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A importância da iluminação nos bares e restaurantes e sua influência no comportamento dos usuários janeiro/2013 A importância da iluminação nos bares e restaurantes e sua influência no comportamento dos usuários Nathália Ceccato Bragatto [email protected] Iluminação e Design de Interiores Instituto de Pós-graduaçãoIPOG Resumo Este artigo apresenta uma análise sobre a importância da existência de um projeto luminotécnico em bares e restaurantes e sua influência no comportamento do consumidor. Este tema surgiu após constatação da necessidade de embasamento teórico para desmistificar alguns pré-conceitos em relação ao trabalho do lighting designer (termo técnico dado ao profissional da iluminação), principalmente em cidades de porte médio, e incentivar os empresários a considerarem a iluminação como inerente à boa apresentação e funcionamento do local, possibilitando assim a utilização da mesma em prol do negócio. O estudo da influência da iluminação nestes estabelecimentos sobre as pessoas que os frequentam possibilitará a identificação e criação de projetos luminotécnicos adequados a cada necessidade ou estilo de espaço e seu público alvo, promovendo maior conforto aos usuários, servindo de base para projetos futuros e acrescentando maior qualidade aos espaços de gastronomia e lazer das cidades interioranas. Como metodologia para o desenvolvimento deste trabalho foram adotadas a pesquisa exploratória e descritiva, cujos resultados serão apresentados adiante. Palavras-chave: Bares e restaurantes; Projeto Luminotécnico; Comportamento do Consumidor. 1. Introdução Com o mercado cada vez mais competitivo, as diversas modalidades de comércio que buscam se destacar no meio necessitam de análise e planejamento detalhado para tanto. O êxito de um empreendimento está ligado à maneira com que o local satisfaz sua clientela e, desta maneira, a fideliza. Para tanto, é necessário dispor de estratégias de marketing adequadas ao local. O termo estratégia foi originalmente aplicado à arte do serviço militar. Porém, no que se refere aos negócios, Etzel, Walker e Stanton (2001) definem que estratégia é um plano de ação amplo por meio do qual uma organização pretende alcançar seus objetivos e realizar sua missão. A utilização de estratégias de marketing apropriadas e coerentes com as possibilidades financeiras de um empreendimento impulsionarão o mesmo a disputar seu lugar de maneira eficaz no mercado em que atua. De uma maneira geral, a definição de marketing é dada pelo conjunto de ferramentas que torna a empresa perdurável e cada vez mais competitiva. Conforme Levitt (1990), o papel do marketing pode ser definido como a identificação das necessidades não satisfeitas, de forma a colocar no mercado produtos ou serviços que proporcionem a satisfação dos consumidores, gerem resultados aos acionistas e ajudem a melhorar a qualidade de vida das pessoas e da comunidade em geral. A ideia de marketing está ligada à satisfação das necessidades e desejos dos clientes, realizada através de combinações geradas pelo produto vendido, preço estabelecido, forma de tratamento dispensada e conforto encontrado durante o tempo de permanência no local.

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A importância da iluminação nos bares e restaurantes e sua influência no comportamento dos usuários janeiro/2013

A importância da iluminação nos bares e restaurantes e sua influência

no comportamento dos usuários

Nathália Ceccato Bragatto [email protected]

Iluminação e Design de Interiores

Instituto de Pós-graduação– IPOG

Resumo

Este artigo apresenta uma análise sobre a importância da existência de um projeto

luminotécnico em bares e restaurantes e sua influência no comportamento do consumidor.

Este tema surgiu após constatação da necessidade de embasamento teórico para

desmistificar alguns pré-conceitos em relação ao trabalho do lighting designer (termo

técnico dado ao profissional da iluminação), principalmente em cidades de porte médio, e

incentivar os empresários a considerarem a iluminação como inerente à boa apresentação e

funcionamento do local, possibilitando assim a utilização da mesma em prol do negócio.

O estudo da influência da iluminação nestes estabelecimentos sobre as pessoas que os

frequentam possibilitará a identificação e criação de projetos luminotécnicos adequados a

cada necessidade ou estilo de espaço e seu público alvo, promovendo maior conforto aos

usuários, servindo de base para projetos futuros e acrescentando maior qualidade aos

espaços de gastronomia e lazer das cidades interioranas.

Como metodologia para o desenvolvimento deste trabalho foram adotadas a pesquisa

exploratória e descritiva, cujos resultados serão apresentados adiante.

Palavras-chave: Bares e restaurantes; Projeto Luminotécnico; Comportamento do

Consumidor.

1. Introdução

Com o mercado cada vez mais competitivo, as diversas modalidades de comércio que buscam

se destacar no meio necessitam de análise e planejamento detalhado para tanto. O êxito de um

empreendimento está ligado à maneira com que o local satisfaz sua clientela e, desta maneira,

a fideliza. Para tanto, é necessário dispor de estratégias de marketing adequadas ao local.

O termo estratégia foi originalmente aplicado à arte do serviço militar. Porém, no que se

refere aos negócios, Etzel, Walker e Stanton (2001) definem que estratégia é um plano de

ação amplo por meio do qual uma organização pretende alcançar seus objetivos e realizar sua

missão.

A utilização de estratégias de marketing apropriadas e coerentes com as possibilidades

financeiras de um empreendimento impulsionarão o mesmo a disputar seu lugar de maneira

eficaz no mercado em que atua. De uma maneira geral, a definição de marketing é dada pelo

conjunto de ferramentas que torna a empresa perdurável e cada vez mais competitiva.

Conforme Levitt (1990), o papel do marketing pode ser definido como a identificação das

necessidades não satisfeitas, de forma a colocar no mercado produtos ou serviços que

proporcionem a satisfação dos consumidores, gerem resultados aos acionistas e ajudem a

melhorar a qualidade de vida das pessoas e da comunidade em geral.

A ideia de marketing está ligada à satisfação das necessidades e desejos dos clientes, realizada

através de combinações geradas pelo produto vendido, preço estabelecido, forma de

tratamento dispensada e conforto encontrado durante o tempo de permanência no local.

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Para Barrie (1995), a obsessão pelo cliente é nada menos que o fator primordial para o

sucesso de um empreendimento. A prioridade fundamental de qualquer negócio é cativar e

manter o cliente. A incompetência nisso significa ausência de lucros, de crescimento, de

emprego, enfim, não há negócios.

Ou seja, tão importante quanto conquistar novos clientes é conseguir mantê-los fiéis. Uma vez

satisfeitas as necessidades dos consumidores, as empresas conquistam a fidelidade dos

mesmos, obtendo retorno através de um sistema de trocas. Neste processo, a arquitetura e a

iluminação são fatores determinantes.

Este artigo irá tratar especificamente sobre o papel da iluminação neste contexto, apresentada

também como diferencial em relação aos demais estabelecimentos, pois, segundo Sampaio et

al. (2009), a iluminação é uma das variáveis que se destacam nos estudos de marketing como

um dos estímulos ambientais mais influentes no comportamento de consumo.

Compõem o artigo, além desta fracção introdutória, outras 5 (cinco) partes. Na primeira, onde

o trabalho se desenvolve, há a abordagem sobre iluminação natural e artificial, explicações

sobre a influência da luz no espaço e no comportamento das pessoas, descrição dos aspectos

gerais de um projeto luminotécnico, esclarecimento sobre as consequências geradas pela

iluminação inadequada e especificação dos principais requisitos para se obter uma iluminação

eficiente e consequente economia de energia. Posteriormente é descrita a metodologia

empregada para a pesquisa do trabalho, seguida pelo relato dos resultados obtidos. Com base

nesses dados, serão apresentadas as conclusões finais sobre o tema e, por fim, as referências

bibliográficas utilizadas para embasamento do artigo.

2. Iluminação natural e artificial Brondani (2006) disserta que, sendo o requisito básico da visão, a luz dá forma e cor aos

objetos e estabelece uma relação entre os espaços. E ainda define tecnicamente que luz é a

parcela da radiação eletromagnética compreendida entre os comprimentos de onda de 380 a

780 nm, sendo a faixa do espectro que o olho humano consegue perceber. Dependendo do

comprimento de onda será a cor da luz percebida pelo olho humano.

A luz natural sempre foi a principal fonte de iluminação, desde os primórdios. Segundo

Amaral e Gonçalves (2002), o homem está ligado à luz natural, não somente porque através

dela pode enxergar o mundo de várias formas, como também pela associação cultural que a

humanidade tem com a mesma. E completa ressaltando que os principais parâmetros de

referência sobre iluminação artificial são dados pela iluminação natural, já que esta determina

os ritmos biológicos dos seres humanos.

Baker et al (1993) relata que na Idade Média e no período Barroco, em edifícios religiosos, a

luz era utilizada como elemento expressivo. A busca da iluminação natural foi incrementada

durante a Revolução Industrial, através das inovações tecnológicas (por exemplo, as novas

técnicas para a produção de vidro). As implicações arquitetônicas da utilização da luz natural

nos edifícios sempre foram, além disso, uma fonte de inspiração para os projetistas; neste

sentido a iluminação natural sempre fez parte, ainda que implicitamente, do processo de

projeto.

A descoberta da eletricidade possibilitou a invenção e o desenvolvimento da luz artificial,

facilitando a execução de atividades onde a luz natural não chega, seja pelo espaço ou pelo

horário. A iluminação artificial permitiu que as pessoas pudessem aproveitar os locais e

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desenvolver suas atividades de lazer ou trabalho também no período noturno; feito que a luz

natural não poderia proporcionar.

De acordo com Franco (2005) a percepção da luz é essencial para o bem estar das pessoas, faz

com que elas se sintam parte do universo. A noite foi conquistada através da luz artificial e

diferente da luz natural, ela pode ser controlada.

Para Brondani (2006), diferente da luz solar (luz natural) que proporciona a noção de tempo, a

luz elétrica (luz artificial) nos torna independentes, isto é, oferece autonomia para realizações

de tarefas a qualquer momento. E reforça que uma iluminação bem explorada, pode

transformar os ambientes, criando um “clima” diferenciado aos usuários.

Iluminar é como vestir o ambiente. Um bom projeto de iluminação completa o

espaço arquitetônico, valorizando suas qualidades. Em residências temos ambientes

que podem possuir múltiplas funções, e através de um bom projeto consegue-se criar

o ambiente e a luz necessária para cada uma delas. Deve-se, entretanto, sempre se

ter em mente o conforto visual nesses ambientes. (FRANCO, 2005).

Por ser tão comumente vista e usada, a iluminação nem sempre é empregada de maneira

correta. Ela precisa ser compreendida para que suas inúmeras funções sejam realmente

exercidas. Como destaca Pilbrow (apud Camargo, 2006), iluminar não é um processo

mecânico, nem simplesmente o ato de clarear ou de fazer efeitos.

A visibilidade corresponde à função primária da iluminação. No tipo de estabelecimento

comercial sobre o qual este artigo trata, a atmosfera criada pela luz é tão essencial quanto a

arquitetura, a sonorização ou o cardápio. Além disso, um mesmo ambiente pode apresentar-se

de diversas formas de acordo com a dinâmica de um projeto luminotécnico, que atualmente

permite uma considerável gama de possibilidades de variação geradas por sistemas de

automação. A percepção das formas, materiais, cores e proporções muda de acordo com a luz,

fazendo com que ela se torne importante elemento de projeto.

Em função da diversificação de resultados psicológicos possíveis com a alteração

dos sistemas de iluminação, uma tendência que se percebe é a criação de ambientes

que possam atender públicos diferenciados em momentos também diferenciados. A

iluminação pode fazer parte do contexto visual da casa, mas também pode ser

utilizada como protagonista de efeitos visuais, alterando visualmente os ambientes.

Como exemplo podemos citar um restaurante, em que sua utilização no almoço pode

ser caracterizada de maneira sóbria e, ao anoitecer, de maneira descontraída. Estas

variações podem ser obtidas por meio de automação dos sistemas de iluminação que

podem variar segundo as conveniências (GODOY, 2000, p. 4).

Sabe-se que restaurantes do tipo fast-food apresentam iluminâncias altas e constantes, de

modo a estimular os clientes a permanecerem por pouco tempo e fazerem rápidas refeições, a

fim de dinamizar a rotatividade dos consumidores. As principais redes de fast-food em todo o

mundo possuem um projeto luminotécnico desenvolvido especialmente para alcançar este

objetivo.

Da mesma forma, um estabelecimento que tenha como princípio o desejo de que o

consumidor passe mais tempo em seu interior, deve se preocupar em inserir uma iluminação

adequada que, além disso, também seja capaz de criar uma identidade para o espaço.

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De acordo com Bigoni (2007), sem a luz, o espaço não existe, e o empresário de qualquer

ramo tem algumas considerações que podem favorecer o incremento das vendas na ordem de

20%, 30% e até 40% quando atendidas algumas premissas, tais como:

Melhorar a imagem como fator de diferenciação;

Criar um ambiente adequado;

Despertar o interesse;

Atrair os clientes;

Criar disposição de permanecer no ambiente;

Criar uma situação de consumo.

3. A influência da luz nas diferentes formas de iluminar

De acordo com Bartolomeu (2003), a visão humana é um sistema complexo assegurado por

três operações principais, que, realizadas em conjunto, permitem ao olho transformar luz em

impulsos eletroquímicos enviados ao cérebro através do nervo óptico. A operação óptica

recepciona a energia luminosa e encaminha-a para a retina. A operação sensorial transforma a

imagem luminosa projetada na retina em impulsos eletroquímicos. A operação motora

permite dirigir e fixar o olhar sobre um ponto específico.

Dados apresentados por Santaella (1993) indicam que 75% da percepção humana é visual.

Isto é, a orientação do ser humano no espaço é grandemente responsável por seu poder de

defesa e sobrevivência no ambiente em que vive, dependendo majoritariamente da visão. Os

outros 20% são relativos à percepção sonora e os 5% restantes a todos os outros sentidos, ou

seja tato, olfato e paladar. Esses dados reforçam o argumento do marketing que diz lights

pulls people, ou seja, a luz atrai as pessoas.

Para o observador, perceber significa o registro do que inicialmente é visto para o

que é percebido, na sucessão de cenas seletivamente extraídas da composição

morfológica de determinado lugar, tentando reproduzir o processo perceptivo, ao

transformar manifestações sensíveis dos espaços observados em noções de sua

estrutura (Kohlsdorf, 1988).

A iluminação presente num ambiente afeta diretamente o entendimento do espaço e o

comportamento das pessoas e varia de acordo com a intenção desejada, podendo oferecer

sensações de bem estar ou de desconforto. Isso tudo irá refletir no estilo do local.

Estudos que relacionassem diretamente a iluminação a diferentes comportamentos

de consumidores eram uma demanda desde a década de 90, pois quase nada havia

sido produzido até então nessa área apesar da luz ser reconhecidamente um dos

componentes da atmosfera da loja capaz de afetar o consumidor como um estímulo

visual para mercadoria. (SUMMER e HERBERT, 2001, p.146).

Diferentes proporções e tons de luz são capazes de provocar sensações de profundidade;

definir melhor as formas e os objetos; destacar uma hierarquia, um produto ou um ponto

específico revelando sua importância; distinguir vários ambientes num mesmo local; sugerir

uma direção, ou até conectar os espaços. Os contrastes de luz provocam reações diversas nas

pessoas e apresentam a função de trazer movimento ao espaço, efeito que, apenas com a

iluminação difusa, não é possível se alcançar.

De acordo com Torres (2008), existem três tipos de contrastes:

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O perceptível;

O perceptível com a área se misturando ao entorno;

O claramente perceptível com visão do foco e áreas de entorno;

O dramático com sensação de isolamento.

Para Fortes (2009) luz e sombra, ao trabalharem juntas, têm o poder de valorizar a arquitetura

e a decoração. A utilização de técnicas visuais cênicas, em maior ou menor intensidade, contribui

para destacar as novas, diferenciadas e criativas soluções arquitetônicas de

ambientes comerciais e de entretenimento. O mercado tem entendido essa tendência,

o que torna a função de iluminar expressão criativa e artística (GODOY, 2000, p. 4).

Segundo Kelly apud Kaufman e Christensen (1972), a iluminação geral e difusa não cria

sombras, e minimiza as formas e volumes. Enfim, desmaterializa o ambiente, reduz a

importância de objetos e pessoas e geralmente é tranquilizador e repousante. Já a iluminação

com focos de luz:

Induz o movimento;

Separa o importante do sem importância;

Fixa o olhar;

Mostra às pessoas o que elas devem olhar;

Cria interesse;

Comanda a atenção;

Organiza;

Marca o elemento mais importante;

Cria um senso de espaço;

Sistematiza a profundidade do ambiente através de uma sequência de centros focados.

Para ele, a iluminação pulverizada é como um céu estrelado, e essa composição de brilhantes

excita os nervos ópticos, estimula o corpo e o espírito e encanta os sentidos. Cria um

sentimento de vivacidade, alerta a mente, desperta apetites de todos os tipos. Para finalizar,

Kelly exemplifica que candelabros em ambientes de jantar ou marquises em teatros tiram

vantagem desse fato.

Já Franco (2005) relata que o contraste pode incomodar porque provoca o que se chama de

ginástica visual. Cada vez que o olho muda de uma área clara para uma escura, ou vice-versa,

tem que se readaptar à nova condição. A constante readaptação causa fadiga visual. Mas o

contrário também pode ser problemático. Ambientes com muito pouco contraste tendem a ser

monótonos demais; os objetos perdem sua volumetria, o ambiente fica como um dia nublado:

chato e cansativo. O ideal é o equilíbrio entre esses extremos.

O projeto luminotécnico deve considerar os aspectos existentes no local em estudo para que

os diferentes tons de luz sejam combinados sutilmente, afim de criar os contrastes desejados e

prevenir o ofuscamento ou mesmo áreas demasiadamente escuras.

Brondani (2006) sintetiza que a iluminação em si é uma forma de arte aplicada. Ajuda-nos a

ver, conduz o olhar de maneira a focalizar as atenções sobre lugares e coisas.

Mas além das iluminâncias e seus contrastes, as cores também são fatores que exercem grande

influência no comportamento humano e sabe-se que, atualmente, luzes coloridas são

utilizadas em diversos projetos.

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Torres (2008) define que as cores quentes (vermelho, laranja e amarelo) provocam sensações

de materialidade e proximidade avançando em nossa direção e “diminuindo” o espaço. Por

outro lado, as cores frias (azul, verde e violeta) provocam sensações de distância e

imaterialidade, recuando e abrindo espaço. O uso coordenado de cores quentes e frias em um

mesmo espaço pode fazer com que ele tenha vibrações rítmicas de profundidade. E completa

exemplificando que em restaurantes que requerem permanência prolongada e possuam por

definição um caráter relaxante ou mesmo romântico, a luz não deverá ser uniforme e direta,

mas localizada em pontos estratégicos, com tonalidade quente.

A iluminação é capaz de captar clientes, promover maior conforto aos mesmos, melhorar o

funcionamento do estabelecimento, diversificar a arquitetura e valorizar o ambiente como um

todo. Estas características potencializam a ação de fidelização da clientela e possibilitam

maior rentabilidade aos proprietários.

4. Aspectos gerais do projeto luminotécnico

Stiller (2000) explica que a concepção de qualquer projeto desenvolve-se por meio de um

processo de análise, que transita entre os três diferentes níveis que o ser humano é composto:

o físico, que compreende os requisitos necessários para o pleno desenvolvimento da visão; o

psicológico, que compreende a reflexão e pré-visualização mental do ambiente; e o

consciente, que engloba os aspectos éticos do projeto.

Em relação ao projeto de iluminação, é possível estabelecer alguns critérios genéricos que

determinem sua boa formação. Independente do ambiente a ser iluminado, de maneira

generalizada é possível listar alguns aspectos básicos a serem atendidos pela iluminação

comercial, tais como:

Sugerir orientação aos usuários do local;

Proporcionar um comportamento social que permita a comunicação entre as pessoas e a

visibilidade dos espaços como um todo ou de forma isolada;

Despertar sensações;

Transmitir mensagens;

Oferecer condições agradáveis de permanência e trabalho.

Estes aspectos são comuns a qualquer modelo de estabelecimento comercial, inclusive na

tipologia estudada neste artigo. Para conquistá-los, é fundamental que a iluminação esteja

integrada à arquitetura, à iluminação natural e ao design interior do ambiente, fazendo parte

da composição do projeto.

Um bom projeto deve aproveitar as oportunidades da arquitetura e decoração para

potencializá-las e valorizá-las visualmente, prevendo pontos, cargas, circuitos e

controles dedicados a cada solução. Assim, com as informações definidas, inicia-se

o desenvolvimento das soluções, elegendo os objetivos visuais, compondo os

ambientes, criando efeitos. O projeto deve ser intensamente discutido com os

gerenciadores do negócio, que conhecem o tipo de cliente a ser atendido e os

objetivos do empreendimento (GODOY, 2000, p. 4).

A iluminação adequada certamente apresentará níveis satisfatórios de luz, com contrastes e

uniformidade equilibrados e temperatura de cor adequada com alto IRC (Índice de

Reprodução de Cores), além do uso de equipamentos específicos e eficientes na busca pela

redução dos gastos com energia.

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É desagradável entrar numa loja que se encontra em ambiente de autêntica

penumbra. É, certamente, uma péssima impressão. Também o será se, ao entrar, o

cliente tiver a sensação que levou um flash no olhos, tal a intensidade da luz. No

equilíbrio está a virtude, e esse equilíbrio será diferente em cada caso e para cada

tipo de produtos ou serviços que se pretender vender. (OLIVEIRA, 2008).

Godoy (2000) relata que uma das áreas da economia que mais se desenvolvem no mundo é a

do entretenimento, em que cada vez mais são oferecidos ambientes diferenciados, não

somente em casas noturnas, mas em lojas, restaurantes, hotéis e outros.

Um ramo da iluminação que segue a velocidade desse desenvolvimento é a

iluminação cênica aplicada à arquitetura, a qual utiliza técnicas visuais elaboradas,

com focos, ângulos, texturas, cores e efeitos muito diferentes das técnicas de

iluminação tradicionais. O termo “iluminação cênica” poderia também ser

substituído por “iluminação de efeitos”, pois objetiva provocar respostas visuais e

sensitivas das pessoas, não somente buscando iluminar algo, mas criando uma

atmosfera propícia. A aplicação de técnicas teatrais na iluminação de arquitetura é

um processo natural do desenvolvimento visual dos empreendimentos, pois soluções

mais elaboradas são cada vez mais utilizadas com materiais e cores diferenciados.

Um paralelo entre o teatro e esses ambientes é a perfeita integração ente o sistema

de iluminação utilizado e a “cena” a ser mostrada, pois somente se justificam se

plenamente integrados. A “afinação” entre os elementos e o trabalho do lighting

designer deve ser perfeita, pois muitas vezes uma solução pode simplesmente tornar-

se inútil se a cena for alterada. Além das cenas definidas, uma função primordial da

iluminação é a determinação do “clima” de um ambiente específico. Tal clima pode

variar do aconchegante, relaxante, confortável até o dinâmico, excitante e

estimulante, dependendo da iluminação utilizada. Fato é que na iluminação cênica

aplicada na arquitetura, ou “iluminação de efeitos”, busca-se a utilização das

técnicas teatrais nos ambientes, porém, com o diferencial de não contar com a

flexibilidade encontrada nos teatros. Aí é que começa o grande desafio do lighting

designer no projeto de ambientes cênicos, porém não teatrais. (GODOY, 2000, p. 3)

5. As consequências da iluminação inadequada

A má iluminação pode gerar nos clientes a impressão errada do estabelecimento em questão.

Segundo Merino (2008), a percepção é influenciada pela cognição: ver é uma coisa; retirar a

informação é outra. Assim, a percepção necessita do contexto existente na memória,

resultante das experiências anteriores.

O ofuscamento ou a falta de luz podem prejudicar o atendimento e a permanência dos

usuários, pelos fatores citados no tópico anterior. Mas é importante ressaltar que a iluminação

não exerce influência somente nos clientes, mas também nas pessoas que trabalham no local.

A cognição e a percepção visual são aspectos da atividade de trabalho influenciados pela

iluminação artificial que, se for inadequada, tanto insuficiente quanto excessiva, pode

acarretar consequências no desenvolvimento das atividades, assim como provocar

perturbações e fadiga visual, ofuscamento, variações no sistema nervoso e interferência no

rendimento e na produtividade. Embora não seja o único elemento a caracterizar uma boa ou

má condição de trabalho, ela é fator determinante para facilitar o desenvolvimento de uma

atividade.

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Senzi (2003) defende que a cor da luz também interfere na produtividade, ressaltando que a

luz fria aumenta o rendimento, ao passo que a amarelada faz a produtividade cair entre 40% e

60%.

Segundo Grandjean (1998), o olho humano é sensível a uma ampla gama de intensidades

luminosas, que vão desde alguns lux em uma sala escura à 100.000 lux ao ar livre, no sol do

meio dia. As intensidades luminosas ao ar livre variam durante o dia de 2.000 à 100.000 lux.

Durante a noite são comuns 50 a 500 lux de iluminação artificial.

De acordo com Araujo (1999), o conforto visual é alcançado quando o observador exerce suas

tarefas visuais com facilidade e sem fadiga.

Por isso, o projeto luminotécnico deve ser pensado para todo o estabelecimento e não somente

nos espaços expostos. Tanto nas áreas das mesas e demais assentos, quanto nos espaços de

serviço, além de projeto especifico é necessário utilizar lâmpadas com IRC elevado, pois ele

permite a percepção real do que se vê, sem distorção do visual, da aparência e das cores. O

projeto de iluminação é um dos responsáveis pelo sucesso ou fracasso da empresa, pois além

de abranger as sensações e percepções dos clientes sobre o local também afeta diretamente o

rendimento e bem estar dos funcionários.

6. A iluminação eficiente e a economia

Rodrigues et al (2004) defende que a energia elétrica é um insumo de importância

fundamental na vida humana, e por se tratar de uma fonte de energia secundária, limpa e de

fácil utilização, ela está presente desde as atividades mais elementares, como iluminar um

ambiente, até as atividades industriais mais complexas da era moderna.

A crise energética que ocorreu no Brasil no início dos anos 2000 levantou a necessidade de

racionalização e melhor utilização do uso da energia elétrica. Esse fato foi importante para os

comerciantes, pois incentivou a criação de uma cultura de utilização dos recursos naturais e a

busca pelo conhecimento de novas alternativas, entre elas o aproveitamento da luz natural e

sua integração com a iluminação artificial.

Dados apresentados pelo Guia Prático Philips Iluminação revelam que 19% da energia

produzida no mundo é consumida pela iluminação, e grande parte das instalações existentes é

antiga e pouco eficiente.

Segundo Reis (2000), o valor da eletricidade fica ainda mais evidenciado quando se observa o

levantamento referente à expansão do consumo de energia elétrica no Brasil. Entre os anos de

1970 a 1993, por exemplo, a variação foi de mais de 500% enquanto que o crescimento do

consumo total de energia ficou em torno de 175%.

De acordo com Rodrigues (2002), os problemas mais frequentes relacionados à iluminação

eficiente encontrados nas edificações são:

Iluminação em excesso;

Falta de aproveitamento da iluminação artificial;

Uso de equipamentos com baixa eficiência luminosa;

Falta de interruptores;

Ausência de manutenção, o que deprecia o sistema mais rapidamente;

Hábitos de uso inadequados.

O combate ao desperdício de energia pode ser obtido através da mudança de hábitos e

também por meio da utilização de um projeto luminotécnico correto.

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Conservar energia não significa reduzir o conforto, nem os benefícios que a mesma

fornece e sim acabar com os desperdícios, induzindo a sociedade a uma realidade

mais racional, onde a redução da necessidade de novas centrais de geração de

energia possibilite a preservação do meio ambiente e o caminho para o

“desenvolvimento sustentável”. (AMARAL e GONÇALVES, 2002, p. 520).

A procura por métodos que resultem em menor consumo e por equipamentos eficientes na

redução da demanda de energia elétrica é uma iniciativa nova de grande crescimento e

destaque junto às outras formas de economia no planeta.

Mas planejar eficientemente a iluminação exige mais que a escolha de luminárias e

equipamentos adequados. Segundo Becker (1985), um sistema de iluminação eficiente e bem

planejado é aquele que fornece uma quantidade adequada de luz, quando e onde ela é

necessária, com uma mínima quantidade de energia.

Para que o projeto de iluminação seja eficiente, deve conter os seguintes requisitos:

Considerar a iluminação natural, aproveitando-a da melhor maneira e durante o maior

tempo possível;

Criar uma iluminação artificial embasada em cálculos reais, realizados de acordo com as

diversas situações possíveis;

Criar diferentes circuitos de iluminação, que possibilitem o uso somente das lâmpadas

desejadas em cada momento, evitando o gasto desnecessário.

Essas atitudes são pensadas e tomadas em projeto, restando ao usuário somente se beneficiar

das mesmas durante a utilização do espaço. Com o projeto e as escolhas corretas, é possível

realizar uma economia considerável.

7. Metodologia de pesquisa

Para tornar científico o conhecimento sobre qualquer assunto, é necessário utilizar-se de

métodos, ou seja, técnicas de coleta e análise de dados relacionados ao tema da pesquisa. Esta

coleta pode ser realizada através de pesquisa bibliográfica, contato pessoal, entrevistas,

questionários, roteiro de análise documental, análise de comportamento, entre outros.

Segundo Gil (1995), a utilização de um método tem como objetivo proporcionar ao

investigador os meios técnicos para garantir a objetividade e a precisão no estudo dos fatos

sociais. Mais especificamente visam fornecer a orientação necessária à realização da pesquisa

social, sobretudo no referente à obtenção, processamento e validação dos dados pertinentes à

problemática que está sendo investigada.

Para embasamento deste artigo, foi utilizada a pesquisa exploratória envolvendo levantamento

bibliográfico através de livros, revistas, artigos e sites, acrescido de pesquisa descritiva

contendo dois métodos de coleta, sendo um deles uma entrevista e o outro uma análise in loco

do comportamento dos usuários nos estabelecimentos selecionados.

Andrade (2003), define que a pesquisa exploratória tem a finalidade de proporcionar maiores

informações sobre determinado assunto e facilitar a delimitação de um tema, além de definir

os objetivos ou formular as hipóteses de um estudo. No que se refere à pesquisa descritiva,

Samara e Barros (2002) colocam que a mesma busca descrever situações do mercado através

de dados primários coletados em entrevistas pessoais ou discussões de grupo.

Ainda de acordo com Samara e Barros (2002), o roteiro de entrevista é um formulário

utilizado para se coletar dados. Sendo assim, a referida entrevista foi realizada através de

questionário contendo perguntas de múltipla escolha e também abertas, relacionadas ao tema

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abordado, aplicado através de uma entrevista pessoal feita aos proprietários de três

estabelecimentos da cidade de Governador Valadares, MG. Para tanto, foi considerado o

período noturno e os dados obtidos foram transcritos para este artigo, resultando na conclusão

da pesquisa.

Como a cidade é de porte médio, não possui grande quantidade de restaurantes e bares

pertencentes à tipologia estudada por este trabalho, portanto os locais foram escolhidos

baseados na grande representatividade que têm para a região, a fim de tornar a análise o mais

realista possível e capacitada a identificar as situações em que a intervenção de um lighting

designer é mais necessária e desejada.

A entrevista teve como objetivo saber a atual situação de mercado para os profissionais da

arquitetura e da iluminação, pois, pelo processo natural que ocorre em cidades interioranas,

primeiramente é necessário que haja a aceitação do arquiteto para que então o afunilamento

resulte em um detalhamento ainda maior, que se faz com a iluminação. E através da iniciativa

dos mais visionários, será possível perceber que o projeto de iluminação, na realidade, não é

um detalhe, mas parte fundamental na formação conceitual do espaço.

8. Resultados obtidos Segundo questionário realizado com os três bares e restaurantes escolhidos na cidade de

Governador Valadares, MG, foi possível relatar que apenas um dos estabelecimentos não foi

projetado por um arquiteto, mas o proprietário revelou a intenção de reformá-lo, desta vez

com projeto arquitetônico de interiores. Essa questão já indica a nova realidade encontrada

atualmente, pois revela que as pessoas têm percebido que um projeto arquitetônico é

fundamental para o bom aproveitamento, funcionamento e estética do espaço. Levando em

consideração que há pouco tempo a maioria dos estabelecimentos abria suas portas sem

cogitar nem o orçamento com um profissional da área, muitas vezes por considerar o serviço

desnecessário e acreditar no mito de que o arquiteto era somente para decoração, pode se

constatar que atualmente as pessoas têm investido neste setor.

Questionados sobre um projeto específico de iluminação, apenas um dos proprietários

respondeu ter contratado tal projeto, mas este foi realizado pelo próprio arquiteto responsável

pela obra, ou seja, em nenhum dos estabelecimentos o profissional de iluminação foi

procurado.

Sobre a atual iluminação dos espaços, dois proprietários se revelaram satisfeitos e um relatou

que não, e por isso recentemente contratou um artista plástico local para a confecção de

luminárias artesanais, o que revela que ele buscou melhorar a situação de forma aleatória.

Todos os entrevistados concordam que a iluminação é muito importante para o sucesso do

negócio e percebem que para todos os ambientes pertencentes ao espaço há a necessidade de

uma iluminação específica, ou seja, tanto nas mesas e demais assentos quanto nos espaços de

serviços, mas não sabem as funções que um bom projeto luminotécnico pode apresentar e a

diferença gerada na percepção dos clientes ao se projetar uma iluminação de contrastes

equilibrada a uma iluminação uniforme e difusa.

A respeito da economia de energia, todos os responsáveis se preocupam, mas consideram que

um eletricista de confiança pode resolver o problema. Dos proprietários pesquisados, dois

investem em bons produtos luminotécnicos e entre estes, um discute a questão com o

arquiteto.

A importância da iluminação nos bares e restaurantes e sua influência no comportamento dos usuários janeiro/2013

Sobre a preocupação principal na hora de comprar os produtos referentes a este tema, o único

restaurante que contratou um projeto específico seguiu à risca a indicação do arquiteto e os

demais analisaram a relação entre custo e benefício. Como é possível perceber, o profissional

especializado em iluminação novamente não é considerado.

Quando questionados sobre a preocupação em manter o estabelecimento atualizado em

relação ao espaço, somente um proprietário respondeu que considera isto um importante

atrativo para seus clientes; os outros dois responderam que é indiferente. E 100% deles

relataram que a iluminação de seu estabelecimento não se destaca dos demais.

Apesar de somente um dos proprietários entrevistados conhecer um lighting designer, os

demais demonstraram grande interesse no assunto e relataram que até então não possuíam

conhecimento sobre essa modalidade, até propondo uma conscientização maior através dos

próprios profissionais, pois eles contratam um arquiteto na intenção de que este indicará as

melhores possibilidades para cada etapa de projeto e o que na realidade ocorre é que eles se

responsabilizam também pelo projeto luminotécnico e, além de não informarem corretamente

sobre a existência do profissional de iluminação, sequer trabalham em conjunto com ele.

Todos os entrevistados enfatizaram que atualmente contratariam um lighting designer,

visando possuir um diferencial em relação aos demais estabelecimentos.

Para melhor entendimento sobre a pesquisa comportamental realizada in loco, os

estabelecimentos que participaram do processo serão denominados A, B e C, e,

respectivamente, apresentam as seguintes formas de iluminação:

O bar e restaurante A possui espaços diferenciados pela arquitetura, sendo que um destes

ambientes apresenta iluminação geral e difusa com baixa iluminância e o outro é composto

apenas por arandelas;

O estabelecimento B possui em seu espaço externo apenas iluminação voltada para o teto

refletindo na área das mesas e no ambiente interno apresenta iluminação geral difusa com

alta iluminância;

O restaurante C faz parte de um complexo alimentício onde a luz é projetada através de

postes para iluminação pública.

Todos os restaurantes/bares pesquisados servem refeição a la carte.

Após a análise comportamental dos usuários, foi possível observar que:

O estabelecimento A apresenta em um dos seus espaços iluminação geral e difusa com

baixa iluminância e, com o acréscimo de ser um local refrigerado, as pessoas permanecem

mais quietas e demonstram sonolência. Já o espaço sem refrigeração é composto por

arandelas e também é escuro, mas a presença dos contrastes mantém os clientes mais

animados e lá eles permanecem por mais tempo;

No espaço refrigerado do bar e restaurante B, a iluminação é geral com alta iluminância,

mas as pessoas, na maioria das vezes, só o utilizam no momento em que vão realizar a

refeição, permanecendo a maior parte do tempo no espaço externo, onde a iluminação é

quase como uma penumbra, apenas refletida do teto branco para as mesas;

No estabelecimento C, onde a iluminação se faz apenas pelas luzes dos postes, o que se

apresenta é uma iluminância média e isso, somado ao fato do restaurante pertencer a um

complexo com vários outros bares, faz com que os usuários presentes estejam sempre um

pouco agitados, gesticulando e transitando bastante.

As diferentes tipologias de iluminação apresentadas pelos bares e restaurantes analisados

reiteraram a constatação da influência da luz no comportamento dos consumidores, pois

A importância da iluminação nos bares e restaurantes e sua influência no comportamento dos usuários janeiro/2013

confirmou que cada tipo de iluminação gera diferentes sensações nos clientes, refletindo no

comportamento das pessoas e, consequentemente, no espaço em questão.

9. Conclusão Analisando o estudo realizado, foi possível concluir que, numa cidade de porte médio como

Governador Valadares, as pessoas ainda não têm conhecimento sobre a importância da

iluminação adequada para seu negócio e menos ainda da existência de um profissional

especializado nesta área. O máximo realizado é a contratação de um único profissional, o

arquiteto, para projetar todos os setores que englobam um estabelecimento; o que não é

viável, pois, para cada atividade idealizada há um profissional específico que levará o projeto

a um nível superior.

É fato também que todos os comerciantes e empresários estão sempre atentos ao gasto de

energia, mas muitas vezes não tomam as decisões corretas para conseguir a economia

desejada. O que se pode constatar é que, na maioria das vezes, eles procuram apenas um “bom

eletricista” e não se atentam para o fato de que um projeto específico e bem elaborado, com

utilização de bons produtos e uma lógica de funcionamento refletiria em ganhos mais

significativos.

Os dados encontrados através deste trabalho reforçam a afirmativa da influência

transformadora exercida pela iluminação nos espaços, em seus usuários e, consequentemente,

no funcionamento do empreendimento. Transmitir as reais sensações desejadas e poder

oferecer um ambiente confortável e diferenciado aos clientes e funcionários do local são

questões primordiais na busca pelo sucesso.

Mas o mais importante ao desenvolver este artigo foi diagnosticar o interesse e a abertura dos

empresários em relação ao trabalho desenvolvido pelo projetista de iluminação. Esta

mudança gera perspectiva para a classe envolvida, pois torna o mercado mais amplo e

diversificado, possibilitando novos investimentos. A próxima atitude a ser tomada é a

expansão destas informações e o desenvolvimento de uma divulgação eficaz sobre o

profissional especialista em iluminação, para que assim mais pessoas conheçam e valorizem

seu serviço.

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Anexo

QUESTIONÁRIO

Nome do proprietário: ____________________________________________________________

Nome do estabelecimento: ________________________________________________________

Tipo:

( ) A la carte ( ) Fast Food ( ) Comida a kilo

Considerar período noturno.

1. A que horas, aproximadamente, seu estabelecimento apresenta o maior número de clientes?

________________________________

2. A que horas, aproximadamente, o seu estabelecimento fecha?

________________________________

3. Como os frequentadores de seu estabelecimento costumam se comportar enquanto estão no

ambiente?

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

4. Foi contratado algum tipo de profissional para auxiliá-lo no projeto arquitetônico de seu estabelecimento?

( ) Sim

( ) Não

A importância da iluminação nos bares e restaurantes e sua influência no comportamento dos usuários janeiro/2013

5. Se sim, por que ele foi escolhido?

( ) Conhecido

( ) Indicado por amigo

( ) Alguma obra que você viu e gostou

( ) Por ser o único que conhecia

( ) Outro_____________________________________________________________________

6. Você considera a iluminação importante para o sucesso de seu negócio?

( ) Muito importante

( ) Importante

( ) Indiferente

( ) Não sei

7. Você está satisfeito com a iluminação de seu estabelecimento?

( ) Sim

( ) Não

( ) Poderia melhorar

8. Em que local você considera mais importante um projeto luminotécnico?

( ) Mesas

( ) Balcão

( ) Caixa

( ) Cozinha

( ) Outro ________________________________________________

9. Você se preocupa com o gasto de energia?

( ) Sim

( ) Não

( ) Um pouco

10. O que você faz para economizar energia?

( ) Sempre apaga as luzes

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( ) Investe em bons produtos de iluminação

( ) Contrata um arquiteto

( ) Contrata um profissional especializado em iluminação(lighting designer)

( ) Contrata um bom eletricista

11. Em seu estabelecimento foi realizado um projeto especifico de iluminação?

( ) Sim, por um lighting designer

( ) Sim, por um arquiteto

( ) Não

12. Na compra dos produtos luminotécnicos, qual foi sua preocupação principal?

( ) Indicação do profissional

( ) Pela estética

( ) Pelo preço

( ) Pela economia

( ) Pela relação custo x benefício

( ) Outro ___________________________________________________________________

13. Você se preocupa em sempre manter seu estabelecimento atualizado em relação ao espaço, fazendo disto um atrativo para seus clientes?

( ) Sim

( ) Não

( ) Indiferente

14. Seu estabelecimento se destaca dos demais devido à sua iluminação?

( ) Sim

( ) Não

15. Você conhece algum profissional especializado em iluminação?

( ) Sim

( ) Não

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16. Atualmente, você contrataria um profissional especializado em iluminação?

( ) Sim

( ) Não

17. Por que?

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________

_______________________________________________________________________________