A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

16

Transcript of A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

Page 1: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.
Page 2: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

A história de

Maria Benguela e Pascoal

Autora e ilustradora – Kathy Silva

Page 3: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

Era uma vez a Maria Benguela, que era uma menina preta, tão preta

como o café, preta, preta como a tinta da china.

Preta e bonita como a noite mais escura.

Page 4: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

Era uma vez o Pascoal, que era um menino

branco, tão branco como a cal da parede. Branco

como as pombas tão brancas. Como as

chaminés das casas pintadas de novo.

Page 5: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

O Pascoal não tinha muitos amigos com quem pudesse brincar.

Tinha bonecos de trapo, que a mãe cosia, com restinhos de pano

que costumava arranjar.

Page 6: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

Maria Benguela tinha alguns amigos. Mas já eram crescidos e

iam trabalhar. Mas o que ela queria era uma amigo como ela.

Assim pequenino, com quem pudesse brincar. Mas onde

encontrar?

Page 7: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

Um dia o Pascoal, cansado de brincar com meninos de pano que

não sabiam falar, atirou-os para o canto e foi procurar. Queria um

amigo de verdade!

Page 8: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

E Maria Benguela de olhos

tão pretos, como o carvão da

lareira que faz o pau para

escrever, pôs-se à porta de

casa, à espreita com os olhos

esperando, talvez, um amigo

encontrar.

Page 9: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

Calhou a mãe do Pascoal precisar de

café para o jantar e pedir ao seu filho

que descesse a rua, olhasse os sinais e

o fosse comprar. Um quilograma devia

bastar.

Page 10: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

E quando descia a rua Pascoal

parou. Uma menina de tranças,

mais tranças, trancinhas virou a

cabeça e com ele falou.

Page 11: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

-Que pele tão branca tu tens da

cor dos meus dentes e das palmas

das mãos que batem contentes. E

que bonita és tu da cor do café

que vou agora comprar, da cor

dos caracóis dos meus cabelos,

da cor das meninas de todos os

olhos.

E Pascoal deixou-se estar a

brincar com a amiga que acabara

de encontrar.

Page 12: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

Foi quando se lembrou do recado que a mãe lhe mandara

fazer. Pegou Benguela pela mão e saiu a correr.

Page 13: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

Mas já não comprou café porque a loja fechara. Mas

Maria Benguela, da cabeça cheia de tranças e

trancinhas tirou uma ideia.

Page 14: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

Então, Pascoal chegou a casa

e disse: “Não trouxe o café que

tu me pediste, mas trouxe uma

amiga que é da cor do café e

tão linda que é, não é?”. E a

mãe sorriu.

E a Benguela sorriu. E o Pascoal sorriu.

Finalmente tinha uma amiga com quem brincar.

Uma amiga de verdade… e que tranças, trancinhas…

Page 15: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.

Depois disto tudo, Benguela seguiu para casa a pensar… Agora já

tinha um amigo, da sua idade, com quem podia crescer, falar e brincar.

Era um menino branco como os seus dentes, como o cantinho dos

olhos, como as palmas das mãos e como o açúcar docinho que estava

no meio do bolo que a sua mãe acabara de cozinhar.

Page 16: A história de Maria Benguela e Pascoal Autora e ilustradora – Kathy Silva.