A IGREJA DE SAINT DENIS E A CONCEPÇÃO DO GÓTICO
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ASSER – Associação de Escolas Reunidas. Escola Superior de Tecnologia e Educação de Rio Claro.
Curso de Arquitetura e Urbanismo
A IGREJA DE SAINT DENIS E A CONCEPÇÃO DO GÓTICO
Teoria e História da Arquitetura e do Urbanismo III
DOUGLAS RAMOS.
Professores: Marcelo Cachioni e Vladimir Benicasa.
Rio Claro, maio de 2011.
Sumário
1. Introdução................................................................................... i 2. Objetivo....................................................................................... ii 3. Subindo rumo ao céu..........................................................1 4. Suger de Saint Denis e a invenção do gótico..........................2 5. O nascimento de um novo estilo.............................................. 6 5.1 Saint Denis: a casa de Deus na terra..........................................6 4.2 A mãe das igrejas francesas.......................................................7 5.3 O mausoléu.................................................................................8 5.4 Constituição do Espaço Litúrgico...............................................10 6. Conclusão................................................................................... 11 6. Notas........................................................................................... 12 7. Referências................................................................................. 13 8. Anexos......................................................................................... 15
i
1. Introdução
Precisamente no ano de 1144, a finalização da ultima parte da abadia de
Saint Denis, o Coro, marcou o início de um estilo que revolucionaria para
sempre a arquitetura. O fim da Idade Média se mostrou um período conturbado
onde a tradicional sociedade feudal que habitava de maneira precária os
campos de um senhor autoritário passou a se estabelecer em pequenos
núcleos urbanos, dando inicio a expansão urbana que podemos sentir até hoje.
As mudanças sociais vieram acompanhadas de mudanças filosóficas: surge no
cenário eclesiástico uma filosofia, denominada escolástica, que tinha por
objetivo aplicar uma metodologia baseada na razão à fé. Tal filosofia acabaria
por se tornar responsável por uma mudança, mesmo que temporária, no
pensamento europeu em um período próximo ao fim da Idade Média.
Mudam-se os hábitos, a vida cotidiana, os pensamentos, mas e a
arquitetura? Será que ela também passou por este processo que culminaria no
chamado período renascentista? A resposta é incondicionalmente sim. Graças
ao Abade Suger e suas ideias, é que o mundo pode experimentar um novo tipo
de construção religiosa, que renegava a escuridão amedrontadora, e mostrava
uma nova abordagem religiosa que envolvia proporções divinas, grandes
escalas e uma iluminação jamais antes experimentada; surgia uma nova casa
de Deus, uma casa vinda direto do paraíso celestial.
Apropriando-se de enormes vitrais e novos elementos estruturais, a
busca pela grandiosidade e luminosidade divinas, enfim encontrou um
desfecho. Equipados apenas com ferramentas rudimentares, a geometria e
uma fé quase inabalável, os construtores das catedrais góticas conseguiram
elaborar um sistema estrutural que se apropriava de arcos grandes e
pontiagudos (também chamados de ogivais) e integraram isso ao um intrincado
sistema de abóbodas, contrafortes e a arcobotantes (ANEXO-1). Com isso as
catedrais góticas atingiram alturas que antes eram inimagináveis e junto a seus
belos vitrais e rosáceas, se tornaram um símbolo de todo um período.
iii
2. Objetivo
O objetivo central deste trabalho é oferecer um panorama dos primórdios
do estilo gótico, e proporcionar algum nível de conhecimento sobre a igreja de
Saint Denis, seu período e principalmente sobre a figura que esteve por trás da
concepção de uma obra que marcaria toda uma época e que daria inicio a um
estilo arquitetônico amplamente abraçado pela Europa, e que embora tenha
recebido o epíteto de "gótico", ou seja, dos bárbaros godos, conseguiu superar
este estigma e ainda garantiu um espaço expressivo nas páginas dos livros de
história, como sendo uma das mais impressionantes expressões do poder da
criatividade e da fé humana.
1
3. Subindo rumo ao céu
O século XII foi responsável por introduzir no mundo uma nova arquitetura,
que ganharia espaço e se tornaria absoluta em praticamente toda a Europa, a
arquitetura gótica. No século XVI, os estudiosos declararam-na de gótica: segundo
eles sua aparência era tão repugnante e bárbara que ela poderia ter sido fruto da
mente dos godos, que séculos antes haviam invadido e aterrorizado o império
Romano. Algum tempo depois, o termo “gótico” acabaria perdendo seu verdadeiro
significado e se tornaria a principal denominação de um estilo caracterizado pelos
arcos ogivais e pelas alturas estonteantes.
Este novo estilo arquitetônico surgiu oficialmente na França, na primeira metade do
século XII, quando a abadia de Saint Denis foi apresentada ao mundo.
A primeira grande diferença que pode ser notada entre a arquitetura gótica e
sua antecessora, a arquitetura românica, é a fachada: enquanto que a maioria das
igrejas românicas apresentam um único portal, as igrejas góticas apresentam três. E
estes três portais em geral dão acesso a três naves localizadas no interior das
igrejas (duas naves laterais e uma central) (ANEXO-2).
Um dos elementos mais importantes de uma catedral gótica é a chamada
abóboda de nervuras, que em termos formais se difere muito da tradicional abóboda
de arestas encontrada em muitas igrejas românicas. A elaboração deste novo tipo
de abóboda só foi possível graças à existência do arco ogival, que assim como a
abóboda de nervuras, também se mostrava diferente do tradicional arco semicircular
facilmente encontrado nas igrejas românicas. A utilização do arco ogival, bem como
o ressurgimento de um sistema estrutural baseado em pilares, permitiu a construção
de igrejas com gabaritos bem maiores. Além disso, a forma ogival do arco utilizado
nas igrejas góticas acentua a verticalidade, fazendo assim com que as igrejas
pareçam ainda mais altas.
Os pilares (que também tinham a denominação técnica de “suportes de
apoio”) alongados e perigosamente finos foram outros elementos que promoveram a
concepção e caracterização do estilo gótico. Alocados em espaços relativamente
amplos e bem regulares, os pilares permitiam a transferência das cargas, que antes
eram totalmente descarregadas nas paredes, para si, eliminando a necessidade da
criação de enormes e maciças paredes de pedra, e permitindo a criação de paredes
finas e repletas de vidro. Na abadia de Saint Denis, essa técnica de construção foi
2
utilizada no chevet1 da igreja. Outra consequência importante da introdução dos
pilares foi o surgimento de um elemento que antes era quase desconhecido das
igrejas românicas e igrejas anteriores, a luz.
Foi graças aos pilares e também aos contrafortes, que surgiram os vitrais, tão
comuns e característicos da arquitetura gótica. Outro elemento estrutural que deve
ser mencionado, e que proporcionou a existência da catedral gótica, é o
arcobotante, que ofereceu um apoio às delicadas paredes das catedrais e ainda
enriqueceu a esteticamente a arquitetura gótica, ajudando-a a tornar-se o principal
ícone religioso e arquitetônico de seu período.
4. Suger de Saint Denis e a invenção do gótico
Na longa e grandiosa história da abadia de Saint Denis, nenhuma época foi
tão esmiuçada e estudada pelos acadêmicos e religiosos, quanto os importantes
anos do abaciado de Suger (ANEXO-3). Homem enérgico, e de uma incrível
capacidade de se dedicar a inúmeras tarefas, ele chama a atenção por ter sido
administrador, estadista, jurisconsulto, cronista, abade e um grande conselheiro real,
tudo isso em uma trajetória de vida bastante incomum e igualmente interessante.
Proveniente de uma família campesina que habitava os arredores de Paris, Suger
assumiu uma das instituições monásticas de maior prestigio em sua época: Saint
Denis era uma igreja que detinha uma preferência da monarquia francesa, era nesta
igreja que se encontravam os sepulcros dos reis franceses, e onde se depositavam
as insígnias que representavam o poder real. Além disso, a abadia de Saint Denis
ainda era um importante centro de peregrinação, que atraia fiéis de todos os cantos
da Europa, fiéis estes que vinham a Saint Denis para orar em frente às divinas
relíquias cristãs (um cravo da santa cruz, e a coroa de espinhos) que eram
promovidas pelo clero francês, que alegava piamente a legitimidade das supostas
relíquias guardadas ali. Além de tudo isso citado, Saint Denis também abrigava o
altar do principal santo francês (o santo patrono da França) da época, Santo Dinis,
que de acordo com a história eclesiástica francesa, foi o primeiro bispo de Paris, e
posteriormente a sua morte, acabou tornando-se uma figura religiosa extremamente
importante para a igreja católica francesa medieval. Suger, além de desempenhar as
3
atividades já citadas, ainda foi uma figura muito próxima do rei Luís XI (1081-1137).
Além de conselheiro real, ele ainda dispunha de uma amizade pessoal do rei. Tanta
proximidade e influência junto ao monarca lhe rendeu um poder politico quase
inesperado: durante um período de dois anos (1147 a 1149), na ocasião da ausência
do filho e sucessor de Luís XI, que partiu para as cruzadas que se sucederam no
oriente, Suger conseguiu o poder para administrar os domínios reais. Na condição
de escritor, e preocupado com a perpetuação dos feitos da monarquia francesa, e de
seus próprios, Suger elaborou inúmeras crônicas e uma grande quantidade de
documentos escritos, que felizmente ainda podem ser encontrados nos dias atuais.
Além desses manuscritos, o conhecimento do qual temos acesso atualmente,
provém também de outras fontes de seu tempo, e que em sua maioria se resumem
a relatos e testemunhos de pessoas que gozaram de algum tipo de contato com o
abade de Saint Denis.
Durante muitos séculos, os escritos de Suger despertaram interesse nos
círculos acadêmicos e eclesiásticos, pois suas obras (que por sinal eram repletas de
informações construtivas, religiosas e iconográficas) se mostraram imprescindíveis
para o entendimento, parcial ou mais completo, das origens do estilo gótico. Porém,
no raiar do século XX, pode se ver o despontar de um novo e ardente interesse por
Suger, um aspecto ao qual os estudiosos de séculos anteriores já haviam aludido,
mas nunca dedicado a atenção necessária. Intrigados pelos tesouros artísticos ainda
conservados na igreja de Saint Denis (não apenas os ornamentos, mas também
vasos e cruzes e também os vitrais do coro), os historiadores interessaram-se em
saber qual foi o papel desempenhado por Suger em seu período. A pergunta é
coerente: uma grande quantidade das obras de arte pertencia à reforma que o
abade havia promovido em Saint Denis entre os anos de 1140 e 1144. Nesse
período, Suger realizou duas campanhas de reconstrução na igreja, uma envolvendo
a parte da cabeceira – o coro e a cripta – e outra a na parte ocidental da igreja. Ao
término das obras comandadas por Suger, a nova igreja de Saint Denis passou a
apresentar um aspecto nunca antes visto em qualquer igreja francesa ou até mesmo
de qualquer outra parte da Europa.
Na fachada principal, foram instalados três portais de entrada (dois a mais do
que a grande maioria das tradicionais igrejas românicas encontradas na França)
sobrepostos por tímpanos2 finamente esculpidos e mosaicos bem trabalhados; no
portal central, estatuas no formato de colunas ornamentavam a entrada de ambos os
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lados, criando assim um novo modelo de entrada, que seria copiado em todas as
igrejas góticas (e até nas neogóticas que surgiriam séculos depois) a partir de então.
No chevet a transformação foi ainda mais radical. Com a troca das maciças
paredes ao fundo por enormes janelas decoradas com vitrais, finamente elaborados,
e compostos por vidros multicoloridos, que deixavam a luz do dia transbordar os
ambientes que antes não possuíam sequer vida, como o coro e o deambulatório3
(ANEXO-4), que praticamente passaram a não possuir paredes. A escala e a intensa
luminosidade dessa parte da igreja, elaborada por Suger, contrastava gritantemente
com outras igrejas encontradas na Ilê-de-France.
Cheio de orgulho de sua realização, o abade de Saint-Denis ainda
encomendou outros objetos de rara e inovadora beleza (como cruzes de ouro) para
enriquecer ainda mais espaço do santuário. Mais representativo para os
historiadores da arte, foi justamente o fato de que Suger deixou praticamente todas
as suas memórias e impressões sobre a reconstrução da igreja por escrito,
dedicando-lhes dois opúsculos: o “Livreto sobre a consagração da Igreja de Saint-
Denis” (escrito por volta do ano de 1144) e o “Livro de Suger, abade de Saint-Denis”,
sobre suas realizações no tempo em que foi administrador (terminado por volta do
ano de 1150).
Segundo Panofsky (um crítico e historiador da arte alemão), Suger era uma
pessoa que idolatrava a beleza e o esplendor em todos os níveis e formas possíveis.
Em seus escritos, ele exalta a beleza do ouro e das pedras preciosas, cujo poder
multicolorido seria capaz de conduzi-lo deste mundo humano e material ao paraíso
imaterial. Pode-se mesmo pensar que ele via a ritualística religiosa, em grande
parte, como um espetáculo visual e estético: “A bênção da água benta é uma dança
maravilhosa com os inúmeros dignitários da Igreja, no decoro de seus brancos
paramentos, esplendidamente ataviados com suas mitras pontificais, e preciosos
báculos embelezados por ornamentos circulares, dando voltas e voltas em torno da
pia batismal, como um coro mais celestial que terrestre”.
Dessa forma, seria uma missão totalmente espiritual de Suger embelezar o
altar do Santo Patrono da França (e da casa de Deus) com os mais finos e preciosos
ornamentos de que dispusesse; e para abrigá-lo, era necessário construir um belo e
inestimável santuário, digno de seu santo protetor e de representar o poder e a
magnificência da monarquia francesa, um edifício que fosse o símbolo de sua
5
supremacia. Essa era a missão divina que lhe fora designada, na condição de
administrador e chefe de um local tão sagrado.
Além de toda a sua polivalência e seus feitos louváveis, Suger também foi o
grande responsável pela criação do novo estilo arquitetônico e artístico de seu
tempo: o gótico. De acordo com Von Simson (jurista alemão e um grande político
liberal do reino da Prússia e do império Germânico), foram dois os principais
conceitos que guiaram o abade Suger em sua empreitada: a luminosidade e a
concordância das partes. Seguindo o pensamento dionisino, sua influência se faz
notar na peculiar transformação de modelos românicos que ocorre em Saint-Denis,
pela qual Suger e seus assistentes criaram o novo estilo de seu período. Essa
transformação é particularmente visível no coro, onde as grandes janelas cobertas
com vitrais elaborados e multicoloridos admitiam a “divina” luz para o interior do
santuário. Para Suger, portanto, os vitrais seriam a ilustração incomparável da
teologia anagógica4.
Na concepção de seu mentor, Saint-Denis é o centro supremo de toda
espiritualidade da França, e como tal, seus interesses igualam-se com os interesses
da monarquia; fortalecer o poder da instituição monárquica francesa e enaltecer a
abadia de Saint-Denis decorria tanto de um ato natural como da vontade do divino
criador, pois a principal autoridade, o rei, e, portanto a unidade da nação, estava
representada e até incrustada na igreja de Saint-Denis, que ostentava as chamadas
relíquias do “Apóstolo de toda a Gália”. Um local tão importante precisava de
paramentos à sua altura, dignos de seu esplendor e capazes de muito bem-
representar, perante os olhos de todos, a sua real e verdadeira importância.
De fato, toda a documentação que chegou até nós sobre a construção de
igrejas, anteriores ao século XIII, é pouco esclarecedora no que diz respeito às
influências e conceitos das obras. Para chegar as atuais conclusões, os
pesquisadores tiveram de buscar as relações diretamente no trabalho artístico
acabado, apoiando-se nos fragmentos literários que, muitas vezes, levam a
caminhos incertos. Entretanto, esta situação não se aplica ao caso do abade de
Saint-Denis: Suger registrou todos os motivos e os significados que o levaram a
escolher cada detalhe e cada ornamento, e deixa entrever qual é a maneira como se
articula a composição do santuário. É a partir de suas obras (incluído aí o próprio
templo) é que se conhece os princípios que levaram à transformação (ou até a
evolução) dos elementos românicos em um estilo totalmente novo, o chamado
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gótico. Mas, se por um lado Suger relatou as suas próprias perspectivas com certa
minúcia de detalhes, em nenhum momento ele deixa claro quais foram suas fontes
de inspiração, ou, dito de outro modo, quais foram às ideias que o nortearam até a
forma final de seu santuário. Tudo o que se sabe a esse respeito vem da
interpretação de seus escritos, mas nada pode ser considerado como conclusivo.
Assim, com motivações de ordem política, religiosa e de certa forma até estética,
Suger tornou-se o patrono de uma nova configuração do espaço dos santuários;
com a ajuda de seu arquiteto e dos construtores de seu tempo, ele cria inovações
arquitetônicas e conjuga elementos já existentes, mais que não eram encontrados
em conjunto. Ele torna-se o grande nome da renovação arquitetônica que se
sucedeu no século XII, e pode ser dito, o “criador do gótico”.
5. O nascimento de um novo estilo 5.1 Saint Denis: a casa de Deus na terra
Antes da chamada era gótica, a única maneira de construir alto era por meio
de muralhas grandes e espessas, o resultado eram construções volumosas e
relativamente escuras (ANEXO-5). Isso se devia ao fato de que os estilos
arquitetônicos europeus pertencentes a chamada Alta Idade Média (como o estilo
românico e o paleocristão, anteriores ao gótico) possuíam algumas limitações
sobretudo quando o assunto era verticalidade. Para aumentar a altura das
estruturas, os engenheiros recorriam a uma solução prática mais limitada: o
aumento significativo das espessuras dos elementos de sustentação (no caso, as
paredes). Além de ser uma solução ineficiente (pois mesmo estruturas pesadas
possuem limites quanto à altura) ainda proporcionava a quase ausência de
aberturas para ventilação e iluminação, além de criar um ambiente “soturno”. Então,
tudo isso mudou. Em 11 de junho de 1144, as maiores figuras da França medieval,
inclusive o rei e a rainha, se reúnem nos arredores de Paris, em Saint Denis, que era
a igreja oficial dos reis da França, eles testemunham uma revolução na engenharia,
luzes coloridas brilham através de enormes vitrais iluminando paredes inteiras
incrivelmente finas e refletindo tetos altíssimos. Abade Suger, o visionário por traz de
Saint Denis, chama sua arquitetura de moderna, os críticos a ridicularizam e
passaram a chamá-la com o nome de bárbaros conhecidos como godos, daí surge o
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nome gótico, mas para Suger a igreja recorda a glória daquela que a bíblia chama
de casa de Deus na Terra, o templo de Salomão. Para Suger a luz era o símbolo de
Deus, e ao trazer mais luz esperava-se aproximar as pessoas de Deus, moradores
que viviam em pequenos espaços escuros devem ter sido inspirados pelas enormes
paredes de luz da igreja. As paredes de Suger tornam-se janelas criando a ideia de
que a luz agora era um novo material de construção. Surpreendentemente os
engenheiros góticos faziam paredes altas e muito finas, feitas não de pedra mais
principalmente de vidro, e que de alguma forma suportavam altíssimos tetos de
pedra.
5.2 A mãe das igrejas francesas
A abadia (que atualmente possui a denominação de catedral Basílica) de
Saint Denis é uma grande igreja que foi construída e reconstruída ao longo dos
séculos, e sua configuração mais conhecida (a que foi elaborada por Suger) data do
final do período medieval. Ela está situada na chamada comuna de Saint-Denis, que
atualmente é um subúrbio da região norte da cidade de Paris. No ano de 1966, a
igreja foi nomeada catedral e, atualmente, é a residência do bispo de Saint-Denis.
A igreja abacial de Saint Denis figura entre os mais importantes monumentos
da Idade Média europeia. Os documentos medievais são abundantes com relação
às referencias, designando-a como a “mãe das igrejas francesas” e coroa do reino.
Por muito tempo, ela foi considerada o núcleo da prestigiosa abadia real, e este
status a isentava de qualquer dominação feudal ou eclesiástica, estando sujeita
apenas ao controle do rei. Era para a igreja de Saint-Denis que os monarcas, às
vésperas das batalhas, iam solicitar a proteção de São Dinis (ou Dênis, ou Dionísio),
o santo patrono da França e protetor particular da realeza francesa. Em Saint Denis
estavam sepultados os representantes das três dinastias reais, desde Dagoberto I, e
poucos foram os soberanos que expressaram a vontade de não ficar em Saint-
Denis. Era também para lá que os reis enviavam as insígnias que representavam o
poder monárquico, após o ato da coroação, para serem guardadas junto às relíquias
da abadia. Acredita-se que o primeiro templo construído no local da atual igreja, seja
do século V d.C. Desde então, a basílica sofreu uma série de modificações: foi
remodelada pelo abade Fulrad (749-784) no século VIII, passou por uma reforma
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radical e revolucionária sob o abaciato de Suger (1122-1151), e ganhou suas
características atuais no século XIII, durante a administração de Eudes Clemént.
Pode-se dizer que o período mais importante e expressivo na trajetória da igreja
abacial é o da reforma promovida pelo abade Suger, realizada entre 1137 e 1144.
Suger promoveu uma reformulação total na parte ocidental e na cabeceira (o coro e
a cripta5), transformando completamente a igreja do período carolíngio.
O nártex6 foi ampliado e ganhou novos elementos, como a grande rosácea na
fachada, três portais de entrada (que se tornariam uma característica marcante nas
igrejas góticas posteriores) e as estátuas-coluna, que flanqueavam o portal central .
No coro, a mudança foi radical: a pequena abside carolíngia foi substituída por uma
estrutura de grandes dimensões, equipada com sete capelas. A grande novidade
deste novo projeto ficava por conta dos vitrais que recobriam as janelas dos
oratórios, elas eram compostas de grandes mosaicos de vidro translúcido que
permitiam à luz do dia espalhar-se por todo o coro, desobstruído das grossas
paredes existentes na antiga igreja de Saint Denis. As mudanças estruturais e a
nova concepção do espaço tornaram o edifício bastante distinto e inovador, quando
comparado às construções românicas da época e as paleocristãs de períodos
anteriores; a Saint-Denis de Suger é vista pelos estudiosos da arte e da arquitetura
medieval como um protótipo, onde a arquitetura gótica encontrou sua primeira
definição concreta.
5.3 O mausoléu
A abadia de Saint Denis foi o local onde os reis franceses e os membros da
realeza foram sepultados durantes os séculos, e é em muitos casos denominada
como o "Cemitério Real da França". Praticamente todos os monarcas, com exceção
de três, do século X até 1789, (sendo o último monarca francês a ser sepultado na
igreja, o rei Luís XVI), teve seus restos mortais sepultados na antiga abadia.
A abadia expõe excelentes exemplos de tumbas cadavéricas francesas. As
efígies de muitos monarcas estão em suas próprias tumbas, mas durante os eventos
que se sucederam durante a Revolução Francesa (séc. XVII), as tumbas foram
violadas por trabalhadores a mando de oficiais revolucionários. Os restos mortais
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dos monarcas franceses e de suas famílias foram removidos da abadia e em
seguida foram lançados em uma vala próxima, junto com uma quantidade
considerável de cal virgem. O principal objetivo deste ato macabro e, de certa forma,
desrespeitoso, era eliminar qualquer vestígio da tradicional instituição monárquica
francesa, que de acordo com os revolucionários não deveria existir sequer na
memória dos populares franceses.
Os corpos do rei Luís XVI e de sua esposa Maria Antonieta, inicialmente
foram sepultados no adro de Madeleine, onde também foram cobertos com cal
virgem. O corpo de jovem Luís XVII, que faleceu de uma enfermidade, foi enterrado
em uma cova anônima.
Napoleão Bonaparte reabriu a igreja em meados do ano de 1806, mas não
permitiu que os restos mortais dos monarcas franceses e de suas famílias voltassem
para suas tumbas originais. Durante seu exílio em Elba, os Bourbons restaurados
ordenaram uma busca completa pelos cadáveres de Luís XVI e sua esposa. Uma
massa cinza e alguns ossos que presumivelmente pertenciam ao rei foram
encontrados em janeiro de 1815, e foram trazidos para Saint Denis e sepultados em
uma região da abadia conhecida como cripta (ANEXO-6). No ano de 1817, foram
encontradas as valas que continham todos os restos mortais dos monarcas e suas
famílias que haviam sido retirados de Saint Denis. Como foi impossível atribuir os
ossos a respectivos membros da realeza, todos os restos foram enviados a Saint
Denis e depositados em um ossuário na cripta da igreja, atrás de duas placas de
mármore com os nomes de centenas de membros das grandes linhagens dinásticas
francesas, que foram enterrados na igreja e devidamente registrados.
Após a morte do rei Luís XVII, em 1824, ele foi sepultado no centro da sala da
cripta, bem próximo dos túmulos de Luís XVI e Maria Antonieta. Os caixões dos
membros da família real que morreram entre 1815 e 1830 também foram colocados
em jazigos na cripta. Sobre a direção do arquiteto Eugéne Viollet-le-Duc, famoso
pelos seus trabalhos de restauração, em especial o trabalho realizado na igreja
parisiense de Notre-Dame, os monumentos que foram extraídos de Saint Denis e
levados ao museu, finalmente retornaram ao seu lugar de origem, ou seja, a abadia
de Saint Denis.
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5.4 Constituição do Espaço Litúrgico
É fato que a antiga igreja de Saint Denis não foi construída por Suger, pois ela
já existia desde o século V, porém é inegável o fato de que foi ele quem a revitalizou
e a transformou em uma obra prima de sua era. A inovadora reforma de Suger não
foi a primeira e nem a última a ser realizada na igreja, e por esse motivo a Saint
Denis atual se resume a um edifício composto por ideias e vestígios de modificações
anteriores e posteriores a Suger. É evidente que este trabalho tem por objetivo
mostrar e demonstrar o criativo trabalho de Suger e suas inovadoras ideias que
culminariam na criação de todo um estilo arquitetônico que seria amplamente
difundido pela Europa da segunda metade da Idade Média, e por este motivo, é que
a descrição que será apresentada a seguir diz respeito apenas a Saint Denis
recriada por Suger. No final deste trabalho, é possível encontrar dois anexos
(ANEXO-9A e ANEXO-9B), que mostram projeções sobre as sucessivas
construções edificadas no local da igreja atual, assim como a disposição do espaço
litúrgico idealizado por Suger.
Se por alguns instantes pudéssemos voltar ao século XII, mais precisamente
no dia 11 de junho de 1144, em uma região de Paris, poderíamos testemunhar a
inauguração de um templo que exporia uma tipologia que ninguém naquele
momento poderia acreditar que se tornaria amplamente difundida. Ao se deparar
com a nova igreja, reformada a mando do abade de Saint Denis, inicialmente nos
depararíamos com um monumento estonteante.
As portas da nova Saint Denis eram feitas em bronze, e eram finamente
decoradas com cenas da Paixão e da Ressurreição de Cristo. Logo acima, um
tímpano representava o Juízo Final, o tenebroso desfecho dos seres humanos que
ignoravam ou se voltavam contra aos até então, ensinamentos indiscutíveis da igreja
Católica medieval; acredita-se que esse é o primeiro exemplo do aparecimento
desse tipo de tema sacro, esculpido totalmente em pedra, no norte da França, e que
traz algumas peculiaridades, se for comparado aos seus antecessores mais
célebres, em Beaulieu ou Moissac.
O portal central de Saint Denis pode ser considerado como o primeiro exemplo
conhecido de um portal real: ele é composto por um segmento de estátuas-colunas
– que inclusive estão desaparecidas – que representavam profetas bíblicos do
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antigo testamento, fazendo assim uma breve referência aos terrenos ancestrais do
Cristo que veio ao mundo carnal. Os outros dois portais da fachada ocidental
também eram adornados por esculturas nas jambas7 e nos tímpanos.
Na fachada da igreja, também poderíamos encontrar o primeiro exemplo de
incorporação de uma rosácea (ANEXO-7) em uma fachada: um elemento
arquitetônico importante para os construtores góticos que viriam, e cuja função inicial
era a de, apenas, fornecer luz à capela superior do nártex. Muito mais imponente
que sua versão anterior, a fachada idealizada por Suger, apresentava um estilo
ainda hesitante, que apresentava aspectos inovadores, mas ainda mantinha traços
das antigas igrejas românicas.
O nártex da igreja era composto por dois níveis abobadados que
comportavam três capelas, uma dedicada a São Romano, as outras dedicadas a
muitos outros santos.
Adentrando-se até o coro da igreja poderíamos ver um espaço que se
unificava com a cripta, a qual foi concebida como um tipo de estrutura de
sustentação para a parte superior da igreja. Todavia, graças a sua função, os muros
da cripta ainda apresentam uma robustez típica das igrejas românicas. Assim como
no coro, a cripta foi dotada de um deambulatório, delimitado por pilares de forma
cilíndrica, cuja disposição se ajusta de maneira perfeita a curvatura das chamadas
capelas radiantes. As nove capelas localizadas ao fundo da igreja - sete radiantes a
leste, uma ao norte e uma ao sul – são divididas uma das outras por paredes
espessas, tornando-se assim nichos estruturalmente independentes.
O novo coro, elaborado por Suger, foi ajustado à antiga nave carolíngia. A
intenção deste ajuste era a obtenção de uma integração total, de maneira que a
construção recente estivesse em harmonia com a estrutura existente (ANEXO-8).
Para conseguir este efeito de integração, Suger ajustou o eixo do coro à nave
central da igreja e também utilizou colunas como elemento de sustentação em torno
do coro e do deambulatório.
6. Conclusão
Inspirada pelo próprio Deus, cheia da luz divina, representação arquitetônica
da complexa mensagem bíblica ou o fruto das mãos bárbaras e das mentes
primitivas dos godos? Sinceramente este questionamento que apareceu junto a
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revolucionária tipologia ricamente elaborada por Suger, reforça toda a nuvem densa
de polêmica que pairou sobre o estilo gótico até o século XVI. O fato é que
definições positivas ou negativas não afetam o poder da iconografia exposta por
aquela que é considerada a mãe de todas as igrejas góticas, Saint Denis, e que foi
responsável por mostrar aos fiéis cristãos medievais uma vaga imagem do paraíso
celestial, que anteriormente havia sido muito teorizado, mas nunca demostrado de
uma maneira tão esplêndida e significativa.
A revolução arquitetônica iniciada por Saint Denis, além de mostrar que o
divino é algo que pode, e talvez até deva, ter uma conexão com a realidade humana,
ainda mostrou aos construtores de sua época, e de épocas posteriores o poder da
arquitetura, seja como instrumento religioso, ou como uma edificação que por si só
era capaz de reforçar as doutrinas de toda uma religião através de iconografia,
volumetria, luz e um toque de dramaticidade artística e simbólica.
Mas, acima de tudo o que foi dito e citado sobre Saint Denis, esta igreja não é
um modelo, é uma poderosa ideia, uma nova maneira de concepção do espaço
sagrado, que se tornou o símbolo máximo de um período conturbado da história e
uma forte influência para arquitetura cristã nos séculos que se seguiram após sua
inauguração. Devemos avaliar Saint Denis de um aspecto psicológico, pois seu
sucesso nos mostra, que simples elementos como a luz e a verticalidade podem
afetar nosso estado de espírito e nossa percepção sobre o espaço na qual estamos
inseridos. Por tudo isso, Saint Denis deve ser vista como a materialização de
princípios imateriais, como um monumento sagrado a nossos desejos incessantes
de contato com o conceito abstrato do divino e principalmente como um objeto único
que nos mostra, que às vezes, ideias revolucionárias vindas de um único indivíduo
podem mudar conceitos, que neste caso transcendem a religiosidade e atingem
diretamente a arquitetura, a engenharia e até a psicologia humana.
7. Notas 1 Chevet: uma abside com deambulatório que possui um acesso por trás do altar-mor de uma série de capelas. 2 Tímpano: é um espaço geralmente triangular ou em arco, liso ou ornado com esculturas, limitado pelos três lados do frontão, por um ou mais arcos ou por linhas retas que assentam sobre o portal de entrada de uma igreja, catedral ou templo.
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3 Deambulatório: este termo arquitetônico, também designado por charola, é originário do latim ambulatorium e significa local para andar, deambular. Em geral define-se como uma passagem que circunda uma área central e que pode ser encontrada em diversas aplicações, todas elas, no entanto, inerentes a edifícios religiosos. 4 Teologia anagógica: Interpretação mística dos símbolos e alegorias das Escrituras e de outras obras de inspiração religiosa. 5 Cripta: é uma construção subterrânea, geralmente feita de pedras ou escavada no subsolo. Etimologicamente provém do grego, kryptē, e do latim, crypta. Estas construções geralmente localizam-se na parte inferior de Igrejas e Catedrais, sendo um espaço no qual pessoas importantes ou relíquias são enterradas. 6 Nártex: Este termo arquitetônico, refere-se, em sentido lacto, à zona de entrada de um templo. Também outras designações podem surgir associadas a este termo, como pronaos, átrio, vestíbulo, galilé ou paraíso. 7 jamba: é um elemento vertical, como uma coluna por exemplo, que faz de ombreira do vão de uma janela, porta ou lareira.
8. Referências Material de Internet Wikipedia. Basilica de Saint-Denis. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_de_Saint-Denis#Contexto>. Acesso em: 28 mai. 2011. MENDONÇA, Bruno. Abadia Saint Denis. Disponível em: <http://pt.scribd.com/doc/16947552/Abadia-Saint-Denis> Acesso em: 25 mai. 2011. Portal São Francisco. Abadia de Saint Denis. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/franca/catedral-de-saint-denis.php> Acesso em : 26 mai. 2011 Rotas Cister. A Ordem de Cister. Disponível em: <http://rotascister.home.sapo.pt/P1.html> Acesso em: 27 mai. 2011. Wikipedia. Abade Suger de Saint-Denis. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Abade_Suger_de_Saint-Denis>. Acesso em: 27 mai. 2011. RABELO, Marcos. O Abade Suger, a igreja de Saint-Denis e os primórdios da arquitetura Gótica na Ile-de-France do século XII. Disponível em: <http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=vtls000361400&fd=y> Acesso em: 25 mai. 2011.
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Skyscraper City. Abadia de Saint-Denis: onde tudo começou. Disponível em: < http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=322686> Acesso em: 26 mai. 2011. Artehistoriacom. Gótico, arquitectura (Historia del Arte). Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=OSgZDj21d9U> Acesso em: 26 mai. 2011. New Advent. Abbey of Saint Denis. Disponível em: <http://www.newadvent.org/cathen/13343b.htm> Acesso em: 28 mai. 2011. Livro PROENÇA, Graça. História da arte. 17. ed. São Paulo: Ática, 2010. 448 p.
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9. Anexos
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ANEXO-1. Ilustração esquemática de uma catedral gótica. (Archives Larrouse/Lauros Giraudon, apud: PROENÇA, Graça. História da arte. 17. ed. São Paulo:
Ática, 2010. p. 73.).
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ANEXO-2. Fachada principal da basílica de Saint Denis. Nesta imagem é possível identificar alguns elementos inovadores implementados por Suger, como os três portais e uma grande rosácea. (http://0.tqn.com/d/architecture/1/0/S/n/stdenisflicr.jpg)
ANEXO-3. Abade Suger (Imagem extraída de uma janela medieval). (http://pt.wikipedia.org/wiki/Abade_Suger_de_Saint-Denis)
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ANEXO-4. O deambulatório construído pelo Abade Suger, mantém-se inalterado. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_de_Saint-Denis)
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ANEXO-5. “O resultado eram construções volumosas e relativamente escuras” – Interior da Igreja Românica de São Pedro de Rates, Portugal. (http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=270373)
ANEXO-6. Memorial ao rei Luís XVI e à rainha Maria Antonieta, esculturas de Edme Gaulle e Pierre Petitot. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_de_Saint-Denis)
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ANEXO-7. “Na fachada da igreja, além do que já foi citado, também poderíamos encontrar o primeiro exemplo de incorporação de uma rosácea em uma fachada: um elemento arquitetônico importante para os construtores góticos que viriam, e cuja função inicial era de apenas fornecer luz a capela superior do nártex” - A rosácea do transepto norte, que mostra o evento da Criação. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_de_Saint-Denis)
ANEXO-8. Nave carolíngia restaurada a mando do abade Suger. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Bas%C3%ADlica_de_Saint-Denis)
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ANEXO-9A. Sobreposição das plantas baixas: a igreja carolíngia, a igreja de Suger e o templo atual. (Sobreposição das plantas baixas: a igreja carolíngia, a igreja de Suger e o templo atual, apud: RABELO, Marcos. O Abade Suger, a igreja de Saint-Denis e os primórdios da arquitetura Gótica na Ile-de-France do século XII. Campinas, 2005, p. 157.).
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ANEXO-9B. Reconstituição do Espaço Litúrgico: Capelas e Decoração na Igreja de Suger. (Reconstituição do Espaço litúrgico na igreja do século XIII, apud: RABELO, Marcos. O Abade Suger, a igreja de Saint-Denis e os primórdios da arquitetura Gótica na Ile-de-France do século XII. Campinas, 2005, p. 158.).