A Importância Da Afetividade Na Relação Professor - Aluno

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Revista Eletrônica Saberes da Educação – Volume 4 – nº 1 - 2013 1 A Importância da Afetividade na Relação Professor/Aluno no Processo de Ensino/Aprendizagem na Educação Infantil Tágides Mello 1 Juliana de Alcântara Silveira Rubio 2 Resumo Este trabalho pretende abordar a afetividade como fator imprescindível no processo de ensino aprendizagem, pois age de forma positiva na vida educacional. Através do afeto, o aluno adquire todas as condições necessárias para se sentir seguro e protegido. Assim, para que tenha um desenvolvimento saudável e adequado dentro do ambiente escolar é necessário estabelecer relações positivas, para se atingir os objetivos educativos. Palavras Chave: Afetividade; relação professor-aluno; aprendizagem. 1. Introdução Esta pesquisa trata da importância da afetividade para os educandos da Educação Infantil, por entender que o indivíduo que é tratado com afeto pode transformar-se em um ser humano capaz de enfrentar os problemas da vida e tem maior possibilidade de tornar-se uma pessoa mais solidária, mais centrada. Nesse contexto observamos também que o educador tem que fazer sua parte, procurando estar emocionalmente equilibrado, para poder intervir nos conflitos que surgem em sua sala de aula. Um bom relacionamento entre professor e aluno, pautado no respeito e no carinho favorece essa mediação. Ao perceber a importância de uma relação afetiva positiva entre professor- aluno para o processo e desenvolvimento da aprendizagem da criança, sentimos a necessidade de desenvolver uma pesquisa a fim de verificar se o fortalecimento das relações afetivas entre ambos contribui para um melhor rendimento escolar. Acreditamos que o professor não apenas transmite conhecimentos, mas também pode estabelecer uma relação afetiva com seus alunos, o que facilitaria o processo de aprendizagem. 1 Pós-graduando em Psicopedagogia pela Universidade Nove de Julho – UNINOVE. 2 Mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista – UNESP – Professora orientadora.

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No processo de ensino-aprendizagem, a afetividade se torna um fator importante na confiança entre aluno e professor garantindo uma confiança tanto no ensino quanto na aprendizagem do educando.

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    A Importncia da Afetividade na Relao Professor/Aluno no Processo de Ensino/Aprendizagem na Educao Infantil

    Tgides Mello 1 Juliana de Alcntara Silveira Rubio 2

    Resumo Este trabalho pretende abordar a afetividade como fator imprescindvel no processo de ensino aprendizagem, pois age de forma positiva na vida educacional. Atravs do afeto, o aluno adquire todas as condies necessrias para se sentir seguro e protegido. Assim, para que tenha um desenvolvimento saudvel e adequado dentro do ambiente escolar necessrio estabelecer relaes positivas, para se atingir os objetivos educativos.

    Palavras Chave: Afetividade; relao professor-aluno; aprendizagem.

    1. Introduo Esta pesquisa trata da importncia da afetividade para os educandos da

    Educao Infantil, por entender que o indivduo que tratado com afeto pode transformar-se em um ser humano capaz de enfrentar os problemas da vida e tem maior possibilidade de tornar-se uma pessoa mais solidria, mais centrada. Nesse contexto observamos tambm que o educador tem que fazer sua parte, procurando estar emocionalmente equilibrado, para poder intervir nos conflitos que surgem em sua sala de aula. Um bom relacionamento entre professor e aluno, pautado no respeito e no carinho favorece essa mediao.

    Ao perceber a importncia de uma relao afetiva positiva entre professor-aluno para o processo e desenvolvimento da aprendizagem da criana, sentimos a necessidade de desenvolver uma pesquisa a fim de verificar se o fortalecimento das relaes afetivas entre ambos contribui para um melhor rendimento escolar. Acreditamos que o professor no apenas transmite conhecimentos, mas tambm pode estabelecer uma relao afetiva com seus alunos, o que facilitaria o processo de aprendizagem.

    1 Ps-graduando em Psicopedagogia pela Universidade Nove de Julho UNINOVE.

    2 Mestre em Educao pela Universidade Estadual Paulista UNESP Professora orientadora.

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    O trabalho foi baseado em autores como Freire (1996), Piaget (1995), La Taille (1992), Saltini (2008), e subsidiado por vrias citaes destes autores, mestres na arte de educar.

    2. Afetividade Uma das dificuldades no estudo sobre a afetividade a definio do que

    realmente significa o termo. Na linguagem geral, afeto relaciona-se com sentimentos de ternura, amor, carinho e simpatia. A afetividade est relacionada aos mais diversos termos: emoo, estados de humor, motivao, sentimento, paixo, ateno, personalidade, temperamento e outros tantos. A maior parte das vezes, confundida com emoo.

    A afetividade exerce um papel importantssimo em todas as relaes, alm de influenciar decisivamente a percepo, o sentimento, a memria, a autoestima, o pensamento, a vontade e as aes, e ser, assim, um componente essencial da harmonia e do equilbrio da personalidade humana.

    Os estados afetivos fundamentais so as emoes, os sentimentos, as inclinaes e as paixes. A palavra emoo vem do latim movere, mover-se para fora, externalizar-se. a mxima intensidade do afeto.

    A emoo definida assim, pelo Dicionrio Aurlio (1994): Psicol. Reao intensa e breve do organismo a um lance inesperado, a qual se acompanha de um estado afetivo de conotao penosa ou agradvel.

    Segundo a Wikipdia, a afetividade a relao de carinho ou cuidado que se tem com algum ntimo ou querido. o estado psicolgico que permite ao ser humano demonstrar as suas emoes e sentimentos a outro ser. considerado tambm o lao criado entre humanos com uma amizade mais aprofundada.

    Afeio (vinda de afeto), representada por um apego a algum, o que gera carinho, saudade, confiana e intimidade, o termo perfeito para amor entre duas pessoas. O afeto um dos sentimentos que mais gera autoestima entre pessoas.

    Afeto significa afeio; amizade; amor e designa um estado da alma, um sentimento; uma mudana ou modificao que ocorre simultaneamente no corpo e na mente de algum. A maneira como somos afetados pode diminuir ou aumentar a nossa vontade de agir.

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    3. A Afetividade na Educao Infantil

    Para que se possa compreender de forma mais ampla o tema da afetividade na educao infantil, entendemos que primeiramente faz-se necessrio tratar rapidamente sobre a educao infantil.

    A Educao Infantil foi vista durante um grande tempo como uma forma de cuidar, sendo assim deixada em segundo plano, no contando com nenhuma preocupao no que diz respeito ao carter pedaggico que est inserido em todo contexto educacional.

    Porm, atualmente, muito se discute sobre Educao Infantil. A Educao Infantil, primeira etapa da Educao Bsica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criana. Conforme a LDB- Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (Lei Federal n 9394/96)- colocando-a na mesma importncia com o Ensino Fundamental e Mdio. Sobre a Educao Infantil, especificamente, a LDB se expressa assim:

    A educao infantil, primeira etapa da educao bsica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criana at seis anos de idade, em seus aspectos fsico, psicolgico, intelectual e social, complementando a ao da famlia e da comunidade. (LDB, CAP.II; SEOII; ART.29- LDB)

    Falando de qualidade na educao infantil, como j vimos, a questo da afetividade passa a fazer parte da rotina e cotidiano educacional. Estudos realizados deixam claro que a afetividade est ligada intimamente ao aprendizado infantil, sendo que as emoes e os sentimentos foram muito estudados por importantes tericos.

    Segundo La Taille (1992), Jean Piaget (1896-1980) foi um dos primeiros autores que questionou as teorias sobre a afetividade e a cognio como aspectos funcionais separados. Para Jean Piaget, o desenvolvimento intelectual considerado como tendo dois componentes: o cognitivo e o afetivo. Paralelo ao desenvolvimento cognitivo est o desenvolvimento afetivo. Afeto inclui sentimentos, interesses, desejos, tendncias, valores e emoes em geral. Conforme Piaget (1995) elas so inseparveis, pois, defende que toda ao e pensamento comportam um aspecto cognitivo, representado pelas estruturas mentais, e um aspecto afetivo, representado por uma energtica, que a afetividade. Ou seja, a

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    afetividade constitui aspecto indissocivel da inteligncia, pois ela impulsiona o sujeito a realizar as atividades propostas. Segundo La Taille (1992) os educandos alcanam um rendimento infinitamente melhor quando se apela para seus interesses e quando os conhecimentos propostos correspondem s suas necessidades.

    Vygotsky (apud LA TAILLE, 1992), props a construo de uma nova psicologia, fundamentada no materialismo histrico e dialtico. Aprofundou seus estudos sobre o funcionamento dos aspectos cognitivos, mais precisamente as funes mentais e a conscincia. Vygotsky usa o termo funo mental para referir-se a processos como pensamento, memria, percepo e ateno. A organizao dinmica da conscincia aplica-se ao afeto e ao intelecto.

    Conforme Oliveira (1992, p. 76), Vygotsky explica que o pensamento tem sua origem na esfera da motivao, a qual inclui inclinaes, necessidades, interesses, impulsos, afeto e emoo. Nesta esfera estaria a razo ltima do pensamento e, assim, uma compreenso completa do pensamento humano s possvel quando se compreende sua base afetivo-volitiva. Apesar de a questo da afetividade no receber aprofundamento em sua teoria, Vygotsky evidencia a importncia das conexes entre as dimenses cognitiva e afetiva do funcionamento psicolgico humano, propondo uma abordagem unificadora das referidas dimenses.

    Por sua vez, na psicogentica de Henri Wallon (apud LA TAILLE 1992), a dimenso afetiva est no centro de tudo, tanto do ponto de vista da construo da pessoa quanto do conhecimento. Para ele, a afetividade fator fundamental no desenvolvimento da pessoa, por meio dela que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades.

    Desde pequeno, recm nascido, o ser humano utiliza a emoo para comunicar-se com o mundo. O beb, antes mesmo da aquisio da linguagem, estabelece relao com a me, atravs de movimentos de expresso, choro, que uma produo cultural, e os movimentos e gestos so carregados de significados afetivos, sendo expresses da necessidade alimentar e do humor.

    Como diz Dantas (1992), para Wallon, O ato mental se desenvolve a partir do ato motor; personalismo ocorre dos trs aos seis anos. Nesse estgio desenvolve-se a construo da conscincia de si mediante as interaes sociais, reorientando o interesse das crianas pelas pessoas.

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    Henri Wallon foi o primeiro a levar no apenas o corpo da criana, mas tambm suas emoes, para dentro da sala de aula. Suas idias foram baseadas em quatro elementos bsicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligncia e a formao do eu como pessoa.

    Segundo Wallon (apud DANTAS,1992), a afetividade anterior ao desenvolvimento, e as emoes tm papel predominante no desenvolvimento da pessoa, por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. As transformaes fisiolgicas de uma criana revelam traos importantes de carter e personalidade. A raiva, a alegria, o medo, a tristeza tm funes importantes na relao da criana com o meio, a emoo causa impacto no outro e tende a se propagar no meio social, pois altamente orgnica. Desta forma, nessa teoria, acredita-se que a afetividade um ponto de partida para o desenvolvimento do indivduo.

    Wallon destaca a alternncia existente entre as funes razo (cognitiva) e emoo (afetividade), apresentadas no decorrer do desenvolvimento da pessoa. A razo e a emoo esto imbricadas, ou seja, uma no acontece sem a outra, mas sempre uma se sobrepe outra.

    Dantas (1992) enfatiza que, alm de ser uma das dimenses da pessoa, a afetividade tambm a mais arcaica fase do desenvolvimento. Afirma que no incio da vida, afetividade e inteligncia esto misturadas com predomnio da primeira. Conclui que o ser humano, desde o nascimento, um ser afetivo, e que gradativamente, esta afetividade inicial vai diferenciando-se em vida racional.

    Wallon, Vygotsky e Piaget afirmam que no se pode separar afetividade e cognio. Apontando os estudos feitos por eles, pode-se afirmar que a afetividade vital em todos os seres humanos, de todas as idades, mas, especialmente, no desenvolvimento infantil. A afetividade est sempre presente nas experincias vividas pelas pessoas, no relacionamento com o outro social, por toda sua vida, desde seu nascimento.

    Quando a criana entra na escola, torna-se ainda mais evidente o papel da afetividade na relao professor-aluno.

    4. A Afetividade na Relao Professor-Aluno

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    Educar no significa apenas repassar informaes ou mostrar um caminho a trilhar que o professor julga ser o certo. Educar ajudar o aluno a tomar conscincia de si mesmo, dos outros, da sociedade em que vive e o seu papel dentro dela. saber aceitar-se como pessoa e principalmente aceitar ao outro com seus defeitos e qualidades.

    Muitos autores vm, ao longo da histria, defendendo que o afeto indispensvel para o ato de ensinar. Embora os fenmenos afetivos sejam de natureza subjetiva, isso no os torna independentes da ao do meio sciocultural, pois pode-se afirmar que esto diretamente relacionados com a qualidade das interaes e relaes entre sujeitos, enquanto experincias vivenciadas.

    Rubem Alves (2000) enfatiza que o professor, aquele que ensina com alegria, que ama sua profisso, no morre jamais. Ele diz:

    Ensinar um exerccio de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naquele cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim, no morre jamais... (ALVES, 2000 p.5)

    Em sala de aula tenta-se descobrir qual o papel do professor, direcionando o olhar para a relao que se desenvolve entre professor e aluno.

    As interaes em sala de aula so construdas por um conjunto de variadas formas de atuao, que se estabelecem entre partes envolvidas, a mediao do professor em sala de aula, seu trabalho pedaggico, sua relao com os alunos, tudo faz parte desse papel. A afetividade no se limita a carinho fsico, muitas vezes se d em forma de elogios superficiais, ouvir o aluno, dar importncia s suas idias. importante destacar essa forma de afetividade, pois s vezes nem percebemos que pequenos gestos e palavras so maneiras de comunicao afetiva.

    SILVA (2001) enfatiza a importncia do professor para que os alunos sintam-se mais seguros, criando, assim, um ambiente de aprendizado tranquilo, pois a afetividade se faz presente no cotidiano da sala de aula, seja pela postura do professor, pela dinmica de seu trabalho ou nas interaes entre sujeitos.

    Todas as aes so mediadas pela afetividade do professor e percebe-se que as decises tomadas por ele tm respaldo da afetividade, constituindo o afeto como fator fundante das relaes que se estabelecem entre os alunos, os contedos escolares e os professores.

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    O ato de ensinar e de aprender envolve e exige certa cumplicidade do professor, tal cumplicidade se constri nas intervenes, atravs do que falado, do que entendido, do que transmitido e captado. Cabe ao professor planejar e executar suas aulas para que seus alunos criem vnculos positivos entre si e os contedos. Quando um professor apenas transmite um contedo, sem nexo, sem que o aluno assimile afetivamente o contedo, nada ser aprendido pois o professor tem de tornar os contedos interessantes aos olhos dos alunos.

    Pequenos gestos como sorrir, escutar, refletir, respeitar so, entre tantos outros, necessidades que levam o sujeito a investir na afetividade, que o combustvel necessrio para a adaptao, a segurana, o conhecimento e o desenvolvimento da criana.

    Em se tratando da educao infantil, a relao do professor com os alunos constante, d-se o tempo todo, na sala, durante as atividades, no ptio, e por essa proximidade afetiva que se d interao com objetos e a construo do conhecimento.

    SALTINI (2008, p.100) afirma que, essa inter-relao o fio condutor, o suporte afetivo do conhecimento.

    O referido autor complementa:

    Neste caso, o educador serve de continente para a criana. Poderamos dizer, portanto, que o continente o espao onde podemos depositar nossas pequenas construes e onde elas so acolhidas e valorizadas, tal qual um tero acolhe um embrio. A criana deseja e necessita ser amada, aceita, acolhida e ouvida para que possa despertar para a vida da curiosidade e do aprendizado. (SALTINI, 2008, p.100)

    As experincias afetivas nos primeiros anos de vida so determinantes para que a pessoa estabelea padres de conduta e formas de lidar com as prprias emoes, a qualidade dos laos afetivos muito importante para o desenvolvimento fsico e cognitivo da criana. A relao interpessoal positiva que o aluno constri com o professor, como aceitao e apoio, possibilita o sucesso dos objetivos educativos.

    Quando ocorrem exploses de raiva, o professor precisa ter muita habilidade e pacincia e seria timo manter um dilogo com o aluno, em que se possa perceber o que est acontecendo, usando tanto o silncio quanto o corpo. Conforme recomenda Saltini (2008 p.102) compartilhar com os demais da classe os

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    sentimentos que esto sendo evidenciados dar oportunidade para a criana colocar seus sentimentos na escola, no apenas sua inteligncia.

    O afeto muito importante para que o profissional seja considerado um bom professor e mais ainda, para que o aluno se sinta importante e valorizado. O professor deve entender seus sentimentos, buscar solues para as diversas dificuldades que os alunos apresentam, preocupar-se com seus alunos por inteiro, tendo sensibilidade para entend-los, buscar aes que os valorizem, independente de seu grau de desenvolvimento.

    Nessa viso, a criana interioriza suas vivncias, principalmente pelo contato social com outras pessoas. Sendo assim, se seu crculo social trat-la com carinho, reconhecer seus direitos e se mostrar atencioso, a criana interiorizar um bem-estar emocional, sentindo-se protegida e segura de seu espao dentro do grupo.

    Wallon (apud La Taille, 1992), em sua teoria da emoo, considera a afetividade e inteligncia fatores misturados, e defende que a educao da emoo deve ser includa entre os propsitos da ao pedaggica.

    Esse estudioso analisou que no incio da vida, a afetividade se sobressai. Ele coloca grande importncia na afetividade. E reafirma sua teoria, ao dizer que:

    Ela incorpora de fato as construes da inteligncia, e, por conseguinte tende-se racionalizar. As formas adultas de afetividade, por esta razo, podem diferir enormemente das suas formas infantis. (DANTAS, apud, LA TAILLE, 1992, p.90)

    Como se percebe, a afetividade de suma importncia desde o incio do desenvolvimento humano. As mudanas no homem vo acontecendo de acordo com o seu meio e com as pessoas sua volta, familiares, amigos e professores.

    O afeto deve estar presente na relao entre professor e alunos dentro do ambiente escolar. de acordo com o grau de afeto apresentado entre as duas partes que a interao se realiza e constri-se um conhecimento altamente envolvente.

    Conforme CURY (2003) os professores precisam deixar de serem bons e se tornarem fascinantes para que suas aulas e contedos faam sentido e possam ser assimilados por seus alunos.

    A confiana tudo para os alunos, uma ferramenta para a participao no sucesso e na conquista de seu educando. O professor o referencial, o lder, o que

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    orienta e auxilia o aluno em suas atividades, seus sonhos e projetos. Por outro lado, o professor tambm cresce e se realiza quando percebe que conseguiu passar todo o ensinamento para o aluno de uma forma tranquila, com amizade e serenidade, sem castigos, sem punies. O professor tem que estar apto para construir, se dedicar aos alunos, vibrando com suas conquistas.

    Para FREIRE (1996) "... quem forma se forma e re-forma ao formar e quem formado forma-se e forma ao ser formado", confirmando a necessidade de uma educao global, visando o completo desenvolvimento do indivduo e a compreenso do docente de que o processo de ensino e aprendizagem no est centrado no conhecimento do professor, mas que deve ser construdo e produzido a partir da interao deste com o educando. A criana deve ser estimulada em todas as habilidades e, para isso, o professor deve estar ciente de que ensinar uma especificidade humana, no transferir conhecimento, e exige a participao de todos os segmentos envolvidos.

    A relao entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo professor, da relao emptica com seus alunos, de sua capacidade de ouvir, refletir e discutir o nvel de compreenso dos alunos e da criao das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Indica tambm, que o professor, deve buscar educar para as mudanas, para a autonomia, para a liberdade possvel numa abordagem global, trabalhando o lado positivo dos alunos e para a formao de um cidado consciente de seus deveres e de suas responsabilidades sociais.

    4. Consideraes Finais Todas as relaes quer sejam familiares, profissionais ou pessoais, devem

    ser permeadas pela afetividade, e esta pode ser validada por todos, em qualquer faixa etria e em qualquer nvel social e cultural.

    A afetividade est sempre presente nas experincias vividas pelas pessoas, no relacionamento com o outro, por toda a vida, desde seu nascimento.

    Todo ser humano precisa de limites, mas de carinho e amor tambm. Um educando aprende o que respeito e respeita a partir do momento em que v o educador como um amigo que tem e espera respeito, como algum que se preocupa de verdade com ele e que lhe mostra os caminhos.

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    Nota-se claramente que a afetividade fundamental para a vida humana e que representa um dos aspectos mais significativos na construo de pessoas mais saudveis, mais capazes de tomar decises sbias e inteligentes, principalmente a importncia que tem a afetividade na vida da criana e como essa relao vai influenciar no s na sua formao, mas em toda sua vida adulta, sua relao com o mundo.

    Acreditamos que os aspectos afetivos e cognitivos formam um par inseparvel. No interior da vida escolar, principalmente na Educao Infantil, os alunos precisam vivenciar momentos que potencialmente geram crescimento, que vo ter implicaes afetivamente marcantes em seu desempenho pedaggico. Numa poca de crises, tragdias e separaes como a nossa, necessrio comearmos a pr em prtica nas escolas, idias mais humanistas, que valorizem desde cedo a importncia das emoes.

    Concluindo, as instituies escolares, e neste caso especfico, as de Educao Infantil, devem ser sempre um lugar de investigao por parte do professor de sua prpria prtica pedaggica. Devem ser tambm, um espao dinmico e vivo, no qual as crianas alcancem o pleno desenvolvimento de suas capacidades e potencialidades corporais, cognitivas, afetivas, emocionais, ticas, de relao interpessoal e insero social. As instituies de Educao Infantil que primam pela qualidade da educao e propiciam interaes sociais afetivas, contribuem para a formao de crianas saudveis, inteligentes e, acima de tudo, felizes.

    Referncias Bibliogrficas

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    CURY, Augusto Jorge. Pais brilhantes, professores fascinantes. Rio de Janeiro: Sextante, 2003.

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    FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica educativa. 9 ed.- So Paulo: Paz e Terra, 1996. - (coleo leitura)

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    GOULART, Iris Barbosa. PIAGET- Experincias bsicas para utilizao pelo professor. Petrpolis: Editora Vozes, 2003.

    KRAMER, Sonia. A poltica do pr-escolar no Brasil: a arte do disfarce. Rio de Janeiro: Achiam, 1992.

    MENEGHETTI, Antonio. Nota sobre afetividade in manual de ontopsicologia. 3 ed. Recanto Maestro, 2004. Disponvel em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Afetividade. Acesso em: 20/04/2012

    PIAGET, VYGOTSKY, WALLON. Teorias psicogenticas em discusso. Yves de La Taille, Martha Kohl de Oliveira, Heloysa Dantas. 14 ed.- So Paulo: Summus, 1992.

    PIAGET, J. et al. Abstrao reflexionante. Relaes lgico-elementares e ordem das relaes espaciais. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1995.

    SALTINI, Cludio J. P. Afetividade e inteligncia. 5 ed.- Rio de Janeiro: Wak Ed., 2008.

    SILVA, M.L.F.S. Anlise das dimenses afetivas nas relaes professor-aluno. Campinas, Unicamp: FE 2001.