A indicação e a posse do presidente Médici na Revista Manchete
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A indicação e a posse do presidente Médici na Revista Manchete
Kleber Carrilho - [email protected] em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, pós-graduado em Marketing e Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero, mestrando em Comunicação Social pela Universidade Metodista de São Paulo, professor de Redação Publicitária na Faculdade de Publicidade, Propaganda e Turismo da Universidade Metodista de São Paulo.
ResumoEste artigo analisa os aspectos da propaganda ideológica presentes na Revista
Manchete, uma das publicações semanais de maior circulação no Brasil do final da
década de 1960, quando da cobertura da indicação pela Arena, da eleição pelo
Congresso Nacional e da posse do Presidente General Emílio Garrastazu Médici. Era um
momento decisivo para a sobrevivência do regime militar instaurado no país em 1964,
após a doença e o impedimento do presidente Costa e Silva, que resultou num breve
governo de uma junta militar. Ao mesmo tempo, a sexta constituição republicana era
imposta à população, com as decisões dos Atos Institucionais já nela inclusas, e previa-se
uma caminhada para a instauração do processo democrático.
Palavras-chave: Revista Manchete, Emílio Médici, regime militar.
A indicação e a posse do presidente Médici na Revista Manchete
“Juntos, governantes e governados, cumpriremos os nossos
recíprocos deveres e seremos dignos dos compromissos que
assumimos com nossa geração.”
General Emílio Garrastazu Médici, em mensagem exclusiva para a
revista Manchete, na primeira entrevista depois de sua indicação para
a Presidência da República
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Introdução
ano de 1969 foi decisivo para a continuidade do regime instaurado pelo golpe
militar cinco anos antes. A promessa de poucos anos no poder apenas para
devolver ao país a possibilidade de viver numa democracia plena começava a
ser questionada. Em vez de mais liberdade, os Atos Institucionais cerceavam cada vez
mais os direitos políticos e o funcionamento das instituições democráticas. O Congresso,
em recesso desde o AI-5, em dezembro de 1968, chegava a quase um ano sem nenhuma
atividade.
OUma nova Constituição, também conhecida como Primeira Emenda à de 1967,
estava em pleno desenvolvimento quando o Presidente Costa e Silva, no dia 26 de
agosto, sentiu-se mal. Dois dias depois, já no Rio de Janeiro, verificou-se que a
possibilidade diagnosticada primeiramente de uma estafa não era correta. Tratava-se de
uma trombose cerebral.
A possibilidade de que o vice-presidente Pedro Aleixo assumisse a Presidência não
era bem vista pelos militares mais extremados, principalmente por ele ter se recusado a
ser um dos signatários do AI-5. Em 31 de agosto, formou-se uma Junta Militar, com os
ministros do Exército, Lyra Tavares, da Marinha, Augusto Rademaker, e da Aeronáutica,
Márcio de Souza e Mello, que assumiu as atividades da Presidência da República.
Os dois meses seguintes, até 30 de outubro, foram dedicados à preparação do
terreno para que o próximo presidente assumisse sua funções. Nesses dias, ocorreu o
seqüestro do embaixador norte-americano Charles Burke Elbrick, com o intuito de libertar
presos políticos, e vários Atos Institucionais foram editados, que traziam a pena de
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banimento, de morte e prisão perpétua. Além disso, as cassações, que já eram muito
executadas desde 1964, foram postas em prática para todos os políticos, ministros,
membros do governo e mesmo militares que se opunham à tomada total do poder pelas
Forças Armadas. Os AI-16 e AI-17 terminaram o serviço colocando em vacância os
cargos de presidente e vice-presidente da República, mesmo antes da morte do General
Costa e Silva.
O grupo mais extremista entre os militares, que consideravam o presidente “um
frouxo”, ganhava então mais espaço e todo o poder para ditar os rumos do país. Como
última preparação para o próximo presidente, a Constituição foi outorgada, já com os
dispositivos dos Atos Institucionais nela inclusos, para que o futuro mandatário pudesse
exercer seus poderes sem nenhum “impedimento legal”.
Durante o período em que a Junta governou, houve uma grande pressão de alguns
setores para que o novo presidente fosse definido rapidamente. Para isso, os titulares
convocaram uma reunião com os altos comandos do Exército, da Marinha e da
Aeronáutica. Dessa reunião, foi formada a “Comissão dos 3M”, composta pelos generais
Antônio Carlos Muricy, Emílio Garrastazu Médici e Jurandir de Bizarria Mamede. Das
discussões dessa comissão sobre o pensamento das Forças Armadas e das negociações
entre os diversos grupos, saiu a indicação do General Médici para ser o candidato oficial à
Presidência.
Outro dado importante é que, nos bastidores das Forças Armadas, havia alguns
outros candidatos apontados. Em levantamento não-oficial realizado, sabe-se que Médici
não foi o mais votado. Concorriam com ele o General Aurélio Lyra Tavares (que fez parte
da Junta), o General Sizeno Sarmento, o General Orlando Geisel, o General Antônio
Carlos da Silva Murici e o General-de-divisão Afonso de Albuquerque Lima. A decisão se
deu porque Médici aparecia em quase todas as listas de votos, tinha quatro estrelas e era
bem-relacionado com o General Costa e Silva, o que o faria manter sem grandes
mudanças os planos do governo anterior.
O Congresso foi aberto novamente pelo Ato Complementar número 73, de 15 de
outubro de 1969, justamente para a realização da eleição indireta para presidente e vice-
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presidente da República, que teriam o mandato definido pelo AI-16, de 30 de outubro de
1969 a 15 de março de 1974.
Como resultado das eleições, ocorrida em 22 de outubro, depois de dez meses de
recesso, o General Médici recebeu 293 votos a favor (251 deputados e 42 senadores da
Arena) e 76 abstenções (62 deputados e 14 senadores do MDB).
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A Revista Manchete – histórico e características da época
Revista Manchete foi fundada em 1952 por Adolpho Bloch e se tornou durante
o final da década de 60 e toda a década de 70 a mais importante revista
semanal brasileira. Voltada para toda a família, trazia notícias para diversos
segmentos de público. Política, ciência, literatura, arte e atualidades das vidas de pessoas
famosas do Brasil e do mundo eram temas que recheavam suas páginas, que passavam
de uma centena na maioria das edições.
AComo linha editorial, a revista Manchete e o conglomerado de empresas da família
Bloch sempre se destacaram pelo bom relacionamento com o governo, mesmo durante a
ditadura imposta em 1964. Baseada na fórmula francesa da Paris-Match, trouxe ao Brasil
o aperfeiçoamento técnico da imagem. Segundo Sodré (1989, p. 93), “Manchete era o
medium adequado para o otimismo das elites (...). Foi, na verdade, a precursora da
televisão no Brasil”.
Grandes saltos foram dados, visando uma cobertura fotográfica eficaz. Na época
da posse de Juscelino Kubitschek, por exemplo, a revista anunciava ter sido a única, além
do fotógrafo oficial, a registrar a cena. Alguns anos depois, quando da posse de Jânio
Quadros, o editorial da revista trazia as palavras do seu diretor:
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“(...) graças à perfeita coordenação de nossa equipe com as modernas
oficinas gráficas de Parada de Lucas, podemos apresentar em tempo
recorde a cobertura do evento. (...) Ao todo, cerca de 600 pessoas, entre a
redação e as oficinas, trabalharam dia e noite neste esforço jornalístico.”
(MANCHETE, nº 460, 11/2/1961, p. 3)
Nessa época, Manchete contava com uma grande equipe editorial e escritórios em
Nova York e Paris, com grande número de repórteres. Nomes como Muniz Sodré, Ledo
Ivo, Ibraim Sued, Paulo Mendes Campos, Otto Lara Resende e Arnaldo Niskier faziam
parte do expediente que comandava a revista.
Depois de um período de grande crescimento, que atingiu seu ápice em 1983 com
a inauguração da TV Manchete, o grupo Bloch teve grandes perdas financeiras e foi à
falência no final da década de 90, tirando de circulação um grande número de revistas,
entre elas a própria Manchete. Embora tenha voltado a ser publicada em 2001 pela
massa falida do grupo, não repetiu mais a periodicidade semanal nem conseguiu a
circulação e a notoriedade que a fizeram um dos mais importantes veículos de
comunicação do país durante mais de duas décadas.
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Propaganda ideológica
urante o regime militar, entre os anos de 1964 e 1985, a comunicação
governamental sempre esteve presente sob duas formas: a publicidade
institucional e a propaganda ideológica. Considera-se publicidade institucional
os anúncios, comerciais, filmes e outras peças desenvolvidas e veiculadas com intuitos
claros de influenciar as atitudes e as opiniões da população. São os casos de um grande
número de peças publicitárias desenvolvidas durante o próprio governo Médici, por
exemplo, em que os meios eram utilizados para que fossem veiculadas mensagens
assinadas pelo governo federal. Eram em geral comunicados sobre questões econômicas
e de saúde pública, entre outras.
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No entanto, no mesmo período, podemos encontrar também a presença de
mensagens governamentais sob a forma de propaganda ideológica. Como referência de
propaganda ideológica podemos encontrar em Garcia (1982), no livro O que Propaganda
Ideológica as características do funcionamento deste tipo influência.
Segundo Queiroz (2000), sobre a propaganda ideológica:
“Sua função é a de formar a maior parte das idéias e convicções dos
indivíduos, e, com isso, orientar todo o seu comportamento social. O fato
pode ser observado historicamente como no caso dos governos militares,
quando se apelou para o orgulho patriótico da população (‘Brasil, ame-o ou
deixe-o’, 1970) e para o espírito de fé no país, para que a população
aguardasse a chegada de dias melhores e suportasse as dificuldades,
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tomando, como foco, o otimismo e a confiança nos slogans (‘Ninguém
segura este país – Médici – e ‘Plante que o João garante’ – Figueiredo).”
É importante ainda notar que a propaganda ideológica funciona de maneira diversa
da publicidade institucional, pois essas mensagens são veiculadas de maneira indireta,
em veículos que tentam passar uma imagem neutra.
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Metodologia este trabalho, são procuradas referências nas capas e nas matérias da revista
Manchete sobre o tema da indicação, da eleição e da posse do presidente
Médici aspectos de propaganda ideológica, em que as mensagens positivas ao
presidente e ao momento político do país são mostradas de maneira tendenciosa, para
fazer acreditar que o presidente era um grande líder, que o momento então vivido (um dos
mais duros do regime militar) era uma retomada da democracia e que a constituição então
outorgada era a melhor solução para reger o funcionamento do país.
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Análise das edições que cobriram a indicação e a posse do novo presidente
s edições da revista Manchete de números 914, de 25 de outubro de 1969, 915,
de 1º de novembro de 1969, e 916, de 8 de novembro de 1969, trazem matérias
e referências na capa à indicação, eleição e posse do presidente Emílio
Garrastazu Médici.
AA primeira delas, de número 914, datada de 25 de outubro de 1969, das 128
páginas totais, traz apenas oito sobre o presidente indicado. Além disso, a capa mostra
um destaque lateral para uma reportagem, com o título “Grandes Reportagens Exclusivas
– Médici – Quem é o novo presidente”. O grande destaque na capa é para “as duas faces
de Marisa Mell”, acompanhada de uma foto da atriz austríaca. Outras reportagens
também têm destaque: “Tostão – Os primeiros passos em Houston”, “Ibope revela quando
o brasileiro é infiel no amor” e “URSS constrói no espaço uma plataforma para outros
mundos”. Embora sem relação direta, a matéria sobre a URSS, símbolo maior do
comunismo, tende a apontar que o que acontece lá se trata de assuntos “de outros
mundos”.
Na terceira página desta edição, no local costumeiramente dedicado ao editorial,
está uma imagem do repórter Murilo Melo Filho cumprimentando o General Médici, sobre
um texto do futuro presidente, que mandava uma mensagem exclusiva à nação, com tom
patriótico e chamando a população ao grande sacrifício que aguardava “governantes e
governados”.
Nas sete páginas que a revista dedica à reportagem prometida na capa, há uma
grande tendência em apontar as qualidades do General Médici. Nas primeiras duas
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páginas, uma grande imagem focada no rosto do futuro presidente, com um quadro do
Duque de Caxias ao fundo desfocado, aparece acompanhada de um texto que mostra a
maneira amigável como os repórteres da revista foram tratados no momento em que
agendaram a entrevista, com uma linguagem bastante coloquial. O titulo já antecipa o
resultado da eleição que ainda não tinha ocorrido – “Médici, quem é o novo presidente.”
Nas duas páginas seqüentes, três imagens do general. Numa, a maior, ele fuma ao
lado de outros militares; nas menores, na parte de baixo, aprece com o governador
gaúcho Peracchi Barcelos e conversa carinhosamente com uma sobrinha. O texto em
destaque mostra mais qualidades: “O General Médici era atacante do Grêmio de Bagé.
Tinha bom chute e acertava sempre no gol”. Nos textos das legendas, são apontadas sua
energia, sua ponderação e o fato de ser bastante reservado. Os repórteres ainda
continuam o texto narrativo, contando como foram recebidos no quartel-general onde
entrevistaram o general.
Logo em seguida, outra grande imagem é mostrada. Agora, em frente ao mesmo
quadro do Duque de Caxias, desta vez em foco, o futuro presidente aparece ao lado do
futuro chefe da Casa Militar, General João Batista de Oliveira Figueiredo, que viria a ser o
último presidente militar. Nestas páginas, é destacada a vida militar de Médici, além de
mostrar que ele se preocupava com sua atuação na televisão na noite anterior, quando
aparecera pela primeira vez em rede nacional. Sua mulher, dona Scylla, também aparece,
acompanhando-o.
A última página da matéria mostra Médici cumprimentando militares, dizendo que
ele os conhece pelos nomes, e por eles é muito respeitado. A matéria continua falando
sobre sua vida familiar, seus apelidos, sua trajetória militar. Em nenhum momento, no
entanto, é tratado o ambiente político que o Brasil vivia.
Na segunda edição analisada, a 915, de 1º de novembro de 1969, traz uma capa
com os seguintes dizeres: “Estamos em revolução”. Não se tratava da revolução de 1964,
mas do que a revista mostrava como a revolução pós-guerra. Traz imagens da vida
hippie, da conquista do espaço, da China maoísta, da pílula anticoncepcional. Com os
dizeres “25 anos dramáticos”, a intenção era mostrar o que acontecera no mundo entre
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1945 e 1970, sem nenhuma referencia ao que ocorria no país, em pleno processo de
sucessão.
No interior da revista, cinco páginas trazem a noticia da instalação da VI Republica,
da nova Constituição outorgada, da reabertura do Congresso e da escolha do novo
ministério. Com a chamada “Médici acerta o passo”, o texto de Murilo Melo Filho, traz as
notícias, mostrando uma imagem em que o presidente Médici aparece ladeado de
autoridades.
Nas páginas seguintes, são contadas de forma curta as historias das constituições
republicanas anteriores. Além disso, são mostradas as características da nova
Constituição, sem muito destaque – cassações, poderes extraordinários para o presidente
e a institucionalização da ditadura, com ares de democracia. A imagem mostra os
ministros militares “entregando” a nova Constituição para o povo brasileiro.
Na última página, o presidente Médici volta a ser tema, com notícias sobre a
formação do ministério, mostrando que em novembro, quando a proclamação da
Republica faria 80 anos, o Brasil já viveria sob um novo governo, com a tranqüilidade
reconquistada.
A revista Manchete numero 916, de 8 de novembro de 1969, traz na capa
chamadas a matérias sobre a bela Maria de Fátima (na foto), Frank Sinatra, Pele e o
Brasil que espera o novo presidente “em cores maravilhosas”. Trata-se de uma matéria
sobre o país, em que são mostrados problemas e belezas naturais, sem destaque
nenhum para a situação política.
No editorial, o Diretor Executivo da Manchete, Zevi Ghivelder, mostra-se bastante
otimista com o futuro do Brasil, demonstrando como a equipe da revista via a chegada do
novo presidente.
Sete das 128 páginas da revista trazem a matéria assinada por Antonio Praxedes
sobre os acontecimentos mais recentes na capital federal. A chamada é “O Congresso
elege Médici – Aqui começa a sexta Republica” acompanha uma grande imagem do
Congresso e traz um texto onde é destacada a simplicidade do evento, ocorrido na tarde
do sábado 25 de outubro.
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Com os deputados e senadores obrigados a seguir as decisões dos partidos, Arena
e MDB, a revista mostra uma “confraternização” entre os dois grupos, e a noticia de que
houve obediência por parte dos parlamentares. Os discursos dos presidentes são
comentados de maneira breve, com destaque a concordâncias entre as duas falas. O
ambiente sem pompa no Congresso é explicado por causa do luto pelo ex-deputado
Haroldo Veloso. Quase sem texto, a noticia é dada quase completamente por imagens,
uma das características da revista.
Na ultima pagina, um pequeno texto e uma imagem mostram a despedida do
presidente do comando do III Exercito. Com a frase “não mudarei” a revista informa que
Médici prometera que seria o mesmo homem, com os mesmos valores, na presidência da
Republica.
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Conclusões
ota-se, a partir da análise das edições de Manchete, de acordo com a definição
de propaganda ideológica, em que mensagens que intencionam mudar o
comportamento e a opinião da população estão presentes em veículos que
aparentemente teriam como característica a neutralidade, que o regime militar usou a
revista para tentar convencer a população de que aquele era o momento da retomada da
democracia, que o presidente Médici era o homem preparado para governar, pois era
“competente, calmo, líder e corajoso”, além de outras qualidades.
NA revista Manchete, então, empresta seu espaço para dar voz aos militares, de
uma maneira bastante parcimoniosa. Não houve em nenhum momento grande escândalo,
nenhuma capa dedicada ao tema, que era de extrema importância. A intenção era, com
normalidade, mostrar a nova cara do país. Das 128 páginas de cada edição, nem dez por
cento delas trazia o assunto em questão. Tratava-se apenas, na visão de quem lia a
revista, de um processo normal que dava ao país toda a tranqüilidade necessária para
que as famílias pudessem ter tempo para se preocupar com atrizes, jogadores de futebol,
novelas e notícias mundiais. Poucas eram as noticias, quase sem destaque ao momento
político do Brasil.
Desta maneira, a Manchete, já conhecida por sua característica de grande
apoiadora do governo, conseguia a simpatia dos órgãos controladores da imprensa, que
muitas vezes censurava grande parte de publicações que não atendiam aos anseios do
poder.
Vê-se então que, como grande parte dos regimes ditatoriais, um dos grandes
pilares nos quais se apoiava o regime militar era a propaganda ideológica, com a
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utilização de redes de televisão, revistas e jornais para levar à população as idéias que o
legitimavam. A idéia de um Brasil forte, que seria um grande país no futuro, com uma
população boa, trabalhadora e honesta, foi mostrada para o público, sem possibilidade de
manifestação para os críticos do regime. No mesmo momento, grandes mudanças
tecnológicas em todos os meios de comunicação, com a possibilidade da construção de
grandes redes e da circulação nacional de publicações, eram executadas pelos
responsáveis pela comunicação no governo.
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Bibliografia
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1969.
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Petrópolis : Vozes, 1989.
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