A Historia Tracada por um Visionario_ ed22

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revista a par22

ARCOS

Cláudia Cristina da SilvaEspecial para revista “a par”

A história de uma cidade se fazpelas pessoas que a habitam, e pelo queelas fazem pelo seu município. Viverpara contar a história de um lugar é umadádiva para cidadãos ativos que exer-ceram a cidadania em sua completude.Esse é o caso do visionário e versátilJosé Teixeira de Rezende, 79, que alémde ter sido vereador e prefeito de Arcos,foi o edificador do prédio mais alto dacidade, o “Oliveira Rezende”, fundadordo Rotary Clube de Arcos, e tambémidealizador do extinto campo de avia-ção.

Filho do pedreiro Plácido Teixeirade Rezende e de Francisca Bernardesde Melo Rezende, José Rezende nasceuem Calciolândia, distrito de Arcos, quena época era chamado de Vila SãoMiguel, no dia 04 de maio de 1926.Jose Rezende foi servente de pedreiroe sonhava, dentre outras coisas, emconstruir um grande edifício e em serprefeito de Arcos. “Muitos me critica-vam e diziam que eu morreria carregan-do concreto”, lembra.

José Rezende foi vereador de 1966a 1970. Um ano depois foi eleito pre-feito de Arcos. Na época eram doisanos de mandato, havia poucos recur-sos financeiros e o chefe do Executivorecebia um pequeno salário de 625 cru-zeiros. Ele conta que, se não fosse umaempresa de tubos de concreto que pos-suía, poderia ter passado fome com oordenado de prefeito. Seu vice eraLázaro Teixeira Arantes e corpo admi-nistrativo municipal era composto pordois secretários.

Arcos era uma cidade “jovem”, com30 anos de emancipação político-admi-nistrativa. Tinha cerca de 25 mil habi-tantes e já possuía todas as empresasque abriga hoje, com exceção da Lagose Lafarge. Um dos grandes feitos dagestão de Rezende foi a luta pela rea-tivação da CSN (Companhia Siderúr-gica Nacional). O ex-prefeito diz quefoi um trabalho em conjunto com oExecutivo, o Legislativo e a sociedadecivil, que participaram da negociaçãocom a empresa. “No início foi difícil a

comunicação com os diretores da in-dústria. Por várias vezes tive de ir aoRio de Janeiro participar de reuniõescom a superintendência da CompanhiaSiderúrgica. Depois de muitos encon-tros, a reativação da CSN foi confirma-da. A Prefeitura liberou então 80 casaspopulares na Avenida Laura Andradepara abrigar os funcionários de baixa-renda que viriam de Campo Belo, cida-de próxima que tinha uma filial daempresa.

Segundo Rezende, na última reu-nião que teve com o superintendente daCSN, em Arcos, o diretor do BancoMundial estava presente, já que a ins-tituição financiou cerca de 300 milhõesde dólares na construção da indústria.

O município, naquela época, alcan-

çou uma grande projeção, porque anotícia de progresso e desenvolvimentoeconômico se espalhava por toda a re-gião Centro-Oeste. Rezende lembra queas indústrias atraíam imigrantes e issocontribuía para uma propaganda posi-tiva da cidade. A partir daí, outrasempresas foram instaladas, como aAgrical, a Renovadora de Arcos, que naépoca gerou mais de 100 empregos, eo Posto Xodó.

Apesar dos poucos recursos finan-ceiros que a Prefeitura obtinha na épo-ca, Rezende ficou satisfeito com suagestão, que muito contribuiu para odesenvolvimento da cidade.

A obra que mais se orgulha de terviabilizado é o viaduto “Plácido Teixei-ra de Rezende”, na rua Yolando Sebas-

A história traçada porum visionário

A história traçada porum visionário

Sonhador, alegre e falante. Características que fazem de JoséRezende um cidadão arcoense cheio de estórias para contar.Por causa de uma idéia fixa, ele, que foi servente de pedreiro,conseguiu conquistar o sonho de ser prefeito de Arcos e edificaro prédio mais alto da cidade

Época em Jose Rezende (no centro) era prefeito de Arcos, em 1971, junto comHilda de Andrade, Mauricio Andrade e João Ribeiro (vereador na época)

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tião Logli, lugar que hoje se tornoumuito movimentado por ser na mesmarua de uma universidade. Ele conta queo Legislativo foi contra a construção doviaduto com a espessura de 16 metrosde largura e que, por isso, teve de libe-rar a obra por decreto.

Depois do mandato concluído e deseu primeiro sonho ter sido realizado,José Rezende se empenhou em concre-tizar o segundo: a edificação do prédio“Oliveira Rezende”, nome que home-nageou a própria família e a de suaesposa. O ex-prefeito lembra que en-frentou vários obstáculos para realizareste anseio, desde o financiamento noBanco até o alvará para autorização daobra. O prédio foi inaugurado em 1980e possui 30 apartamentos e 13 pavimen-tos.

Rezende diz que não volta à políticaporque seu estado de saúde não permi-te, mas que vai continuar a fazer o bempela cidade. Atualmente, sua pretensãoé organizar um acervo de fotos antigasde Arcos e escrever uma autobiografia.

José Teixeira de Rezende foiprefeito de Arcos em 1971, numaépoca em que o mandato era deapenas dois anos

Inauguração do viaduto ‘PlácidoTeixeira de Rezende’ em 1973, na

rua Yolando Sebastião Logli