A formação dos povos barbaros

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A formação dos Reinos Bárbaros 1. Os reinos bárbaros A história política da Europa na Alta Idade Média é caracterizada, no Oriente, pelas expansões e contrações do Império Bizantino (Império Romano do Oriente) e do Império Árabe (Islão). No Ocidente, é a história dos Reinos bárbaros de origem germânica, formados a partir do século V dentro dos limites do antigo Império Romano do Ocidente. Os vândalos se fixaram no Norte da África (Tunísia e Argélia atuais), sob a liderança de Genserico. Esse reino foi absorvido pelo Império Bizantino em meados do século VI, durante a Reconquista de Justiniano. No século seguinte, a região passaria para o controle dos muçulmanos. Os ostrogodos, estabelecidos na Península Itálica, procuraram conservar as tradições romanas sob seu rei Teodorico; mas a conquista da Itália pelo Império Bizantino pôs fim à monarquia ostrogótica. Em seu lugar foi instalada uma administração bizantina na Itália, com capital em Ravena (Exarcado de Ravena). Entretanto, mal se completara a ocupação bizantina, os lombardos (outro povo germânico) invadiram o Norte da Itália, fixando sua capital em Pavia. Os visigodos, que dominavam a Espanha e todo o Sul da Gália, foram expulsos desta última pelos francos. Em 711, os mouros (árabes do Norte da África) começaram a conquista da Península Ibérica, onde fundaram o Califado de Córdoba sob Abder-Rahman. Os visigodos recuaram para o norte, onde mantiveram um Estado independente sob o nome de Reino das Astúrias. A Britânia foi ocupada por três povos germânicos. Os jutos instalaram-se no sul e fundaram o Reino de Kent. Os saxões também se fixaram no sul, dando origem aos Reinos de Essex, Wessex e Sussex. Os anglos estabeleceram-se no centro e nordeste do país, onde criaram os Reinos de East Anglia, NortCimbria, Bernícia e Deira (os dois últimos reunidos mais tarde, formando o Reino da Mércia). Esse conjunto de sete monarquias constituía à Heptarquia Anglo-Saxônica. Da unificação desses pequenos Estados, completada em 902, iria surgir a Inglaterra. 2. O Reino Franco e o Império Carolíngio Os Merovíngios (481-751) Clóvis, neto de um chefe tribal chamado Meroveu, foi o primeiro rei dos francos (481-511), fundador da Dinastia dos Merovíngios.

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Aula para o 7 ano

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A formação dos Reinos Bárbaros1. Os reinos bárbarosA história política da Europa na Alta Idade Média é caracterizada, no Oriente, pelas expansões e contrações do Império Bizantino (Império Romano do Oriente) e do Império Árabe (Islão). No Ocidente, é a história dos Reinos bárbaros de origem germânica, formados a partir do século V dentro dos limites do antigo Império Romano do Ocidente.Os vândalos se fixaram no Norte da África (Tunísia e Argélia atuais), sob a liderança de Genserico. Esse reino foi absorvido pelo Império Bizantino em meados do século VI, durante a Reconquista de Justiniano. No século seguinte, a região passaria para o controle dos muçulmanos.Os ostrogodos, estabelecidos na Península Itálica, procuraram conservar as tradições romanas sob seu rei Teodorico; mas a conquista da Itália pelo Império Bizantino pôs fim à monarquia ostrogótica. Em seu lugar foi instalada uma administração bizantina na Itália, com capital em Ravena (Exarcado de Ravena). Entretanto, mal se completara a ocupação bizantina, os lombardos (outro povo germânico) invadiram o Norte da Itália, fixando sua capital em Pavia.Os visigodos, que dominavam a Espanha e todo o Sul da Gália, foram expulsos desta última pelos francos. Em 711, os mouros (árabes do Norte da África) começaram a conquista da Península Ibérica, onde fundaram o Califado de Córdoba sob Abder-Rahman. Os visigodos recuaram para o norte, onde mantiveram um Estado independente sob o nome de Reino das Astúrias.A Britânia foi ocupada por três povos germânicos. Os jutos instalaram-se no sul e fundaram o Reino de Kent. Os saxões também se fixaram no sul, dando origem aos Reinos de Essex, Wessex e Sussex. Os anglos estabeleceram-se no centro e nordeste do país, onde criaram os Reinos de East Anglia, NortCimbria, Bernícia e Deira (os dois últimos reunidos mais tarde, formando o Reino da Mércia). Esse conjunto de sete monarquias constituía à Heptarquia Anglo-Saxônica. Da unificação desses pequenos Estados, completada em 902, iria surgir a Inglaterra.2. O Reino Franco e o Império CarolíngioOs Merovíngios (481-751)Clóvis, neto de um chefe tribal chamado Meroveu, foi o primeiro rei dos francos (481-511), fundador da Dinastia dos Merovíngios. Sob sua liderança, os francos criaram o mais importante de todos os Reinos bárbaros.Antes de Clóvis, as tribos francas formavam dois grandes grupos: os francos sálios, junto ao Canal da Mancha, e os francos ripuários, localizados mais para o interior. Depois de assumir a chefia dos francos sálios, Clóvis incorporou os francos ripuários. Em seguida, conquistou o reino de Siágrio, general romano que fundara um Estado próprio no oeste da Gália. Em 496, bateu os alamanos do leste da Galia na Batalha de Tolbiac — ocasião em que se converteu ao cristianismo — e, com a ajuda dos borgúndios, impeliu os visigodos para trás dos Pireneus. Mais tarde, voltar-se-ia contra os próprios borgúndios e anexaria seu reino, localizado no sudoeste da Gália.

O batismo de Clóvis foi realizado em Reims, juntamente com 3.000 de seus guerreiros. Essa cerimônia religiosa trazia embutido um importante significado político: a maioria da população da Gália (galo-romanos) era cristã, e Clóvis compreendera que somente convertendo-se ao cristianismo obteria sua adesão. Assim, a Igreja tomou-se aliada na expansão do poder de Clóvis — poder que começou a sair da simples aclamação dos guerreiros para a ratificação pelo poder religioso. Ademais, visigodos e borgúndios haviam adotado o arianismo — uma heresia condenada pela Igreja. Por essa razão, as guerras de Clóvis para unificar a Gália contaram com o apoio do próprio Papado, interessado na supressão daquela heresia.As divisões do Reino dos Francos (511-687)Com a morte de Clóvis, em 511, o Reino dos Francos foi dividido em quatro partes, de acordo com o costume germânico de repartir as propriedades do falecido entre seus filhos varões, sem levar em conta a primogenitura. A partilha enfraqueceu a monarquia franca, uma vez que os herdeiros

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passaram a lutar entre si. Seguiram-se unificações parciais e novas divisões, com os Merovíngios se digladiando constantemente.A Gália permaneceu dividida durante um longo período, excetuando-se o reinado de Dagoberto I, que conseguiu governar sozinho de 629 a 639. Os Estados francos mais importantes eram a Austrásia e a Nêustria.Os prefeitos do palácio (640-751)Após a morte de Dagoberto, o poder dos Merovíngios entrou em declínio. Os soberanos desse período, tanto da Nêustria como da Austrásia, praticamente deixaram de governar, delegando sua autoridade a um alto funcionário: o prefeito do paço (palácio) ou major domus. Os prefeitos assumiram o poder de fato e marginalizaram os reis – conhecidos desde então como reis indolentes.Na Austrásia, Pepino de Héristal conseguiu que o cargo de major domus se tomasse hereditário. Em 687, ele venceu em batalha o major domus da Nêustria, estabelecendo uma união de fato entre os dois Reinos. Seu filho, Carlos Martelo (ou Martel), em 721 unificou definitivamente os Reinos da Austrásia e da Nêustria, impondo-lhes um monarca único e constituindo a entidade geopolítica que ficaria conhecida pelo nome de França. Carlos ganhou o apelido de Martelo depois de esmagar os árabes em Poitiers (732), detendo o avanço do Islão sobre a Europa.Com a morte de Carlos Martelo, em 740, tornou-se prefeito do paço seu filho Pepino, o Breve. Em 751, contando com a aprovação papal, Pepino internou o último Merovíngio em um convento e se fez aclamar rei dos francos em Soissons. A coroação foi realizada pelo papa Estêvão II, para enfatizar a origem divina do poder real.Em retribuição ao apoio do pontífice, Pepino comandou uma expedição à Itália contra os lombardos, que ameaçavam Roma e o Papado. As terras tomadas aos lombardos foram doadas por Pepino à Igreja, formando o Patrimônio de São Pedro — núcleo dos futuros Estados da Igreja.

O Império Carolíngio (800-843)

Quando Pepino faleceu, em 768, o trono foi compartilhado por seus filhos Carlos (mais tarde Carlos Magno) e Carlomano. Este morreu três anos depois, e Carlos passou a reinar sozinho.Carlos Magno foi o mais guerreiro dos governantes cristãos da Alta Idade Média. Sob o pretexto de expandir a fé cristã, levou a guerra aos muçulmanos da Espanha e aos pagãos da Germffitia. Na Itália, reabriu a luta contra os lombardos, submetendo-os e tomando-lhes a Coroa de Ferro (coroa contendo um aro interno de ferro que, segundo a tradição, fora fundido com um dos cravos que crucificaram Jesus). O território dos lombardos foi incorporado aos domínios de Carlos, com o nome de Reino da Itália — localizado entre os Alpes e o Patrimônio de São Pedro (este último foi confirmado como domínio pontifício). Na Península Ibérica, o soberano franco ocupou uma larga faixa de terra além Pireneus, ali criando a Marca da Espanha.

TESTE

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1. A penetração dos bárbaros no Império Romano: a) foi realizada sempre através de invasões armadas; b) realizou-se a partir do século VI, quando o Império entrou em decadência; c) verificou-se inicialmente sob a forma de migrações pacíficas e, posteriormente, através de invasões armadas; d) foi realizada sempre de maneira pacífica; e) verificou-se principalmente nos séculos II e III

2. (UNIP) A importância da Batalha de Poitiers, em 732, no contexto da história da Europa, justifica-se em função de que: a) os cristãos foram derrotados pelos árabes, consolidando-se o feudalismo europeu; b) a derrota árabe frente ao Reino Franco impediu a islamização do Ocidente; c) a partir daí teve início a Guerra de Reconquista na Península Ibérica; d) com essa vitória, Carlos Martel tornou-se imperador dos francos; e) esse evento assinalou o limite da expansão cristã no Mediterrâneo.

3. Carlos Martel é considerado o defensor da Cristandade contra os muçulmanos porque: a) venceu os mouros na Batalha de Poitiers; b) perdeu a Batalha de Poitiers para os mouros; c) derrotou os visigodos na Batalha de Poitiers; d) perdeu a Batalha de Poitiers para os visigodos. e) n.d.a.

4. (PUCC) O declínio da Dinastia dos Merovíngios no Reino Franco permitiu o aparecimento de um novo chefe política de fato, a saber: a) o condestável; b) o tesoureiro; c) o major domus; d) o missi dominici. e) n.d.a.

5. (FAAP) Entre os principais povos bárbaros que invadiram o Império Romano, podemos citar: a) os vândalos; b) os francos; c) os visigodos; d) os ostrogodos; e) todas as anteriores.

06. A Chanson de Roland é um poema épico medieval do ciclo: a) arturiano b) espanhol c) alemão d) carolíngio e) bretão

07. (MED. SANTOS) Luís, o Piedoso, sucessor de Carlos Magno, manteve o Império unido. Com sua morte, começou a crise política, caracterizada de um lado pelas invasões normandas e de outro: a) pela disputa entre seus sucessores, que acabaram mantendo a unidade do Império através do Tratado de Verdun;

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b) pela divisão do Império em três reinos, através do Tratado de Verdun; c) pela divisão do Império, através do Tratado de Cateau-Cambrésis; d) pela manutenção da unidade do Império, através do Tratado de Cateau-Cambrésis; e) n.d.a.

08. As instituições políticas do Estado Franco lembram: a) as instituições políticas ligadas ao Império Romano; b) as instituições germânicas, tais como a clientela, o colonato, a recomendação e as imunidades; c) as instituições romanas, tais como o comitatus, a ordália e o individualismo político; d) todas estão erradas; e) todas estão corretas.

09. (PUC) A conversão e batismo de Clóvis, após a Batalha de Tolbiac, explicam principalmente: a) pela insistência de sua mulher Clotilde; b) pela insistência dos bispos da Gália; c) pela insistência do papa Gregório Magno; d) pelo fato de que a maior parte da população da Gália era cristã; e) n.d.a.

10. (PUC) O Império Carolíngio surgiu com a coroação de Carlos Magno em Roma por Leão III, no ano de 800. Daí em diante, o poder imperial aumentou consideravelmente, pois: a) a administração foi aprimorada, com a instituição dos missi dominici e das capitulares; b) o desenvolvimento cultural foi estimulado, inclusive com a criação de escolas de ler e escrever; c) Paulo Lombardo, Alcuíno e Eginhardo deram destaque à cultura da época; d) todas estão corretas; e) todas estão corretas.