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A IMPORTÂNCIA DOS ASPECTOS
COGNITIVOS E DO GERENCIAMENTO
DO DIÁLOGO NOS SISTEMAS DE
APOIO A DECISÃO
Jadielson Alves de Moura (UFPE)
Ana Paula Cabral Seixas Costa (UFPE)
O objetivo desse trabalho é enfatizar a importância dos aspectos
cognitivos e comportamentais, através de algumas abordagens de
implementação de Sistemas de Apoio a Decisão (SAD) baseado no
diálogo com o decisor. Como exemplos serão mostraddos alguns
sistemas disponíveis na literatura, que abordam problemáticas
distintas, mas que apresentam aspectos cognitivos relevantes.
Palavras-chaves: Sistemas de apoio a decisão, aspectos cognitivos,
modelo cognitivo, gerenciamento do diálogo
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no
Cenário Econômico Mundial Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011.
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1. Introdução
As mudanças no panorama econômico e financeiro surgido a partir de meados do século XX
foram ditadas pelas necessidades emergentes das organizações, que estavam expostas a uma
crescente e ampla concorrência e competitividade de mercado. Aliados a essas novas
necessidades, aparecem às novas formas de organização, ditadas pelos avanços da área de
sistemas de informação. A informatização das organizações passam a fornecer suporte aos
processos repetitivos, automatizando-os, assim provendo maior agilidade e eficiência ao
processo. Os dados gerados pelos processos automatizados serão as fontes para os futuros
sistemas de apoio a decisão, que absorverá esses dados espalhados pelas bases de dados dos
processos transformando em informações relevantes para a organização, apoiando o decisor
em suas escolhas.
Os sistemas de informação partem da premissa que os sistemas de computador devem auxiliar
ativamente e independentemente os usuários no seu trabalho (MANHEIM, 1988). Dessa
premissa também se deriva os Sistemas de Apoio a Decisão (SAD), que segundo Shim et al.
(2002) são soluções de tecnologia de computador que podem ser utilizados para apoiar a
tomada de decisão e resolução de problemas complexos.
O entendimento dos aspectos cognitivos dos usuários de sistemas de informação pode ser um
fator importante para o desenvolvimento de um sistema capaz de fornecer o suporte adequado
as suas necessidades. Os modelos mentais, sejam eles individuais ou coletivos, determina
quais dados e quais perspectivas devem ser examinadas. Os modelos mentais não determinam
apenas o que é definido como problema, mas também as crenças sobre as relações casuais
dentro do domínio e quais o dados são mais significativos para coletar a fim de estudar os
problemas nesse domínio (COURTNEY, 2001).
Nesse trabalho são apresentados alguns sistemas de apoio a decisão, a fim de promover o
entendimento das principais características que são abordadas nos SAD, levando em conta as
características cognitivas do decisor. Essas características serão mostradas através do diálogo
usuário-sistema gerenciadas pelo gerenciador de diálogos do SAD.
O artigo está dividido da seguinte forma: no item 2 é realizada uma revisão sobre sistemas de
apoio a decisão, mostrando suas principais características. No subitem 2.1 é abordada a
arquitetura do SAD. No item 3 é revisado os aspectos cognitivos dos decisores e sua
importância no desenvolvimento dos SAD. No item 4 é apresentado modelos cognitivo que
auxiliam no entendimento do comportamento mental dos seres humanos. No item 5 são
apresentados alguns sistemas de SAD reais, a fim de analisar o diálogo propostos por eles. Por
fim no item 6 é apresentado algumas conclusões sobre o trabalho.
2. Sistemas de Apoio a Decisão
As mudanças nos modelos de gerenciamento ditada pela competitividade no mercado em que
se encontravam as organizações, emergiu a necessidade de novas informações organizacionais
que permitissem gerenciar seus processos eficazmente e apoiassem em todas as tomadas de
decisão. Informações essas vitais para a organização, que representava um fator positivo na
competição pelo mercado. Assim teve o início dos sistemas de apoio a decisão.
Numa visão geral Keen (1980) propõe que os Sistemas de Apoio à Decisão (SAD)
representam a concepção do papel dos computadores dentro do processo de tomada de
decisão. Em outra visão os sistemas de apoio à decisão são considerados sistema baseado em
computador que ajuda o processo de tomada de decisão (GACHET ; SPRAGUE apud
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FINLAY 1994). Sprague & Watson (1991) definem SAD como um sistema interativo que
proporciona ao usuário fácil acesso aos modelos de decisão e dados a fim de apoiar a tarefa de
tomada de decisão semi-estruturada e não estruturada.
Uma definição mais precisa dos SAD é dada por Turban et al. (2007) que descreve o sistema
de informação como um interativo, flexível, e adaptável sistema baseado em computador,
desenvolvido especialmente para suportar as soluções de gerenciamento de problemas não
estruturados, para melhorar a tomada de decisão. Este utiliza dados, fornece uma interface
fácil de usar e permite as próprias percepções do decisor .
Os sistemas de apoio a decisão tem como premissa promover o maior entendimento acerca do
problema a ser abordado pelo decisor, melhorando a sua eficácia e eficiência nos processos de
tomada de decisão. Melhorar o desempenho é o objetivo final dos sistemas de informação –
não o armazenamento de dados, a geração de relatórios, ou mesmo a obtenção da informação
certa para a pessoa certam na hora certa. O objetivo final deve ser visto em termos da
habilidade dos sistemas de informação de dar apoio à melhoria de desempenho das pessoas na
empresa (SPRAGUE & WATSON, 1991).
As dificuldades em desenvolver, implantar e gerenciar SAD, podem ser tarefas não tão triviais
dentro da organização. Assim como medir a eficácia de um SAD e os seus resultados
intangíveis produzidos. Almeida & Ramos (2002) propõe algumas características para
medição da eficácia de um Sistema de Apoio a Decisão, são eles:
Grau em que o sistema pode responder a importantes decisões.
Grau em que o sistema pode fornecer respostas oportunas e consistentes.
Grau no qual o sistema pode adaptar-se às necessidades e situações.
Existem algumas estratégias para justificar o investimento no desenvolvimento de um Sistema
de Apoio a decisão, embora muitas vezes esses benefícios sejam qualitativos ou intangíveis.
Sprague & Watson (1991) propõe uma estratégia utilizada para justificar SAD, a justificativa
vai depender de até que ponto esses sistemas são vistos como inovações de serviços e
investimentos para a obtenção de eficiência no futuro, em contraste com produtos, e
investimentos na desalocação de custos e eficiência.
2.1 Arquitetura SAD
Uma das mais importantes características e também peculiar aos Sistemas de Apoio a Decisão
é sua arquitetura funcional. Diferentemente de sistemas tradicionais, que possuem geralmente
três camadas funcionais, sendo dividida na camada de interface com o usuário, a camada da
lógica da aplicação e na camada de base de dados. Os SAD além de possuir uma camada
responsável pelo gerenciamento do diálogo com o usuário possuem duas bases interligadas a
camada de gerenciamento de diálogos pelos seus respectivos gerenciadores. Essas bases são
denominadas de base de dados e a base de modelos e seus gerenciadores são o sistema
gerenciador do banco de dados e o sistema gerenciador do banco de modelos. A figura 1
mostra a arquitetura funcional do SAD.
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Figura 1 – Arquitetura do SAD (adaptado de Sprague & Watson, 1991)
As ferramentas de design dos Sistemas de Apoio à decisão clássico é composto por
componentes para (i) capacidade de gerenciamento sofisticado de banco de dados com acesso
a dados internos e externos, informações e conhecimento, (ii) poderosas funções de
modelagem acessados por um sistema de gerenciamento de modelos, e (iii) poderosos, mas de
simples interface, que possibilita queries interativas, relatórios, e funções gráficas (SHIM et
al., 2002). De um modo mais genérico os SAD apresentam seis partes distintas na sua
arquitetura, sendo o sistema de gerenciamento de dados, o sistema de gerenciamento de
modelos, o mecanismo de conhecimento, a interface do usuário, a rede e a arquitetura do SAD
e usuários (MARAKAS, 2003).
Entre os usuários do sistema e os sistemas gerenciadores de modelos e de dados, está a
interface do SAD. A interface com o usuário é um dos componentes mais importantes do
SAD, pois para o usuário a interface é o sistema (SAXENA, 1991). Os diálogos exibidos pelo
gerenciado de diálogos devem ser objetivos, contendo apenas o que é relevante para o
usuário, a fim de não saturar o decisor com informações ou dados irrelevantes para o processo
decisório.
A interface é responsável pela captação da entrada de dados por parte do usuário e também
responsável por toda exibição dos resultados derivados dos dados de entrada. As bases de
dados, as bases de modelos e as interfaces com usuário são os elementos básicos e clássicos
da arquitetura de um Sistema de Apoio à Decisão.
3. Aspectos Cognitivos do Decisor
Decisores são expostos a vários problemas no seu cotidiano, sendo boa parte deles,
necessárias decisões emergentes, que pode comprometer o desempenho organizacional. A
tomada de decisão é um dos processos cognitivos fundamentais dos seres humanos, que é
amplamente utilizado dentro das determinações racionais, heurística e seleções intuitivas no
complexo científico da engenharia, economia e na situação de gestão, bem como em quase
todos os processos do dia a dia (WANG; LIU & RUHE , 2004). O homem como processador
de informações tem suas limitações, isso faz com que muitos decisores tomem suas decisões
baseados na suas experiências pessoais, tornando perigoso o processo decisório.
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O auxílio computacional para agregar todos os dados necessários à tomada de decisão, a fim
de gerar informações para que possa ser interpretada da forma mais clara possível pelo
decisor. Esses processamentos de dados brutos, de forma a agregá-los, serão desenvolvidos
por sistemas de informação gerando informações relevantes para o processo decisório. As
informações geradas têm como intuito estimular o usuário dentro da sua capacidade de
processamento, isso sem perder a essência da informação.
A importância do entendimento por parte do decisor dos problemas semi-estruturados ou não
estruturados faz dos sistemas de informação, mais precisamente os sistemas de apoio a
decisão, peças chave no processo decisório da organização a qual está inserida. Para o
entendimento eficaz e efetivo do problema pelo decisor é necessário uma maior e facilitada
interatividade com o SAD, através dos diálogos emitidos pelo sistema. Essa iteratividade é
gerenciada pelo componente gerenciador de diálogo do SAD. Segundo Allen et al.(2001)
diálogo aumenta a riqueza da interação e permite que as informações complexas transmitam o
que é possível em uma única emissão.
Para uma tomada de decisão eficaz e efetiva pelo decisor, tornam-se necessário que no
desenvolvimento SAD sejam considerados vários fatores, tais como o contexto
organizacional, o fato da decisão ser tomada individualmente ou em grupo, diferenças
individuais entre os decisores, treinamento, experiência e inteligência (SPRAGUE &
WATSON, 1991). Além desses fatores citados, os aspectos cognitivos dos seus usuários
também devem ser levados em conta, embora exista uma grande dificuldade em representar o
estilo cognitivo para cada decisor.
4. Modelos Cognitivos
Alguns modelos cognitivos ajudam a explicar o processo de aprendizado através de várias
etapas. Esses modelos demonstram os processos que se iniciam pelos estímulos, os quais
somos expostos freqüentemente, até o seu armazenamento em nossa memória de longo prazo.
Os estímulos que estão na memória de longo prazo nos ajuda desde a simples tarefa de
identificar objetos até as nossas tomadas decisões no dia a dia.
Chen & Lee (2002) em sua pesquisa atenta para o viés o qual os decisores estão expostos em
suas decisões. A tendência natural que os executivos têm em confiar demasiadamente em suas
experiências e conhecimentos passados para tomar decisões, muitas vezes desprezando
informações relevantes recente. Suas capacidades limitadas em retomar casos passados os
levam a fazer julgamentos e tomar decisões tendenciosas. Por mais que lhes forneçam
informações relevantes, os decisores se defrontam com o problema de decisão já tendendo sua
escolha baseada em experiências anteriores. As informações fornecidas servirão em grande
parte apenas para confirmar que sua escolha realmente estava correta. No caso contrário, o
decisor tenderia a defender sua escolha inicial, embora que lhe fosse provado que sua escolha
não é a melhor. O modelo proposto por Chen & Lee (2002) propõe um modelo baseado em
três modalidades de apoio, para auxiliar e minimizar as interferências errôneas das
experiências e conhecimentos anteriores do decisor. São elas:
Retrospectiva: memórias de casos e experiências passadas e o pensamento por analogias. O
auxílio cognitivo possível seria auxiliar a memória, reduzir os vieses e o pensamento
análogo para ajudar no processo criativo.
Introspectivo: reflexão e analise dos pressupostos e sistema de que se acredita. O auxílio
cognitivo possível seria examinar explicitamente e implicitamente as suposições, superar
os pontos obscuros e aumentar a autoconfiança.
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Prospectivo: prever os estados futuros dos ambientes de negócio e entender as possíveis
conseqüências da decisão. O auxílio cognitivo possível seria reduzir o excesso de
confiança, reduzir os vieses e mudar a ordem de referência.
Um modelo mais aprofundado do comportamento mental no processo cognitivo da memória
humana foi proposto por Wang; Liu & Ruhe (2004), Esse modelo pode facilitar o
entendimento do por que as pessoas tendem a fazer analogias de fatos presente com fatos que
já aconteceram. O modelo pode ser descrito por dois artefatos:
Os objetos; que são abstrações de entidades externas e os conceitos internos. Existem
também os sub-objetos conhecidos como atributos, que são utilizados para designar as
propriedades e características detalhadas de um objeto. A abstração de entidades externas e
os conceitos internos. Existem também os sub-objetos conhecidos como atributos, que são
utilizados para designar as propriedades e características detalhadas de um objeto.
As relações; Conexões e relações entre objeto-objeto, objeto-atributo e atributo-atributo.
As relações entre os atributos de cada objeto são responsáveis pela comparação de outros
objetos com atributos parecidos em nossa memória de longo prazo, a fim de reconhecer o
objeto em questão. Como também é responsável pelo aprendizado humano, que seria o
armazenamento de novos objetos com seus atributos na memória de longo prazo.
O modelo objeto-atributo-relação pode ser usado para descrever a representação da
informação e sua relação com o mundo externo. O mundo externo é descrito em termos de
entidades reais, em quanto que o mundo interno é representado por entidades virtuais e
objetos contidos na memória de longo prazo (WANG & GAFUROV, 2003).
5. Análise do gerenciamento do diálogo no SAD
O diálogo com o decisor é uma peça fundamental na interatividade entre usuário-sistema.
Esses diálogos facilitam o entendimento do problema em questão e auxiliam o decisor na
execução correta do SAD, respeitando assim as regras estabelecidas pelo modelo utilizado.
Através da interatividade usuário-sistema torna-se possível para o decisor chegar ao melhor
resultado sem a necessidade obrigatória de um analista.
Segundo Patil & Madanbhavi (2010) o principal produto da interação com o SAD é o insight
adquirido. Como os decisores freqüentemente não são treinados no sistema, o SAD precisa ser
equipado com uma interface intuitiva e de fácil utilização. A interação entre usuário-
projetista, através do processo adaptativo, é de fundamental importância para a construção dos
modelos e da interface que o decisor vai se defrontar.
Para Saxena (1991) desenvolver especificações de design para um SAD a partir de suas
especificações de requisitos envolve um processo cognitivo. Os construtores de SAD utilizam
esse processo e, portanto, tendem a perceber as necessidades de suporte dos usuários em
termos de ferramentas e necessidades tecnológicas.
O processo cognitivo do usuário, assim como os modelos mentais, ajuda na compreensão de
do comportamento do decisor frente a problemas semi-estruturados e não-estruturados. As
ações dos decisores estão fortemente ligadas ao seu estilo cognitivo e a forma que aborda o
problema. O conceito de ‘estrutura’ na tomada de decisão é fortemente dependente do estilo
cognitivo e da abordagem a resolução de problemas pelo decisor (SPRAGUE, 1980). O
desenvolvimento do SAD tem que contemplar essas características cognitivas do decisor,
transparecendo isso através de um diálogo fácil e eficiente, através da interface gráfica do
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SAD. Para Sprague (1980) muito do poder, flexibilidade e características de usabilidade de
um SAD são derivadas de recursos na interface do sistema com usuário.
No desenvolvimento de alguma problemática de decisão que envolva o projeto,
implementação e utilização do SAD, várias pessoas são envolvidas em diferentes papéis
específicos. Segundo Sprague & Watson (1989) além de outros envolvidos no SAD, se
destacam o decisor, intermediário e projetista. Uma mesma pessoa pode acumular mais de um
tipo de envolvimento no SAD, podendo ser ao mesmo tempo decisor, intermediário e
projetista, para isso tem que ter as habilidades necessárias.
O decisor pode ser o indivíduo, departamento ou unidade organizacional responsável pela
tomada de decisão e utilização do SAD específico. O intermediário é o individuo que auxilia
o decisor, serve de ligação entre o SAD e o decisor, pode ser denominado de analista de
decisão. O projetista é a pessoa responsável pelo ajuste do gerador de SAD ou utiliza as
ferramentas de SAD de acordo com o problema em questão, deve ter conhecimento da área
em que está inserido.
O diálogo envolvido no SAD vai depender do quanto experiente e do quanto o decisor
conhece do problema em questão. Sendo também necessário considerar os aspectos
cognitivos do usuário. Alguns sistemas de apoio a decisão serão demonstrados a fim de
representar o nível de diálogo que cada sistema fornece para os decisores.
O sistema apresentado na figura 2 mostra à tela de interface do relatório de análise de cenário
do sistema de apoio a decisão multicritério para classificação de bancos proposto por
Doumpos & Zopounidis (2010). Esse sistema propõe uma completa avaliação bancária,
baseada no framework CAMELS, através de seus principais fatores. O diálogo com o usuário
é fornecido por simulações e análises de sensibilidade que apresentam bastante facilidade para
o uso do decisor, com seus resultados apresentados por gráficos e dados sumarizados. Sua
principal dificuldade de uso está no módulo de avaliação multicritério, que apresenta certa
dificuldade para usuários que não possuem conhecimentos necessários sobre a modelagem
multicritério. Isso pode gerar certa confusão e ambigüidade no processo cognitivo do usuário.
A dispersão de elementos encontrada na figura 3 pode ser outro fator que dificulte o
entendimento e uso do módulo multicritério. A sobrecarga de informações a qual o usuário
está exposto e a confusão gerada pela dispersão dos dados justifica o difícil entendimento do
usuário.
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Figura 2 – Exemplo da interface do relatório de análise de cenário do SAD multicritério para classificação de
bancos
Figura 3 – Exemplo da interface da avaliação das opções do SAD multicritério para classificação de bancos
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O SAD baseado em análise multicritério mostrado na figura 4, proposto por Damiano; Gatto
& Marongiu (2010), tem como objetivo determinar as bacias de energia de biomassa mais
adequada para o desenvolvimento de uma rede inteligente. Segundo Damiano; Gatto &
Marongiu (2010) a biomassa pode ser considerada uma das formas mais interessantes de
sistema distribuído de armazenamento de energia e uma visão de desenvolvimento de redes
inteligentes e sua utilização permite satisfazer, quando um processo de planejamento precisa
ser explorado, tanto as especificações técnicas e econômicas.
A interação usuário-sistema na abordagem utilizada pelo SAD proposto por Damiano; Gatto
& Marongiu (2010) é bastante intuitiva. Os gráficos e figuras utilizadas, todos eles com suas
legendas e em tonalidades de cores diferentes, facilitam a localização de zonas emergentes e
fornecem um panorama completo com uma fácil análise dos dados, que facilita o
entendimento do usuário e elimina qualquer tipo de confusão e ambigüidade das informações.
O diálogo apresentado nesse sistema pode ser considerado de fácil análise por apresentar
menus e comandos interativos, que podem ser manipulados diretamente dos gráficos e
figuras, portanto pode ser utilizados por decisores dos mais variados níveis de experiência.
Por serem figuras e gráficos de fácil entendimento, que apresentam diferenças notáveis e
relevantes, e de feedback instantâneo, gera uma autoconfiança na tomada de decisão do
usuário. A figura 4 mostra a biomassa removível expressa em termos de densidade de energia.
Figura 4 – Exemplo da interface da quantidade biomassa removível no SAD para determinar as bacias de energia
de biomassa
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O SAD proposto por Edwards & Lippeveld (2004) aborda a problemática do gerenciamento
de serviços de saúde, a fim de permitir que tomadores de decisão visualizem os indicadores de
saúde e os dados recolhidos pelo sistema em apresentações gráficas e geográficas. A figura 5
mostra um exemplo da tela de interface com a análise da linha de tendência dos casos mensais
de malária. A interface do sistema é bastante completa, com a utilização de gráficos e com a
organização dos elementos em menus intuitivos de fácil análise, tais como os menus de nível,
zona, serviços, variáveis, ano, etc. que facilitam o diálogo com o usuário e conseqüentemente
o seu processo cognitivo. A facilidade do diálogo pode ser justificada pela filtragem de
informações irrelevantes para o usuário, exibindo as informações relevantes através de
gráficos, mapas e figuras, de forma direta. O feedback com o usuário acontece a cada
manipulação de dados, facilitando o entendimento das informações e gerando a autoconfiança
necessária para tomada de decisão. A figura 6 mostra outro exemplo desse sistema, mas agora
além da facilidade do uso dos elementos, também é encontrado um mapa geográfico, que
facilita ainda mais o entendimento do decisor, sendo um diálogo bastante eficiente.
Figura 5 – Exemplo de interface da quantidade mensal de casos de malária do SAD de gerenciamento de
serviços de saúde
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Figura 6 – Exemplo da interface do mapa temático da cobertura vacinal do do SAD de gerenciamento de
serviços de saúde
6. Considerações Finais
Esse artigo procurou descrever as principais características dos sistemas de apoio a decisão,
focando nos aspectos cognitivos e no diálogo com o decisor, para o melhor entendimento da
decisão a ser tomada. Exemplificando as características do gerenciador de diálogos, como as
entrada e saída de dados e os diálogos com o decisor, através de sistemas de apoio a decisão
encontrados na literatura.
Os aspectos cognitivos do decisor e seus modelos de cognição também foram mostrados no
decorrer do trabalho, a fim de abordar os principais comportamentos dos decisores frente aos
processos decisórios. Foram abordados dois modelos que propuseram características
diferentes, porém complementares, um voltado para o comportamento dos decisores na
tomada de decisão e o outro focado no processo do modelo mental.
A análise dos aspectos cognitivos e o estudo das características comportamentais dos
indivíduos que utilizarão um determinado SAD são de fundamental importância. A
implementação do SAD deve sempre levar em conta a cognição dos usuários, para adequar o
melhor diálogo possível entre ele e o sistema. Assim facilitando o entendimento do problema
e conseqüentemente facilitando também a interação entre o usuário-sistema.
7. Referências
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