A guerra (química) ainda dura muito - agencia.ecclesia.pt · mártires no século XXI parecem...

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04 - Editorial Paulo Rocha06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Opinião LOC/MTC22 - Semana de... OCtávio Carmo24 - Dossier À espera do Papa26 - Entrevista Padre Carlos Cabecinhas

50 - Estante52 - Multimédia54 - apps Pastorais56- Agenda58 - Por estes dias60 - Programação Religiosa61 - Minuto Positivo62 - Liturgia64 - Fátima 201766 - Fundação AIS68 - LusoFonias

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Opinião

Bispo de Lamegolamenta acidentetrágico[ver+]

Papa apela ao fimda carnificina naSíria[ver+]

Fátima: tudo apostos parareceber o Papa [ver+] Paulo Rocha| LOC | Octávio Carmo|Fernando Cassola Marques |Manuel Barbosa | Paulo Aido | TonyNeves

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A guerra (química) ainda dura muitotempo?

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Os conflitos armados que martirizaram o séculoXX estão nuclearmente ligados à mensagem deFátima. E as guerras que continuam a fazermártires no século XXI parecem ainda maisrelacionados aos acontecimentos de há cemanos, na Cova da Iria.Invocada como Rainha da Paz, Nossa Senhorapediu aos pastorinhos para rezarem o terço paraque a Primeira Guerra Mundial, em curso nasegunda década do século XX, terminasse.“Rezem o terço todos os dias, para alcançarem apaz para o mundo e o fim da guerra”. PediuMaria às três crianças na primeira aparição, nodia 13 de maio de 1917, apelo que repetiu emjulho, setembro e outubro. E, desde então,invocar a paz para o mundo, também a paz parao interior da comunidade crente, é umainsistência permanente no ambiente de Fátima enos contextos em que se repete em torno daimagem da Senhora de Fátima.Infelizmente, o início do século XXI torna maispremente a invocação pela paz no mundo. Hámuitos focos de conflito que teimam empermanecer. Há sobretudo um, a decorrer naSíria, que solicita todas as orações, tambémneste centenário, para que o sofrimento queatinge mulheres, homens e crianças não alastresem escrúpulos.No dia 13 de maio de 1917, Lúcia perguntou aNossa Senhora: “a guerra ainda dura muitotempo?” Hoje, é dever de todos os cidadãos domundo perguntar: “a guerra química ainda duramuito tempo?”.O que aconteceu na Sírias nos últimos dias nãopode deixar indiferente o mundo inteiro. Tem dechorar consternado pela morte sem escrúpulosprovocada por ataques cobardes que matampessoas indefesas, muitas delas crianças.4

Na I Guerra Mundial morreram 1,3milhões de pessoas na Europa, 90mil das quais vítimas de armasquímicas. De acordo com aOrganização para a Proibição dasArmas Químicas (OPAQ), o conflitoque decorreu entre 1914 e 1918fica na história pelo uso em grandeescala, pela primeira vez, de armasquímicas. Que continuou, apesar deacordos que proibiam o seu uso,como o de Genebra, em 1925, ou aconvenção de 1972 e 1993. Em1997, o início de funções daOrganização para a Proibição dasArmas Químicas e a entrada emvigor da Convenção das ArmasQuímicas é um passo decisivo paraa urgência do problema. Incapaz, noentanto, de proibir o seu usoefetivo.Em 2013, morreram perto de 1500pessoas na Síria, vítimas de armas

químicas. A imagens desse atohorrendo permanecem na memóriatrágica da humanidade, atenuadapela atribuição do Prémio Nobel daPaz de 2013 à Organização para aProibição das Armas Químicas(OPAQ).Em 2017, o território Sírio volta a seratacado por estas armas mortíferas,vitimando mais de 80 pessoas eferindo cerca de duas centenas. Asconsequências deste ataque forammostradas em direto a todo omundo, o que não chegou paraquebrar a indiferença dos centrosde poder e de decisão.Hoje é necessário perguntar: Aguerra (química) ainda dura muitotempo?É um crime ficar indiferente...

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A dimensão da tragédia é proporcional à coluna de fumo e de fogo.Avões não fica na Síria, é perto de Lamego,

e o drama registou seis mortos e dois desaparecidos.

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“Anunciar a Páscoa neste nossocontexto, convidar pessoas paracelebrarem a Morte e a Ressurreição deJesus […] é quase como tentar venderroupas de verão no pico do inverno ouapregoar chapéus-de-chuva no deserto,onde não chove”.Mensagem de Páscoa de D. JoãoMarcos, bispo de Beja Os católicos no mundo são cerca de1285 milhões, ou seja, 17,7 por cento dapopulação mundial. Entre 2014 e 2015houve um aumento de 13 milhões debatizados.Dados do ‘Annuarium StatisticumEcclesiae’ 2015, publicado esta quinta-feira com o Anuário Pontifício 2017 “Tirem cinco minutos, dez minutos – semrádio e televisão – para sentar e refletirsobre a vossa própria história; as bênçãoe dificuldades, tudo. As graças e ospecados, tudo. E verem aí a fidelidade deum Deus que não abandona o seu povo”.Papa Francisco na homilia da missadesta quinta-feira, na Casa de SantaMarta

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Bispo de Lamego lamenta«profundamente trágico acidente»em fábrica de pirotecnia

O bispo de Lamego "lamentouprofundamente o trágico acidente”desta terça-feira numa fábrica depirotecnia que “ceifou a vida" depelo menos "oito pessoas" e realçouque “não compete agora apenasdar condolências”.“Tenho de ir muito para alémdaquilo

que são as meras condolências. Compete-me levar essa notícia doterceiro dia, da ressurreição, a estafamília enlutada e muitoentristecida”, disse D. António Coutoenquanto se preparava para irvisitar os familiares dos donos dafábrica.Em declarações à AgênciaECCLESIA,

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o bispo de Lamego explicou que aIgreja, o Evangelho, existem paraesse anúncio e para lembrar que“Jesus Cristo está vivo” e presentejunto das pessoas.D. António Couto, que tem estado areceber informações sobre a fábricade pirotecnia que ficou destruídaesta terça-feira na sequência devárias explosões, disse que estãoconfirmados oito mortos.Nas explosões morreram seispessoas da família que geria afábrica há cerca de 10 anos e quevivia na Paróquia de Ferreiros, noMunicípio de Lamego, sendooriundas de Marco de Canaveses.Na referida tragédia faleceu tambémum senhor da Paróquia de Barrô e aoitava vítima é proveniente da áreade Lousada.A fábrica de pirotecnia, localizatambém o bispo diocesano, fica emGuediche, na Paróquia doSantíssimo Salvador de Penajóia.Numa mensagem enviada à Diocesede Lamego, D. António Coutodesafiou as comunidades a levaremàs famílias atingidas pela tragédiade Penajóia um a "abraço deternura, de fé e de esperança”.“Todos os diocesanos de Lamego eo seu bispo misturam as suaslágrimas

com as lágrimas de todos e de cadaum dos queridos familiaresdestes nossos irmãos tragicamentefalecidos, a quem envolvemos numabraço de profunda comunhão e dedorida e fecunda amizade efraternidade”, escreve D. AntónioCouto, num comunicado enviadoesta quarta-feira à AgênciaECCLESIA.Neste momento de luto, a dioceselamecense e o seu bispo “queremassumir o dever” de levar a essasfamílias “o caudal da alegria do 3.ºDia de Cristo Ressuscitado” que“abraça e enlaça na sua Vida novae perfumada”, refere o prelado.Nas atuais circunstânciashumanamente difíceis, D. AntónioCouto sublinha que a Igreja Católicaem Lamego professa a “fé em Cristoressuscitado e vivo” no meio detodos, “única fonte de sentido e deesperança”.D. António Couto escreve ainda quequer que a força da “oração ecomunhão” seja, nestascircunstâncias, “bem visível e portodos sentida”, e estende o seu“abraço” à Diocese do Porto e aoseu bispo (D. António Francisco dosSantos), onde têm “raízes muitosdos irmãos e irmãs” falecidos noacidente.

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“Sem Páscoa não há futuro” – Bispode Beja

O bispo de Beja disse que “semPáscoa não há futuro” na sociedadeatual, onde “parece que Deussobra” numa mensagem à dioceseonde convida a celebrar o novotempo litúrgico a partir já doDomingo de Ramos.“Anunciar a Páscoa neste nossocontexto, convidar pessoas paracelebrarem a Morte e aRessurreição de Jesus […] é quasecomo tentar vender roupas de verãono pico do inverno ou apregoarchapéus-de-chuva no deserto, ondenão chove”, escreve D. JoãoMarcos.Na sua mensagem para a Páscoa,enviada à Agência ECCLESIA, D.João

Marcos convida a dar importância“ao que é importante” e alerta paraas “idolatrias de sempre” e para as“superstições de novo reabilitadas”.O bispo de Beja sublinha que aPáscoa é precisa para que “hajafuturo” porque as pessoasanestesiadas não reparam nos“muitos sinais de desagregação dotecido social”, nem avaliam oscustos criminosos e asconsequências desastrosas da“embriaguez coletiva”. “Não digas que não tens tempo. Sêinteligente, não inventes desculpas,sê bom para ti mesmo! Vem celebrara Páscoa connosco”, convida D.João Marcos.

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Clérigos ganha prémio de património«Europa Nostra»O presidente da Irmandade dosClérigos afirmo que a atribuição doprémio 'Europa Nostra 2017' aoprojeto de reabilitação da igreja eTorre dos Clérigos é um “motivo dealegria”, tendo-o dedicado aostrabalhadores que devolveram “oedifício à cidade e ao mundo”.Em declarações à AgênciaECCLESIA, o padre Américo Aguiardisse que vencer o prémio ‘EuropaNostra 2017’ é uma “homenagem aobom trabalho que se faz emPortugal” na área da conservação erestauro.O sacerdote sublinha que adistinção anunciada hoje é motivode “alegria para a cidade” do Portoe para Portugal, porque a defesa dopatrimónio é algo que “devepreocupar”.A Igreja e Torre dos Clérigos forampremiadas na ‘CategoriaConservação’ da 'Europa ‘Nstra2017’, por um projeto de “restauroabrangente” que, “desde ainvestigação preliminar à conclusão,foi realizado apenas em dois anos”,terminando em dezembro de 2014.A entrega dos prémios ‘EuropaNostra 2017’ vai decorrer na cidadede Turku, na Finlândia, a 15 demaio, onde vai ser tambémconhecido o Prémio do Público,escolhido por votação online entreos 29 candidatos.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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T-shirts, bonés e lenços, com o símbolo e o tema da peregrinação de 12 e13

Fernando Santos na Jornada Diocesa da Juventude, em Lisboa, para aoração do terço

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Papa apela ao fim da «inaceitávelcarnificina» na Síria

O Papa exortou, hoje no Vaticano,as autoridades e lideresinternacionais a colocarem umponto final na guerra da Síria, nasequência de um alegado ataquecom armas químicas que vitimou 72pessoas, entre as quais 20crianças.Durante a audiência pública destamanhã, na Praça de São Pedro,

Francisco manifestou o seu “horror”por mais esta tragédia que seabateu sobre o povo sírio, que hámais de seis anos sofre asconsequências de um conflito entreo governo de Bashar al-Assad eforças rebeldes contrárias aoregime.“Lamento profundamente ainaceitável carnificina que teve

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lugar esta terça-feira na provínciade Idlib, onde uma multidão depessoas indefesas, incluindo muitosmeninos e meninas, foram mortos”,salientou.Uma comissão de inquérito daOrganização das Nações Unidas jáestá a investigar o alegado ataquecom armas químicas à localidade deIdlib, atualmente sob o domínio dasforças rebeldes.Num comunicado, o grupo deespecialistas da ONU já frisou que ouso de armas químicas será sempreconsiderado um crime de guerra euma séria violação dos direitoshumanos.Além do número de mortos járeferido, o ataque de ontemprovocou dezenas de feridos entrea população civil de Idlib, de ondechegam relatos também de umataque que terá sido levado a caboao hospital que acolheu as vítimas.No seu encontro com os peregrinos,o Papa disse estar a rezar por todasas pessoas atingidas por estedrama, em especial pelos queperderam a vida e pelas suasfamílias.E apelou “à consciência daquelesque têm responsabilidades políticas,a nível local ou internacional, paraque coloquem um fim a estatragédia e que tragam alívio àspopulações que há

tanto tempo - e tão duramente - têmvindo a ser testadas pela guerra”O Papa argentino deixou palavrasde encorajamento para todosquantos, sem olharem à suasegurança, continuam todos os diasa trabalhar no apoio às populaçõessírias.Francisco não deixou ainda derecordar, durante a sua intervenção,as vítimas do atentado ocorrido naúltima segunda-feira em SãoPetersburgo, na Rússia, onde umhomem suicida acionou uma bombano metro da cidade, matando pelomenos 11 pessoas e ferindo outras40."O meu pensamento vai nestemomento para o grave atentado dehá dois dias em São Petersburgo",salientou o Papa, que lembrou nasua catequese que um conflito nãose resolve “respondendo ao malcom o mal, mas perdoando, semvingança”.

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“Entre irmãos, todos temos voz,todos devemos falar e escutar” –Papa FranciscoO Papa recebeu esta quarta-feira,na Aula Paulo VI, um grupo delíderes religiosos muçulmanos doReino Unido, numa iniciativapromovida pelo arcebispo deWestminster, D. Vincent Nichols,após o recente ataque terrorista emLondres.De acordo com a Rádio Vaticano,durante o encontro, Franciscoencorajou aqueles responsáveis acontinuarem o seu trabalho, nodiálogo com outros credos eculturas.“O trabalho mais importante que ahumanidade pode fazer hoje é otrabalho de ouvido, de nos ouvirmosuns aos outros. Escutar, sem pressade dar respostas. Acolher a palavrado irmão, da irmã, pensar, e depoisdizer a minha. A capacidade deouvir é muito importante”, salientouo Papa argentino.Desde o início do seu pontificado, oPapa Francisco tem feito dodesenvolvimento do diálogo inter-religioso um dos seus grandesdesígnios, sobretudo com o mundoislâmico.No ano passado, Francisco recebeuno Vaticano o grande imã de Al-Azhar (Egito), Ahmed Al-Tayyeb,que lidera a mais importanteinstituição do

Islão sunita, sediada no Cairo.Um responsável que o Papa iráreencontrar em breve, no final deabril, quando visitar a mesquita deAl-Azhar numa iniciativa incluída noprograma da sua viagem ao Egito,nos dias 28 e 29 deste mês.Em Roma, Francisco e Ahmed Al-Tayyeb conversaramessencialmente sobre ocompromisso comum dasautoridades e dos fiéis das grandesreligiões pela paz no mundo, esobre a recusa da violência e doterrorismo.O terrorismo que esteve mais umavez em cima da mesa, nos últimosdias, com o atentado em SãoPetersburgo, na Rússia, e há duassemanas com o ataque levado acabo em Londres, junto aoParlamento britânico, que fez 5vítimas incluindo o autor doatentado.

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Papa prestou homenagema vítimas do sismo de 2012

O Papa visitou a região italiana deEmília-Romanha, atingida pelossismos de 2012.Francisco encontrou-se com aspopulações atingidas peloterramoto, na praça que fica dianteda Sé, após ter entrado naCatedral, ainda em obras, com umramo de flores, que depositou juntoao altar, em memória dos quemorreram.“Nesta cidade, que ainda carrega osvisíveis sinais de uma provação tãodura, desejo abraçar-vos a vós eaos habitantes das outraslocalidades atingidas pelo terramotode maio de 2012”, disse àscentenas de pessoas que oacolheram.O Papa recordou a visita de BentoXVI à região da Emília-Romanha,poucas semanas após o sismo.A intervenção evocou a destruição

do património humano e cultural dalocalidade, mas sobretudo as“feridas interiores”, o sofrimento dequem perdeu entes queridos ou dequem viu desaparecer os “sacrifíciosde toda a vida”.Francisco elogiou o “espírito deesperança” e a coragem com queestas populações superarammomentos de dificuldade, semdeixar de sublinhar a necessidadede prosseguir os trabalhos dereconstrução, particularmente nos"centros históricos":“Diante da vossa catedral, lugarsímbolo da fé e da tradição desteterritório, gravemente danificadopelo sismo, elevo convosco aoSenhor uma fervorosa oração pelasvítimas do terramoto, pelos seusfamiliares e pelos que ainda vivemem situações precárias”, declarou.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial internacional nos últimos dias, sempre atualizadosem www.agencia.ecclesia.pt

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Papa denuncia tráfico de pessoas como «escravatura» contemporânea

Papa desafia jovens a serem «protagonistas da mudança»

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Pastoral Operária– Uma Necessidade Permanente

LOC/MTC Movimento de trabalhadoresCristãos

O mundo operário continua a existir e a ser arealidade mais importante social e numericamenteda nossa sociedade, ainda que essa realidade seencontre hoje em forte processo de transformação,se apresente diversificada, com perda significativada sua consciência operária e no seu seio existauma grande variedade de situações.A chamada classe operária ou mais simplesmente,os trabalhadores, é constituída por quem trabalhapor conta de outrem, legalmente ou numa economiasubterrânea e clandestina; por operários efetivos oueventuais com contratos a termo certo ou incerto, arecibo verde e outras formas atípicas de relaçãolaboral; por trabalhadores com elevada qualificaçãoprofissional e bem remunerados ou poucoqualificados e mal pagos.Fazem, ainda, parte deste mundo operário e popularos desempregados de longa duração, os jovens àprocura do primeiro emprego, os sub-empregadosou trabalhadores por conta própria, os jovensestudantes ou já licenciados e as crianças, filhas defamílias operárias.Também os pequenos empresários incapazes dedesenvolver a sua atividade num mercadoconcorrencial e competitivo se vêm a braços com asobrevivência das suas empresas e vivem umprocesso de proletarização.Todos eles – crianças, jovens e adultos,trabalhadores no ativo ou reformados, bairrospopulares e degradados, famílias inteiras comelevado índice

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de desemprego ou de baixos níveisde rendimentos, marcados pelaprecariedade, dependência eexploração – constituem a realidadeinquestionável do mundo operário.Ainda que o rosto do mundooperário tenha mudado e o acessoà cultura e ao consumo se tenhammais generalizado, o posto que ostrabalhadores ocupam no sistemade produção continua a serbasicamente o mesmo: estãodependentes e submetidos àsexigências e estratégias do capital,(poder financeiro, multinacionais,mercado e decisões políticas) que équem impõe e determina ascondições de vida em função dosseus interesses.São permanentes as violações dadignidade da pessoa humana, assituações de injustiça, oempobrecimento de largas faixas dapopulação trabalhadora.O crescimento da indiferençareligiosa, o retorno religioso-cultuale o incremento de seitas religiosasconstituem uma séria interpelação eum questionamento ao testemunhodos cristãos e às suas formas deevangelização.O drama da rotura entre a fé e avida e a necessidade de maiorapoio,

estímulo e formação espiritual,bíblica, doutrinal e humanista dosmilitantes cristãos e dostrabalhadores cristãos em geral, sãouma das necessidades maissentidas.Tudo isto constitui para a igreja umenorme desafio para que ela sejaverdadeiramente a “igreja dospobres”, sinal de verificação da suafidelidade a Cristo e possa ser “Luzdas nações”. A Pastoral Operária continua a seruma necessidade permanente poistorna-se imperativo “modificar pelaforça do evangelho os critérios dejulgar, os valores que contam, oscentros de interesse, as linhas depensamento, as fontes inspiradorase os modelos de vida dahumanidade, que se apresentam emcontraste com a Palavra de Deus”, (EN 19) especialmente no mundodo trabalho, caracterizado por umacultura contrária à solidariedade.LOC/MTC

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Voltar às raízes

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

“A nossa alma, criada para a vida, sofre sentindopor sentir que a sua sede de eterno bem éoprimida por um mal antigo e obscuro”A visita do Papa à localidade de Carpi, nodomingo, absorveu boa parte das minhasatenções numa semana de trabalho diferente –já explico o motivo. A homilia que Franciscoproferiu diante da renascida Catedral de Carpi,perante familiares de vítimas dos sismos de2012, que suportaram esses e muitos outrossofrimentos, foi das mais bonitas do atualpontificado. Uma intervenção poética,profundamente marcada pela reflexão teológica eantropológica de Jorge Mario Bergoglio que,muitas vezes, é apenas e injustamente reduzidoà figura de um bonacheirão que não se preocupademasiado com a doutrina e quer é que aspessoas sejam felizes. Vale a pena parar umpouco e ler com atenção. Para já ainda está sóem italiano, mas as traduções da Rádio Vaticanoajudam:

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Esta semana tenho a oportunidadede voltar por uns dias à minha naterra, nas serras da Madeira. Oregresso às raízes é sempre umalição, a começar pela necessidadede aprender que as férias nãoservem apenas para “fazer coisas”.Muitas vezes basta estar. Para umfilho, aliás, é fundamental ter ahumildade de deixar os pais serempais, sem colocar obstáculos.A questão das raízes parece ser umtema sensível na nossa sociedade.Estamos muito preocupados emuniformizar flores em frutos, aproteger todas as espécies, eesquecemo-nos de cuidar do soloque as alimenta. Sem um solocomum de valores e de aspirações,a sociedade torna-se cada vezfragmentada, particularizada,dividida em nichos

reivindicativos que concorrem, atéde forma agressiva, em buscade protagonismo, arvorando-se emreferências morais e jurídicas.O problema é sério, porque não setrata apenas de uma espécie decegueira coletiva em relação aosubstrato histórico que define associedades ocidentais. Há umaatitude assumidamente contrária atudo o que ajudou as nossascomunidades a serem o que são,como se só o novo pudesse definir aidentidade coletiva. Lembro-me deBento XVI, cujo livro-entrevista meacompanha por estes dias, e dosseus muitos alertas. De facto, hoje asociedade ocidental parece atéfestejar o facto de ter ficadoprisioneira de uma profundadesorientação. Esperemos que sejacapaz de voltar às suas raízes.

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À espera do PapaHá muito tempo que a presença

do Papa Francisco em Fátima era previsível.A confirmação da sua visita ao Santuário da Cova da Iria,

como peregrino,aconteceu há poucas semanas e,

desde essa ocasião,é visíveis a preparação em cursopara receber o Papa e sobretudo

os muitos peregrinos quecom Francisco querem celebrar

o centenário das Aparições.Nesta edição, informamos sobre

o que tem de saberpara estar em Fátima nos dias 12 e 13 de maio.

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Fátima a postos para receber oPapa O reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Cabecinhas, assumiu aresponsabilidade de coordenar a visita do Papa Francisco à Cova da Iria,pelo Centenário das Aparições. Um trabalho que procura valorizar adimensão festiva de um acontecimento único que não se esgota em 2017.

Entrevista conduzida por Henrique Matos Agência ECCLESIA (AE) - Podemosdizer que Fátima está a postos parareceber o Papa Francisco?Pe. Carlos Cabecinhas (CC) - Semdúvida, Fátima está a postos. Aliás,esta era a expectativa que tínhamoshá muito tempo, embora o anúnciooficial da visita fosse há menostempo, pelo que os preparativospara acolher o Papa e osperegrinos que vêm para estar como Papa, dando a graças a Deuspelos 100 anos de Fátima, há muitoque esses preparativos se vinham afazer. Podemos dizer que estamosna reta final de preparação, aultimar tudo para que seja ummomento particularmente festivoaqui, no Santuário de Fátima. AE - Já admitiu que este recintopoderá ser pequeno…CC - O recinto do Santuário temlimites, como qualquer espaçofísico, e os limites são estes: são oslimites

físicos. A nossa expectativa é que,de facto, a afluência de peregrinospossa tornar insuficiente o espaçodo recinto de oração. Não é umasituação dramática, pelo contrário, eaquilo que será a nossapreocupação é proporcionar, mesmoaos peregrinos que não vão poderaceder ao recinto, boas condiçõespara acompanhar as celebrações etambém boas oportunidades parapoder, se possível, ver o Papa deperto. AE - Por esses dias os peregrinosvão ter algumas ferramentasespeciais, até interativas, para osajudar na mobilidade dentro deFátima?CC - Estamos a articular toda anossa ação com as autoridadespara facilitar e permitir que todo operegrino que venha a Fátimapossa descobrir a melhor forma dechegar ao Santuário com o mínimode constrangimentos possível. Poroutro lado, da nossa

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parte, estamos a estudar apossibilidade de estender algunsmeios que facilitem a participação,concretamente com a colocação deecrãs gigantes e a difusão sonorade tudo o que acontece no recintode oração, para que quem nãoconsiga aceder ao espaço possasentir-se envolvido no conjuntocelebrativo e festivo deste dia tãoimportante. AE - O programa do Papa não incluiencontros com ‘periferias’…CC - O anúncio que foi feito peloVaticano para caraterizar esta visitado Papa era muito claro, dizendo: oPapa vem como peregrino, pararezar com os peregrinos. Istosignifica que não estão previstas,efetivamente, audiências ouencontros particulares com nenhumgrupo. Isso não implica uma menoratenção do Papa às periferias queele tanto ama e a quem tantaatenção tem dedicado. Significaque, numa visita que seránecessariamente muito curta, nãohá possibilidade de inserir outroselementos nesse programa. AE - Desde Paulo VI que os Papastêm vindo a Fátima, tornou-sefrequente a

sua presença neste Santuário.Fátima impôs-se aos Papas?CC - Não tenho dúvidas de que aMensagem de Fátima teve essecondão de tocar também a Igreja napessoa do Santo Padre. Esta é umamensagem com dimensão universale, nesse aspeto, foi atingindoprogressivamente toda a Igreja e foiatingindo também a cabeça visívelda Igreja, o seu sinal visível deunidade, que é o Santo Padre. Nósvimos no Cinquentenário dasAparições essa peregrinação doPapa Paulo VI; tivemos depois noPapa João Paulo o grande Papa deFátima, aquele que se sentiupessoalmente ligado à Mensagemde Fátima e, por isso, se fezperegrino três vezes a esteSantuário; tivemos a presença doPapa Bento XVI no 10.º aniversárioda beatificação dos Pastorinhos; etemos agora o Papa Francisco noCentenário das Aparições.Tudo isto é sinal, por um lado, doimpacto universal da mensagem; poroutro lado, mostra quanto aMensagem de Fátima mantém aindahoje, 100 anos depois, toda a suaatualidade e capacidade de intervirnaquilo que é a vida da Igreja e domundo.

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AE - O Papa Francisco contagioumuita gente fora da Igreja. Estavinda a Fátima poderá ser a pontepara que o Santuário chegue deforma mais efetiva a esta gente?CC - A presença do Papa Francisco,em concreto, pode ajudar tambémpessoas que habitualmente nãoolhavam para a Fátima a olharagora com uma nova perspetivapara a Mensagem, para o Santuáriode Fátima. Devo dizer também queos dados que temos apontam queFátima tem sido motivo de interessepara muitas outras pessoas, paraalém da

Igreja Católica. Estou a pensarnoutras confissões cristãs, noutrasreligiões, que embora de formaresidual, do ponto de vistaquantitativo, não deixavam de visitarFátima e marcavam presença.Há também todo um público, que eudiria menos vinculado ao fenómenoreligioso, que nos últimos tempostem procurado Fátima, sobretudopela via cultural. Penso que a vindado Papa pode potenciar essaaproximação entre Fátima e essasfranjas menos sensíveis à temáticada Mensagem deste lugar.

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AE - Foi difícil assegurar do Papaeste compromisso de vir a Fátima?CC - Eu creio que as reticências doPapa tiveram a ver, sobretudo, coma consciência da sua frágilcondição. O Sumo Pontífice, comosabemos, embora vá acumulandojuventude, tem também todas asdificuldades próprias de alguém quesente o peso dos anos. Parece-meque a grande dificuldade do Papanesta confirmação da presença ounão tinha a ver precisamente com onão saber as suas condiçõesefetivas de saúde e disponibilidadefísica para se poder fazer presente.A nível mais particular, mais privado,o Papa desde o início manifestou aboa vontade e a disponibilidadepara estar presente, se tivesse vidae saúde. Aliás, recordo que aprimeira confirmação foi dada pelopróprio ao bispo desta diocese, D.António Marto, dizendo-lhe: “SeDeus me

der vida e saúde, estarei em Fátimaa 13 de maio de 2017”. AE - A decisão de vir apenas aFátima, como o Papa referiu, nãodeixa Portugal, o país, fora davisita?CC - Diria que de forma algumaPortugal fica fora da visita. A viagemé uma visita à Igreja portuguesa,centrada em Fátima por ocasião doCentenário das Aparições. Creioque aqui temos de alargar osnossos horizontes e perceber queesta é uma opção do pontificado, oPapa Francisco não tem visitadosoutros países europeus, outrascapitais, tem dado uma particularatenção às periferias e, em relaçãoà Europa, tem feito sempre visitasmuito cirúrgicas, orientadas para umou outro lugar.

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Fátima… eu diria Portugal e Fátimanão são exceção, no sentido de queo Papa vem, vem estar com a Igrejaportuguesa, vem com a Igrejaportuguesa celebrar o Centenáriodas Aparições, mas quis vir apenasa Fátima e não propriamentealargar a sua visita pastoral, nacontinuidade daquilo que tem sido asua opção deste pontificado.O Papa Francisco traz semprenovidade, até pelos seus discursos,pelos desafios que nos deixa. AE - Não teme que o facto deaterrar em Monte Real traga àmemória tensões do passado?CC - Não, não creio que, do pontode vista político, haja nestemomento qualquer perigo dereavivar esse tipo

de tensões do passado, as tensõesque estiveram presentes quando oPapa Paulo VI veio, para oCinquentenário das Aparições.Parece-me que é necessáriosublinhar, pelo contrário, que daparte do Estado português, da parteda Presidência, em primeiro lugar -porque o convite foi dirigidotambém, depois dos bisposportugueses, pelo presidente daRepública -, do Governo portuguêstemos tido sempre toda apossibilidade de colaboração parapreparar da melhor forma estavisita.

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AE - É importante a Canonizaçãodos Pastorinhos neste ano deCentenário? Qual seria a datapreferível?CC - Eu diria que, qualquer que sejaa data - 13 de maio, 13 de outubro,13 de agosto - qualquer que seja adata, tratando-se da Canonizaçãodos Pastorinhos é muito bem-vinda,por um motivo simples: estacanonização é muito significativapara Fátima, para os devotos deFátima, para o próprio Santuário.Para nós seria particularmentesignificativo se a canonizaçãoficasse ligada à celebração doCentenário, mas não dependedisso.

AE - Como avalia a especulaçãoeconómica associada aos valoresdas dormidas, por ocasião da vindado Papa, ou a exploração deprodutos que se associam ao nomedo Centenário?CC - O Santuário olha com algumasurpresa para aquilo que são osdesvios e os abusos. Estas ocasiõesproporcionam sempre algumatentativa de aproveitamento e paranós isso é particularmente doloroso,porque nos parece indevido quehaja algum tipo de aproveitamentocomercial de uma ocasião comoesta, do Centenário, da vinda doPapa.Também me parece, por outro lado,

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que o destaque dado a situaçõesexcecionais de abuso pode ajudar ageneralizar - e esse é um lamentoque vou ouvindo - e a criar a ideiade que todos fazem assim, o quenão corresponde à verdade.Vemos com pena que algumaspessoas façam aproveitamentoindevido destas ocasiões, mastemos o conforto de achar e de ter aperceção de que há muita genteque não procurar aproveitar estasocasiões para explorar seja quemfor, procura de facto, da forma maislegítimas possível, assegurar aquiloque são os serviços aos peregrinosque vêm.Há sempre alguma inflação nospreços, tratando-se destesmomentos especiais, e o comentárioque o Santuário tem a fazer é que,em relação aos preços quepraticamos,

este ano decidimos não fazerqualquer atualização nos preços dealojamento e nos preços das lojas,como um sinal. O que queremos éque os peregrinos venham e sesintam bem aqui em Fátima. AE - Que recomendação se podedar aos peregrinos para que não seexponham a estas situaçõesabusivas?CC - A grande recomendação a daré que venham a Fátima, sem medode serem explorados, porque nãohaverá propriamente uma estruturade exploração sistemática dosperegrinos. Que estejam atentos aoque lhes é proposto, com aprudência necessária para percebero que é justo, o que é razoável, e oque ultrapassa o razoável…

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AE - Fátima mudou ao longo destes100 anos?CC - Eu diria que, em 100 anos,Fátima como lugar mudou muito.Houve uma evolução, o próprioSantuário cresceu, foi criando a suaestrutura, também física, paraacolher peregrinos, e ouço commuita frequência esse testemunho,de quem há muito tempo vem aFátima, dizendo que agora é muitodiferente. AE - Dizem isso em tomdescontente?CC - Não, não, não, dizem issocomo uma constatação, umaconstatação

feliz de quem percebe que oSantuário se foi adequando ànecessidade de acolher osperegrinos e de os acolher damelhor forma.Já a Mensagem não mudou. Mas éverdade que, a esse nível, foimudando o nosso aprofundamentoe o nosso conhecimento. Se aMensagem mantém toda a suaatualidade, mantém-se também todoo desafio de percebermos aaprofundarmos o seu conteúdo.Também aqui as coisas têmmudado, no sentido de que nãoparamos este esforço de conhecermais, melhor, de procuraraprofundar as consequências destamensagem.

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AE - Há vontade de explorarcampos novos, novas áreas deincidência onde se pode encontrarrelacionamento com a Mensagemde Fátima?CC - Essa tem sido sempre umavontade que nos tem acompanhado,isto é, refletir sobre a Mensagem deFátima, sobretudo ir percebendoque esta mensagem é importante,significativa para nós, hoje. Istoimplica sempre descobrir novasdimensões, novos desafios daprópria mensagem, por exemplo oconvite a uma espiritualidade emIgreja. Eu creio que esse é, nomomento atual, um dos desafiostambém ao próprio Santuário deFátima, no sentido de percebermosque a Mensagem de Fátima tem emsi um conjunto de elementos de umaespiritualidade que nos desafia paraa nossa vivência cristã hoje. AE - Fátima tem sublinhado maisuma dimensão intelectual?CC - Nós nunca abandonamos adimensão da Fátima popular, nosentido que o peregrino é o grandeprotagonista de Fátima. Por isso,essa dimensão popular estevesempre presente e temacompanhado o

Santuário, acompanha-nos hoje nasnossas preocupações. Nósprocuramos ir ao encontro desseperegrino que vem.A verdade é, também, queprocuramos ir sempre mais além.Percebemos, por exemplo, que anível intelectual, a nível cultural, háainda uma certa resistência aFátima. Por isso, temos trabalhadoessa dimensão, temos procuradoque a nossa reflexão, que a nossaoferta, procure também atingiroutras dimensões quehabitualmente não estãocontempladas. Nesse sentido, temosprocurado alargar o nossohorizonte, que Fátima tenha tambémessa dimensão, essa vertentecultural que era menos valorizado. Nós nunca abandonamosa dimensão da Fátimapopular, no sentido que operegrino é o grandeprotagonista de Fátima.

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AE - A dimensão estética tem sidoimportante…CC - A dimensão estética tem sidouma área preferencial de atuação.Por um lado, porque há toda aimportância iconográfica, todo osimbolismo ligado ao que nósbebemos e sentimos, do ponto devista estético. Por outro lado, essadimensão da arte é significativaquer na dimensão de Fátima querna dimensão mais cultural de queagora falávamos. AE - Há que potenciar também umespaço como os Valinhos?CC - Esse é um espaço que esteve

sempre presente, que o Santuáriotem procurado valorizar e que poucoa pouco vai sendo descoberto. Jásão muitos os peregrinos queprocuram fazer o caminho dosperegrinos, o percurso da Via-Sacra, que procuram os Valinhos,que visitam Aljustrel. Eles mesmovão descobrindo essa outradimensão.Da nossa parte, como Santuário, apreocupação tem sido não apenascriar boas condições físicas mastambém, tanto quanto possível,divulgar esses espaços comoespaços complementares, decontacto com a natureza, comoespaços de silêncio, para uma outraexperiência de Fátima.

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AE - Que desafios se colocam parao pós-centenário?CC - A nossa grande preocupaçãoem relação ao pós-centenário, oumelhor, ao pós-2017, écontinuarmos esta dinâmica queiniciamos nestes 7 anos depreparação e vivência doCentenário das Aparições. Quer istodizer que pretendemos valorizar ofacto do Centenário - por isso é quetenho dificuldades em falar numpós-centenário.A partir daqui, nós vamos estar afestejar o centenário de uma série

de outros acontecimentos, vamosestar ainda em ambiente festivo decentenário. Pretendemos, antes demais, prolongar a festa, prolongaresta dinâmica de vivência festiva doCentenário das Aparições. Nestesentido, queremos aproveitar odinamismo destes anos,prolongando algumas das suasações, mas também fazendo novaspropostas, que ainda estão a sertrabalhadas, para que a vinda aFátima tenha sempre aspeto denovidade, tenha sempre algo novo aoferecer.

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Itinerário do Papa

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Chegada a FátimaO Papa Francisco é esperado na Base Aérea de Monte Real pelas 16h20do dia 12 de maio. Nesse local está previsto um encontro privado doPapa com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Depois,Francisco repete o gesto de Paulo VI e de S. João Paulo II, rezando napequena capela da Base.Às 17h15 o Papa entra no helicóptero que o vai levar até Fátima.

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Sala de jantarNa Capelinha da Aparições, o Papa fará uma breve oração, um gestohabitual em todas as visitas pontifícias a este santuário mariano e umgesto que coincide com a atitude de todos os peregrinos que entram norecinto. Minutos depois, Francisco recolhe à Casa de Nossa Senhora doCarmo onde descansa um pouco e janta na sala de visitas privada doSantuário.

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Procissão de velasÀ noite o palco celebrativo volta a centrar-se no recinto de oração doSantuário. Francisco dirige-se novamente à Capelinha das Apariçõespara a bênção das velas e recitação do terço.

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Casa Nossa Senhora do CarmoA noite do dia 12 marca a primeira intervenção pública do Papa que dirigeuma saudação aos peregrinos pelas 21h30. Será pouco antes da bênçãodas velas, na Capelinha das Aparições, à qual se segue a recitação doRosário.A Casa de Nossa Senhora do Carmo volta a acolher um Papa, depois dePaulo VI, João Paulo II e de Bento XVI, também Francisco ali irá repousar nanoite de 12 para 13.

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No final da celebração eucarística, Francisco regressa à Casa de NossaSenhora do Carmo onde almoça com os bispos de Portugal.

O regresso do Papa à Base Aérea de Monte Real será feito deautomóvel com chegada prevista para as 14h45. O voo papal descola

15 minutos depois.

Altar do recinto de oraçãoNo dia 13, Francisco começa o dia na Casa de Nossa Senhora do Carmo

com uma receção ao primeiro ministro português António Costa.Depois dirige-se para a Basílica de Nossa Senhora do Rosário paravisitar os túmulos dos videntes das aparições. A Eucaristia decorre

no altar do recinto, um espaço agora renovado.

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Fátima 2017: Santuário preparadopara acolher «em segurança» ummilhão de pessoas

O reitor do Santuário de Fátimadisse hoje que tudo está preparadopara acolher “em segurança” oPapa Francisco, nos dias 12 e 13de maio, por ocasião dacomemoração do Centenário dasAparições.Numa conferência de imprensa, opadre Carlos Cabecinhas fez

o ponto da situação, a cerca de ummês da peregrinação de 12 e 13 demaio, e salientou que estãoreunidas as condições para dizerque “Fátima é um local seguro” e“uma cidade de paz”.As informações sobre a preparaçãoem curso para a celebração do

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Centenário das Aparições com apresença do Papa Francisco, emmaio, foram prestadas pelo reitor doSantuário de Fátima, o presidenteda Câmara Municipal de Ourem,Paulo Fonseca, major BrunoMarques, porta-voz da GuardaNacional Republicana, e o coronelAlbino Tavares, da AutoridadeNacional de Proteção Civil.Na sessão no Centro Pastoral PauloVI, o presidente da CâmaraMunicipal de Ourém frisou que “tudoestá garantido, do ponto de vista dasegurança e da proteção civil, doacolhimento” e disse estarempenhado em “mostrar ao mundouma imagem positiva e de qualidadede Fátima, da região e do país”, eao mesmo tempo contribuir para adifusão da “mensagem de Fátima”.Paulo Fonseca adiantou que osperegrinos vão ter à sua disposiçãoum “gabinete de apoio aoperegrino”, que funcionará junto aoposto de turismo de Fátima, e umespaço para acolher os campistasque queiram montar as suas tendasna Cova da Iria, que ficarálocalizado junto ao campo de jogosdo Grupo Desportivo de Fátima.Os campistas terão acesso a casasde banho móveis, a chuveiros e aapoio de segurança por parte daGNR.A Guarda Nacional Republicana,

através do major Bruno Marques, ea Autoridade Nacional deProteção Civil, pelo coronel AlbinoTavares, destacaram uma“operação de larga escala”,envolvendo a segurança do PapaFrancisco, dos peregrinos e demaishabitantes da região, e que seestenderá a distritos como Lisboa,Coimbra, Castelo Branco eSantarém.De acordo com o major BrunoMarques, estará no terreno “umaforça multidisciplinar capaz deprevenir ou cessar qualqueratividade ilícita” e ao mesmo tempopreparada para prestar auxílio aquem mais precise.O dispositivo da GNR estará atrabalhar de forma mais efetiva noterreno entre os dias 1 e 14 demaio, nomeadamente na atençãoaos peregrinos a pé, com ações desensibilizarão e apoio.O major Bruno Marques realçou aimportância dos peregrinos a pé“evitarem estradas maismovimentadas e apostarem nospercursos pedestres, usaremroupas claras, coletes refletores ecaminharem em fila indiana”.Uma vez dentro do recinto, osperegrinos são aconselhados a nãodeixarem objetos de valor dentrodas viaturas nem os levaremconsigo para dentro do recinto, pormotivos de segurança.

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Fátima 2017: Câmara prepara 20bolsas de estacionamento em zonaspróximas do Santuário

O presidente da Câmara Municipalde Ourém disse hoje, em Fátima,que vão estar disponíveis 20 bolsasde estacionamento para osperegrinos que se desloquem decarro para a peregrinação de 12 e13 de maio.Paulo Fonseca referiu emconferência de imprensa que oslocais para

parquear os carros ligeiros estãolocalizados nas zonas limítrofes doSantuário de Fátima, representamum acréscimo de cerca de 18 millugares e o transporte dosperegrinos dos estacionamentospara o recinto de oração éassegurado por uma redeautocarros.De acordo com o presidente daCâmara Municipal de Ourém, vão

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estar à disposição das pessoas quedeixarem os carros nas 20 bolsasde estacionamento 75 autocarros “afuncionar em permanência”, durantea duração das comemorações,inclusivamente para quem chegarde transportes públicos, através daCP ou da Rodoviária Nacional.“Cada automobilista receberá umasenha com a cor da sua linha e onúmero da bolsa de estacionamentoonde deixou a viatura”, salientouPaulo Fonseca, acrescentando queo “mapa” com todas essasindicações será divulgado em breve,através de flyers e de váriasferramentas online.Uma das bolsas, que terá o número12 e ficará situada ao lado doCentro Paulo VI, junto ao recinto do

Santuário, será reservada paraviaturas de pessoas com mobilidadereduzida.Vão ser ainda disponibilizadosoutros três parques reservadosexclusivamente para viaturaspesadas, nomeadamenteautocarros.A preparação da peregrinação de12 e 13 de maio, que celebra oCentenário das Aparições de Fátimacom a presença do Papa Francisco,está a ser desenvolvida pelaAutoridade Nacional da ProteçãoCivil, a Câmara Municipal de Ourém,a Guarda Nacional Republicana e oSantuário de Fátima, que hojeapresentaram os trabalhos emcurso, em conferência de imprensarealizada no Centro Pastoral PauloVI, em Fátima.

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Fátima 2017: Festa do centenárioultrapassa o recinto de oração doSantuárioO reitor do Santuário de Fátimaafirmou hoje que a festa docentenário das aparições nos dias12 e 13 de maio, com a presença doPapa Francisco, vai ultrapassar odo recinto da Cova da Iria.“Na chegada do Papa, na tarde dodia 12 de maio, todos o que odesejarem são convidados a saudaro Papa, num gesto de acolhimentofestivo, no percurso do EstádioMunicipal ao Santuário”, disse opadre Carlos Cabecinhas.“Do mesmo modo, no início da tardedo dia 13, todos os que o desejaremterão oportunidade de se despedirdo Papa que atravessará emveículo aberto a Avenida D. JoséAlves Correia da Silva, do Santuáriopara a rotunda norte”.A chegada do Papa está previstapara as 16h20 do dia 12 de maio,sendo esse também o início de todoo programa do Centenário.O reitor do Santuário de Fátimaapresentou hoje em conferência deimprensa a preparação daperegrinação de 12 e 13 de maio,juntamente com a Autoridade

Nacional da Proteção Civil, aCâmara Municipal de Ourém e aGuarda Nacional Republicana,responsáveis pela ‘Operação Fátima2017’.Em declarações à comunicaçãosocial, o reitor do Santuário disseque “o recinto estará sempre abertoaos peregrinos, não fecha, nãoencerra, sendo sempre possívelentrar e sair”.No entanto, referiu o padre CarlosCabecinhas, “nem todos osperegrinos conseguirão entrar”,sendo que está prevista a presençade cerca de “um milhão de pessoas”.Para permitir uma participação aosperegrinos que não consigam estarno recindo do Santuário de Fátima,vão estar disponíveis vários ecrãsgigantes para acompanharem ascelebrações.Dois desses ecrãs estarãolocalizados na Avenida D. José AlvesCorreia da Silva, um de cada ladoda Basílica da Santíssima Trindadee outros dois ficarão instalados naPraça Padre Kondor e na RuaFrancisco Marto, em FátimaDe acordo com o presidente da CMde Ourém, brevemente vão serdivulgadas mais informações

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relacionadas com a operaçãoprevista para a comemoração doCentenário das Aparições deFátima, estando a ser preparadotambém o lançamento de umaaplicação móvel que vai permitir oacesso a mais conteúdos

relacionados com todo o evento.A celebração do Centenário dasAparições de Fátima vai decorrer noSantuário da Cova da Iria nos dias12 e 13 de maio, com a presença doPapa Francisco.

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Santuário lança linha de artigospara peregrinos

O Santuário de Fátima desenvolveuuma linha de artigos, como t-shirts,bonés e lenços, com o símbolo e otema da peregrinação de 12 e 13 demaio, que vai ser presidida peloPapa Francisco no Centenário dasAparições na Cova da Iria.São t-shirts, bonés, panamás,lenços para os ombros e outrosmais pequenos, para o “adeus àVirgem”

na procissão final, que o Santuáriode Fátima preparou para oCentenário das Aparições de NossaSenhora, com o símbolo e o tema daperegrinação de 12 e 13 de maio.O sítio da internet do Santuário deFátima dedicado à visita do PapaFrancisco informa que a nova linhade produtos surgiu do “interessemanifestado” por peregrinos,

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paróquias e várias instituições.As peças são todas de cor branca ejá estão disponíveis na loja deartigos religiosos do santuário.As t-shirts têm na frente o símboloda visita Papal e do centenário enas costas o tema da peregrinação‘Com Maria, Peregrino naEsperança e na Paz’.O lenço para ser usado nos ombrostem uma forma triangular e o maispequeno para o “adeus” équadrado, adianta ainda o sítioonline do Santuário de Fátimadedicado

à visita do Papa Francisco quedivulga mais informações sobretamanhos, preços e encomendas.O pontífice argentino preside àprimeira Peregrinação Internacionaldo Centenário das Aparições, nosdias 12 e 13 de maio no Santuáriode Fátima, onde irá como peregrino.Segundo o programa, o PapaFrancisco vai passar 22 horas emPortugal, com três celebrações naCova da Iria, encontros privadoscom autoridades políticas e bisposcatólicos

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Hino da visita do Papaé sucesso nas redes sociaisO hino da visita do Papa Franciscoa Portugal, a 12 e 13 de maio, contacom mais de um milhão devisualizações na página doSantuário de Fátima na rede socialFacebook, informou a instituição.O Santuário de Fátima divulga que

para além das visualizações nasredes sociais, o hino ‘Deus em mim’,para a visita do Papa, tem mais de“20 500 visualizações” no sitededicado à visita de Francisco àCova da Iria.O destaque para o maior número

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de observações foi no dia seguinteà divulgação e quando foianunciado o programa da visita,respetivamente dias 13 e 20 demarço, com 3193 visualizações e3132.O hino foi lançado no dia 12 demarço, a dois meses da chegada dopontífice, e desde essa data teve“mais de um milhão devisualizações” na página doSantuário de Fátima na rede socialFacebook.Já no canal do santuário mariano noYoutube, o vídeo do hino foi vistocerca de 14 mil e 100 vezes; nocanal da Agência ECCLESIA, omesmo vídeo foi visto por 41 milvezes.‘Deus em mim’ criado especialmentepara a Peregrinação do PapaFrancisco a Fátima nos dias 12 e 13de maio e a letra é da autoria dopadre José

Tolentino Mendonça. O hino foi musicado por João Gilque escolheu o grupo de jovens‘Vocal Emotion’ para ainterpretação, informa o Santuáriode Fátima.O videoclipe do tema divulgado a 12de março foi filmado no ambiente deFátima e produzido pela AgênciaECCLESIA.‘Com Maria peregrino na esperançae na paz’ é o lema da visita dopontífice argentino ao Santuário deFátima, nos dias 12 e 13 de maio,pelo Centenário das Aparições deNossa Senhora aos pastorinhos.Segundo o programa da viagem, oPapa Francisco vai passar cerca de23 horas em Portugal, com trêscelebrações na Cova da Iria,encontros privados com autoridadespolíticas e bispos católicos

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Consolata Museu desafia visitantesa escreverem ao PapaO Consolata Museu - Arte Sacra eEtnologia (MASE), em Fátima, estáa desafiar os visitantes aescreverem uma mensagem aoPapa Francisco, no contexto da suavinda a Portugal, por ocasião doCentenário das Aparições.Em entrevista à Agência ECCLESIA,o diretor do MASE, GonçaloCardoso, explicou que “a ideiasurgiu do Instituto Missionário daConsolata, do qual o museudepende” e já atraiu a participaçãode inúmeros visitantes, “de váriaspartes do mundo”.Na capela do centro missionárioAllamano, situada no fim dopercurso temático do museu, estãotrês painéis em linho onde aspessoas podem escrever umasaudação especial ao PapaFrancisco.Nos referidos painéis estãosaudações em português e tambémnas mais variadas línguas, devisitantes provenientes de todos oscontinentes, com destaque paraÁfrica (Quénia, por exemplo), Ásia(Indonésia) e América.Quanto ao território americano,encontramos não só saudações daterra natal do Papa Francisco, a

Argentina, mas também daColômbia, da Costa Rica, do Peru edo Brasil.“São mensagens que mostram aproximidade e a empatia q eu oPapa Francisco tem com aspessoas”, realçou Gonçalo Cardoso.Os painéis preenchidos pelosvisitantes do MASE vão ser depoisentregues ao Papa argentinodurante a sua presença emPortugal, entre os dias 12 e 13 demaio, para presidir às celebraçõesdo Centenário das Aparições, noSantuário de Fátima.“Os pormenores da entrega estão aser tratados com a tutela dosMissionários da Consolata”, quedeterminarão qual o melhor“momento”, salientou o diretor doConsolata Museu - Arte Sacra eEtnologia.

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Diocese de Leiria-Fátima publica livrosobre as Aparições e a vida dosPastorinhosA Diocese de Leiria-Fátima publicouum livro sobre as Aparições deFátima e a vida dos trêspastorinhos, Francisco, Jacinta eLúcia, no contexto do Centenárioque vai ser assinalado nos dias 12 e13 de maio.De acordo com o jornal diocesano‘Presente’, a obra “reúne asnarrativas dos três ciclos dasAparições de Fátima”.Desde “as aparições do anjo, em1916”, as de “Nossa Senhora aostrês Pastorinhos”, entre maio eoutubro de 1917, e as que foramposteriormente relatadas “pela IrmãLúcia em Espanha (Pontevedra eTuy), em 1925, 1926 e 1929”.O livro editado agora pela Diocesede Leiria inclui também “textos sobrea vida e a espiritualidade” deFrancisco, Jacinta e Lúcia.Recorde-se que os dois primeirospastorinhos e videntes de Fátima,dois irmãos, primos de Lúcia, quefaleceram poucos anos depois dasaparições na Cova da Iria, vão sercanonizados em breve pela IgrejaCatólica.No mês de março, o Papa Franciscoaprovou o milagre que eranecessário para a canonização dasduas crianças, que já haviam sidobeatificadas a 13

de maio de 2000, por João Paulo II.Esta edição do livro ‘As apariçõesde Fátima e a vida dos pastorinhos’conta para já com cerca de 40 milexemplares, “que serão oferecidosem muitas paróquias na próximavisita pascal”, refere o jornal‘Presente’.Quem quiser poderá ainda “adquirireste livrinho, ao preço de 50cêntimos, na Gráfica de Leiria ou naLivraria do Santuário de Fátima”.

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D. Carlos Azevedo escreve livro sobreFátima com informações do ArquivoSecreto do Vaticano

D. Carlos Azevedo, delegado doConselho Pontifício da Cultura(Santa Sé), vai apresentar o seulivro ‘Fátima - das Visões dosPastorinhos à Visão Cristã’, que tem“informação inédita”

do Arquivo Secreto do Vaticano, às18h30 de 18 de abril, no Porto.No comunicado enviado hoje àAgência ECCLESIA, a editora Esferados Livros informa que o bispoportuguês

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revela em ‘Fátima - das Visões dosPastorinhos à Visão Cristã’o “processo da escolha do primeirobispo da diocese de Leiria” eapresenta “novos dados” sobre apolítica portuguesa entre 1917 e1930.D. Carlos Azevedo é delegado doConselho Pontifício da Cultura(Santa Sé) e vive em Roma ondeaproveitou para fazer uma“importante consulta” no ArchivioSegreto Vaticano.O coordenador do Departamentodos Bens Culturais, no Vaticano,escreve sobre personagensessenciais a Fátima, nomeadamenteos três pastorinhos, o padre ManuelFormigão e o D. José Correia daSilva.Segundo a editora, a novapublicação é uma “releitura crítica”sobre o fenómeno das aparições naCova da Iria, de que se celebram100 anos nos próximos 12 e 13 demaio, a partir da situaçãosociocultural de Portugal e daEuropa e da “realidade familiar epsicológica das personalidadesenvolvidas”.A obra agora publicada é propostade leitura que “une o conhecimentodas fontes com uma visão cristã” deum fenómeno religioso de origempopular,“sucessivamente apropriado erelido, reinterpretado ao compassoda história e sempre aberto nohorizonte do futuro”, explica aEsfera dos Livros.

‘Fátima - das Visões dosPastorinhos à Visão Cristã’ vai serapresentado pelo diretor-adjunto daFaculdade de Teologia – Porto, daUniversidade Católica Portuguesa, opadre Adélio Abreu, a partir das18h30, de 18 de abril, no auditórioda igreja de Nossa Senhora daConceição, na cidade do Porto.A editora Esfera dos Livros destacaainda que 100 anos depois, Fátima“mantém um notável impacto”, nãosó devido à autenticidade simples einfantil dos seus inícios, mas “àcapacidade que tiveram osmediadores dos factos e damensagem”.

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O Desafio do Desenvolvimentohttp://www.coerencia.pt/ A luta e o combate à pobreza sãouma das primordiais tarefas que osdenominados países desenvolvidosdevem colocar nas suas agendas. Éatravés de políticas dedesenvolvimento sustentável,mesmo em tempos de criseeconómica, que as referidas naçõestêm uma responsabilidade enormepara contribuir com atos concretos emedidas pró-ativas de erradicaçãoda pobreza a nível mundial. É comeste mote que esta semanaapresento um projeto que atuaprecisamente no sentido depromover a “coerência das políticaspara o desenvolvimento através dasensibilização e mobilização dedecisores políticos, funcionáriospúblicos, ONGD e público em geral”.Com o objetivo de “promover amelhoria da eficiência, da coerênciae da visibilidade das políticasexternas dos governos e da UniãoEuropeia, pretende-se (…),denunciar as incoerências daspolíticas e propor alternativas deação, de modo a contribuir para asmetas estabelecidas nos Objetivosde Desenvolvimento do

Milénio (…) com o fim último dereduzir a pobreza mundial.”Ao digitarmos oendereço www.coerencia.pt, abrimosum ambiente virtual graficamentebem produzido e que pretende,acima de tudo, informar quem por lápassa.Em “sobre nós” fica a conhecer umpouco melhor todos os aspetos quecompõem este projeto. Quem são osórgãos sociais que o compõem, qualo plano estratégico, quais os seusestatutos, quem são os parceiros dedesenvolvimento, qual a sua missãoe valores e ainda consultar osrelatórios e modelos de gestão.Quando clicamos em “O nossotrabalho” percebemos facilmente ariqueza e as potencialidadesadjacentes a este projeto. Primeiroidentifica-se o caracter inovadorpresente. Pois foi criada uma sériede desenhos animados intitulada“Tenho direitos! Dás-me direitos?”,foi produzido um caderno sobrepolíticas de saúde em Angola, foiainda realizado um conjunto deformações em pedagogia deEducação de Infância na provínciado Niassa, entre outras ideias quepode facilmente consultar.

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Por outro lado, pode aindadescobrir que em Angola foramformados 500 líderes paradocumentarem e monitorizaremviolações de Direitos Humanos, naGuiné-Bissau 637 professores do 3ºciclo e do Ensino Básico eSecundário realizaram formação, emMoçambique 220 jovens foramformados em desenvolvimentohumano integral e emempreendedorismo e também emPortugal formaram-se 63 voluntáriosantes da partida em missão.Na opção recursos dispomos devárias opções que nos orientammelhor na senda da descobertadeste projeto. É então que podemosaceder aos

recursos pedagógicos, commanuais, kits e outros conteúdos,podemos também consultar osdiversos estudos que foramproduzidos nos mais variadospaíses lusófonos. Os documentáriosque aí estão disponíveis sãotambém outra forma de nosinteirarmos melhor. Por último em“tempos litúrgicos”, são sugeridasvárias propostas de caminhadaspara os diversos ritmos da nossaliturgia.Aqui fica então a sugestão pois aquiencontramos “uma boaoportunidade de pormoscoerentemente em prática a nossacidadania participativa”.

Fernando Cassola [email protected]

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TEDx TalksHá ideias que são para serdisseminadas, partilhadas. Uma boaideia partilhada pode mudar a vidade muita gente. Hoje trago umaplataforma de vídeos que inspirammilhares e milhares de pessoas: oTED.COM!TED, sigla de Technology,Entertainment, Design; emportuguês: Tecnologia,Entretenimento, Design. TED é umaorganização sem fins lucrativosdedicada ao tema ‘Ideas WorthSpreading’ (ideias que vale a penapartilhar).Teve o seu início na Califórnia há 30anos como um ciclo de conferênciasde quatro dias, da responsabilidadeda fundação Sapling. Asconferências tinham e têm aduração de 18 minutos ou menos,havendo algumas exceções.Inicialmente os temas abordamosera sobre tecnologia,entretenimento e design. Nos diasde hoje não se restringe aos temasinicialmente propostos. Hoje temcomo objetivo servir como umgrande fomentador de ideias esoluções para a sociedade mundial.A maioria destas apresentações sãodisponibilizadas gratuitamenteonline, em TED.com.

As conferências podem serassistidas online ou podemos fazero download, legendadas, emportuguês inclusivé.Para ganhar mais visibilidade ealcançar um público maior o TED foidesmembrado em quatro ações:TED Conference, TED Prize, TEDTalks e TEDx.No espírito das ideias que vale apena partilhar, TEDx é um programade eventos locais e auto-organizados que reúnem pessoaspara partilhar uma experiênciasemelhante ao TED. Estes eventosauto-organizados são denominadosTEDx, onde x = evento TEDorganizado de forma independente.A Conferência TED providenciaapoio geral ao programa TEDx masos eventos TEDx são auto-organizados (sujeitos a certasregras e regulamentos).O primeiro TEDx organizado nalíngua portuguesa foi o TEDxEdges a 18

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de setembro de 2009, em Lisboa.Tendo sido das primeirasconferências TED na Europa, onome derivou do facto de Portugalser um país periférico da Europa(“at the Edge of Europe”). Desdeentão, a experiência TED tem sidopromovida de forma crescente nasvárias cidades portuguesas.Partilho um TED sobre a educação.Estar atento ao indivíduo, ao aluno,às suas necessidades, intitulado“Toda criança precisa de umcampeão”, de Rita Pierson.

Interpelar para ser interpelados.Disseminar para contagiar.Contagiar com ideias que valem apena ser partilhadas. Uma Santa Páscoa! TED Android | TED iOS

Bento Oliveira@iMissio

http://www.imissio.net

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Abril 2017Dia 07 de abril- Évora: Dia Diocesano daJuventude;- Santarém: Conferência sobre «Eagora... a Pobreza»Pelo padre Aníbal Vieira, vigáriogeral da diocese, às 11h00, noEntroncamento, Junta de Freguesiade Nossa Senhora de Fátima;- Apresentação da obra«Peregrinos»,das jornalistas Ana Catarina André eSara Capelo, às 16:45, no auditórioda Rádio Renascença, da coleção«Retratos», da Fundação FranciscoManuel dos Santos.- Santarém: Conferência sobre «Aiconografia da Virgem de Fátima»por Marco Daniel Duarte, às 18h30,no Museu Diocesano;- Seia: Conferência sobre «Viver aarriscar a vida - Perder para ganhar»pelo padre Manuel Morujão, às21h00, em Seia, no Salão da CasaParoquial de Santiago; Dia 08 de abril- Conferência sobre «Esta certezade que somos filhos» pelo padrejesuíta José Frazão nas MonjasDominicanas no Lumiar, em Lisboa;

- Porto Dia Diocesano da Juventudecom peregrinação ao Santuário deNossa Senhora da Assunção, emSanto Tirso;- Braga: Campanha solidária deangariação de bens da PastoralUniversitária para apoiar osestudantes universitáriosabrangidos pelo «Projeto MaisIntegração»;- Braga: Encenação da «Paixão deCristo em Tadim, 21h30; Dia 09 de abril- Conferência sobre «Maria, Estrelada Evangelização»por Isabel Stilwel, 16h00, noSantuário de Fátima;- Jornada Mundial da Juventude(nível diocesano)Papa Francisco enviou mensagemaos jovens, desafiando-os a deixar asua marca no mundo e na Igreja;- Celebrações dominicais regressamao Altar do Recinto em Fátimaa partir das 11h00;- Apresentação do primeiro volumeda coleção «A Bíblia em verso»de Manuel Monteiro da Costa, às15h30, no Salão Paroquial deSoalhães, Marco de Canaveses;

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- Encenação da «Paixão de Jesussegundo São Mateus» a partir das21h00, na cidade da Guarda;- Braga: Meditação sobre «As 7Últimas Palavras de Cristo na Cruz»às 21h30 na Basílica dosCongregados;- Encontro Nacional de Catequeseem Santarém com o tema «Família -sujeito ativo de Catequese», até 12de abril; Dia 10 de abril- Media: Rádio Renascençacomemora 80 anos;- Sessão do curso «grandescorrentes da ética ocidental» às18h15na Capela do Rato, emLisboa;- Tertúlia sobre «superar as crisesna família com amor» às 21h30, naParóquia Nossa Senhora da Areosa,no Porto;- Braga: Peregrinação da SemanaSanta a Santiago de Compostelapromovida pela PastoralUniversitária, até 15 de abril; Dia 11 de abril- Porto: Inauguração da capela doColégio de Gaia por D. AntónioFrancisco Santos, às 11h00;

- Aveiro: Município dinamiza visita ao«Crucifixo de Cristo» que muda deexpressão, às 18h30, no Museu deAveiro/Santa Joana;- Funchal: Conferência sobre«Quem é a Igreja?» pelo padre ToniSousa, às 19h30, na EscolaTeológica; Dia 12 de abril- Leiria: Exibição do musical «JesusChrist Super Star», no AuditórioParoquial de Santa Eufémia, até 14de abril; Dia 13 de abril- Papa vai presidir a «lava-pés» deQuinta-feira Santa num centro dedetenção italiano, na Casa deReclusão de Paliano, na Provínciade Frosinone e Diocese dePalestrina;- Bragança-Miranda: PastoralJuvenil e Vocacional propõe «umadireta com Deus» atividade nascomunidades até 14 de abril;

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- Este sábado, dia 8, assinala-se o 32.º Dia Mundial daJuventude, com um conjunto de iniciativas quer noVaticano quer nas dioceses de todo o mundo. Évora ePorto são apenas alguns exemplos dos locais onde osjovens se vão juntar. Em Roma, o Papa Francisco vairezar com os mais novos numa vigília na Basílica deSanta Maria Maior. - A Diocese da Guarda acolhe no dia 9 de abril, apartir das 21h00, uma encenação da ‘Paixão de Jesus’em cinco espaços da cidade, entre a Sé e a Torre deMenagem. Uma iniciativa que contará com aparticipação de cerca de 250 atores amadores“trajados à época”. - A Rádio Renascença assinala 80 anos de emissões,no dia 10 de abril, um projeto desencadeado poriniciativa do monsenhor Lopes da Cruz e com o apoiodo então cardeal-patriarca de Lisboa, D. ManuelGonçalves Cerejeira. - No dia 13 o Papa Francisco preside à celebração de«lava-pés» com alguns presos na Casa de Reclusãode Paliano. Esta cerimónia marca a quinta-feira santae dá início às celebrações do Tríduo pascal. Esta vaiser a terceira vez que Francisco celebra este rito compresos, depois da cerimónia na igreja do complexoprisional de Redibia, em 2015, em Roma, onde lavouos pés a 12 pessoas - seis homens e seis mulheres - etambém a uma criança que estava no colo da mãe.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h30Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo:10h00 - Porta Aberta;11h00 - Eucaristia;23h30 - Entrevista deAura Miguel Segunda-feira:12h00 - Informaçãoreligiosa Diariamente18h30 - Terço

RTP2, 13h00Domingo, 09 de abril,13h30 - Escutar, acolher eacompanhar: três verbos aconjugar com os jovens Segunda-feira, dia 10, 15h00 - Entrevista ao padre AméricoAguiar, sobre os 80 anos daRádio Renascença. Terça-feira, dia 11, 15h00 - Informação e entrevista a AnaCatarina André e Sara Capelo sobre o livroPeregrinos. Quarta-feira, dia 12, 15h00 - Informação e entrevistaa José Manuel Pimenta, sobre o turismo religioso emLisboa. Quinta-feira, dia 13, 15h00 - Informação e entrevistasobre o Tríduo Pascal Sexta-feira, dia 14, 15h00 - Entrevista sobre osentido da cruz. Antena 1Domingo, 9 de abril - Por ocasião de um ano dacarta apostólica «A Alegria do Amor», escrita peloPapa Francisco, olhamos para os desafios pastoraiscom a ajuda do sacerdote jesuíta Miguel Almeida.Segunda a Sexta-feira, 10 a 14 de abril – Tradiçõese propostas para a Semana Santa no Sardoal; com ogrupo Gólgota em Santa Maria da Feira, MissãoPáscoa + Jovem com as Irmãs Doroteias, os cânticosda Amentação das Almas em Seia e encenações emIdanha.

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Ano A – Domingo de Ramos Apaixonadospela Cruz deCristo

A liturgia deste último domingo da Quaresma, Domingode Ramos, convida-nos a contemplar Deus que, poramor, desceu ao nosso encontro, partilhou a nossahumanidade, Se fez servo dos homens, Se deixoumorrer para que o egoísmo e o pecado fossemvencidos.A Cruz está no centro da liturgia deste domingo;apresenta-nos a lição suprema, o último passo dessecaminho de vida nova que, em Jesus, Deus nospropõe: a doação da vida por amor.As celebrações deste dia estão plenas de simbolismo,mas é sobretudo a Palavra de Deus que deve marcaro andamento do nosso celebrar, em particular o longotexto do Evangelho da Paixão.Aí somos convidados a contemplar a Paixão e Mortede Jesus: é o momento supremo de uma vida feitadom e serviço, a fim de libertar os homens de tudoaquilo que gera egoísmo e escravidão. Na Cruz,revela-se o amor de Deus, esse amor que não guardanada para si, mas que se faz dom total.Jesus quis repartir connosco essa vida plena até aofim dos tempos: eis a mais espantosa história de amorque é possível contar, a boa notícia que enche dealegria o coração dos crentes.Contemplar a Cruz significa assumir a mesma entregade Jesus e solidarizar-se com aqueles que sãocrucificados neste mundo: os que sofrem violência, osque são explorados, os que são excluídos edescartados, os que são privados de direitos e dedignidade.Olhar a Cruz de Jesus significa denunciar tudo o quegera ódio, divisão, medo, em termos de estruturas,valores, práticas, ideologias; significa evitar que oshomens continuem a crucificar outros homens;significa

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aprender com Jesus a entregar avida por amor.Viver deste modo pode conduzir àmorte, mas o cristão sabe que amarcomo Jesus é viver a partir de umadinâmica que a morte não podevencer: o amor gera vida nova eintroduz na nossa carne osdinamismos da ressurreição.A Cruz é símbolo da vida comopaixão. Jesus foi um apaixonado.Uma só coisa contava para Ele:salvar a humanidade, arrancando-ado egoísmo, da violência, doorgulho, da riqueza, da idolatria, detudo o que leva à morte e àinfelicidade, para

lhe propor o serviço, o acolhimento,o perdão, tudo o que leva à vida e àfelicidade, em suma, ao Amor. Durante a Semana Santa, ergamosos olhos para Cristo na sua Paixãopor Deus seu Pai, na sua paixãopela Humanidade, para que nóssejamos também apaixonados pelaCruz de Cristo, na plenitude do Amorde Deus.Conduzidos pela Palavra, vivamos aSemana Santa como Santa Semanado Amor de Deus por nós. Aí está aessência da vida cristã.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Falta de água está a provocar uma crise terrível naEtiópia

Morrer de fomeMilhões de pessoas estão em riscona Etiópia. A falta de água está amatar este país. Apesar de todos osavisos, de todos os alertas, acomunidade internacional parecedesinteressar-se pelo drama detantos homens, mulheres ecrianças. A Fundação AIS lançouuma campanha, nesta Quaresma,em favor de África. Para a Etiópia,para a Igreja na Etiópia, essa ajudapode significar a diferença entre avida e a morte…Na Etiópia, os poços estão secos,os riachos transformaram-se emriscos sinuosos de terraencarquilhada e as torneiras hámuito que são desnecessárias. Hámuitos anos que não se via algoassim. Só os mais velhos é que selembram da temível seca que varreuo país em 1984, provocando amorte a mais de um milhão depessoas. Três décadas depois, osetíopes voltam a viver o mesmodrama. A fome é uma ameaçaconcreta para 10 milhões depessoas. Mais de 400 mil crianças ejovens estão já gravementesubnutridos e precisam detratamento médico urgente. Cadadia que passa, a ameaça é maior. Opadre Christopher Hartley vivedesde 2008 em Gode,

numa vasta região entre a Etiópia ea Somália. Em Março, estemissionário espanhol promoveu umajornada de oração em favor daspopulações flageladas pela seca,ameaçadas pela fome. Na ocasião,este sacerdote lembrou, a nós, que“temos água, remédios, alimentos”,que ali, na Etiópia, “milhares depessoas morrem porque não têmsequer um copo de água”. É difícilimaginar um país assim tolhido pelaseca, com uma paisagem tão dura,com animais mortos ao longo dasestradas, campos ressequidos epessoas que não resistem à fomenem às doenças.Luta contra o tempoHá cada vez mais notícias decrianças que tiveram até de deixar aescola pois estão tão fracas quenão conseguem fazer-se aocaminho para lá chegar. HagosaGebru tem nove filhos. A comida, láem casa, está a ser racionada e umdos seus filhos deixou também de irà escola. “Ele já não aguenta fazerum caminho tão longo”, desabafaesta mãe que se diz impotenteperante uma tragédia destadimensão. Que pode ela fazer?Tsega Aregawi tem oito filhos. Umdeles é ainda bebé. “Nunca vi umaseca

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como esta em dias da minha vida.Até agora, conseguimos sobrevivercomendo cactos selvagens. Masagora também esta comida secou.Tenho medo do que possaacontecer se o governo e asagências de socorro não nosajudarem.” Ajudar é a palavra deordem. A Igreja concebeu já umplano de emergência. Mas a própriavida da igreja tem vindo a serafectada pela seca. Não foramapenas as escolas que passaram aficar longe de mais das crianças.Também muitos fiéis deixaram deassistir à missa aos domingos, poistornou-se impossível fazeremcaminhadas de três ou

quatro horas até à igreja maispróxima. Estão todos cada vez mais fracos,mais doentes. Esta é uma lutacontra o tempo. Na Etiópia, a secaextrema está a conduzir o país paraa mais absoluta pobreza. HagosaGebru e Tsega Aregawi são duasmães desesperadas, de mãosvazias, que não sabem mais comocalar o choro dos seus filhos. “Tinhafome, e deste-me de comer. Tinhasede e deste-me de beber…” NestaQuaresma, a Fundação AIS lançouuma campanha de emergência paraÁfrica. Vamos ajudar?

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Às portas da Visita do PapaFrancisco, Regresso á ‘Laudato Si’

Tony Neves Espiritano

O Papa Francisco brinda Fátima com uma visitaPastoral a 12 e 13 de Maio. Uma das imagens demarca é a sua perspetiva de ecologia integralgravada nas páginas densas e intensas daencíclica ‘Laudato Si’, publicada no dia dePentecostes de 2015.Vou limitar-me a fazer alguns recortes ondedestaco o que de mais corajoso e inovadorpropõe o Papa. É um documento que pretendeabrir um diálogo alargado sobre a urgência deamar e cuidar da casa comum que é a Terra. Diz:‘Esta irmã clama contra o mal que lheprovocamos por causa do uso irresponsável e doabuso dos bens que Deus nela colocou’ (nº2). Háeixos que atravessam toda a encíclica: ‘a relaçãoíntima entre os pobres e a fragilidade do planeta,a convicção de que tudo está estreitamenteinterligado no mundo, a crítica do novoparadigma e das formas de poder que derivamda tecnologia, o convite a procurar outrasmaneiras de entender a economia e o progresso,o valor próprio de cada criatura, o sentidohumano da ecologia, a necessidade de debatessinceros e honestos, a grave responsabilidadeda política internacional e local, a cultura dodescartável e a proposta de um novo estilo devida’ (nº 16).Contra a indiferença, Francisco quer dirigir-se acada pessoa do planeta para entrar em diálogocom todos acerca desta casa comum. É urgentefazer uma mudança radical de comportamento,uma conversão ecológica global. Exigem-se‘mudanças profundas nos estilos, nos modelosde produção

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e consumo, nas estruturasconsolidadas de poder, que hojeregem as sociedades’ (nº5).A preocupação ecológica é comuma todos, incluindo cientistas,filósofos, teólogos e organizaçõessociais. Há que proteger a Terra eunir toda a família humana na buscade um desenvolvimento sustentávele integral. O diálogo ajudará aencontrar caminhos.O Papa está preocupado com afraqueza da reacção políticainternacional: ‘ a submissão dapolítica à tecnologia e à finançademonstra-se na falência dascimeiras mundiais sobre o meioambiente. Há demasiadosinteresses particulares e, com muitafacilidade, o interesse económicochega a prevalecer sobre o bemcomum’ (nº53).Francisco propõe uma ecologiaintegral que inclua claramente asdimensões humanas e sociais: ‘aimposição dum estilo hegemónicode vida ligado a um modo deprodução pode ser tão nocivo comoa alteração dos ecossistemas’(nº144). Há que proteger ascomunidades aborígenes.A falta de habitação é grave. Osfracos transportes públicos também

prejudicam os mais pobres. Oprincípio do bem comum devia sersempre respeitado, como forma decombate às desigualdades e àexclusão social que vitima milhõesde pessoas. Há ainda a urgência deolhar para as gerações seguintes,pois a terra que recebemospertence também áqueles que hão-de vir. O Papa cita os Bispos dePortugal: ‘o ambiente situa-se nalógica da recepção. É umempréstimo que cada geraçãorecebe e deve transmitir à geraçãoseguinte’ (nº159).Há que mudar o atual estilo de vidapara um mais simples, mais fraterno.Não queremos ficar para a históriacomo uma geração irresponsável,mas antes generosa e ecológica.Há que credibilizar a política. Casocontrário, ninguém confia empráticas políticas marcadas pelacorrupção e falta de boas políticaspúblicas.O mundo precisa de mudar,abandonar o consumismo excessivo.A ecologia integral proposta peloPapa ‘é feita de simples gestosquotidianos, pelos quais quebramosa lógica da violência, da exploraçãoe do egoísmo’ (nº 230). Ao referir acivilização do amor, Francisco dizque o amor social é a chave paraum desenvolvimento autêntico.

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