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A África é uma grande selva? Entre o selvagem/exótico e a civilização: representações do continente africano na filmografia do personagem Tarzan. Maria Edneusa Pereira Silva. 1 Resumo Ao longo do século XIX, especialmente entre os anos 1830-1890, o continente africano foi objeto de diferentes representações feitas por viajantes, comerciantes, militares e missionários. Aos primeiros em especial, existiu o ávido desejo das “descobertas” e “novidades” para um mundo (o ocidente) ávido por apreender este “exótico” e “estranho” continente repleto de diferenças para com “a civilização”. E assim se construiu, sob a forma de representações e discursos, uma África marcada pela selvageria e primitivismo, contrastando com outras imagens que definiam o continente. Tarzan personagem criado pelo norte americano Edgar Rice Burroughs (1875-1950), pode ser definido como a maior expressão deste contexto e ao mesmo tempo, o mais significativo veículo produtor e retroalimentador de imagens e estereotipias sobre o continente africano enquanto “grande selva”, destituída de valores civilizacionais e condenada à vida natural e a selvageria. Tarzan demarcou esses itinerários, articulando representações da África, movimentando imagens visuais e sonoras que orbitam e habitam o nome de 'África', e delimitando seu campo de referencialidade afetiva e ideológica, alimentando fantasias ocidentalistas que pertencem ao entre-lugar da diferença colonial. O colonialismo propicia este processo, e como pano de fundo, reforça sentidos e constructos da hierarquia e da diferença, consubstanciados na ideia de raça. Tarzan, em sua filmografia, apresenta objetos, cenas e cenários, como um fonógrafo, o zoológico humano, a relação hierárquica entre “negros” e “brancos” e o protagonista representando a figura do primitivo como desajustado à civilização urbano-industrial. Outras centenas de objetos, cenas e cenários, exibem o “arsenal” de representações deste continente, consolidando sua imagem adstrita à homogeneidade e selvageria. Este trabalho, nesse sentido, objetiva discutir estas representações em confronto com as imagens postas nos filmes deste ilustre personagem, e de como estas contribuíram e retroalimentaram a ideia da África selvagem, imersa nas florestas como monumento da natureza. Palavras chave: Representações; Tarzan; África; Estudos Africanos; Cinema. A representação do continente africano, enquanto uma grande selva, é das mais instigantes para a pesquisa, porque vem se construindo ao longo dos séculos, iniciada pelos gregos, ampliando-se a partir do tráfico, colonização europeia e alcançando seu auge com o colonialismo, que reverberou com todo o potencial do cinema. Dessa imagem denotam e derivam muitas outras, pois a destituição de civilizaçãoleva ao vazio de tudo o que nesta contém. 1 Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Africanos, Povos Indígenas e Culturas Negras _ PPGEAFIN, da Universidade do Estado da Bahia - UNEB EMAI-L [email protected]

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A África é uma grande selva? Entre o selvagem/exótico e a civilização: representações

do continente africano na filmografia do personagem Tarzan.

Maria Edneusa Pereira Silva. 1

Resumo

Ao longo do século XIX, especialmente entre os anos 1830-1890, o continente africano foi objeto

de diferentes representações feitas por viajantes, comerciantes, militares e missionários. Aos

primeiros em especial, existiu o ávido desejo das “descobertas” e “novidades” para um mundo (o

ocidente) ávido por apreender este “exótico” e “estranho” continente repleto de diferenças para

com “a civilização”. E assim se construiu, sob a forma de representações e discursos, uma África

marcada pela selvageria e primitivismo, contrastando com outras imagens que definiam o

continente. Tarzan personagem criado pelo norte americano Edgar Rice Burroughs (1875-1950),

pode ser definido como a maior expressão deste contexto e ao mesmo tempo, o mais significativo

veículo produtor e retroalimentador de imagens e estereotipias sobre o continente africano

enquanto “grande selva”, destituída de valores civilizacionais e condenada à vida natural e a

selvageria. Tarzan demarcou esses itinerários, articulando representações da África,

movimentando imagens visuais e sonoras que orbitam e habitam o nome de 'África', e delimitando

seu campo de referencialidade afetiva e ideológica, alimentando fantasias ocidentalistas que

pertencem ao entre-lugar da diferença colonial. O colonialismo propicia este processo, e como

pano de fundo, reforça sentidos e constructos da hierarquia e da diferença, consubstanciados na

ideia de raça. Tarzan, em sua filmografia, apresenta objetos, cenas e cenários, como um

fonógrafo, o zoológico humano, a relação hierárquica entre “negros” e “brancos” e o protagonista

representando a figura do primitivo como desajustado à civilização urbano-industrial. Outras

centenas de objetos, cenas e cenários, exibem o “arsenal” de representações deste continente,

consolidando sua imagem adstrita à homogeneidade e selvageria. Este trabalho, nesse sentido,

objetiva discutir estas representações em confronto com as imagens postas nos filmes deste ilustre

personagem, e de como estas contribuíram e retroalimentaram a ideia da África selvagem, imersa

nas florestas como monumento da natureza.

Palavras chave: Representações; Tarzan; África; Estudos Africanos; Cinema.

A representação do continente africano, enquanto uma grande selva, é das mais

instigantes para a pesquisa, porque vem se construindo ao longo dos séculos, iniciada pelos

gregos, ampliando-se a partir do tráfico, colonização europeia e alcançando seu auge com o

colonialismo, que reverberou com todo o potencial do cinema. Dessa imagem denotam e

derivam muitas outras, pois a “destituição de civilização” leva ao vazio de tudo o que nesta

contém.

1Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos Africanos, Povos

Indígenas e Culturas Negras _ PPGEAFIN, da Universidade do Estado da Bahia - UNEB EMAI-L [email protected]

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As representações estereotipadas, representam uma lacuna que afeta toda a história

universal. Conforme Lima 2014, é preciso estudar o continente africano, com o intuito de

conhecer melhor a história da humanidade, visto que, para Ki-Zerbo 2010, não haverá

conhecimento histórico universal enquanto persistirem lacunas sobre sociedades africanas,

principalmente, aquelas que participaram diretamente de eventos que influenciaram e

desdobram-se em resultados perceptíveis para a humanidade. É ainda necessário, para

“traduzir” uma história que respeite as singularidade, prime pela restauração ecológica, e nos

permita reconhecer na narrativa.

Neste artigo, faço uma abordagem sobre as imagens recorrentes da África, enquanto

grande selva, observando os espaços temporais e processos históricos em que estas

representações foram construídas e a contribuição do cinema e da filmografia de Tarzan,

como veículos de fomentação destas imagens e como subterfúgio para o colonialismo de

África.

Imagens da África

As representações geradas sobre o continente africano tem extensa carga

contemporânea de ideias com um extenso recorte temporal e contextos espaço-temporais

diversos entre si, heterogêneos em suas próprias trajetórias e que guardam claras distinções

interpretativas, reservadas ao exercício de olhar e representar os africanos.

A construção da ideia de África pode ser dividida em três momentos, sendo estes de

acordo com Oliva 2007, compreendendo o extenso diálogo cultural estabelecido com os

europeus, americanos e árabes, mantidos desde a Antiguidade, até o século VII; potências

europeias no continente e a existência do racismo científico; a redefinição dos lugares e dos

valores ocupados pelas sociedades negro-africanas, na trajetória histórica da humanidade e o

despertar lúcido das especificidades e singularidades das realidades africanas, o que permitiu

uma releitura do entendimento sobre a África.

As impressões e expressões, às quais nomeamos de representações, através dos meios

de comunicação e no senso comum, “materializadas” nas “imagens” da filmografia de Tarzan

sobre o continente africano, são incontáveis, no entanto as mais recorrentes são, segundo

Oliva 2007, que o continente é um “país” ,com muita miséria, primitivismo, AIDS, vírus

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ebola, epidemias, corrupção e ditadores, das savanas e dos animais selvagens, destituídos de

cultura e de civilização, que existe uma solidariedade racial incomum, aonde as pessoas são

extremamente passivas que aceitaram o tráfico de escravos a colonização e exploração,

tranquilamente, dentre muitas outras representações que se desdobram e afunilam.

Esse afunilamento e sutileza, são perceptíveis na filmografia de Tarzan, pois apresenta

objetos, cenas e cenários, como um fonógrafo, o zoológico humano, a relação hierárquica

entre “negros” e “brancos” e o protagonista representando a figura do primitivo como

desajustado à civilização urbano-industrial.

É comum em filmes protagonizados por Tarzan e outros, seriados diversos, livros,

inclusive científicos, falas e citações como “ vou para a África” quando deveríamos nos

referir à um país ou mesmo cidade deste continente, e como é usual quando a referência são

outros lugares do planeta. Este “país”, mencionado é homogêneo – todos os povos, das

regiões e países, não são povos, mas “povo africano”, “ mundo africano”, conforme citações

do livro de Serrano e Waldman 2008, apud Lima 2014, Observando por esta perspectiva,

todos os povos e países são vistos como se falassem a mesma língua, tivessem a mesma

religião, cultura, fenótipo, etc. Essa homogeneidade é notada na filmografia de Tarzan,

quando apresenta o continente africano como se fosse, uma contínua e enorme selva.

Consegue-se homogeneizar o continente que considero ser o mais heterogêneo do planeta, nos

seus mais diversos aspectos: cultural, religioso, linguístico, fenotípico. Esse conjunto

homogêneo, cristalizado e atemporal de imagens que circulam sobre o continente africano,

impede a quem o recebeu e assimilou, o entendimento de discernir “de que África se fala”

suas complexidades e diversificadas cosmovisões.

Outras imagens na filmografia de Tarzan, sobre o continente africano no continente

africano são todos muito unidos e vivem uma certa solidariedade racial, quando sabemos que

o etnocentrismo é inerente a qualquer grupo humano, independente do tempo ou do espaço

históricos, como também a ideia de que os povos africanos eram passivos, incapazes, e

aceitaram, inocentemente o tráfico de escravos e a colonização, quando a captura de escravos

jamais se daria sem a colaboração de povos africanos. Essa visão inocente é contestada por

ACOSTA- LEYVA 2013, quando explica o “mito da captura.”

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A captura por parte das instituições africanas se constitui como

realidade incontestável desde os primórdios da chegada dos europeus. Um

exemplo nesse sentido pode ser enxergado na incursão do rio Geba. Segundo

Cammilleri( 2010), quando os portugueses chegaram ao que seria hoje

Guiné-Bissau, pensava do mesmo modo que os “pesquisadores” que repetem

o “mito da captura” mas a resposta dos africanos aponta para algo diferente

desta perspectiva. Por volta de 1446, Nuno Tristão e seus soldados foram

recebidos a flechas envenenadas e somente saíram com vida dois para

contar a história. (ACOSTA-LEYVA 2013, P 18)

Sobre a colonização que aconteceu tardiamente e durou,de 1884 a 1975, tendo,

portanto, grande parte desse processo histórico paralelo à literatura e produção fílmica do

personagem em estudo, verifica-se, a representação de que os africanos são incapazes de se

autogovernar, necessitando sempre de brancos para esse empreendimento. Tarzan, herói e

mito do cinema “criado desde criança por macacos na floresta que é a África”, aparece em

toda a sua filmografia, como líder, um “ talento nato”. Surge então uma questão – Por que a

colonização foi tardia e pouco durou se os europeus colonizaram outros continentes alguns

séculos antes da colonização do continente africano? Segundo Acosta-Leyva2013, os

europeus não conseguiram colonizar este continente no mesmo período da colonização do

continente americano, porque este era dividido em reinos, alguns muito bem organizados,

inclusive militarmente, com exércitos e estratégias de guerra, suficientes para resistir por

séculos as colonizações dos europeus. Somente a tecnologia, em contexto, a invenção da

metralhadora, foi capaz de vencer os reinos africanos como explica RODNEY 2013.

A superioridade técnica europeia não se aplicava a todos os ramos da

produção, mas as vantagens que possuíam eram decisivas. [...] A África

Ocidental desenvolvera o trabalho sobre os metais, até atingir uma perfeição

artística, mas quando se tratou de opor resistência à Europa, lindos bronzes

nada podiam fazer contra rudes canhões. (RODNEY, 1975, p 113)

As representações são incontáveis, tendo a barbárie e selvageria, entendidas em uma

dimensão antagônica à ideia de civilização caracterizando o continente africano enquanto

grande selva”, destituída de valores civilizacionais e condenada e à vida natural, são os signos

recorrentes na filmografia de Tarzan. Essas imagens são construídas desde a antiguidade pelos

gregos que tinham muito respeito por outros povos e “ a superioridade branca não

apresentava, necessariamente, no mundo antigo a questão da cor da pele como fundador’,

mas que,

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No pensamento grego, a noção de selvagem denotava tanto aqueles

que não falavam grego, o que chegava a ser equivalente a não possuir

linguagem, quanto significava crueldade. Podia significar também

desconhecimento da agricultura ( ou da noção grega de agricultura,

relacionada ao oikos) (APPIAH 2000, P 18)

Nesse jogo de alteridades com esse Outro visto como exótico, leva à constatação de

que a lente para ver o diferente, pelos gregos, foi construída por pedaços do próprio espelho

em que o eu se admirava e se identificava, numa relação identitária que confundiria a noção

de civilização, que pode ser traduzida pela ideia da organização da vida em cidades

governadas pelas leis justas e pela ordem, à sua própria identidade de acordo com Klaas

Woortmann 2000, p 19 in Oliva 2007 e Mudimbe 1994, p14, acrescenta que , o lado de fora

da fronteira da civilização, ou seja a barbárie ou a selvageria, entendidas em uma dimensão

antagônica à ideia de civilização seriam vistas como opostas ao entendimento da própria

identidade grega.

Essas representações ganham forças, com as descobertas das Américas e da África

Subsaariana, quando era preciso encontrar significado e sentidos para esses espaços e para

suas populações, então o exotismo se tornaria a regra para o exercício de definir e observar

pois,

na leitura explicativa acerca das “fronteiras desbravadas” ocorreria

uma sobreposição da ideia de que estes seriam universos identitários por

simbolizarem o oposto da norma, com os postulados que justificavam as

ações europeias nesses territórios. ( OLIVA 2007, p 22)

O tráfico Atlântico, a colonização do continente, que se inicia com a Conferência de

Berlin em 1884, a expansão da imprensa e da literatura e a invenção do cinema, possibilitam

que essas representações, se propaguem com muita força e atinjam espaços impossíveis entes

desse eventos, porque são retroalimentadas. A filmografia de Tarzan veiculada pelo cinema,

as HQs e todas as produções envolvendo este personagem, podem ser definidas como a maior

expressão deste contexto e ao mesmo tempo, o mais significativo veículo produtor e

retroalimentador de imagens e estereotipias sobre o continente africano enquanto “grande

selva”, destituída de valores civilizacionais e condenada à vida natural e a selvageria.

A veiculação dessas imagens, durante o século de existência de Tarzan, continua e

perpetua as representações estereotipadas do continente africano. As dimensões diaspóricas

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saem, relativamente, do plano material de tráfico de pessoas, exploração e retirada de matéria-

prima, de séculos, e passa para uma difusão de ideias invertidas e anacrônicas, com um poder

de transformá-las numa rede complexa e muito abrangente, impossibilitando a visibilidade

com coerência e efetividade, do continente africano e tudo que a ele diz respeito. O

colonialismo muda de “roupagem”, se configurando num patamar virtual.

O nome de 'África': desde já deriva e disseminação diaspórica o

tornam irretornável a uma origem e multiplicam o jogo de suas apropriações

e expropriações. Não se trata de uma categoria social que se pode atribuir a

um universo cultural e simbólico particular ou à consciência humana em

geral: o nome de 'África' – 'Africa', 'Afrique', 'Afrik'... – atravessa universos

culturais e simbólicos diferentes e permanece uma matriz significante. É

necessário pensar a escritura da 'África' como um processo inconcluso e

aberto de produção de sentidos sobre o que é a identidade africana, a

africanidade e o elemento afro-, que abrange diferentes lugares históricos e

posições de sujeito, diversas práticas discursivas e imaginativas. (RIBEIRO

2008, P 19)

A multiplicação do jogo de apropriações, e expropriações do nome de ‘África’ que

significa ‘tomar’ para si, representando-a estereotipada, leva esta nomenclatura a

‘deslocamento’ de si mesma, significa a impossibilidade de África voltar a sua identidade

original, porque esses signos atravessam universos culturais e simbólicos diferentes

instalando-se uma matriz de significantes. Nesta perspectiva observo que a escritura de

‘África’ torna-se um processo inconcluso, aberto e descentrado. Entende-se por escritura,

neste contexto, a viabilidade das representações do continente africano serem mais efetivas.

Essa representações estereotipadas sobre o continente africano são muito bem

traduzidas num conto Iorubá, intitulado “ A Verdade e a Mentira”. Embora saibamos que os

conceitos de verdade e mentira precisam ser relativizados. Esse conto traduz de forma literária

e poética, esse sentimento, essa sensação.

2Diz assim: Olfi, o Senhor que tudo criou – o bem e o mal, o bonito

e o feio, o claro e o escuro, o grande e o pequeno, o cheio e o vazio, o alto e

o baixo – criou também a Verdade e a Mentira. Fez, no entanto a Verdade

forte, marcante, bela , luminosa, e fez a Mentira fraca, feia, opaca. Ao ver

assim a Mentira, deu a ela uma foice com a qual pudesse se defender. A

mentira sentiu inveja da Verdade e queria eliminá-la. Certa ocasião, a

Mentira se defrontou com a verdade e a desacatou. Brigaram . Empunhando

sua foice a Mentira , com um golpe, degolou a verdade. Esta, vendo-se sem

cabeça, começou a procurá-la tateando por volta. Apalpa um crânio que

supõe ser seu. Com esforço agarra-o e o arrancando de onde estava, coloca-o

2( cf. Dulce Mara Critelli, Ontologia do cotidiano ou resgate do ser: poética heideggeriana. São Paulo: PUC-SP,

Centro de Estudos Fenomenológicos de São Paulo, 1984)

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sobre seu pescoço. Mas aquela era a cabeça da Mentira. Desde então, a

verdade anda por aí enganando toda a gente.( CRITELLI 1984, apud

SERRANO E WALDMAN 2008, p 34)

Neste contexto imagético, realizado por viajantes, comerciantes, missionários,

militares, escritores europeus que representavam o continente africano como primitivo,

selvagem, destituído de história, no auge do seu colonialismo, surge o personagem de Tarzan,

ampliando essas imagens que agora além de ser espaço- temporal, passa a ser impresso,

midiático-virtual, fazendo o papel de “pano de fundo” para o colonialismo, porque reforça

sentidos e constructos da hierarquia e da diferença, consubstanciados na ideia de raça.

As imagens de África, em espaço-tempo e diferentes veículos, correspondem ao

encontro entre significados e significantes, porque constitui-se como espaço intersticial,

produzindo novos sentidos,se opõe à vontade, ao tempo em que esta é percussora daquela,

que pertence ao “mundo” racional e necessita de conhecimento para se “materializar”.

Expressa, excepcionalmente pela linguagem, plausível de contradições, apropriadas pelo

interesses e ideologias para manipulação, ocupa o entre-lugar, das representações porque,

partindo da vontade, é o local da cultura, é seu lócus de enunciação, é o terceiro espaço. É,

portanto, neste entre-lugar dos signos que busco compreender as relações entre a filmografia

do personagem Tarzan e as representações desta e implicações na inscrição do nome de

África.

Tarzan e as representações de África

Criado pelo norte americano Edgar Rice Burroughs (1875- 1950) Tarzan, ao longo do

século XX e agora no século XXI foi e é um veículo extremamente poderoso, no que diz

respeito à produção de representações do continente africano, em suas narrativas. Sua

abrangência é muito ampla, podendo ser compreendida nos âmbitos material e simbólico.

Tangível, porque é, excepcionalmente veiculado pelo cinema, e este representa o fazer

humano, mais “real” que qualquer outra forma de comunicação e invenção; e emblemático,

visto que, uma vez próximo da realidade, é plausível de alcançar uma “cognição” que faça a

ficção ser apreendida pela realidade e portanto, transformada em algo mais efetivo. De forma

concreta pela cronologia, o personagem intitulado Tarzan, existe desde o ano de 1912, se

perpetuando com a mesma notoriedade desde sua criação até os dias atuais; de público,

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abrange pessoas de todas as idades e classes sociais, de praticamente todas as partes do

planeta, com acesso à comunicação televisiva, escrita e mesmo cinematográfica. Desde sua

criação protagonizou 18 livros, escritos entre os anos de 1912 e 1965; 50 filmes, a partir do

ano de 1918 até 2016; histórias em quadrinhos, programas de rádio, séries para a televisão e

artigos diversos em revistas e jornais.

O escritor estadunidense Burroughs, publicou Tarzan of the Apes em outubro de

1912, numa revista pulp chamada The All-Story. Inaugurando a série de produtos hoje

reunidos sob a marca registrada de Tarzan pela corporação Edgar Rice Burroughs Inc.,

sediada em Tarzana, Califórnia, nos Estados Unidos da América. Tarzan of the Apes foi

republicado em formato de brochura em 1914 e adaptado pela primeira vez para o cinema em

1918, quando a corporação ainda não havia sido fundada. Burroughs, que registrara o nome

de 'Tarzan' em 1913, fundaria a Edgar Rice Burroughs Inc. em 1923. Edgar Rice Burroughs,

tornou-se muito conhecido mundialmente pelas suas obras.

3Segundo Burroughs 2014, O Rei das Selvas, personagem com um século de história,

é filho de aristocratas ingleses que desembarcam em uma selva africana após um motim. Com

a morte de seus pais, Tarzan, ainda criança, é criado por macacos. Seu verdadeiro nome é

John Clayton III, Lorde Greystoke. Tarzan é o nome dado a ele pelos macacos e significa

"Pele Branca". Por ter sobrevivido na selva desde sua infância, Tarzan mostra habilidades

físicas superiores às de atletas do "mundo civilizado", ou seja, tem poderes de super-heróis,

uma força descomunal com capacidade de se mover por cipós que praticamente equivale a

voar, além de poder se comunicar com os animais. O escritor faz questão de destacar sua

aparência de cabelos longos e olhos cinzentos, com corpo atlético e alto. Já adulto, o

personagem acaba encontrando Jane, "o amor de sua vida". Ela teria sido abandonada com

seu pai e outros, na mesma região em que Tarzan foi abandonado.

No Brasil, foram publicados dezoito livros, pela Companhia Editora Nacional a partir

de 1933, na coleção Terramarear. As traduções foram feitas por importantes escritores,

3O escritor estadunidense Burroughs publicou Tarzan oftheApesem outubro de 1912, numa revista

pulpchamadaThe All-Story. Inaugurando a série de produtos hoje reunidos sob a marca registrada de Tarzan pela

corporação Edgar Rice Burroughs Inc., sediada em Tarzana, Califórnia, nos Estados Unidos da América. Tarzan

ofthe Apes foi republicado em formato de brochura em 1914 e adaptado pela primeira vez para o cinema em

1918, quando a corporação ainda não havia sido fundada. Burroughs, que registrara o nome de 'Tarzan' em 1913,

fundaria a Edgar Rice Burroughs Inc. em 1923

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como Monteiro Lobato, Godofredo Rangel, e Manuel Bandeira. Tarzan inspirou uma série de

personagens selvagens nos pulps, filmes e quadrinhos chamados de tarzanides.

Tarzan marca a história das representações de África, porque transcende do

colonialismo efetivamente territorial para o colonialismo como processo histórico

transcultural. Legitima os interesses imperialistas de dominação econômica e ideológica sobre

os povos africanos, sobrepujando uma exploração real para um patamar virtual através das

imagens disseminadas. A África se transforma num “lugar para todo o mundo porque não é

lugar de ninguém.” Portanto, a lenda de Tarzan se diferencia das lendas da antiguidade pelo

fato de está relacionada ao imperialismo inglês na África.

A genealogia e a história de Tarzan remetem à configuração da

modernidade urbana industrial (centrada nos Estados Unidos da América e

na Europa Ocidental) e do colonialismo como processo histórico

transcultural. Tarzan, suas aventuras e os signos e imagens movimentados

em suas narrativas advêm como textos em que se torna legível o processo de

conformação do Ocidente como fórum cultural mundialmente hegemônico,

nos três sentidos da palavra 'fórum' assinalados por HomiBhabha (1998, p.

45): “como lugar de exibição e discussão pública, como lugar de julgamento

e como lugar de mercado”. A escritura da 'África' passa pelo fórum do

Ocidente, embora não esteja restrita a seus regimes simbólicos e envolva

outros lugares culturais. Tarzan habita o limiar entre uma genealogia

ocidental e uma história transcultural, possibilitando pensar a escritura da

'África' como um processo glocal de produção de sentidos – o

entrelaçamento de múltiplos lugares culturais e históricos em redes globais

amplas, embora irregulares, de fluxos de comunicação, delimitando o que

chamo de economia política do nome de 'África'.(RIBEIRO 2008, P 11)

E, o cinema, instrumento por excelência, potencializador e retroalimentador das

representações ocupou, segundo Ferro 1996, “o lugar do romance e dos jornalistas no

enraizamento de atitudes colonialistas” e desconsiderou a potencialidade subjetiva desse

“Outro”, não europeu, quando reverbera o discurso da ideologia colonialista e das teorias

raciais do século XIX, que rebaixavam os africanos na cadeia evolutiva da humanidade.

Nascimento 2017 explica como o cinema serviu para este propósito:

A forma de ver o mundo não ocidental impregnou todos os âmbitos

sociais, e, entre eles, a arte, a publicidade, a literatura e o cinema serviriam

como veículos de divulgação desses “mitos” ocidentais. O processo de

constituição de uma imagem desumanizada do não europeu, e de uma

subjetividade africana, esteve condicionada, portanto, às representações do

imaginário colonial e seus dispositivos de propaganda, uma vez que eles

reforçavam um regime de poder e autoridade do ocidente sobre os africanos,

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roubando-lhes os seus legítimos direitos como seres humanos e

desqualificando seus saberes e costumes.( NASCIMENTO 2017, p 16)

De uma forma paradoxal, marcada por uma verdadeira fascinação pelo “Outro”, com

algumas de suas artes, especialmente o cinema com os filmes ditos colonialistas se

configuram como propaganda do regime colonial, quer seja na publicidade, nos jornais, nos

cartões postais ou nos filmes, “tratava-se sempre de uma encenação, tendo como único

objetivo veicular uma imagem simplificada e mítica das colônias”(MEYER, 2004, p. 16).

Para Meyer, um grande exemplo, talvez o paroxismo desse empenho de mitificação dos povos

não europeus, foram as exposições coloniais, nas quais se levavam “amostras” de populações

indígenas das colônias, numa espécie de zoológico humano, à metrópole, como atração para

os cidadãos europeus apreciarem e examinarem o “Outro”.

A “linguagem zoológica” (FANON, 1968, p. 31) do colonizador servia claramente

como demarcadora do fosso entre a “civilização” e a “selvageria” e servia para enfatizar a

distância entre “Eles” (os “selvagens”) e “Nós” (os “civilizados”) e de mostrar que os

ocidentais já haviam superado o estado de primitivismo enquanto os indígenas permaneciam

“bestiais”, [...]o que significa dizer que as pessoas que são diferentes em sua cultura e em seus

aspectos físicos, são negadas e mensuradas por conceitos europeus,(NASCIMENTO 2017,

p18,19, 22)

Os objetos, cenas e cenários, na filmografia de Tarzan, como um fonógrafo, o zoológico

humano, relação hierárquica entre negros e brancos, o protagonista representando a figura do

primitivo como desajustado à civilização urbano-industrial, “ “linguagem zoológica” _ a

branquidade do personagem, um idioma inventado por Edgar Rice Burroughs, os sons e

outras centenas de objetos cenas e cenários, exibem o “arsenal” de representações que a

filmografia de Tarzan faz do continente africano. Um único filme da filmografia de Tarzan,

carrega o seu estigma de um século. Numa única cena, podem ser verificadas dezenas de

representações.

Assim, o fonógrafo, que aparece em vários filmes deste personagem tem várias

simbologias, como sonoras (músicas e vozes) da domesticidade imperial e simbolizando o

poder técnico de que se investe o Ocidente diante da alteridade colonial, o desenvolvimento

da técnica que marca a experiência ocidental da modernidade mundial, as formas

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diferenciadas como os nativos e Tarzan se comportam diante do fonógrafo, e como são

tratados diante deste, demarcando discriminação, porque ninguém tenta afastar Tarzan do

fonógrafo, apenas os nativos, portanto, como um selvagem e um branco, Tarzan pode

representar uma primitividade cuja alteridade se encontra domesticada, a relação entre

brancos e negros nos filmes passa sempre por uma hierarquia e outras diversas representações

que podem ser observadas.

O Zoológico humano se configura com uma complexidade, pois as imagens de

animais se inserem, no quadro das memórias de gênero articuladas, então, este zoológico, se

configura enquanto uma forma cultural moderna de construção da relação entre humano e

animal. Neste contexto, as imagens de nativos inscritas sob o princípio da atração pertencem

ao que (Ribeiro 2008, p 114), chama de série do zoológico humano, que representa como

forma cultural moderna de construção da diferença colonial e opera como um tropo que

organiza um dos regimes transtextuais de inscrição do nome de 'África' na filmografia de

Tarzan. É um zoológico imagético de animais e também considerado pelo autor de zoológico

imagético humano, significando primitivismo ideológico e institucional. Nele, o racismo

colonial/moderno e seu esquema epidérmico fundamentam a série do zoológico humano,

delimitando o sujeito e o objeto do olhar fílmico em termos raciais.

Há ainda uma necessidade de se fazer uma distinção entre Tarzan e os macacos. De

acordo com Peter Coogan (2004), apud Ribeiro “tar” significa “branco” e “zan” significa

“pele”. Nomeado por referência à pele, que o distingue dos macacos pela ausência de pêlos e

pela cor branca, o personagem passa por momentos de estranhamento em que seu fenótipo

aparece como uma constelação de significações problemática. Há ainda cenas na filmografia

em que Tarzan chega a se comportar como a figura mítica de Narciso ( Ribeiro 2008, p 57)

Nestas circunstâncias, a pele branca de Tarzan aparece, por momentos, como um

signo ambivalente, cujo valor se mostra indeterminável. A finalidade da narrativa e o

vocabulário do texto procuram neutralizar a ambivalência e decidir o valor da pele branca

como signo dominante. Embora não exista qualquer menção explícita à atribuição do

significado de “Pele-Branca” ao nome de 'Tarzan' nos filmes, ela oferece uma chave de

leitura: uma teleologia racista procura comandar, em toda a filmografia de Tarzan, as

representações raciais, produzindo a branquidade como signo dominante numa hierarquia

epidérmica que foi analisada e interrogada, por exemplo (mas este não é um exemplo casual),

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por Frantz Fanon em Pele Negra, Máscaras Brancas (1983). A filmografia de Tarzan

reproduz a estrutura teleológica de produção da cor da pele como signo dominante, tentando

neutralizar e conter as dimensões racial e animal da ambivalência de Tarzan, cuja articulação

é condensada pela expressão “macaco branco”.

O trabalho sonoro da ideologia não se restringe, contudo, ao grito de Tarzan. Com o

advento do som no cinema, a alteridade africana passa a se inscrever também por meio de

signos sonoros que operam como sinais diacríticos da diferença cultural e racial, isto é, signos

do exófono, entre os quais ocupam um lugar crucial os signos da diferença linguística,

reduzidos de uma forma geral a sotaques carregados e expressões idiomáticas pitorescas, (

Ribeiro 2008,p 140) o som, e a fala, tem uma diferenciação, nos filmes de Tarzan. Foi criado

o dicionário da selva que "soa aos nossos ouvidos como rosnados, uivos e grunhidos,

pontuada às vezes por gritos agudos, e é, praticamente, intraduzível para qualquer língua

conhecida pelo Homem.

Considerações finais

As imagens sobre o continente africano não foram construídas num ‘passe de mágica’,

estas se deram ao longo do séculos e se intensificaram no século XIX, especialmente entre os

anos 1830-1890, quando a África foi objeto de diferentes representações feitas por viajantes,

comerciantes, militares e missionários.

As representações estereotipadas do continente africano, são tantas e em abrangência

tamanha, que sugerem uma impossibilidade da conquista da “dignidade originária” deste

continente.

Essas distorções, afetam a história universal, pois a torna incompleta e, como

consequência, atinge cada ser humano, de forma individual, pois cada indivíduo é construtor

dessa história.

A filmografia de Tarzan é, portanto um dos meios, senão o maior, com a capacidade

de “engrandecer” e veicular essas representações que o ser humano criou, sendo assim, deve

ser estudado, mesmo que este estudo já tenha sido realizado por muitas pessoas, pois é

inesgotável, pela sua quantidade, magnitude e “imortalidade”, proporcionadas pelo cinema.

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Neste contexto, observo que as representações não são discursos neutros, mas

intencionais e dotados de ideologias, neste contexto, colonialistas e imperialistas, e o cinema é

o veículo mais potente, porque se constitui num objeto construtor de representações por

excelência, dada a sua capacidade de apreender a realidade, dentro da ficção.

É plausível, o estudo da filmografia de Tarzan, numa perspectiva de analisar as

representações da África enquanto floresta, selva, primitiva e destituída de civilização, pois

são as expressões em primeira instância desse empreendimento. Pode-se tomá-la também para

o estudo histórico, porque esta, acontece num determinado tempo e influencia os processo

históricos. Esse tempo coincide em parte com o colonialismo em África que afeta questões

muito concretas como o racismo colonial/moderno, fazendo circular o nome de 'África' dentro

de um regime ocidentalista.

O colonialismo participa das narrativas de Tarzan, de 1912, até hoje como um pano

de fundo, um campo de forças em movimento e uma herança histórica.

Um dos resultados de maior impacto de suas manipulações, foi o de lançar as

populações e características histórico-culturais africanas para uma condição de importância

secundária na trajetória histórica da humanidade.

Conforme a lógica do senso comum, uma ideia defendida por poucos, é apenas um

pensamento, uma ideia defendida por uma instituição, terá uma duração média, mas uma

ideia defendida por muitos e por um longo período, transforma-se numa teoria. Essa premissa

serve para fazer uma analogia com as representações estereotipadas de África que acontece

num longo espaço-temporal e são defendidas por muitos e de tantos modo que, torna-se

muito difícil suas “desconstruções”.

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