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04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14 - Internacional20 - Semana de.. Paulo Rocha22 - Dossier Missão na 1ª pessoa24 - Entrevista Rita Sacramento Monteiro

54 - Entrevista Cardeal Robert Sarah62 - Estante64 - Multimédia66 - Concílio Vaticano II68- Agenda70 - Por estes dias72 - Programação Religiosa73 - Minuto Positivo74 - Liturgia76 - Jubileu da Misericórdia78 - Fundação AIS80 - LusoFonias

Foto da capa: DRFoto da contracapa: DR

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Padre Américo AguiarPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

A Crise de Deusno Ocidente[ver+]

Elogio aosuniversitárioscatólicos[ver+]

Testemunhos demissão emportuguês[ver+]

D. Manuel Linda | Octávio Carmo|Paulo Rocha |Fernando Cassola

Marques | Manuel BarbosaPaulo Aido | Tony Neves

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Uma Missão sem fim

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

A Igreja Católica dedica em outubro uma atençãoparticular à ação missionária, reforçando osapelos ao compromisso evangelizador de todosos batizados. Talvez por uma questão históricaou cultural, à figura do missionário está(justamente) associada uma imagem deheroísmo, de superação, numa justa homenagemao esforço tantas vezes sobre-humano de tantoshomens e mulheres que levaram a mensagem doEvangelho aos cinco continentes, ao longo dosséculos.A questão é que essa imagem acaba por sermuitas vezes uma “barreira” à ação concreta doscatólicos no seu quotidiano. Claro, nem todossão chamados a sair da sua terra, mas há umaideia de

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“normalidade” associada à missão,em todos os ambientes onde oscrentes se encontram, que convémdescobrir. Num mundo globalizado,a ausência de afirmação de valorese convicções cria um espaço embranco que rapidamente é ocupadopor outras propostas eprotagonistas.Tudo isto sem menosprezo para amissão “ad gentes”, essencial paraque a fé se espalhasse para lá dasfronteiras anteriormenteestabelecidas e chegasseefetivamente a todo o mundo,segundo o mandato explícito

de Jesus Cristo registado pelosEvangelhos.A missionação trouxe,historicamente, mais consequênciasreligiosas e sociais do que umaumento do número de Batismo ede participantes na Missa, indo paraalém de meras estratégias deconquista ou reconquista. Aoriginalidade do Cristianismo é maisdo que as formas ou os sistemas aque deu origem, durante séculos,mas a sua capacidade permanentede integrar e suscitar novidades,aceitando o confronto com odesconhecido. É por isso, umaMissão que não tem fim.

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Um novo desenhao do Papa apareceu perto do Vaticano, no bairro BorgoPio. Francisco foi retratado a ganhar ao jogo do galo com o símbolo da paz,enquanto uma guarda suíço vigiava a rua. A obra não assinada foi apagada

poucas horas depois. @ ANSA

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“Infelizmente para o primeiro-ministro, oordenado do primeiro-ministro é muitoinferior ao ordenado que existe na banca,mas não me queixo, porque escolhi estaraqui”, primeiro ministro de Portugal, AntónioCosta, sobre ordenados dosadministradores da Caixa "Se há fundos públicos, não é possível nemdesejável pagar o que se pagaria se fosseum banco privado sem fundos públicos”,presidente da República, Marcelo Rebelode Sousa “Este Orçamento do Estado é o princípiodo fim da geringonça”, Luís MarquesMendes, na conferência Portugal emExame “A Direcção de Informação foi surpreendidapela redução de 2,6 milhões de euros naverba prevista no Orçamento do Estadopara a Lusa e vê também com grandepreocupação a nota enviada à agênciaLusa hoje pelo ministério da Cultura, ondese afirma que, face à realidade orçamental,os termos do contrato programa queesteve a ser negociada até agora serão'reequacionados'”, director de informaçãoda Lusa, Pedro Camacho

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Presidente da República elogiauniversitários católicos

O presidente da República destacouo “significativo contributo” que osuniversitários católicos deram aolongo do período de crise emPortugal, durante o primeiroencontro de núcleos de estudantescatólicos das faculdades de Lisboa.Numa mensagem vídeo enviada aoevento de sábado, e remetida àAgência ECCLESIA pelo gabinetede imprensa do Patriarcado deLisboa, Marcelo Rebelo de Sousarecordou o empenho que muitosdestes alunos, jovens e

adultos, mostraram não só no meioacadémico mas também nasociedade civil, ao serviço de“instituições de solidariedade social,em Misericórdias, em instituiçõesculturais”.´“A crise foi porventura menos críticaou menos penosa no sacrifício dosportugueses devido ao contributo deinstituições em muitas das quaisestá presente o vosso papel”,salientou o presidente da República,expressando uma “gratidão” querepresenta

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também o reconhecimento de “todosos portugueses”.O primeiro encontro de núcleos deestudantes católicos das faculdadesde Lisboa (NECTalks), promovido naFaculdade de Direito daUniversidade de Lisboa, teve comotema central “Transformados emCristo, transformaremos o mundo”.Durante o evento, vários oradores,entre os quais o cardeal-patriarcade Lisboa, vários professores ealunos, abordaram “os desafios quese colocam hoje aos universitários”.D. Manuel Clemente, considera queas missões realizadas pelos núcleosde estudantes católicos dasfaculdades de Lisboa “acertaram noalvo” e têm sido um “sucesso”.O patriarca de Lisboa referiu que

o propósito daqueles estudantesuniversitários “não se limitou a fazermais ciclo de conferências” sobretemáticas da igreja “mas foram aoencontro das populações”. Segundoum comunicado do Patriarcado deLisboa, enviado à AgênciaECCLESIA, este evento é“impulsionado pelo crescimento” donúmero de núcleos de estudantescatólicos nos meios académicos daregião, que “em cinco anosaumentaram 400 por cento”.Ao explicar o sucesso das «missõespaís», D. Manuel Clementesublinhou o encontro de “genteenvelhecida e debilitada” com estesjovens que dedicam parte do seutempo ao ouvir o outro. Estaexperiência “demonstra que Jesusnão é uma abstração, mas umarealidade viva”.

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Ano Jubilar assinala 500 anos da Sédo FunchalO bispo do Funchal abriu estaterça-feira o Ano Jubilar dos 500anos da Dedicação da Sé doFunchal, destacando ummonumento que é símbolo do“amor de Deus” e da “fé em JesusCristo” desde há várias “gerações”.Na homilia da celebração,publicada na página online dadiocese madeirense, D. AntónioCarrilho realçou que a Catedral ésempre um “sinal da habitação deDeus na cidade” e ao mesmotempo um “testemunho” da “fé” quecongrega “toda a comunidade”, acada domingo. O prelado esperaque a comemoração dos 500 anosda Sé do Funchal, que vai ter oseu ponto alto em outubro de2017, contribua para que aspessoas façam uma “memória”agradecida da sua história cristã econtinuem a dar testemunho da“herança do Evangelho vivido acada época”. Isto porque tal comoa fé tem que ser constantementealimentada e reforçada, a Catedralé também sempre “um edifício emconstrução”, frisou D. AntónioCarrilho.Na Missa que marcou o início destejubileu, e neste caso os 499 anosda Sé do Funchal, estiveramtambém

como concelebrantes os bisposeméritos D. Teodoro de Faria(Funchal) e D. António Montes(Bragança-Miranda), e tambémdiversos seminaristas.A celebração deste aniversário estáem destaque no programa pastoralda Diocese do Funchal para 2016-2017, que tem como tema “Viver, emIgreja, a alegria de ser cristão”.Um período que vai também sermarcado pelo centenário dasAparições de Nossa Senhora emFátima e pela visita do PapaFrancisco a Portugal, em maio de2017. Sobre todas estas datasespeciais, D. António Carrilho já feztambém votos de que elas constituampara as comunidades “verdadeirasoportunidades de reflexão erenovação do ser cristão e da açãopastoral diocesana”.

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Elevada abstenção preocupa bispode AngraO bispo de Angra disse que a“demasiado elevada” taxa deabstenção, de 60% nas eleiçõespara a Assembleia Regional dosAçores realizadas este domingo,pode “contagiar a democracia eenfraquece a participação cívicados cidadãos”. “Apesar do facto dejá termos a experiência democráticade mais de quarenta anos, narealidade falta uma verdadeiraformação e educação para aparticipação. Isto faz-se nasfamílias, nas escolas, nasassociações, nas igrejas e nasáreas de intervenção politica”,escreve D. João Lavrador.Para o bispo de Angra e das Ilhasdos Açores a Igreja deve “alertarpara o dever e o direito” de cadacidadão participar no ato eleitoral,algo que foi feito em todas ascomunidades paroquiais pelosrespetivos párocos.Num comunicado enviado hoje àAgência ECCLESIA pelo sítio nainternet ‘Igreja Açores’, o preladoobserva que apesar da mobilizaçãopara as eleições para a AssembleiaRegional dos Açores “as pessoasdecidiram por uma margem muitoexpressiva de abstenção”, queatingiu os 60%.D. João Lavrador, numa“interpretação pessoal” das últimaseleições nos Açores, observa

que numa “democraciaconsolidada” como a portuguesa aspessoas “sentem-se dispensadas”de participar nos atos que elegemos seus representantes. Oafastamento dos políticos emrelação aos seus eleitores e a formacomo as pessoas “vêm ou nãoresolvidos os seus problemas” sãooutros fatores apontados para aabstenção.“A falta de novidade, as exíguasideias para os problemas culturais,económicos e sociais e os ataquespessoais acabam por desmobilizaras pessoas” e são, para D. JoãoLavrador, motivos que afastam oseleitores das mesas de voto.Neste contexto, o preladoacrescenta que o facto de osprogramas eleitorais “não seremrespeitados” na gestão governativafaz com que os cidadãos sintam“desconfiança”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Portugal: Presidente da República agraciou reitora da Universidade Católica

Pastoral Juvenil: A «cidadania evangélica» é o caminho dos jovens

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Em defesa das crianças refugiadas

Sete novos santos para a IgrejaO Papa presidiu este domingo aorito de canonização de sete fiéiscatólicos e afirmou na homilia daMissa que os santos "rezaram comtodas as forças, lutaram evenceram". "Os santos são homense mulheres que entraramprofundamente no mistério daoração, que lutaram com a oração,deixando rezar e lutar neles oEspírito Santo", afirmou Franciscona celebração que acontece apouco mais de um mês do final doJubileu da Misericórdia (20 denovembro). O Papa lembrou querezar

não é "refugiar-se num nundo ideal",mas "lutar" e deixar que o EspíritoSanto reze em cada mulher ehomem. "Os sete testemunhos quehoje foram canonizados,combateram a boa batalha da fé edo amor coma oração. Pelo seuexemplo e a sua intercessão, Deusnos conceda também a nós desermos homens e mulheres deoração", referiu Francisco na homiliada Missa, na Praça de São Pedro.Entre os santos canonizados porFrancisco está a monja francesaIsabel da Trindade (Isabel Catez),da Ordem

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das Carmelitas Descalças. A RádioVaticano apresenta a santafrancesa como uma “grandemística”, contemporânea de SantaTeresinha do Menino Jesus.A religiosa carmelita morreu em1906 aos 26 anos, após um longosofrimento causado pela Doença deAddison.Francisco canonizou também umadas figuras que o inspirou, JoséGabriel del Rosario Brochero (1840-1914), conhecido como o ‘CuraBrochero’, que percorreu aArgentina numa mula para levar amensagem do Evangelho no séculoXIX.Em 2013, após a beatificação destesacerdote, o Papa desejou noVaticano que haja mais padrescapazes de “dar a sua vida aoserviço da evangelização, seja dejoelhos diante do crucifixo, sejadando testemunho em todos oslugares do amor e da misericórdiade Deus”.Outro dos novos santos é o jovemJosé Sánchez del Río, mexicano(1913-1928), martirizado aos 14anos durante a perseguiçãoreligiosa no México.A lista inclui ainda o mártir SalomãoLeclercq (1745-1792), dos Irmãosdas Escolas Cristãs; o fundador daUnião Eucarística Reparadora e da

Congregação das IrmãsMissionárias Eucarísticas de Nazaré,D. Manuel González García (1877-1940), bispo de Palença (Espanha);o padre Ludovico Pavoni (1784-1849), fundador da Congregaçãodos Filhos de Maria Imaculada; opadre Alfonso Maria Fusco (1839-1910), fundador da Congregaçãodas Irmãs de São João Batista.Francisco proclamou até hoje 29santos (o italiano Antonio Primaldofoi canonizado juntamente com 812companheiros leigos) em oitocerimónias no Vaticano, duas forada Itália (EUA e Sri Lanka) e setecanonizações por equipolência (semnecessidade de novo milagre).Entre os santos proclamados nopontificado de Francisco estão osPapas João XXIII e João Paulo II, aMadre Teresa de Calcutá e o padrenascido na então Goa Portuguesa,São José Vaz.

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Idosos, um tesouro preciosoO Papa Francisco recebeu, estesábado, no Vaticano,representantes da AssociaçãoNacional Trabalhadores Idosos, econsiderou a terceira idade um“tesouro precioso” e“indispensável”. No encontro commilhares de pessoas da terceiraidade, o Papa argentino começoupor reafirmar que a Igreja olha paraas pessoas idosas com afeto,gratidão e grande estima, pois sãoparte essencial da comunidadecristã e da sociedade, erepresentam as raízes e a memóriade um povo.A maturidade dos idosos esabedoria acumulada ao longo dosanos, “pode ajudar os mais jovens,apoiando-os no caminho docrescimento e abertura ao futuro,em busca do seu caminho”, disse oPapa Francisco.Em seguida, o Papa falou dosmuitos idosos que “generosamente”empregam o seu tempo e talentosno apoio aos outros e que nasparóquias dão um contributoprecioso. No mundo atual, “ondemuitas vezes são mistificadas aforça e aparência”, os idosos têm “amissão de testemunhar os valoresque realmente contam e quepermanecem para sempre porqueestão gravados no coração de cadaser humano e garantidos pelaPalavra de Deus”.

Existem muitos idosos que convivemcom a doença, dificuldades delocomoção e precisam deassistência, observou ainda o Papa,agradecendo a Deus por tantaspessoas e estruturas que sededicam diariamente ao serviço daterceira idade.O Papa Francisco exortou tambémas instituições que abrigam idosos aserem lugares de “humanidade eatenção amorosa”, onde os maisfracos “não são esquecidos ounegligenciados, mas visitados,recordados e tratados como irmãs eirmãos mais velhos”.As instituições e diferentesrealidades sociais ainda podemfazer muito para ajudar os idosos aexprimir melhor as suascapacidades, para facilitar a suaparticipação ativa, sobretudo paragarantir que sua dignidade comopessoas seja sempre respeitada evalorizada, sublinhou o Papa.

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Pobreza deve interpelar os cristãosO Papa alertou no Vaticano para anecessidade de responder àpobreza, lembrando os que sofremcom a fome e a sede no mundoatual. “Quantas vezes, os mediainformam-nos sobre populações quesofrem com a falta de comida e deágua, com graves consequências,especialmente para as crianças”,declarou, na audiência públicasemanal que decorreu na Praça deSão Pedro.Francisco falou aos cerca de 35 milperegrinos presentes no encontrodas consequências do “chamadobem-estar”, que leva as pessoas afechar-se em si mesmas. “A pobrezaem abstrato não nos interpela, masfaz-nos pensar, faz-nos lamentar. Setu vês a pobreza na carne de umhomem, de uma mulher, de umacriança, isso sim, interpela”,observou.O Papa lamentou que exista o“costume de fugir dosnecessitados”, afastando aspessoas desta realidade. Franciscoadvertiu para os efeitos de “modelosde vida efémeros”, como se a vidafosse uma “moda”, e sublinhou queé preciso ir além das campanhas desolidariedade que respondem acasos pontuais.“Esta forma de caridade é

importante, mas talvez não nosenvolva diretamente. Pelo contrário,quando vamos pela rua eencontramos uma pessoa emnecessidade ou então um pobrevem bater à porta da nossa casa, émuito diferente”, realçou.A intervenção aludiu à importânciadas obras para dar vida à fé,partilhando mesmo o “pouco” que setenha. “Há sempre alguém que temfome, sede, e tem necessidade demim. Não posso delegar emninguém: este pobre temnecessidade de mim, da minhaajuda, da minha palavra, do meucompromisso”, concluiu.Já nas tradicionais saudações aosgrupos de peregrinos, Franciscodeixou uma palavra especial para oslusófonos: “Desejo-vos neste AnoJubilar a graça de experimentar agrande força da Misericórdia, quenos faz entrar no coração de Deus enos torna capazes de olhar o mundocom mais bondade”.

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Padre Arturo Sosa é o 30.º sucessor de S. Inácio de Loiola,primeiro da América Latina

Vaticano: Papa lembra responsabilidade missionária de cada católico

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Pedagogia do Sentido

José Luís Gonçalves Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti

As implicações educacionais das mudançasparadigmáticas que estão a ocorrer na área daeducação em todo o mundo são,simultaneamente, ambivalentes e desafiantes aodeixar de lado a ideia moderna de progresso eapontar muito mais para a noção de evoluçãocriativa, promovendo na pessoa a unidade daciência com a espiritualidade e a sua realizaçãocidadã através de um laço social de naturezasolidário. Neste contexto, às Escolas Católicasnão basta estar na vanguarda destas dinâmicas,mas necessitam de munir-se de ferramentaspedagógicas adequadas. Como estas têm pormissão ajudar cada pessoa a desenvolver-seplenamente, introduzindo sentido cristão naexistência humana, urge optar por umaabordagem pedagógica que faça da descobertado “sentido” da própria vida a sua molaimpulsionadora.De forma simples, entende-se aqui “sentido”numa perspetiva existencial, semelhante a‘orientação’ e ‘razão de ser’ da própria vida e darealidade. Se cada pessoa tem necessidade dedar sentido à sua vida, à sua atividade e ao seumundo, a pergunta pelo sentido, nos seus níveisdistintos de significação e de profundidade,constitui, pois, uma característica do ser humano.Para captar o sentido (do todo), para além dosignificado (parcial), é preciso ampliar o horizontevital. Por isso, algo tem sentido quando tem umpropósito e adquire importância, tecendo círculosde significação, unificando os significadosparciais e/ou as situações desgarradas da vidanum todo orientado para um fim, integrando neleaté o sem-sentido.

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Existem vários tipos de sentido: oimediato, o sentido mediato e osentido último. Esta classificaçãoadvém das diferentesintencionalidades que movem o serhumano na descoberta darealidade, mas também dasmodalidades de conhecimento queeste mobiliza em cada momento: ológico, o pictórico ou o meta-lógico.E se na educação é importanteapreender bem estes três níveis,numa educação integral seriaincoerente reduzir a ideia de sentidoaos âmbitos estritamente lógico-racional ou pictórico. Existemdeterminadas experiências(silêncios, situações-limite,felicidade) que ‘excedem’ arealidade e cujo sentido é meta-lógico e não tem referêncianecessária ao mundo objetivo oudescritivo. Insere-se aqui o nívelsimbólico-religioso…Como sabemos, a educação dosentido nunca é neutra, porque seencontra vinculada a umadeterminada tradição simbólica. Nocaso das Escolas Católicas, a umideário educativo e a um estilo deeducar protagonizado pelastestemunhas dessa realidadefinalística que constitui o sentido davida em Cristo. O sentido não se

transmite através de conteúdosabstratos ou impessoais, masatravés de gestos, perspetivas eações que têm um profundo impactopessoal no educando. O sentido, aoconferir um horizonte que excede oreal, abre espaço à liberdade-responsabilidade, permitindodesenhar novas configurações dohumano. Fica, pois, o desafio daintrodução, na educação formal enão-formal, de uma pedagogia dosentido que vá além das estratégiase técnicas pedagógicas ou de umaracionalidade utilitária que tomouconta de muitas das nossas práticaseducacionais.

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Os sem teto e os sem tempo

Paulo Rocha Agência ECCLESIA

Esta semana assinalou-se o Dia Internacionalpara a Erradicação da Pobreza. Felizmente, sãomuitas as iniciativas que não deixam passar emclaro esta Jornada, com o perigo de reduzir umacausa da humanidade a algumas horas depromoção de eventos. Uns podem ajudar aresolver o problema; outros levam à mudança deatitudes e comportamentos que deixam rasto,que provocam alterações de paradigmas,pessoais e comunitários.A organização ‘IMPOSSIBLE - PassionateHappenings’ abordou o problema da pobreza apartir do tempo, de uma circunstância que atodos assiste, mesmo aqueles que nada têm:viver permanentemente à procura de respostaspara problemas que nos impedem de olhar aolonge e preenchem o quotidiano sem deixar queo ponto de partida para cada dia seja umavontade, um projeto, a possibilidade de pensarsobre o que quero e devo fazer, como pessoa ecomo comunidade.‘Socorro! Estou sem tempo’ foi o tema para umseminário onde se ouviram economistas,psicanalistas, artistas e profissionais de diversasáreas sobre o tempo que os ocupa. Entre todos,a constatação de que com facilidade o tempo éuma categoria que está ao alcance de poucos.Mesmo os sem-abrigo, os pobres e os sem teto,que aparentemente têm todo o tempo do mundo.Mas não! Porque o tempo que preenche os seusdias é um tempo sem recursos, sem apossibilidade de definir e cumprir um projeto.

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Depois, muitos dos que têm, poucoou muito, ocupam todo o tempo apagar o que têm ou a querer termais. Em causa não estão sóhábitos adquiridos, mas categoriasda vida de uma geração, umacultura, uma forma de estar em dasociedade.Pagar o que se tem ou procurarmais do que aquilo que se tem…Assim vivemos no momento atual…Assim se configuram os Estados,ocupados permanentemente apagar dívidas, soberanas quasetodas, sem

parar de contrair outras tantas…Pagar o que se tem ou procurarmais do que aquilo que se tem… É oparadigma que espera mudança. Esó depois de mudar esse paradigmaé que se torna possível conjugardois verbos propostos pela‘IMPOSSIBLE - PassionateHappenings’ neste Dia Internacionalpara a Irradicação da Pobreza:imaginar-se e recriar-se! É esse odesafio para todos e para acomunidade. Para os sem teto epara os sem tempo!

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A Igreja Católica vai celebrar este domingo o Dia Mundial dasMissões 2016. Uma ocasião para “refletir sobre a urgência docompromisso missionário da Igreja e de cada cristão”, comodisse o Papa durante a audiência pública semanal quedecorreu na Praça de São Pedro.A Mensagem de Francisco para o Dia Mundial das Missõessublinhava a importância da evangelização em contextos dedificuldades, saudando a “crescente presença feminina” naação missionária da Igreja Católica. “Sinal eloquente do amormaterno de Deus é uma considerável e crescente presençafeminina no mundo missionário, ao lado da presençamasculina”, refere.

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O texto intitulado ‘Igreja missionária, testemunha demisericórdia’ assinala que muitas mulheres, leigas ouconsagradas, estão empenhadas em vários campos damissão, desde “o anúncio direto do Evangelho ao serviçosociocaritativo”.A mensagem liga o Dia Mundial das Missões de 2016 àcelebração do Jubileu da Misericórdia (dezembro 2015-novembro 2016), convidando os católicos a “levar amensagem da ternura e compaixão de Deus a toda a famíliahumana”.O Semanário ECCLESIA traz até si testemunhos de quemestá no terreno, num serviço evangelizador ao próximo,dando rosto concreto a esta Missão que não tem fim.

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Falta um compromisso político queacompanhe o empenho da sociedadecivil Rita Sacramento Monteiro partilha a sua experiência de missão junto derefugiados em Itália, na Grécia e em Portugal Agência ECCLESIA (AE) – Como éque entrou na sua vida esta paixãopela missão, pelas causashumanitárias?Rita Sacramento Monteiro (RSM) –Penso que é algo que já nasceucomigo. Eu sou escuteira e desdepequenina pude fazer muito serviçoaos outros, e o serviço aos outrostorna-se parte de nós até porque olema escutista é deixarmos o mundomelhor do que o encontrámos.Agora recentemente, em 2015, tiveoportunidade de fazer missão forade Portugal o que para mim foi umanovidade, foi fruto de uma sensaçãode que era possível e eu erachamada a fazer mais.Quando comecei a ver as notíciassobre esta crise humanitária esobretudo as imagens de famílias,de pessoas a entrarem em barcos,a tentarem chegar a uma margemque é a Europa e a morrerem pelocaminho, ver corpos no mar e ouvirestas notícias de que o MarMediterrânio

e o Mar Egeu se tinham tornado umcemitério, senti que tinha que fazermais.E quis muito conhecer estaspessoas, conhecer histórias, saberos nomes, ver as caras, tocar asmãos. É muito fácil quando sóouvimos falar de números e demassas, é muito naturaldistanciarmo-nos da realidade e nãotermos a perceção clara do que éque está a acontecer e o impactoque está a ter na vida das pessoas. AE – Esteve primeiro num campo deassistência a refugiados na Sicília,em Itália, durante 20 dias. O que éque mais a marcou nestaexperiência?RSM – Marcou-me muito perceberque estas pessoas, ao chegarem àEuropa, enfrentam uma espera demeses e até de anos. Mais do quechegarem e precisarem de umabrigo, de comida, de vestuário, detrabalho e dinheiro para viver, estaspessoas estão à espera antes detudo de uma resposta e de poderemcontinuar as suas vidas.

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Eu na Sicília estive num centro deacolhimento a requerentes de asiloe refugiados, como há muitoscentros destes em Itália e na Grécia.Era um centro só de homens, cercade 50 homens vindos de váriospaíses de África e também doBangladesh.E impressionou-me ver que ali, diaapós dia, estes homenscontinuavam a aguardar umaresposta que lhes possibilitasseconstruir uma nova vida aqui naEuropa.Mas também me impressionou aresiliência e a capacidade deles, otestemunho de fé – na sua maioriamuçulmanos – de pessoas quequase perderam a vida, quearriscaram tudo por uma novaesperança, e ainda

assim têm uma força interior e aconvicção inabalável de que ascoisas se vão resolver. E isso émarcante. AE – Como era o seu dia-a-dianeste centro, junto destesrefugiados?RSM – Este projeto tinha uma basecatólica e o desafio era mesmo estarnas fronteiras, estar com aspessoas, acompanhá-las.Naturalmente entrar também nasatividades que estavam pensadas epropor novas atividades, no fundopara as pessoas ocuparem o seutempo, desde aulas de línguas atéatividades mais práticas, workshopsculturais, jogos de futebol, de ping-pong, de xadrez.O voluntário é chamado a pôr osseus talentos e as suascompetências a

Eu na Sicília estive num centro de acolhimento a requerentes de asilo e refugiados,como há muitos centros destes em Itália e na Grécia. Era um centro só de homens,28

render, das mais variadas maneiras.Mas sobretudo estar, conversar.Muito do meu tempo lá durante o diaera ganho - não perdido masganho! – a conversar com aspessoas e a saber de onde é quetinham vindo, quais eram as suashistórias. E a contar também aminha história. AE - Além desta experiência de Itáliatem outra história de missão maisrecente na Grécia.RSM – Sim, voltei a ter este anouma nova oportunidade de estar aoserviço de refugiados, integrada naPlataforma de Apoio aos Refugiados(PAR), indo para a Grécia e para aIlha de Lesbos.Aqui a PAR tem há vários mesesuma missão na linha da frente,enviando para Lesbos um grupo devoluntários. Um trabalho deresposta humanitária, de alivio dosofrimento, de

acompanhamento destas pessoas,com projetos de educação nãoformal, também com apoiopsicossocial.Portanto em Julho deste ano estiveum mês nesta ilha a trabalharsobretudo em duas áreas: numabrigo da Cáritas onde vivem 200pessoas, e num campo derefugiados onde estão cerca de milpessoas, o campo de Kara Tepe.E encontrei ali uma realidade muitodiferente da Sicília, muito mais deemergência. As pessoas estaremnum campo, a viverem em tendas,só por si é uma situação muitíssimofrágil, temporária. Devia sertemporária mas não é.Estas pessoas estão ali há meses,já passaram o Verão e vão passar oInverno num acampamento à esperade uma resposta, à espera que aEuropa se decida a acolher parapoderem construir um novo futuro.Portanto era uma realidade muito

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como há muitos centros destes em Itália e na Grécia. Era um centro só de homens,cerca de 50 homens vindos de vários países de África e também do Bangladesh.E impressionou-me ver que ali, dia após dia, estes homens continuavam a aguardar umaresposta que lhes possibilitasse construir uma nova vida aqui na Europa.Mas também me impressionou a resiliência e a capacidade deles, o testemunho de fé –na sua maioria muçulmanos – de pessoas que quase perderam a vida, que arriscaramtudo por uma nova esperança, e ainda assim têm uma força interior e a convicçãoinabalável de que as coisas se vão resolver. E isso é marcante.

mais emergente do que na Sicília,apesar de agora na Sicília estar achegar muito mais gente, pela rotado Mediterrâneo, e de na Grécia -devido ao acordo com a Turquia -esse número ter diminuídoconsideravelmente.Mas ainda assim estão a chegar aLesbos cerca de 100 pessoas pordia, continuam a chegar. AE – Utilizou a expressão ‘deveriaser temporário’, esta passagempelos centros de refugiados deveriaser temporária. Onde esteve sente-se de facto esta burocracia edemora, sente-se o desespero daspessoas por não verem a suasituação resolvida?RSM – Sim, sente-se muito. Sente-se sobretudo um grande caos aonível dos processos e aí a Europaestá a falhar. Desde os documentos,a língua em que estão osdocumentos, as pessoas que estãoa requerer asilo na Europa nãoentendem a língua. A necessidadede mediações que também implicamque o processo dure mais tempo.As pessoas estão semanas, mesespara irem a uma entrevista, depoisficam mais semanas, meses àespera de uma resposta.Repare, o programa europeu derecolocação que supostamente era

um esforço concertado da Europapara acolher estas pessoas nosvários Estados-membros previarecolocar 160 mil pessoas e há datade hoje recolocou entre 4 a 6 mil,está muito longe da meta quetraçou.Uma meta que em si até é uma metacurta na minha opinião, porque essenúmero está muito longe do númerode pessoas que entraram na Europapelo mar.Alguma coisa está a falhar e euacho que é a nossa vontade emacolher, dos Estados-membrosacolherem e a Europa mobilizar osseus serviços e as pessoas paraeste acolhimento. AE – Numa entrevista que deu falouda questão do compromisso, que amissão e o voluntariado implicamque as pessoas sejam capazes eestejam disponíveis acomprometerem-se umas pelasoutras. É isso que falta à Europa, anível institucional e comunitário?RSM – Nós estamos todoscomprometidos a partir do momentoem que falamos de homens emulheres que, na mesma terra emque vivemos, estão a fugir desituações de guerra, fome,perseguição, das mais variadasformas de ausência de paz e deliberdade, a procurar abrigo e aprecisar do nosso acolhimento.A partir daí estamos comprometidos,

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trata-se antes de mais de umarealidade humana, que diz respeitoa cada um de nós. E depois tem quehaver um compromisso grande,político, que permita desbloquear asituação.E um compromisso que acompanhe,na minha opinião, o empenho quetem havido na sociedade civil. Esteé o tempo da sociedade civil, quemtem respondido nas fronteiras sãovoluntários, são organizações queestão a pôr os meios para acolherestas pessoas e para dar oessencial, a primeira resposta:abrigo, comida, o que vestir, edepois o acesso aos pedidos e aorequerimento de asilo.Mas faz falta que o compromissopolítico acompanhe esta vontadecivil de acolher. E depois nasociedade civil sabemos que aindahá muitagente que precisa de entendera necessidade de acolhimento,há muita gente que está contraou que não entende esteacolhimento.

E portanto cabe a cada um de nós,que vimos esta realidade, queconhecemos estas pessoas, desensibilizar, de desmistificar e deinformar as pessoas. Porque comodiz, este é um compromisso detodos.Não é toda a gente que vai para asfronteiras, mas é toda a gente queaqui em Portugal vai fazer parte deum acolhimento. AE – Se tivesse que dar umconselho a alguém que esteja apensar em partir em missão, o queé que diria?RSM – Eu diria primeiro paraexplorarem as opções devoluntariado existentes e para seaconselharem, para tentarem ir com um projeto que estejam estruturados. Existem muitos projetosagora, temos uma referência que éa Plataforma de Apoio

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aos Refugiados que – e eufui testemunha disso – está a fazerum trabalho incrível nas fronteiras,com as pessoas que conseguemobilizar para serem resposta e adarem rosto, para serem rosto dePortugal e isso é incrível.Mas existem outros projetos,portugueses e não só, portanto eudiria para a pessoa se informar. E depois para testar a sua vontadeem ir, ou seja, ainda bem que hámuita gente a querer ir além-fronteiras mas há muito trabalho afazer cá.Será que neste momento eu, quetenho esta vontade de ir além-fronteiras não sou chamada tambéma estar cá? Diria que a pessoa sedeve informar, temos comunidadesportuguesas que já acolheramfamílias à data de hoje e estasinstituições precisam de ajuda,precisam de

voluntários, as pessoas acolhidasprecisam de amigos. AE – Sobre o acolhimento aosrefugiados aqui em Portugal,concretamente. Como é que analisaa forma como ele tem decorrido?RSM – Ao voltar da Sicília em 2015tive a oportunidade incrível de naminha comunidade paroquial ter umconjunto de pessoas despertas paraesta realidade e no último anotrabalhámos no sentido de sermosuma instituição anfitriã daPlataforma de Apoio aosRefugiados. Hoje já acolhemos umafamília e temos estado a trabalharnisso.Agora veja bem, passou um ano.Como é que eu olho para oacolhimento em Portugal? Vejo quetem demorado muito também, porum bloqueio que não é português,não me parece

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um bloqueio nosso porque asinstituições estavam disponível,porque a PAR tem estado a fazerum trabalho nesse sentido.Tem sido sobretudo um bloqueio lá,na Grécia e em Itália onde estãoestas pessoas. A PAR fez nosúltimos meses um esforço paradesbloquear esta situação, com asautoridades portuguesas.Conseguimos agora que chegassemmais famílias, há uma previsão atéde que brevemente cheguem aPortugal mais algumas centenas defamílias, cerca de 400.Eu espero que este bloqueio sejaresolvido, porque há muita vontadeem acolher na sociedadeportuguesa, muitas instituições,casas preparadas, e agora pareceque é mais uma questão política doque vontade.E espero que na atualdisponibilidade em Portugal, deinstituições e de casas, possa havermais respostas, mais gente aacolher, mais casas disponíveis,mais instituições, para podermosreceber os milhares a que nós nosdisponibilizámos.Portugal começou por sedisponibilizar a receber 5 milpessoas, depois duplicámos essaoferta e portanto há muito caminhoainda a fazer e espero que esseacolhimento se torne rapidamenteuma realidade e caminhemos paraesses números.

AE – Como disse há pouco, a suacomunidade, a União Pastoral deNova Oeiras e de São Julião daBarra, acolheu há pouco tempo umafamília de refugiados. Como é quetem estado a decorrer o processode integração?RSM – A nossa família, a famíliaAlush, é constituída por um mãe de46 anos, um jovem de 15 e umajovem de 20 anos. Eu diria que estáa ser uma aventura, desde o últimoano que trabalhávamos para osacolher e sem os conhecermos játínhamos uma ligação.É bonito ver como uma UnidadePastoral se mobiliza, duascomunidades se mobilizam e aspessoas quase se cativam por umafamília que ainda não conhecem e jáestão ligadas a eles.O momento em que fomos buscá-losao aeroporto (nr. 23 de setembro)foi muito emocionante. Eu senti queia buscar a minha família e queesperava por estas pessoas hámuito tempo, que estavam muitolonge e agora íamo-nos finalmenteencontrar.E é primeiro um desafio adesinstalarmo-nos porque há abarreira da língua, toda umarealidade cultural diferente, e depoisum desafio a sermos mais, adescobrimos em nós o verdadeiroserviço e testarmos a vontade emacolher.Porque o acolhimento depois

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torna-se uma realidade e passa porcoisas muito pragmáticas como tertempo, ser misericordioso, terpaciência para todas as questõesmais complexas, ser alegres,tentarmos animar estas pessoas àconstrução de uma vida emPortugal.Portanto tem sido uma aventura,possível graças a uma comunidadeque tem sido muito generosa, a umaequipa de trabalho que tem sidoincansável, com pessoas quetambém têm os seus empregos, assuas famílias, e que com umaentrega enorme procuram asmelhores soluções.Desde arranjar aulas de português,para poder integrar estas pessoasno sistema de ensino português, aarranjar de trabalho para a mãedesta família de modo a podersuportar as despesas.Para mim esta tem sido umaoportunidade de crescimentopessoal e de alargamento decoração que nos foi dada e perantea qual é impossível ficarmosindiferentes.

AE – Esta família síria é provenientede Alepo, uma das cidades maisfustigadas pela guerra e onde aindaestá neste momento outro membrodo agregado familiar, neste caso opai.RSM – Exatamente, esta família temmais dois filhos maiores, um está naSíria e outro na Turquia, e o paiainda trabalha em Alepo e continualá, o que é uma situação difícil.Esta família vai pedir reunificaçãofamiliar para tentar que o pai venhapara Portugal, mas é um processoque leva tempo.A distância causa ansiedade, depoiscausa também muita ansiedade ofacto deste pai e desta família teremainda familiares e amigos a viveremnum país que continua a serfustigado por bombardeamentos,por uma situação que continua semfim à vista.Portanto é sem dúvida uma situaçãoque temos de cuidar, porque estafamília continua com uma ligaçãoumbilical à terra de onde veio, e vaiter sempre essa ligação.

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E cabe a nós portugueses tambémperceber isso. Isto não é a situaçãoideal para eles, foi um desinstalargrande, foi o deixar toda uma vidapara trás para encontrarem paz.Mas continuam a ter pessoas lá evão continuar a ter. E isso é algoque é preciso cuidar e apoiar. AE – Que necessidades é que estafamília ainda tem e que apelogostaria de deixar às comunidadesportuguesas, naquilo que possamajudar.RSM – Neste caso como a respostaé muito local, as comunidades deNova Oeiras e São Julião da Barratêm estado a organizar-se bem.O que eu queria frisar era aimportância de cada pessoa tentarestar desperta para, na sua região,na sua localidade, na suacomunidade paroquial perceber: jáacolhemos, vamos acolher, como éque eu posso ajudar?

Posso ajudar dando aulas deportuguês, dando roupa, dando umdonativo porque o dinheiroefetivamente é importante parafinanciar estes projetos.Há muito a fazer e muitas pessoascom capacidade, com muitostalentos para colocarem a render, eeu deixo este apelo de vamosacolher, porque acolher vale defacto a pena.

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Fim do DAESH não pode provocarum DAESH 2.0

Chegou a Dohuk há um mês, àRegião Autónoma do CurdistãoIraquiano. A sua missão é “cuidar”,“curar” e “construir” o futuro de umpovo com diferentes tradiçõesreligiosas. Todos querem o fim doDAESH. E todos sabem que a formacomo “isto for feito” pode dar origemou não a um DAESH 2.0. Aconvicção é da Irmã

Irene Guia, religiosa das Escravasdo Sagrado Coração de Jesus quejá trabalhou em campos deRefugiados no Ruanda e naRepública Democrática do Congo.Agora, está no Curdistão Iraquiano.Para a irmã Irene Guia, o povo quehoje está a ser alvo de guerras e deextermínios vai “renascer dascinzas”.

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“Este povo vai renascer das cinzas.Aqui não se pode brincar como sebrinca noutras zonas do planeta.Aqui há uma forte componentecultural que não é possível eliminar.É a cultura mais antiga à face daterra”, lembrou.Alguns dias após o início da tomadade Mosul pelas tropas do CurdistãoIraquiano e do Iraque, através deuma aliança inédita, a irmã IreneGuia acredita na conquista dacidade diante da fraqueza doDAESH, mas alerta para o perigo depoder gerar um DAESH 2.0.“Qualquer solução que derive domedo vai provocar o DAESH 2.0;provoca violência e agressão e essaé uma decisão erradíssima”,sublinhou.A responsável pelos projetos doJRS no distrito de Dohuk nãoacredita que os iraquianos sejam“marionetas” nas mãos dacomunidade internacional sem“capacidade para ler a realidade”,mesmo que “os poderes externos osusem como marionetas”.A irmã Irene Guia disse, a partir doCurdistão Iraquiano, que aconquista de Mosul vai serdemorada e pode provocar até ummilhão de novos deslocados naregião.“Os campos que estão preparados

de longe chegam para acolher aspopulações que se pensa quevenham fugir”, referiu.Os projetos do JRS, coordenadospela religiosa portuguesa no distritode Dohuk, tem dois objetivos: “acura e construção do futuro”.Para a Irmã Irene Guia, não bastam“cuidados paliativos”, mas énecessário “dar esperança” a todosos povos da região e “promover apreparação para um futuro melhor”porque a maioria “quer regressar acasa”.A viver uma grande crise financeira,a cidade de Dohuk viu a suapopulação aumentar 35% pelachegada de deslocados, sendocada vez menor a possibilidade deconseguir um trabalho.“Temos de dar formação, criar maiscompetências nas pessoas queestão à espera de regressar”,sublinhou.

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Perseguição aos cristãose eliminação dos «yazidis»A Irmã Irene Guia disse à AgênciaECCLESIA que é necessário“alargar” os destinatários dascampanhas de apoio às populaçõesdo Médio Oriente, nomeadamenteaos yazidis que estão a “sereliminados”.“Os cristãos estão a serperseguidos, mas os yazidis estão aser eliminados”, afirmou a religiosaque é responsável pelos projetos doServiço Jesuíta aos Refugiados(JRS) no distrito de Dohuk, naRegião Autónoma do CurdistãoIraquiano.A comunidade étnico-religiosa yazidié constituída por perto de um milhãode pessoas, a maioria vive noIraque, acredita num Deus criador eque a terra é protegida por um seteanjos, sendo o principal Shaytan,símbolo do mal e nome de satanásno Alcorão.Perseguida por diferentes regimes,os yazidis estão a ser alvo de umgenocídio desde 2014 por parte doautoproclamado Estado Islâmico.Para a irmã Irene Guia é “terrorífico”o que se está a passar com asmulheres yazidis, que estão a seralvo de “violações, vendidas emmercados e passadas de mão-em-mão para todo o tipo de abusos”.

“Há algumas mulheres queconseguem fugir ou são compradase são libertadas. São comoescravas readquiridas para aliberdade. São escravas nestemercado de homens”, referiu areligiosa que está a trabalhar noCurdistão Iraquiano há um mês.O JRS está a desenvolver projetosde ajuda a esta comunidade,nomeadamente às mulheres,através de um programa de saúdemental porque essas pessoas têm acabeça “feita num caco”, sublinhou.Para a irmã Irene Guia, ascampanhas de apoio aos cristãosperseguidos devem serdesenvolvidas mas é necessário“alargar os corações e agenerosidade”.“Que as campanhas sejam maisuniversais e não exclusivamentepara os cristãos”, alertou.“Não podemos ficar com o olharexclusivo aos nossos quando vemosum povo a ser eliminado e não têmapoios internacionais”, acrescentoua religiosa.De acordo com a Irmã Irene Guia, oscristãos “estão mal” na região,sofrem perseguições, mas “todoseles têm

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apoio”, enquanto os estão a viverna piores condições”.“Que as nossas campanhas pelos

cristãos de aqui signifique tambémque temos de olhar pelos yazidisdaqui”, alertou.

Perto do Jardim do EdenA Irmã Irene Guia está há um mês a viver numa cidade perto do Araden, umapovoação no norte do Curdistão Iraquiano onde se afirma ter sido o jardimdo Eden, no início da criação.A harmonia inicial não é a que se vive na região, nomeadamente nascidades em guerra. Mas “o paraíso mantem-se nestas terras, na capacidadede acolhimento e de bondade das pessoas”, referiu a religiosa. “Na gentecomum o paraíso continua”, afirmou.

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Tarefa missionária não é opcional

O presidente da ComissãoEpiscopal das Missões considerouque a “tarefa missionária não é umaopção” mas uma “consequêncialógica da fé e do Batismo”,lembrando que em cada cincopessoas “só uma conhece JesusCristo”. “Precisamos, pois, demissionários. De homens emulheres

«comuns» que se disponham a darlargas ao impulso de uma fé que édinamicamente «contagiante». Eque, em nome da Igreja, vão poresse mundo fora «gerar» novosfilhos de Deus, na fé e no batismo”,explica D. Manuel Linda.Na mensagem publicada no Guião

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Missionário 2016/2017, o preladorefere que aos “novos filhos deDeus” é preciso “nutri-los” com aformação religiosa e a promoçãohumana em todas as áreas – saúde;educação; alimentação;convivialidade - e também na“purificação” dos aspetos da“cultura ancestral que não secoadunam com a dignidade humanae com a nobreza dos filhos de Deus”.O presidente da ComissãoEpiscopal das Missões começa porrecordar que o Papa Francisco, noâmbito do Ano Santo Extraordinário,instituiu os sacerdotes designadospor ‘Missionários da Misericórdia’cuja caracterização – “sertestemunha da proximidade de Deuse do seu modo de amar” – exige-se“a todo o batizado”. Neste contexto,o prelado questiona se a presençado cristão “na cidade dos homens”pode exercer-se de outra forma que“não seja anunciando que Deus nãose retirou do mundo”.“O fiel em Cristo poderá«armazenar» somente para si oconhecimento desta alegrenovidade e ora, se esta tarefa éurgentíssima nas nossas dioceses,não o é menos no vasto mundo”,observa.D. Manuel Linda alerta para a“terrível

verdade” do número de pessoasque ainda não conhece Jesus,mesmo com o “imenso trabalho, desuor e martírio” de dois mil anos defé cristã.O Centenário das Aparições deFátima, em 2017, também estápresente nas páginas centrais doGuião Missionário 2016/2017 e opresidente da Comissão EpiscopalMissões pergunta se essacelebração “não impulsionará” osportugueses a levar ao mundo “odesígnio da misericórdia de Deus”.O Dia Mundial das Missões cumpreeste ano o seu 90.º aniversário e asdioceses católicas são chamadas adestinar as ofertas que se recolhemnessa data às comunidades cristãsnecessitadas de ajuda.

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Outubro missionário desafiabatizados ao anúncio sem distinçõessocioculturaisO presidente dos InstitutosMissionários Ad Gentes (IMAG)destaca o desafio que é o sonho dechegar a todos, “sem distinçõessocioculturais, rompendo fronteiras,construindo pontes, aproximandopessoas”, na sua mensagem noGuião Missionário 2016/2017. “Vivere celebrar a missão é proclamarcontinuamente a misericórdia etransformar a vida quotidiana numtempo de graça e de paz, impelidospor um desejo de conversão e umsentimento de alegria que contagiea todos”, escreve o padre AntónioFernandes.O presidente dos IMAG consideraum “enorme desafio” que todos osbatizados têm em seremverdadeiros canais da misericórdiado Pai que, alcançando-nos, nãonos deixa indiferentes, nosimpulsiona a partir e a proclamar aBoa Notícia do Evangelho.Segundo o padre AntónioFernandes, missionário daConsolata, e no contexto do temadeste mês - Com Maria missionáriosda misericórdia – assinala que comNossa Senhora caminha-se “aoencontro do Outro” iluminados peloEspírito: “A vida

crescerá e será envolvida pelaalegria do encontro, o calor doabraço terno e fraterno, a doçura dapalavra partilhada, a beleza damesa, onde todos podem sentar-see sentir-se em casa”.O guião do ‘Outubro Missionário’disponibiliza várias propostas deoração e celebração como a vigíliamissionária e o rosário; a ‘Via Sacracom os Mártires’, pelo arcebispo deÉvora, D. José Alves, e umaproposta para a Infância Missionáriaque através de três passos leva “ascrianças a reconhecer o seucaminho missionário” de seremevangelizadores de outras crianças.No subsídio é apresentada tambéma mensagem ‘Igreja missionária,testemunha de misericórdia’ que oPapa Francisco escreveu para o90.º Dia Mundial das Missões 2016.O presidente da ComissãoEpiscopal Missões, o bispo D.Manuel Linda, também escreveuuma mensagem e o tema do ano éapresentado pelo professoruniversitário Juan Ambrósio quepartilha “notas breves, para umaleitura” da Exortação Apostólica Pós-Sinodal do Papa Francisco ‘Aalegria do amor’, dedicada à família.

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O Centenário das Aparições deFátima (2017) também estápresente nas páginas centrais doGuião Missionário 2016/2017.“Celebrar o Centenário dasAparições é, por isso, oportunidadepreciosa para valorizar o dinamismomissionário inerente, quer àdevoção mariana, quer à mensagemde Fátima, deixando-nos conduzirpelo Imaculado Coração de Mariaaté Deus”, assinala o artigo.Disponível no sítio online dasObras

Missionárias Pontifícias (OMP), oguião para o mês dedicado àsmissões termina com a sugestão depreces diárias para cada um dos 31dias do ‘Outubro missionário’.As OMP explicam que o mêsmissionário tem origem no DiaMundial das Missões, que secelebra este domingo, dia 23, e adata foi instituída pelo Papa Pio XIem 1926, como um “dia de oração eofertas em favor da evangelizaçãodos povos”.

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«Ad gentes», a terra de missãocontinua a chamar pelo padre Joséda Silva VieiraO superior provincial dosMissionários Combonianos, o padreJosé da Silva Vieira, já teve comomorada os países de missão Etiópiae Sudão do Sul para onde esperavoltar depois de servir acongregação como responsável emPortugal.“Quando olho para a minha vida rio-me”, começa por assinala osacerdote português que viveu oitoanos de uma “experiêncialindíssima” missionária na Etiópia,de 1993 a 2000, quando o seudesejo era partir para o Sudão.“Tinha já tudo combinado com oprovincial do Sudão, o provincial dePortugal, com a direção geral,quando mudaram de governo emRoma e mandaram-me para aEtiópia”, um país que o missionário“não tinha ideia” de onde ficava e só“das historiazinhas” que ouviu naescola.Diz o provérbio popular que “Deusescreve certo por linhas tortas” e navida do padre José da Silva Vieiraisso é uma realidade porquequando se preparava pararegressar à Etiópia o bilhete, emnovembro de 2006, tinha comodestino o país vizinho do Sudão doSul.“Estive lá sete anos e foi uma

experiência muito linda,profissionalmente como jornalista foia experiência melhor da minha vida”,recorda, explicando que aquando aproposta não pôs “objeção, a únicaera encontrar um diretor para osconteúdos editoriais dacongregação.O sacerdote esteve na redação dasrevistas combonianas’ Além-Mar’ e‘Audácia’, de 1985 a 1992;Regressou a Portugal em 2000 pararetomar a direção das revistas até2006. tendoJornalista e responsável por umacadeia de rádios no Sudão do Sul opadre José Vieira teve a“experiência bonita” de fazer acrónica de um país a nascer e acrescer que deu lugar a uma“tristeza muito grande” porqueregressou “uma semana ou duasantes da guerra começar”.A partir da sua experiência refereque o missionário “combina duasrealidades”, as Obras deMisericórdia com o anúncio daPalavra de Deus: “Não podemosdizer que Deus te ama e mandá-lospara casa cheios de fome. Tem dese envolver nos problemas daspessoas.”Para o entrevistado as áreasprincipais são a saúde, a educação,porque

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“para sair” do marasmo “é precisoas pessoas serem capazes depensar”, e o desenvolvimento daresponsabilização das pessoas,afinal é necessário um código deconduta que “torne possível aconvivência sem agressividade”,que é um dos grandes problemasdo Sudão do Sul.Saudade é uma palavra esentimento tipicamente português eo missionário comboniano não lhe éimune quando vê nas fotografias“caras, vistas, trabalho”.O também presidente da CIRP –

Conferência dos InstitutosReligiosos em Portugal – recorda aainda a “qualidade de vida” emterras de missão em África com“muito menos” tecnológica,consumo, mas uma “relação maispróxima da gente, mais ecológico davida”.O padre José da Silva Vieiracontínua com desejo de partir masnuma congregação missionáriaonde “todos têm de sair, alguns têmde ficar”: “Acho que daqui a trêsanos é importante que me mandem.”

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O paralelismo entre chá e liturgiano país da paciência

O superior geral da SociedadeMissionária da Boa Nova, o padreAdelino Ascenso, foi missionário noJapão durante 12 anos e recordaque num país onde a cerimónia dochá “tem muito a ver com a liturgia”o melhor conselho é paciência, sãoprecisas “doses imensas”.“A paciência no oriente, no Japão éalgo que se vai adquirindo, que sevai alimentando. Vamos aprendendono dia a dia que é necessário nãosão pastilhas de paciência, sãodoses imensas que é necessáriotermos”, começa por explicar omissionário.O sacerdote recorda que quandochegou ao país do sol nascente ummissionário veterano espanhol, há50 anos no Japão, como conselhodisse apenas “paciência”.Após 12 anos de vida no Japão,

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o padre Adelino Ascenso comentaque o japonês “vive no meio decontradições” e, naturalmente, deconflitos. O ritmo de vida diário“avassaladoramente rápido”, muitoveloz contrasta com a necessidade“de natureza, de ir passear para obosque, de ter o seu jardim” porque“ajuda-o a encontrar esse equilíbrio”.“Talvez seja o equilíbrio dessestress diário, essa paciência que énecessário adquirirmos eeducarmos primeiro,conquistarmos”, sublinha o padreAdelino Ascenso.Num país onde o caminhar “é muitasvezes silencioso” primeiro é precisoaprender a língua e depois faz-sesilêncio porque “muitas vezes ojaponês transmite mais atravésdesse silêncio entre duas palavras”,talvez uma “porta de entrada” paraa evangelização.“A pessoa que trabalha, ganha asua vida, vive com uma máscara detrabalhador de uma empresa echega a casa põe outra muitasvezes de pai de família, ou da mãe.A pessoa consegue tirar essamáscara quando vai para a floresta,para a montanha, quando entra emcontacto com a natureza ou jardimjaponês e respira aquelaatmosfera”, desenvolve.

O missionário da Boa Nova entroupara o seminário aos 37 anos equando a congregação decidiurumar ao oriente mostrou-sedisponível para o novo desafio.Segundo o superior geral daSociedade Missionária, eleito em2014 para um quadriénio (2018), acaracterística cerimónia do chá dosjaponeses encontra paralelismo naliturgia católica a partir de “quatroideogramas”.“Há quatro ideogramas japonesesdiretamente relacionados com acerimónia do chá – harmonia,respeito, pureza interior e limpezainterior e exterior - tem muito a vercom a nossa Eucaristia”, exemplifica.A Sociedade Missionária da BoaNova tem atualmente 106 membrosque trabalham em Portugal,Moçambique (desde 1937), Angola(desde 1970), Brasil (desde 1970),Zâmbia (desde 1980) e Japão(desde 1998).Inicialmente denominada SociedadePortuguesa das Missões Católicas,foi fundada pelo Papa Pio XI, em1930, respondendo ao apelo dosbispos portugueses.

O missionário da Boa Nova entrou para o seminário aos 37 anos e quando a 47

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O missionário da Boa Nova entrou para o seminário aos 37 anos e quando acongregação decidiu rumar ao oriente mostrou-se disponível para o novo desafio.Segundo o superior geral da Sociedade Missionária, eleito em 2014 para um quadriénio(2018), a característica cerimónia do chá dos japoneses encontra paralelismo na liturgiacatólica a partir de “quatro ideogramas”.“Há quatro ideogramas japoneses diretamente relacionados com a cerimónia do chá –harmonia, respeito, pureza interior e limpeza interior e exterior - tem muito a ver com anossa Eucaristia”, exemplifica.A Sociedade Missionária da Boa Nova tem atualmente 106 membros que trabalham emPortugal, Moçambique (desde 1937), Angola (desde 1970), Brasil (desde 1970), Zâmbia(desde 1980) e Japão (desde 1998).Inicialmente denominada Sociedade Portuguesa das Missões Católicas, foi fundada peloPapa Pio XI, em 1930, respondendo ao apelo dos bispos portugueses.

De Leiria-Fátima para Angola, asdiferenças no anúncio no serviço desacerdoteO padre David Nogueira Ferreira,da Diocese de Leiria-Fátima, há 10anos que é missionário em Angolacom o grupo Onjoyetu e emnovembro regressa à terra onde oanúncio “é diferente”,principalmente, nas circunstânciasque encontrou e no que “é exigido”.“O anúncio do Evangelho nestecontexto europeu em geral ou naIgreja portuguesa é muito maispastoral ou servindo-nos dasestruturas que já são seculares. Namissão em Angola o trabalho acabapor ser muito diferente, não temosuma estrutura, até estamos a criaruma, ou seja, estamos a ajudar atornar esta missão um dia umaparóquia”, explica à AgênciaECCLESIA.Segundo o padre David NogueiraFerreira o trabalho do missionáriopara além de ser muito pastoral étambém “social” porque em Angolaainda não existem as estruturastodas que “proveem” algumas dasnecessidades das pessoas, como asaúde, o autodesenvolvimento e “éum desafio para a Igreja”.O sacerdote de Leiria-Fátima quededicou 10 anos ao serviço do

povo angolano, com o grupodiocesano Ondjoyetu, vai regressara África em novembro mas recordaque em 2006 teve de “desmontar,em primeiro lugar, a Igreja” e,depois, a própria maneira de ler arealidade e transpor isso para a suavocação.“Digamos que tive de aprender umamaneira diferente de ser padrenaquelas circunstâncias”, observa opadre David Nogueira Ferreira quevai para a Diocese do Sumbe.Para o entrevistado as perguntassobre a missão «o que é que jáfizeram, vale a pena lá estar, o quemudou», são influenciadas pelamentalidade calculista europeiaporque a tarefa do grupo diocesano“é semear” e caso não tenhagerminado toda ou ainda não estejaa frutificar vão animar-se na que jáfrutifica.“E ganhar mais coragem para tratarmelhor o terreno, para semearporque, às vezes, não é a nossasementeira que é bem-feita. É umainterpelação para semearmosmelhor, para cuidarmos melhor doterreno, vermos se a semente éadequada”, acrescenta DavidNogueira Ferreira, o padremissionário que entrou

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para o seminário aos 11 anos.O Grupo Missionário Ondjoyetu(que significa “A Nossa Casa”, em

umbundo), da Diocese de Leiria-Fátima, iniciou o seu percurso emagosto de 1999.

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Missão em português na Síria

A irmã Miry entrou aos 20 anos nacongregação das monjas de Belém.Esteve 7 anos na Terra Santa edepois dada a necessidade partiupara a Síria.A monja contemplativa relatou àAgência ECCLESIA a ajudahumanitária que as religiosas deAntioquia prestam à população. “Omosteiro foi atingido, mas Deus nãoquis que a comunidade partisse.Sentimos que foi a mão de Deusque não nos deixou partir. Ficámos.Somos para a população um meiopara os encorajar a recomeçar asua vida”, disse a religiosaportuguesa sobre a situação decrise que vive

no Convento de São Tiago Mutilado,em Qarah.O perigo “de ter de perder tudo, otrabalho de uma vida, os preços sãoaltíssimos, a ausência deestabilidade e de esperança” tornaa população num “vulcão emebulição”.“A população depende da ajudahumanitária”, sublinha a Irmã Myrique acredita numa vontade de“erradicar o cristianismo no MédioOriente”.“Sente-se o êxodo forçado doscristãos do Oriente. Hoje perderammuita coisa, as suas casas e tiveramde

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sair das suas vilas. Há várias vilasformadas a partir dos primeiroscristãos convertidos por São Pauloe Santa Tecla perdidas”, assinala.Apesar do relato de sofrimento, airmã Myri traduz a vontade depermanência na ajuda aos que maisnecessitam. “Levamos em nós osofrimento do povo. É um grandesofrimento o que está a acontecer enão poder fazer grande coisa. Anossa única esperança é a fé e aspromessas que foram feitas nasescrituras”, prossegue.

No ano passado, em Julho, umgrupo de monjas do mosteirocristão em Qara – onde vive a irmãMyri, oriunda do Milharado, naregião Oeste – fez a entrega, aobispo de Leiria-Fátima, para oferta aNossa Senhora de Fátima, de trêsbalas e um lenço trazidos dalocalidade síria de Maalula, comosímbolos materiais do martírio deum grupo de jovens cristãos emSetembro de 2013.

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«Vida e conflito» na Amazónia, serleigo missionário num lugar com«dois rostos»Luis Ventura Fernandez, denacionalidade espanhola, é com aesposa leigo missionário daConsolata e durante nove anosviveu com os povos indígenas naAmazónia, na Diocese de Roraima,no norte do Brasil, ondedesenvolveu um trabalho deeducação. Numa experiência devida e pela vida foi pai três vezes.“O nosso trabalho inicial era numaescola com os jovens indígenas.Trabalhávamos questões ligadas àterra, à agricultura, à liderançadentro das comunidades e à saúde.A partir dai fomo-nos envolvendo naorganização comunitária dos povosque era muito forte na defesa dasua terra, na luta peloreconhecimento da sua terra”,explicou à Agência ECCLESIA.Luis Ventura Fernandez e a esposapartiram para a missão em Roraimaem 2002 e passado três anos, em2005, viveram o “maior momento defelicidade” com os povos indígenas:“Foi a homologação da terraindígena Raposa Serra do Sul, queera uma luta há mais de 30 anos.”Para o missionário da Consolata oreconhecimento do o Estado

brasileiro foi a expressão que navida o “direito termina prevalecendosobre a violência e força dospoderosos”, e essa boa nova foi“uma festa do direito e da vida”.“O trabalho missionário na Amazóniade defender a vida, os direitos, amãe-terra, que lá é esplendida, levaa tomar e a ser parte dessa relaçãode conflito. A Igreja que estácomprometida com os povosindígenas é também perseguida, osgrandes poderes não gostam dela”,recorda.Neste contexto, Luis VenturaFernandez considera que esteve atrabalhar num sítio que tem “doisrostos”, porque é “lugar de vida,pela vida” o que origina a “aprendera trabalhar no conflito”.O leigo espanhol sublinha que aAmazónia é um lugar privilegiado“pela diversidade de vida, pelariqueza humana”, afinal é“extraordinário” ter a oportunidadede viver com os povos indígenas, oque se torna “impressionante”.“As pequenas dificuldades de umambiente novo foram mais simplesporque os jovens indígenas naescola e as famílias nascomunidades

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acolheram-nos muito bem.Fizeram com que a nossa vidafosse mais cómoda”,acrescentou o missionáriorecordando que ao fim de um,dois anos, praticamente,sentiam-se “parte do lugar”.Em nove anos de serviço naDiocese de Roraima comoMissionários da Consolata aIgreja doméstica que é LuisVentura Fernandez e a esposatambém aumentou afinal foi nonorte do Brasil que viu nascertrês dos seus quatros filhos.Luis Ventura Fernandezcomenta ainda que os índiosda Raposa Serra do Sulconsideram-se católicos e têmuma relação com aevangelização de “mais de 100anos, uma organização, nessesentido, extraordinária, uma fémuito profunda”.“Para eles a fé e o Evangelhofoi a força definitiva para seorganizar e defender a terradiante de interesses depessoas mais fortes politica eeconomicamente”, observou.

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Um missionário que aprendeu asorrircom os filipinosÉ missionário Comboniano e no seutrajeto pastoral esteve 15 anos nasFilipinas. Com 56 anos, o padreVítor Dias é natural da zona deViseu, da “bonita região de Lafões”,mas reconhece que a experiêncianaquele país asiático foi“esplêndida” porque estava nofulgor da sua vida.Entrou no seminário dosCombonianos com 10 anos e aindase recorda que “chorou muito pelospais” quando era “pequenito” eestava naquela instituição dos«filhos» de Daniel Comboni (1831-1881). Como a maioria dosCombonianos trabalha em África ena América Latina, o padre VítorDias teve “a graça de ir para amissão no Oriente, para aqueleencanto de país”, disse à AgênciaECCLESIA.Depois da formação em Viseu eSantarém, o padre Vítor Diasestudou Teologia em Inglaterra epartiu para aquele “imenso paíscatólico” formado por mais de setemil ilhas. Durante a sua estadianaquele país, o missionário esteveem cerca de 20 ilhas e, com olharnostálgico, reconhece que aindasonha voltar para aquele território.

Nos primeiros tempos esteve atrabalhar na revista missionária e a“fazer a propaganda da publicaçãopelas paróquias” e na formação dosmissionários filipinos. No contactocom aquele povo, o missionário daregião de Viseu aprendeu “a sorrir”e a celebrar “missa com alegria”.Sendo um país “do terceiro mundo”,os filipinos sofrem porque “o nívelde pobreza é muito elevado” e aalimentação é feita à base do arroz.Apesar dessas contingências, oshabitantes têm sempre um “sorrisonos lábios” e é “uma alegria queradica na fé”.Com um sorriso frequente, o padreVítor Dias realça que um missionárioquando vai para um território demissão “é contagiado por aquelepovo” e foi “uma graça que recebeudaquele povo filipino”. Apesar dascatástrofes, a alegria está semprepatente no rosto daquele povo.“Eles recomeçam sempre com umaesperança maravilhosa”, frisou estemissionário Comboniano que,atualmente, é mestre de noviços emSantarém.A vida nas Filipinas não é “apenas

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um mar e rosas” porque há zonasonde “existem perseguições aosmissionários”. O padre Vítor Diasrelata que esteve num funeral deum missionário (não Comboniano)que primeiro “arrancaram-lhe asunhas” e “depois arrancaram-lhe acabeça”. Uma região das Filipinasonde “os grupos revolucionáriosestão a atuar com muita força”.Nascido no seio de uma família“muito cristã e alegre”, o padre VítorDias aprendeu, nas Filipinas, o“respeito pela pessoa humana epela harmonia”. Com o tempo, estemissionário foi entrando no ritmo devida daquele povo que “não diz apalavra «não» para não ferir ooutro”. Só depois de sete ou oitoanos nas Filipinas é que percebeuas diferenças na forma de dizer simporque “há sins que significam não”.

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O sentido de Deus hoje O cardeal Robert Sarah, o prefeito da Congregação para o Culto Divino e aDisciplina dos Sacramentos (Santa Sé), veio a Portugal falar sobre as suaspreocupações com a “crise de Deus” no Ocidente e do seu percurso de vida,desde uma aldeia remota da Guiné-Conacri. Nascido em 1945, foi nomeadobispo por São João Paulo II em 1979, chegando ao Vaticano em 2001, numpercurso que o levou a ser criado cardeal por Bento XVI em 2010.

Entrevista conduzida por Henrique Matos

Agência ECCLESIA (AE) - Como éque uma criança da Guiné-Conacrifaz a descoberta de Deus na suavida e chega a ser cardeal da IgrejaCatólica?Cardeal Robert Sarah (RS) - Deusutiliza sempre pessoas para se dara conhecer. No meu caso, foram osmissionários Espiritanos queestavam na Guiné e me deram aconhecer o Evangelho e JesusCristo. Ensinaram-me a rezar, isto é,a encontrar Deus na oração.Através da Missa, porque eraacólito, pouco a pouco, descobriquem era Deus. Da mesma forma,Ele suscitou em mim esta escuta doseu apelo para ser padre.Ouvi este apelo e, naturalmente,julgava que não fosse possível paraum africano, porque eu só tinhavisto missionários. Quando faleidisso aos meus pais, eles nãoacreditavam que

isso fosse possível, foi o sacerdoteque disse: “Sim, ele pode serpadre”. Foi uma surpresa. AE - É fácil ser cristão na Guiné-Conacri?RS - Não, porque o meu país émaioritariamente muçulmano, pelomenos 73% da população émuçulmana. 12% é animista. Apenas3, 4% da população é católica e oambiente nem sempre é favorável.Devo dizer, ainda assim, que tanto oIslão como o animismo tiveramsempre boas relações com oscatólicos, relações que nosestimulam a colocar Deus na nossavida, no nosso trabalho, nas nossasrelações. Na Guiné, a palavra Deusestá sempre em primeiro lugar, porisso, apesar destas diferenças decredo, há boas relações entre nós.

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AE - Por vezes, esteve mesmo emperigo…RS - Sim, corri perigo do ponto devista político mas Deus não permiteque sejamos atingidos. Em abril de1984, o Governo revolucionário daépoca [ditadura militar de LansanaConté, após a morte de SékouTouré, ndr], com outras pessoas,decidiu eliminar-nos, mas felizmenteDeus não o permitiu, porque quemqueria matar-nos acabou pormorrer, durante uma operação. Apessoa que nos deveria

prender caiu, magoou-se numaperna, foi levada para fora da Guinépara ser tratada e foi assim queescapamos. AE - Foi um sinal de Deus?RS - Foi um sinal de Deus, que medisse: “Eu protejo-te”. Eu não fiznada, tudo o que fiz na vida foi feitopor Deus, tudo aquilo em que metornei, foi Deus que o fez. Eu sounatural de uma pequena aldeia, deuma pequena família, somos apenastrês, sou filho único. Deus tomoueste filho para o

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levar ao seminário, ele tornou-sepadre, bispo, cardeal… Tudo issofoi Deus que o fez, eu apenas fuidócil ao que Ele quis fazer de mim. AE - A Igreja Católica está a crescerem África, onde tem caraterísticaspróprias. É uma lição para aEuropa?RS - Efetivamente, a Igreja cresceem África e é uma graça de Deus.Há um século, em 1900, havia só 2milhões de católicos; hoje somos200 milhões. É um crescimentoextraordinário, com muitas vocaçõesà vida religiosa e sacerdotal, muitasconversões. Apesar da pobreza, dasdoenças, da guerra, a Igreja cresce.Isso é um dom, uma graça de Deus.Não temos lições a dar à Europa, oque temos ao nosso dispor é o queDeus realizou em África. Sei queDeus realiza sempre coisasmagníficas com os pobres, com osque não têm nada, os que não sãonada. Não temos lições a dar aoOcidente, mas penso que este podeolhar à sua volta, para a Ásia, aÁfrica, para ver como é que estescontinentes respondem aoEvangelho, respondem ao apelo deDeus, e, talvez, voltar à sua féoriginal.

AE - Fala-se numa crise de Deus nomundo ocidental. Qual é o papeldos cristãos neste cenário?RS - Têm a missão de sertestemunhas, de manifestar a fé quetêm Deus, pelo qual vivemos e nosmovemos. Sem Deus, nãosaberíamos para onde ir, quemsomos, porque fomos criados àimagem e semelhança de Deus, Eleguia-nos, respeitando a nossaliberdade. Se nos separarmos deDeus, é como uma árvore semraízes, morre. Se o rio não tiver umanascente que o alimente, ele seca,já não tem água.O homem não pode ter a pretensãode dispensar Deus sem correr orisco de morrer e de desaparecer,pela violência que ele próprio cria,as guerras, todas as situações deconflito, de barbárie. Foi o homemque criou tudo isso, porque virou ascostas a Deus, porque pensamosque somos autónomos,independentes, que podemos fazertudo o que queremos.O cristão tem o dever, sem impor asua fé a ninguém, de manifestar queDeus tem um lugar importante nasua vida.

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AE - Relativamente ao seu trabalhono dicastério para a Liturgia, o queé que podemos esperar em termosde mudanças?RS - O trabalho mais importante queestamos a fazer hoje são astraduções do Missal Romano emvárias línguas. De momento, estáapenas terminada e aprovada atradução em língua inglesa, emvigor há mais de três anos. Alinguagem da Liturgia, naturalmente,é uma linguagem sagrada, não é alinguagem que utilizamos nummercado. Mesmo que queiramosfacilitar a compreensão, é precisomanter a sacralidade da Palavra deDeus, é preciso manter a suabeleza. A Liturgia tem de ser bela,tem de ser silenciosa, nãobarulhenta.Esse é o trabalho que procuramosfazer, que a Liturgia sejaverdadeiramente um encontro, facea face, pessoal, com Deus. Se aLiturgia não me coloca diante deDeus, se não me permite encontrar-me com Ele, não permite crescer nafé.A Liturgia não é feita para mim, éfeita para Deus, a fim de que Deusse revele e eu o possa conhecer.Portanto, é um ato de obediência:quando Deus me fala, quando meordena algo, tenho de fazê-lo, por

amor e por obediência a Ele. Nãosou eu que tenho de inventar aLiturgia, não sou eu que a tenho decriar, mas tenho de entrar naquiloque a Igreja sempre viveu, desde osprimeiros séculos. AE - Pode dizer-se que a Liturgiaperdeu a sua sacralidade nalgunsmomentos?RS - Penso que alguns têm aimpressão de que é precisobanalizar a Liturgia, é precisocoloca-la ao nível das pessoas, queseja compreensível. É verdade quetemos de fazer que todoscompreendam o que fazem durantea Missa, mas isso não deveacontecer em detrimento dasacralidade, do mistério. Se euentrar no mistério, ele leva-me paraa intimidade de Deus. AE - No recente Sínodo dos Bispossobre a família houve um grandedebate sobre a situação doscatólicos divorciados, a suaintegração nas comunidades. Comoé que viu esta discussão?RS - A missão da Igreja é revelar opensamento de Deus sobre omatrimónio, a família, a pessoahumana. O pensamento da Igrejanão é inventar coisas, mas revelar

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o que Deus pensa. Por isso, aIgreja não pode inventar, parafazer bem ao homem devedizer-lhe: Isto é o que Deuspensa, é bom para ti. Isso nãosignifica que a Igreja não sedeva interessar, estar próximade quem vive situaçõesdifíceis, como por exemplo osdivorciados que voltaram acasar. Como ajudá-los?Primeiro, promover areconciliação, se for possível.Se isso não puder acontecer,ajudá-los a praticar a sua fé, air à Missa, a ensinar acatequese aos filhos.Naturalmente, não poderãoparticipar no Sacramento daEucaristia, porque não estãona disposição necessária paracomungar, mas poderãoperfeitamente estar nacomunidade, participar na vidacomunitária, na organizaçãoda paróquia.

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AE - Aqui, em Portugal, estamos a caminharpara o Centenário dasAparições. Como vê a mensagem de Fátima? RS - A mensagem de Fátima é tão clara, tão benéficapara a humanidade e para a Igreja,que penso que este centenário vaidespertar em nós essa mensagemda Virgem Maria que pedeconversão, que nos pede sacrifícios.É tão válida como há um século. Ohomem tem necessidade de rompercom o pecado, converter-se, voltarpara Deus, rezar pela suaconversão, fazer sacrifícios para asua purificação, pela purificação domundo. Espero que Nossa Senhoradesperte a Igreja, a humanidade,para a sua mensagem.

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AE - Como antigo presidente doConselho Pontifício ‘Cor Unum’[organismo da Santa Sé quecoordena as atividades dasorganizações caritativas], qual é asua opinião sobre o novo secretário-geral da ONU, António Guterres?RS - É um grande privilégio, umagrande honra para Portugal poderdar o seu contributo ao mundo dehoje, para que este não sepreocupe apenas com o sucessomaterial mas também com osucesso interior. Um sucessoespiritual.Portugal levou sempre o Evangelhoa todo o mundo, em particular àAmérica Latina. Esta função étambém uma ocasião para quePortugal fale dos seus valores, faleda sua fé, para dizer que conservaa sua identidade católica, os seusvalores católicos, universais, e quevai combater para proteger afamília, proteger a vida, a dignidadeda pessoa humana. Penso que écapaz disso.Penso também que é bom queAntónio Guterres diga que é cristão,que não tenha qualquer vergonhade ser cristão, pelo contrário. Semimpor a sua fé a ninguém, semjulgar-se superior, mas afirmandoclaramente que acredita em Deus eque acredita no valor que Deus nosdeu para sermos felizes, humana eespiritualmente.

AE - Uma das questõeshumanitárias mais prementes é ados refugiados que chegam àEuropa. Como vê esta situação?RS - O Ocidente não pode julgar-seinocente em relação ao que sepassa hoje. Se há refugiados, issodeve-se, em boa parte, ao Ocidente,que destruiu o Iraque, a Líbia…Quem apoia hoje a rebelião síriacontra o Governo estabelecido?O Ocidente não pode dizer que estáinocente do caos que se gerou ànossa volta. Naturalmente, eudesejaria uma solução para osrefugiados na sua terra. Ninguémvai para o estrangeiro se puder tertrabalho, do quê viver, tranquilidade,paz. Mas se há guerra, é claro queas pessoas vão fugir. E quem faz aguerra? Quem fabrica as armas,quem dá as armas a quem não temdinheiro para as pagar? Por quêmotivo?Nós somos todos responsáveis poresta situação, principalmente oOcidente.

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Teólogos portuguesesna Feira do Livro de Frankfurt

A Paulus Editora está a participar naFeira do Livro de Frankfurt(Alemanha), onde disponibiliza aopúblico cerca de duas dezenas detítulos de autores portugueses atéeste domingo. Num comunicadoenviado à Agência ECCLESIA, aeditora católica explica que daspropostas

no certame internacional livreirodestacam-se obras em vista aoCentenário das Aparições deFátima, em 2017, a coleçãoClássicos da Literatura EspiritualPortuguesa e os novos títulos dacoleção “para crentes e nãocrentes”.A Teologia portuguesa “continua

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a ser uma das bandeiras” e é umadas apostas do catálogo para oevento que termina este domingo nacidade alemã. O nome de frei IsidroLamelas com ‘As origens doCristianismo’ e o do padre RenatoOliveira com ‘Os Milagres comoEvangelho’ chegam ao mercadointernacional pela Paulus, bemcomo, os “grandes temas daatualidade social” que são uma“preocupação” editorial com livroscomo ‘Cuidados Paliativos’ e ‘EDeus fez-Se célula’, “sobre omistério da Encarnação e a origemda vida à luz da fé”.A Feira do Livro de Frankfurtcomeçou esta quarta-feira e odiretor editorial da Paulus, o padreJosé Carlos Nunes, é orepresentante da editora no seurenovado stand internacional, “comexpressão em 41 países dos cincocontinentes”. “Para além das

novidades, a PAULUS Editoracontinua a apostar nos seus autoresde referência”, explica o sacerdotedestacando também os novos livrosde José Luís Nunes Martins e deMaria Stella Salvador.Para o também superior regional daSociedade de São Paulo (Paulistas)“tudo leva a crer” que a temáticaentre a arte e a fé vai ter “uma boaaceitação junto dos mercadosinternacionais” e o stand apresenta‘Imagens da Fé’, do bispo coadjutorde Beja D. João Marcos, e ‘SacraPagina’ do historiador Luís Correiade Sousa.A Feira do Livro de Frankfurt, naAlemanha, termina este domingo e opadre José Carlos Nunes espera“um bom acolhimento das obras”,dando continuidade aos anosanteriores, onde a Paulus Editora“tem conseguido vender direitospara diversos países”.

O livro “O amor é contagioso”, com intervenções do Papa Francisco,acaba de chegar às livrarias portuguesas, uma obra que sublinha apromoção da justiça como uma missão que deve congregar todas aspessoas. “Não basta evitar a injustiça, se não se promove a justiça”,escreve o Papa argentino, sublinhando que “cada ato tem umaconsequência e até o mais pequeno vestígio de injustiça e de maldadepode ser uma ameaça para o mundo”.A Editora Nascente, responsável pela distribuição da obra em Portugal,realça “os insistentes apelos de Francisco em defesa da dignidade e dosdireitos humanos”, temas centrais deste livro.

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A Terra Tremehttp://www.aterratreme.pt/

No passado dia 13 de outubro todosfomos chamados a participar noexercício nacional “A Terra Treme”.Esta iniciativa, “promovida pelaAutoridade Nacional de ProteçãoCivil teve a duração de apenas 1minuto e procurou chamar aatenção para o risco sísmico e paraa importância de comportamentossimples que os cidadãos devemadotar em caso de sismo, mas quepodem salvar vidas”. De facto,“muitas zonas do globo sãopropensas a sismos e Portugaltambém é um território suscetível,com zonas particularmentesensíveis a este risco”. Assim, estasemana proponho que visitemos oespaço virtual inteiramentededicado a este projeto.Ao digitarmos o endereço

www.aterratreme.pt encontramos umambiente graficamente agradável eque, apesar de simples, possuitodos os elementos essenciais paramelhor nos prepararmos para estascatástrofes naturais.Na página principal já podemos veralgumas imagens do que foi esteexercício, quantos foram osparticipantes e ainda o pequeno esquema dos três gestos (baixar,proteger e aguardar).Em “o exercício” dispomos de umresumo do que é pretendido comeste exercício público de cidadaniano âmbito do risco sísmico.No item “antes, durante e depois”entramos no espaço principal. Aquificamos a saber o que é precisofazer antes, o que devermos fazerdurante, quer nos encontremos numedifício

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ou na rua e o que fazer depoisde um sismo. Temos ainda umtutorial em sete pequenos passosque nos orientarão em caso deocorrência deste tipo de fenómenos.Em “recursos” temos um conjuntoenorme de conteúdos que nosajudarão a melhor preparar edifundir esta iniciativa. Desdecartazes a imagens, vídeos eapresentações são de factorecursos que pretendem ajudar aformar mais e melhor a sociedade.Por último em “infantil” entramosnum espaço completamentediferente, direi mesmo que é um

“pequeno sítio” dentro dogrande sítio. Isto porque é dadauma nova roupagem aos conteúdosapresentados no espaço principal emesmo em termos gráficos este seajusta perfeitamente ao públicoinfantil a que se destina.Fica então lançada a sugestão paraque visitem este sítio, porque “nóspodemos estar em qualquer ladoquando começar um sismo: emcasa,na escola, no trabalho oumesmo de férias”, portanto o melhoré estarmos preparados.

Fernando Cassola [email protected]

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II Concílio do Vaticano: Missionarpara além dos territórios geográficos

A celebração, no próximo domingo, da jornadamissionária leva-nos a olhar para o II Concílio doVaticano (1962-65) e para os documentos anterioresa esta assembleia magna realizada na Basílica de SãoPedro (Vaticano). Como preparação do «Ad Gentes»do II Concílio do Vaticano já tinham aparecidoimportantes documentos sobre a «Res Missionaria»,entre eles as encíclicas de Pio XI «Rerum Ecclesiae»(1926); de Pio XII a «Evangelii Praecones» (1951) e a«Fidei Donum» (1957); de João XXIII a «PrincepsPastorum» (1959), todas elas citadas no «AdGentes». Após aquela assembleia convocada peloPapa João XXIII, a «Evangelii Nuntiandi» (1975) dePaulo VI e a «Redemptoris Missio» (1990) de JoãoPaulo II deixaram também as suas marcas no seio daIgreja.Na época dos descobrimentos, onde os portuguesestiveram um papel fulcral, abriram-se novos mundos aomundo e a atividade missionária foi intensa, levada acabo pelas diversas igrejas cristãs que se implantaramem diversas partes de África, Ásia, Oceânia eAmérica. Papel relevante tiveram as famílias religiosasjá existentes e outras que nasceram como foi o casoda Companhia de Jesus que se virou mais para oOriente e para a América Latina. Nesta primeiraglobalização, “os poderes políticos e eclesiásticosatuavam fortemente ligados do que resultou a criaçãodos padroados de Portugal e Espanha, subordinadosàs duas coroas” (In: Manuel Augusto Rodrigues;«Correio de Coimbra» 17 de outubro de 2013).

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Com o aparecimento dacongregação «De PropagandaFide», em 1622 (hojeCongregação para aEvangelização dos Povos comvárias obras pontifícias a elaagregadas) constituiu a primeiraafirmação do poder papal.Se nos séculos passados asmissões desempenharam umpapel essencial na evangelizaçãodos povos e na divulgação doEvangelho, hoje, em pleno séculoXXI os missionários devem ser osverdadeiros protagonistas nestemundo global. Como realça oPapa Francisco, “a fé é um domprecioso de Deus que abre anossa mente a fim de opodermos conhecer e amar”. A féexige que “seja ouvida e que selhe dê resposta, é um dom quenão se guarda individualmentemas deve ser partilhado”. Casocontrário, “os cristãos tornam-seisolados, estéreis e doentes”,lamentou o papa argentino.A missionação não é apenasquestão de territóriosgeográficos, mas de povos, deculturas e de pessoas singulares,porque os «confins» da fé nãoatravessam só lugares etradições humanas, mas ocoração de cada homem e decada mulher.

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outubro 201622 de outubro. Portalegre – Abrantes - Enviodiocesano de catequistas . Lisboa - Ordem dos Arquitectos(Auditório Nuno Teotónio Pereira) –A II jornada de liturgia, arte earquitetura realiza-se no auditórioda Ordem dos Arquitetos, emLisboa, e tem como tema «A igrejana cidade». . Guarda – Sé - Aniversário dadedicação da Sé da Guarda. . Porto - Casa do Vilar - A cidade doPorto acolhe, dias 22 e 23 destemês, o II Encontro internacional deConfrarias e Irmandades de SãoTelmo que pretendem elaborar umdocumento onde fique ratificado oapoio ao “processo de canonização”desta figura da Igreja. . Lisboa - Paróquia da Ramada - AParóquia da Ramada, em Lisboa,vai acolher, dias 22 e 23 deste mêsum Fórum das Missões com apresença de vários missionários nasdiversas paróquias da vigararia deLoures/Odivelas.

. Braga - Guimarães (junto aoMosteiro de S. Torcato) - FeiraMissionária para ajudar alunoscarenciados naÍndia dinamizada pelos «Amigos doVerbo Divino» e o grupo «Diálogos» . Fátima - Seminário do Verbo Divino- As jornadas nacionais de PastoralFamiliar querem desafiar osresponsáveis da Igreja Católica amotivar as famílias para que estasvivam o seu amor e a vitalidade doEvangelho na sociedade atual. (dias22 e 23 de outubro) . Lisboa - Fundação CalousteGulbenkian - A Comissão NacionalJustiça e Paz (CNJP) organiza umaconferência, na Fundação CalousteGulbenkian, em Lisboa, sobre«Sistema fiscal e justiça social». . Porto - sede da AssociaçãoCatólica (Rua Passos Manuel, nº34), 09h30 - A Associação «CampoAberto», em parceria com o jornal«Voz Portucalense» realiza, noPorto, um encontro sobre a encíclica«Laudato Si» numa perspetivaecuménica.

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. Guarda - Centro Apostólico D.João de Oliveira Matos, 09h30 - OMovimento da Mensagem de Fátimada Diocese da Guarda organiza, noCentro Apostólico D. João OliveiraMatos, umas jornadas marianassobre «Eu vim para que tenhamvida». . Lisboa - Pavilhão doConhecimento, 10h00 - O CorpoNacional de Escutas (CNE)organiza, em Lisboa, um semináriosobre «Identidades Juvenis:Sociabilidades, Performatividades,Valores» . Aveiro – CUFC, 10h30 - Sessãode esclarecimento sobrevoluntariado missionário . Viana do Castelo, 14h30 - Noâmbito de um projeto de RoteiroTurístico-Religioso da cidade deViana do Castelo realiza-se umpercurso guiado que inclui, além doSantuário de Nossa Senhora daAgonia, as igrejas de S. Domingos,Sé Catedral, Misericórdia,Congregação da Caridade e Ordemdo Carmo. . Évora – Elvas, 17h00 - Celebraçãodos 750 anos da fundação doConvento de Nossa Senhora dosMártires (Elvas) presidida por D.José Alves.. Lisboa - Igreja Matriz de Oeiras,21h30 - Recital de órgão e trompeteintegrado no ciclo de concertos demisericórdia

23 de outubro. Guarda – Sé - A Diocese daGuarda vai ter um novo diácono edois novos leitores,. . Açores - Ilha Terceira - Jubileu doscatequistas presidido por D. JoãoLavrador, bispo de Angra . Setúbal - Casa de Santa Ana,10h00 - Primeiro encontro pósJornada Mundial da Juventude (JMJ)promovido pelo Secretariado daPastoral Juvenil da Diocese deSetúbal. . Leiria - Amor (Colégio Dinis deMelo), 15h00 - O selecionadornacional de futebol, FernandoSantos e a sua esposa, vão falar,sobre «sociedade, família e Igreja»,em Amor, Diocese de Leiria. . Aveiro, 16h00 - Colóquio econcerto na Igreja do Senhor Jesusdas Barrocas integrado nacelebração do Dia Nacional dosBens Culturais 24 de outubro. Alemanha - Bad Staffelstein - Acidade alemã Bad Staffelstein vaiacolher, de 24 a 28 deste mês, oencontro pastoral das missões deLíngua Portuguesa na Europa

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Sábado, dia 22, «A igreja na cidade» é tema para a II

Jornada de Liturgia, Arte e Arquitetura que decorre noauditório da Sede Nacional da Ordem dos Arquitetos.A presença da igreja paroquial como elementoagregador dos moradores na cidade que seestruturava em paróquias e freguesias, e o novo lugardo cidadão na cidade que mudou também relação daIgreja com o espaço urbano. Também no sábado, a Comissão Nacional Justiça ePaz organiza uma conferência, na Fundação CalousteGulbenkian, em Lisboa, sobre «Sistema fiscal e justiçasocial». Em debate: “O sistema fiscal na DoutrinaSocial da Igreja”; “Sistema fiscal e justiça social”; “Aética e os impostos” e “O que é uma tributação justa?”. Ainda no dia 22, no Pavilhão do Conhecimento emLisboa, o Corpo Nacional de Escutas organiza, umseminário sobre «Identidades Juvenis: Sociabilidades,Performatividades, Valores». Esta atividade do CNE,em parceria com a Faculdade de Teologia daUniversidade Católica Portuguesa, vai abordar váriastemáticas dirigidas a todos os que se dedicam aacompanhar e educar os jovens. Domingo, 23 de outubro, ocorre o 90º Dia Mundial dasMissões. "Igreja missionária, testemunha demisericórdia" dá tema à mensagem do Papa Franciscopara este dia. Dia 25, no Hotel LuxFátimaem Fátima, tem lugar umaConferência sobre: «Política, guerra, sociedade eeconomia» por José Miguel Sardica e integrada nociclo "Conversas de Fátima: Portugal 1917 - Estado,Sociedade - Razão e Fé" promovido pela sociedadecivil.

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 13h00Domingo, 23 outubro -Calcutá: a Santa dosúltimos Segunda-feira, dia 24, 15h00 - Entrevista a Helena ÁguedaMarujo sobre a SemanaNacional da Educação Cristã Terça-feira, dia 25, 15h00 - Informação e entrevista JoséLuís Nunes Martins sobre olivro "O Rosário para crentese para não-crentes" Quarta-feira, dia 26, 15h00 - Informação e entrevistaao padre João Lourenço sobre os 30 anos doencontro interreligioso em Assis Quinta-feira, dia 27, 15h00 -Informação e entrevistaa Elisa Urbano e Fernando Moite sobre a SemanaNacional da Educação Cristã. Sexta-feira, dia 28, 15h00 - Análise à liturgia dedomingo com o padre Robson Cruz e o padre VitorGonçalves Antena 1Domingo, dia 23 de outubro - 06h00 - A festa dascolheitas em Escariz de São Martinho, em Vila Verde,diocese de Braga Segunda a sexta-feira, dias 24 a 28 de outubro - 22h45 - Pastoral Juvenil: a realidade e os desafios

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Ano C – 30.º Domingo do TempoComum Que atitudetomar face aDeus?

No Evangelho deste trigésimo domingo do tempocomum, Jesus apresenta-nos a parábola do fariseu edo publicano, apontando duas atitudes orantes que ocrente deve assumir face a Deus. Recusa a atitudedos orgulhosos e autossuficientes, convencidos deque a salvação é o resultado natural dos seus méritos;e propõe a atitude humilde de um pecador, que seapresenta diante de Deus de mãos vazias, masdisposto a acolher o dom de Deus. É essa atitude depobre que Lucas propõe aos crentes do seu tempo ede todos os tempos.Este fariseu é vilão, nada simpático, olhando apenaspara os seus méritos, tomando-se como modelo devirtudes. Este publicano é um exemplo de humildade,que não se coloca à frente, mas baixa os olhos ereconhece-se pecador.Mas não andemos demasiado depressa nos nossosjuízos. O fariseu é um homem profundamentereligioso, habitado pela preocupação em obedecer àLei de Deus. Vai ao templo para rezar, a fé absorvetoda a sua vida de ação de graças. Jesus não haviadito «aquele que violar um dos mais pequenospreceitos da Lei será tido como o mais pequeno noReino»?O publicano, ao contrário, é um homem a nãofrequentar. Fica à distância, porque lhe é proibidoentrar no templo. É um colaborador dos romanos,contaminado pela impureza dos pagãos, éconsiderado pecador, como Zaqueu. O fariseu tem umsentimento de desprezo para com este publicano quetodo o mundo detesta. O próprio Jesus havia dito: «Seo teu irmão pecar e recusar escutar a comunidade,seja para ti como o pagão e o publicano».Sabendo isso, somos certamente provocados pelapalavra de Jesus: «Quando o publicano voltou a casa,foi ele que se tornou justo e não o fariseu».

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Procuremos ler atentamente aparábola. O centro da mensagemnão é o fariseu nem o publicano,mas Deus. Deus deu a Lei a Moisés,mas nunca disse que Se identificavapura e simplesmente com ospreceitos jurídicos. Com os profetas,vemos que Deus só quer amar oseu povo. É esse traço do rostomisericordioso de Deus Pai queJesus veio não somente privilegiar,mas colocar à frente de todos osoutros aspetos.A primeira leitura ajuda-nos ameditar no mesmo sentido, ao dizerque Deus não faz aceção depessoas

nem favorece ninguém, salvo se háprejuízo do pobre e oprimido, se hádesprezo do órfão e da viúva. É umDeus que nunca desiste de nós.Que seja também essa a nossaatitude face a Deus, à maneira dopublicano, de humildes adoradoresdo Senhor, para que a oração nospurifique e atravesse as nuvens atéDeus, que nos ama com infinitamisericórdia e derrama o seu amornos nossos corações.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Francisco visitou Aldeia SOS

O Papa fez uma visita surpresa auma ‘Aldeia SOS’ para crianças naregião de Roma, no âmbito daschamadas “sextas-feiras damisericórdia” do ano santoextraordinário, anunciou o Vaticano.As casas, na zona de Boccea,acolhem menores sinalizados pelosServiços Sociais e os Tribunais.Na ‘Aldeia SOS’ há cinco casas,

cada uma com o máximo de seiscrianças menores de 12 anos,acompanhadas por umaresponsável, uma ‘Mãe SOS’. Osmeninos e meninas, acompanhadospelo pessoal do centro, mostraramao Papa as zonas verdes ao seudispor, com um campo de futebol eum parque infantil.

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Francisco passou depois pelosquartos das crianças, para ver osseus brinquedos e ouvir as suashistórias, antes de lanchar comtodos.Desde janeiro deste ano, o pontíficeargentino tem realizadomensalmente uma visita surpresacomo gesto de misericórdia, no anosanto extraordinário, e já visitou umcentro para idosos e doentes emestado vegetativo; uma comunidadede toxicodependentes; um centro deacolhimento para refugiados, naQuinta-feira Santa; refugiados nailha grega de Lesbos; pessoas comdeficiências mentais graves, padresidosos e em sofrimento em duascomunidades em Roma. Em julho,

durante a visita pastoral à Polónia, oPapa fez uma oração silenciosa noscampos de concentração nazis deAuschwitz-Birkenau e esteve comcrianças no hospital pediátrico deCracóvia.Já em agosto, Francisco visitou aComunidade Papa João XXIII, ondeconversou com 20 mulheres devárias nacionalidades que foram“libertadas de redes deprostituição”, explicou a Santa Sé. A16 de setembro, o Papa passoupelo serviço de neonatologia doHospital San Giovanni de Roma,seguindo depois para a ‘VillaSperanza’, unidade que acolhe 30doentes terminais.

O Jubileu da Misericórdia (dezembro 2015-novembro 2016) já levou aoVaticano cerca de 18 milhões de peregrinos, segundo os últimosdados revelados pela Santa Sé.O número avançado pela Rádio Vaticano, a pouco mais de um mês doencerramento do Ano Santo extraordinário, baseia-se no total dos“peregrinos que se registaram online para as celebrações jubilares epara atravessar a Porta Santa” da Basílica de São Pedro.Segundo o serviço informativo da Santa Sé, para “o aumento” daafluência dos peregrinos a Roma, nas últimas semanas, contribuírameventos como “a canonização de sete novos santos”, no dia 16 deoutubro. Outras iniciativas que contribuíram para o sucesso do Jubileuda Misericórdia foram a canonização de Madre Teresa de Calcutá, nodia 04 de setembro, a exposição dos corpos do padre Pio dePietralcina e de São Leopoldo Mandic; e as audiências extraordináriasdo Papa Francisco, integradas no jubileu, uma vez por mês ao sábado.

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Diocese de Manono, na República Democrática doCongo

“Ninguém nos visita”Na história deste paísassombrado pela guerra, há umacidade que parece ser hoje terrade ninguém, como se fosse umlugar fantasma. Em Manonovivem pessoas que estão comoque exiladas na própria terra. Apobreza é chocante e interpela-nos. É preciso fazer algumacoisa… Christine du Coudray, chefe dedepartamento de projectos daFundação AIS, visitou a RepúblicaDemocrática do Congo e ainda estáem estado de choque. Neste país,as marcas da guerra estão por todoo lado, como se fossem um aviso,uma ameaça. A violência, nestaregião de África, é uma históriaantiga. Na base de tudo está ariqueza imensa do subsolo e asprofundas rivalidades étnicas. Nosúltimos vinte anos morreram mais decinco milhões de pessoas nestepaís por causa da guerra.A responsável pelos projectos daAIS visitou a diocese de Manono.Esta cidade foi idealizada nostempos coloniais. Os belgasdescobriram a riqueza que seesconde no subsolo desta região edecidiram criar uma empresa deextracção de minérios.

Por causa disso nasceu uma cidadeque ainda hoje é recordada pelaexcentricidade de bem-estar queoferecia para os padrões de Áfricana época. As casas tinham água eluz eléctrica, havia escolas e centrosde saúde e estradas. Ainda hoje,vista dos céus, Manono parece terpreservado a promessa defelicidades desses tempos. Masquando se caminha pelas ruas,quando se repara nos destroçosdas casas, percebe-se bem adimensão da tragédia. “Vista deperto, é uma cidade fantasma. Tudofoi destruído pela guerra, em 1999.Só sobraram ruínas”, explicaChristine. Pobre país ricoQuando Christine du Coudray seencontrou com o Bispo de Manono,D. Vicente de Paulo, ele acolheu-adizendo: “Bem-vinda. Ninguém nosvisita, a não serem vocês.” Pior doque a pobreza que espreita nasruas, é a sensação de que tudo issoé inevitável por causa da guerra e aguerra é inevitável por causa dariqueza que se esconde debaixo daterra. É uma aparente contradição.Por causa do ouro, estanho, coltane tungsténio,

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o país sucumbiu. A cobiça alimentougrupos armados. Os conflitosabriram caminho à violência, àspopulações em fuga. A Igreja deManono é o retrato do país. QuandoD. Vicente chegou, a diocese estavasem bispo há 5 anos. Era precisorecomeçar. Hoje, aos poucos, hásinais de esperança. Em setembroforam ordenados dois diáconos edois sacerdotes. Na diocese deManono, a ajuda prestada atravésdos benfeitores e amigosda Fundação AIS tem feito toda adiferença. É preciso e urgenteajudar o bispo a reconstruir igrejase

capelas, a fazer renascer das ruínasos seminários e enchê-los dejovens. É fundamental quecontinuemos todos a ter presente,nas nossas orações, asnecessidades da igreja deste paísafricano. Como dizia o Arcebispo deBukavu, D. François-XavierRusengo, que visitou o nosso paísem 2013, a convite da AIS: “Deusescuta as orações de todos, muitomais escutará as dos portuguesespela intercessão da Virgem deFátima”.

Paulo Aidowww.fundacao-ais.pt

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Vidas com 150 anos de Missão

Tony Neves Espiritano

O Dia Mundial das Missões, celebrado a 23 deOutubro, recorda a todos uma ideia que o PapaFrancisco tem repetido à saciedade: a Igreja ou émissionária ou não é a Igreja de Cristo. Sim,temos de ser Igreja em saída, na direcção dasperiferias e margens onde estão (e não deveriamestar!) irmãos nossos, excluídos, postos ámargem.Neste dia, queria partilhar a alegria que sentinestes últimos tempos com a celebração dasbodas de ouros sacerdotais de três Espiritanos,ordenados no ano centenário da chegada dosEspiritanos a Angola: 1966. São eles os PadresManuel Durães, Veríssimo Teles e Manuel Viana.Foram e são missionários da lusofonia: Portugal,Angola, Cabo Verde e Brasil foram ou são assuas terras de Missão.O P. Manuel Durães Barbosa, natural deBarcelos, tem um percurso missionário muitoportuguês. Formado em Roma, foi nomeado paraformador de futuros Missionários, sendo diretorde diversos Seminários Espiritanos e tambémprofessor na Universidade Católica. Foi SuperiorProvincial de Portugal, entre 1982 e 1988. Além-fronteiras, trabalhou em Cabo Frio, nas periferiasdo Rio de Janeiro, entre 1989 e 1991. Foi diretornacional das Obras Missionárias Pontifícias etrabalhou no cuidado pastoral da comunidadefrancófona em Lisboa, como reitor de S. Luís dosFranceses. Hoje, é parte da comunidade queanima o CESM (Centro de EspiritualidadeEspiritana), em Barcelos.O P. Veríssimo Teles, natural de Bragança, tevecomo primeira Missão Cabo Verde, onde

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trabalhou até 1972. Este ‘primeiroamor’ acabou por marcar acontinuação do seu trabalhomissionário em Portugal: em Lisboa,trabalhou muito de perto com osimigrantes, sobretudo africanos,grande parte oriundos das ilhas deCabo Verde. Foi como capelão dosimigrantes africanos e foi diretordo CEPAC (de apoio a imigrantes).Em Portugal, trabalhou ainda naformação, animação missionária evocacional e administraçãoprovincial. Foi o primeiro pároco deNossa Senhora da Conceição daAbóboda, no interior de Cascais.Hoje, integra a comunidadeespiritana de Braga.O P. Manuel Viana foi ordenado epartiu para Angola, onde aindapermanece. Começou por trabalharno seminário de Luanda, mas,alguns anos depois, partiu paraMalanje, onde trabalhou mais de 30anos.

Nem a violência dos conflitos odemoveu. A primeira metade dadécada de 90 foi particularmentesangrenta naquela região. O “paiViana” – como ainda hoje écarinhosamente conhecido – fez opossível e o impossível para ajudara população. Chegou a acolherperto de um milhar de crianças namissão. Em Malanje, foi VigárioGeral da Diocese durante muitosanos. Hoje, trabalha na missão deKalandula, na mesma diocese.No início das celebrações do jubileudos 150 anos de presença emPortugal, três espiritanosportugueses celebraram o seujubileu de 50 anos de sacerdócio.Três vezes cinquenta dá cento ecinquenta. Três itineráriosdiferentes, mas a mesma missão.Uma longa história, mas umcompromisso sempre novo e atual. AMissão continua.

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