convivência com eles engloba sua vida dentro e fora de aula.
25 Eu trabalho de acordo com a criança, pois são carentes e não tem como trabalhar coisas fora da realidade de cada um.
26 Sim. A escola é na zona rural. Aproveito tudo o que eles gostam falamos muito da vida no campo.
27 Sim. 28 Relevo, pois cada aluno tem sua própria cultura, procuro associar e adequar as suas
palavras no planejamento e desenvolvimento de minhas aulas. 29 Não faço discriminação, mas procuro trabalhar a realidade deles. 30 Sim. 31 Claro, eu vivo com eles, e para eles, dentro da sala de aula.
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Estudantes Como você se percebe exercendo o ofício de professor?
1 Me realizo no que faço e procuro sempre me informar e pedir ajuda quando preciso, para trabalhar melhor.
2 Me considero uma boa professora, dedicada, preocupada com a aprendizagem dos alunos.
3 Eu gosto muito, é dentro de uma sala de aula que você percebe que os olhos de cada criança lançado sobre você te pede o desejo de saber e de aprender, dando a você a total responsabilidade de ensinar (aprender a ensinar).
4 Tenho muito há melhorar, mas estou sempre dando o melhor de mim. 5 Sou muito importante, pois sou responsável pela formação dos meus alunos. 6 Considero que muito tenho a melhorar mas uma convicção já se explicita: se quero
conseguir levar meus alunos além da sala, devo me empenhar numa atitude de convívio aberto com intuito de formação de cidadania.
7 Quando percebi, já estava exercendo o ofício. Acredito que nasci para ser o que sou (educador).
8 Me sinto valorizada e realizada exercendo minha profissão no contexto sócio-cultural, tentando acompanhar os avanços e exigências do mundo globalizado. Pois sei que sou responsável pela formação de cidadãos livres, críticos e construtivos.
9 Como um profissional competente e formador de pessoas conscientes, preparando-os para a vida, reivindicando seus diretos e deveres.
10 Uma pessoa muito feliz, pois me sinto muito bem quando estou com minhas crianças. 11 Acho que como um bom professor. Me percebo preocupado com o aprendizado, e tantos
outros casos. 12 Bem. Procuro me atualizar para sempre estar levando algo novo para sala de aula. 13 Me sinto bem, porque gosto muito do que faço. 14 Com muita responsabilidade, pois de mim depende o futuro deles. 15 Eu sempre trabalhei em outras áreas, na sala de aula eu atuo há pouco tempo. Entretanto,
gosto do que faço e procuro estar sempre me preparando. Planejo com carinho as aulas, gosto de todos os meus alunos e acredito que “dou conta do recado” .
16 Percebo que sou uma boa professora, e tenho muita garra, e vou conseguir atingir meus objetivos, procurando melhorar cada vez mais.
17 Exerço com bastante força, amor e dedicação, pois me sinto bem, sendo professora Estou quase me aposentando e já estou triste, em saber que a minha tarefa já está quase ao fim. Pois amo a minha profissão.
18 Com meus alunos eu me vejo como uma grande amiga e auxiliadora deles. 19 Sou uma professora que me esforço para aperfeiçoar na minha profissão fazendo cursos
e participando de congressos. 20 Às vezes insegura em relação a aprendizagem dos alunos, mas sempre procuro trocar
idéias com colegas para saber como está o meu desempenho e dos meus alunos. 21 Tenho muito ainda para aprender, estamos sempre aprendendo a cada dia, com nossos
alunos, com nossos amigos professores e com os professores da faculdade. 22 Percebo-me bem e segura, porém, em alguns momentos percebo que preciso melhorar
muito. 23 Valorizada e realizada, apesar do baixo salário, gosto do que faço, procuro me
aperfeiçoar cada vez mais para ajudar na formação de novos cidadãos críticos e construtivos.
24 Amo esta profissão. Aliás, é mais do que uma profissão é uma vocação. Se o professor não ama este ofício, com certeza não está muito bem sucedido, pois tudo que fazemos com amor vemos ótimos resultados.
25 É minha paixão, adoro trabalhar com crianças. É uma função cansativa, mas muito prazerosa.
26 É o que eu gosto, aliás, amo a minha profissão, sinto-me bem atuando e tenho paixão e felicidade quando o meu trabalho é valorizado e especialmente quando os meus alunos aprendem.
27 Dando tudo de mim, falando do que sei, aprendendo com eles buscando a melhor forma
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Estudantes Como você se percebe exercendo o ofício de professor? de chegar até eles, respeitando a hora de cada um.
28 A melhor recompensa é quando você vê o resultado que é o desenvolvimento do aluno, me sinto realizada como professora porque era meu sonho ser uma professora.
29 Muito bem. Faço com amor, prazer e dedicação. Gosto de trabalhar com criança. 30 Procuro dar o melhor de mim, sou bastante carinhosa, pois meus alunos são bastante
carentes. 31 Me acho uma professora muito boa, quando me esforço para fazer o melhor e brigo por
meus alunos.
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4ª PARTE RELAÇÃO ENTRE A FORMAÇÃO NO CURSO NORMAL SUPERIOR E A PRÁTICA DOCENTE
Estudantes Quais são os fatores relacionados a sua formação profissional e humana que interferem direta e/ou indiretamente em sua prática docente?
1 O carinho que temos com nossos filhos e aprendemos que é muito importante na sala de aula. Os bons modos (educação), a noção de cidadania, o preconceito que tem que ser abolido.
2 O curso interfere diretamente em relação aos conhecimentos que adquiri e continuo adquirindo dentro dele.
3 Gosto, o prazer de colher os frutos que você planta na cabeça e no coração de cada aluno.
4 A relação com os alunos tem que ter uma cumplicidade e muito respeito. 5 A reflexão da prática do professor. 6 A minha formação interfere em minhas atitudes docentes, pois a convivência com os
alunos deve ser humana no tratamento e atenção, bem como, provida de recursos para que haja desempenho.
7 A afetividade. 8 A expressão das ações e sensibilidades humanas, um fator expressivo é a falta de
consciência e o descaso dos pais em não ajudar os filhos nas atividades escolares. 9 Gostar do que faço, influência de minha mãe na sala de aula.
10 Leciono na zona rural e tenho que acordar muito cedo e durmo tarde isso muitas vezes me cansa pois além de trabalhar sou mãe de 3 crianças pequenas.
11 Desde cedo, infância e adolescência, fui muito comunicativo. E sempre tive vontade de ser professor, pois sei que seria a única profissão que me daria prazer e que me ajudaria a ser ainda mais comunicativo.
12 Inovação no dia-a-dia, para uma boa formação de cidadão crítico. 13 Tudo aquilo que é novo e que vejo que é capaz de crescer o rendimento dos meus alunos
e o meu, como professor e cidadão. 14 Horário muito restrito. 15 As reflexões a partir do conteúdo, estudando o aperfeiçoamento da prática pedagógica. 16 O modo como vejo a vida interfere em como dou as minhas aulas e o que cobro dos
meus alunos. 17 Bom os fatores relacionados com a minha profissão humana, é bastante desejada, pois
tudo que eu faço, eu gosto, e tudo que faço é almejado. Pois amo de coração, a minha profissão.
18 Somente a questão de que não dispõe de muito tempo para tudo. 19 Trabalhar o lado afetivo da criança. 20 O “olhar”, passei a ter um olhar mais crítico em tudo que faço, a me questionar, a refletir
a planejar, tanto para a prática docente, como também para minha vida pessoal. Hoje a reflexão faz parte de minhas decisões pedagógicas e para minha vida diária. Um “Olhar” atento para as questões de mudanças, para o comprometimento.
21 A falta de tempo atrapalha muito, é muito difícil conciliar trabalho nos dois horários, família e estudo.
22 Percebo que os alunos dependem de mim, como dependem da família para terem uma boa formação, e isso é muita responsabilidade.
23 Falta de interesse dos pais em relação as atividades de casa. Muitas vezes nem olham o caderno do filho.
24 Aprendo vários assuntos pertinentes à educação, e em como saber lidar com certas situa-ções. Trabalha muito com o nosso raciocínio e em como nos relacionarmos uns com outros.
25 26 27 Pelo que entendi da pergunta, a forma como aprende, ou seja o método tradicional. 28 Deixar a teoria usando mais a prática, a convivência com os próprios alunos interferem
na minha prática docente.
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Estudantes Quais são os fatores relacionados a sua formação profissional e humana que interferem direta e/ou indiretamente em sua prática docente?
29 Minha mãe é professora, meu irmão também e pelo fato do meu pai ser analfabeto, ele quis muito que eu me formasse para professora e eu não me arrependi, pois gosto muito, apesar de ser desgastante.
30 31 Só acho difícil conciliar trabalho, trabalho doméstico e estudo, fora a vida pessoal
que é tumultuada.
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Estudantes A sua formação em nível superior está colaborando para o aperfeiçoamento de suas atividades docentes? De que modo?
1 Sim. Com as teorias e tudo o que estudamos, como formas de ensinar e ouvir as dúvidas dos alunos.
2 Sim, pois me faz refletir sobre as questões, problemas da sala de aula, abre nossos olhos para ver que os professores tem seus direitos.
3 Sim. Na correção de atos e atitudes que às vezes temos em sala de aula inconscientemente. 4 Sim, no sentido de que olho mais profundamente no dia a dia das crianças buscando
compreender as causas de seu desinteresse. 5 Sim. Na inovação de práticas de ensino. 6 Sim. Numa constante revisão de postura, metodologia, visões mais aprofundadas, fazendo-
me procurar sempre adaptabilidade à minha realidade. 7 Sim. Através de leitura, seminários. 8 Através de uma maturidade maior dentro dos conteúdos a serem trabalhados, com visão
ampla de ética e ajuda mútua nas necessidades do alunado assim como uma valorização maior no meu profissional.
9 10 Sim. Esclarecimento de dúvidas sobre alfabetização. Como trabalhar a matemática com
crianças no ensino fundamental. 11 Sim.
Tenho tido oportunidade de me estabelecer com mais segurança em meu empreendimento que é minha escola.
12 Sim. Pois através de métodos que podem ser utilizados com os alunos. 13 Sim. Através do aperfeiçoamento e dos novos modos de como atuar em sala de aula. 14 Sim. Pois estou aprendendo novas técnicas pedagógicas que antes não conhecia. 15 Sim, pois a cada dia entendo melhor o que ocorre em sala e sei quais alternativas utilizar
com mais segurança e autonomia. 16 Muito, hoje reflito mais, e aprendo novas coisas a cada dia, o curso está sempre
acrescentando alguma coisa. 17 A minha formação de nível superior graças a Deus, está sendo bastante elaborada, pois as
minha atividades são bastantes aproveitadas. 18 Sim, tenho aprendido muitas coisas dentro da nova proposta Educacional. 19 Sim. Por que ensinar é bom quando também pode-se ter a possibilidade de aprender e
aperfeiçoar para ajudar alguém. 20 Sim. Através das trocas de experiências, a matéria Prática Pedagógica nos ajuda. 21 Em muitos casos sim. Quando encontro professores dispostos a passar o que estou
necessitando. Mas precisamos ter mais prática do que teoria, ir direto na realidade. 22 Sim, em vários modos, mas como já disse precisamos ter um pouco mais de aula prática,
pois a teoria é muito bonita, mas a prática é muito difícil. 23 Sim. Adquirindo conhecimento, maturidade para melhor valorização do meu profissional. 24 Só colabora! Lemos bastante e ficamos bem informados; na verdade o aperfeiçoamento
vem com a aprendizagem e o aprimoramento das questões levantadas. O nosso dia-a-dia é que nos ajuda a aprimorar a nossa maneira de viver e conviver com os outros.
25 Sim. Novos caminhos estamos seguindo, criatividade e mais entusiasmo para a exploração dos nossos conhecimentos no curso.
26 Sim. Através dos métodos usados em sala de aula, levados para a prática docente. 27 Sim. Hoje me questiono a todo momento. 28 Sim a convivência. 29 Sim. Procuro trabalhar o que aprendo no curso, ou seja, atividades novas e diferentes. 30 Sim. Esperava bem mais. Mas nos dão uma nova visão e nos tem impulsionado a buscar
mais. 31 Sim, estou aprendendo muita coisa que me auxiliam, principalmente na troca de
experiência quando vejo que todas as pessoas enfrentam os mesmos problemas.
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Estudantes A partir do ingresso no Curso Normal Superior você passou a analisar de
maneira mais crítico-reflexiva a sua prática docente? Dê exemplos. 1 Eu já tinha o magistério mas não lecionava ainda por motivos especiais. Então comecei
os dois juntos e estou em amadurecimento ainda. 2 Sim. Trabalhar a matemática com brincadeiras e jogos, geografia pode ser trabalhada
através de um passeio etc. 3 Sim. Tenho muito que aprender para muito ensinar. 4 Sim, mas levando em conta que o que se ensina tem que ter sentido com significado. 5 Sim. Hoje vejo de forma mais responsável a convivência do professor com o aluno. 6 Sim. Especialmente na concepção de uma prática que pode dar certo aliando-se
aprendizado com sentido com significado prático daquilo que se ensina. 7 Sim. Antes de tomar alguma decisão penso bastante primeiro. 8 Sim. O desenvolvimento de minhas aulas passaram a ser mais elaboradas buscando uma
reflexão mais ampla e compreendendo e desenvolvendo atividades em grupos. 9 Sim, estou mais consciente e com mais certeza naquilo que faço.
10 Sim. A maneira de falar com as crianças, o método de ensinar. 11 Sim. Eu era muito tradicional em minha prática, hoje vejo que posso dar o mesmo ensino
de qualidade da maneira mais reflexiva, mais construtivista. 12 Sim. Expandindo maiores conhecimentos na educação. 13 Sim. Passei a analisar melhor a vida dos alunos e da sua família e até mesmo a
comunidade em que ele vive. 14 Sim principalmente a maneira de avaliar o aluno. 15 – Os problemas sociais, afetivos e cognitivos dos alunos.
– A necessidade de estar incluindo as crianças na escola e na vida.
– A necessidade de uma alfabetização voltada para o letramento.
16 Sim, quando tomo uma atitude, fico pensando se fiz a coisa certa. 17 Bom ao ingressar no Curso Normal Superior, me senti mais humana e mais
compreensiva, pois tudo aquilo que aprendemos, é de grande utilidade. 18 Sim, deixei de ser totalmente tradicional para ser meio tradicional e meio construtivista. 19 Sim. 20 Com certeza; Quanto a minha prática docente sempre procuro fazer um diagnóstico, uma
análise, uma reflexão para depois planejar, sem medo de “errar” e se “errar” fazer deste erro um aliado e não um inimigo que deixará marcas profundas.
21 Sim. Minha postura enquanto profissional e mesmo pessoal. Percebo a necessidade de bons profissionais para acontecer mudanças na sociedade.
22 Através de várias conversas com amigos, pude perceber que a educação precisa e muito de bons profissionais e isso nos faz refletir e questionar.
23 Sim. Procuro refletir um pouco mais na elaboração das minha aulas. 24 Para mim não mudou muito esta maneira de analisar, pois sempre procurei exercer
minhas atividades com amor carinho, boa vontade, competência para assim, poder obter resultados altamente compensatórios e satisfatórios.
25 Sim. Coisas que eu achava errado no aprendizado da criança e hoje descobri que não era erro e sim coisas que muito o valoriza.
26 Sim. Observando o lado afetivo de cada criança. 27 Sim. 28 Sim, a forma de conhecer, analisar e questionar a avaliação que vem sendo realizada e se
tem alcançado resultado. 29 Sim.
Se estou trabalhando de acordo com o que me passam no curso. 30 Sim – Estou sendo o professor que os meus alunos precisam? 31 Com certeza. Percebi que gritar não corrige meus alunos, devo compreender e buscar
uma forma tranqüila de conversar, e tentar resolver os problemas deles.
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Estudantes A partir do Curso Normal Superior você passou a perceber que existem outras
formas de exercer o trabalho pedagógico? Se a resposta for sim, quais são elas? 1 Não sei, pois comecei os dois juntos. 2 Sim. A aula não necessita ser rotineira, mecânica. O professor pode ensinar brincando,
contando uma história etc. 3 Sim. Na forma de avaliar o aluno; onde sua bagagem não está apenas nas provas e testes;
mas sim na avaliação diária, da bagagem que ele trás de casa, da comunidade em que vive e na realidade de cada um.
4 Sim, com trocas de experiências, e atividades com alcance positivos. 5 Sim. De forma prática e criativa. 6 Sim. Receitas não se pode dar, ou apreender, mas existem as trocas de experiências, as
atitudes que alcançam resultados positivos e que podem ser compartilhados. 7 Sim, de forma mais flexível usando mais (recursos) material concreto. 8 Sim. Através de mudanças comportamentais interagindo o mundo que nos cerca,
juntamente com ações coletivas. 9
10 Pude perceber que não só dentro da sala podemos ensinar e adquirir aprendizagem de nossos alunos.
11 Sim. Talvez seja a mesma explicação do item anterior 12 Sim. Trabalhar auto-estima e a afetividade. 13 Sim, pela prática, trabalho de campo, pesquisa e outros. 14 Sim. Trabalhar o aluno avaliando dentro de sua vida social e cultural 15 Sim, de forma mais humana, mais técnica e sempre respaldada em um suporte técnico. 16 Sim, existem várias formas de se ensinar a mesma coisa, e temos que sair um pouco do
tradicional e buscar novidades para incentivar os alunos. 17 Ao meu ver no Curso Normal Superior percebemos que existem outras formas de
exercer o trabalho pedagógico, sim estou adorando, estou aprendendo algo mais. 18 Sim, através de projetos pedagógicos e pesquisas. 19 Sim. 20 Sim. A Prática Pedagógica com certeza ultrapassa as fronteiras da sala e da escola.
Preciso acrescentar para meu aluno, mas também para o seu contexto social. Formar cidadãos além da escola, cidadãos conscientes para o mundo. E isto ultrapassa os portões da escola, meu aluno deve estar preparado para um mundo competitivo.
21 Sim. Trabalho de campo, conversa interativa , dinâmicas, caixas surpresas, etc. 22 Sim, mas não consegui definir. 23 Sim. Trabalho de grupo, mudança de comportamento. 24 É como já respondi a pergunta anterior sempre procurei exercer o meu trabalho com
responsabilidade, amor e competência. Não sou perfeita mas procuro exercê-la de maneira agradável.
25 Não. 26 Sim. Afetividade, auto-estima. 27 Sim. Trabalhando numa forma mais prazerosa aprendendo brincando, sem “decorebas”. 28 Sim, trabalhar com o aluno, não só com material pedagógico mais aproveitando o que ele
trás de casa. 29 Outras formas não. Mas de enriquecer o meu trabalho sim. 30 31 Sim, na vida, na igreja, na rua, na família, exercendo a minha prática e oferecendo o
pouco que sei.
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Estudantes Em que você acha que o Curso normal Superior ajuda, influencia ou atrapalha a
sua prática docente? 1 Na reflexão sobre a importância do nosso papel em sala de aula. 2 Influenciou, através dos conhecimentos de psicologia, onde agora uso outros métodos com
meus alunos. 3 Ajuda. Testes e atitudes de almejar com grandiosidade nos fracassos e avanços de cada
aluno. 4 Na melhoria e na busca de algo melhor para os nossos alunos. 5 Na maneira de trabalhar dentro da sala de aula. 6 Ajuda principalmente na possibilidade de estarmos sempre buscando algo melhor para
nossos educandos. 7 Em nada, só tem ajudado. 8 – Eu acho que tem ajudado em todos os aspectos, influenciando positivamente em minha
prática. – O lado negativo é que a gente está cheio de anseios e novidades, mas nem tudo pode ser aproveitado, pois a cabeça de nossos alunos e pais, assim como o processo educacional é muito lento.
9 Ajuda a melhorar minha prática através de troca de experiências com meus colegas e falas de professores,
10 Para mim só tem a influenciar para o bem estar de meus alunos. 11 O curso influencia muito minha prática docente, pois agora com os estágios em outras
escolas, posso analisar outras práticas e também o aprendizado de outras crianças. 12 Influência porque a cada matéria aplicada aprendo novos métodos de ensinar. 13 Ajuda e influência, a buscar mais a cada dia a ter um melhor desempenho em sala de aula
com os aluno, e prosperar ainda mais nos estudos não conformando apenas com o que sabe. 14 O Curso Normal Superior me ajudou a ter uma outra visão da prática pedagógica e a lidar
com situações diversas. 15 Sem dúvida, ajuda muito, abre outros cominhos com conhecimentos mais profundos. 16 Ajuda a melhorar minhas aulas, e não atrapalha em nada, mas podia ser muito melhor. 17 Ao contrário, o Curso Normal Superior tem me ajudado bastante e tem me influenciado com
bastante alegria e firmeza. 18 Ele me ajuda a ter uma nova visão da minha prática docente. 19 O Curso Normal Superior ajuda muito na melhoria do ensino em todos os níveis. Basta
analisar nosso passado e o presente na nossa maneira de alfabetizar. 20 Ajuda bastante. Acho que vem a acrescentar, a cada dia consigo ver não um caminho novo,
mas uma forma diferente de caminhar. O que antes não era suficiente, você tem oportu-nidade de acrescentar.
21 Não acho que trabalha, mesmo que tenha aspectos negativos não atrapalha nunca minha prática docente. Estou crescendo. Além do mais tem a importância de se ter um curso superior, que pesa muito em nossa sociedade.
22 Você é visto com outros olhos por estar cursando uma faculdade; Nos confunde as vezes, pois o construtivismo é muito discutido e na prática ele é condenado, pois a sociedade nem sempre está preparada e cobra muito o tradicional.
23 Eu acho que tem ajudado em tudo. 24 Não atrapalha só ajuda em tudo! Quanto mais bagagem eu tiver, melhor. 25 Me ajuda na hora de resolver problemas com os alunos, tenho novos conhecimentos para
expôr para os alunos. Me atrapalha por dormir tarde e tendo que acordar muito cedo. 26 Ajuda – Aprendemos novas maneiras de atuar em nossa sala de aula. 27 Como já disse em outras perguntas, hoje me questiono mais, tenho medo de não estar
fazendo o certo procuro sempre estar me modificando, procurando sempre fazer o melhor. 28 O Curso Normal Superior vem adequando, inovando a teoria e práticas diversificadas. 29 Não atrapalha. Me ajuda, pois estou enriquecendo os meus conhecimento, para transmiti-los. 30 Nos ajuda porque sempre há uma troca de experiências. E os professores estão sempre nos
dando uma luz. 31 Auxilia na minha busca pela profissionalização e o crescimento humano.
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Estudantes Você percebe transformações em seu trabalho e em sua vida pessoal derivadas da sua formação no Curso Normal Superior? Quais?
1 Sim. Até mesmo para ouvir minha filha ,como meus alunos ,com mais cuidados e atenção.
2 Sim. Na minha vida pessoal eu tenho que me dedicar aos meus estudos. Na vida profissional eu reflito de uma outra forma sobre minha prática docente.
3 Sim. Aprendendo a respeitar a hora e o momento que cada um tem de aprender. Respeito do livre arbítrio de cada um.
4 Sim. Os conceitos são revistos pessoalmente e profissionalmente. 5 Sim. Tive oportunidades de ler vários livros bons. Tive ótimos professores que trabalhou
muito bem a prática de um professor. Só sabemos que estamos errados, no momento que conhecemos o certo.
6 Sim. Conceitos próprios são revistos tanto em minha vida pessoal como na profissional. 7 Em minha vida pessoal sim, pois não tenho tempo para família. 8 Sim. Aprendi a ouvir mais as pessoas, estou tendo uma capacidade maior de reflexão e
aceitação do outro. 9
10 Segurança, coragem e vontade de aprender cada vez mais. Minha família me apóia e dá força para que eu possa ir até o final.
11 Sim. Tenho sido bem mais aceito, tanto na sociedade quanto nos ingressos de cursos e inscrições para alunos.
12 Várias como: melhor desenvoltura na sociedade; conhecimento maior de mundo. 13 Sim. A partir do momento que comecei a fazer este curso. Estou me sentindo muito mais
capaz e com vontade de ir em busca de algo novo a cada dia. Posso ver que o tempo que fiquei parado, foi um tempo perdido que não volta mais.
14 Sim. Na maneira de avaliar de ver o aluno, e de relacionar-me com ele. 15 Sim, qualquer forma de aprendizagem é valida para o desenvolvimento integral do ser,
principalmente tendo em mente que a educação é um processo que ocorre ao longo de toda a vida.
16 Sim, mas não são muitas, mas sou mais respeitada. 17 As transformações em nosso trabalho estão acontecendo com bastante convicção. 18 Passei a ser menos tímida ao falar em público, graças ao Curso Normal Superior. Em
meu trabalho passei a ser mais maleável com os meus alunos. 19 Sim. Tinha medo de abandonar o modo tradicional de alfabetizar e hoje alfabetizo de
maneira muito mais fácil e saí do tradicional e sou mais criativa. 20 Sim. Como já coloquei antes o meu “olhar” em todos os sentidos mudou. O que antes me
apavorava, me inquietava, agora serve de reflexão, de pesquisa para soluções melhores. Serve de parâmetro para planejar e executar melhor todas as tarefas. As mudanças não me causam desconforto mas sim grandes oportunidades para desenvolver, para questionar melhor o meu trabalho e também organizar e acertar melhor os imprevistos da vida pessoal.
21 Sim. Pois para quem não tinha prática, já entrei com uma nova cabeça na área da educação e para minha vida, eu tenho uma filha de 3 anos e com a faculdade eu aprendi a entendê-la melhor e a ajudar na construção do seu desenvolvimento.
22 Percebo sim tanto no trabalho como no pessoal, tenho mais segurança e me sinto no mesmo patamar de outros que já tem formação acadêmica. Parece-me que clareou bastante meus questionamentos.
23 Sim. O entrosamento, novas amizades capacidade de reflexão, mas leitura. 24 Uma das experiências que pude obter dentro do curso que faço é um pouco divergente
pois tive que (muitas vezes), suportar alguns problemas sociais que me levaram a trabalhar algumas vezes dentro da sala de aula, sozinha, mas isto não me afetou, pois graças a Deus sei desempenhar minhas obrigações com respeito e dignidade. Digo em relação à sala de aula quanto ao curso normal superior.
25 Sim. Maior nível de conhecimentos e sinto que amadureci muito.
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Estudantes Você percebe transformações em seu trabalho e em sua vida pessoal derivadas da sua formação no Curso Normal Superior? Quais?
26 Sim. Sou muito tímida e foi através deste curso que estou cada dia mudando, e reformulando meu modo de ser e agir como educador.
27 Sim. Nossa, são muitas. 28 Sim, na maneira de conhecer e avaliar o aluno. 29 Sim. Assumi uma nova postura, tanto no trabalho, quanto em minha vida pessoal. 30 Sim. Apesar de estar sendo bastante chato este curso estamos em constante
aprendizagem. 31 Sim, quando olho minuciosamente para tudo e percebo nas entrelinhas o que posso fazer
para melhorar a vida dos outros e a minha.
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Anexo 3 - Observações de Práticas Docentes Anexo 3.1 - OBSERVAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE I
ESTUDANTE 14 ALUNA DO ISEC – UNIDADE DE ALTO JEQUITIBÁ
A estudante- professora 14 é uma excelente aluna, tem alguns problemas de
ordem religiosa que a impedem de participar de atividades realizadas na 6ª feira após as 18:00
e aos sábados, pois a “Igreja Adventista do 7º Dia”, da qual faz parte,não permite que se faça
nada neste dia. Tenta remediar a situação fazendo trabalhos, mas fica muito prejudicada,
principalmente nos seminários, que são todos aos sábados, e isso vai lhe causar sérios
problemas com carga horária.
Tem 41 anos, casada, mãe de três filhos, uma de 15 anos, outra de 12 e um
menino de 06 anos, mora na roça.
Ela trabalha no turno da tarde na Escola Estadual Padre Júlio Maria, na “Vargem
Grande”, município de Caparaó, com a 3ª série.
Chego e já está na hora de começar a aula. Nos dirigimos então para sua sala. A
turma já está toda sentada, ela me apresenta, e todos me cumprimentam.
A Prof. é muito calma, fala baixo e lentamente. Pede para que um dos alunos se
manifeste para fazer uma Oração.
Anuncia que a disciplina a ser trabalhada será Ciências, vamos trabalhar com os
materiais : argila, calcário, etc. Começa perguntando quem conhece, quem já viu. Depois leva
os alunos para a biblioteca para pesquisar sobre o assunto. De volta a sala é colocado o tema
em discussão e em seguida passa um texto mimeografado com algumas perguntas para
responderem. Todo este trabalho em sala e na biblioteca, tomou bastante tempo e já é hora do
recreio. Os alunos fazem fila em direção a cantina e vão merendar, ela me convida para a sala
dos professores, e me serve pastel de queijo, feito pela merendeira da escola, com coca-cola.
Ficamos conversando um pouco, os outros professores, muito curiosos a meu respeito, me
fazem várias perguntas, e isso toma todo o recreio.
Voltamos para a sala de aula, e ela fala com os alunos que em breve acontecerá
uma feira de ciências na escola, e o que eles achavam da idéia de trabalhar com aqueles
materiais,(argila, calcário,etc) fazendo algumas esculturas para exporem. Eles adoram a idéia,
e põem, literalmente, a mão na massa. Fizeram panelinhas, vasinhos, etc, e ficaram muito
boas! Colocaram para secar, voltaram para a sala e fizeram o registro do que gastaram em sua
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escultura, quais materiais foram utilizados, etc., para colocarem junto com as peças na
exposição.
A prof. me diz que a escola gosta muito de trabalhar com projetos, e isso tem
surtido um resultado positivo. Explica que ela tem um horário para seguir, mas que dão
liberdade para continuar com a mesma aula, se houver necessidade, como foi o caso de hoje.
Também diz que aproveita o tema para todas as disciplinas. Como por exemplo o que fará
agora. Pede que os alunos abram o caderno de português para fazer um ditado, e dita as
palavras : calcário, argila, e todas as outras utilizadas. Depois é a vez da matemática, fazendo
situações problemas com as quantidades gastas nas esculturas.
Fim da aula, entrega o Dever de Casa e diz que só manda duas vezes por
semana, pois os alunos em sua maioria não tem tempo de fazer em casa, pois trabalham na
roça, quando não estão na escola, e quando saem da escola , às 16:30, costumam chegar em
casa só depois das 22:00 horas , pois só tem um micro ônibus para transportar mais de
trezentos alunos, o motorista monta um esquema de lugares próximos um do outro e vai
levando os grupos em várias viagens e o restante do caminho fazem a pé.
Conta que está desenvolvendo um projeto também com a Matemática, sobre
Sistema Monetário. Na Vargem Grande, onde é a escola, existem 05 “vendas”, e eles não
colocam preços nas mercadorias, então ela pediu que os alunos se dividissem em equipes e
fossem fazer uma pesquisa de campo para saber os preços de uma lista que eles mesmos
fizeram com os produtos que desejavam saber os preços. Foram então nas vendas, e
perguntaram para os donos os preços das mercadorias. Quando voltaram para a sala
começaram a comparar os preços, e descobriram que o picolé, por exemplo, custa 40
centavos, tanto o recheado como o sem recheio, numa venda, e em outra custa 50 centavos os
recheados e 40 centavos o sem recheio, sendo que são da mesma marca da outra venda.
Conseguiram saber onde se vende biscoitos mais baratos, e estenderam a pesquisa até a
vendinha da escola. A prof. disse que está sendo muito interessante o trabalho.
Agradeço a todos terem permitido que eu fizesse parte da rotina deles, e agradeço
em especial a professora pela sua atenção comigo e despeço-me.
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Anexo 3.2
OBSERVAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE II
ESTUDANTE 16
ALUNA DO ISEC – UNIDADE DE ALTO JEQUITIBÁ
São 5:30 da manhã, estou saindo para mais uma observação da Prática
Pedagógica. Marquei com a Profª (estudante-professora 16), aluna do 4º período do Curso
Normal Superior- ISEC – Unidade de Alto Jequitibá, às 6:30, no posto de gasolina em Alto
Jequitibá, para de lá seguirmos para o Córrego da Jacutinga, onde trabalha com uma turma
multiseriada. De Carangola a Alto Jequitibá são 50 KM, e depois tem mais 8 KM de terra e
barro para chegarmos ao Córrego da Jacutinga. Faltando mais ou menos uns 18 KM para
chegar ao local combinado, o pneu do meu carro fura. Já são 6:40, e eu simplesmente não sei
trocar o pneu. A estrada ainda está cheia de serração, os carros ainda passam de farol aceso, a
pista é perigosa, pois é muito estreita e não tem acostamento. Decido parar o primeiro carro
que aparecer, e assim faço. Os sorteados são um casal de velhinhos. Com muito sacrifício
consigo convencê-los a trocar o pneu para mim. Ele diz se chamar “Laire” e ela “Erza”, fico
pensando porque as pessoas da roça acrescentam ou trocam as letras das palavras, porque na
verdade ele se chama “Lair” e ela “Elza”, penso que isso daria uma boa pesquisa. Paro de
pensar nisso e tento ajudá-los pois não estão conseguindo levantar o carro o suficiente para
que o pneu entre. Depois de muita luta e do Sr. Lair cortar a mão e alguns dedos num cabo de
aço que estava junto ao pneu conseguimos terminar o serviço. Eu agradeço muito e sigo o
meu caminho, logo em seguida sou ultrapassada velozmente por eles! Já são 7:20 e eu estou
bastante atrasada. Consigo chegar e a prof. ainda está me esperando, me desculpo e explico o
motivo, ela diz já ter mandado avisar que iria se atrasar um pouco, por uma professora que foi
na frente. O tempo não colabora, chove muito, eu sem step, numa estrada de terra e cheia de
barro, mas aos “trancos e barrancos”, conseguimos chegar.
Chegando na escola os alunos já estão agitadíssimos e já sabem da minha
presença. Ela já chega mandando todo mundo se sentar e ficar em silêncio. Me apresenta
como sua professora e diz que vou ficar até o final da aula. Cumprimento a todos e tento
deixá-los à vontade. Sento na últimas carteiras e começo a fazer meus registros.
A Escola se chama “Escola Estadual João Emílio César”, localizada no
Córrego da Jacutinga, município de Alto Jequitibá, a turma é multiseriada, prática muito
comum na região, para surpresa minha, pois achava que isso nem existia mais. Funciona o
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sistema de Ciclos. Na sala tem a Fase Introdutória, que seria o Pré-escolar, o Ciclo I (1ª Série)
e o Ciclo III (3ª Série). Os professores da escola ainda não dominam direito esta nova
nomenclatura e nem mesmo o processo, não sabem se podem reter o aluno, ou em que série
que isso é possível, enfim, na cabeça deles ainda está tudo muito confuso.
A Prof. começa pedindo para que o Ciclo III , faça uma produção de texto,
contando um capítulo de uma das novelas da Globo. Eles gostam da idéia e logo começam a
escrever. Para a Fase Introdutória e Ciclo I, a atividade é de matemática , o mesmo conteúdo,
operações de adição. Se dirige a mim, dizendo que a turma é um “abacaxi”, que várias
professoras já a abandonaram, que por isso ela nem faz Plano de Aula, o Plano está na sua
cabeça. Que com ela eles vão aprender de qualquer jeito, nem que seja na base do grito!
Volta-se para o Ciclo III e diz para cuidarem da pontuação. Diz para a Fase Introdutória e
Ciclo I para prestarem atenção que vai explicar a matéria sobre unidades e dezenas. Passa a
matéria no quadro. Alguns alunos tem dificuldades em entender e até em copiar.
Começo a observar a sala e vejo que é toda decorada com o alfabeto maiúsculo
e minúsculo, numerais, calendário e mensagens, a prof. diz que antes não tinha nada nas
paredes, e que ela fez tudo sozinha. São mensagens do tipo, por exemplo :
“Trate com zelo e carinho Do material escolar, Quem não cuida do que é seu Do alheio vai precisar Ao terminar as aulas Evite brigas e farras Vá direto para casa Sem praticar algazarras Em aula preste atenção Naquilo que o mestre ensina, Não converse e não graceje, Não perturbe a disciplina Não escreva nas carteiras Nem jogue papel no chão Estes atos só demonstram A falta de educação!”
Depois de um tempo, ela começa a corrigir as atividades de matemática, dizendo
que pelo o que ela olhou nos cadernos eles fizeram tudo errado, apesar de ela ter explicado tão
bem! E vai de caderno em caderno fazendo as correções.
A professora é “brava”, não deixa ninguém conversar, não pode nem virar para
trás. Escuto gritos muito altos de outra professora, que é também coordenadora da escola, na
sala que é exatamente em frente a nossa, brigando muito com um aluno, e logo em seguida
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um silêncio profundo. A prof. continua corrigindo e dizendo para deixar a borracha perto,
porque ela vai apagar tudo que não estiver certo e caprichado, quando ela chega nas carteiras
os alunos vão logo entregando a borracha.
Volta-se para o Ciclo III e lê algumas produções sobre o capítulo da novela. As
crianças lêem em voz alta suas produções sob a ameaça de ficarem de castigo e sem recreio.
Depois ela pede a eles que me dêem suas produções para deixar junto ao meu trabalho de
pesquisa. Agradeço, leio algumas e percebo que as dificuldades ortográficas, são enormes.
Grita com os alunos da Fase Introdutória e Ciclo I que está tudo mal feito! Passa para o Ciclo
III e anuncia que o trabalho agora é com multiplicação por dois números, e passa oito
continhas no quadro.
De repente o cheiro da merenda invade a sala, cheiro de alho afogado... Minha
boca enche de água... me faz lembrar da merenda que eu comia na escola, era mingau de fubá
com couve rasgada, tudo bem salgadinho, minha merenda preferida, eu adorava! Fico
torcendo que a merenda seja isso, pois o cheiro era o mesmo, penso em como nossa memória
olfativa é forte.
A professora termina as correções da Fase Introdutória e Ciclo I e também passa
várias continhas no quadro para que eles façam as operações de adição. Termina de passar no
quadro e vai para o Ciclo III explicar como se faz a multiplicação por dois números. Enquanto
explica é interrompida várias vezes pelas outras crianças. Manda que as crianças da Fase
Introdutória e Ciclo I façam pauzinhos numa folha e utilizem os dedos para resolver as
operações, diz ser difícil trabalhar com material concreto.
Sempre que alguma criança pede para ir ao banheiro ou beber água, ela deixa, sem
nenhum questionamento, coisa que é rara, pois as professoras, não sei por qual motivo, não
acreditam que a criança esteja falando a verdade, e com isso são inúmeros os casos de
crianças que fazem xixi na roupa na própria carteira, causando-lhes um enorme
constrangimento e nenhuma vontade de voltar a escola. E o interessante é que as próprias
professoras contam que isso já aconteceu com elas também , enquanto eram alunas do antigo
primário.
Começa as correções das operações do Ciclo III, ela pede para três crianças irem
até o quadro e resolver , cada um , uma operação. Enquanto fazem, volta-se para a Fase
Introdutória e Ciclo I e corrige ela mesma, no quadro, todas as operações.
São 9:15, “Hora do Recreio”, todos respiramos aliviados, e eu mais ainda para ver
o que tem de merenda. Os alunos de toda a escola fazem uma fila enorme em direção a
cozinha . A professora me chama para entrar na cozinha... não era mingau de fubá com couve
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rasgada....que me deixou de água na boca e saudosa da minha infância... era arroz, feijão e
couve! Muito gostoso por sinal, como acordei muito cedo, já estava com fome e não me fiz de
rogada! Terminada a merenda vou para o pátio observar as crianças. Como sempre o pátio é
de terra, sem nenhum brinquedo, nem mesmo bola. As crianças ficam andando, correndo,
gritando ou conversando. Depois de algum tempo a professora diz para algumas meninas que
podem pegar a corda na secretaria, e elas vão todas correndo e começam a brincar de pular
corda, coisa que já fiz muito também!
Terminado o recreio, às 9:45, voltamos para a sala, ela continua as correções de
matemática do Ciclo III, dois alunos, dos que foram ao quadro, fizeram errado, só um
consegue acertar. Terminada as correções ela pede para que todos guardem os cadernos, e diz
que se todos se comportarem bem ela deixará que brinquem um pouco antes de terminar a
aula, pois eles estão bem agitados.
Coloca no chão da sala, lá no cantinho, uma pilha de revistas e diz para os alunos
do Ciclo I, recortar palavras com GA, GO, e GU.
Para a Fase Introdutória da uma folha mimeografada com palavras da família do
BA-BE-BI-BO-BU, como BULE, BALA, BONÉ, etc. É para recortar as palavras, copiar e
depois colar nos respectivos desenhos.
Para o Ciclo III continua com operações, continhas que parecem não ter fim, e
continua falando : 4X5? 7X8? 9X5?, e eles erram e a professora grita. O tumulto aumenta
quando sai a outra turma para a educação física, que na verdade não tem professor para isso,
ela se restringe aos alunos ficarem correndo desesperadamente ao redor da escola, gritando
sem parar, o que deixa os outros alunos em sala mais agitados ainda ,e a professora nem se
fala, agora ela já grita o tempo todo, ameaçando as crianças. Ela corrige um pouco das
operações, confere as palavras da Fase Introdutória e vai colar as palavras para o Ciclo I, e a
aula vai andando nesse ritmo, já são 10:40. A professora parece estar no seu limite, agora já
manda os alunos calarem a boca aos gritos e ameaça que vai deixá-los sem educação física. E
continua na tabuada, como se aquilo fosse uma tortura, eu mesma já me sinto um pouco aflita.
Ela diz: Não brinquem comigo, porque vocês não me conhecem! Uma aluna pergunta se pode
colar a palavra xícara, ela tem quase um ataque e pergunta: Como? Se estamos trabalhando o
BA, BE, BI, BO ,BU?
Entrega o Dever de Casa, e diz : Quem não fizer vai ter um castigo! Em seguida
ela libera a turma, que acabou não tendo nem um tempinho para brincar, pois já são 11:15.
Ela se volta para mim, e diz que pensou que iria ficar tensa com minha presença,
mas que isso não aconteceu. Me pergunta o que achei da aula? Eu não sabia o que responder...
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Anexo 3.3
OBSERVAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE III
Estudante 8
UNIPAC / UNIDADE DE DIVINO
A estudante-professora 8, tem 32 anos, é casada e tem 02 filhos. Seu marido é
lavrador. Moram no Córrego São João do Norte, numa área rural. Ela trabalha em uma escola
de manhã, lecionando para uma turma multiseriada.
Em sala de aula é uma aluna aplicada, sempre se manifesta, gosta de dar sua
opinião e parece ser bastante sensata. Raramente falta às aulas, só mesmo quando transborda
o rio e não tem como passar, mas trata logo de pegar o conteúdo dado com algum colega e se
atualizar. Nunca deixa de entregar um trabalho, e fica ansiosa pra saber se está tudo certo.
A escola que trabalha chama-se Escola Municipal Silvino Fernandes Rocha,
fica na área rural, denominada Córrego São João do Norte. Sua turma é multiseriada, trabalha
com a 2ª e 4ª séries juntas. A escola é bem humilde. O único recurso didático que possuem é
um mimeográfo, mais nada. Ela tem 15 alunos, sendo 10 da 2ª série, todos meninos, com a
idade entre 08 e 14 anos e 5 da 4ª série, 4 meninas e 1 menino, com idade entre 10 e 15
anos.Todos vêm a pé, alguns de bem longe, e muitos sozinhos. Explica-se a utilização das
turmas multiseriadas em grande escala na área rural, devido ao número reduzido de alunos em
cada série.
Saí de Carangola às 5:30 da manhã. Ela tinha pedido a uma colega que mora em
Divino e que também trabalha na mesma escola que ela, que fosse comigo para me mostrar o
caminho. De Carangola a Divino são 30 quilômetros e até na escola mais uns 12 km de
estrada de terra. Consegui chegar na escola às 6:55. Os alunos ainda estavam tomando café. O
café da manhã foi uma iniciativa do Prefeito, que percebendo o grau de carência da
comunidade, viu que algumas crianças tinham dificuldade de esperar até a hora da merenda,
pois vão para a escola sem comer absolutamente nada, então criou o café da manhã, que é
bem simples, café, leite (este um dia sim e um dia não) e biscoito. Considerei bem louvável a
atitude dele, ainda que paliativa. Terminado o café, que é bem rápido, fomos para a sala de
aula, às 7:10. Eu cumprimento a todos e peço licença para ficar com eles durante a aula, eles
não falam nada só me olham. O frio está de rachar, tem até aquela neblina no ar, bem
baixinha, e eu reclamo do frio, estando com duas blusas, bem peludas de gola alta, a
professora responde que a região é muito fria. Eu olho pra eles, e só então percebo que estão
quase todos, sem blusa de frio e descalços, isso me deixa um pouco constrangida, ainda
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procuro fazer um comentário sobre o sol que já vai chegar, que se perde num silêncio
profundo, então acho melhor ficar quieta.
A professora pede que todos fiquem de pé, e fazem juntos uma Oração, o “Pai
Nosso”, em seguida ela anuncia que será trabalhado produção de texto, que eles aprenderão a
fazer um bilhete, ninguém fala nada. Ela entrega uma folha mimeografada, onde tem um
modelo de bilhete e explica minuciosamente os elementos que devem constar neste portador
de texto. Esta atividade foi dada para as duas séries, com o mesmo grau de dificuldade.
Depois de explicado, ela pede que cada um faça um bilhete convidando alguém para sua festa
de aniversário. Fico observando, para ver o que acontece, pois na hora que ela falou de “festa
de aniversário”, não me pareceu que isso fizesse parte do universo daquelas crianças tão
pobres.
As reações são as mais variadas possíveis. Um aluno pergunta que horas é um
aniversário, o outro diz não saber a quem convidar, o outro diz não saber a data do seu
aniversário, o que a professora responde sem pensar, inventa uma! Um outro aluno, lá no
fundo da sala, ficou tão desesperado que rasgou a folha em pedacinhos bem pequenininhos.
Isso ocorreu mais com os meninos da segunda série, os da quarta série já são maiores e
conseguem imaginar um texto coerente para o convite, convidando uns aos outros. Dois até se
manifestam e lêem em voz alta sua produção, depois de muita insistência da professora.
Ela começa a passar de carteira em carteira corrigindo um por um, pede ainda
para que alguém da segunda série leia, mas não tem sucesso, eles estão morrendo de vergonha
da minha presença, e muitos não sabem ler. Ela decide dar por encerrada a atividade dizendo
que fica como dever de casa para a próxima aula a produção de outro bilhete, convidando
alguém para um “Pic-nic”!
Pergunto a ela sobre o aluno que rasgou em pedacinhos sua folha, ela diz que ele
não conversa com ninguém, só com o irmão, se precisa de alguma coisa , pede para o irmão
que fale com ela. Disse que apesar dele já ter 14 anos não sabe ler, mas que escreve muito
bem. A mãe morreu e o pai conheceu uma mulher do Rio de Janeiro que esteve passeando na
região e foi embora com ela, deixando os filhos para traz. Depois de algum tempo levou-os
para lá, mas a mulher batia muito neles e então eles foram para Fortaleza morar com outros
irmãos, o que também não deu certo. Voltaram para São João do Norte, mas parece que a
situação de onde eles irão morar está meio complicada. Ela diz não saber o que fazer com
eles, pois o desenvolvimento pedagógico deles está muito comprometido, e não tem nem a
quem chamar na escola para conversar. Encerramos o assunto e ela passa para outra atividade,
agora só para a 4ª série.
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Pede que abram o livro didático e façam a leitura silenciosa do texto duas vezes e
que depois eles irão ler em voz alta. Todos lêem juntos em voz alta. Agora ela pede que
retirem do texto os artigos e adjetivos e formem frases com eles. Em seguida começa a falar
de pronomes. Diz que quando acabarem é para escrever os números por extenso e os
algarismos romanos. Fala agora de interjeição! Pergunta se eles se lembram do que é, e eles
respondem, muito sem-graça e olhando pra mim, que sim. Agora já é a vez dos verbos e seus
tempos. No total ela pede que façam 14 atividades. Volta-se para a segunda série e começa a
colar a folha do bilhete no caderno deles. Só ela tem uma cola, por isso ela vai de carteira em
carteira colando. É hora de mais atividade para a segunda série. O conteúdo agora é
substantivo próprio, comum e coletivo. Faz perguntas sobre o que é profissão, eles respondem
que é um trabalho. Pergunta nome de profissões, eles ficam mudo, pergunta de outra forma e
eles respondem : capinar, catar café, arrumar a cozinha. Pergunta como é o nome da profissão
de quem cuida da gente, quando estamos passando mal, e eles respondem que é o doutor.
Enquanto isso a 4ª série continua nas atividades do livro. Ela agora, pergunta sobre os países,
e eles respondem Rio de Janeiro, Carangola e nessa hora a professora se utiliza do exemplo
das olimpíadas para explicar o que é um país, e parece que eles conseguem entender. Em
seguida distribui uma folha, também só para a 2ª série com uma lista de coletivos e começa a
perguntar : coletivo de peixe é ...Car... e eles completam com o ...dume! e assim faz com toda
a lista.
Os alunos da 4ª série solicitam ajuda com a interjeição, ela da uma explicação
rápida e manda que vejam na matéria anterior e volta para os coletivos.
Um aluno interrompe, convidando a professora para ir numa festa na “Pedra
Cabeluda” dos Teixeiras, é longe... mas vale a pena, porque dizem que vai ser muito boa! Ela
agradece e diz que vai falar com o marido e começa a colar a folha dos coletivos.
Nove horas, hora da merenda e do recreio. Ela manda fazer a fila do menor para o
maior e fazem uma oração agradecendo o alimento. A merenda é arroz e feijão, eles comem e
repetem, até mais de uma vez, na verdade comem até acabar tudo que tem naquelas
panelonas. A turma vai brincar, ou simplesmente ficar no sol. Não existe nem um brinquedo,
só um terreiro empoeirado e algumas árvores, nas quais são proibidos de subir. O recreio
deveria durar só 15 minutos, mas ficam geralmente 30 minutos.
Acaba o recreio e voltamos para a sala de aula. Agora é hora de matemática!
Tabuada para todos! E começa em voz alta: 2X4, 3X8, 9X9 e assim por diante. Os alunos
respondem como podem, e ela repete o mesmo número até que acertem. Entrega as folhas
mimeografadas para a segunda série com continhas de multiplicação, problemas matemáticos,
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também tem atividade de decompor os números em unidade de milhar, centenas, dezenas e
unidades. Para a 4ª série passa no quadro: Arme, efetue e tire a prova real, de nove situações,
envolvendo multiplicação e divisão de números bem grandes. Depois de um tempo diz que
vai corrigir tudo amanhã e que agora é hora da leitura do livro. Vamos todos para fora da sala,
sentamos no chão e ela pede a determinados alunos que leiam cada um, um pedaço do texto.
Quando termina a leitura, ela fala um pouco sobre a importância daquela história, que é sobre
a preservação da natureza, e se despede dos alunos, pois já são 11:20 e acabou a aula. Eles
saem correndo e vão embora. As outras professoras já estão ao lado do meu carro pedindo
carona, pois elas vão todos os dias para a estrada principal aguardar carona ou ônibus que só
passa às 13:00. A Estudante 8 diz também já estar atrasada para os seus afazeres. Agradeço e
despeço-me de todos.
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Anexo 3.4
OBSERVAÇÃO DA PRÁTICA DOCENTE IV
ESTUDANTE 21
UNIPAC / UNIDADE DE DIVINO
Ao realizar meu trabalho junto ao Curso Normal Superior, detectei que muitos dos
meus alunos/professores, são professores de Escolas Particulares, daí percebi a necessidade de
também fazer a entrevista sobre o Curso Normal Superior e a Observação da Prática Docente ,
deste segmento.
Escolhi uma aluna que considero bastante atuante em sala de aula. Ela trabalha
numa escola particular, que por coincidência o dono desta escola é também meu aluno, no
Curso Normal Superior, são colegas do mesmo período (5º).Também achei importante na
escolha é que ela é egressa imediata do 2º grau (magistério) e ingressou em seguida na
faculdade, tem 24 anos. O que não é muito comum, nas quatro turmas que tenho, nas duas
Instituições, onde a média da faixa etária é superior aos 30 anos, em cada turma tenho apenas
uns quatro ou cinco alunos egressos imediatos do 2º grau, todo o restante já tem uma
defasagem de uns 15 a 20 anos sem estudar, em alguns casos até mais que isso.
Muito bem, cheguei à escola às 12:30, as aulas começam às 13:00. O
Diretor/Dono da escola fica na porta recebendo os alunos e sendo simpático com os pais. Me
deixa à vontade e tenta agradar o tempo todo. A escola é simples, é uma casa antiga, espaçosa,
onde os quartos e salas se transformaram em salas de aula e o quintal em pátio, se chama
Centro Educacional Monteiro, tem oito professores e funciona nos dois turnos e já tem uma
filial em Orizânia, cidade vizinha a Divino. Atende da Educação Infantil ao Ensino
Fundamental, funciona de manhã e à tarde.
Assim que todos os alunos chegam a estudante 21 me convida a acompanhá-la até
sua sala, para que possamos iniciar os trabalhos. Ela me explica que 4ª feira é “O Dia da
Alegria”, toda a escola desenvolve somente atividades lúdicas. São realizadas atividades de
pintura, colagem, histórias, e várias brincadeiras. Pergunta se isso pode atrapalhar minha
pesquisa, pois ela não trabalhará com exercícios de português e matemática. Eu respondo que
de forma nenhuma, e que eles estarão aprendendo matemática e português com algumas
daquelas atividades .
Ela começa a conversar num tom mais baixo, dizendo que foi muito bom eu ter
ido lá, pois o diretor estava falando mal dela.
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Ela já chega me contando baixinho que o Diretor anda falando mal dela, mas que não é
culpa dela, pois ela o avisou que não tinha nenhuma experiência, que tinha se formado no
magistério e que nunca tinha lecionado, mas que ele lhe garantiu que a ajudaria no que fosse
preciso. E ela continua : “ saíram alguns alunos daqui para a outra escola, a maior da cidade e
ele está dizendo que estão saindo por causa da minha metodologia, que eu não estou sabendo
ensinar, já falei com ele mas ele nega, acho que vou sair daqui, apesar de precisar do
dinheiro, pois meu marido é limpador de café, e fora da safra fica sem trabalho, mas também
meu salário é tão baixo, e ele ainda não paga em dia, e não assina a carteira, por exemplo tem
03 meses que não recebo, ele já está me devendo R$450,00!” Então eu pergunto quanto é o
salário, e ela diz que atualmente é de R$150,00, e que ainda tem que pagar a mensalidade da
sua filha, que é R$60,00 e que ele apenas deu um desconto de R$10,00, por ela ser professora
da escola. Ela continua e diz que os alunos estão saindo porque ele é um péssimo professor de
português, que só abre o livro e manda fazer os exercícios, enquanto fica no computador...
Enquanto ela fala o diretor passa de um lado para o outro a todo momento, e ela falando sem
parar e quase cochichando.
Peço então, que ela me mostre algumas das atividades que serão desenvolvidas com as
crianças.
Como ela já havia me avisado, hoje é o “Dia da Alegria”, as crianças estão agrupadas,
algumas estão com jogos, outras com desenhos, pinturas, quebra-cabeça, enfim, atividades
lúdicas. As professoras se dividem para atende-las, são bastante carinhosas e solícitas. Como
estão todos num mesmo ambiente, minha observação ficou prejudicada sim, pois todas as
professoras trabalham juntas, uma dando suporte a outra, pelo fato das crianças ficarem
agrupadas num salão, fazendo atividades diversas, mas mesmo assim deu para perceber que a
professora , apesar de inexperiente se esforça bastante para conseguir bons resultados.
Agradeço a ela , ao diretor e as crianças, e despeço-me.
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Anexo 4 – Entrevistas Entrevista I – Estudante 14
1) Porque você escolheu fazer o Curso Normal Superior?
R: Eu sempre quis fazer uma faculdade, sempre foi meu sonho, pensava em fazer Pedagogia,
mas as leis mudaram muita coisa... parece que o Curso Normal Superior vai ajudar mais do
que a Pedagogia... que era o curso que eu queria fazer... e também eu não queria ficar para
traz nas distribuições de aulas. Com este diploma vai melhorar muito para mim. E eu penso
que nós professores temos que nos atualizarmos sempre, por isso não quis perder essa
oportunidade, ainda mais que a faculdade era de tão fácil acesso. Foi um sonho que estou
conseguindo realizar, pois quando me casei tive que abandonar meus estudos.
2) Como é sua rotina para conseguir fazer este Curso?
R: Eu me levanto todos os dias às 4:30 da manhã, para dar conta de fazer tudo. Acendo o
fogão, faço o café, lavo a roupa, cuido dos meus três filhos, faço o almoço, que na roça é
servido às 9:30, depois vou fazer queijos e outros serviços da casa. Às 11:00 me preparo para
ir dar aula, trabalho numa escola que fica mais ou menos a 3 km da minha casa, e eu vou a pé.
Trabalho até 16:30, depois volto e me preparo para ir para Alto Jequitibá, que é onde faço o
Curso Normal Superior, vou de Van, mas ela demora muito na volta, pois vem pegando gente
de outros lugares, e quando passa em Alto Jequitibá já é mais de meia noite, e ela ainda me
deixa a 1 km de casa, tenho que terminar de chegar a pé. Meu marido vai todos os dias as
22:00 buscar nossa filha que estuda numa escola próxima da minha, mas por ele ser contra eu
estudar, ele não me leva, como forma de punição, também não paga um centavo para mim,
coisa de marido ciumento e com mentalidade antiga... mas, Deus tem me ajudado muito, e eu
estou conseguindo.Quando chego vou logo dormir, pois já está quase na hora de levantar
novamente, mas acho que está valendo a pena!
3) Você está gostando de fazer o Curso Normal Superior?
R: Sim, estou gostando muito, ele está ajudando a renovar minhas idéias, abrindo novos
caminhos para ensinar melhor aos meus alunos.
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4) O Curso Normal Superior tem ajudado a melhorar sua Prática Docente ?
R: Tem me ajudado muito, hoje vejo meus alunos com outros olhos, nosso relacionamento
melhorou muito, me ajudou a lidar com situações diversas, me ajudou a perceber que tenho
que avaliar o aluno na sua vida social e cultural. Tenho aprendido novas técnicas pedagógicas
que antes não conhecia.
5) Quais as disciplinas que mais te ajudam no Curso Normal Superior?
R: Todas ajudam muito, umas mais que as outras, como por exemplo a Prática Pedagógica, a
Didática, Alfabetização e Matemática, outras como Filosofia não ajudam muito, mas gostei
muito do que aprendi.
6) O que você acha de negativo no Curso Normal Superior?
R: É não ter um lugar para pesquisar, é não ter uma biblioteca, um computador e também o
fato de ficar isolado, por ser apenas uma turma, aí não tem convívio como numa faculdade,
tem poucas pessoas para trocar idéias. Também acho péssimo o lugar onde o Curso está
funcionando, na biblioteca pública da cidade, este espaço não contribui em nada, só prejudica,
não é uma sala de aula, ficamos no meio de mesas, estantes, merenda escolar, sem nenhuma
privacidade, pois a parede da frente é toda de vidro de frente para a rua, o barulho também
atrapalha muito, toda hora alguma coisa tira a concentração da gente. Outro aspecto negativo
é sobre a administração e coordenação do Curso. Eles simplesmente não aparecem... a
Coordenadora vem apenas duas vezes por semestre, e fica no máximo 15 minutos. Nunca
atendeu nada do que foi pedido, a gente fica sem ter com quem reclamar das coisas que
acontecem. Por exemplo: acho que estou ficando no prejuízo, pois é um tal de falta coletiva, é
professor que termina a aula todo dia mais cedo, que falta sem avisar... eu acho que a
administração tinha que se mostrar mais presente para resolver isso com alguma punição, pois
os prejudicados somos nós! Outra coisa é o exagero de trabalhos que os professores nos
pedem para fazer. Mas eu sei que nem tudo que a gente quer é possível, por isso vou tentando
vencer todos os obstáculos que aparecem, pois já considero uma benção de Deus estar
fazendo este Curso.
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Entrevista II – Estudante 16
1) Porque você escolheu fazer o Curso Normal Superior?
R: Eu sempre quis fazer uma faculdade, mas por muitos motivos sempre tive que adiar a
realização desse desejo. Mas quando soube que iria ter uma faculdade a apenas 7 km de
minha casa, disse para mim mesma que nada iria me deter, e graças a Deus já estou no 4º
período. A escolha pelo Curso Normal Superior, foi mais por falta de opção e pela facilidade.
2) Como é sua rotina para conseguir fazer este Curso?
R: Como eu dou aula de manhã, tenho que acordar muito cedo, no máximo às 5:00, pois a
escola é bem longe. Deixo minha filha na casa da minha irmã, e meu marido me deixa num
posto de gasolina, que é caminho do trabalho dele, de lá eu sigo de carona ou a pé os 8 km
restante. A volta é do mesmo jeito, de carona ou a pé até o posto de gasolina e de lá tem um
ônibus, mas só passa muito tarde, e quando chego em casa, mal tenho tempo de buscar minha
filha, cuidar das tarefas de casa e ir para Alto Jequitibá, onde faço o curso. Quando volto para
casa já é bem tarde, e encontro sempre meu marido emburrado, pois ele é contra a minha
decisão de continuar meus estudos, e não me ajuda em nada, estou pagando com o meu
salário, que não chega a R$250,00 por mês, mas tudo bem, enquanto der para pagar não tenho
do que reclamar, e tenho certeza que vou até o fim.
3) Você está gostando de fazer o Curso Normal Superior?
R: Estou gostando muito, para mim o aprendizado tem sido maravilhoso, o material é muito
rico.
4) O Curso Normal Superior tem ajudado a melhorar sua Prática Docente ?
R: Sim, em muita coisa, mas acho que o que se ensina no curso, não se aplica à realidade dos
alunos, que são muito carentes e com enormes problemas de aprendizagem, e eu não consigo
aplicar a teoria que é passada no curso. Parece que o curso está fora da realidade, por isso na
maioria das vezes, nas minhas aulas, eu uso mais a minha experiência, do que os
conhecimentos adquiridos no curso.
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5) Quais as disciplinas que mais te ajudam no Curso Normal Superior?
R: Para mim é a Prática Pedagógica, porque é trabalhado o social, as dificuldades dos alunos,
a Didática e Alfabetização também ajudaram um pouco, mas é a Prática Pedagógica que
ensina como trabalhar e como levar o que se aprende na faculdade, para a sala de aula. Acho
que as outras disciplinas que constam no currículo, não ajudam muito, para mim, só servem
para encher lingüiça, e acho que os professores não demonstram nenhum interesse, parece que
estão ali só por estar, passa a matéria mais não procura saber se a turma realmente aprendeu,
se realmente se está construindo algum conhecimento. Para mim, muitas matérias não tem
utilidade nenhuma, ou não são passadas de forma correta, fazendo com que eu não tenha
aproveitamento nenhum, nem para mim, nem para meus alunos. É diferente de estudar
Português, onde o professor ensina como produzir um texto.
6) O que você acha de negativo no Curso Normal Superior?
R: Vejo muitos pontos negativos no curso, como a falta de união dos colegas, pois cada um
tem um objetivo diferente, muita gente está fazendo o curso só por fazer, só para ter diploma
de curso superior. Outra coisa é o lugar que o curso funciona, que é na biblioteca da cidade,
acho muito ruim, e acho que o ambiente não é favorável, acho que o lugar não é um exemplo
de ambiente, a gente tem que ter força de vontade para não deixar isso atrapalhar. Outra coisa
é a falta de uma biblioteca do curso, devido a quantidade de trabalhos que são pedidos, e
também uma sala de informática com internet, pois fizemos um semestre de aula de
informática, sem nenhum computador, e fica muito difícil aprender sem praticar. Sobre a
parte administrativa acho que fica tudo a desejar, as coisas que reivindicamos não são
atendidas, a exemplo do próprio lugar que estamos fazendo o curso. Eu não queria apenas um
certificado de curso superior, eu queria e quero adquirir conhecimentos para trabalhar melhor.
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Entrevista III – Estudante 8
1) Porque você escolheu fazer o Curso Normal Superior?
R: No primeiro momento foi por necessidade, e medo de perder minha vaga para alguém mais
qualificado do que eu. Já no decorrer do curso passei a ter interesse e estou fazendo por gosto
e para meu crescimento profissional e intelectual, acho importante na profissão de professor
você estar sempre procurando se atualizar.
2) Como é sua rotina para conseguir fazer este Curso?
R: Bom... eu me levanto todos os dias, pontualmente, às 4:45 da manhã, pois meu marido é
lavrador, moramos na roça, e eu tenho que preparar o almoço para ele levar para a lavoura, e
ainda, adiantar o serviço da casa, e conseguir chegar na escola por volta das 6:40. Trabalho
até às 11:20, e volto para casa, e vou cuidar dos meus filhos, do meu marido e dos afazeres
domésticos , além de preparar as aulas do dia seguinte. Por volta das 17:00 me apronto para ir
para Divino, no ônibus que a prefeitura disponibilizou para levar os alunos para estudarem, a
cidade fica mais ou menos 15 km de distância, mas tenho que andar 3 km até o ponto do
ônibus. Na ida tudo bem, mas na volta, o ônibus vem parando muito e quando me deixa no tal
ponto, já é por volta de 1:00 da manhã, e tenho que ir a pé o restante do caminho,
completamente sozinha, debaixo de chuva e trovoada, que eu nunca vi lugar para chover
tanto, como aqui no São João do Norte, e vou de morro acima, que a minha casa fica lá no
alto do morro, é a última! Chego em casa já quase na hora de levantar,mas acho que está
valendo a pena, o tempo está passando depressa e logo estarei formada.
3) Você está gostando de fazer o Curso Normal Superior?
R: Sim, mas não era bem isso que eu esperava... Na verdade estou bastante decepcionada , é
muito sacrifício que faço, para chegar aqui e encontrar professores que simplesmente não
ensinam nada! Também tem os colegas que não querem saber de nada, pagam para fazer os
trabalhos, inclusive a monografia, que é o trabalho de final de curso, até mesmo aqueles que
são professores a mais de 20 anos estão pagando, eu posso fazer tudo errado, mas serei eu a
fazê-la, é pena que Metodologia Científica só é oferecida no 5º período, pois poderia nos
ajudar muito quanto as normas para esse tipo de trabalho. Mas mesmo decepcionada, vou até
o fim.
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4) O Curso Normal Superior tem ajudado a melhorar sua Prática Docente ?
R: Sinceramente muito pouco. Criei muitas expectativas e realmente elas não foram
alcançadas. O que uso mesmo é minha experiência, mas de alguma forma o curso acaba
ajudando, principalmente a refletir sobre como agir com meus alunos, sem ser tão
tradicional...
5) Quais as disciplinas que mais te ajudam no Curso Normal Superior?
R: As Metodologias de Português e Matemática, que eu estava ansiosa para fazer, não me
ajudaram em nada! A única disciplina que ajudou um pouco, foi a Prática Pedagógica, mesmo
assim é muita teoria que não tem como ser aplicada na nossa prática diária, mas muitas vezes
alertou como agir com os alunos e até com meus próprios filhos. Hoje eu uso muito o diálogo
com eles, procuro escutá-los mais, antes eu gritava muito.
6) O que você acha de negativo no Curso Normal Superior?
R: Acho que deveríamos ter, no mínimo, em nossa biblioteca, os livros que constam da
ementa de cada disciplina, pelo menos a básica, mas não existe nada! Eu fui lá com uma lista
de 15 livros e não encontrei nenhum! Quando reclamei com a coordenadora ela disse que
pediu aos professores de cada disciplina que trouxessem esses livros para ficarem
emprestados durante o semestre... Outra coisa de negativo, são alguns professores, que
literalmente não ensinam nada, ficam contando coisas de sua vida pessoal para o tempo
passar, depois pedem trabalhos, e pedem para que apresentemos. Também tem a coisa das
faltas coletivas... acho que é pela falta de interesse nas aulas... ou é porque não se tem controle
disso... às vezes se falta dois dias seguidos, e quase sempre vamos todos embora na hora do
intervalo, fico preocupada, como moro na roça, tem dia que não dá para vim, e fico com medo
das faltas, mas já vi, que ninguém toma pau por falta nesta escola.
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Entrevista IV – Estudante – 21
1) Porque você escolheu fazer o Curso Normal Superior?
R: Escolhi fazer esse curso por vários motivos: preço acessível, localizado na minha cidade,
funcionando no turno da noite, e o fato de que eu queria ser uma professora mais qualificada.
2) Como é sua rotina para conseguir fazer este Curso?
R: É tranqüila, pois trabalho à tarde. De manhã fico com minha filha, e cuido da casa, de tarde
vou para a escola em que trabalho, onde posso levar minha filha, e quando volto, meu marido
já está em casa, e cuida dela para que eu vá estudar. O curso é bem próximo de minha casa.
3) Você está gostando de fazer o Curso Normal Superior?
R: Para falar a verdade estou muito decepcionada com o curso. Minha expectativa com
relação ao curso é que eu ali aprenderia a ser professora! Mas logo no primeiro semestre, eu
vi que não era nada disso... os professores não estão de acordo com o que se propõe no
programa de ensino, as aulas são muito chatas, e a maioria dos professores ficam falando de
sua vida pessoal, de política e de Igreja, e quase não passa matéria nenhuma. Outra coisa que
me decepcionou no curso é que tanto faz ser uma boa aluna, freqüentar as aulas, ou levar de
qualquer jeito, pois no final todos passam com excelentes notas, tanto faz ser aluno ou turista,
dá no mesmo!
4) O Curso Normal Superior tem ajudado a melhorar sua Prática Docente ?
R: Para falar a verdade tem ajudado muito pouco, somos salvos por alguns professores mais
comprometidos, que desenvolvem algumas dinâmicas de grupo muito interessante, e tem
também a Pratica Pedagógica, que sempre acrescenta alguma coisa, mas não acho que estando
hoje no 4º período, muita coisa mudou na minha forma de agir com meus alunos.
5) Quais as disciplinas que mais te ajudam no Curso Normal Superior?
R: É a Prática Pedagógica, e algumas metodologias de ensino. Mas acho que elas não estão
sendo passadas com a profundidade e interesse que deveriam ter, por isso aproveitamos muito
pouco.
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6) O que você acha de negativo no Curso Normal Superior?
R: Acho o atendimento administrativo péssimo! Quando reclamamos de algum professor,
nenhuma medida é tomada, o que falamos e reivindicamos não é levado em consideração.
Não temos uma biblioteca adequada, não temos um computador, não temos internet, e não
temos acesso a nenhuma documentação nossa, nem notas, vai tudo para a sede em Barbacena,
que nem sabemos direito onde fica. Outra coisa são esses seminários de 10 horas todos os
sábados, a carga horária a ser cumprida é muito grande. Acho que o curso não está fazendo o
que ele se propôs a fazer, eu entrei sabendo uns 10% do que é ser professora, acho que até o
final do curso, com muito esforço e sorte, vou sair sabendo uns 60%.
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Anexo 5 - Relação de cidades onde a UNIPAC oferece o Curso Normal Superior, em Minas Gerais
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{HYPERLINK ""}, Belo Oriente, {HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""},
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C
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{HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""}, Carmo do Paranaíba,
{HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""}, Carneirinho, {HYPERLINK ""}, Claro dos Poções,
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{HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""}, Corrego Danta, Couto de Magalhães de Minas,
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D
{HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""}, Divisa Alegre.
E
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F
Felixlândia, {HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""}.
G
Governador Valadares, {HYPERLINK ""}.
I
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J
{HYPERLINK ""}, Jequitinhonha, {HYPERLINK ""}.
L
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Claros, {HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""},
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N
{HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""}, Nova Lima.
O
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Papagaios, {HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""},
{HYPERLINK ""}, Piranguinho, {HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""}, {HYPERLINK ""},
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R
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S
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{HYPERLINK ""}, São João Nepomuceno, {HYPERLINK ""}, São Domingos da Prata,
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T
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U
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