8/6/2019 A História do Ceará

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A História do CearáPeríodo colonial

O fidalgo sem fidalguia...

A capitania hereditária do Ceará, presente de D. João III, ao descansado Antonio Cardoso de Barros, mais de sessenta anos abandonada. O fidalgo, nem tão fidalgo assim ignorou o precioso presente e por esse tempo não tomou a menor providência no sentido de colonizar a terra cearense.

Em 1603, Pero Coelho de Sousa obteve de Diogo de Botelho, então Governador Geral do Brasil, a paCapitão-Mor com a finalidade de colonizar a capitania do Ceará. Pero Coelho, porém acabou fugindo ccoelho assustado (desculpem o trocadilho) depois de enfrentar os índios Tabajaras que habitavam a serraIbiapaba e foi tentar melhor sorte na barra do rio Ceará, onde ergueu uma fortificação a que deu o nomeTiago. Contudo, uma terrível seca nos anos de 1605 e 1606, assustou novamente Pero Coelho e desta ve para assustar mesmo, pois muitos morreram, de fome e de sede, durante a retirada do infeliz colonizado

Os Jesuítas e os índios poliglotas...

Em 1607 chegaram os primeiros jesuítas da Companhia de Jesus. Então os padres Luis Figueira e FraPinto iniciaram o difícil trabalho de catequese dos silvícolas nas terras cearenses. Porém, nem todos os íaceitavam os estrangeiros e os tocarijus, uma das nações mais ferozes, atacaram os infelizes religiosos nemboscada na mata. Do ataque, resultou o trucidamento do Padre Francisco Pinto. O Padre Luis consegescapar. Não se sabe os motivos da violenta ação dos silvícolas, mas é justo supor que os tocarijus não vcom bons olhos a invasão do seu país e a destruição da sua cultura.

Os jesuítas, ao invés de ensinarem técnicas úteis, insistiam em ensinar, entre outras inutilidades, retór português e até latim. Quando os religiosos foram embora, os "índios poliglotas" voltaram para as mata preparados para a caça e a pesca, atividades primitivas que lhes garantiam a subsistência.

Soares Moreno não beijou a virgem dos lábios de mel... Nova ação colonizadora chega ao Ceará em 1612, chefiada pelo capitão Soares Moreno. Desembarco

na Barra do Ceará, onde já sabia existir uma fortificação, resultante da expedição de Pero Coelho de Soqual o capitão também fizera parte. Moreno, muito habilidoso e inteligente, logo fez amizade com os chindígenas. Construiu o forte de São Sebastião aproveitando as ruínas do São Tiago erguido por Pero Cotambém uma capelinha ao lado a qual chamou de Nossa Senhora do Amparo. Era o primeiro núcleo dacivilização cearense. O capitão, porém, era constantemente chamado para combater ora os franceses quinvadiam o Maranhão, ora os Holandeses que ocupavam Pernambuco e assim de uma dessas viagens anão voltando mais.

Benquisto, Soares Moreno deixou muitas saudades, tanto que foi personagem do romance Iracema, dde Alencar. A obra aliás, apesar de ser pura ficção, é, às vezes, ingenuamente, cobrada como realidade.Portanto, o bravo capitão não beijou os famosos lábios de mel da musa de Alencar.

Os teimosos holandeses no Ceará...

Em 1637 a capitania do Ceará foi invadida pelos holandeses que tomaram o Forte São Sebastião e haa bandeira holandesa. A expedição foi enviada pelo príncipe Maurício de Nassau. O forte resistiu bravamcom apenas 33 homens sob o comando do valente Bartolomeu de Brito mas, a pouca munição facilitou para os invasores. Os holandeses permaneceram em terras cearenses durante sete anos até que os índiosrevoltaram e trucidaram todos até os chefes. Prenunciava-se aí a bravura de uma raça.

Mas os holandeses voltaram no ano de 1649, com mais de trezentos homens numa expedição chefiadMatias Beck que fundou às margens do riacho Pajeú, o Forte Schoonenborch e uma vila .Os teimosos iforam finalmente banidos da capitania por Álvaro de Azevedo Barreto em 1654. O valente libertador cosobre as ruínas do Schoonenborch o Forte de Nossa Senhora da Assunção, atualmente quartel da décimmilitar.Em volta deste nasceu Fortaleza. Esta no entanto, não foi a primeira capital do Ceará, a primeira capitalAquiraz.

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A primeira vila e a primeira capital

A carta régia para a criação da primeira vila do Ceará foi datada de 13 de janeiro de 1699, mas a fundfato, foi no dia 25 de janeiro de 1700.As eleições para escolher os vereadores da câmara aconteceram noIguape, localidade próxima da sede atual do município de Aquiraz.

Os primeiros habitantes foram os índios aquirases. A vila foi denominada São José de Ribamar e tevsede transferida várias vezes. Ora para as margens do Rio Pajeú, ora para a Barra do Ceará, até se fixar finalmente, a partir de 1713, em Aquiraz , nome (atualmente grafado com "z") que significa: "gente da t Nos fins do século XVII, esse município abrigou a primeira sede do Governo do Ceará ou seja, a capitaestado.

Aquiraz, o tesouro dos jesuítas e os santos na cadeia...

Aquiraz surgiu em 1713 às margens do Rio Pacoti. Para aí se dirigiram, em 1727, os missionários daCompanhia de Jesus e fundaram um convento ou hospício. Ainda se encontra de pé, embora em ruínas,sólida parede da capela, constituída de pedras e tijolos de barro cozido, que provavelmente resistirá firmmuito tempo.Os habitantes locais, sobretudo os mais velhos, ainda hoje falam muito de um tesouro que

sido deixado enterrado pelos jesuítas durante a desastrosa fuga de 1759 quando foram expulsos do territ brasileiro por Marquês de Pombal. Alguns até hoje arriscam cavando aqui e ali quem sabe um dia...

Embora transcorridos tantos anos, Aquiraz continua a evocar o passado longínquo em quase todos odetalhes. O progresso arrasador de tradições, felizmente, ainda não se fez presente de modo decisivo. Nfugindo a regra geral das cidades coloniais, o centro do município volta-se todo para a pracinha da Matrao cair da tarde as mocinhas passeiam, fingindo sempre indiferença aos olhares cobiçosos dos outrora tírapazes locais.

Também voltado para a pracinha, encontra-se o Museu Sacro São José de Ribamar. O repositório apruma grande variedade de relíquias sacras, datando dos séculos, XVIII e XIX, principalmente pratarias imagens de santos.O mais curioso no entanto, é que o museu ocupa um velho e sólido casarão que já foiCapitania do Ceará, mas depois passou a cadeia pública. Como na época, há uns trinta anos, quase não ecriminalidade na região, acharam melhor botar, guardar era a intenção, tudo quanto era santo na cadeia.no prédio que até então era destinado a esse fim e assim nasceu o museu sacro.

Período abolicionista

A Terra da Luz

O Ceará é conhecido pelo cognome de Terra da Luz. Muita gente julga que é devido ao seu forte sol t Nada disso. Esse honroso título, dado por José do Patrocínio, se deve ao fato da então província ter aboescravatura antes do Brasil. Na verdade o povo cearense nunca gostou mesmo de escravizar os seus seme a prova disso é que muitos senhores de escravos libertaram os seus negros ainda antes de 25 de março data em que, sem dar a menor satisfação a D.Pedro II, o Ceará libertou, definitivamente, os seus escravo

Antes, porém, foram promovidas muitas campanhas abolicionistas lideradas por João Cordeiro, líder movimento abolicionista no Ceará que ao lado dos igualmente bravos Antônio Bezerra e José do Amaralutaram para libertar, pelo menos o Ceará, da vergonha da escravidão.

Os lideres sempre tiveram o apoio e o carinho do povo. No entanto, a primeira ação prática e drásticaacabar com a escravatura, foi de Francisco José do Nascimento, até então apelidado por Chico da Matild

depois seria chamado de "Dragão do Mar". Francisco José era um mercador de escravos que, depois deconvencido pelos abolicionistas, num rompante bem cearense, afirmou que nunca mais embarcaria nenhescravo para o Ceará e nem permitiria que ninguém o fizesse. Isso aconteceu em 30 de agosto de l881. Catitude do mercador, tornou-se impossível receber ou embarcar escravos no porto do Ceará. Por esse geheróico, Francisco José do Nascimento foi cognominado de "Dragão do Mar", nome que é hoje dado aum centro de cultura e a uma rádio de Fortaleza.