A importância do psicopedagogo no trabalho com alunos com dificuldade de aprendizagem

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1 A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NO TRABALHO COM ALUNOS EM DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Eliane de Cássia Dutra Vieira DIB 1 RESUMO: Este artigo tem como tema central a importância do trabalho Psicopdagógico com alunos apresentam dificuldades de aprendizagem. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica considerando as contribuições de autores como: Alves (2004), Ricota (2007), Brasil (1998, 2000) e Borges (2001) entre outros procurando enfatizar a na ação do psicopedagogo frente ao lúdico e ao processo ensino/aprendizagem. Apresenta-se aqui o lúdico como força motriz neste processo. PALAVRAS-CHAVE: Psicopedagogo. Lúdico. Aprendizagem. Afetividade. Introdução O presente trabalho tem como tema a importância do psicopedagogo na relação ensino aprendizagem de alunos com dificuldade de aprendizagem nos primeiros anos do Ensino Fundamental. Nesta perspectiva, construíram-se questões que nortearam este trabalho: Como trabalhar com crianças dos primeiros anos do Ensino 1 Graduação em Pedagogia, Especialização em Psicopedagogia Institucional pelo Centro Universitário “Barão de Mauá”, Ribeirão Preto, Estado de São Paulo Brasil. E-mail: [email protected] Orientadora: Ana Flávia de Oliveira Santos.

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Este artigo trata sobre a importância do psicopedagogo para a superação das dificuldades no ensino aprendizagem.

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A IMPORTÂNCIA DO PSICOPEDAGOGO NO TRABALHO COM ALUNOS EM

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Eliane de Cássia Dutra Vieira DIB1

RESUMO: Este artigo tem como tema central a importância do trabalho

Psicopdagógico com alunos apresentam dificuldades de aprendizagem. Realizou-se

uma pesquisa bibliográfica considerando as contribuições de autores como: Alves

(2004), Ricota (2007), Brasil (1998, 2000) e Borges (2001) entre outros procurando

enfatizar a na ação do psicopedagogo frente ao lúdico e ao processo

ensino/aprendizagem. Apresenta-se aqui o lúdico como força motriz neste

processo.

PALAVRAS-CHAVE: Psicopedagogo. Lúdico. Aprendizagem. Afetividade.

Introdução

O presente trabalho tem como tema a importância do psicopedagogo na

relação ensino aprendizagem de alunos com dificuldade de aprendizagem nos

primeiros anos do Ensino Fundamental.

Nesta perspectiva, construíram-se questões que nortearam este trabalho:

Como trabalhar com crianças dos primeiros anos do Ensino

Fundamental que apresentam dificuldades de aprendizagem?

Qual o papel do psicopedagogo frente às dificuldades apresentadas

no processo ensino-aprendizagem?

De que maneira o lúdico se faz presente no processo de

ensino/aprendizagem de crianças com dificuldades de aprendizagem

nos primeiros anos do Ensino Fundamental?

Pretende-se, ao longo do trabalho, discorrer sobre o processo de

ensino/aprendizagem nas classes dos primeiros anos do Ensino Fundamental, a

ludicidade como proposta pedagógica na mediação e intervenção.

Neste contexto, o objetivo deste estudo é de visualizar o papel do professor,

do psicopedagogo em relação ao aluno com dificuldade de aprendizagem que pode 1 Graduação em Pedagogia, Especialização em Psicopedagogia Institucional pelo Centro Universitário “Barão de Mauá”, Ribeirão Preto, Estado de São Paulo Brasil. E-mail: [email protected] Orientadora: Ana Flávia de Oliveira Santos.

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vivenciada pelo educando de maneira silenciosa e/ou solitária, transitando pelo

medo e a insegurança. O trabalho do professor, então, não só ensinar, mas

observar as ações, o comportamento e o desempenho de cada criança buscando

medidas para promoção da aprendizagem.

Desenvolvimento

Saber ler e escrever é essencial na vida de todos. Uma pessoa analfabeta ou

mal alfabetizada pode apresentar dificuldades na compreensão da realidade ou na

resolução de problemas simples, ligados ao mundo letrado. Tanto a leitura quanto a

escrita são fundamentais em nossas vidas, pois ampliam a capacidade de

comunicação, expressão e as possibilidades que o homem moderno tem de se

comunicar com o mundo.

Pensar no aprendizado de crianças dos primeiros anos do Ensino

Fundamental pressupõe analisar a proposta pedagógica que deve estar voltada à

formação integral dos educandos, pois “toda criança é capaz de aprender”

(ARRUDA et al. 2007, p. 02) desde que hajam meios para isso. Partido desse

pressuposto compreende-se a importância da percepção de quando um aluno não

aprende no mesmo ritmo que o restante da turma, portanto a intervenção necessária

do professor, psicopedagogo fazer a mediação entre educando e aprendizado.

Bujes considera que,

Educar seria propiciar a interação com as outras crianças e pessoas, com o mundo em si, dando-lhe condições para que a mesma consiga atribuir significados às experiências vivenciadas ao ambiente em que está inserida. (BUJES, 2001, p. 16)

Nesse sentido, Carvalho e Kumov ressaltam que

É na escola que o indivíduo aprende e põe em prática os primeiros princípios de cidadania, desenvolve suas habilidades intelectuais e cognitivas, aprende a se socializar, conviver em grupo e lidar com as diferenças individuais. (CARVALHO; KUMOV, 2006, p. 01).

A educação deve formar o aluno para a vida. Deve ter por finalidade o seu

pleno desenvolvimento, o seu preparo para o exercício da cidadania e sua

qualificação para o trabalho, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDBEN).

Paulo Freire expõe que

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Educar é construir, é libertar o homem do determinismo, passando a reconhecer o papel da História e onde a questão da identidade cultural, tanto em sua dimensão individual, como em relação à classe dos educandos, é essencial à prática pedagógica proposta. Sem respeitar essa identidade, sem autonomia, sem levar em conta as experiências vividas pelos educandos antes de chegar à escola, o processo será inoperante, somente meras palavras despidas de significação real. A educação é ideológica, mas dialogante, pois só assim pode-se estabelecer a verdadeira comunicação da aprendizagem entre seres constituídos de almas, desejos e sentimentos. (FREIRE, 1987, p. 59).

Compreende-se, então que quanto maiores forem os estímulos, melhores

serão os resultados obtidos na formação cognitiva, social e emocional das crianças.

Assim, o ensino nas classes dos primeiros anos do Ensino Fundamental devem se

favorecer de momentos de constante aprendizagem, para que as crianças possam

brincar, se socializar, trocar experiências, construir seus próprios conhecimentos e

refletir de maneira crítica sobre tudo o que vivem.

Avaliação

Entretanto, nem todas as crianças aprendem no mesmo momento e com os

mesmos incentivos. O professor deve estar atento a essas peculiaridades

considerando que apesar de cada criança aprender a seu tempo, existem fatores

que devem ser considerados, como: distúrbios de aprendizagem, Déficit de atenção

ou Hiperatividade, transtornos de comportamento ou de saúde. Porém quem

diagnostica isso não é o professor.

O papel do professor é, através de avaliação constante, observar as possíveis

complicações no processo de aprendizagem. Somente um especialista da Saúde

pode dar o diagnóstico do foco da dificuldade de aprendizagem, portanto o

encaminhamento para esse profissional é fundamental que aconteça o mais cedo

possível, para então o professor fazer a sua parte, ensinar.

A missão da escola é formar integralmente a criança, com dificuldade ou não,

mediante desenvolvimentos de suas capacidades de aprendizagem, conhecimentos,

habilidades, atitudes e valores para o pleno exercício da vida cidadã. Assim, a

avaliação torna-se parte da aprendizagem do aluno, reforçando a construção do

conhecimento e o desenvolvimento de competências e habilidades.

Luckesi é bem enfático na forma como privilegia a perspectiva diagnóstica da

avaliação. Em sua opinião:

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Para não ser autoritária e conservadora, a avaliação terá de ser diagnóstica,

ou seja, deverá ser o instrumento dialético do avanço, terá de ser o

instrumento da identificação de novos rumos. Enfim, terá de ser o

instrumento do reconhecimento dos caminhos percorridos e da identificação

dos caminhos a serem perseguidos. (LUCKESI, 1995, p. 43).

Perrenoud relata que a avaliação

dá informações que serão propriedade do professor e seus alunos. Cabe-lhes a eles decidir o que querem transmitir aos pais e à administração escolar. Se esta quiser ter uma ideia precisa do que os alunos sabem e da eficácia dos professores, tem de encontrar os seus próprios instrumentos necessários, não inviabilizando uma avaliação formativa que deve permanecer, de qualquer maneira, um assunto entre o professor e os seus alunos, para que o contrato de confiança não seja quebrado (PERRENOUD, 1992, p. 165).

Nesse aspecto, é possível dizer que pequenos relatos, entrevistas, conversas

informais com alunos podem revelar qual é a percepção do aluno em relação à

disciplina ou ao assunto a ser desenvolvido. Dessa forma, será possível identificar a

qual a sua motivação e interesse pra a aprendizagem. São informações de suma

importância para auxiliar as atividades do professor. Para perceber que um aluno

apresenta dificuldades na aprendizagem é preciso que a avaliação seja uma

constante, pois é através dela que o educador vislumbra a construção do

conhecimento pelo aluno.

A avaliação, enquanto relação dialógica, vai conceber o conhecimento como apropriação do saber pelo aluno e também pelo professor, como ação-reflexão-ação que se passa na sala de aula em direção a um saber aprimorado, enriquecido, carregado de significados, de compreensão. (HOFFMAN, 1994, p. 56)

Avaliar faz parte do processo ensino/aprendizagem que é construído a partir

do cotidiano e envolve tanto o professor quanto o aluno. É um dos meios pelos quais

se pode conhecer os alunos. A partir da avaliação é possível descrever as

trajetórias, os problemas e as potencialidades do aluno em processo de construção

de aprendizagem.

Assim, compreende-se que através da avaliação é que se diagnostica a

realidade da aprendizagem, investiga como e quanto os alunos estão aprendendo,

apresentando-se como colaboradora para o aprendizado e jamais um instrumento

de punição, exclusão ou medo.

Está nos livros do CEALE que

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Diagnosticar é coletar dados relevantes, através de instrumentos que expressem o estado de aprendizagem do aluno, tendo em vista objetivos e capacidades que se pretende avaliar, em relação a determinado objeto de conhecimento. (BRASIL, 2004, p. 10).

Sendo assim, o passo seguinte ao desenvolvimento de capacidades se dá

através do levantamento de dados que demonstrem o nível, ou o perfil da turma, que

se pode ir além ou se o conhecimento compartilhado não foi bem assimilado e deve

ser reestruturado.

Entretanto, nem sempre a escola preocupa-se em “investigar” qual é a causa

das dificuldades do aluno. Inúmeras são as vezes que essas dificuldades

apresentadas em algumas crianças são erroneamente interpretadas como um sinal

de baixa capacidade intelectual. Mas na verdade, muitos alunos com dificuldades de

aprendizagem conseguem aprender, ao seu tempo, diferentemente da média do seu

grupo etário.

Para tanto, é preciso um olhar atento do professor, pois a partir do momento

que o aluno não aprendeu como às demais crianças, sua prática deve ser

reelaborada como um artifício para chamar a atenção deste aluno. diversas são as

possibilidades do professor alcançar êxito com alunos com dificuldades de

aprendizagem: estudo interdisciplinar, ludicidade, jogos e brincadeiras, são

ferramentas importantes, porém a relação professor/aluno é fundamental para o

processo ensino/aprendizagem tanto do aluno com dificuldade ou não.

Interdisciplinaridade

A interdisciplinaridade é a integração de dois ou mais conteúdos ou,

componentes curriculares na busca e construção do conhecimento.

Segundo os PCNs,

A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários. (BRASIL, 2002, p.88-89)

Percebe-se, então que a interdisciplinaridade é uma busca pela integração

das ações disciplinares na busca por um interesse comum. Busca-se formar

indivíduos com uma visão mais integralizada da realidade, unir a aprendizagem a

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situações e problemas reais, trabalhar a partir da pluralidade e da diversidade,

preparar para aprender.

Neste sentido, Fazenda (1993), enfatiza que o aluno perde o interesse diante

de disciplinas que nada tem a ver com a sua vida, com suas preocupações. Decora,

muitas vezes, aquilo que precisa saber (de forma forçada) para prestar exames e

concursos. Passadas as provas, tudo cai no esquecimento.

O trabalho com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem deve

ser diferenciado, a partir do momento em que o mesmo não aprendeu com a

metodologia utilizada com a turma, o trabalho interdisciplinar é muito importante em

todas as concepções de conhecimento e traz consigo uma dimensão especial no

que tange a descoberta do conhecimento pelo aluno com dificuldade. Embora na

prática didática os conteúdos tradicionalmente sejam separados em disciplinas, os

conhecimentos e habilidades relacionados a cada uma delas está sendo trabalhada

o tempo todo em conjunto, nas mais diversas situações do dia-a-dia.

Em termos de interdisciplinaridade ter-se-ia uma relação de reciprocidade, de mutualidade, ou, melhor dizendo, um regime de co-propriedade, de interação, que irá possibilitar o diálogo entre os interessados. A interdisciplinaridade depende então, basicamente, de uma mudança de atitude perante o problema do conhecimento, da substituição de uma concepção fragmentária pela unitária do ser humano (FAZENDA, 1993, p. 31).

Para atender aos propósitos da educação, a criança precisa construir seu

conhecimento. Assim, torna-se necessário não apenas aprender ou apreender

conceitos, mas também o significado de cada um deles e sua necessidade fora da

escola.

A efetivação do processo de envolvimento do educador em um trabalho

interdisciplinar, mesmo que sua formação tenha sido fragmentada é realizado

através da interação professor x aluno, professor x professor, professor x escola,

como sujeitos do processo ensino-aprendizagem, pois a educação só tem sentido no

encontro. Todos os envolvidos na escola estão inseridos na interdisciplinaridade,

principalmente a relação professor x aluno.

Ludicidade

Outro âmbito fundamental para a aprendizagem do aluno com dificuldade de

aprendizagem é a utilização, por parte do professor/psicopedagogo, da ludicidade,

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jogos e brincadeiras. É fundamental, que sejam promovidas situações adequadas

para que a criança estreite o contato com o conhecimento. Se existe a promoção de

tais situações, o aprendizado ocorre de forma muito mais natural e significativa, pois

“a participação ativa das crianças nesses eventos de letramento configura um

ambiente alfabetizador” (BRASIL, 1998, p. 151).

Cabe ao professor/psicopedagogo a estimulação ao aluno com dificuldade de

aprendizagem para a construção do seu conhecimento através de atividades

lúdicas, concretas e diretas, contribuindo assim, com para que o aluno demonstre

prazer nos momentos de aprendizagem.

Rodrigues (2013) afirma que o aprendizado

requer um conjunto de estruturas de pensamentos e habilidades psicomotoras que possibilitam compreensão de natureza conceitual e das formas de representação gráfica da linguagem (...) A criança precisa desenvolver coordenação motora ampla, esquema corporal, coordenação visomotora, descriminação auditiva e também tempo espacial. (2013, p. 20)

Essas habilidades podem ser assimiladas prazerosamente com a ludicidade

que dá suporte para a aprendizagem. Rousseau (apud ALMEIDA, 1998) acreditava

que a criança só aprendia de maneira ativa, executando as tarefas, e também

exercitando os sentidos, pois eles são os instrumentos da inteligência. Assim, o

emprego dos jogos e brincadeiras na organização do trabalho pedagógico tem papel

significativo.

Para Kishimoto,

O desenvolvimento da criança determina as experiências possíveis, mas não produz por si mesmo a cultura lúdica. Esta origina-se das interações sociais, do contato direto ou indireto (manipulação do brinquedo: quem o concebeu não está presente, mas trata-se realmente de uma interação social). (1999, p. 27).

A interação supõe uma interpretação do que é significativo que a criança dá

aos objetos dessa interação (indivíduos, ações, objetos materiais).

De acordo com França (1995),

o jogo permite uma assimilação e apropriação da realidade humana pelas crianças já que este não surge de uma fantasia artística, arbitrariamente construída no mundo imaginário da brincadeira infantil; a própria fantasia da criança é engendrada pelo jogo, surgindo precisamente neste caminho pelo qual a criança penetra na realidade. (1995, p. 51).

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Piaget (1973) mostra claramente em suas obras que os jogos não são apenas

uma forma de desafogo ou entretenimento parta gastar energia das crianças, mas

meios que contribuem enriquecem o desenvolvimento intelectual.

França (1995) pondera que,

é preciso, inicialmente, considerar as brincadeiras que as crianças trazem de casa ou da rua e que organizam independentemente do adulto como diagnóstico daquilo que já conhecem, seja do mundo físico ou social assim como do afetivo. Por outro lado, devem-se considerar os conteúdos emocionais trazidos por cada criança e que permitem que o jogo se realize. (1995, p. 52).

É através das brincadeiras que o professor observar e constituir uma visão do

desenvolvimento da criança com dificuldade de aprendizagem que registram suas

capacidades no uso das linguagens, socialmente e dos recursos afetivos e

emocionais de que dispõe.

Nesse sentido, os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação

Infantil orientam que:

A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Essas significações atribuídas ao brincar transformam-no em um espaço singular de constituição infantil. (BRASIL,1998, p. 27).

O educador deve fazer do seu ato pedagógico um ato prazeroso e “é preciso

que o professor saiba brincar e tenha uma cara de criança ao ensinar. Porque cara

feia não combina com brinquedo...” (ALVES, 2004, p. 41). Assim, percebe-se a

necessidade de unir dois fatores preponderantes ao aprendizado, a arte de ensinar a

vontade de aprender, pois o brincar incentiva a criança a interagir com seus

companheiros de sala, com o educador e com todas as pessoas próximas a ela.

O psicopedagogo e a criança com dificuldade de aprendizagem

A criança com dificuldades de aprendizagem tem seu próprio tempo para

aprender e para que isso aconteça é de fundamental importância que o educador

estimule este aprendizado com as brincadeiras que tanto podem ser modernas

como antigas, pois as atuais colocam o professor/psicopedagogo como um inovador

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e atinge o interesse das crianças e com as brincadeiras antigas colocam as crianças

como pesquisadoras e as faz entender da cultura e expressividade.

O ato de ensinar e aprender consiste na realização de mudanças e aquisições

de comportamentos motores, cognitivos, afetivos, sociais.

Assim, percebe-se a necessidade da brincadeira para o aprendizado de

crianças com dificuldades, pois o brincar incentiva à criança a interagir com seus

companheiros de sala, com o educador e com todas as pessoas próximas à ela.

Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca. Por exemplo, para assumir um determinado papel numa brincadeira, a criança deve conhecer alguma de suas características. Seus conhecimentos provêm da imitação de alguém ou de algo conhecido, de uma experiência vivida na família ou em outros ambientes, do relato de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão, no cinema ou narradas em livros etc. A fonte de seus conhecimentos é múltipla, mas estes encontram-se, ainda, fragmentados. (BRASIL, 1998, p. 27)

Com isso o professor/psicopedagogo contribui com o desenvolvimento da

linguagem oral, ampliação do conhecimento de mundo que a criança tem, e por

consequência o desenvolvimento psicomotor que se faz muito necessário às

crianças com dificuldades.

O educador deve estar atendo e dar subsídios para que esta criança aprenda

sem que para isso seja um superprotetor ou que supervalorize pequenas atitudes de

seus alunos. É preciso que seja mais do que “o professor bonzinho” sem a

preocupação com o desenvolvimento adequado dos conteúdos e das habilidades

que devem ser priorizadas no trabalho pedagógico.

Libâneo (1994) considera que o professor

[...] não apenas transmite uma informação ou faz perguntas, mas também ouve os alunos. Deve dar-lhes atenção e cuidar para que aprendam a expressar-se, a expor opiniões e dar respostas. O trabalho docente nunca é unidirecional. As respostas e as opiniões dos alunos mostram como eles estão reagindo à atuação do professor, às dificuldades que encontram na assimilação dos conhecimentos. Servem também para diagnosticar as causas que dão origem a essas dificuldades. (LIBÂNEO 1994, p. 250).

Algumas vezes estas manifestações podem aparecer em conjunto, outras

isoladamente, podendo acarretar dificuldade de aprendizagem. E ai entra o processo

de interação professor e o aluno.

Relação professor/aluno

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Apresenta-se aqui o outro fator que contribui para o sucesso escolar da

criança com dificuldade de aprendizagem, a relação professor/aluno que se tona

ainda mais importante na busca do aprendizado.

O desenvolvimento integral da criança faz parte de muitas preocupações de

educadores conscientes de suas ações.

Isto significa que o papel do professor bem preparado para atuar nas salas

dos primeiros anos do Ensino Fundamental é imprescindível, ele é o mediador do

conhecimento formal que as crianças vão adquirindo aos poucos.

Cabe ao professor da educação Infantil, considerar o desenvolvimento maturacional da criança, viabilizando propostas pedagógicas que possam atender as estimulações das coordenações globais do corpo. Apoiada nessas coordenações, oportunizar, também e progressivamente, a coordenação dos pequenos músculos (PRAIS; 2000 p.12).

Daí a preocupação que se levanta em relação aos profissionais que atuam

nesta fase, pois no que se refere ao processo de ensino-aprendizagem o profissional

deve estar preparado para atender as especificidades de cada aluno.

Segundo Freire (1997, p. 51) “a ação educativa deve estar comprometida com

a diversidade e deve garantir a todos, um ensino de qualidade com o propósito de

desenvolvimento, da socialização e do sucesso dos alunos.”

A relação professor-aluno dever ser encarada como um processo dinâmico,

onde os dois participam ativamente para tentar encontrar a explicação para

distúrbios de aprendizagem. Mais que transmitir conhecimento o educador deve

buscar construí-lo com seus alunos, respeitando as diferenças individuais e também

culturais.

Podemos pensar numa sala de aula onde o educador e o aluno estabelecem uma relação de suma importância, facilitadora da aprendizagem e promotora de um clima de confiança e de condições afetivas favoráveis. A necessidade de resguardar essa relação é fonte de muitas questões, já que muitos educadores nem mesmo acordaram para o fato de que são co-responsáveis pela formação de indivíduos. (RICOTTA, 2006, p. 115)

Entendemos, assim, o quanto é importante que o educador busque atuar de

maneira interativa, proporcionando que alunos construam seus conhecimentos

adotando hábitos de compromissos e organização, consequentemente, o professor

poderá identificar o aprendizado de seus alunos e o nível de dificuldade que

apresenta.

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Para Ricotta (2006) é imprescindível que o educador tenha clareza do

processo que a criança percorre, apoiando e incentivando-o no momento de

dificuldade de aprendizagem ou de interação social, lembrando que esta dificuldade

pode estar relacionada a vários fatores que envolvem o emocional ou físico da

criança, por isso é importante o contato mais íntimo com os alunos, para que diante

de qualquer sintoma já se esteja com as soluções, sejam elas com a equipe

pedagógica da escola ou acionando um especialista na área psíquica.

Percebe-se em Ricotta (2006) que mais do que transmitir conhecimentos o

educador também deve construir valores de forma que despertem em seus alunos a

confiança, o respeito mútuo e a amizade, características fundamentais para que haja

uma troca sadia e construtora entre professor e aluno neste novo modelo de

interação.

O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. (FREIRE, 1996, p. 96).

O mesmo autor ainda pondera que,

Não é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio, mais distante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com os alunos [...] A afetividade não se acha excluída da cognoscibilidade. O que não posso obviamente permitir é que minha afetividade interfira no cumprimento ético de meu dever de professor no exercício de minha autoridade. Não posso condicionar a avaliação do trabalho escolar de um aluno ao maior ou menor bem querer que tenha por ele. (FREIRE, 1996, p.159-60).

O verdadeiro educador é aquele que leva o aluno a aprender a aprender. A

verdadeira escola é aquela que permite interatividade plena entre professor e aluno

na busca da compreensão e da transformação de si próprio e do meio no qual está

inserido.

Para Garcia et al.,

O professor não pode ser apenas aquele que “orienta” a aprendizagem ou aquele que “fornece” as informações necessárias. O professor é muito mais do que isso. Ele está em permanente interação com a criança, de modo que mesmo quando ele não age, está agindo. (GARCIA et al., 2001, p. 52).

Uma escola de qualidade, que busca o aprendizado de todos, inclusive

aqueles com dificuldades, requer professores que tenham uma formação inicial

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sólida e que possam dar continuidade a essa formação. A educação necessita de

profissionais conscientes do seu papel diante do ato de educar, porque o mundo

exige hoje muito além do dar aulas.

Uma grande escola exigirá docentes competentes, abertos para o mundo e

para o saber, sempre de novo redefinidos. Docentes e estudantes conscientemente comprometidos. Uma grande escola exigirá espaços físicos, culturais, sociais e artísticos, equipados que abriguem toda a sabedoria acumulada da humanidade e toda a esperança de futuro – que não seja continuidade do presente, porque este está em ritmo de barbárie – mas seja sua ultrapassagem. Uma grande escola exigirá tempo. Tempo de encontro, de encanto, de canto, de poesia, de arte, de cultura, de lazer, de discussão, de gratuidade, de ética e de estética, de bem-estar e de bem-querer e de beleza. Porque escola grande se faz com grandes cabeças (é certo!), mas também com grandes corações, com muitos braços, que se estendem em abraços que animam caminhadas para grandes horizontes. (REDIN, 1999, p.07)

O bom exemplo é o caminho para provocar mudanças. É necessário que

repense os atos, as palavras e as ações para que possa amenizar muitos problemas

que afetam a criança em processo de aprendizagem.

Conclusão

“Eu vi uma criança que não podia andar. Sobre um cavalo, cavalgava por prados floridos que não conhecia. Eu vi uma criança sem força em seus braços. Sobre um cavalo, o conduzia por lugares nunca imaginados. Eu vi uma criança que não podia enxergar. Sobre um cavalo, galopava rindo do meu espanto, com o vento em seu rosto. Eu vi uma criança renascer, tomar em suas mãos as rédeas da vida e, sem poder falar, com seu sorriso dizer: ‘Obrigado Deus, por me mostrar o caminho’.”

John Anthony Davies

O objetivo deste Artigo foi discutir a importância psicopedagogo no trabalho

com alunos em dificuldades de aprendizagem.

A realização deste trabalho tem proporcionado muita curiosidade e prazer. foi

muito feliz a escolha do tema.

A escola é um espaço privilegiado de formação e informação, no qual a

aprendizagem deve estar em consonância com as questões sociais, interagindo ao

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cotidiano dos alunos. Contudo, para que essa valorização seja concretizada, não

basta adotar um livro didático e segui-lo página a página até a última linha, é

necessário um trabalho árduo com responsabilidade.

Para atender aos propósitos da educação, a criança precisa construir seu

conhecimento. Assim, torna-se necessário não apenas aprender ou apreender

conceitos, mas também o significado de cada um deles e sua necessidade fora da

escola e com crianças com dificuldades de aprendizagem a condição para que o

professor possa estimular em seu aluno as habilidades e competências exigidas

pela dinâmica da atual sociedade da informação e do conhecimento é que o

professor se torne um facilitador, um colaborador, um incentivador para que o fazer

pedagógico se transforme também em prazer.

Dentre estes e outros desafios, a necessidade de integração assume ponto

de destaque. Integração pode ser entendida numa perspectiva de novas interações

no trabalho em equipe interprofissional, professores, pedagogos e psicopedagogos,

de troca de experiências e saberes e posição de respeito à diversidade,

possibilitando-se, com isso, a cooperação para o exercício de praticas

transformadoras, parcerias na construção de projetos e exercício permanente do

dialogo.

Vemos, então que a escola é um fio condutor para transpor uma forma clara e

sua finalidade é da interagir contra o mecanismo de exclusão a pessoas portadoras

de deficiência auditiva.

É de extrema necessidade que o educador esteja sempre de olho e valorize o

desenvolvimento do ser humano e não esperar que a criança amadureça para

depois ensinar-lhe e sim interagir a mesma respeitando suas limitações.

Para que a criança tenha sucesso na aquisição da língua de sinais, é

necessário que a família também aprenda esta língua além de que, dessa forma, a

criança possa utilizá-la para se comunicar em casa, nas relações familiares. As

atitudes da família, juntamente com a escola e a comunidade, vão levar a criança

surda a desenvolver sua auto-estima e a escolher o seu modelo de vida.

Observa-se, então que a escola é um fio condutor para transpor uma forma

clara e sua finalidade é da interagir contra a exclusão a pessoas com dificuldades de

aprendizagem. É de extrema necessidade que o educador esteja sempre de olho e

valorize o desenvolvimento do ser humano e não esperar que a criança amadureça

para depois ensinar-lhe e sim interagir a mesma respeitando suas limitações.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ALVES, Rubem. O Desejo de ensinar e a arte de aprender. Campinas: Fundação EDUCAR DPaschoal, 2004.

BORGES, T. M. M. Revista conexão FEUv.1n.1. Uberaba, 2001

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______, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. V. 2. Brasília: MEC/SEF, 1998.

______, Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. V. 3. Brasília: MEC/SEF, 1998.

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