A Improvisação Vocal como Ferramenta para as Aulas de Educação Musical
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A Improvisação Vocal como Ferramenta para as Aulas de Educação Musical
Francisco Cardoso
Resumo
As aulas de Educação Musical para se tornarem apelativas necessitam de ter uma
forte componente prática. Apesar de este ser o objectivo de muitos professores, a
realidade existente nas escolas tende a dificultar a implementação de actividades de
participação e fruição musical. Assim sendo, torna-se necessário adquirir
competências no âmbito da improvisação vocal que, pelas características que lhe são
inerentes, permite que a aquisição de competências musicais se faça integrando um
maior número de actividades de participação e fruição musical.
Introdução
O princípio de que as aulas de Educação Musical precisam de estar organizadas em
torno de actividades com uma forte componente prática é, nos dias de hoje, amplamente
aceite (Barrett & Smigiel, 2007; Berleant, 2009; Elliott, 1995; Encarnação, 2002;
Jaffurs, 2004; Jorgensen, 2003; Kemple, Batey, & Hartle, 2004; Maattanen, 2003;
Rodrigues, 1998).
No entanto, e não obstante ser este o objectivo que orienta a planificação de muitos
professores de música, a realidade com que estes se deparam nas escolas tende a
dificultar a implementação deste tipo de actividades, tendo como consequências mais
óbvias a limitada participação e fruição musicais por parte dos alunos. Por exemplo, é
comum a falta de recursos identificada em muitas escolas e salas de música, seja pelo
facto de o número de instrumentos disponíveis ser insuficiente para o número de alunos
numa turma, ou pelo facto de o estado de degradação dos instrumentos disponíveis não
permitir que sejam utilizados convenientemente. Mesmo quando há instrumentos
disponíveis, um outro problema recorrente prende-se com o pouco interesse e o
estímulo musical que estes parecem proporcionar. O set de instrumentos adquiridos
pelas escolas tende a resumir-se a percussões, a maior parte sem altura de som definida
– pedindo-se adicionalmente que os alunos adquiram instrumentos de sopro cujo o
timbre é, na maior parte dos casos, muito pouco apelativo – limitando assim os recursos
melódicos e harmónicos disponíveis, e consequentemente as possibilidades de organizar
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actividades que se aproximem do ideal de ‘fazer música’. Um último problema tem que
ver com a falta de espaços adequados para a leccionação de música, quer em termos
acústicos, quer pelo facto de as salas, carregadas de mesas e cadeiras, obrigarem
usualmente a um enorme dispêndio de tempo e energia na redistribuição do espaço,
tendo em vista uma organização da aula orientada para a prática musical.
Como solucionar este problema tendo em vista o objectivo de proporcionar aos alunos
experiências de aprendizagem musicalmente ricas e diversificadas, que permitam não só
o desenvolvimento de competências musicais, mas também uma relação saudável com o
som e a satisfação resultante de fazer música? Uma solução passa por uma maior e mais
diversificada utilização da voz e do corpo na aula.
A voz e o corpo na Educação Musical
Para muitos pedagogos do passado e professores destacados do presente, a voz era e
continua a ser o principal recurso da aprendizagem musical. Por exemplo, para o grande
impulsionador da(s) pedagogia(s) activa(s), Johann Heinrich Pestallozzi1, aprender a
cantar marcava o início da aprendizagem musical (Efland, 1983; McPherson &
Gabrielsson, 2002). Para Zoltán Kodály e Justine Ward, personalidades que exerceram
uma influência clara sobre o curso da aprendizagem musical do século XX, cantar
desempenhava o papel central da aprendizagem musical (Bunbury, 2001; Cruz, 1998;
Forrai, 1985; Frigyes, 1975; Giga, 1995, 2004; Ward, 1936; Ward & Perkins, 1914).
Para Edgar Willems e Carl Orff, também eles destacados pedagogos, o uso da voz era
igualmente muito importante na sua concepção de iniciação musical (Goodkin, 2001;
Macedo, 1999; Martins, 1987; Rocha, 1979; Shamrock, 1997; Willems, 1940a, 1940b).
Mais recentemente, na segunda metade do século XX, na concepção da sua Teoria da
Aprendizagem Musical, Edwin Gordon deu um lugar de destaque à utilização da vozquer por parte dos educadores quer por parte dos alunos (Gordon, 2000a, 2000b;
Rodrigues, 1997). Outras autoras de referência da actualidade reforçam, também elas, o
potencial educacional do uso da voz nas aulas de Educação Musical (Campbell & Scott-
Kassner, 1995; Forrai, 1988).
1 (1746-1827)
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A valorização da voz enquanto ferramenta de aprendizagem é também observável em
várias peças de investigação elaboradas no âmbito em Psicologia da Música e de áreas
paralelas da Musicologia. Por exemplo, para Bance, o desenvolvimento das
competências vocais é fundamental: (1) para a aprendizagem da pulsação e do ritmo, (2)
para motivar os alunos a quererem explorar o som, e (3) para a aquisição dos recursos
necessários que possibilitarão virem a fazer música (2008). As conclusões do estudo de
Harvey, Garwood & Palencia, sugerem também que a prática vocal potencia o
reconhecimento auditivo de intervalos melódicos (1987). Welch, Ruch & Howard
referem ainda a capacidade para cantar como sendo “fundamental para o
desenvolvimento da compreensão, competência e literacia musicais” (1991, p. 107).
Adicionalmente, e tendo em conta outros resultados obtidos por investigadores em
estudos não directamente ligados com a aprendizagem musical, o valor da utilização da
voz nas aulas de Educação Musical pode muito bem ir para lá das implicações para a
aprendizagem musical, podendo exercer efeitos positivos na capacidade de
sociabilização dos alunos, e na sua própria sensação de bem-estar (Clift & Hancox,
2001; John, 2008).
No que diz respeito à utilização do corpo no processo de aprendizagem musical, um dos
primeiros e mais destacados pedagogos a referir o seu impacto para a aquisição de
competências musicais foi Émile Jacques-Dalcroze. Para este pedagogo, o corpo deveria
ser o primeiro ‘instrumento’ a ser desenvolvido, já que contém todos os elementos
essenciais para o desenvolvimento da sensibilidade e análise do som, da música e das
sensações. Através do corpo podeiram desenvolver-se, portanto, todas as competências
associadas à aprendizagem musical (Abreu, 1998; Bachmann, 1984; Johnson, 1993;
Mead, 1996; Sousa, 2003). Também outros autores – Willems, Orff, Gordon, por
exemplo – fizeram referência à utilização do corpo na aprendizagem (Goodkin, 2001; Gordon, 1971, 2000a, 2000b; Macedo, 1999; Martins, 1987; Rocha, 1979; Rodrigues,
1998; Shamrock, 1997; Willems, 1940a, 1940b; Woods, 1987). No entanto, o corpo não
desempenhou um papel tão relevante nas propostas teóricas destes autores como na
Rítmica de Dalcroze.
Mais recentemente, vários investigadores têm referido também a importância do
desenvolvimento de competências associadas ao corpo/música, por exemplo, nacapacidade de compreensão estética e formal da música (Holgersen, 2010), na
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percepção do tempo (Schmidt & Lewis, 1987; Young, 1996), na percepção de
dinâmicas (Lewis, 1988; Young, 1996), e do movimento melódico (Lewis, 1988), ou
ainda tendo em vista a utilização dessas competências na aprendizagem instrumental
(Galvao & Kemp, 1999).
Portanto, sendo as vantagens da utilização da voz e do corpo na aprendizagem musical
tão evidentes, não deixa de ser curioso observar-se o reduzido número de actividades
ligadas à voz e ao corpo por grande parte dos professores do ensino básico nas aulas
Educação Musical. Por todas as razões apresentadas torna-se necessário re-desenhar as
planificações das aulas de música de modo a terem uma forte componente vocal e de
movimento. As próximas secções fornecerão as bases para iniciar este processo.
Competências sensoriais a adquirir e desenvolver
A utilização da voz e do corpo na Educação Musical potencia a aquisição e o
desenvolvimento de um vasto leque de competências musicais. Talvez as mais
desafiadoras sejam as competências musicais ditas ‘sensoriais’, isto é, competências
direccionadas para a produção e manipulação do som, para a compreensão dos
fenómenos sonoros, e cujo âmbito não inclui o contacto com qualquer forma de notação
musical (Altenmüller & Gruhn, 2002; Gruhn & Rauscher, 2002; Hallam, 1998; Priest,
1996).
As competências sensoriais são tradicionalmente divididas em competências rítmicas,
melódicas e harmónicas. Esta divisão tem, no entanto, uma função meramente didáctica,
já que em música, ritmo, melodia e harmonia, surgem sempre em simultâneo. Assim, a
separação em cada um destes componentes permitirá conhecer e compreender a sua
essência, e as características do som que derivam directamente desses componentes.
Aquisição e desenvolvimento de competências rítmicas
O que está envolvido na aprendizagem sensorial de competências rítmicas? A
aprendizagem do ritmo está directamente relacionada com o equilíbrio e o movimento
do corpo. Portanto, o melhor modo de aprendermos competências rítmicas é usando o
corpo nessa aprendizagem.
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A aprendizagem do ritmo deveria ser sequênciada de forma a começar por competências
mais importantes e mais simples, progredindo depois em complexidade. Assim, para o
ritmo, os alunos deverão ser capazes de:
• Marcar a pulsação de forma regular com o corpo (nas duas divisões)
• Marcar a pulsação acompanhando as variações de tempo de uma canção ou
excerto musical
• Descobrir a pulsação numa reprodução rítmica/melódica, canção ou excerto
• Marcar a divisão (binária/ternária) de forma regular com o corpo, utilizando
membros e movimentos diversos (em ambas as divisões)
• Descobrir a divisão (binária/ternária) numa reprodução rítmica/melódica,
canção ou excerto
• Alternar entre a divisão binária/ternária mantendo a pulsação
• Reproduzir sequências rítmicas com precisão nas duas divisões utilizando os
membros com movimentos diversos
• Coordenar a execução rítmica a dois níveis (voz + membros) (membros +
membros)
o Pulsação + divisão
o Pulsação + células rítmicas
o Divisão + células rítmicas
o Ostinato + pulsação/divisão/células rítmicas
• Fazer reproduções rítmicas que incluam alternância MD/ME2
• Fazer variações de dinâmica mantendo todas as outras propriedades rítmicas
inalteradas
• Ouvir interiormente o ritmo, mantendo a regularidade da pulsação
Ao trabalharem ritmo com crianças, os professores deverão ter cuidado, primeiro, para
escolher frases com o tamanho adequado (não muito longas), segundo, para escolher um
andamento e uma composição de células rítmicas que as crianças possam executar (quer
vocalmente, quer ao nível do uso dos membros), e terceiro, para usar sempre a voz em
primeiro lugar ao juntar dois níveis rítmicos. Adicionalmente, ao escolherem
2 Mão Direita/Mão Esquerda
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actividades com movimento corporal, deverão escolher quer andamentos adequados à
fisicalidade das crianças, quer movimentos que lhes sejam ‘naturais’.
Aquisição e desenvolvimento de competências melódicas
O que está envolvido na aprendizagem sensorial de competências melódicas? A
aprendizagem deste tipo de competências está directamente relacionada com o uso da
voz. Aprender a cantar implica um elevado domínio psicomotor – oromotricidade
(Fonseca, 2001). O controlo muscular envolvido na capacidade para cantar é elevado,
implicando a coordenação de cerca de 100 músculos no processo (Fonseca, 2001, p.
42). Por essa razão, muitas das metas de aprendizagem associadas à melodia – afinação,
precisão da articulação, movimento melódico – só são possíveis de atingir depois de
atingido um nível de controlo adequado.
Para a melodia os alunos deverão ser capazes de:
• Cantar afinadamente canções e pequenas melodias
• Memorizar e repetir pequenos motivos (modos M/m e outros)
• Cantar sequências com o nome das notas (modos M/m em várias tonalidades)
• Descobrir a tónica nos modos M e m
•
Descobrir os restantes graus da escala a partir da tónica (modos M/m)• Ouvir interiormente uma melodia
• Cantar canções e pequenas melodias com variações de dinâmica e de agógica
Ao trabalharem melodia com crianças, os professores terão de decidir quando usar
texto. A utilização de melodias com texto pode, por um lado, estimular o interesse de
uma criança na canção. No entanto, há recorrentemente o perigo, sobretudo numa fase
inicial da aprendizagem musical, de as crianças prestarem menos atenção às
propriedades da melodia em favor do texto e das palavras.
Aquisição e desenvolvimento de competências harmónicas
Como é que se desenvolvem competências harmónicas quando apenas dispomos de
instrumentos melódicos? A solução passa por sobrepor diferentes melodias em
diferentes camadas, sendo duas as variantes possíveis: (1) uma melodia que depois se
desdobra em 2, 3 ou 4 níveis, ou (2) vários ostinatos sobrepostos.
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Para a harmonia os alunos deverão ser capazes de:
• Manter a sua melodia, padrão ou motivo em simultâneo com outras melodias,
padrões ou motivos diferentes
• Distinguir auditivamente momentos cadenciais (conclusivos v. suspensivos)
• Fazer correcções de afinação tonal (ao cantar)
• Distinguir por comparação modos M, m e outros
• Seleccionar determinadas funções para harmonizar uma melodia específica
Ao trabalharem harmonia com crianças, os professores deverão ter o cuidado de, numa
primeira fase, escolher encadeamentos pouco complexos harmonicamente, não usando
mais do que 2 ou 3 acordes diferentes.
Actividades a organizar
Tendo em conta os objectivos comportamentais apresentados, e uma estrutura de aula
assente apenas na utilização da voz e do corpo poderão ser organizadas actividades
diversificadas e, simultaneamente, musicalmente apelativas. Nesta secção são
apresentadas algumas sugestões para actividades envolvendo ritmo, melodia e
harmonia.
Actividades - Ritmo
• Balançar o corpo3 + Imitação de ritmo com voz
• Balançar o corpo + Imitação de ritmo com MD/ME
• Justapor (orquestrar) ostinatos com vocábulos
• Justapor (orquestrar) ostinatos com palmas e outros sons do corpo
• Jogo com palmas (1 palma por pessoa/grupo), com ciclo ininterrupto, havendo
variação de acentuação e de velocidade a partir das indicações do professoro Divisão binária – 4/8 pessoas/grupos
o Divisão ternária – 6/12 pessoas/grupos
• Partir de uma canção aprendida
o Marcar pulsação (corpo)
o Marcar divisão (corpo)
o Acrescentar gestos e movimentos
3 O peso transita de uma perna para outra. Havendo espaço, pode ser substituído por andar pela sala
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Figura 1- Exemplo de actividade com sobreposição de ostinatos rítmicos (vocábulos)
Actividades - Melodia
• Reproduções melódicas (Modos Maior, menor, outros)
• Descobrir a tónica
o A partir de uma melodia em que falta a última nota (resolução sensível-
tónica)
o A partir de uma melodia que conclui na tónica
• Ordenações (sequências/padrões com o nome das notas nos modos
Maior/menor)
o Associar gestos ao nome das notas
o Retirar notas à sequência/escala (notas que não podem ser cantadas)
• Jogo com notas (1 nota por pessoa/grupo), com ciclo ininterrupto, havendo
variação de acentuação e de velocidade a partir das indicações do professor
o Notas sequênciais
o Padrões melódicos pré-definidos
• Jogo com números4 (1 nota por pessoa/grupo), com ciclo ininterrupto, havendo
variação de acentuação e de velocidade a partir das indicações do professor
o Números sequenciais
o Padrões melódicos pré-definidos
• Partir de uma canção aprendida
o Mudanças de tempo e agógica
4 Para cada grau da escala o número correspondente: Tónica=1, 2º grau=2, 3º grau=3, e assimsucessivamente.
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o Noção de estrutura (partes repetidas, secções…)
o Cantar sem texto
o Cantar com nome de notas
o Cantar com números (graus da escala)
Figura 2- Exemplo de distribuição de melodia por 5 grupos (Jogo com Notas)
Actividades - Harmonia
• Aprendizagem de um Cânone
o Parar em pontos determinados pelo professor para que se ouça o acorde
resultante
• A partir de um Cânone ou canção com justaposição de várias linhas melódicas
o Acrescentar movimento
o
Cantar uma voz e percutir outra
o Acrescentar gestos
• Justapor (orquestrar) ostinatos com melodias (modos Maior/menor)
• Pequenos ‘corais’ com 4 vozes (aprendidos voz a voz, não havendo mais do que
4 a 5 notas para cada linha melódica)
o Mudar de modo (M/m)
o Parar em pontos determinados pelo professor para que se ouça a função
resultante
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• Jogo de funções harmónicas (divisão da turma em 4 grupos, dando-se uma nota
para cada grupo/acorde)
o Alternar função harmónica com a indicação do professor
o Simular cadências (suspensiva/conclusiva)
o Acrescentar padrões rítmicos a cada função
o Elaborar ostinatos harmónicos
o Harmonizar uma canção aprendida anteriormente
o Jogo para descobrir auditivamente funções harmónicas
Figura 3- Exemplo de actividade com sobreposição de ostinatos melódicos
Conclusão
Em conclusão, fica claro que é possível organizar aulas de Educação Musical em torno
de actividades com uma forte componente prática, permitindo que os alunos não só
tenham experiências performativas e musicalmente ricas mas que adquiram também
competências musicais, mesmo não havendo outros recursos para lá da voz e do corpo.
Muitas actividades são tão ricas e tão musicalmente interessantes que passam a ter todas
as propriedades necessárias para poderem ser usadas em performance – uma gravação,
uma audição, um vídeo.
Para além disso, como foi possível observar, há também um ganho educacional enorme
quando se permite que os alunos passem a usar a voz (e o corpo) ao aprender música.
Portanto, não há, de facto, razões válidas que justifiquem a não utilização destes
recursos de forma ampla no contexto das aulas de Educação Musical.
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