A Importancia Do Arquetipo e Do Mito Na Sociedade Atual

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A IMPORTÂNCIA DO ARQUÉTIPO E DO MITO NA SOCIEDADE ATUAL Na sociedade atual, na procura por novos referenciais encontramos arquétipos que se repetem em sociedades completamente diferentes. São as personagens que estão nos espetáculos teatrais, nas religiões e nas sociedades. São as personagens que guiam as relações humanas. Esses personagens se repetem em contextos diferentes, mas tendem a ser os mesmos, porque fazem parte de uma construção coletiva de referenciais que se deu ao longo da história da humanidade. O antigo Xamã, por exemplo, pode ser comparado com o patriarca da sociedade atual, dentro de relações ideais. Ele se torna arquétipo quando sua figura possui uma representação mais abrangente como a noção de respeito, sabedoria e etc. O Xamã que se torna o pai se torna também o cristo com as mesmas características paternas. No teatro ele se materializa nas figuras paternas da Comédia Dell’Arte que estão mais próxima a nós. Grandes dramaturgos colocam arquétipos como referenciais em cena. Eles conduzem o mito e dão validade a ação. Como na antiga tragédia grega, mostrando pessoas melhores que nós que passando pelo processo de busca e crise, gerando a catarse e o aprendizado no público. Não seria essa então a função do Mito? O Mito se materializa enquanto a narrativa que circunda esses arquétipos. O que seriam os arquétipos sem seus mitos? Seriam representações emocionais materializadas em formas físicas, porém sem um contexto que os oferecesse base para sua existência. Quando falamos em mito, encontramos as histórias que dão a razão para a materialidade da vida humana. Ela ganha um sentido que vai além do simples viver. Elas justificam a nossa relação com o mundo, com os outros da mesma espécie, com os animais e etc. A grande questão do Mito atualmente, talvez seja a relação opressora que eles tendem a exercer na sociedade. Diferente de outras sociedades, onde o mito mantinha uma relação pedagógica com a vida, a mitologia atual, principalmente centrada na religião tendem a regular comportamentos sem justificá-los. É ai que se cria um ponto de ruptura, um ruído com da realidade com a referência. Se a referência não serve mais a realidade temos não só os problemas de violência como o próprio Campbell cita, mas também a perda de sentido das ações. Não possuir mais um referencial, se traduz também nas crises de depressão, falta de objetivos principalmente em jovens, crise na educação, problemas na política e nas relações humanas.

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A IMPORTÂNCIA DO ARQUÉTIPO E DO MITO NA SOCIEDADE ATUAL

Na sociedade atual, na procura por novos referenciais encontramos arquétipos que se repetem em sociedades completamente diferentes. São as personagens que estão nos espetáculos teatrais, nas religiões e nas sociedades. São as personagens que guiam as relações humanas.

Esses personagens se repetem em contextos diferentes, mas tendem a ser os mesmos, porque fazem parte de uma construção coletiva de referenciais que se deu ao longo da história da humanidade.

O antigo Xamã, por exemplo, pode ser comparado com o patriarca da sociedade atual, dentro de relações ideais. Ele se torna arquétipo quando sua figura possui uma representação mais abrangente como a noção de respeito, sabedoria e etc. O Xamã que se torna o pai se torna também o cristo com as mesmas características paternas. No teatro ele se materializa nas figuras paternas da Comédia Dell’Arte que estão mais próxima a nós. Grandes dramaturgos colocam arquétipos como referenciais em cena. Eles conduzem o mito e dão validade a ação.

Como na antiga tragédia grega, mostrando pessoas melhores que nós que passando pelo processo de busca e crise, gerando a catarse e o aprendizado no público. Não seria essa então a função do Mito?

O Mito se materializa enquanto a narrativa que circunda esses arquétipos. O que seriam os arquétipos sem seus mitos?

Seriam representações emocionais materializadas em formas físicas, porém sem um contexto que os oferecesse base para sua existência.

Quando falamos em mito, encontramos as histórias que dão a razão para a materialidade da vida humana. Ela ganha um sentido que vai além do simples viver. Elas justificam a nossa relação com o mundo, com os outros da mesma espécie, com os animais e etc.

A grande questão do Mito atualmente, talvez seja a relação opressora que eles tendem a exercer na sociedade. Diferente de outras sociedades, onde o mito mantinha uma relação pedagógica com a vida, a mitologia atual, principalmente centrada na religião tendem a regular comportamentos sem justificá-los. É ai que se cria um ponto de ruptura, um ruído com da realidade com a referência.

Se a referência não serve mais a realidade temos não só os problemas de violência como o próprio Campbell cita, mas também a perda de sentido das ações. Não possuir mais um referencial, se traduz também nas crises de depressão, falta de objetivos principalmente em jovens, crise na educação, problemas na política e nas relações humanas.

Não possuir tais referenciais, atinge a sociedade como um todo. É preciso que se criem novos mitos. Ou talvez, seja preciso dar vida novamente aos antigos mitos.

Enfim, se é dos artistas a função de reviver os mitos, é também função de pessoas que influenciam a sociedade reviver o interesse na arte. Professores, psicólogos, pedagogos e forças políticas tem por obrigação trazer esse público ao contato com as diversas linguagens artísticas. Como trazer a sociedade a informação por meio da arte se a arte ainda não é vital a esta sociedade? Quando a arte for tão importante quando comer ou respirar, podemos esperar um avanço considerável nas relações políticas e sociais. Enquanto isso não acontecer, a luta caminha a passos de tartaruga. Ao menos, a arte sempre caminha.

EDUARDO GABRIEL BUENO, SÃO PAULO, 20/03/2012