A IMPORTÂNCIA DA AÇÃO DIDÁTICA DO PROFESSOR DO...

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Curso de Pedagogia Artigo Original A IMPORTÂNCIA DA AÇÃO DIDÁTICA DO PROFESSOR DO 1° AO 5° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL. THE IMPORTANCE OF TEACHER TEACHING ACTION of 1° to 5° YEAR of ELEMENTARY SCHOOL Ester Oliveira da Silva 1 , Maria Ângela dos Reis Silva Tanno 2 1 Aluna do Curso de Pedagogia 2 Professora do Curso de Pedagogia Resumo O presente trabalho discorreu sobre a importância da ação didática do professor do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. O estudo baseou-se em uma pesquisa bibliográfica, dedicando-se ao estudo de diferentes autores que tratam da ação didática do professor. Os achados do estudo permitiram saber que a didática é muito importante para a atuação segura e eficaz do professor. Que faltam aos cursos de formação docente, uma melhor qualificação que seja capaz de subsidiar os novos professores em formação. A pesquisa identificou que tão importante quanto à formação inicial, a formação continuada é sem dúvida o caminho mais seguro para uma ação didática reflexiva e autônoma do professor. Palavras-Chave: Didática; Ação docente; formação de professores. Abstract This paper discussed the importance of didactic action of the teacher of the 1st to 5th grade of elementary school. The study was based on a literature search, devoting him to the study of different authors dealing with the methodology of teaching action. The findings of the study allowed knowing that the teaching is very important for the safe and efficient performance of the teacher. They are missing the teacher training courses, better skills to be able to support new teachers in training. The research identified that as important as the initial training, continuing education is arguably the safest way to a reflective and autonomous didactic teacher action. Keywords: Didactic; teaching action; teacher training. Contato: [email protected] Introdução O presente trabalho trata da importância da ação didática do professor do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, cujo objetivo foi reconhecer aspectos da didática ministrada dentro da sala de aula, verificar a importância que a formação de professores tem para a modificação da didática voltada para a repetição e desvinculada da realidade do educando, observar como a didática ocorre no ambiente da sala de aula. Ao longo desse artigo a sua organização foi delineada em partes específicas, sendo que na primeira parte é possível identificar a Revisão da Literatura que sustentou esse trabalho. A segunda parte trata da Metodologia utilizada no estudo, passando em seguida para a terceira parte onde são apresentadas a análise e a discussão dos dados da pesquisa. E por fim, o estudo encerra-se apresentando as Considerações Finais, quando são destacados os resultados obtidos na pesquisa. É preciso refletir sobre a importância de uma didática contextualizada, que desenvolva o educando para ser sujeito transformador de sua realidade. Nesse sentido, Veiga (1989, p. 24) afirma que “a didática por exercer uma função importante na sistematização e organização do ensino, ao estabelecer o relacionamento entre teoria e prática, não pode oferecer um conteúdo adquirido de forma espontâneo e desorganizada e muito menos de forma arbitrária, devendo ser elaborada de acordo com os objetivos da proposta educativa comprometida com a transformação social”. A autora segue afirmando que “a prática docente é diferente de outras práticas educativas, como as que são praticadas pela família e sociedade, por exemplo, pois ela é moldada de forma contínua e estruturada. Na escola o aluno vai se desenvolver de forma crítica e construtiva, através dos conteúdos apropriados a ele. Os docentes devem, conforme vem explicando Veiga durante toda a trajetória construir dizeres e saberes próprios baseados no quotidiano escolar e extraescolar dos seus alunos, e

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Curso de Pedagogia Artigo Original

A IMPORTÂNCIA DA AÇÃO DIDÁTICA DO PROFESSOR DO 1° AO 5° ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL.

THE IMPORTANCE OF TEACHER TEACHING ACTION of 1° to 5° YEAR of ELEMENTARY SCHOOL

Ester Oliveira da Silva1, Maria Ângela dos Reis Silva Tanno2 1 Aluna do Curso de Pedagogia 2 Professora do Curso de Pedagogia

Resumo

O presente trabalho discorreu sobre a importância da ação didática do professor do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. O estudo baseou-se em uma pesquisa bibliográfica, dedicando-se ao estudo de diferentes autores que tratam da ação didática do professor. Os achados do estudo permitiram saber que a didática é muito importante para a atuação segura e eficaz do professor. Que faltam aos cursos de formação docente, uma melhor qualificação que seja capaz de subsidiar os novos professores em formação. A pesquisa identificou que tão importante quanto à formação inicial, a formação continuada é sem dúvida o caminho mais seguro para uma ação didática reflexiva e autônoma do professor.

Palavras-Chave: Didática; Ação docente; formação de professores.

Abstract

This paper discussed the importance of didactic action of the teacher of the 1st to 5th grade of elementary school. The study was based on a literature search, devoting him to the study of different authors dealing with the methodology of teaching action. The findings of the study allowed knowing that the teaching is very important for the safe and efficient performance of the teacher. They are missing the teacher training courses, better skills to be able to support new teachers in training. The research identified that as important as the

initial training, continuing education is arguably the safest way to a reflective and autonomous didactic teacher action.

Keywords: Didactic; teaching action; teacher training.

Contato: [email protected]

Introdução

O presente trabalho trata da importância da ação didática do professor do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, cujo objetivo foi reconhecer aspectos da didática ministrada dentro da sala de aula, verificar a importância que a formação de professores tem para a modificação da didática voltada para a repetição e desvinculada da realidade do educando, observar como a didática ocorre no ambiente da sala de aula.

Ao longo desse artigo a sua organização foi delineada em partes específicas, sendo que na primeira parte é possível identificar a Revisão da Literatura que sustentou esse trabalho. A segunda parte trata da Metodologia utilizada no estudo, passando em seguida para a terceira parte onde são apresentadas a análise e a discussão dos dados da pesquisa. E por fim, o estudo encerra-se apresentando as Considerações Finais, quando são destacados os resultados obtidos na pesquisa. É preciso refletir sobre a importância de uma didática contextualizada, que desenvolva o

educando para ser sujeito transformador de sua realidade.

Nesse sentido, Veiga (1989, p. 24) afirma que “a didática por exercer uma função importante na sistematização e organização do ensino, ao estabelecer o relacionamento entre teoria e prática, não pode oferecer um conteúdo adquirido de forma espontâneo e desorganizada e muito menos de forma arbitrária, devendo ser elaborada de acordo com os objetivos da proposta educativa comprometida com a transformação social”.

A autora segue afirmando que “a prática docente é diferente de outras práticas educativas, como as que são praticadas pela família e sociedade, por exemplo, pois ela é moldada de forma contínua e estruturada. Na escola o aluno vai se desenvolver de forma crítica e construtiva, através dos conteúdos apropriados a ele. Os docentes devem, conforme vem explicando Veiga durante toda a trajetória construir dizeres e saberes próprios baseados no quotidiano escolar e extraescolar dos seus alunos, e

consequentemente isso é utilizado a favor da aprendizagem.” (Veiga, 1989).

Com vistas a promover uma ação didática pautada na relação que se estabelece entre o professor e o aluno, Martins enfatiza que “a relação professor-aluno na sua organização e prática se inclui o planejamento criterioso da ação docente, envolvendo em sua didática, elementos como; objetivos definidos, escolha e organização dos conteúdos, a definição do método e a escolha da técnica, assim como a escolha dos instrumentos e dos critérios de avaliação” (Martins, 2012, p.54).

Para isso é preciso analisar aspectos da didática, conforme o que Martins (2012) cita ao tratar desse assunto resgatando as ações vividas dentro da sala de aula. Para o autor, é dentro do ambiente da sala de aula, que é preciso observar o relacionamento entre o professor e os alunos, os processos de ensino e aprendizagem, a aplicação das atividades e como é feita na sala, além de verificar a importância da formação do professor. Este exercício favorece a ação didática do professor voltada para uma ação reflexiva e pautada na necessidade de se promover mudanças na sua ação.

A relação de ensino e aprendizagem e as influências das tendências pedagógicas modificam os objetivos a serem alcançados. Ao longo da história, a ação docente tem sofrido transformações e estas vêm se apresentando com mais ou com menos intensidade no campo da didática. Cabe destacar ainda, o contexto da formação docente cujas bases que deveriam se assentar em um currículo reflexivo, persistem, nos chamados problemas crônicos enfrentados pelas instituições formadoras, como falta de articulação entre teoria e prática, resultado da influência positivista nos cursos de pedagogia.

E nesse sentido, Veiga (1989, p. 23), reforça que “a didática no currículo de formação dos educadores é um instrumento de uma prática pedagógica crítica e reflexiva, devendo contribuir para a consciência crítica”.

Dessa forma para que possamos ter profissionais que atuam na e para a transformação da educação, é preciso que tenham, de acordo com Veiga, uma formação, voltada para a reflexão da sua ação e da vida do educando.

Para a autora “a reflexão didática na formação dos educadores deve ocorrer a partir da análise crítica de experiências concretas, dos problemas que o professor enfrenta em sua prática pedagógica”. (Veiga, 1989, p. 23).

Com vistas a formar profissionais competentes que busquem melhorar sua ação didática e sua prática-pedagógica, afastando-se assim de técnicas repetitivas e descontextualizadas, é preciso de acordo com Veiga, que as instituições formadoras, ofereçam

uma didática que aborde as reais dificuldades que as escolas e os professores enfrentam.

A partir do que foi exposto nesta primeira parte do trabalho, o estudo da importância da ação didática do docente do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental, vislumbra a relevância do tema exposto neste trabalho.

Breve histórico sobre a didática.

Nesta seção será abordada a trajetória da didática e suas contribuições para a educação. A palavra “didática” se encontra inserida na expressão grega (technédidakiké), que se traduz por técnica de ensinar.

Nascimento e Pessoa (2011, p. 2) mencionam que “a disciplina didática como requisito indispensável à formação inicial, surge na Grécia antiga, para indicar que o objetivo ou a ação qualificadora dizia respeito ao ensino, isso significa que filósofos e pensadores deixaram suas contribuições reflexivas acerca da didática.” Conforme citado pelos autores, a didática na idade antiga era difusa, através de uma educação feita do censo comum, onde somente algumas crianças teriam uma educação que seria ministrada em seus lares, ocorrendo dessa forma uma pedagogia implícita, o teatro era uma das formas de se ensinar através de histórias, “A guerra de Tróia e ilíadas” de Homero foram umas das histórias mais conhecidas da época. Pode-se perceber a concepção de ensino e aprendizagem em filósofos, como Sócrates, Platão e Aristóteles.

Entretanto, o apogeu da didática ocorre no século XVII, tendo em Comênio (1592 – 1670) seu idealizador, sendo este considerado o pai da Didática Magna. Com o trabalho de Comênio, a didática começa seus estudos de forma sistematizada, procurando formas específicas de ensinar, que leve aos melhores resultados. Segundo Albuquerque, (2002, p.3), a didática de Comênio “expressa duas principais características de seu pensamento. Uma delas se preocupava com a reforma da fé Cristã, e de outro com a influência do surgimento do tempo moderno, que vinha trazendo a importância da aproximação á realidade concreta das coisas do mundo, dando maior enfoque as ciências naturais, uma nova concepção da natureza.” O autor segue relatando que “pode-se considerar que essa nova didática veio trazendo a importância de se ensinar tudo a todos, tendo em sua educação a preocupação de preparar o indivíduo voltado à fé cristã.” (ALBUQUERQUE, 2002, p.3).

Pode-se entender que apesar do direcionamento a fé, o professor adquiriu a qualidade de profissional, passando a considerar o desenvolvimento do aluno de forma natural, não devendo o professor impor suas vontades na aprendizagem do aluno, assim o educando passa a ser considerado como indivíduos dotados de inteligência, mas também com limitações, desejos

e ambições. A propósito Rosseau (1712 – 1778),

assinala que, apesar do conhecimento ter sido constituído através de uma didática de Comênio, “que se baseavam em conceitos teológicos, como a salvação divina, diferente dessas ideias ele trouxe a importância da didática estar voltada para a superação das dificuldades do indivíduo, fazendo uma crítica real das relações sociais e culturais, que terminam com a educação individual. Para ele a ação didática deveria possibilitar que a pessoa tivesse o que necessitava na fase adulta e que não teve ao nascer. Seus princípios eram em se ministrar uma didática que se respeitasse o desenvolvimento natural do indivíduo, controlando a influência do homem e não impondo conteúdos, mas possibilitando situações onde o aluno aprenda por si mesmo.” (Albuquerque, 2002, p.3). Ao contrário de Comênio, Rosseau defende uma educação natural, porém o professor pode influenciar esse desenvolvimento no momento certo, através de desafios que os alunos deverão aprender por si mesmos. Na concepção de Rosseau, o professor deveria estimular a autonomia do aluno. Deveria auxiliá-lo sem interferir nas suas escolhas.

Já Herbart (1762-1814) que se preocupou em examinar a função didática segue afirmando que, “a pedagogia tem fundamentos éticos e psicológicos, adotando as seguintes concepções pedagógicas: as experiências antigas servem como base para os novos conhecimentos, “massas aperceptivas”; a instrução que alcança duas vertentes, o necessário que será realizado através de uma didática que vise à educação do caráter e os contingentes que deve desenvolver a capacidade física e intelectual do aluno; a principal forma de desenvolver no aluno a capacidade intelectual e moral é despertar seus conhecimentos múltiplos; a ação didática deverá percorrer etapas invariáveis que são a preparação, apresentação, associação, generalização e aplicação.” (Albuquerque, 2002, p.4/5). Para Herbat a didática, que passou a ser científica, deviam estar voltadas as condições mentais do aluno que eram considerados seres de mentes vazias no qual o professor deveria preencher.

Cabe ainda citar o trabalho de Jonh Dewey (1859 – 1952) que “combatia a didática anterior de Herbart, que vinha dando certo, mas que ameaçava o interesse da burguesia, que antes o havia apoiado, trazendo assim uma proposta de escola que tentava ser científica, através do procedimento de laboratório: atividade, problema, dados, hipótese e experimentação, utilizando a pesquisa como método didático.” (Albuquerque, 2002, p.5/6). Dewey valorizava a experiência como o ponto principal da ação didática. Para ele, alunos e professores são detentores de experiências próprias, sendo o professor possuidor de uma visão sintética dos conteúdos, e os alunos, possuidores de uma visão sincrética, o que faz da experiência nesse sentido,

um ponto central na formação do conhecimento, mais do que os conteúdos formais.

No campo da didática cuja tendência se apresentaria mais progressista, destacam-se as contribuições de Ferinet (1896 – 1966), que defendia que a escola deveria ser centrada na criança, entendendo-a como um indivíduo que faz parte de uma comunidade. A ação do professor nesse processo seria a de auxiliar esse aluno a fazer descobertas.

Albuquerque (2002, p.7). Enfatiza ainda a atuação dos jesuítas no Brasil e sua educação baseada no “’Ratio Studiorum’ que tinha por objetivo adaptar-se à realidade local, principalmente Manoel de Nóbrega que incluiu as escolas de ler e escrever. As escolas jesuíticas ministradas no Brasil selecionavam apenas os autores clássicos latinos, a língua materna era suprimida o máximo possível enquanto a língua latina era dada como indispensável. As matérias de cada ano e os textos eram prescritas e não permitia alteração. As obras dos autores pagãos eram totalmente rejeitadas, e quando precisavam adaptar o texto para o uso da juventude cristã, eram acrescentadas notas.” De acordo com o autor a igreja buscava a catequização de seus alunos, utilizando o processo de transmissão, assimilação e memorização, devendo o aluno aprender a língua e a cultura portuguesa.

A despeito disso o autor segue afirmando que “os jesuítas mesmo tendo sido expulsos do Brasil, voltaram com a transferência da Coroa Portuguesa e durante o Império e a Primeira República tiveram basicamente o controle das instituições de ensino. Em 1891 a Constituição Brasileira declarava que o ensino secundário seria da competência da União enquanto o ensino primário e de formação ao magistério seriam competência dos estados.” (Albuquerque, 2002, p.7). Pode-se entender da citação que a escola jesuítica trazia uma ação didática que buscava apenas a transmissão de conteúdos descontextualizados com a vida do educando.

Albuquerque (2002, p.10) vem relatando que “no século XX surgiu a Escola Nova onde a didática era vista como um conjunto de regras, orientando os professores sobre sua ação didática, separando, todavia teoria e prática.” O autor destaca ainda que “A proposta da Escola nova em sua vertente não diretiva, para a ação didática estar nos princípios de individualidade, liberdade, iniciativa e autonomia, sendo assim uma didática de base psicológica, afirma-se a necessidade de se aprender fazendo e de aprender a aprender.” O autor cita que ao professor cabe desafiar os alunos para sua aprendizagem e na sua vertente não diretiva o aluno é considerado quase como um paciente.

No bojo das práticas didáticas que se seguiram ao contexto histórico é possível ainda identificar a concepção tecnicista que se apresenta como uma prática “didática centrada na racionalização do ensino, assim é o processo que

define o que os professores e alunos “devem fazer”, “quando fazer” e “como fazer”, existindo com isso uma maior desvinculação entre teoria e prática.” (Albuquerque, 2002, p.16). Conforme o autor ao professor cabe apenas transmitir em sua aula um pensamento já pensado anteriormente por especialistas.

Para finalizar, Albuquerque (2002, p.19) conclui que “a partir da década de 70 houve mudanças no pensamento sobre o processo pedagógico trazendo a importância de uma didática transformadora, que deve ser trabalhada no sentido de ir além dos métodos e técnicas, procurando associar escola-sociedade, teoria-prática, conteúdo - forma, técnico-político, ensino-pesquisa, professor-aluno, devendo assim, ampliar a visão do professor quanto à concepção de uma didática mais coerente com a atualidade educacional.”

Com o fim da Ditadura Militar no Brasil, passou a vigorar no campo educacional, várias críticas sobre a didática vigente, buscando-se com isso, alterar um sistema de ensino que não atendia aos ideais da classe trabalhadora. Pode-se destacar nesse contexto, a tendência libertadora, cujo expoente foi Paulo Freire (1921 – 1997) que apresenta uma proposta de ação didática voltada ao dialogo, cuja preocupação com os temas geradores traduz a uma prática de sala de aula que pudesse desenvolver a criticidade dos alunos.

O desafio ainda segue na educação em busca de uma didática que possa atender aos anseios de uma nova geração de alunos que frequentam a escola.

A didática e o trabalho do professor segundo José Carlos Libâneo.

Em seu texto: O essencial da didática e o trabalho do professor: em busca de novos caminhos, Libâneo (2001, p.1) trata de destacar a didática, como “uma disciplina que estuda o processo de ensino no seu conjunto, no qual os objetivos, conteúdos, métodos e formas organizativas da aula se relacionam entre si de modo a criar as condições e os modos de garantir aos alunos uma aprendizagem significativa”. O autor avança em suas considerações acerca da didática, ressaltando que “Ela ajuda o professor na direção e orientação das tarefas do ensino e da aprendizagem, fornecendo-lhe segurança profissional.” Libâneo (2010).

Diante de tais considerações é importante destacar que “a didática possibilita ao professor uma visão da sua ação pedagógica, podendo assim visualizar os objetivos que essa ação deseja alcançar no aluno, através da relação indivíduo-conteúdo, oferecendo ao professor a melhor forma de estabelecer sua função orientadora dessa aprendizagem” Libâneo (2001, p. 2). De acordo com o autor podemos entender que um professor que deixa seus problemas afetarem na elaboração de uma didática significativa, está não apenas prejudicando o desenvolvimento do aluno, mais

colaborando para que não haja mudanças reais na sociedade.

O autor segue argumentando que “a didática trata os objetivos, condições e meios de realizações dos processos de ensino, ligando os meios pedagógico-didáticos a objetivos sociopolíticos, não havendo uma dissociação entre técnicas pedagógicas e concepção de homem e sociedade.” Ele entende que “o professor deve ter em mente objetivos claros sobre a finalidade do desenvolvimento do educando e para isso é preciso que haja indagações sobre o significado social da matéria, o que fazer para que haja um real proveito da escola pelos alunos.” Libâneo (2001, p.3).

A partir da afirmação do autor, podemos entender que “é necessário que o professor conheça a sociedade na qual o aluno está inserido, para poder elaborar conteúdos relevantes para seu desenvolvimento mental, possibilitando ao aluno não apenas demonstrar o que aprendeu na sala de aula, mais ter uma mudança de pensamentos e atitudes em sua vida, tornando-os sujeitos de sua própria aprendizagem” Libâneo (200, p. 3). Com base nessa afirmação podemos considerar que é preciso que o professor se coloque na posição do aluno, para conseguir compreende-los, que busque oferecer uma aula não apenas entre quatro paredes, mas diversificando-a, como por exemplo, ministrar uma ação pedagógica debaixo de uma árvore, ou em uma calçada, além de visitar a comunidade e a casa de alguns alunos sempre que lhe for possível. O autor segue mencionando que “é importante que haja uma associação entre as matérias ministradas em sala de aula e sua relevância para o meio social em que o aluno vive.” Libâneo (2001 p. 3). Nessa linha de raciocino podemos verificar que para o professor do 1° ao 5° ano do Ensino Fundamental, além da associação da matéria com a vida social do aluno, deve-se haver um relacionamento entre as disciplinas.

É ainda relevante ressaltar que “na hora da elaboração dos objetivos gerais, o professor deve se preocupar em oferecer conteúdos que estejam relacionados com o contexto de vida dos alunos, buscando com essa atitude, direciona-los a terem uma maior percepção de sua realidade como sujeitos transformadores.” Libâneo (2001, p3). Nesse sentido devemos considerar que o professor precisa ter uma educação continuada, para fugir de uma didática engessada, buscando assim a elaboração de uma ação pedagógica diversificada, utilizando para isso conteúdos que melhor atendem aos interesses do educando.

Libâneo segue enfatizando que “é necessário que a didática seja direcionada pelo professor para proporcionar ao aluno condições para que ele se torne sujeito transformador, através do correto desenvolvimento mental e cognitivo, não apenas memorizando e esquecendo os conteúdos propostos, mas levando esse

conhecimento para a vida.” Libâneo (2001, p. 3). Nesse sentido é possível identificar a relação da teoria e da prática, além da possibilidade de se aplicar nesse contexto, a análise histórica do que se aprendeu no cotidiano da sala de aula, a partir da vivencia do aluno.

A partir das considerações do autor devemos considerar que “um professor consciente da importância de se ministrar aulas que tenham relação com o meio social do aluno, estará possibilitando ao educando condições psicológicas e cognitivas para questionarem a realidade a sua volta.” Libâneo (2001). Nessa linha de raciocínio podemos reforçar que é importante para o profissional da educação conhecer a visão do estudante sobre temas que irão ser abordados, utilizando para isso atividades que visem esse retorno.

Ao referir-se a tal assunto Libâneo (2001, p.3) diz que. “Esse processo de ensino é um constante vai-e-vem entre conteúdos e a problemática que são colocadas e a percepção ativa e o raciocínio do aluno” A despeito disso o autor afirma que “sendo o aluno membro de uma cultura e uma sociedade determinada, essas condições influenciam diretamente na sua forma de aprender e ver o mundo, e então, cabe ao professor na execução de uma boa didática conhecer a subjetividade do aluno para inserir em sua ação pedagógica, problemas, desafios e perguntas relacionados aos conteúdos, alcançando uma aprendizagem significativa desse aluno” Libâneo (2001, p. 3).

O autor segue afirmando que “é essencial para o professor que queira oferecer uma didática significativa, reconhecer os conhecimentos e as indagações que os alunos trazem pra dentro da sala de aula e com base nisso, elaborar objetivos gerais que aborde esses assuntos.” Libâneo (2001, p.3). Com base nessa afirmação, pode-se considerar que o professor que não leva em conta essa realidade, oferece uma didática sem vínculos com a prática social do educando, tendo em seus objetivos conteúdos repetitivos e maçantes no qual o aluno não consegue associá-los para sua vida fora da escola.

Seguindo na mesma linha de consideração Libâneo (2001, p. 4) vem destacando que “a Escola é um lugar de mediação cultural. Para o autor, ao atuar nesse contexto a escola está, “visando à assimilação e reconstrução da cultura, e nesse sentido, a aquisição de conceitos científicos e do desenvolvimento das capacidades cognitivas e operativas são indissociáveis.” O mesmo autor continua ressaltando que o professor deve estimular a capacidade de raciocínio e julgamento e melhorar a capacidade reflexiva do aluno.” Libâneo (2001,).

E nesse sentido é importante destacar que “o professor em sua ação didática deve estar voltado para o desenvolvimento de um pensamento crítico e reflexivo, considerando os conhecimentos anteriormente adquiridos por seus

alunos e respeitando-os como sujeito individual e social.” Libâneo (2001, p.4). E nesse contexto, pode-se notar que vivemos em um mundo globalizado, onde a tecnologia e a facilidade na troca de informações estão em constante crescimento, favorecendo a uma constante transmissão de informações as mais diversas possíveis. E diante disso, cabe a escola e principalmente ao professor, fazer uso de uma ação didática que o aproxime da realidade do seu aluno, sem deixar de inserir-se na ciranda tecnológica que o encaminhe para uma ação didática capaz de inseri-lo em um contexto globalizado.

Outro aspecto levantado por Libâneo (2001, p. 5) “é a concepção histórico-cultural que não considera apenas o lado biológico mais também as interações sociais e as influências do contexto social, priorizando a concepção desses aspectos na construção do psiquismo que se constitui através dos interesses, conteúdos e atitudes do conhecimento da cultura humana.” O autor vem enfatizando que “essa concepção pedagógica considera que os objetivos prioritários da escola são de incentivar o conhecimento cognitivo do aluno que depende da atividade de aprender, implicando os processos culturais e psicológicos que propiciam a aprendizagem.” Libâneo (2001, p. 4). E nesse contexto, uma ação didática voltada também para as interações sociais, deve ser priorizada pelo docente ao se planejar e compor suas aulas.

Diante de tais afirmações o autor defende que “a construção da mentalidade do educando não está apenas no aspecto pessoal, mas na convivência com outros indivíduos, assim a constante troca de informação vai modificando seus processos psicológicos, tornando assim a atividade pedagógica do professor um processo importante na construção de temas relevantes e associados com o meio dos estudantes.” Libâneo (2001, p.4). Cabe destacar ainda que dentro de uma sala de aula é possível identificar diferentes tipos de sujeitos, sendo para isso, preciso desenvolver habilidades didáticas onde o professor possa trabalhar da melhor maneira possível com essa imensa gama de diversidade existente no espaço denominado sala de aula, fazendo da ação didática, uma ação reflexiva que o leve a promover mudanças significativas.

Isto vem ao encontro do que é descrito por Vigotski (Apud, Libâneo, 2001, p. 4) ao concluir que “as instruções são internalizadas pelos indivíduos mediante a atividade de aprendizagem, a partir de uma atividade externa de transmissão, garantindo a autorregulação das ações e comportamentos dos indivíduos.” O autor segue considerando que “todas as funções mentais ocorrem duas vezes e de dois modos: a primeira socialmente, interpessoalmente ou interpsicologicamente, e à segunda psicologicamente, sendo assim a educação atua na zona de desenvolvimento proximal com base

na interação entre criança e adulto e entre criança e criança.” Libâneo (2001, p. 5).

A partir dessas considerações deve-se salientar que “o processo de transmissão de conhecimento dentro da sala de aula, deve ter uma didática não apenas expositiva, mas que possibilite a troca de informações entre criança e criança assim como entre adulto e criança.” Libâneo (2001,). Nesse sentido, o professor não deve adotar uma ação didática centrada apenas na relação professor-aluno, com base na leitura e escrita, mas precisa realizar também rodas de conversa, trabalhos em grupo, brincadeiras, jogos e outras atividades lúdicas que possam promover a troca de conhecimentos entre os alunos.

O autor vem considerar que “os significados estão na mente de cada indivíduo, tendo assim um modo particular de agir sobre ela, porém esses significados são internalizados através do convívio social e cultural.” Libâneo (2001, p. 5).

Nesse sentido é importante reforçar que “a ação didática do professor deve respeitar a forma particular de cada aluno, porém sem esquecer que é através do convívio que ocorre essa aprendizagem.” Libâneo (2001, p.5). Entretanto, cabe considerar que em alguns casos, a convivência pode não ser pacífica, pois, existem diversos tipos de indivíduos, cada um com sua maneira de ver o mundo ao seu redor. E diante disso, é imperativo que o respeito seja fator preponderante nessa relação e que o professor possa oferecer uma ação pedagógica voltada para a finalidade de solucionar problemas e lidar da melhor maneira possível, com as dificuldades de relacionamento existentes dentro da sala de aula.

E nesse sentido, para Libâneo (2001, p. 6) “a didática tem como eixo principal a relação de ensino e aprendizagem, onde estão implicados os objetivos, os conteúdo, os métodos e as formas de organização do ensino, e assim, a didática está voltada para o desenvolvimento das funções cognitivas, devendo o professor ser o mediador entre o aluno e o conhecimento, assim é preciso que tenha uma análise do processamento dos significados por seus alunos.”.

Diante dessas considerações é importante relatar que “o processo didático tem como foco a relação entre o educando e o conteúdo, devendo então o professor agir entre eles de forma a melhor influenciar o pensamento reflexivo do aluno” Libâneo (2001, p.6). Cabe ao professor, entender que na sala de aula, deve ser respeitada a idade e as limitações de cada aluno, buscando sempre uma prática didática que melhor atenda ao desenvolvimento dos seus educandos, evitando-se assim, que haja exclusão.

Diante de tais considerações é mister entender que “estamos vivendo em um mundo tecnológico, onde o estudante tem acesso a diversos tipos de informações, através da facilidade de acesso a internet e diante disso, passa a ser cobrada uma educação mais

conscientizadora, voltada para o pensamento crítico e reflexivo do aluno.” Libâneo (2001) E diante do exposto, pode-se verificar que mudando o contexto histórico, mudam-se as exigências para uma educação, onde o potencial intelectual é tido como base para a socialização da e na maneira politicamente correta desse aluno agir, fazendo a diferença onde quer que se encontre. Dessa forma, cabe ao professor, promover uma ação didática que conduza e prepare seus alunos para o desafio de se tornar um sujeito transformador.

A disciplina de didática nos cursos de formação docente

Com o objetivo de aprofundar um pouco mais no campo da didática, vislumbrou-se ainda, a importância de identificar como a disciplina é ensinada nos cursos de formação de professores. É imprescindível que se compreenda que uma boa ação didática de professores que atuarão na Educação Infantil e nas Séries Iniciais, seja subsidiada por uma ação identificada com um "saber fazer" que seja entendida “como uma atividade mediadora com a finalidade de promover o encontro formativo e educativo, entre o aluno e a matéria a ser ensinada, estreitando os elos entre a teoria de ensino e a do conhecimento” (MONTEIRO E OUTROS, 2012, p. 06).

E nesse sentido é importante ressaltar que “a função básica da didática é preparar e dar condições para o professor problematizar suas atividades, através da análise e reflexão de novas possibilidades e socialização de novos conhecimentos adquiridos.” O autor entende que ”o ensino da didática direcionado para a operacionalização do processo de ensino e aprendizagem, contribui para a formação de um profissional conservador, deixando de lado conteúdos implícitos nas atividades trabalhadas.” (MONTEIRO E OUTROS, 2012, p. 06-07). A importância de uma formação didática de qualidade é necessária para que tenhamos professores mais conscientes, de seu papel frente a esse novo contexto histórico, que perceba mudanças positivas, nesse ambiente de sala de aula.

Cabe destacar que “a didática sofreu influência de acordo com o momento histórico em que esteve inserida, quando é possível identificar a pedagogia Escolanovista; a Pedagogia Tecnicista, e as Pedagogias críticas.” (MONTEIRO E OUTROS, 2012, p. 06). A despeito disso pode-se afirmar que para se compreender o tipo de didática oferecida atualmente nas escolas, é preciso entender em que contexto histórico ela esteve ou está inserida. Nesse ínterim é importante abrir um pequeno espaço para se abordar brevemente as diferentes tendências didáticas, a fim de se identificar a atuação do docente nestes diferentes contextos.

No que se refere à Escola Tradicional, a didática é algo de controle do professor cujo objetivo é o de manter a disciplina do aluno com

vistas à manutenção da ordem e da disciplina no interior da sala de aula. Para manter o controle dos alunos em sala de aula, era ministrada uma didática, que possibilitava a continuidade do sistema social vigente, oferecendo uma educação voltada para o predomínio do autoritarismo com conteúdos descontextualizados, castigos, imposição do silêncio atividades voltadas para memorização e provas avaliativas. De acordo com Aranha (1996, p. 102) “o principal objetivo era ode oferecer um ambiente de sala de aula voltado para a obediência”.

Com relação à Escola Nova, esta surgiu no início do século XX em um período em que a mudança na política, economia e na sociedade apresentava-se guiada pela elite intelectual que tinha uma proposta pedagógica humanista com ideias vindas dos Estados Unidos e Europa. O autor continua afirmando que “essa didática desejava uma educação centrada no aluno e objetivava formar um homem integral levando em consideração seu desenvolvimento psicológico.” (MONTEIRO E OUTROS, 2012, p. 07).

Para ele, “o processo didático do professor nessa Pedagogia, está centrado na orientação do aluno que deverá aprender fazendo, devendo a didática ser direcionada para as melhores maneiras do educando alcançar um correto desenvolvimento.” (MONTEIRO E OUTROS, 2012, p. 07). Pode-se considerar nesse caso, que o foco que anteriormente era centrado no professor, com aulas expositivas, com a imposição de silêncio e com base na leitura e escrita, passou a ser focalizado no aluno que passa a ser considerado sujeito ativo, cabendo ao professor desafiar esse aluno para que ele construa seu próprio conhecimento.

Dando continuidade à didática dentro do contexto histórico é possível identificar ainda a tendência não diretiva, onde esta prática é direcionada para a ação do aluno como a de um paciente em terapia. Segundo Aranha (1996, p.174) a escola renovada não diretiva é levada a se preocupar mais com os aspectos psicológicos do que com os pedagógicos ou sociais o mais importante é dar espaço para o aluno desenvolver sua personalidade, tendo a liberdade de fazer suas escolhas, o professor deve desenvolver um estilo próprio para cada aluno, sendo apenas um facilitador, acreditando no desenvolvimento livre e espontâneo do aluno, aumenta com isso o individualismo e desconsidera os conteúdos.

Prosseguindo na análise das tendências e da aplicação da didática, outra forma a ser identificada foi “a Pedagogia Tecnicista, que teve seu apogeu com o crescimento econômico do país entre os anos de 1955 e 1961, com o crescimento das indústrias, aumentou a necessidade de mão de obra qualificada e uma escolarização que conseguisse atender a demanda econômica e social. Assim, o pensamento educacional concentrou-se na instrumentalização e técnicas e a didática passa a enfatizar aspectos didático-

metodológicos, métodos e técnicas de ensino.” (MONTEIRO E OUTROS, 2012, p. 07).

De acordo com o exposto, pode-se concluir que “na Pedagogia tecnicista a ação didática do professor passou a ser feita através de instruções pensadas por especialistas, que tinham como objetivo preparar mão de obra qualificada para as indústrias, concentrando-se em aspectos didático-metodológicos.” (MONTEIRO E OUTROS, 2012, p. 07).

Diante disso é possível considerar que essa Pedagogia não levava em conta o desenvolvimento integral do aluno e tão pouco a ação didática do professor, uma vez que ambos eram controlados pelo Estado, que conduziria a direção do trabalho docente e discente. Tal proposta tinha por objetivo, moldar o aluno para o mercado de trabalho, afinal, não era interessante para o governo que o professor trouxesse ideias novas e criativas para dentro da sala de aula. Bastava apenas, oferecer uma didática baseada em um receituário metodológico que apenas obedecesse às instruções pré-estabelecidas na época. O que se viu foi um grande retrocesso na educação brasileira e consequentemente, o aumento da insatisfação social. O trabalho de Aranha analisa, principalmente, a pedagogia libertadora e distingui essa modalidade das outras tendências anteriores, pois a prática didática do professor deve conscientizar os alunos, para o conhecimento de sua situação de oprimido, vindo contrapor uma escola excludente, com altos índices de analfabetismo, evasão e repetência (Aranha, 1996, p. 219). O autor sustenta que a importância do educador ter alteridade em sua prática didática, ministrando aulas onde vise à troca cultural, e que exista uma problematização para que os alunos possam refletir e assim descobrir o porquê das coisas e o para quê delas, tornando-se assim sujeitos de sua própria aprendizagem.

Cabe citar o trabalho de Freire um dos principais representantes da pedagogia libertadora que salienta “o professor deve ministra dentro do ambiente da sala de aula conteúdos retirados da sociedade chamados de temas geradores que são retirados da problematização do contexto da vida dos educandos, o educador não deve dirigir as atividades didáticas dentro da sala de aula, pois quem vai dirigir as atividades pedagógicas será o grupo, devendo ele provocar discussões.” Libâneo vem apontando que “os mecanismos de ensino e aprendizagem, dentro dessa tendência libertária, visam mais facilitar para os educandos os meios para alcançarem por si mesmo os conhecimentos, que, no entanto, não são tão importantes.” (Libâneo, 1985, p.27).

Libâneo vem salientando que essa tendência chamada de libertária, considera o aluno quase como um paciente, aqui o professor deve oferecer uma didática que leve o estudante a descobri por si mesmo, devendo a sala de aula, oferecer um ambiente propício para essa

descoberta. Assim o professor é colocado ainda mais de lado no processo educacional dentro da sala de aula, por considera mais os aspectos psicológicos, o mais importante agora é as experiências que serão vivenciadas pelo grupo, aqui ao contrário da libertadora o educador é um facilitador não devendo dirigir as atividades dentro desse ambiente chamado sala de aula. Vale notar a contribuição de Martins (2012, p.20) que diz respeito à “pedagogia crítico-social dos conteúdos que veio valorizando a instrução enquanto domínio do saber sistematizado e os meios de ensino, enquanto processo do desenvolvimento das capacidades cognitivas dos estudantes e viabilização da atividade de transmissão e assimilação ativa dos conhecimentos.”

O autor mantém que o ambiente em sala de aula, passa a ser considerado o local aonde o aluno irá se apropria de conhecimento, que deverá ser indissociável da realidade em que vive. No contexto da Pedagogia histórica crítica. ”ela surge no Brasil nos anos 1980 como uma alternativa às pedagogias existentes, cujo objetivo centra-se na dialética como um método para se chegar ao conhecimento para ser utilizado como um princípio educativo.” No que tange essa proposta, “cabe ao professor oferecer uma didática que possibilite ao aluno uma cultura historicamente elaborada, centrada na democratização de conteúdos socioculturais, científico e artístico para as classes populares.” (MONTEIRO E OUTROS, 2012, p. 07/08). Essa Pedagogia trouxe para a discussão a importância de se repensar o papel do professor em sua ação didática, que deveria ser propícia à acumulação de conhecimento elaborada pela sociedade. Cabe citar o trabalho de Oliveira (Apud MONTEIRO E OUTROS, 2012, p. 08). Quando ele destaca que “foi no século XX que surge a importância da didática no cotidiano escolar, especialmente nos cursos de formação de professores, favorecendo a relação entre teoria e prática”.

Nesse sentido é importante relatar que “é preciso que as Instituições de nível superior, preparem os educandos com a visão da realidade escolar, objetivando colocar no mercado de trabalho professores reflexivos, pesquisadores e conscientes de seu papel frente à sociedade.” (MONTEIRO E OUTROS, 2012, p. 08). De acordo com o autor é preciso verificar que a prática pedagógica se modifica dependendo do tipo de formação que teve o professor. Se o curso se preocupa com a formação continuada dos seus alunos, se os docentes que ensinam nessas instituições têm prazer pelo que fazem se são comprometidos com o processo de ensino e aprendizagem, e por fim se está engajado com mudanças significativas na educação, trazendo para sala de aula o melhor material para sua didática, além de buscar aperfeiçoar suas aulas, deixando-as mais dinâmicas e interativas.

Entretanto, é possível identificar em Marin (p. 64) que “o futuro professor não vem sendo

formado com autonomia e crítica para construir, compreender e transformar seus saberes.” De acordo com o autor as instituições formadoras repassam em maior quantidade teorias sem relacioná-las a prática, entregando para as salas de aulas, futuros professores com dificuldades para lidar a realidade dos estudantes e do cotidiano das salas de aulas, encontrando dificuldade desde a atuação didática e os conteúdos, até a socialização com os seus alunos.

Quanto ao preparo didático nos cursos de formação, Monteiro (Apud GATTI, 2012, p. 08) ao apresentar o panorama dos cursos de formação de professores no que se refere à disciplina de didática ele afirma que “em sua pesquisa dos 71 cursos presenciais de formação de professores para as séries iniciais, apenas 3,4% das disciplinas referem-se à didática geral, 20,7% ao conjunto de didática específica. Metodologias e práticas de ensino, somente 7,5% são destinadas a disciplinas voltadas ao ensino dos alunos das séries do ensino fundamental.”

Cabe aqui enfatizar a importância da didática no processo de formação de professores, pois cabe a essa disciplina a função integradora do conhecimento, uma vez que é por meio dela que se é possível reunir o conjunto de ações do que se vai ensinar, a maneira como será ensinado, o porquê se ensinar, para quem ensinar e, por fim, quando ensinar. Subsidiar os novos professores dessas ações é papel fundamental das escolas que atuam na formação, preparando o aluno para atuar na relação teoria e prática.

Conforme Monteiro (P. 09), “devemos reforçar que a teoria e a prática devem estar entrelaçadas com os objetivos que a instituição de ensino e o educador pretendem alcançar com o desenvolvimento desse aluno, para que este profissional adentre a sala de aula, com uma didática que busque uma mudança significativa”. Marin (p. 62) por seu lado afirma que “quando professores de didática trabalham com teorias não conseguem fazer sua associação à prática, nem associar uma prática como portadora de uma teoria”. Essa dificuldade citada pelo autor faz com que os novos docentes ao atuarem no exercício do magistério, podem se sentir inseguros diante dos problemas que se mostram comuns no interior das salas de aulas como, indisciplina, violência e dificuldades de aprendizagem, se não souberem utilizarem de métodos didáticos a seu favor.

Ao referir-se a tal assunto Monteiro (P. 09) também reforça a questão das formações docentes no âmbito das didáticas onde se sobrepõe mais a teoria do que a prática. Para esse autor, “nas disciplinas que se referem à didática específica ao longo do curso é possível notar a predominância do enfoque nas atividades teóricas sobre as práticas.” É importante compreender que o professor que sai da formação inicial, tem pouca experiência prática de sua ação docente e muito desejo de conquistar o mundo, podendo ser atropelado por esse sonho, ficando

perdido com tantas coisas por fazer, por não saber por onde, nem como começar. Já Gatti que se preocupou em examinar a função da didática afirma que “devemos nos questionar por que para a formação de médicos, engenheiros dentro outros, existe uma convergência em relação à base institucional bem determinado no qual tem a contribuição de outras instâncias da universidade, porém esse lastro educacional e filosófico bem estabelecido não é visto na formação dos futuros docentes. O licenciando possui uma identidade confusa ao ficarem entre ser especialista em sua área ou ser professor”. (Gatti, 1992, p.72). De acordo com o autor é preciso levar em consideração que o formando possui sua própria forma de atuação, com capacidades diferentes, então formá-los pretendendo ter professores universais acaba sendo um problema.

A despeito disso Libâneo afirma que é essencial que as instituições formadoras busquem alternativas que possam possibilitar a circulação de ideias, e permitir os estudos, disponibilizando professores universitários e da rede pública e particular e estudantes, promovendo simpósios, discussões livres sobre temas de interesse para a prática docente. (Libâneo, 1986, p.55). De acordo com a citação pode-se entender que grande parte dos educadores aprende a ministra uma ação didática que priorize o desenvolvimento do aluno através da experiência em sala de aula.

Gatti por seu lado afirma que “não devemos ver as instituições de ensino como dominadora do processo de formação do futuro professor. A verdadeira questão é de sua preparação para desempenhar suas funções características, como o de realizar pesquisas educacionais e didáticas, estudar modelos alternativos de preparação do docente e se preocupar com a capacitação de seus formadores etc, a modificação de seu modo de trabalhar com a interação de forma significativa dos professores com os técnicos que estão trabalhando em sala de aula não apenas trazendo-os para dentro da instituição mais frequentando suas regiões e locais de trabalho.” (Gatti, 1992, p.72). A modificação do modo de trabalhar nas instituições de ensino superior oportunizará nos licenciando uma compreensão mais clara sobre o objetivo que estar sendo educado.

Porém o autor argumenta que “as instituições formadoras costumam oferecer palestras em que se fazem verdadeiras prescrições educativas, porém sem ter preocupação se aquilo que estiver sendo estudado poderá ser transferido para a ação da prática didática do futuro professor.” (Gatti, 1992, p.72). Conforme o citado anteriormente pode-se inferir que existi uma preocupação maior da instituição de ensino em transmitir conhecimentos gerais da educação e esse descomprometimento em ter interação maior com professores que tem experiência em sala de aula, e com a contribuição de pesquisadores provoca nos futuros educandos

uma sensação de que o mais importantes é a compreensão do processo educativo e irão compreender na prática como esse conhecimento é aplicado somente quando adentrarem a sala de aula.

Marin (p. 67) também comenta que “os professores de didática aparentemente se confundem ao ministrarem outras áreas de conhecimentos, que ajudam na compreensão da formação do docente sobre o ensino, os quais precisam ser considerados, mas não podem ser confundidos com as matérias específicas. Assim conhecimentos sobre as condições sociais dos alunos, seu desenvolvimento e condições para aprendizagem, condições matérias sobre o trabalho de ensinar, formas de organizações das escolas e de seus planos e as consequências para o ensino, finalidades educativas relativas a valores a nortear toda a formação do alunado, são alguns conhecimentos da complexa área pedagógica que podem e devem ser contemplados nas disciplinas, porém não podem substituir os que compõem a Didática que juntamente com eles completam a formação do estudante da didática.” O mesmo autor segue ainda afirmando que “esses conhecimentos da área didática ao não serem ensinados, estão provocando dificuldades para a prática da ação pedagógica em sala de aula”.

Pode-se inferir que a depender do tipo de formação que teve esse novo educador, muito ou quase nada poderá ser identificado de sua ação didática.

Ao referir-se a tal assunto e depois de analisar diferentes ementas de cursos de pedagogia, Monteiro (P. 09/10) diz que “as análises possibilitaram que as ementas das disciplinas e as chamadas didáticas específicas ora concentram-se na instrumentalização do professor ora no desenvolvimento do conhecimento filosófico do conhecimento da pedagogia, mas não estabelecem inter-relação entre elas.” Nesse sentido é possível perceber que o ensino de didática tem sido realizado de forma descontextualizada e oca no que tange ao preparo para a ação docente.

A despeito disso o autor afirma que “a relevância da prática instrumental, a didática tem como objetivo oferecer discussões sobre a realidade educacional, ensino, aprendizagem, conteúdos, escola – lócus do trabalho docente - o professor e seu trabalho, metodologias e técnicas, política educacional incentivando o futuro professor a investigar o universo da educação em sua totalidade.” (MONTEIRO E OUTROS, 2012, p. 10). Diante do exposto é possível identificar a urgência de se repensar os currículos das instituições formadoras, especialmente no que tange a didática, entendendo sua relevância para a formação dos futuros professores.

Monteiro (p. 10) entende que “há uma relação da didática entre conhecimentos teóricos e práticos, interligando teoria e prática com a finalidade de fortalecer a prática educativa, para

possibilitar aos futuros professores revê-la e aperfeiçoa-la continuamente.”

Nesse sentido pode-se considerar que “a didática dentro das instituições formadoras deve possibilitar ao educando a compreensão da importância de uma didática contextualizada, de um professor pesquisador e consciente de seu papel transformador dentro da sociedade.” (MONTEIRO E OUTROS, 2012, p. 10). Nesse sentido é importante reforçar que cabe a instituição formadora a capacitação de profissionais competentes, que saibam que a ação didática sofre mudanças de acordo com o momento histórico, sofrendo assim reflexos políticos e econômicos, não devendo dessa forma, ser realizada a simples transmissão de conteúdos de forma separada da realidade do educando, mas sendo aplicada uma didática que considere o meio social e cultural da criança, com aulas mais lúdicas, interativas, que não fique centrada apenas na sala de aula.

Metodologia

O presente artigo utilizou-se da Pesquisa Bibliográfica como metodologia, quando foram tomados como estudo os textos de diferentes autores que se dedicaram ao estudo da temática investigada. Como método de procedimento, foi empregada a análise bibliográfica dos textos em evidencia, procurando identificar entre os referidos teóricos, como a ação didática do professor é percebida por eles. A opção pela pesquisa bibliográfica surgiu devido à busca teórica pelo tema, quando se vislumbrou tal construção. Segundo Lakatos (2003, p. 55)

A pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema. O estudo da literatura pertinente pode ajudar a planificação do trabalho, evitar publicações e certos erros, e representa uma fonte indispensável de informações, podendo até orientar as indagações. A soma do material coletado, aproveitável e adequado variará de acordo com a habilidade do investigador, de sua experiência e capacidade em descobrir indícios ou subsídios importantes para seu trabalho.

Para tanto, utilizou-se a leitura de livros e

artigos que destacavam aspectos relativos à didática, enfatizando o seu processo histórico, sua concepção em cursos de formação docente e a sua ação na visão de Libâneo, considerado um grande expoente da didática no Brasil. A análise e a discussão dos dados basearam-se na maneira como os diferentes autores estudados identificam aspectos da didática na prática pedagógica. Foi extraída dos textos estudados, a posição de diferentes teóricos sobre a didática, procurando neste caso, identificar sua influencia na ação docente. Descrevendo assim a posição desses pensadores a respeito da correta forma do professor ministrar com vistas a alcançar o melhor

desenvolvimento dos seus alunos. A análise estatística se deu por meio do

confronto entre os diferentes autores estudados, quando foi possível observar pontos que discordavam e que também corroboravam com a literatura estudada.

As descobertas desse estudo, embora tímidas e extraídas da bibliografia existente sobre a temática, pretendem servir de apoio a outras pessoas curiosas em estudar temas relativos na mesma área.

Discussão dos dados

Esta etapa do trabalho dedicou-se a discussão dos dados analisados a partir do que foi estudado nas seções da revisão da literatura, procurando estabelecer uma relação de confronto e ou confirmação do que foi identificado na teoria referente.

Em alguns momentos da discussão, os autores citados na Revisão da Literatura voltarão a esta seção sendo apresentados em forma de paráfrase para convalidar ou refutar o que se observou no estudo.

Desde a antiguidade já se notava a importância da didática como orientadora da prática educativa dos professores. Analisando o que é apresentado por Libâneo (2001. p. 1), é possível confirmar realmente essa importância quando o autor destaca a didática como direcionadora da aprendizagem, fornecendo segurança profissional ao docente. Por outro lado, ao se analisar a didática nos cursos de formação de professores foi possível identificar um preparo incipiente e frágil desse futuro profissional. Diante disto é imprescindível que os cursos de formação de professores se comprometam a dar um preparo em todas as áreas, especialmente na didática para que o futuro professor possa direcionar bem sua prática docente.

Ao que se pode verificar na teoria apresentada pelos autores na Revisão da Literatura, Libâneo destaca o valor da didática no sentido de que ela assegura ao professor, condições necessárias para o processo que viabiliza a ação didática. Apesar disso, foi possível ainda, verificar na literatura estudada, a falta de um aprofundamento que possibilite ao futuro professor compreender como ocorre na prática à ação didática, podendo nestes casos, acarretar problemas na sua execução.

Ao longo dos tempos foi possível identificar em Herbart no que se apresentou na literatura, que a forma mais adequada de se capacitar o aluno intelectual e psicologicamente, é trazer seus conhecimentos diversos. Assim, a prática pedagógica deverá ocorrer de forma a fixar o preparo, a apresentação, associação e aplicação. Por outro lado, Libâneo apresenta argumentos que contrapõem os achados de Herbart, quando este enfatiza a relevância de se reconhecer no docente a capacidade de elaboração de sua prática didática que seja capaz

de possibilitar ao aluno, um pensamento de forma crítica e reflexiva, levando em consideração os conhecimentos trazidos por ele anteriormente.

A importância de uma ação didática que priorize o desenvolvimento do aluno conforme estudado, também foi abordado por Albuquerque que relatou que ela passou a ser vista como modificadora dos métodos e técnicas. Sendo oferecida de modo a relacionar diversos fatores como a teoria e a prática, a escola e a comunidade, o conteúdo e a forma, o técnico e o político, o ensino e a pesquisa, o professor e o aluno, devendo assim aumentar a compreensão do docente quanto uma ação pedagógica mais condizente com a realidade do ensino.

Por sua vez, Libâneo aponta que a didática tem como principal função a associação do processo educativo com a aprendizagem, os quais contêm os objetivos, os conteúdos, os métodos e as formas de preparação do ensino, estando assim direcionadas para o desenvolvimento das funções cognitivas, cabendo ao docente ser o mediador entre o educando e o conhecimento e para isso é necessário que faça uma observação do processamento dos significados no aluno. Todavia Marin apresenta outra perspectiva que se contrapõe ao que foi dito por Libâneo, ao afirmar que o docente que está sendo encaminhado para a sala de aula, não vem sendo educado para ser autônomo e crítico para construir, compreender e modificar seus conhecimentos. Dessa forma, acabam enfrentando problemas que vão desde a realidade dos seus educandos, da rotina nas salas de aulas, como com relação aos conteúdos e a dificuldade de interação com os alunos.

Os achados teóricos possibilitaram ainda, verificar que a didática era considerada no século XX como um conjunto de regras que conduziria o professor na sua conduta pedagógica, porém separava a teoria da prática. Mas Libâneo avança em seus estudos, afirmando-nos que estamos vivendo em outro momento histórico onde se passou a ser exigido um ensino mais conscientizador, priorizando o desenvolvimento crítico e reflexivo do aluno, juntando teoria e prática. Dessa forma, a teoria e a prática passam a ser entendidas como necessárias e não dicotômicas onde a dimensão teórica, mantém-se distante da dimensão prática; perpetuando a separação entre ambas.

Por outro lado, o que se vê nas instituições formadoras são conteúdos sendo mais valorizados do que a prática, E nesses casos, a falta de conhecimento prático faz com que os futuros professores se sintam inseguros quando passam a assumir sozinhos a responsabilidade de uma sala de aula. Isto certamente interferirá em sua ação didática.

A relevância da formação de docentes mais conscientes para uma ação didática significativa deve compreender como ocorre o processamento da aprendizagem pelo aluno. E

nesse sentido, cabe às didáticas esse papel. E dessa forma, é importante mencionar Vigotski, quando é citado por Monteiro na literatura, trazendo sua posição acerca do conhecimento relatado, sendo destacado como algo a ser internalizado pelo aluno através das atividades de aprendizagem, a partir de uma forma externa de transmissão. Cabendo aqui, o reconhecimento das didáticas como esse elemento externo. No tocante ao que foi apresentado sobre a formação de professores na literatura, foi possível identificar uma maior ênfase em outras áreas do conhecimento, em detrimento das didáticas específicas.

É importante que os futuros profissionais da educação sejam capazes de identificar a relevância das diferentes didáticas e suas contribuições para uma prática reflexiva. E nesse sentido, foi identificado nos estudos teóricos que no contexto da aprendizagem mediada pelas diferentes abordagens didáticas, quando se abordou Ferinet, que o eixo principal do processo de ensino sempre deve ser o aluno cabendo ao professor ajudá-lo em suas descobertas, por meio de suas práticas didáticas. Todavia, é possível identificar em Libâneo, que o estudante e o conhecimento, são, para ele, eixos centrais do processo de aprendizagem. O que se evidencia nesse sentido é que ao educador, cabe a tarefa de influenciar o pensamento reflexivo do aluno. E nesse sentido, uma ação didática que promova essa autonomia, seria fundamental para a construção do conhecimento mediado pela prática docente.

Todavia, o que se evidencio na literatura ao analisar o trabalho de Dewey, foi que esse teórico considerava a experiência do aluno e professor mais do que conteúdos formais, embora reconhecesse a visão sincrética de um e a sintética de outro. Ele rebatia a didática tradicional de Herbart, que mesmo dando certo, ameaçava interesses burgueses. Dewey defendia um método didático por meio da pesquisa. E nesse sentido, é possível identificar nesse teórico uma proposta de uma ação didática docente elaborada em torno da formação continuada do professor.

Já Libâneo que se preocupou em examinar a função didática da ação docente, centra-se numa didática que trata de ligar os meios pedagógico-didáticos a objetivos sociopolíticos. Para ele, técnicas pedagógicas, concepção de homem e sociedade, não se desvinculam da ação docente.

Esse autor reconhece a valorização do estudante pelo professor, que busca uma aprendizagem para a transformação do sujeito. Essa prática tem relações com sua ação didática. A pesquisa mostrou a didática como uma disciplina de função integradora, que possibilita o trabalho do professor e a compreensão do aluno.

Libâneo traz conforme visto no referencial teórico, que a concepção didática dentro da sala de aula deve priorizar propósitos de incentivo ao

desenvolvimento cognitivo do estudante que depende do processo de aprendizagem, devendo assim utilizar-se de processos culturais e psicológicos que assegurem a aprendizagem.

Portanto o que se evidenciou no estudo foi a necessidade de as instituições de ensino superior, buscarem alternativas para a melhor circulação de ideias possibilitando meios que permitam estudos através da disponibilização de simpósios, discussões e livros sobre temas de interesse que confirmem a ação didática do futuro professor.

Freire de acordo com o que se evidenciou na bibliografia estudada enfatiza que o docente em sua prática didática, deve fazer uso de temas geradores problematizando assim, o contexto social dos educandos, como um recurso à ação didática do professor.

Corroborando com essa ideia, Libâneo enfatiza a importância do desenvolvimento mental do estudante como uma ação que não é unicamente pessoal, mas também social que vai se constituindo por meio da constante troca de conhecimentos, capaz de moldar seus pensamentos. E nesse processo, a ação didática do professor torna-se essencial para introdução de conteúdos indispensáveis para a interação e aprendizagem dos alunos.

No tocante aos estudos sobre a temática, foi possível ainda se verificar em Monteiro que a ação didática do professor quando programada por especialistas, tinha como objetivo servir à formação de trabalhadores industriais, cujo foco se assentava nos aspectos didático-metodológicos. Em contrapartida, Libâneo argumenta que a função principal da didática é possibilitar ao educador condições psicológicas e cognitivas, que sejam capazes de indagar sobre a realidade a sua volta. Cabe nesse ínterim identificar a importância de uma ação didática voltada para construção da autonomia do docente e do discente no contexto da aprendizagem.

Ao estudar Libâneo, foi possível identificar que o objetivo da didática para ele é oferecer ao educador e educando, condições para juntos poderem problematizar suas ações por meio da reflexão e análise, procurando com isso, construir novas formas de socialização e conhecimentos recém-adquiridos. Contrapondo-se ao que foi mencionado, Monteiro apresenta argumentos teóricos que refutam os achados, uma vez que o referido autor apresenta o contexto da formação de professores nas didáticas, cujo foco centra-se mais na instrumentalização do professor e no processamento do conhecimento pedagógico, do que na relação entre elas.

Para Libâneo, a ação didática do docente precisa considerar o desempenho individual de cada estudante, não devendo, todavia, esquecer que é por intermédio da convivência que ocorre essa aprendizagem. E nesse propósito é possível abordar Monteiro que reforça a necessidade de o profissional da

educação favorecer sua ação didática voltada para uma cultura historicamente construída e centrada na democratização de temas socioculturais, científico e artísticos, capazes de atingir todo o universo de alunos numa sala de aula.

De acordo com o que se observou nos estudos sobre a temática, foi possível verificar em Monteiro que a ação didática de docentes mais reflexivos, pesquisadores e conscientes da sua função, se faz por meio de uma formação que objetive capacita-los para compreender o dia a dia da sala de aula. Entretanto, a literatura mostrou ainda em Gatti que, não se deve ver a instituição formadora como única responsável pela formação do futuro professor, mas é sobretudo necessário buscar meios de melhorar sua ação educadora, incentivando pesquisas e ações didáticas continuadas de forma mais exigente, valorizando ainda, a interação entre profissionais que atuam com aqueles que atuarão em salas de aulas.

A pesquisa bibliográfica possibilitou ainda, reconhecer um confronto entre Libâneo e Gatti, quando foi possível identificar naquele que o processo de aprendizagem é um constante vai-e-vem entre disciplinas e a problemática que são estabelecidos entre a compreensão ativa e o pensamento do estudante. Ao passo que este afirmou que nas instituições formadoras são oferecido palestras onde é abordado com bastante frequência temas educativo, mas sem considerar se poderá ser transferido para sala de aula.

E por fim, Libâneo argumenta que direcionando e orientando o professor da melhor maneira possível, sua didática passa a oferecer segurança no desempenho da sua prática docente. E nesse contexto, Gatti argumenta que é preciso indagar com as instituições de ensino superior quanto aos seus processos de formação, devendo essas, se preocupar com uma confluência em relação à base educacional e filosófica bem estabelecida, capazes de subsidiar a ação didática dos novos professores.

A Guisa das Conclusões

O referido estudo conseguiu atingir todos os objetivos propostos, sendo esses norteadores do trabalho em questão.

Sendo assim o estudo concluiu que a ação didática do professor é muito importante para a atuação segura e eficaz desse profissional em exercício em sala de aula, mas que falta um aprofundamento entre teoria e prática no que se refere ao exercício das funções didáticas no processo de formação. Concluiu-se que esse processo requer mais atenção, pois ainda é muito incipiente a formação nos cursos superiores. Sendo dessa forma, urgente que as instituições formadoras se comprometam com um preparo responsável desse profissional.

Concluiu-se também que é importante considerar os conhecimentos prévios trazidos pelos alunos para que haja a fixação dos conteúdos por meio de uma ação didática

docente, direcionada para a formação de um pensamento crítico e reflexivo do estudante. A pesquisa pode verificar também que o futuro professor não está sendo formado para agir de forma autônoma e crítico não sendo capaz de construir, compreender e modificar seus conhecimentos.

Os achados sobre o tema possibilitou ainda identificar que falta aos futuros professores a capacidade de reconhecer a importância das diferentes didáticas em sua atuação docente. Mas por outro lado, foi possível confirmar que a função didática é de fato responsável pelos objetivos, conteúdos, métodos e formas de preparação do ensino associadas às funções cognitivas.

A pesquisa possibilitou a confirmação de que o centro do processo de ensino e aprendizagem é o estudante, cabendo ao professor, atuar com uma ação didática que seja capaz de ajuda-lo em suas descobertas. E para que haja o desenvolvimento adequado do estudante, a formação continuada de professores foi sem dúvida, o caminho para o aperfeiçoamento de sua prática didática, exercendo a didática, a função integradora entre professor e aluno.

E nesse sentido, a proposta dos temas geradores apareceu no estudo como uma proposta que viabiliza a ação didática do professor na relação professor aluno para a promoção da aprendizagem. Embora o estudo tenha evidenciado que a ação didática do educador deve considerar o desempenho individual de cada aluno, ela aprece como sendo imprescindível para o exercício do professor no que se refere a sua atuação no contexto da sala de aula.

Por fim, a pesquisa permitiu identificar ainda que a responsabilidade de formação não deve se restringir as instituições de ensino, mais cabendo principalmente ao professor, buscar essa especialização por meio de pesquisa e troca de experiência entre professores atuantes com aqueles que ainda estão em processo de formação.

E para não concluir, o estudo não se encerra por si só os conhecimentos obtidos por meio dessa simples pesquisa. Muito há por se fazer sobre a formação de professores no que se refere a sua ação didática para atuar com alunos nos segmentos do Ensino Fundamental.

A contribuição aqui destacada tem como objetivo poder subsidiar novos estudos, assim como orientar a prática docente de professores tanto em formação quanto os que já se formaram.

Agradecimentos

Primeiramente a Deus por minha vida e pela benção de uma família e amigos que sempre me apoiaram na realização dos meus sonhos, por ter me concedido saúde e força em todos os momentos da minha vida e pela oportunidade de estar concluindo minha licenciatura.

A esta instituição de ensino por ter me possibilitado um ambiente criativo e amigável e

pela oportunidade de vislumbrar um horizonte superior na minha vida acadêmica e profissional.

A todos os professores que contribuíram para minha formação não apenas de forma racional, mais por terem manifestado caráter e efetividade no processo educativo.

A minha orientadora Maria Ângela dos Reis Silva Tanno pela dedicação na orientação para a elaboração deste trabalho acadêmico com suas correções e incentivo.

A todos que colaboraram de forma direta ou indiretamente no meu processo de formação, o meu muito obrigada.

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