A Fuga Das Fadas

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Texto de Denize Ternoski, fantasia brasileira

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    A Fuga das Fadas, copyright Denize Ternoski 2013

    Editorao Grfica e Diagramao A. B. Souza

    Reviso A. B. Souza

    Capa Adaptada A. B. Souza

    Titulo original, Fuga das Fadas, A Gnero, Fico Fantasia, Conto Conforme a Lei 9.610/98 proibida a reproduo total e parcial ou divulgao comercial sem a autorizao prvia e expressa do autor (artigo 29). Todos os direitos desta edio reservados a Baltazar Editora Independente Ltda.

    Baltazar Edies

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    1 Voc ser minha mentora? Que timo! Acho que Joana no conseguia perceber o sarcasmo em

    minha voz, pois continuava a sorrir escancaradamente. Eu no sei o que mais me irritava nisso tudo: o fato de ela ser

    s um ano mais velha que eu e conseguir tanto brilho nos olhos dos supervisores enquanto eu me esforava at o meu limite e no conseguia nada, ou aquele sorriso assustadoramente doce que ela abria sempre que me via.

    Vamos Agatha, temos que pegar o trem! Joana falou, me tirando dos meus pensamentos.

    Senti uma mo agarrar a minha e me puxar. Eu ainda no estava entendendo nada, mas a raiva de repente deu lugar ao desespero. Ela tinha dito TREM? Nenhuma estudante podia pegar o trem, ele ia para fora da cidade, para um lugar totalmente sombrio, onde s fadas formadas conseguiriam sobreviver!

    Pelo menos foi isso que sempre me disseram. Espere, espere... Espere! comecei a gritar e me debater,

    tentando me soltar da mo dela. O que aconteceu? Ela perguntou finalmente parando e

    olhando para mim. Pela primeira vez me deixei apreciar seu rosto. A boca era

    carnuda, o rosto cheio de delicadas pintinhas, os cabelos louros e levemente ondulados estavam presos com uma tiara. Seus olhos verdes preocupados seguravam meu olhar, e s ento lembrei-me do que estava acontecendo, como uma paulada na minha cabea.

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    Voc est louca! vociferei. Quer nos matar pegando o trem?!

    Pela primeira vez seu sorriso impecvel desapareceu completamente, dando lugar a uma expresso to sria que me assustou.

    Eu sou sua mentora, voc tem a o documento que diz isso. Voc deve obedecer sua mentora ou ser expulsa da escola. Conhece bem essa regra, no ?

    Estremeci. Joana se virou e continuou andando, tudo que pude fazer foi segui-la, tentando imaginar que motivos ela teria para pr em risco nossas vidas. Mas eu no podia ser expulsa da escola de fadas!

    Entramos no trem, que estava praticamente vazio (j que pouqussimos se arriscavam a sair da cidade), ela escolheu um lugar e eu sentei de frente para ela. Uma mesinha nos separava, eu preferi ficar observando as inmeras rasuras feitar por outros passageiros na mesa ao invs de encara-la.

    Quando o trem deu seu ultimo apito e comeou andar, meu corao j estava disparado. Tive vontade de saltar antes que pegasse muita velocidade, mas no podia. Eu estava naquela escola desde que me entendia por gente, no conhecia outra realidade, jamais soube quem eram meus pais, tudo que eu tinha a fazer era me esforar para ser uma grande fada.

    Tudo em vo. No conseguia realizar um s encantamento, sempre fui a pior da turma. No era de se estranhar que agora uma garota como eu fosse minha mentora, os professores j deveriam estar cansados de mim. Uma lagrima ameaou escorrer do meu olho.

    Agatha...? Levantei os olhos e encarei Joana. Aquele sorriso imaculado

    havia voltado ao seu rosto.

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    Voc est bem? Fiz a minha melhor cara de dio para ela e virei o rosto.

    claro que eu no estava bem, estava confusa e com medo. Com o canto do olho vi seu sorriso desaparecer mais uma

    vez. Com o semblante srio, ela comeou a falar: Tem coisas que voc precisa saber... ela hesitou no sei

    se a hora para que saiba, mas por eles voc jamais saberia. Do que est falando? Ela conseguiu ter minha ateno. Bem... Alguns segundos em silencio. Veja! Ela

    apontou para frente pela janela. Vamos sair da cidade! Me virei e coloquei a cabea para fora para olhar. Um misto

    de medo e curiosidade tomava conta de mim, at me fez esquecer a conversa iniciada instantes antes.

    A cidade era cercada por uma barreira mgica, que brilhava e refletia tudo, ningum conseguia ver nada atravs dela. A sada para onde os trilhos seguiam, era como um tnel negro. Observei a locomotiva chegando cada vez mais perto de entrar naquele tnel.

    Aquela passagem como um portal dimensional? perguntei, visivelmente curiosa.

    Joana sorriu ao responder. No, apenas um portal, que se abre com magia. Os

    maquinistas so altamente treinados para abrir e fechar o portal, e jamais podem revelar seus segredos.

    Aquela resposta, dada com tanta convico, me fez admirar Joana. Durante todos aqueles anos ela era considerada por mim apenas sendo a fadinha mimada e perfeita da escola. Nunca dei bola para ela e nunca consegui entender sua insistncia em se aproximar de mim, a garota baixinha de cabelos e olhos escuros, um desastre em tudo que

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    fazia. Eu no me enquadrava, era toda do contra no que dizia respeito s outras fadas mirins.

    Mas agora, olhando fixamente para Joana, percebi que ela tinha ternura no olhar, percebi que ela sempre tentara ser doce comigo e me ajudar, e eu sempre lhe dei foras e mais foras. Apesar disso ela nunca desistiu. Dessa vez eu percebi que gostava dela, e de repente aquela realidade me atingiu como uma bomba, perceber que sempre foi desse jeito. Eu realmente no sabia que eu pensava assim, mas sempre gostei dela.

    Sai do meu transe quando tudo ficou escuro, havamos entrado no portal, pude sentir uma forte magia tomando conta de tudo, era como se meu corpo formigasse e milhes de vagalumes imaginrios voassem a minha volta.

    Ainda no escuro, senti uma mo macia pegar a minha sobre a mesa, e dessa vez eu no me importei. Ela tambm tinha medo.

    Quando tudo ficou claro novamente, Joana percebeu meu olhar fixo nela e tirou rapidamente a mo da minha, e olhou pela janela. Pela primeira vez eu a olhei como uma companheira, uma amiga, e no a metida e perfeita que eu fingia odiar. Aquilo me animou por dentro.

    Este lugar est mais abandonado do que eu esperava. Joana comentou, e me tirou de outro transe.

    Finalmente olhei para fora e o que vi era uma realidade totalmente diferente do que eu conhecia na nossa cidade. O lado de fora do trem era um deserto interminvel, com algumas casas de madeira aqui e ali, aparentemente abandonadas h muito tempo, pois muitas tinham janelas e portas quebradas e partes do telhado arrancadas pelo vento.

    Afinal, porque estamos fazendo isso? Eu perguntei.

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    Ela entendeu que me referia a sair da cidade. Pensou um pouco, hesitou por trs vezes antes que algo sasse da sua boca.

    Eu disse que tem coisas que voc precisa saber. Aqui fora voc estar muito mais segura do que l...

    Como...? Esta misso, na verdade, uma farsa. O qu? Essa misso era para que algum vigiasse voc. Eu no estava entendendo nada, mas estava ficando chocada

    com o que ela me dizia. Ela continuou: Eu e mais trs colegas suas fomos chamadas para a misso.

    Eles escolheriam uma de ns para ser sua falsa mentora, com o intuito de vigi-la 24h por dia, para escolher o momento certo para se livrar de voc. A simples explicao que nos deram era que voc causaria muitos problemas para a escola e toda a cidade.

    Mas eu sei o verdadeiro motivo de tudo isso, ento insisti para ser a escolhida. Foi fcil, sendo uma fada com poderes quase de uma adulta. Mas s eu posso te ajudar de verdade, nenhuma outra aluna sabe sobre sua verdadeira natureza e nenhum supervisor ir te ajudar, por ordens da diretora.

    Ela parou bruscamente, sria. Me ajudar com o qu? Do que est falando? Venha! Ela disse entre dentes, ignorando minhas

    perguntas. Percebi que olhava para um ponto fixo atrs de mim. Venha logo. Ela sussurrou a ordem, e ento se levantou. Eu olhei para trs enquanto me levantava e vi um homem

    baixo, porm forte, de cabelos negros e meio ralos na parte de frente da

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    cabea. Ele nos encarava e fazia meno de nos seguir. Era Marcos, um de nossos supervisores.

    Antes que eu pudesse fazer alguma pergunta, Joana me puxou pelo brao em direo porta que ligava um vago a outro. O trem seguia em alta velocidade, mas a expresso de medo no rosto dela me fez no question-la e pular logo para o outro vago. Joana fechou a porta atrs de nos e se escorou nela. Aquelas portas no tinham tranca.

    Temos que decidir o que fazer. Ela me disse, ofegante. Por que estamos fugindo do Marcos? Perguntei

    indignada. Porque ele um dos motivos para voc deixar a Cidade das

    Fadas. Ele um dos que querem seu fim. Meu fim... Por que algum iria querer meu fim? Antes que eu

    pudesse fazer a pergunta em voz alta ela falou. Venha! Novamente ela me puxou pelo brao. Atravessamos correndo

    mais dois vages, todos estranhamente vazios, e aquele era o ultimo da composio.

    Parada junto ltima porta do ltimo vago, ela continuou a falar:

    Voc no uma fada como ns. Nunca ser. Ela disse determinada.

    Obrigada. Eu respondi com amargura. No... ela balanou a cabea. voc no entendeu. No

    percebe como voc no consegue se encaixar em nada do que nos ensinam na escola? Sua natureza no essa. A Cidade das Fadas no o seu verdadeiro lar.

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    E eu sou o qu ento? a raiva comeava a tomar conta de mim. Joana estava dizendo que eu no era tudo aquilo que eu lutei a vida toda para ser.

    Voc uma Changeling. No queria ser a responsvel por te dar essa informao, mas ningum mais lhe daria.

    Uma o qu? Changeling! Voc filha de uma Fae, uma fada m, dessas

    que moram fora dos limites da cidade. Ela parou de falar e comeou a olhar pela janela. O trem

    diminua a velocidade enquanto passava pelo meio de uma cidadezinha habitada. Vimos algumas pessoas com olhares apagados, seguindo suas vidas.

    T legal, Dona Sabichona eu retruquei, como voc sabe disso tudo?

    Isso no vem ao caso agora. Ela disse, olhando pela janela. Venha.

    Ela abriu a porta e fez meno de pular sobre os trilhos que ficavam para trs. Eu no estava nem um pouco convencida a sair daquele trem antes de obter minhas respostas, mas o som de uma porta sendo escancarada do outro lado do vago e a viso do homem que nos perseguia vindo em minha direo me fez mudar de ideia.

    Joana pulou e eu pulei logo atrs, apoiando as mos no cho pedregoso para dar impulso a uma corrida. Corremos desenfreadas para dentro da cidade, passando por casas, rvores, lanchonetes e pessoas que no davam a mnima para duas adolescentes correndo pela rua.

    Olhei para trs e vi que Marcos estava meia quadra de ns, com uma expresso de dio. Havia fogo em seu olhar.

    Faa alguma coisa! gritei para Joana.

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    Fazer o qu? Ela gritou em resposta, to ofegante quanto eu.

    Algum feitio, magia! Sabe que eu sou pssima nisso, mas voc pode fazer alguma magia de proteo, sei l! Foi voc que meteu a gente nisso! Eu estava desesperada.

    No d! A magia de fada aprendiz no funciona fora da Cidade das Fadas.

    O qu?! Mas voc minha mentora! Mas que droga! No me ensinaram ainda a liberar meus

    poderes fora da cidade. Voc pensa o que? Sair da cidade no estava nos planos deles para ns.

    Olhei para trs novamente, Marcos estava enfurecido e parecia ter ainda muita energia para correr, enquanto eu j sentia a exausto. De repente vi a frente uma casa semiconstruda, com uma pilha de tijolos na fachada. Sem parar para pensar, peguei um tijolo, rodei o corpo e arremessei-o. Pelo menos minha mira sempre foi boa. O tijolo acertou Marcos em cheio na testa, quebrando em vrios pedaos e o derrubando desacordado no meio da rua.

    Ainda assim no paramos de correr por mais duas quadras, quando Joana de repente fez uma curva e entrou em um ptio com trs casas, uma de alvenaria toda pintada de verde e cheia de vasos de plantas pela varanda, e duas pequenas de madeira, uma de cada lado da grande e verde.

    No entendi o que ela tinha em mente, apenas a segui. Ela bateu desesperada na porta da casa grande e, quando uma senhora com seus 65 anos abriu a porta, Joana entrou correndo. Eu a segui e a senhora ficou nos encarando em sua sala at Joana se pronunciar:

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    Tem um tarado nos seguindo! Ela disse ainda ofegante. Ele est por ai, no d pra despist-lo por muito tempo. Por favor, nos preteja!

    O tom em sua voz era to urgente e nossos rostos to plidos que a senhora no hesitou em trancar a porta e nos oferecer gua e um pequeno quarto para que descansssemos um pouco.

    Ela podia ter chamado a policia, ou perguntado sobre nossos pais, mas no ali. Aquela era uma terra sem lei, sem autoridades, e Joana teve sorte em escolher bem a casa onde pedir ajuda.

    Quando finalmente me vi sozinha com ela naquele pequeno quarto abafado (onde uma janela dava de frente para a rua e eu cautelosamente a havia fechado), resolvi que era hora de tirar toda a histria a limpo.

    Ento, Joana, acho que est na hora de voc me contar mais algumas coisas.

    Ela desabou sentada na cama e eu fiz o mesmo, porm no vi seu sorriso nem seu olhar doce. Ela encarava o cho.

    Agatha, voc diferente. Mesmo sendo uma Changeling, eu sei que seu corao bom! Talvez seja por isso que voc foi abandonada em nossa cidade quando era beb, talvez sua me no fosse uma fae to m, talvez ela soubesse que voc seria boa, que tinha um bom corao, e se arriscou para te deixar em segurana na Cidade das Fadas, onde aprenderia a ser uma fada boa. Vi seus olhos comearem a lacrimejar. Mas uma hora ou outra sua natureza ia aparecer, voc no consegue aprender o que ns aprendemos, seus poderes so diferentes, sua raa diferente. No entanto... ela enxugou uma lgrima e olhou para mim. voc se esforou o mximo que pde, mais at do que ns. Eu sei que no fundo voc sempre sentiu que diferente, eu tambm

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    sempre senti isso em voc, mas apesar de sua natureza no ser a mesma de uma fada seu corao como o nosso, bom e puro!

    Ela finalmente sorriu para mim, e eu j estava me acostumando a esperar aquele sorriso e gostar dele.

    Mas tudo que havia me dito, embora tivesse lgica, ainda parecia no se encaixar na minha cabea.

    E como voc sabe disso tudo? Ela ruborizou e abaixou novamente a cabea. Bem, eu... Eu tenho um certo hobby h anos... Ela

    hesitou um pouco. Me escondo naquele arbusto ao p da janela da diretora, na forma de fada, todos os dias depois das aulas. J descobri muitas coisas desse jeito, mas nenhuma que me ferisse tanto.

    Faz pouco mais de uma semana quanto ouvi a diretora contando a Marcos sua histria, sobre como voc foi encontrada ainda beb e como acharam que voc fosse uma fada como ns, at voc comear a ir mal em todas as aulas. A diretora descobriu que voc uma Changeling e informou a Marcos que daria a uma aluna essa misso de ficar na sua cola. E encarregou ele de... Bem... Dar um fim em voc, antes que voc fizesse mal a alguma fada.

    Eu?! Cada informao que ela me dava era como um golpe com

    um punhal em meu corao. Eu amava aquela cidade, amava aquelas pessoas, e elas queriam me matar! Eu jamais seria capaz de destruir tudo aquilo a que pertenci a vida toda!

    Eu te entendo ela voltou a me olhar, dessa vez com compaixo. Eu sempre gostei de voc e tenho certeza de que voc nunca far mal a ningum. Jamais voc ser como uma fae verdadeira!

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    Tive que sorrir para ela, ningum nunca me dava palavras boas como aquelas.

    Mas, o que ser de mim agora? meu sorriso desapareceu. No posso voltar para nossa cidade.

    No, certo que eles te matariam. Mas sei que o mundo aqui fora no to ruim assim como dizem. Eu vou aprender a liberar meus poderes, e vamos descobrir quais so os seus poderes, e vou te treinar!

    No, espere! Voc no pode viver aqui, no tem porque fazer isso por mim. Volte para a Cidade das Fadas, l o seu lar!

    Voc no entende, Agatha! Eu sempre gostei de voc, sempre senti uma ligao entre ns. essa a misso da minha vida. Voc tem um corao e no pode simplesmente ser morta ou abandonada, minha misso ficar com voc e te ajudar. Vamos ficar juntas, treinar juntas, e aprenderemos a viver aqui fora. Confie em mim.

    Ela falava como se aquilo fosse a coisa mais maravilhosa do mundo, o que fez meu corao se encher de alegria.

    Mas a sensao boa durou pouco, s at eu avistar pela janela que Marcos caminhava lentamente pela rua em frente a casa. Havia sangue escorrido pelo seu rosto, at a sua camisa. Ele parecia nos farejar.

    Droga, o Marcos! meu tom urgente fez Joana se levantar no mesmo instante.

    De repente a porta do quarto se abriu e a senhora que nos acolheu entrou apressada.

    Ele est ai atrs de vocs, no ? Eu no pude deixar de ouvir tudo que vocs conversaram.

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    Ela via nos entregar! Pensei, e um frio percorreu minha espinha. Joana deve ter pensado a mesma coisa, pois pegou minha mo e segurou forte.

    No tenham medo, eu sou uma guardi. Assim como vocs, existem muitos outros. ela sorriu, tentando nos tranquilizar. Seres mgicos de todos os tipos e espcies aparecem nesse mundo fugindo de algo. Existe um lugar para onde os mando, somente os bons, claro. um refgio lindo, e posso mandar vocs duas para l tambm.

    Apenas assentimos. Eu ainda no confiava naquela mulher, mas sair para a rua e enfrentar Marcos no era uma opo. A senhora nos conduziu at uma porta na parte de trs da casa, que dava para uma escadaria que parecia descer muitos metros. L de baixo veio um cheiro podre, que me deixou enjoada.

    por aqui. Ela disse, apontando a escada. Sinto muito, mas j fui a lugares demais; por essa porta

    eu no vou passar! Joana tambm assentiu com um gesto de cabea. Ora, o nico caminho meninas! Garanto que limpinho

    l em baixo. Esse cheiro a uma forma mgica usada para disfarar o cheiro de seres mgicos, vai impedir que o perseguidor de vocs consiga sentir seus cheiros.

    Joana me olhou desesperada, pedindo uma soluo, enquanto batidas fortes foram ouvidas na porta de frente da casa. No tnhamos escolha. Descemos a escadaria que dava em um tnel mal iluminado, mas a senhora havia dito a verdade, estava tudo muito limpo.

    Tivemos que tapar o nariz com a mo por causa do cheiro insuportvel, e caminhamos, caminhamos, caminhamos pelo que pareceram horas, at que uma iluminao verde surgiu frente.

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    Samos em uma espcie de caverna pequena, que dava num parque. A grama, as rvores, as flores, tudo lindo. Mas o que chamou a ateno era a multido de... Seres. Havia barracas por todos os lados, era algum tipo de festival, e todo o tipo de ser mgico circulava por entre as barracas, conversando e rindo.

    Ali a atmosfera era leve, alegre. Olhei animada para Joana, e ela retribuiu com um sorriso largo, daqueles que eu adorava. Corremos para o meio das barracas, onde msicas celtas eram tocadas e havia muita comida e alegria.

    Fim