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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CLIMÁTICAS A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA E OS ÍNDICES DE EXTREMOS CLIMÁTICOS PARA OS ESTADOS DO RIO GRANDE DO NORTE E PARAÍBA FERNANDA KATIUSCA DOS SANTOS NATAL MAIO 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CLIMÁTICAS

A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA E OS ÍNDICES DE

EXTREMOS CLIMÁTICOS PARA OS ESTADOS DO RIO GRANDE

DO NORTE E PARAÍBA

FERNANDA KATIUSCA DOS SANTOS

NATAL

MAIO 2017

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FERNANDA KATIUSCA DOS SANTOS

A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA E OS ÍNDICES DE

EXTREMOS CLIMÁTICOS PARA OS ESTADOS DO RIO GRANDE

DO NORTE E PARAÍBA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Ciências Climáticas, do Centro de

Ciências Exatas e da Terra da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte, como parte dos requisitos para

obtenção do título de Mestre em Ciências Climáticas.

Orientador: Profa. Dra. Kellen Carla Lima

COMISSÃO EXAMINADORA

Profa. Dra. Ana Carolina Vasques Freitas (UNIFEI)

Prof. Dr. Bergson Guedes Bezerra (UFRN)

Profa. Dra. Lara de Melo Barbosa Andrade (UFRN)

NATAL, MAIO, 2017.

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / SISBI / Biblioteca Setorial

Centro de Ciências Exatas e da Terra – CCET.

Santos, Fernanda Katiusca dos.

A indústria da cerâmica vermelha e os índices de extremos climáticos para os

estados do Rio Grande do Norte e Paraíba / Fernanda Katiusca dos Santos. - Natal,

2017.

103 f. : il.

Orientadora: Profa. Dra. Kellen Carla Lima.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro

de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas.

1. Indicadores climáticos – Dissertação. 2. Tendência climática – Dissertação. 3.

NEB – Dissertação. I. Lima, Kellen Carla. II.Título.

RN/UF/BSE-CCET CDU: 551.583.1

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DEDICATÓRIA

A toda minha família.

Por acreditarem em meus objetivos.

Compreenderem as minhas ausências.

E perseverarem na minha luta.

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AGRADECIMENTOS

A UFRN e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Climáticas – PPGCC.

A CAPES pelo apoio por meio da bolsa de estudo.

Aos meus colegas e Professores que me ensinaram muito.

Ao Professor Cláudio Moisés Santos e Silva por toda orientação e tempo dedicado a essa

pesquisa.

E em especial a minha orientadora Kellen Carla Lima que compreendeu minhas limitações

e pacientemente permaneceu ao meu lado nos momentos mais difíceis dessa pesquisa. Sua

seriedade e profissionalismo permitiram que eu conseguisse ir adiante num momento em

que eu mal conseguia está de pé. Obrigada.

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RESUMO

SANTOS, Fernanda Katiusca. A indústria da cerâmica vermelha e os índices de

extremos climáticos para os estados do Rio Grande do Norte e Paraíba . 2017. 115 f.

Dissertação (Mestrado em Ciências Climáticas) – Centro de Ciências Exatas e da Terra,

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.

Nos últimos anos o setor Industrial da Cerâmica Vermelha desenvolveu-se

representativamente com a implantação de micro e pequenas empresas de Cerâmica por

todo Brasil. Não houve, no entanto, precauções quanto ao uso dos recursos naturais

utilizados como fonte de matéria prima para a Indústria. Desta maneira investigou-se a

respeito de indícios de alterações micrometeorológicas associadas à Indústria de Cerâmica

Estrutural nos elementos meteorológicos em algumas áreas do Nordeste do Brasil. Para

verificar se as variáveis micrometeorológicas: precipitação, evapotranspiração, radiação,

velocidade do vento, umidade, e temperatura máxima e mínima, referentes ao período de

1980 a 2013, apresentavam tendências, utilizou-se o Teste de Mann Kendall; e para

calcular os índices de extremos climáticos utilizou-se o conjunto de dados para Índices de

Extremos Climáticos - RClimDex. Foram identificados cinco polos, nos quais verificou-

se haver tendências negativas para precipitação, temperatura mínima, umidade relativa e

vento. E tendências positivas para as variáveis temperatura máxima, evapotranspiração e

radiação solar. Detectou-se tendência em todos os polos, com exceção da temperatura

mínima para o polo P2 (que apresenta maior número de cerâmicas). Identificou-se, ainda,

tendência para os índices de extremos climáticos de Rx1day, R99p, Txn, Tnx, Tn10p,

Tx10p, Txx e Tnn. Com tendências positivas de extremos de temperatura para os polos

estudados, com exceção do polo P1 que obteve tendência decrescente, indicando

diminuição dos valores máximos da mínima; e do polo P2 que não apresentou tendência

para a temperatura mínima e para os índices de Tnn e Tnx e RX5day. Comportamentos

adversos podem estar associados a ações antrópicas da região, especificamente à intensa

atividade ceramista. Porém, não se pode afirmar categoricamente, que esse

comportamento está associado somente as ações antrópicas, visto que pode estar sob

influência de diversos agentes do clima.

Palavras–chave: Indicadores climáticos; Tendência climática; NEB.

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ABSTRACT

SANTOS, Fernanda Katiusca. The red pottery industry and the indexes of climatic

extremes for Rio Grande do Norte and Paraiba states. . 2017. 115 f. Dissertation

(Master of Science in Climate Sciences) - Center of Exact and Earth Sciences, Federal

University of Rio Grande do Norte, Natal, 2017.

In recent years the Industrial sector of red ceramic has developed representatively with

the implantation of micro and small Ceramics companies throughout Brazil. There were,

however, no precautions regarding the use of the natural resources used as raw material

source for the Industry. In this way, we investigated the indications of

micrometeorological alterations associated with the Structural Ceramics Industry in the

meteorological elements in some areas of the Northeast of Brazil. In order to verify if the

micrometeorological variables: precipitation, evapotranspiration, radiation, wind speed,

humidity, and maximum and minimum temperature, referring to the period from 1980 to

2013, presented tendencies, the Mann Kendall test was used; And to calculate the indexes

of climatic extremes the Data Set for Indexes of Climatic Extremes - RClimDex was used.

Five poles were identified, in which there were negative trends for precipitation, minimum

temperature, relative humidity and wind. And positive trends for the variables maximum

temperature, evapotranspiration and solar radiation. A tendency was detected at all poles,

with the exception of the minimum temperature for the P2 pole (which has the highest

number of ceramics). A trend was also identified for the indexes of climatic extremes of

Rx1day, R99p, Txn, Tnx, Tn10p, Tx10p, Txx and Tnn. With positive trends of

temperature extremes for the studied poles, with the exception of the pole P1 that obtained

a decreasing tendency, indicating decrease of the maximum values of the minimum; And

the P2 pole which showed no tendency towards the minimum temperature and for the Tnn

and Tnx and RX5day indices. Adverse behaviors may be associated with anthropogenic

actions in the region, specifically intense ceramist activity. However, it can not be said

categorically that this behavior is associated only with anthropic actions, since it may be

under the influence of several agents of the climate.

Keywords: Climate indicators; Climatic trend; NEB.

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vii

SUMÁRIO

Pág.

Lista de Figuras..................................................................................................viii

Lista de Tabelas...................................................................................................ix

Lista de Siglas e Abreviaturas................................................................................x

CAPÍTULO I : 1. INTRODUÇÃO ................................................................... 16

1.1 Justificativa do Tema ........................................................................... 19

1.2 Objetivos Gerais.........................................................................................22

1.2.1. Objetivos Específicos ............................................................................ 20

CAPÍTULO II : 2.REVISÃO DE LITERATURA ........................................... 21

2.1. A Indústria da Cerâmica Vermelha.............................................................20

2.2. Aspectos Gerais do Semiárido Brasileiro .............................................. 26

2.3. Modificações no Uso da Terra e suas Implicações ................................. 31

2.4. Alterações Microclimáticas .................................................................. 32

2.5. Tendência Climática ............................................................................. 35

2.5.2. Estudos de Extremos Climáticos para o Globo ....................................... 37

2.5.3. Índices de Extremos Climáticos ............................................................ 38

2.5.4. Estudos de índices de Extremos Climáticos para NEB ........................... 39

CAPÍTULO III: 3. MATERIAL E MÉTODOS ............................................... 43

3.1.Área de estudo ............................................................................................. 43

3.2. Localização das Indústria de Cerâmica Vermelha ........................................ 45

3.3. Pontos de Extração de Dados ...................................................................... 47

3.4. Métodos......................................................................................................50

3.5.Metodologia ................................................................................................ 54

3.5.1. Análise de Tendência ............................................................................ 54

3.5.2. Cálculo dos Índices de Extremos Climáticos .......................................... 55

CAPÍTULO IV: 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................ 57

4.1. Distribuição Mensal .................................................................................... 57

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4.2. Distribuição Interanual ................................................................................ 63

4.3.Análise de Tendência............................................................................. .69

4.4. Análise de Tendência para índices de Extremos Climáticos .......................... 78

4.4.1. Índices de Extremos Climáticos de Temperatura ................................... 78

4.4.2. Índices de Extremos Climáticos de Precipitação .................................... 82

CAPÍTULO V: 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................. 87

ANEXO I ......................................................................................................... 90

ANEXO II ........................................................................................................ 91

REFERÊNCIA ................................................................................................. 93

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ix

LISTA DE FIGURAS

Pag.

Figura 2.1 Esquematização do processo produtivo............................................. 10

Figura 2.2 Dados de produção, consumo, exportação e importação da indústria

de cerâmica ao longo dos anos...........................................................

11

Figura 2.3 Participação por região brasileira – emprego, produção e consumo. 12

Figura 2.4 Classificação por estado de produtividade x número de empresas de

cerâmica vermelha para a região nordeste (mil milheiros/mês) ............

13

Figura 2.5 Abrangência do semiárido brasileiro..................................................... 15

Figura 2.6 Sistemas atuantes na Américas do Sul que caracterizam o clima da

região semiárida....................................................................................

15

Figura 2.7 Biomas da região semiárida.................................................................. 18

Figura 2.8 Extensão territorial do Semiárido no Nordeste do Brasil Biomas da

região semiárida...................................................................................

18

Figura 3.1 Área de estudo escolhida com base no índice de seca......................... 32

Figura 3.2 Polos cerâmicos no estado do Rio Grande do Norte de acordo com

o Diagnóstico da Cerâmica Vermelha...........................................

35

Figura 3.3 Polos cerâmicos no estado da Paraíba ................................................ 35

Figura 3.4 Localização dos polos escolhidos dentro dos estados do Rio Grande

do Norte, Paraíba e Piauí.....................................................................

36

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x

Figura 4.1 Mapa topográfico dos polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P4, e) P5 e f) P6 38

Figura4.2 Distribuição sazonal da radiação solar nos polos P1, P2, P3, P4,

P5 e P6 para o período de 1980 a 2013 .......................................

47

Figura 4.3 Distribuição sazonal da temperatura mínima nos polos P1, P2, P3,

P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013...................................

47

Figura 4.4 Figura 16 - Distribuição sazonal da temperatura máxima nos polos

P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013..................

48

Figura 4.5 Figura 17 - Distribuição sazonal da evapotranspiração nos polos

P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013.................

49

Figura 4.6 Figura 18 - Distribuição sazonal da umidade relativa nos polos

P1, P2, P3, P4 e P5 para o período de 1980 a 2013........................

49

Figura 4.7 Figura 19 - Distribuição sazonal da velocidade do vento nos polos

P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013.................

50

Figura 4.8 Distribuição sazonal da precipitação nos polos P1, P2, P3, P4, P5

e P6 para o período de 1980 a 2013...............................................

51

Figura 4.9 - Distribuição da média anual da radiação solar nos polos a) P1,

b) P2, c) P3, d) P4 e e) P5 para o período de 1980 a 2013................

53

Figura 4.10 - Distribuição anual da temperatura mínima nos polos a) P1, b)

P2, c) P3, d) P4, e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a 2013...........

54

Figura 4.11 Distribuição da média anual da temperatura máxima nos polos a)

P1, b) P2, c) P3, d) P4, e) P5 e P6 para o período de 1980 a

2013.......................................................................... ..................

55

Figura 4.12 Figura 24 (a-f) - Distribuição da média anual da

evapotranspiração nos polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P4, e) P5 e d)

P6 para o período de 1980 a 2013..................................................

56

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xi

Figura 4.13 Distribuição da média anual da umidade relativa nos polos a) P1,

b) P2, c) P3, d) P 4, e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a

2013............................................................................................

57

Figura 4.14 Distribuição anual da média da velocidade do vento nos polos a)

P1, b) P2, c) P3, d) P e e) P5 para o período de 1980 a 2013........

58

Figura 4.15 - Distribuição anual da média de precipitação pluviométrica nos

polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P4, e) P5 e f) P6 para o período de

1980 a 2013..................................................................................

59

Figura 4,16 Análise de tendência da radiação solar para os polos a) P1, b) P2,

c) P3, d) P4, e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a

2013............................................................................................

60

Figura 4,17 – Análise de tendência da temperatura mínima solar para os polos

a) P1, b) P2, c) P3, d) P4, e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a

2013. ...................................................................... ...................

62

Figura 4.18 Análise de tendência da temperatura máxima para os polos a) P1,

b) P2, c) P3, d) P4, e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a

2013............................................................................................

63

Figura 4.19 Análise de tendência da evapotranspiração para os polos a) P1, b)

P2, c) P3, d) P4, e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a 2013...........

64

Figura 4.20 Análise de tendência da umidade relativa para os polos a) P1, b)

P2, c) P3, d) P4, e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a 2013...........

65

Figura 4.21 Análise de tendência da velocidade do vento para os polos a) P1,

b) P2, c) P3, d) P4, e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a

2013.......................................................... ..................................

66

Figura 4.22 Análise de tendência da precipitação para os polos a) P1, b) P2,

c) P3, d) P4, e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a 2013................

68

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Figura 4.23 Análise de tendência do índice TXN para os polos P1, P2, P3, P4,

P5 e P6.........................................................................................

68

Figura 4.28 Análise de tendência do índice TXX para os polos P2, P5 e P6.... 69

Figura 4.29 Análise de tendência do índice TNN para os polos P3, P5 e P6.... 69

Figura 4.30 Análise de tendência do índice TNX para os polos P1, P3, P4, P5

e P6..............................................................................................

71

Figura 4.31 Análise de tendência do índice RX1DAY para os polos P3, P4 e

P5................................................................................................

72

Figura 4.32 Análise de tendência do índice RX5DAY para os polos P1, P2,

P3, P4 e P5...................................................................................

72

Figura 4.33 Análise de tendência do índice CDD para os polos P1, P4 e P6.... 73

Figura 4.34 Análise de tendência do índice R95P para os polos P2, P4, P5 e

P6................................................................................................

74

Figura 4.35 Análise de tendência do índice R99P para os polos P2, P4, P5 e

P6................................................................................................

75

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xiii

LISTA DE TABELAS

Pag.

Tabela 2.1 Principais países produtores de cerâmica com base nos dados de

2006 a 2012 em milhões de m2..................................................

11

Tabela 2.2 Pesquisa de índices de extremos climáticos para o Nordeste do

Brasil..................................................................... ......................

30

Tabela3.1 Informações gerais dos polos adotados para extração dos

dados.........................................................................................................

40

Tabela 3.2 Testes de validação aplicados aos dados..................................... 41

Tabela 3.3. Relação da quantidade de dados descartados na verificação da

homogeneidade.........................................................................

41

Tabela 3.4 Índices de extremos climáticos de precipitação e temperatura

adotados na pesquisa.................................................................

45

Tabela 4.1 Variáveis e p-valor para dos polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 referentes

ao período de 1980 a 2013. *Valores em negrito apresentam

tendências significativas...................................................................

67

Tabela 4.2 Índices extremos de temperatura e p-valor para os polos P1, P2, P3,

P4, P5 e P6.............................................................................. ..........

*Valores em negrito indicam tendência significativa.

71

Tabela 4.3 P-valor dos índices de extremos climáticos de precipitação para os

polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6. *Valores significativos em negrito....

75

Tabela 5.1 Classificação dos índices de extremos climáticos por categoria................... 79

Tabela 5.2 Características gerais dos índices de extremos climáticos............................ 80

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LISTA DE SIGLAS

ADESE Agência de Desenvolvimento Sustentável do Seridó

ANA Agência Nacional de Águas

BNB Banco do Nordeste

BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico

Social

CCM Complexo Convectivo de Mesoescala

CPRM Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais

DAEE Departamento de Águas e Energia Elétrica

EMA Estação Meteorológica Automática

EMPARN Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do

Norte

ENOS El Niño-Oscilação Sul

ETCCDMI Expert Team for Climate Change Detection Monitoring

and Indices

FAO Food and Agriculture Organization of the United

Nations

GTCCI Working Group on Climate Change Detection

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INMET Instituto Nacional de Meteorologia

INSA Instituto Nacional do Semiárido

IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change

ISS Conjunto de Sensores Integrados

MDA Ministério do Desenvolvimento Agrário

NDVI Normalized Difference Vegetation Index

NEB Nordeste do Brasil

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OMM Organização Meteorológica Mundial

PCD Plataforma de Coleta de Dados

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PSA Pacific South Atlantic

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas

SIDRA Sistema IBGE de Recuperação Automática

SINDA Sistema Integrado de Dados Ambientais

SINDECER Sindicato da Indústria da Cerâmica no Rio Grande do

Norte

JBN Jatos de Baixos Níveis

TSM Temperatura da Superfície do Mar

VCAN Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis

ZCAS Zona de Convergência do Atlântico Sul

ZCIT

P1

P2

P3

P4

P5

Zona de Convergência Inter Tropical

Polo 1

Polo 2

Polo 3

Polo 4

Polo 5

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CAPÍTULO I

INTRODUÇÃO

Ao longo do tempo, o meio ambiente vem sendo modificado pelo homem de acordo

com suas necessidades, sejam elas econômicas ou culturais. O homem, como agente

transformador, alterou “pela primeira vez a ação local da atmosfera e, consequentemente,

do clima, há sete ou nove mil anos. Ao mudar a face da terra com a derrubada de florestas,

a semeadura e a irrigação” (DREW, 1998, p. 73). Portanto, entende-se que “a história da

humanidade é a história da adaptação do homem e de sua sociedade às condições do

ambiente físico-natural terrestre; e é também a história de transformação deste ambiente

pelas atividades humanas” (MEDONÇA, 2002, p. 62).

Ao passar dos séculos, as transformações ambientais – que outrora se iniciaram

buscando a sobrevivência humana – aumentaram gradativamente. Ao ponto que, chegou-

se a questionar se tais atividades, além de mudar a estrutura da Terra, estariam também

afetando a sua dinâmica natural. No intuito de responder a questionamentos como este,

intensificou-se cada vez mais as pesquisas voltadas para observação e monitoramento do

clima.

Algumas dessas pesquisas tiveram seus resultados divulgados em 2007 pelo

Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). Nas quais ressaltou-se que,

considerável parcela do aumento na temperatura, verificados nas últimas cinco décadas, é

consequência de ações antrópicas devido à acentuação dos gases do efeito estufa na

atmosfera (ARAÚJO, et al., 2015; MARENGO, et al., 2011; PBMC, 2014; NOBRE et al.,

2012; SANTOS et al., 2009; OBREFON e MARENGO, 2007). Desde então, tem se dado

mais atenção aos efeitos das atividades humanas sob o clima.

No ano de 2009, resultados de modelagem dinâmica regional também indicaram

que, mudanças na cobertura vegetal e no uso da terra acarretam alterações na distribuição

espacial da precipitação sobre a região semiárida do Nordeste do Brasil - NEB (SOUZA

e YOAMA, 2009). Resultados como estes apontam que as modificações na superfície da

terra têm causado alterações na dinâmica do planeta. O fato é que a utilização dos recursos

naturais, que nos primórdios representavam a sobrevivência da espécie humana, passaram

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a ocorrer no mundo moderno visando a comodidade e o crescimento econômico das

indústrias (DREW, 1988).

Um dos setores industriais que tem contato direto com a alteração da superfície da

terra é a indústria de cerâmica vermelha. Ela é tida como o setor industrial mais antigo da

civilização, ao ponto que sua história confundiu-se em certo sentido, até mesmo com a

própria história da civilização (SINDECER, 2015; CAPRA, 1996) e tem se caracterizado

como um dos setores mais importantes da economia mundial.

Neste setor, o Brasil assume um lugar de destaque entre os maiores produtores

mundiais de cerâmica vermelha, situado atualmente como segundo maior produtor e

consumidor, e sétimo exportador no ranking mundial (CRASTA, 2012; BNDES, 2013).

A região Nordeste do Brasil (NEB), por sua vez, assume lugar de destaque nacional como

a terceira região com maior produção de materiais cerâmicos, sendo o Estado do Rio

Grande do Norte um destaque no cenário regional (CABRAL, et al, 2010).

O desenvolvimento do setor industrial de cerâmica vermelha acarretou, nos últimos

anos, um aumento representativo de micro e pequenas empresas por todo o Brasil , com

grande destaque para as regiões semiáridas, principalmente nos interiores dos Estados,

pois nestas localidades há mais disponibilidade de matéria-prima a baixo custo, o que

favorece o crescimento espacial e econômico do setor. Outros fatores importan tes são a

condição ambiental, como a escassez de chuva, e a dificuldade de fiscalização, permitindo

que a indústria se utilize abundantemente do ambiente natural.

Este fator em particular é preocupante, pois o uso e a manipulação desordenada

dos recursos naturais, sejam como fonte de matéria-prima ou por consequência da

urbanização, podem acarretar fenômenos como variações na temperatura do ar,

diminuição de chuvas em centros urbanos, ocorrência de chuvas ácidas ou de eventos de

precipitação extrema, desertificação, salinização do solo etc. (CUNHA et al, 2013).

Esses fenômenos ameaçam não só o meio ambiente, mas a própria sobrevivência

dos seres vivos. Segundo Nimer (1988) e Viera (2015), os fatores que se sobressaíram

como causas principais da desertificação do NEB são “o desmatamento para a produção

de lenha e a exploração de depósitos de argila, bem como o uso intensivo do solo

empregando métodos agrícolas, como corte e queima da vegetação. Além do aumento da

salinização, das atividades de extenso pastoreio etc.” (NIMER, 1988, p. 17).

Apesar de esses fenômenos serem apontados como indícios de mudanças

climáticas, há ainda vários questionamentos sobre os fatores que tem causado tais

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18

mudanças. A literatura aponta: a busca por respostas quanto a essas mudanças resultarem

das ações antrópicas é um questionamento que tem direcionado os cientistas para estudos

de tendência, seja em cenário mundial, regional ou local (RUSTICUCI e BARRUSCAND,

2004; VICENT et al., 2006; HAYLOCK et al., 2006; SANTOS e BRITO, 2007;

MARENGO e CAMARGO, 2008; SILVEIRA e GAN, 2009; SANSIGOLO e KAYANO,

2010; SANTOS e MANZI, 2011; ZHANG et al., 2010; SANTOS et al., 2012).

Além das análises de tendência das séries temporais, alguns estudos têm se voltado

para verificação de tendência em índices de extremos climáticos (CARVALHO, et al.,

2002; XAVIER et al., 2003; LIEBMANN et al., 2004; MARENGO et al., 2004; SILVA,

2004; SANTOS e BRITO, 2007; MOURA et al., 2009; SANTOS et al., 2009; SANTOS e

MANZI, 2011; SANTOS et al., 2012; NOBREGA, et al., 2014 e 2015).

Nessa mesma linha, este estudo investiga indícios de alterações

micrometeorológicas na região NEB. As localidades estudadas encontram-se no território

dos Estados do Rio Grande do Norte (RN) e da Paraíba (PB). Também é utilizada a área

correspondente ao Estado do Piauí (PI) para análise de comparação entre as localidades.

Desse modo, este estudo visa responder ao seguinte questionamento: existem

alterações micrometeorológicas nos cinco polos localizados nos Estados do Rio Grande

do Norte e da Paraíba, associadas às atividades da indústria cerâmica vermelha?

O que se sabe de fato é que a indústria da cerâmica tem se desenvolvido ao longo

dos anos e que seu processo produtivo depende amplamente dos recursos naturais. Até

então, estudos desenvolvidos nesta temática como Neri et al. (2000), Ribeiro et al. (2003),

Vieira et al. (2003), Almeida et al. (2009) e Nicolau (2012) referem-se principalmente às

preocupações do setor produtivo da indústria. Assim, eles não retratam questões

ambientais a respeito do processo de produção e das possíveis consequências da

exploração dos recursos naturais para o meio ambiente.

O intuito de tornar o setor cada vez mais produtivo é um fator importante para o

desenvolvimento da indústria ceramista, não apenas do ponto de vista empresarial, mas

também para a subsistência dos habitantes que trabalham neste setor. A maioria deles é

composta por antigos agricultores e/ou moradores das zonas rurais ou afastadas da cidade

– apresentando baixa escolaridade. Na falta de oportunidade de emprego, como

consequência, são forçosamente direcionados para a indústria da cerâmica vermelha.

Logo, a autossuficiência e a permanência desse setor são de grande importância

para os habitantes dessas localidades ceramistas. É indispensável que, além das

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19

preocupações quanto à produção, ocorra também a preocupação quanto à disponibilidade

e à manutenção da matéria-prima utilizada pela indústria.

Por isso, identificar se o setor da cerâmica vermelha tem afetado essas regiões, de

modo a agravar ou não suas condições ambientais, é de suma importância. Numa atividade

como esta que se utiliza dos recursos naturais de forma periódica, é primordial a

manutenção da matéria-prima, entendendo que esta é produzida pelo ambiente e pelas suas

condições climáticas. Sendo afetados, consequentemente, a produção e o setor também

serão.

Este estudo pretende assim preencher a lacuna que há nas pesquisas direcionadas

à atividade ceramista, retratando a preocupação com as questões ambientais – tão preterida

em estudos anteriores.

Nesta perspectiva, espera-se que por meio dos resultados obtidos neste estudo seja

possível identificar indícios de alterações micrometeorológicas nas localidades citadas e

verificar se há associação com a indústria da cerâmica estrutural.

1.1 Justificativa do Tema

O tema foi escolhido com base na preocupação acerca do desenvolvimento da

indústria de cerâmica estrutural e suas implicações para a variabilidade climática.

Entende-se aqui que o setor industrial de cerâmica vermelha é de grande importância para

a subsistência da população e crescimento econômico regional. No entanto, os estudos

destinados a este setor visam contribuir com o desenvolvimento de novos métodos de

fabricação e com o aumento da produção. De modo que estudos que busquem verificar se

as atividades ceramistas estão modificando as variáveis micrometeorológicas são de

grande importância, pois são justamente as condições climáticas que possibilita as

características ambientais que favorecem a formação e extração da matéria prima utilizada

no setor. Logo, considerando o aumento do número de indústria nos interiores dos estados

e a importância que este setor tem para a economia da região, viu-se a necessidade de

investigar se ação antrópica da atividade ceramista tem provocado alterações nas variáveis

micrometeorológicas em cinco polos localizados nos estados do Rio Grande do Norte e

Paraíba quando comparado com o polo neutro do estado do Piauí.

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20

1.2 Objetivo Geral

Propõe-se averiguar se os índices de extremos climáticos, bem como suas

tendências sazonais e anuais, estabelecem alguma associação com as atividades de

extração desenvolvidas pela indústria da cerâmica vermelha em cinco polos localizados

nos Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba, quando comparados com o polo neutro

do Estado de Piauí, durante o período de 1980 a 2013.

1.2.1. Objetivos Específicos

Verificar se as variáveis meteorológicas precipitação, evapotranspiração, radiação

solar, velocidade do vento, temperatura máxima e mínima apresentam tendência;

Calcular os índices de extremos climáticos e analisar tais índices de monitoramento

e detecção de mudanças climáticas baseado no RClimDex dos polos em estudo.

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21

CAPÍTULO II

REVISÃO DE LITERATURA

Com base no propósito deste estudo, estabelece-se adiante a discussão feita acerca

dos temas necessários para a fundamentação desta pesquisa. Inicialmente, são fornecidas

informações a respeito da indústria da cerâmica vermelha, como métodos de produção e

panorama de desenvolvimento ao longo dos últimos anos. O tópico seguinte aborda os

aspectos gerais do Semiárido Brasileiro, como extensão territorial, vegetação e clima.

Posteriormente, são discutidos os tópicos, as modificações do uso da terra e suas

implicações e as alterações micrometeorológicas. E finaliza-se com a apresentação de

estudos de tendência climática de âmbito regional, nacional e mundial.

2.1. A Indústria da Cerâmica Estrutural

Tendo se desenvolvido em todas as regiões do mundo simultaneamente e

apresentando composição resistente e de fácil manuseio, a cerâmica1 é apontada como o

material mais antigo utilizado pelo homem, tendo registros de sua existência a cerca de

dez a quinze mil anos. Ela apresenta-se assim como uma identidade cultural de diversos

povos e culturas, uma vez que artefatos cerâmicos (como taças e vasos) são os principais

vestígios para reconstrução do grau de evolução da civilização, de modo que a história da

cerâmica é tida como aspecto fundamental para registro da própria história da civilização

(SINDECER, 2015).

Considerada por alguns autores como a indústria mais antiga da civilização, no

Brasil ela teve indício de origem indígena na Ilha do Marajó-PA. Estudos arqueológicos

posteriores, no entanto, evidenciaram ainda a presença de materiais cerâmicos produzidos

a cerca de cinco mil anos presentes na região Amazônica. Deste modo, pode-se dizer que

o hábito de uso do barro para produção de peças já existia no Brasil antes mesmo da

chegada dos colonizadores, sendo estes responsáveis tão somente pela implantação de

olarias, em que as técnicas rudimentares utilizadas pelos indígenas eram reorganizadas e

aperfeiçoadas para produção de louças, telhas e tijolos.

1 Do grego kéramos: “terra queimada” ou “argila queimada” (SINDECER, 2015, p. 1).

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22

Desenvolvendo-se século após século juntamente com a condição humana, a

produção de cerâmica despertou interesse econômico durante a Revolução Industrial,

momento no qual suas técnicas foram modernizadas. Passa-se então a investir em controle

de recursos, em mão de obra especializada e na utilização de máquinas que aceleraram a

produção e o desenvolvimento da indústria de cerâmica.

Atualmente, a indústria apresenta-se bem consolidada no país, conquistando cada

vez mais espaço no cenário mundial. As técnicas mais rudimentares foram substituídas

por processos mecanizados que seguem etapas de produção como a extração de matéria -

prima argilosa, a preparação da massa cerâmica, seguida das etapas de laminação,

extrusão, corte, prensagem, secagem e queima, como ilustra o esquema representado a

seguir na Figura 2.1.

Figura 2.1 - Esquematização do processo produtivo.

Fonte: MOTTA et al., (2001).

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Dentre esses processos, os que mais afetam o ambiente são os de extração da argila

e de extração e queima da biomassa. Os poços de argila geralmente se encontram próximos

às bacias hidrológicas e não muito distantes do local de produção. A biomassa é extraída

de qualquer localidade pública ou particular e geralmente é comprada a baixo custo em

locais onde a presença da vegetação é indesejável por parte dos proprietários da terra,

podendo ser transportada de municípios vizinhos.

Apesar dos processos serem os mesmo para pequenas e grandes empresas, ocorrem

variações na ordem das etapas e procedimentos de acordo com o grau de mecanização de

cada uma delas. Mesmo apresentando grau de mecanização inferior aos demais países que

se classificaram como maiores produtores neste setor, o Brasil conseguiu situar -se entre

os três maiores países produtores de cerâmica. Após consolidar seu mercado no ano de

2000 e manter crescimento na produção, o Brasil alcançou em 2007 a segunda posição no

ranking de produção mundial de cerâmica (Tabela 2.1).

Tabela 2.1- Principais países produtores de cerâmica com base nos dados de 2006 a 2012 em milhões de

m2.

Pais 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Total (%)

China 3000 3200 3400 3600 4200 4800 5200 46,6

Brasil 594 637 713 715 753 844 866 7,8

Índia 340 385 390 490 550 617 691 6,2

Irã 210 250 320 350 400 475 500 4,5

Espanha 608 585 495 324 366 392 404 3,6

Itália 569 559 513 368 387 400 367 3,3

Indonésia 170 235 275 278 287 317 330 3,0

Vietnã 199 254 270 295 375 380 298 2,7

Turquia 265 260 225 205 245 260 280 2,5

México 210 215 223 204 210 219 229 2,1

Mundo 7.760 8.252 8.520 8.515 9.515 10.512 11.116 100,0

Fonte: CRAST (2012); Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico Social - BNDES (2013).

Mesmo tendo notável decréscimo em termos de produção no ano 2013, quando

comparado com 2012, o país ainda se manteve como segundo maior produtor no ranking

mundial, como segundo maior consumidor e sétimo exportador de produtos cerâmicos,

como aponta os dados da Figura 2.2 (MES, 2015).

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24

Figura 1.2 - dados de produção, consumo, exportação e importação da indústria de cerâmica ao longo dos

anos.

Fonte: Machinery Economic Studies, 2015.

Nesta perspectiva, a região NEB se configura como terceira maior colaboradora do

mercado quanto à produção de cerâmica do país (Figura 2.3), tendo a indústria ampla

distribuição em todos os Estados do Nordeste, sendo composta por micros, pequenas e

médias empresas, espalhas principalmente nos interiores dos Estados.

Figura 2.2 - Participação por região brasileira – emprego, produção e consumo.

Fonte: CABRAL et al., (2010); BNDES (2013).

0

20

40

60

80

100

120

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

1000

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014

mil

es (

mm

2)

mil

es

(mm

2)

Anos

Brasil: Principais indicadores

Produção Consumo Exportação Impotação

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25

Neste contexto, os Estados do Rio Grande do Norte e da Paraíba classificam-se

como terceiro e quinto lugares, respectivamente, enquanto que o Estado do Piauí está na

última posição na classificação de produtividade da região NEB (BDN, 2010) como

mostra a seguir a Figura 2.4.

Figura 2.3 - classificação por estado de produtividade x número de empresas de cerâmica vermelha para o

NEB (mil milheiros/mês).

Fonte: Banco no Nordeste, 2010.

Cabe salientar, no entanto, que existe discordância quanto ao número de empresas

em cada Estado. Essa discrepância de dados ocorre devido ao aumento de indústrias

ilegais em funcionamento. Em 2001, o Rio Grande do Norte, por exemplo, apresentava o

número de 159 empresas. Em 2012, após um crescimento de 17%, passou a computar 186

empresas legalizadas em seu território estadual (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e

Pequenas Empresas – SEBRAE, 2013). Porém, no ano de 2008, já se contabilizava 257

empresas no Estado (SIDRA, 2008). Tal incompatibilidade dos dados evidencia que, junto

as 186 empresas legalizadas, devem existir tantas outras ilegais. Incoerência parecida

ocorre com o Estado da Paraíba, em que, no ano de 2008, se contava 117 empresas

(SIDRA, 2008). Em 2013, apenas 100 empresas, incluindo ainda cerca de 30 pequenas

olarias (SILVA FILHO, 2013).

Acredita-se que o número de empresas nos dois estados é superior aos dados

apresentados, pois estes se baseiam no registro de empresas legalizadas, desconsiderando

assim o número de empresas clandestinas. Além do mais, a diminuição no número se

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

CE BA SE AL PE PA RN PI MA

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du

ção

Estados

Produção e Número de empresas no Nordeste (mil milheiros/mês)

Produção Número de empresas

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26

mostra, no mínimo, contraditória com base na tendência de crescimento da produção de

cerâmica vermelha no país, bem como no NEB.

Em suma, o Brasil tem se acentuado na indústria de cerâmica vermelha, tendo a

região Nordeste participação representativa no cenário nacional, assim como os Estados

do Rio Grande do Norte e da Paraíba no cenário regional. No entanto, neste setor, os

processos fundamentais para produção estabelecem contato direto com o espaço físico em

que a cerâmica está inserida, modificando assim o meio ambiente e, por consequência,

seus elementos meteorológicos. Para a obtenção da matéria-prima argilosa, por exemplo,

ocorre modificação e desgaste do solo. Após esse processo de extração, a etapa seguinte

deveria ser a recuperação da área degradada pela atividade de extração por meio da

recomposição da morfologia do terreno. Esse estágio, no entanto, tem sido outorgado para

segundo plano pela maioria dos empreendedores, visto que demandaria mais tempo para

a produção do material cerâmico (MELO e MOTA, 2011).

A negligência de etapas como a citada acima, assim como a modificação do espaço

ambiental mediante a alteração do uso da terra, pode acarretar variações na refletividade

em superfície. Isso modifica o aquecimento da atmosfera inferior, bem como provoca

alterações em sua composição. Tais alterações ocorrem devido ao incremento do dióxido

de carbono decorrente do desmatamento e da queima de combustíveis fósseis, fatores

apontados como responsáveis pela tendência do aquecimento mundial (DREW, 1998).

2.2. Aspectos Gerais do Semiárido Brasileiro

Os Estados do Rio Grande do Norte, da Paraíba e do Piauí apresentam

características ambientais que os classificam dentro do clima semiárido. Portanto, faz-se

necessário discorrer a respeito dos aspectos gerais da região semiárida, no intuito de

melhor compreender o ambiente natural em que as localidades de estudo estão inseridas.

De modo geral, o semiárido abrange a área de 969.589,4 km2, indo da região Norte

do Estado de Minas Gerais até o Nordeste nos Estados Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte,

Paraíba, Alagoas, Bahia e Sergipe, como mostra adiante a delimitação da Figura 2.5.

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27

Figura 2.4 - abrangência do semiárido brasileiro.

Fonte: IBGE (2010).

Essa área totaliza 63% do território do NEB e abrange exatos 1.135 municípios

(MEDEIROS et al., 2012). Essa classificação inclui áreas com determinadas condições

meteorológicas, são elas: índice de aridez no intervalo de 0,2 e 0,5; risco de seca acima

de 60%, precipitação pluvial anual igual ou inferior a 800 mm (PEREIRA JÚNIOR, 2007).

Faz-se relevante também discorrer a respeito da dinâmica geral da atmosfera,

frisando os principais sistemas meteorológicos, que caracterizam a região semiárida do

Nordeste do Brasil (Figura 2.6).

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Figura 2.5- Sistemas atuantes na Américas do Sul, sendo alguns deles atuantes na região semiárida

do Brasil.

Fonte: REBOITA, 2010.

Por via de regra, a circulação geral da atmosfera constitui movimentos de fluxo

atmosférico em escala global, em que o período adotado é suficiente para considerar

variações mensais e sazonais e, ao mesmo tempo, desconsiderar as alterações

características de sistemas meteorológicos particulares. Desse modo, os movimentos da

atmosfera são regidos pelas leis fundamentais da mecânica dos fluidos e da termodinâmica

(HOLTON, 2004) responsáveis por direcionar para todas as partes a energia por meio de

momentum, umidade e calor (FERREIRA e MELLO, 2005).

No geral, para o NEB, os principais fenômenos associados à variabilidade

interanual são o El Niño – Oscilação Sul (ENOS) (KAYANO e MOURA, 1986; ARAÚJO,

2013) e os modos zonal e meridional de variabilidade da Temperatura de Superfície do

Mar (TSM). Na escala sazonal, há influência, especialmente na parte Norte, da Zona de

Convergência Intertropical (ZCIT) (UVO, 1989; REIBOTA, 2012) e no Sul da Zona de

Convergência do Atlântico Sul (ZCAS) (QUADRO, 1994; MENDONÇA e BENATTI,

2008). Na escala intrasazonal, influencia a Oscilação de Madden-Julian (MADDEN e

JULIAN, 1972), bem como o padrão de teleconexão conhecido como Pacifical South

Atlantic (PSA) (AGSTROM, 1935; FERREIRA, 2005). Na escala sinótica, os Sistemas

Frontais e os Vórtices Ciclônicos de Altos Níveis (VCAN) (KOUSKY, 1981; FERREIRA,

2005). Por sua vez, na mesoescala, os Complexos Convectivos de Mesoescala (CCM)

(MADOX, 1980; SOUZA, 1998) e as Linhas de Instabilidade (RAMOS et al., 1994;

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29

FERREIRA e MELLO, 2005), bem como as Ondas de Leste (ESPINOZA, 1996; ARAÚJO

et al., 2008).

A confluência dos ventos alísios de Nordeste e Sudeste formam a ZCIT, tida como

o sistema mais significativo para definição de precipitação pluvial para o norte do NEB.

De modo geral, a convergência dos ventos alísios do Hemisfério Sul com os alísios do

Hemisfério Norte, promove a ascendência de correntes convectivas de ar, que transportam

a umidade do oceano para a alta atmosfera. Esta movimentação favorece a formação da

ZCIT, caracterizada como uma banda de nuvens de baixa pressão que contorna a faixa

equatorial do globo terrestre. Localizada latitudinalmente, ao norte (12°N) entre os meses

de agosto a setembro, podendo migrar sazonalmente, para o sul (4°S), entre os meses de

março e abril. Essa mudança na localização da ZCIT é crucial, pois determina o regime

de precipitação para NEB. De modo que, estando mais intenso os alísios de Sudeste, a

ZCIT se localiza mais ao norte, diminui assim precipitação. Enquanto que, quando os

alísios de Nordeste são mais intensos, a ZCIT se localiza mais ao norte, ocasiona a

precipitação mais intensa para essa região (ARAÚJO et al., 2008).

Dependendo de sua localização, a ZCIT pode se associar a formação de Linhas de

Instabilidade, que são partes de nuvens dispostas em forma de linha ao longo do litoral

norte e nordeste do Brasil (COHEN, et al., 1995) Outros sistemas como as os DOL, que

atuam sobre o litoral do NEB; os Sistemas Frontais, que consistem do encontro de massas

de ar frio com massas de ar quente, ocasionando a formação de nuvens; e os CCM que

resultam em precipitação intensa de curta duração, também são importantes para a

composição do clima da região semiárida no NEB (MADDOX ,1980; VELASCO e

FRITSCH,1987).

O semiárido brasileiro abrange ainda três biomas característicos de seu clima: a

Caatinga, o Cerrado e Mata Atlântica (Figura 2.7). Dentre estes, se sobressai o bioma da

Caatinga por ter maior abrangência territorial e ser exclusivamente brasileiro. A Caatinga2

ocupa uma área de 751.063, 270 km2 do território do semiárido, sendo um bioma

amplamente peculiar. Formado por vegetação de espécies xerófitas3 e caducifólias4, tendo

na maioria das vezes forma arbustiva de espécies lenhosas de baixo porte (geralmente até

5 m de altura), acompanhadas por cactáceas e bromélias terrestres. No entanto, a espécie

de caatinga arbórea pode apresentar porte mais denso e elevado (mais de 20 metros de

2 Palavra originária do tupi-guarani que remete a “mata branca” (CAPRA, 1996). 3 Praticamente sem folhas, sendo resistente ao fogo e apresentando formação seca e espinhosa. 4 Vegetação que apresenta como característica a perda de folhagem durante o período de estiagem.

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30

altura), sendo que esta encontra-se atualmente escassa devido ao histórico de exploração

do bioma (CASTRO, 2013). De acordo com estas classificações, o Rio Grande do Norte

e a Paraíba estão entre os estados que apresentam maior área compreendida pelo

Semiárido, cerca de 94% e 86%, respectivamente (JOSÉ JUNIOR, 2007). E estado do

Piauí tem cerca de 60% de seu território em área do semiárido, como mostrado na Figura

2.8. Sendo também compreendidos, quase que totalmente pelo bioma da Caatinga,

apresentando como ecossistemas originários de Caatinga, o Cerrados, a Mata Atlântica, a

Floresta Subcaducifólia, o Manguezais, as Florestas das Serras, a Floresta Ciliar de

Carnaúba e a Vegetação das Praias e Dunas ” (ADESE, 2008).

Figura 2.7 - Biomas da região semiárida.

Fonte: Instituto Nacional do Semiárido (INSA) e IBGE (2000)

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31

Figura 2.8 - Extensão territorial do Semiárido no Nordeste do Brasil.

Fonte: INSA, (2000).

2.3. Modificações no Uso da Terra e suas Implicações

Por intermédio da identificação das variadas utilizações do uso da terra, faz -se

possível entender e avaliar o movimento e a evolução do sistema de ocupação da região,

bem como as ações antrópicas exercidas espacialmente, o que torna possível, inclusive, a

ponderação a respeito dos efeitos destas sobre o meio ambiente. Nesta perspectiva, tem-

se o conceito de “terra” como o “segmento da superfície terrestre definido no espaço e

reconhecido em função de suas características e propriedades” (FAO, 1976, p. 63). Este

conceito compreende os componentes da biosfera que apresentem características de

comportamento cíclico, estável e previsível, sejam estes na atmosfera, solo, geologia,

hidrologia ou até mesmo nos resultados da atividade humana (FAO, 1976).

Por sua vez, a expressão “uso da terra” se remete a forma como o espaço vem sendo

ocupado pelo homem (FUCHS, 1986), onde a prática de verificação do uso da terra

constitui-se no mapeamento e na análise tanto qualitativa quanto quantitativa de tudo o

que existe sobre a superfície da Terra. Neste sentido, a classificação do uso da terra tem

por objetivo analisar todos os componentes constituintes da região, o que torna sua prática

indispensável para o entendimento detalhado dos fatores de sistematização do espaço, ou

seja, da organização da área a ser estudada.

Essa classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) se

baseia em classes definidas como unidades simples ou associações de classes, havendo

variação de acordo com as escalas adotadas e área (região) de estudo. Com base nestas

classes, à medida que são encontradas variadas formas de atividades antrópicas envolta

0%

20%

40%

60%

80%

100%

AL BA CE MG PB PE PI RN SE

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tag

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Estados

Espaço Geográfico do Semiárido Espaço Geográfico fora do Semiárido

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32

da delimitação, considera-se a classe de uso tida como dominante, ordenando as classes

de uso que apresentem maior percentual com o intuito de agrupá-las, de modo que fiquem

distribuídas em três unidades de agrupamento. É válido salientar que, quando a área for

ocupada com percentual superior a 80%, esta será mapeada e classificada como unidade

simples (IBGE, 1999).

O uso da terra é classificado então em sete classes, sendo elas: agricultura,

pecuária, agropecuária, extrativismo, mineração, áreas especiais e áreas urbanas. A

classificação do uso da terra e o seu levantamento atual podem ser obtidos por meio da

utilização de dados multiespectrais, adquiridos e disponibilizados por satélites de

sensoriamento remoto, associados às técnicas de interpretação (PEREIRA et al., 1999).

Neste contexto, Nascimento e Oliveira (2011) ressaltaram que o processo acelerado

do crescimento urbano tem desencadeado diversos impactos ambientais resultantes da

ocupação e das atividades antrópicas sobre o ambiente, dentre os quais se aponta a

alteração do clima urbano. Uma dessas conhecidas alterações foi divulgada no 4º Relatório

do IPCC (2007), no qual se revelou que, durante os últimos 100 anos, ocorreu um

incremento no acúmulo dos gases do efeito estufa dispersos na atmosfera – originado

particularmente de ações antrópicas. Ainda segundo o IPCC (2007), nos próximos 20

anos, pode ainda ocorrer uma adição em torno de 0,2ºC ao passar de cada 10 anos.

Motivados por esta preocupação, busca-se cada vez mais encorajar o planejamento

ambiental no intuito de instruir a utilização consciente dos recursos naturais, fazendo com

que as ações econômicas e ecológicas interajam estabelecendo um equilíbrio sustentável

no qual o desenvolvimento seja realmente baseado na melhoria das condições ambientais

e humanas (FIALHO, 2012).

2.4. Alterações Microclimáticas

Sendo a energia solar o fator primordial para a determinação das variáveis

meteorológicas, a interação terra-atmosfera torna-se o principal agente de modificação

das componentes condicionantes do tempo meteorológico, entendido como o estado

momentâneo da atmosfera em um dado instante e lugar (MENDONÇA; DANNI-

OLIVEIRA, 2007). O fluxo de encadeamento é responsável pelos padrões de desempenho

da atmosfera em suas interações com as atividades humanas e com a superfície do planeta,

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33

o que conduz ao curso regular dos estados atmosféricos que determinam o clima em cada

lugar (MAIA JÚNIOR, 2011).

Diante dessa complexa dinâmica da atmosfera, torna-se necessário subdividir seu

estudo em escalas climáticas, obedecendo a ordens hierárquicas de grandezas (espacial e

temporal). São elas: a macroescala, referente à dinâmica de grande escala que abrange

milhares de quilômetros e o espaço temporal de semanas; a mesoescala, que envolve

grande número de observações e processos com duração de muitos dias e variação espacial

de 10 a 1.000 km; e a microescala, que busca explicitar o comportamento de fenômenos

que ocorrem em escala espacial de até 3 km e variação temporal de minutos ou horas

(STULL, 1988).

Estas escalas caracterizam-se pela diversificação do comportamento dos

componentes atmosféricos, sendo esta divisão de grande importância, pois define “numa

pesquisa não apenas a área e o período de abrangência, mas também as técnicas e métodos

a serem empregados” (NUNES, 1998, p. 71). Esse estudo evidencia o uso de escala

regional, apresentando também, dentro dessa ordem hierárquica, o comportamento de

microescala correspondente à análise das camadas inferiores e próximas à superfície. Isso

ocorre porque o microclima se caracteriza por meio da compreensão das “diferenças

horizontais em pequenas áreas, como as diversas características do solo em sua umidade,

ou nas diferenças mínimas de declive, ou pelo tipo e altura da vegetação” (GEIGER, 1990,

p. 231) – sendo este efeito da ação dos diferentes componentes atmosféricos na alteração

de fluxos de umidade momentum, massas de ar e fluxo de energia (RIBEIRO, 1993, p.

292).

Dessa forma, a micrometeorologia seria a “caracterização dos aspectos climáticos

de baixa camada atmosférica, próxima ao solo, e dos fatores que o controlam”

(VIANELLO e ALVES, 1991, p. 380), ou seja, se refere a “troca de calor, massa e

momentum que ocorre continuamente entre a atmosfera e a superfície da terra” (ARYA,

2001, p. 1).

As variações no microclima de uma região podem ocorrer naturalmente,

decorrentes tanto de elementos climáticos como de elementos antropogênicos, sendo estes

últimos, portanto, não atribuídos “à variação natural do clima como causa , quando

necessariamente o agente modificador foi o homem” (OLIVEIRA et al., 2008, p. 688).

Essa interferência nas componentes climáticas ocorre por consequência da mudança da

cobertura natural do solo e da mudança na composição dos gases constituintes da baixa

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34

atmosfera, que são em sua maioria ocasionadas pela agricultura, pela indústria e pelos

processos de urbanização em geral.

De forma geral, sabe-se que a vegetação é um fator inerente ao clima e que tem

presença ativa em todas as escalas climáticas, no entanto, na microescala, a vegetação

apresenta interferência ainda maior (SILVA, 2009). Em seu estudo comparativo dos

elementos meteorológicos, Carvalho (2001) comprovou isso mostrando que em áreas

cobertas por vegetação registraram-se temperaturas mais baixas do que em áreas sem

vegetação. O autor atribuiu tal diferença nos valores de temperatura ao fato de a vegetação

diminuir a radiação por intermédio da absorção, diminuindo assim a dissipação de calor

por ondas longas.

Em decorrência do aumento da temperatura, Klar (1984) afirmou que o crescimento

das plantas pode ser afetado, pois existem temperaturas mínima e máxima toleráveis para

cada cultura. Por outro lado, em relação à temperatura do solo, Ometto (1981) destacou

que a quantidade de absorção da energia radiante depende da consistência e da estrutura

do solo, inicialmente limitando-se aos primeiros centímetros da superfície e ramificando-

se solo adentro, vindo a atuar com o sistema radicular da planta para incentivar as trocas

iônicas entre o solo e as raízes. Esse fenômeno pode ser ainda mais acometido ocorrendo

mudança da topografia original, visto que a topografia apresenta grande efeito na

condução e no fluxo de radiação na superfície, além de modificar as propriedades

hidrológicas do solo, apresentado assim forte relação com a umidade do solo e com o ciclo

da água – o que pode provocar variações espaciais nos processos de evapotranspiração

(AMBRIOSE, 1995).

Além do mais, as alterações na topografia também afetam a direção e a velocidade

dos ventos. O vento é o agente responsável pelo transporte de energia, bem como pelos

processos convectivos ocasionados pelas variações de temperatura e pressão. Quanto a

isso, Molion e Bernardo (2000, p. 1134) afirmam ainda que, devido às baixas pressões

junto à superfície, ocorre deslocamento ascendente do ar úmido através dos campos de

ventos e das perturbações ondulatórias, logo “as precipitações pluviais estão diretamente

relacionadas com a convecção local”.

Por meio da análise de tendências das variáveis meteorológicas, juntamente com

as informações relativas à circulação atmosférica, será possível a compreensão do

comportamento micrometeorológico correspondente à região campo de estudo

(MONTEIRO, 1971 apud ZAVATINI, 2000).

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35

2.5. Tendência Climática

A partir do ano de 1988, a Assembleia Geral das Nações Unidas passou a discutir

abertamente a temática de mudanças do clima, por intermédio da criação do

Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), constituído pela Organização

Meteorológica Mundial (OMM) em parceria com o Programa das Nações Unidas para o

Meio Ambiente (PNUMA). Deste modo, o IPCC assumiu o objetivo de “avaliar a

informação científica, técnica e socioeconômica relevante para entender os riscos

introduzidos pela mudança climática na população humana” (MARENGO e SOARES,

2003).

Desde então, os relatórios do IPCC têm viabilizado de maneira clara e atualizada

informações acerca de estudos do clima e de mudanças climáticas. Logo nos primeiros

relatórios, constatou-se que, por consequência das ações antrópicas, ocorrerá um aumento

na concentração dos chamados gases do efeito estufa, aumentando a temperatura média

do planeta (IPCC, 1990). A partir disso, passou-se a discutir se o incremento na

temperatura média global é consequência das atividades humanas.

Sabe-se que a Terra apresenta ciclos naturais de aquecimento e resfriamento. Ainda

assim, os estudos relacionados ao clima apontam que as atividades humanas têm

modificado a variação natural do clima terrestre, propondo que tais atividades assumem

um importante papel no aquecimento terrestre. No relatório do IPCC de 2001 cogitou-se

que, em meados de 2100, o valor da temperatura global média pode aumentar entre 1,3 ºC

e 4,6ºC, o que equivale a um aumento por década de 0,1ºC e 0,4 ºC.

Para o Brasil, o IPCC destacou tendências para o aumento de chuvas no Sul do país

e ausência de tendências significativas na região amazônica, apesar do aumento do

desmatamento (MARENGO e SOARES, 2001). No relatório do IPCC de 2007 confirmou-

se que uma parcela representativa do aquecimento verificado nos últimos 50 anos deriva

da emissão de gases do efeito estufas, provenientes das ações antropogênicas (IPCC, 2007;

ARAUJO et al., 2015).

O IPCC divulgado em 2014 afirma que “o aquecimento do sistema climático é

inequívoco desde 1950” (IPCC, 2014) e que a média global da temperatura terrestre e

oceânica mostra incremento de 0,85°C (0,65°C a 1,06°C) para período 1880-2012 – dado

superior ao obtido para período 1850-1900, bem como para o período 2003-2012, que

correspondem a 0,78°C (0,72°C a 0,85°C). Esse aumento na temperatura global tem sido

apontado desde 1950, como um dos fatores responsáveis pela alteração de eventos

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36

extremos. Exemplo disto seria a redução em escala global de dias e noites frios e de dias

e noites quentes.

Pesquisas como as de Rusticucci e Barruscand (2004), Vicent et al. (2006) e

Haylock et al. (2006) têm utilizado técnicas de identificação de tendências em variáveis

meteorológicas na América do Sul. Para o Brasil, existem diversas pesquisas analisando

principalmente o comportamento da temperatura (MARENGO e CAMARGO, 2008;

SANSIGOLO e KAYANO, 2010; SANTOS e MANZI, 2011; SILVEIRA e GAN, 2009),

e da precipitação (SANTOS e BRITO, 2007). Estudos como estes, que busquem detectar

mudanças climáticas por meio da análise de tendência de temperatura, são de grande

importância, pois o aquecimento global influencia no aumento das taxas de evaporação,

intensificando a movimentação de enormes massas de vapor de água na atmosfera, o que

pode vir a acelerar o ciclo hidrológico (ZHANG et al., 2010; SANTOS et al., 2012).

Segundo Shouraseni e Robert (2004), uma consequência desse aquecimento global pode

ser um possível aumento na frequência de extremos de precipitação, por causa do aumento

dos níveis de umidade presentes na atmosfera.

2.5.1. Eventos Extremos Climáticos

A dinâmica da atmosfera apresenta eventos usuais e extremos, podendo ser estes

atípicos e raros. Os eventos usuais são os que ocorrem com maior frequência e apresentam

variáveis próximas aos valores médios. O fato de tais eventos acontecerem com

regularidade permitiu que, ao longo do tempo, a humanidade conseguisse se adaptar a

suas ocorrências (BARBOSA, 2007).

Os eventos extremos são aqueles que apresentam “grandes desvios de um estado

climático moderado” (MARENGO et al., 2009, p. 6). Ocorrem com incidência geralmente

inesperada e escala de tempo variando entre dias e meses até anos, ou mesmo milênios.

No entanto, são os eventos extremos de curto e médio prazo, correspondentes à

meteorologia e ao clima, que apresentam os impactos mais relevantes na sociedade

(MARENGO et al., 2009).

De forma geral, os eventos extremos climáticos constituem parte da história da

humanidade (DIAS, 2014), o que permitiu averiguar longo do tempo que sua variabilidade

sempre causou impactos, condicionando a movimentação das populações e influenciando

seus aspectos socioeconômicos (DIAMOND, 1999).

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37

Tais eventos não ocorrem isoladamente e são identificados não somente por sua

intensidade, mas também por sua duração e persistência. Eles são resultados de conexões

e gerados por componentes de um padrão de escala global (DIAS, 2014). Exemplo disso

são os fenômenos El Niño e La Niña, globalmente conhecidos como agentes responsáveis

pelo surgimento e/ou intensificação de eventos extremos do clima. Em determinadas

áreas, esses padrões podem acarretar excesso de chuva ou seca prolongada e, segundo Zin

et al. (2010), esses extremos de precipitação são os fenômenos atmosféricos mais

perturbadores. Isto se dá devido à maioria das atividades econômicas, com a agricultura,

por exemplo, estarem diretamente relacionadas com os índices de precipitação. Logo, o

aumento dos eventos extremos climáticos pode acarretar impactos econômicos e sociais.

Além disso, as mudanças climáticas também podem afetar os eventos extremos, já

que estes fazem parte da própria variabilidade climática. Isso indica que um evento

extremo, como um desastre natural, pode ter origem ou agravamento em ações antrópicas.

Por este motivo, tornam-se essenciais estudos que busquem entender como as ações

humanas, bem como as mudanças climáticas, podem e têm atuado no aumento de eventos

de extremos climáticos.

2.5.2. Estudos de Extremos Climáticos para o Globo

A necessidade de se obter informações cada vez mais detalhadas sobre as mudanças

climáticas impulsionou a realização de estudos em muitos países, como Estados Unidos

(KARL e KNGHT, 1998), Austrália (HAYLOCK e NICHOLLS, 2000), Reino Unido

(OSBORN et al., 2002), Suíça (FREI e SCHAR, 2001), Itália (BRUNETTI et al., 2002),

Noruega (BENESTAD e MELSOM, 2002) e Bélgica (VAES et al., 2002; HAYLOCK et

al., 2006).

Segundo Haylock et al. (2006), para o Brasil houve estudos que identificaram, por

exemplo, a evidência da relação entre valores extremos de precipitação e a influência do

Jato de Baixo Nível sul-americano (JBN) (LIEBMANN et al., 2004; MARENGO et al.,

2004). Além disso, se associam eventos extremos de precipitação em função da atuação

da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), principalmente em períodos de La

Niña, sendo mais intensificados no período de El Niño (CARVALHO et al., 2002).

Essa influência do El Niño é válida também para ocorrência de extremos no NEB,

segundo Xavier et al. (2003), existindo ainda a associação de extremos de precipitação

com as anomalias TSM no Atlântico Tropical constatada por Hastenrath e Heller (1977),

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38

por Moura e Shukla (1981) e, posteriormente, por Silva (2004), sendo possível, inclusive,

diferenciar a influência das anomalias positivas do Atlântico Tropical Sul e do Pacífico

Tropical: a primeira direciona precipitação mais ao Leste no NEB, enquanto a segunda

dificulta a ocorrência de chuvas nessa região (MOURA et al., 2009). No geral, a análise

de precipitação na América do Sul apresenta tendência positiva no total anual de

precipitação no NEB.

2.5.3. Índices de Extremos Climáticos

Além da análise da ocorrência de eventos extremos, tem-se estudado também o

comportamento dos índices de extremos climáticos, pois se entende que os parâmetros

estatísticos de distribuição da variável importam tanto quanto sua taxa de mudança.

Sobretudo, eles podem fornecer também informações acerca de sua variabilidade,

intensidade e frequência.

Esses índices de extremos climáticos são valores extremos de índices de variáveis

como temperatura e precipitação, por exemplo. Eles têm sido utilizados como indicadores

de alterações climáticas porque alterações na magnitude de eventos climáticos extremos

apresentam impactos sobre a natureza e a sociedade (PETERSON, 2005).

A utilização desses índices, por sua vez, pode variar muito de acordo com o

objetivo de cada pesquisa, de modo que alguns índices podem não ser significativos diante

de um determinado propósito. Por exemplo: para o NEB, seria inadequado calcular o

índice TR, que quantifica o número de noites tropicais (number of tropical nights),

definido como aqueles dias em que a temperatura mínima diária apresenta-se superior a

20ºC, visto que, nessa região, esse valor de temperatura é uma característica comum.

Visando responder aos mais variados interesses e áreas de estudo, o antigo Working

Group on Climate Change Detection (GTCCI) elaborou uma lista de 40 índices. Seu

sucessor, o Expert Team for Climate Change Detection Monitoring and Indices

(ETCCDMI) adotou 27 índices baseados em valores como temperatura diária, além da

precipitação acumulada diária. Independentemente da quantidade, o que se adota como

mais importante é que tais índices foram calculados e foram seguidas as mesmas

definições em diferentes regiões do globo, portanto, espera-se que as análises

provenientes se ajustem igualmente no contexto global (KARL et al., 1999; PETERSON,

2001).

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39

Dentre os 27 índices do ETCCDI, 16 correspondem à temperatura e 11 à

precipitação, sendo ambos extraídos de valores de máximas e mínimas diárias. Os índices

subdividem-se ainda em cinco diferentes categorias, como demonstrado no Anexo 1. As

categorias supracitadas são: índices de precipitação, baseados em percentis que

representam a quantidade de chuva; índices absolutos de temperatura, que representam

valores máximos e mínimos dentro de uma época ou ano; índices de limiar, que

representam valores de temperatura e precipitação abaixo de um limite fixo; e, por fim,

os índices excessivos, que representam períodos excessivos de calor, frio, umidade e

secura, além de indicar o prolongamento de uma temporada.

Todos estes índices objetivam detectar e avaliar mudanças no clima global através

da ocorrência de eventos extremos relacionados à temperatura e à precipitação. Além

disso, eles auxiliam na aquisição de informações, sanando satisfatoriamente as falhas

existentes em bancos de dados decorrentes da ausência de estações meteorológicas nas

localidades mais remotas do globo terrestre. Esse preenchimento de dados possibilita

conjecturar acerca da variabilidade global dos extremos climáticos, tornando possível a

representação de modelos e o desenvolvimento de estudos em esfera global que atestam –

ou não – o seu uso e a sua eficiência para projeção de extremos climáticos posteriores.

2.5.4. Estudos de índices de Extremos Climáticos para NEB

Dentro do NEB, há ainda grande quantidade de estudos locais, como os

desenvolvidos por SANTOS e BRITO (2007); SANTOS et al., (2009); SANTOS e

MANZI, (2011); SANTOS et al., (2012); NOBREGA et al., (2014, 2015), SANTOS e

SILVA et al. (2014), que discutem acerca de índices de extremos climáticos para Estados

ou até mesmo meso e microrregiões do semiárido brasileiro.

Em um estudo sobre tendências de eventos de chuva extremas nos Estados do RN

e da PB, Santos e Brito (2007) verificaram mudanças nas medidas de precipitação pluvial

diária, com o intuito de relacioná-las ao Normalized Difference Vegetation Index (NDVI)

e as anomalias de TSM El Niño (Niño 1+2 e Niño 3), bem como ao Atlântico Tropical

Norte e Atlântico Tropical Sul. Para isso, eles utilizaram dados do período de 1935 a 2000

correspondentes a 44 postos pluviométricos distribuídos pelas microrregiões dos Estados

da Paraíba e do Rio Grande do Norte.

Os resultados evidenciaram que há correlação tanto entre as áreas de Niño 1+2 e

Niño 3 e as áreas do Atlântico Tropical Norte (com o índice de dias muito úmidos e índice

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40

de quantidade de chuva máxima em cinco dias) como entre as anomalias de TSM em áreas

de Atlântico Tropical Norte e Atlântico Tropical Sul (com o índice de dias consecutivos

secos). Isso levou os autores a concluírem que os índices de extremos de precipitação

pluvial sofrem influência do ENOS, tendo, desse modo, sua procedência advinda de

elementos tanto de escala global como local, que caracterizam a vegetação da Caatinga de

acordo com a correlação existente entre NDVI e os índices de extremos de chuva.

Em estudos posteriores, na Paraíba, foi verificada a existência de correlação de

índices de extremos de precipitação com as anomalias TSM dos oceanos Atlântico e

Pacífico. Com base em 23 postos pluviométricos para o período de 1935 a 2004, os

resultados confirmaram a maior correlação com o Atlântico. Além de revelar que, no

intervalo de tempo compreendido entre os anos de 1935 e 1969, aconteceu,

preponderantemente, incremento da precipitação pluvial no Estado da Paraíba; assim

como, no intervalo de tempo compreendido entre 1970 e 2004, ocorreu decréscimo da

precipitação. A causa desta alteração na tendência de índices extremos pode estar

associada a fontes de escala tanto mundial quanto regional, decorrente de fontes naturais

e da ação antrópica (NÓBREGA et al., 2014).

Um estudo sobre índices de extremos climáticos em diferentes microrregiões do

Estado do Ceará foi desenvolvido por Santos et al. (2009). Os autores utilizaram dados

referente ao período de 1935 a 2006, coletados em 18 postos pluviométricos. As análises

de Dias Consecutivos Secos (DCS) e do índice de Dias Consecutivos Úmidos (DCU)

indicaram que ocorreram mudanças locais na precipitação pluvial da região, fator que

proveu incremento na umidade, principalmente na região Norte do Ceará.

Os autores ressaltaram ainda que as mudanças constatadas resultaram tanto de

fontes globais como de fontes locais, resultante de ações antrópicas, como a má utilização

do solo e o desmatamento. Dados recentes de eventos de precipitação extrema para o Norte

do Ceará indicaram, ainda, incremento na veemência de secas e decréscimo de eventos

extremos de precipitação pluvial forte, o que difere de Santos et al. (2009) e denota

mudança de atuação fenômenos entre os intervalos de anos 1935 a 1970 e 1971 a 2006

(SANTOS e MANZI, 2011).

Também foram realizados estudos para o Estado do Piauí. Neles, foi verificada a tendência

tanto espacial quanto temporal com base nos índices de extremos climáticos para o período

de 1978 a 2010. Os resultados mostraram um aumento de tendência na quantidade de

precipitação pluvial durante o ano, além de evidenciar que para as regiões do sertão e do

agreste está ocorrendo acúmulo de precipitação anual no espaço de tempo de alguns dias

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41

apenas. Sendo que, para o sertão pernambucano, também se evidenciou o maior acúmulo

de eventos extremos, tanto excessivamente secos quanto excessivamente chuvosos

(NÓBREGA et al., 2015). Isso denota que os eventos extremos estão apresentando, ao

passar dos anos, ainda mais intensidade do que os eventos anteriores.

Estudos como os citados acima corroboram com o cenário de alterações nos

extremos de temperatura e precipitação, o que tem evidenciado mudanças climáticas não

apenas na esfera mundial, mas também em âmbito regional e até mesmo local. Na Tabela

2.2 é apresentado o resumo das recentes pesquisas para o NEB, indicando as metodologias

aplicadas e os resultados obtidos para cada região de estudo.

Tabela 1.2 - Pesquisa de índices de extremos climáticos para o Nordeste do Brasil.

INST. OBJETIVO DO ESTUDO MÉTODO ÍNDICES PRINCIPAIS RESULTADO

AUTORES A

N

O

UFCG

Verificação das tendências de índices de extremos climáticos da

precipitação pluvial diária, nos

estados do RN e PB com base em 44 postos, no período de 1935 a 2000.

E analise de relações com o IVDN

e anomalias de TSM nas regiões de Niño 1+2, Niño 3, Atlântico

Tropical Norte (ATN) e Atlântico

Tropical Sul (ATS).

Utilização

do

programa RClimDex

Rx1day

Rx5day

DCS

DCU

R50mm

R95p

R99p

SDII

PRCPTOT

Tendência de aumento das condições de umidade sobre os dois

estados. DCS correlacionado com

as anomalias de TSM das áreas ATN e

ATS. E correlação entre R95p e

Rx5day com as regiões dos Niño 1+2 e 3 e com a TNA.

SANTOS,

C.A;

BRITO,

J.I.B.

20

07

UFCG

INPA

Averiguação de tendências recentes

dos eventos extremos de

precipitação sobre o Estado do Ceará, utilizando dados

pluviométricos de 18 postos de

1971 a 2006. Associando-se esses eventos extremos às anomalias de

Temperatura da Superfície do Mar

(TSM) nos Oceanos Pacífico e Atlântico.

Utilizou-

se teste não

paramétric

o de Mann-

Kendalll

Rx1day

Rx5day

DCS

DCU

R95p

Aumento nas intensidades das secas

e diminuição dos eventos de

precipitação forte, com correlações negativas com as anomalias de

TSM nas regiões do Pacífico do

Atlântico Tropical Norte e positivas com a região do Atlântico Tropical

Sul.

SANTOS,

C.A;

MANZI, A.

O.

20

11

UFCG

Foram obtidas tendências em

índices de extremos climáticos com dados de precipitação do ERA40

referentes ao período de 1961 a

2001 para a parte norte do Brasil que inclui grande parte da Bacia

Amazônica e do Nordeste do Brasil.

Utilização

do

programa RClimDex

Rx1day

Rx5day

DCS

DCU

SDII

R10mm

R20mm

R50mm

R95p

R99p

PRCPTOT

Foram encontrados maiores valores

de precipitação em um dia, número

de dias chuvosos, precipitação máxima em 5 dias consecutivos e o

número de dias anuais com

precipitação intensa. Com tendências crescentes para a

maioria dos pontos de grade da

região de estudo. As tendências negativas são principalmente

limitadas para Mato Grosso e sul do

Pará onde o desmatamento no período de estudo foi intenso.

SANTOS, C.A;

BRITO, J.I.B.

CARLOS, H.F;

DANTAS, L. G.

20

12

20

12

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42

UFRN

UFCG

Estimativa e análise de índices de

detecção e monitoramento de

mudanças climáticas, decorrentes da precipitação diária, para o

Estado de Piuaí com dados de

precipitação totais diários de 26 localidades, anomalias de TSM

(1964 a 2006) e IVDN mensais e

(1982 a 2001)

Utilização

do programa

RClimDex

Rx1day

Rx5day

DCS

DCU

SDII

R10mm

R20mm

R50mm

R95p

R99p

PRCPTOT

Diminuição da precipitação total

anual, da intensidade simples diária da precipitação, dos dias

consecutivos úmidos, dos dias com

chuva superior a 20mm/dia e inferior a 50mm/dia, e aumento dos

dias consecutivos secos. O número

de dias consecutivos secos, número de dias no ano com chuvas acima de

10mm/dia e intensidade simples

diária de precipitação são dependentes dos padrões de

anomalias de TSM nos Oceanos Pacífico Equatorial e Atlântico

Tropical.

SANTOS, P.

V;

SANTOS, R;

COUTINHO

, D.L.

20

13

UFCG

UEPB

UFRN

Cálculo de tendências de índices

extremos de precipitação sobre a Paraíba, utilizando dados de

precipitação diária (1935 a 2004)

correspondentes a 23 postos pluviométricos (INMET). E

correlação com as anomalias de

Temperatura da Superfície do Mar (TSM) dos Oceanos Atlântico e

Pacífico

RClimDex

aplicação

do método

dos mínimos

quadrados

e; o teste de Mann-

Kendalll.

Rx1day

Rx5day

R10mm

R30mm

DCS

DCU

SDII

PRCPTOT

Tendência aumento da precipitação de 1935 a 1969, e tendência de

redução das precipitações de 1970 a

2004.

NÓBREGA,

J.N;

SANTOS,

C.A;

GOMES, O.M;

BEZERRA,

B.G;

BRITO,

J.I.B.

20

14

UFPE

UFCG

Analise de tendência espacial e

temporal da precipitação

pluviométrica do Estado de Piuaí, com dados de precipitação

pluviométrica diária foram

oriundos do Climate Prediction Center (CPC) relativos ao período

de 1978 a 2010.

Utilizou-

se a

técnica dos quatis.

Rx1day

Rx5day

R95p

R99p

DCC

DCS

PRCPTOT

Predominância de tendência

positiva na precipitação anual, com

exceção da mesorregião da Região Metropolitana. E para o Agreste

Pernambucano predominância de

episódios extremamente secos.

NÓBREGA,

J.N;

FARIAS, R.

F. L;

SANTOS, C.A;

20

15

Fonte: Elaborado pelo autor, 2017.

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43

CAPÍTULO III

MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Área de estudo

A área de estudo refere-se a um recorte do NEB que abarca parte dos Estados do

Rio Grande do Norte, da Paraíba e do Piauí. Esta área foi escolhida com base no Plano

Integrado para o Combate Preventivo aos Riscos de Secas no Nordeste (CARVALHO et

al., 2003). Foram aqui consideradas localidades nos Estados do Rio Grande do Norte e da

Paraíba, que apresentam forte atividade ceramista, e uma localidade no Estado do Piauí,

que não apresenta nenhuma indústria de cerâmica. Vale salientar também que ambas as

localidades estão inseridas dentro da área do semiárido com incidência de seca no

percentual de 81 a 100% (Figura 3.1).

Figura 3.1- área de estudo escolhida com base no índice de seca.

Fonte: CARVALHO, et al., 2013.

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44

Cobrindo totalmente as mesorregiões do Centro Potiguar, Oeste Potiguar,

Borborema e Sertão Paraibano, além de parte da região Agreste em ambos os Estados. A

região tem uma área de cerca 87.000 km2, tendo em torno de 288 municípios e

apresentando população estimada de 3.015.793 habitantes (IBGE, 2014). Limitando-se

em seu extremo Norte com o Oceano Atlântico, ao Sul com o Estado do Piauí, ao Leste

com as mesorregiões do Leste Potiguar e da Mata Paraibana e a Oeste como Estado do

Ceará.

A região apresenta ainda três principais bacias hidrográficas. As bacias de rio

Piranhas-Açu, Apodi-Mossoró e Rio-Paraíba. Dentre elas, destaca-se a Piranhas-Açu por

apresentar maior área, correspondente a 43.681,50 km2, e por ser partilhada entre os

Estados do RN e da PB. A segunda bacia de maior destaque territorial é a Rio Paraíba.

Localizada no Estado da PB, cobre uma área correspondente a 20.071,83 km2. E, por fim,

a Apodi-Mossoró: localizada no território do RN, com área de 14. 276,00 km 2. Além

dessas, dentro da região do campo de estudo, existem ainda bacias menores e menos

representativas, como as dos rios Ceará-Mirim, Potengi, Trairi, Jacu e Curimataú,

Camaratuba, Guaju, Gramame, Miriri, Abiaí.

A presença dessas bacias hidrográficas é de suma importância para a indústria da

cerâmica, pois são elas que possibilitam a formação da matéria-prima nas condições

necessária para a fabricação. Este é o fator que justifica os interiores dos Estados

apresentarem forte atividade ceramista, pois são essas condições ambientais que

fortalecem a produção micro e pequenas empresas.

Em consequência da presença das bacias hidrográficas e dos altos índices de

insolação, os solos da região se classificam como: Planos solo Solódico, que apresenta

fertilidade natural alta, textura arenosa e argilosa, relevo suave ondulado, imperfe itamente

drenado e raso; e Bruno não Cálcico Vértico5, de fertilidade natural também alta, textura

arenosa/argilosa e média argilosa, relevo ondulado, rasos, moderadamente drenados sendo

vulnerável à erosão (PFALTZGRAFF, 2010).

A vegetação é característica do bioma caatinga, no qual as principais espécies são:

angico, aroeira, braúna, catingueira, jurema, juazeiro, marmeleiro, mandacaru,

umbuzeiro, imburana e pau-branco. São espécies que naturalmente passam por longos

5 “Solos que apresentam uma tendência natural muito forte à erosão, com um escoamento superficial médio

(L600 = 37 mm), podendo variar, quando erodidos, para (L600 = 60 mm ou superior). ” ( PFALTZGRAFF,

2010, p. 124)

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45

períodos de escassez e tem desaparecido gradativamente diante do cenário histórico de

queima e extração dessa vegetação – em decorrência das atividades econômicas e da ação

antrópica, caracterizando um meio biótico de elevado grau de degradação.

Como característica de sua localização na região Norte do semiárido brasileiro, a

região de estudo apresenta acúmulo de precipitação no primeiro semestre e carência no

segundo, com registros de precipitação iniciando-se no outono devido à frequência dos

ventos alísios, que ocasionam a presença da ZCIT mais ao Sul e intensificam a

convergência de umidade, propiciando a ocorrência de precipitação (REIBOTA et al.,

2010). Ainda é susceptível a variações no regime de precipitação devido a padrões de

teleconexões de escala global, como o ENOS que reduz a movimentação convectiva no

NEB, por meio da alteração espacial das correntes de circulação de ascendência e

subsidência da célula de Walker (FERREIRA e MELLO, 2005). A região apresenta ainda

o nível de insolação oscilando entre sete a oito horas entre os meses de janeiro a julho; e

de oito a nove horas no período de agosto a dezembro.

3.2. Localização das Indústria de Cerâmica Vermelha

Baseando-se nos critérios de identificação principal, em que as reservas de extração

de argila para produção de cerâmica vermelha estão situadas a cerca de 50 km das

indústrias (BARBA et al., 1997; MOTTA et al., 2001), identificou-se cerca de 342

empresas localizadas dentro da área de estudo, sendo 192 no território do Estado do Rio

Grande do Norte e 150 empresas no Estado da Paraíba.

Em geral, as empresas então localizadas em posições estratégicas das bacias

hidrográficas, ou seja, não muito distantes dos rios, de forma a se agruparem em polos

cerâmicos. Esse comportamento já havia sido documentado no Diagnóstico da indústria

de cerâmica vermelha para o Rio Grande do Norte (SEBRAE, 2013) e no Mapeamento

de argila para o Estado da Paraíba (MENEZES, 2001).

No Estado do Rio Grande do Norte têm-se sete polos cerâmicos: Bacia do Potengi,

Bacia do Trairí Jacu, Bacia do Curimataú, Baixo Assu, Bacia do Seridó, Chapada do

Apodi e Zona centro e Serrana (Figura 3.2). Enquanto que na área que corresponde ao

estado da Paraíba são dois polos principais: um que corresponde às cidades da Zona da

Mata e do Agreste paraibano, tendo como foco principal o município de Santa Rita; e

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46

outro que corresponde ao interior do Estado, tendo como foco o município de Santa Luzia

(Figura 3.3).

Figura 3.2- Polos cerâmicos no estado do Rio Grande do Norte de acordo com o Diagnóstico da Cerâmica

Vermelha.

Fonte: SEBRAE, 2013.

Figura 3.3.- Polos Cerâmicos no estado da Paraíba.

Fonte: Menezes et al., 2001; SINDECER, 2015.

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47

3.3. Pontos de Extração de Dados

Com base no mapeamento e no agrupamento em polos das indústrias, foram

escolhidas as localidades para a extração de dados dentro da área de estudo. Dentro de

cada polo cerâmico foi escolhido um ponto (localidade) para extração dos dados.

A escolha quanto as localidades (polos) se deu com base no número de cerâmicas

por região. De modo que, nos polos cerâmicos, as cidades com o maior número de

cerâmicas em seus territórios foram escolhidas como ponto para extração dos dados. Desse

modo, foram selecionadas as cidades com o maior número de cerâmica nos Estados do

Rio Grande do Norte e Paraíba. Para tese de comparação, foi escolhido uma localidade na

qual não houvesse registro de atividade ceramista.

Para essa escolha levou-se em consideração três fatores importantes, são eles: 1)

nessa localidade não poderia haver indústrias de cerâmica vermelha; 2) a localidade

também não poderia ter proximidade de polos cerâmicos para que não sofresse influência

das atividades ceramistas praticada nessas áreas; 3) e deveria apresentar as mesmas

características climatológicas dos polos anteriormente escolhidos, ou seja, índice de

aridez, precipitação e radiação compatíveis de acordo com o Plano Integrado para o

Combate Preventivo aos Riscos de Secas no Nordeste (CARVALHO et al., 2003).

Satisfazendo a esses critérios escolheu-se parte da área correspondente ao Estado do Piauí

para seleção do polo neutro. Nesse Estado tem-se registro de apenas 42 empresas em todo

seu território e na localidade escolhida não há registro de nenhuma indústria de cerâmica

nem atividade ceramista em suas proximidades.

Ao total, têm-se sete polos no estado do Rio Grande do Norte, deste, cinco

encontra-se dentro da área de estudo, e quatro mostram-se como mais representativos, de

modo que apenas esses foram considerados. São eles: Bacia do Trairí Jacu, Bacia do

Curimatau, Baixo Assu, e Chapada do Apodi. Enquanto que no estado da Paraíba tem-se

dois polos principais, no entanto, apenas o polo referente ao interior do Estado encontra -

se dentro da área de estudo. Dessa forma, totalizam-se seis localidades para extração de

dados, ilustradas na Figura 3.4 abaixo. Em que quatro correspondem ao Estado do Rio

Grande do Norte, um ao Estado da Paraíba e um ao Estado do Piauí.

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48

Figura 3.4 - Localização dos polos escolhidos dentro dos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí.

Fonte do autor, 2017.

As localidades apresentam ainda topografias diversificadas, oscilando no geral

entre 50 a 500 metros de altitude (Figura 3.5). O polo P1 tem topografia caracterizada

entre duas formas de relevo de maior altitude. Ocorrendo entre os Tabuleiros Costeiros e o

Planalto da Borborema. Suas feições estão entre 200 a 400 metros de altitude com presença

de serras e depressão sub-litorânea - terrenos rebaixados e localizados.

O polo P2 tem características semelhantes, também com presença de serras, além da

Depressão Sertaneja, formada pelos terrenos baixos situados entre as partes altas do

Planalto da Borborema e da Chapada do Apodi que variam de 200 a 400 metros de altitude

(CPRM, 2005).

O polo P3, porém se diferencia com topografia variando entre 30 e 200 m. Seu

relevo é caracterizado por uma feição que ocupa a parte sul com registros de altitude média

de 150 m. Sua segunda feição é formada por sedimentos que constituem o altiplano da

Chapada do Apodi.

O polo P4, semelhante ao P3, também apresenta relevo com menos de 100 de

altitude, com Depressão sub-litorânea, formada por terrenos rebaixados, localizados entre

os Tabuleiros Costeiros e o Planalto da Borborema. Além da Depressão Sertaneja formada

por terrenos baixos com localização próxima as parcelas altas do Planalto da Borborema

e da Chapada do Apodi (CPRM, 2005).

P1

P2

P3 P4

P5

P6

POLO 1 Santa Cruz

POLO 2 Parelhas

POLO 3 Apodi

POLO 4 Itajá

POLO 5 Santa Luzia

POLO 6 Simões

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49

Fonte: World Topographic Map (ArcGisWTM) editado, 2017.

A) P1 B) P2

C) P3 D) P4

E) P5 F) P6

Figura 3.5 - Mapa topográfico dos polos a) P1, B) P2, C) P3, D)P4, E) P5 E F) P6.

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50

O polo P5 correspondente ao estado da Paraíba e se caracteriza por presença de

serra elevadas chegando a 880 metros. Em sua topografia verifica-se ao sudoeste relevo

variando de ondulado à fortemente ondulado. E ao norte registra-se a ausência de

declividades elevada, com o relevo apenas de ondulado à suavemente ondulado (CPRM,

2005).

Por fim, o polo P6 correspondente ao estado do Piauí tem sua topografia

caracterizada por relevo de chapadas baixas e suavemente onduladas, com variações de

150 a 300 metros. Bem como a feição de relevo plano variando entre 400 a 500 metros de

altitudes. Além dos relevos mais acentuados encontrado nas serras, morros e colinas, que

tem sua altitude variando de 150 a 500 metros (JACOMINE et al., 1986).

Diferentemente da topografia, a direção do vento tem comportamento bem

semelhante para todos os polos. O resumo das informações a respeito dos polos é mostrado

na Tabela 3.1. De modo geral, é visível na Figura 3.6 que a direção predominante do vento

para o NEB se dá de Leste com flutuações para Sudeste e Nordeste ao longo dos meses

(DANTAS, et al., 2002).

Tabela 2.1 - Informações gerais dos polos adotados para extração de dados.

Fonte do autor, 2017.

Polo

Cerâmico

Cidade Nº De

Cerâmicas

Latitude Longitude Altitude

Média

Direção

do

vento

POLO 1 Santa

Cruz

6 -6.251912 -35.867023

247 m

Sudeste

POLO 2 Parelhas

33 -6.681783 -36.667592 275 m

POLO 3

Apodi 5 -5.677382 -37.781088 58 m

POLO 4 Itajá

15 -5.607596 -36.913178 34 m

POLO 5 Santa

Luzia

7 -6.892825 -36.884487 302 m

POLO 6 Simões 0 -7.637210 -40.790431 426 m

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51

Figura 3.6 - Distribuição da direção do vento para o NEB ao longo dos meses referentes ao período de

1961 a 1990.

Fonte: INMET (editado), 2016.

3.4. Material

Os dados foram obtidos a partir de um conjunto de 735 sítios de coleta dispostos

em todo território nacional, e correspondem ao período de 01 de janeiro de 1980 a 31 de

dezembro de 2013. Sendo reunidos, tratados e disponibilizados por Xavier et al. (2015),

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52

os quais foram obtidos por meio de Plataformas de Coleta de Dados (PCD); de estações

meteorológicas convencionais e Estações Automáticas (EMA) do Instituto Nacional de

Meteorologia (INMET); de estações hidrometeorológicas da Agência Nacional de Águas

(ANA); e da rede do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE).

Ressalta-se que, os dados da ANA e do DAEE limitam-se apenas a dados de precipitação

(PRP, mm), enquanto que o INMET coleta esta e as demais variáveis, como: temperatura

máxima (Tmax, ºC) e mínima (Tmin, ºC), umidade relativa (RH, %), radiação solar (Rs,

MJm-2) e velocidade do vento a altura de 2 m (u2, ms-1).

O banco de dados das variáveis supracitadas em grade tem resolução espacial de

0,25º lat X 0,25º long (equivalente a aproximadamente 28 km na região equatorial).

Segundo os autores, os dados brutos foram sujeitos à verificação e ao controle de

qualidade (Tabela 4), com o objetivo de remoção dos valores atípicos em busca da

homogeneidade. Posteriormente, eles aplicaram um teste qualitativo visual da

homogeneidade de cada conjunto de dados, por intermédio da simples comparação entre

as estações próximas. Nesse teste, se traçou uma série temporal com base nos dados de

uma PCD central, juntamente com a média das cinco estações meteorológicas vizinhas,

de modo a identificar a ausência de homogeneidade na tendência da série temporal

originária e remover os dados correspondestes na estação central (Tabela 3.3.).

Tabela 3.2. - Testes de validação aplicados aos dados. Variável Teste Referências Pontos Removidos

PR (mm), 0⪯ PR <450 Liebmann e Allured (2005) 92

Tmax, Tmin (ºC) -30⪯ Tmax,Tmin<50 Shafer et al. (2000) 0

RH (%) 0⪯RH<100 -- 0

Rs, (MJm-2) 0,03 Rum⪯ Rs < Rum Mordi (2000) 70

u2 (ms-1) 0⪯ u<100 Shaferet al. (2000) 0

Fonte: Xavier et al., (2015).

Tabela 3.3. - Relação da quantidade de dados descartados na verificação da homogeneidade.

Variável Estações com problemas de

homogeneidade

Pontos de dados

retirados

% do total de dados

removidos

Tmax 3 1186 0,02

Tmin 13 21108 0,36

Rs 24 8484 0.14

RH 5 2116 0,03

u2 7 12008 0,20

Fonte: Xavier et al., (2015).

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53

Estes testes, no entanto, não foram aplicados à precipitação devido ao baixo

número de estações meteorológicas em algumas áreas mais isoladas do Brasil, o que torna

inviável a realização de um teste de homogeneidade mais objetivo, pois a distância entre

as estações impossibilita a elaboração de uma série de referência, dificultando assim a

interpretação (HAYLOCK et al. 2006).

A evapotranspiração (ETO), por sua vez, foi calculada com base nos dados das

variáveis anteriores por meio do método de Penman-Monteit (ALLEN et al, 1998; RAES,

2012; XAVIER, 2015) adotado pela Organização para Alimentação e Agricultura das

Nações Unidas (FAO).

𝐸𝑇𝑂 = 0,408 ∆ (𝑅𝑛−𝐺)+𝛾

900

𝑇+273 𝑢2 (𝑒𝑆− 𝑒𝑎)

∆+𝛾(1+0,34 𝑢2) (1)

Em que: Rn é a radiação líquida (ou seja, o balanço entre a radiação solar e a

radiação terrestre); G é a densidade do fluxo de calor no solo; T e u2 são a temperatura e

a velocidade do vento a 2m, respectivamente; es e ea representam a pressão do vapor de

saturação (kPa) e a pressão do vapor real (kPa) respectivamente, tendo (e s – ea) como

déficit de vapor de pressão de saturação (kPa), em que ∆ representa a curva de inclinação

de vapor (kPa ºC-1) e 𝛾a constante psicométrica (kPaºC-1).

Os autores consideraram importante ainda interpolar todas as variáveis por meio

de seis diferentes métodos: a média aritmética, a interpolação natural, o thinplate, o

inverso da distância ponderada, a distância angular ponderada e a kringagem do ponto

ordinário. Para cada um dos métodos fora ainda utilizado a validação cruzada entre as

cinco PCD’s mais próximas, no intuito de identificar o método mais preciso para cada

uma das variáveis estudadas. Feito isso, foi por eles percebido que o método do inverso

da distância ponderada e método da distância angular ponderada estabeleceram

interpolações mais precisas para todas as variáveis, sendo a velocidade do vento a menos

precisa dentre estas. Os autores consideram ainda que, com o passar dos anos, as

estimativas tornar-se-ão cada vez mais precisas devido ao acréscimo de estações.

Na presente pesquisa, este banco de dados foi utilizado para extração das séries

temporais dos pontos de grade para análise do comportamento das variáveis

micrometeorológicas referentes à área de estudo. Com base nesses dados, foram

calculados os índices de extremos climáticos.

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54

3.5. Metodologia

3.5.1. Análise de Tendência

Com o banco de dados em pontos grade de 34 anos, com resolução a espacial

favorável aos objetivos de pesquisa, foram calculadas as tendências climáticas para as

variáveis precipitação, temperatura máxima, temperatura mínima, evapotranspiração,

velocidade do vento, umidade relativa e radiação solar. Para tal, utilizou-se o teste de

Mann-Kendall, adotando nível de significância de 5%.

Para realização dos cálculos de tendência temporais e de índices de extremos

climáticos foi utilizado o teste de Mann-Kendall (MANN, 1945; KENDALL, 1975),

recomendado pela OMM para estudos de tendências climáticas (YU et al., 2002).

Fundamentalmente, o teste de Mann-Kendall constata sequencialmente os valores da série

temporal através do cálculo de quantas vezes maior são os valores restantes da série

quando comparados com um valor analisado, em que a estatística é alcançada por meio

do somatório de todos esses cálculos, como indicado na equação abaixo:

𝑆 = ∑ ∑ sin 𝑎𝑙

𝑖=1

𝑗=1

𝑛

𝑖=2

( 𝑥𝑖 − 𝑥𝑗)

(2)

Em que, si n 𝑎𝑙 ( 𝑥𝑖 − 𝑥𝑗) obedece às situações:

-1 para xi − x j < 0; 0 para xi − x j = 0; 1 para xi − x j > 0 .

Com média e a covariância definidas respectivamente, a partir de:

𝐸 [𝑆] = 0 𝑉𝑎𝑟 (𝑆) =

1

18 [𝑛 (𝑛 − 1)(2𝑛 + 5)

(3)

Em que, n representa o tamanho da série temporal; q é o número de valores

desiguais; e tp número de passos até que se alcance o valor p da série. E os valores xi e xj

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55

correspondem a série anula ou sazonal nos anos i e j. Em que o teste Z obtém-se pela

equação abaixo:

𝑍 = 𝑠 − 1

√𝑉𝑎𝑟 (𝑆) 𝑠𝑒 𝑆 > 0

(4)

𝑍 = 0 𝑠𝑒 𝑆 = 0 (5)

𝑍 = 𝑠 + 1

√𝑉𝑎𝑟 (𝑆) 𝑠𝑒 𝑆 < 0

(6)

O valor Z é, portanto, utilizado para avaliar a existência de tendência

estatisticamente significativa dentro da série temporal que apresente distribuição normal,

Z positivo denota existência de tendência crescente. Para verificação de tendência

crescente ou decrescente, pode-se descartar a hipótese nula desde que, o valor absoluto de

Z seja superior a 𝑍1−∝2⁄, o que é verificável através de consulta na Tabela de distribuição

normal (SILVA; FELIX, et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2014).

3.5.2. Cálculo dos Índices de Extremos Climáticos

Os incides de extremos climáticos foram calculados com base na metodologia

proposta por ZHANG e YANG (2004). Para cada série temporal extraída dos dados do

Xavier et al., (2015) sobre a região de estudo, fez-se necessário os seguintes

procedimentos:

Controle de qualidade visual dos dados diários obtido por intermédio da

organização dos arquivos em ASCII, estruturados em seis colunas atribuídas

ao ano, mês, dia, precipitação (mm), índice de temperatura máxima (ºC) e

índices temperatura mínima (ºC), respectivamente;

Substituição de dados faltosos e não significativos (codificados como -99.9)

em um formato que fosse reconhecido pelo R. (Canadian International

Developmente Agency, 2004).

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56

A partir disso serão calculados índices de extremos climáticos para os estados do

Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí dispostos na Tabela 3.4 a seguir.

Tabela 3.4 - índices de extremos climáticos de precipitação e temperatura adotados na pesquisa.

Identidade Nome do Indicador Definições de Indicadores Unidade

CCD Dias secos consecutivos Número máximo de dias

consecutivos com RR<1mm dias

CWD Dias úmidos consecutivos Número máximo de dias

consecutivos com RR>1mm dias

R95p Dias muito chuvosos Porcentagem anual em que RR>95 mm

R99p Dias muito chuvosos Porcentagem anual em que RR>99 mm

RX1day Montante de prec.m.1 dia

1 dia mm

RX5day Montante de prec.m.5 dias

5 dias mm

Tn10p Noites frias Porcentagens de dias quando

Tn<10, percentil %

Tx10p Dias frios Porcentagens de dias quando

Tx<10, percentil %

Tn90p Dias quentes Porcentagens de dias quando

Tn>90, percentil %

Tx90p Noites quentes Porcentagens de dias quando

Tx>90, percentil %

TXn Temperatura mínima da

máxima Valor mensal mínimo de Tx diária

ºC

TXx Temperatura máxima da

mínima Valor mensal máxima de Tx diária

ºC

TNn Temperatura mínima da

mínima Valor mensal mínimo de Tn diária

ºC

TNx Temperatura máxima da

mínima Valor mensal máxima de Tn diária

ºC

ATD Amplitude térmica diária Diferença média mensal entre TX e

TN

ºC

R10mm Número de dias de

precipitação intensa

Contagem anual quando a

precipitação ≥10 mm Dias

R20mm Número de dias de

precipitação muito pesados

Contagem anual quando a

precipitação ≥ 20 mm Dias

PRCPTOT Precipitação dia de chuva

anual total

Precipitação total anual de dias ≥ 1

mm Milímetros

Fonte: Alexander et al., (2006). Adaptado .

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57

CAPÍTULO IV

RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. Distribuição Mensal

Adiante são apresentadas as distribuições mensais das variáveis de estudo para os

polos analisados.

A Figura 4.1 apresenta a distribuição mensal da radiação solar nos polos P1, P2,

P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta, percebe-se que a distribuição mensal

da variável é semelhante para todos os polos. Apesar de disto, sabe-se que o NEB

apresenta variabilidade heterogênea para radiação (LIMA, 2015). Em que sua

variabilidade é justificada de acordo com a topografia, o grau de nebulosidade e a atuação

dos sistemas atmosféricos (ALVES, 1981).

Dessa forma, os valores máximos de radiação são obtidos nos meses: dezembro,

janeiro e fevereiro. E posteriormente, nos meses de setembro, outubro e novembro,

período no qual ocorre a estação seca no NEB. Nesse período, a nebulosidade associada à

ZCIT encontra-se mais ao Norte do Oceano Atlântico (MOLION; BERNARDO, 2002).

Na ausência de nebulosidade, a radiação direta pode corresponder de 60 a 87% da

radiação global (LESTRADE et al. 1990). Desse modo, a ausência de nebulosidade

favorece a registros de valores mais elevados de radiação na superfície da Terra. No

entanto, com a presença de nebulosidade, parte da radiação reflete nas nuvens voltando

diretamente ao espaço, enquanto que apenas uma segunda parcela da energia é refletida

para o solo. Como apenas uma parcela da radiação chega a terra, nesses meses tem-se

registro de valores mais baixos da radiação solar na superfície. Logo, no período

correspondente aos meses de dezembro, janeiro, fevereiro e setembro, outubro e novembro

os polos se apresentam baixos índices de nebulosidade associados a valores elevados de

radiação.

Por outro lado, no período compreendido entre os meses de abril a julho, registram

valores mais baixos de radiação solar. Isso se deve principalmente ao movimento de

translação da Terra e a sua órbita elíptica. Em que se caracterizam períodos de menor

intensidade quando a Terra se encontra mais distante do Sol (afélio) (SILVA, et al., 2010).

Outros fatores como a interação entre a convecção sob influência de Sistemas frontais e a

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58

variação interanual também, como El Niño e La Ninã (LIMA, 2015) podem também está

relacionado aos fenômenos climáticos que interferem na taxa de radiação.

Figura 4.1 – Distribuição mensal da radiação solar nos polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de

1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

A Figura 4.2 apresenta a distribuição mensal da temperatura mínima nos polos P1,

P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta, nota-se que os menores valores

de temperatura mínima para os polos ocorrem nos meses de junho a agosto, porque a

presença de maior nebulosidade e menor radiação solar neste período resulta em registros

dos valores mínimos de temperatura.

E A Figura 4.3 apresenta a distribuição mensal da temperatura máxima nos polos

P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013, na qual vê-se como esperado, um

comportamento semelhante ao da temperatura mínima. No período de maior nebulosidade

e menor radiação solar, os valores mínimos tem-se os valores mínimos oscilando entre de

30°C a 32°C para os polos P2 ao P6. E entre 28°C a 30°C para o P1. Na situação oposta,

com ausência de nebulosidade e alto índice de radiação solar, os valores oscilando em

entre 34°C a 36°C para os polos P2 a P6 e 30°C a 32°C para o polo P1.

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59

Figura 4.2 – Distribuição mensal da temperatura mínima nos polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período

de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

Figura 4.3- Distribuição mensal da temperatura máxima nos polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período

de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

A Figura 4.4. apresenta a distribuição mensal da evapotranspiração nos polos P1,

P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta, tem-se os maiores registros,

inicialmente, nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro e posteriormente nos meses de

setembro, outubro e novembro, oscilando entre 6 a 8 mm dia-1. Os registros menores

correspondem aos meses entre abril e junho, oscilando entre 4 a 6 mm dia -1. Tal

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60

distribuição coincide com a sazonalidade da radiação solar, uma vez que a

evapotranspiração depende da quantidade de energia disponível na superfície, que varia

de acordo com a distribuição da radiação solar. Pois o aumento da radiação solar acarreta

também aumento da temperatura, que é um dos fatores que corroboram para aumento da

taxa de evapotranspiração (BEZERRA, 2006).

Figura 4.4. - Distribuição mensal da evapotranspiração nos polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período

de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

A Figura 4.5 apresenta a distribuição mensal da umidade relativa nos polos P1, P2,

P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta, tem-se a concentração de umidade

entre os meses de abril a junho. A concentração da umidade relativa nesses meses é

consequência da alta taxa de evapotranspiração, que aumenta os fluxos de vapor d’água

para a atmosfera. Os polos P1, P3 e P6 têm fluxos máximos entre 75% e 85%, enquanto

que em P2, P4 e P5 os fluxos estão entre 70% e 75%.

A Figura 4.6 apresenta a distribuição mensal da velocidade do vento nos polos P1,

P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta, tem-se os valores máximos

entre 3 e 4m/s nos polos P1, P2, P3, P4, P5. No polo P6 apresenta registo de maior

intensidade, variando entre 4 a 5m/s. Apesar disso, todos os polos apresentam

distribuições semelhante ao longo dos meses. Com os valores mínimos concentrados nos

meses de fevereiro e março, devido à aproximação da nebulosidade atribuída à ZCIT. E

os valores máximos nos meses seguintes, devido ao aumento de pressão quando a ZCIT

está localizada mais próxima das latitudes equatoriais (SILVA, 2003).

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61

Figura 4.5 - Distribuição mensal da umidade relativa nos polos P1, P2, P3, P4 e P5 para o período de 1980

a 2013.

Fonte do autor, 2016.

Figura 4.6 - Distribuição mensal da velocidade do vento nos polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período

de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

A Figura 4.7 apresenta a distribuição mensal da precipitação nos polos P1, P2, P3,

P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta, observa-se que a distribuição dos

valores máximos de precipitação ocorre predominantemente nos primeiros meses do ano,

devido à localização da ZCIT mais ao (HASTENRANTH, 1977). Dentre as variáveis aqui

estudas, a precipitação pluviométrica é a que apresenta maior variabilidade entre os polos.

Molion e Bernardo (2007) salientam que essa é a variável mais importante na climatologia

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62

dos trópicos. Sendo também uma das variáveis mais difíceis de se observar com precisão,

uma vez que se dispõe de poucas estações, com muitas localidades limitadas e devem se

considerar ainda os erros de instrumentação e incidentes de exposição. Sua importância

se deve a sua relação direta com o ciclo hidrológico, fator primordial para a sobrevivência

e desenvolvimento de vida no planeta (VICENTE, 2004). Logo, fenômenos relacionados

ao ciclo hidrológico, como secas e enchentes, causam problema sociais e ambientais. Um

exemplo disso é o setor agrícola que é afetado pela ocorrência de eventos extremos de

precipitação (SILVA, et al., 2012). Por isso, faz-se importante, conhecer a distribuição e

a variabilidade da precipitação dos polos de estudo.

Assim tem-se valores máximos de precipitação para o polo P1 nos meses de

dezembro, janeiro, abril e julho. No polo P2, entre nos meses de dezembro, março e abril.

Para o polo P3 nos meses de janeiro, março e abril. Para P4 nos meses de fevereiro, março

e maio. Em P5 entre os meses de março a abril. E por fim, em P6 a precipitação máxima

se dá nos meses de janeiro, fevereiro e março.

Figura 4.7 - Distribuição mensal da precipitação nos polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980

a 2013.

Fonte do autor, 2016

Para os polos P2, P3, P4, P5, e P6, o mês de março está entre os três meses de

maior precipitação, de acordo com o sugerido por SILVA et al., (2012) para o NEB. O

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63

polo P1 apesar de não ter forte precipitação no mês de março, aponta intensa precipitação

no mês de julho, fato que não ocorre nos demais polos. Essa característica foi atribuída a

sua localização, já que este polo é o mais próximo da região litoral do estado do Rio

Grande do Norte, onde os registros de precipitação máxima ocorrem no mês de junho

(SILVA et al., 2012).

4.2. Distribuição Interanual

Adiante, são apresentadas as distribuições das variáveis ao longo dos anos para as

localidades onde se situam os polos estudados.

A Figura 4.8 (a-f) apresenta a distribuição média anual da radiação solar nos polos

P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta, é possível identificar a alta

variabilidade da radiação ao longo do tempo. Nota-se, que os polos apresentam valores

similares devido à proximidade. Também, é possível perceber que os valores médios de

radiação solar são de aproximadamente 19 MJ/m2.dia, valor que está em consonância com

a climatologia da região.

Considerando que, trata-se da variabilidade anual de radiação, o seu comportamento

estabelece relação com a presença de El Niño ou La Niña. Observam-se valores menores

de radiação para todos os polos durante o El Niño forte de 1982, a La Niña fraca de 1984,

o El Niño moderado de 1986, bem como o forte ocorrido de 1990 a 1993 e o fraco ocorrido

durante nos anos de 2009 e 2012. Os valores maiores foram registrados durante a La Niña

de 2009 e 2011.

Em outras palavras, percebe-se que em anos de El Niño, os valores de radiação

solar são menores, ao passo que em anos de La Niña são maiores. Tal situação deve-se ao

fato de os fenômenos de El Niño estarem relacionados à incidência de períodos chuvosos,

que por consequência, ocasionam mais cobertura das nuvens e aumento a atenuação da

radiação de onda curta (GRIMM et al., 1998).

Ressalta-se que, a radiação solar é responsável pelo aumento da temperatura, da

velocidade do vento, da evapotranspiração, bem como pela diminuição da umidade

relativa. Com base na sua relação direta com a temperatura, percebe-se que os picos

mínimos de radiação, para os polos estudados, situam-se nos períodos de maior

precipitação, nos quais tem-se os valores máximos das temperaturas mínimas.

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64

Percebe-se ainda que a distribuição da variável nos polos P2, P3, P4, P5 e P6

caracteriza-se com um aumento da intensidade a partir do ano 2000. O polo P1, porém

apresenta distribuição oposta, no qual partir do ano 2000 tem-se diminuição da intensidade

dos valores médios de precipitação, voltando a apresentar pico crescente de precipitação

somente no ano de 2012.

Figura 4.8 (a – f) - Distribuição da média anual da radiação solar nos polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P4 e e)

P5 para o período de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

A Figura 4.9 (a-f) apresenta a distribuição da média anual da temperatura mínima

nos polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta, notam-se valores

médios de 22ºC, de acordo com a climatologia da área em estudo. Valores maiores para

os polos P1, P5 e P6 durante a La Niña fraca de 1984 e para os Polos P2, P3 e P4 durante

o El Niño forte ocorrido em 1982. Tem-se ainda registro de valores maiores para os Polos

P1, P2, P4, P5 e P6 durante o forte El Niño de 1993 e paras os Polos P5 e P1 referentes às

La Niña fortes de 2008 e 2011, respectivamente. Os menores valores são verificados para

os polos P1, P2, P3 durante a La Niña moderada de 2001 e para o Polo P1 durante o fraco

El Niño de 2009.

21,18 21,24 20,97

18

19

20

21

22

23

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013Rad

iaçã

o s

ola

r (M

Jm-1

)

Anos

a) P1

21,5 21,4121,76

18

19

20

21

22

23

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Rad

iaçã

o s

ola

r (M

Jm-1

)

Anos

b) P2

21,6621,99

22,83

18

19

20

21

22

23

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Rad

iaçã

o s

ola

r (M

Jm-1

)

Anos

c) P3

21,3921,52

21,99

18

19

20

21

22

23

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Rad

iaçã

o s

ola

r (M

Jm-1

)

Anos

d) P4

21,5821,82

22,6

18

19

20

21

22

23

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Rad

iaçã

o s

ola

r (M

Jm-1

)

Anos

e) P5

21,6221,6921,9

18

19

20

21

22

23

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Rad

iaçã

o s

ola

r (M

Jm-1

)

Anos

f) P6

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65

Figura 4.9 (a - f) - Distribuição anual da temperatura mínima nos polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P4, e) P5 e

f) P6 para o período de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

A Figura 4.10 (a-f) apresenta a distribuição da média anual de temperatura máxima

nos Polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta, os valores menores

são perceptíveis para todos os polos nos anos de 1982 a 1983 durante forte El Niño, e nos

anos de 1986 a 1988 e 1994 a 1995 durante a ocorrência de um El Niño moderado. Na La

Ninã de 1996 e de 2012, também se verifica baixos valores para a temperatura máxima.

E, somente os polos P2 e P3 mostraram baixos valores durante o fraco El Niño de 2009.

Os maiores valores foram registrados durante os El Niño de 2010 para P1 e P2, 1986 e

1998 para P3, P4 e P5, respectivamente, e 2004 para o polo P6.

20,13

16,72

26,36

23,22

14

16

18

20

22

24

26

28

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra (

°C)

Anos

a) P1

média min max

14,53

20,13

27,42

25

14

16

18

20

22

24

26

28

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra (

°C)

Anos

b) P2

média min max

16,69

20,8

24,21

27,65

14

16

18

20

22

24

26

28

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra (

°C)

Anos

c ) P3

média min max

16,26

20,2

24,45

26,06

16

18

20

22

24

26

28

1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

Tem

per

atu

ra (

°C)

Anos

d) P4

média min max

15,17

20,61

26,16

24,01

14

16

18

20

22

24

26

28

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra (

°C)

Anos

e) P5

média min max

14,85

19,14

22,91

26,56

14

16

18

20

22

24

26

28

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra (

°C)

Anos

f) P6

média min max

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66

Figura 4.10 - Distribuição da média anual da temperatura máxima nos polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P4, e)

P5 e P6 para o período de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

A Figura 4.11 (a-f) apresenta a distribuição média anual da evapotranspiração nos

Polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Os valores menores da

distribuição são encontrados nos anos de El Niño referentes aos à 1982, 1986 e 1994 e a

La Niña de 2012. O maior valor da distribuição é referente ao La Niña ocorrida em 2001

para o polo P5.

28,42

24,32

31,26

36,43

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

42

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra (

°C)

Anos

a) P1

média min max

24,78

29,49

32

39,04

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

42

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra (

°C)

Anos

b) P2

média min max

30,21

25,23

39,23

36,12

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

42

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra (

°C)

Anos

c) P3

média min max

29,78

25,6

33,26

37,14

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

42

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra (

°C)

Anos

d) P4

mean min max

25,39

29,23

32,77

39,02

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

42

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra (

°C)

Anos

e) P5

mean min max

28,43

23,94

35,07

39,25

22

24

26

28

30

32

34

36

38

40

42

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra (

°C)

Anos

f) P6

média min max

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67

Figura 4.11 (a-f) - Distribuição da média anual da evapotranspiração nos polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P4,

e) P5 e d) P6 para o período de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016

.

A Figura 4.12 (a-f) apresenta a distribuição média anual da umidade relativa nos

Polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta percebe-se que

distribuição dos maiores valores para todo os polos correspondem ao El Niño de 1986 e

1994; e a La Niña de 2012. Os menores valores para os polos P1, P3 e P4 são verificados

nos anos de 1993 e 2009 referentes à El Niño forte e moderado, respectivamente. Além

destes, para os polos P2 e P5, têm-se ainda o El Niño forte de 1997. De modo geral os

polos P2, P3, P4 e P5 apresentam distribuição semelhante. O polo P6, embora tenha

variabilidade semelhante aos demais, distingue-se com valores mais baixos. Já o polo P1

tem sua distribuição mais intensa perceptivelmente nos últimos anos da série.

.

3

4

5

6

7

1980

1983

1986

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Anos

a) P1

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1983

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1995

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2013

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ansp

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mm

dia

-1)

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b) P2

3

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1980

1983

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1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

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-1)

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3

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2004

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otr

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ão (

mm

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-1)

Anos

d) P4

3

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2013

Evap

otr

ansp

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mm

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-1)

Anos

e) P5

3

4

5

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7

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Evap

otr

ansp

iraç

ão (

mm

dia

-1)

Anos

f) P6

Page 69: A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA E OS ÍNDICES DE … · i fernanda katiusca dos santos a indÚstria da cerÂmica vermelha e os Índices de extremos climÁticos para os estados

68

Figura 4.12 (a-f) - Distribuição da média anual da umidade relativa nos polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P 4,

e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a 2013.

Fonte do autor,2016.

A Figura 4.13 (a-f) apresenta a distribuição média anual da velocidade do vento

nos Polos P1, P2, P3, P4, e P5 para o período de 1980 a 2013. Nesta, é possível perceber

que a ocorrência de valores maiores nos anos de 1993, em que ocorreu El Niño forte e

1998, 2004 e 2011 em que ocorreu La Niña. Os menores valores da variável foram

encontrados nos anos de El Niño de 1982 e1994 e nos anos de La Niña de 1988 e 2011.

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55

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1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

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%)

Anos

b) P2

50

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1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

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Anos

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1983

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1992

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1998

2001

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2007

2010

2013

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1992

1995

1998

2001

2004

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2010

2013

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e) P5

50

55

60

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70

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1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Um

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Anos

f) P6

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69

Figura 4.13 (a-f) - Distribuição anual da média da velocidade do vento nos polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P

e e) P5 para o período de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

A Figura 4.14 (a-f) apresenta a distribuição média anual da precipitação

pluviométrica nos polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nes ta,

percebe-se os valores máximos de distribuição para todos os polos nos anos de La Niña

de 1984 a 1985 e 2011 a 2012; anos de El Niño de 1994, 2006 e 2007. Para o polo P3

verifica-se ainda forte precipitação no El Niño moderado de 2004.

Nota-se ainda que no ano de 1985, considerado o ano mais chuvoso, registrando

um total acumulado superior a 900 mm. E o ano de 2004, em que somente no mês de

janeiro houve precipitação superior a 1.000 mm (MARENGO, et. al., 2011). O polo P1

apresenta registro de maior distribuição de precipitação nos últimos anos. Sendo este o

mais próximo do litoral dentre os polos estudados, sua melhor distribuição pode estar

relacionada à proximidade do litoral, podendo vir a sofrer influência climáticas desta

região. Tem-se ainda que o polo P2 apresenta valores máximos superiores de precipitação

0

1

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Anos

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1983

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1998

2001

2004

2007

2010

2013

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1983

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2001

2004

2007

2010

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)

Anos

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2004

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Vel

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dad

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ento

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)

Anos

e) P5

0

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2

3

4

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Vel

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dad

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(m/s

-1)

Anos

f) P6

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70

quando comparados aos demais polos, e que esse comportamento é mais claramente

percebido de 2006 em diante.

Figura 4.14 - Distribuição anual da média de precipitação pluviométrica nos polos a) P1, b) P2, c) P3, d)

P4, e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

4.3. Análise de Tendência

Adiante seguem as análises de tendência das variáveis radiação solar, temperatura

mínima e máxima, evapotranspiração, umidade relativa, velocidade do vento e

precipitação para as localidades de estudo.

A Figura 4.15 (a-f) apresenta a análise de tendência da radiação solar nos polos P1,

P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Em que os valores apontam

0

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1998

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2012

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1983

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1998

2001

2004

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1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

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)

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1988

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2002

2004

2006

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2010

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Anos

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1980

1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

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)

Anos

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0

20

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100

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1982

1984

1986

1988

1990

1992

1994

1996

1998

2000

2002

2004

2006

2008

2010

2012

Pre

cip

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ão (

mm

)

Anos

f) P6

Page 72: A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA E OS ÍNDICES DE … · i fernanda katiusca dos santos a indÚstria da cerÂmica vermelha e os Índices de extremos climÁticos para os estados

71

comportamento decrescente para o polo P1 e crescente para os demais polos o que condiz

com o estudo de Silva et al. (2010) referente à variabilidade da radiação solar no NEB,

Figura 4.15 (a-f) – Análise de tendência da radiação solar para os polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P4, e) P5 e

f) P6 para o período de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

Figura 4.16 (a-f) apresenta a análise de tendência da temperatura mínima nos polos

P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Na qual verifica-se que os polos

P3, P4, P5 e P6 apresentam tendências positivas estatisticamente significantes, o que

indica aumento da temperatura mínima ao longo dos anos nessas localidades. Enquanto o

P1 apresenta comportamento decrescente, atribuído a sua intensidade de precipitação no

mês de junho, verificada anteriormente em sua distribuição sazonal. Já o polo P2 apesar

de ter comportamento crescente, não apresenta tendência estatisticamente significante.

Quanto ao polo P2 salienta-se que sua localização está na parte central do estado

do Rio Grande do Norte, muito próximo ao polo P5, que é uma área de tendência

significativa de aumento da temperatura mínima. De forma que, a ausência de

18

19

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a) P1

Distribuição Tendência

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1983

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1992

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2001

2004

2007

2010

2013

Rad

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)

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b) P2

Distribuição Tendência

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1983

1986

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2013

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)

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Distribuição Tendência

18

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1980

1983

1986

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1992

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2013

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d) P4

Distribuição Tandência

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1998

2001

2004

2007

2010

2013

Rad

iaçã

o s

ola

r (M

Jm-1

)

Anos

e) P5

Distribuição Tendência

18

19

20

21

22

23

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Rad

iaçã

o s

ola

r (M

Jm-1

)

Anos

f) P6

Distribuição Tendência

Page 73: A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA E OS ÍNDICES DE … · i fernanda katiusca dos santos a indÚstria da cerÂmica vermelha e os Índices de extremos climÁticos para os estados

72

comportamento tendencioso de P2 pode ser considerada como um indício de alteração do

microclima da localidade, visto que difere do comportamento de um polo vizinho. De fato,

dentre os polos estudados, P2 é o que apresenta maior número de cerâmicas,

contabilizando o número de 33 industrias. Em contrapartida o polo neutro P6 apresenta a

maior tendência quando comparada aos polos com presença de indústria. O que fortalece

concepção de que o comportamento inesperado de P2 pode ser atribuído a ações antrópicas

da região, especificamente a intensa atividade ceramista.

Figura 4.16 (a-f) – Análise de tendência da temperatura mínima solar para os polos a) P1, b) P2, c) P3, d)

P4, e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a 2013.

Fontes do autor, 2016.

A Figura 4.17 (a-f) apresenta a análise de tendência temperatura máxima nos polos

P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. A análise de tendência mostra que

o polo P1 apresenta comportamento decrescente, não estatisticamente significante. O polo

P3 não apresenta tendência. E os polos P2, P4, P5 e P6 apresentam tendência positiva

significativa, indicando que os extremos de temperatura máxima estão aumentando, assim

20

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Tem

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Anos

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Distribuição Tendência

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Tem

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ínim

a (°

C)

Anos

b) P2

Distribuição Tendêncial

20

21

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80

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83

19

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19

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01

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20

10

20

13

Tem

per

atu

ra m

ínim

a (°

C)

Anos

c) P3

Distribuição Tendência

20

21

22

23

24

19

80

19

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19

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19

89

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20

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20

13

Tem

per

atu

ra m

ínim

a (°

C)

Anos

d) P4

Distribuição Tendêncial

20

21

22

23

24

19

80

19

83

19

86

19

89

19

92

19

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19

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20

01

20

04

20

07

20

10

20

13

Tem

per

atu

ra m

ínim

a (°

C)

Anos

d) P5

Distribuição Tendência

20

21

22

23

24

198

0

198

3

198

6

198

9

199

2

199

5

199

8

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1

200

4

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0

201

3

Tem

per

atu

ra m

ínim

a (°

C)

Anos

f) P6

Distribuição Tendência

Page 74: A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA E OS ÍNDICES DE … · i fernanda katiusca dos santos a indÚstria da cerÂmica vermelha e os Índices de extremos climÁticos para os estados

73

como mostrado por Magrin et al., (2007), Vincent et al. (2005); e Obregon e Marengo

(2007).

Figura 4.17 (a-f) - Análise de tendência da temperatura máxima para os polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P4,

e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

A Figura 4.18 (a-f) apresenta a análise de tendência evapotranspiração nos polos

P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Na qual observa-se que o polo P1

tem comportamento decrescente com tendência negativa significante, enquanto os demais

apresentam comportamento crescente. O aumento da evapotranspiração nestes polos é

coerente uma vez que o “aumento da temperatura associada à mudança de clima

decorrente do aquecimento global, independente do que possa vir a ocorrer com as chuvas,

já seriam suficientes para causar maior evaporação e aumento da evapotransp iração”

(MARENGO, 2011, p.385).

28

30

32

34

36

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

par

atu

ra m

áxim

a (°

C)

Anos

a) P1

Distribuição Tendência

28

30

32

34

36

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra m

áxim

a (°

C)

Anos

b) P2

Distribuição Tendência

28

30

32

34

36

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra M

áxim

a (°

C)

Anos

c) P3

Distribuição Tendência

28

30

32

34

36

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra m

áxim

a (°

C)

Anos

d) P4

Distribuição Tendência

28

30

32

34

36

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

per

atu

ra m

pax

ima

(°C

)

Anos

e) P5

Distribuição Tendência

28

30

32

34

36

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Tem

epra

tura

Máx

ima

(°C

)

Anos

f) P6

Distribuição Tendência

Page 75: A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA E OS ÍNDICES DE … · i fernanda katiusca dos santos a indÚstria da cerÂmica vermelha e os Índices de extremos climÁticos para os estados

74

Figura 4.18 - Análise de tendência da evapotranspiração para os polos a) P1, b) P2, c) P3, d)

P4, e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

Fonte do autor, 2016.

Fonte do autor, 2016.

A Figura 4.19 (a-f) apresenta a análise de tendência umidade relativa nos polos P1,

P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Na qual a variável apresenta

comportamento crescente para o polo P1, indicando uma tendência positiva significativa.

E comportamento decrescente para os demais, sendo que destes, apenas os polos P3 e P5

tem tendência negativa significante, indicando diminuição da umidade relativa nessas

localidades. Este resultado assemelha-se aos obtidos por de Marengo (2008). Este

comportamento dos polos já era esperado e mostra-se coerente, uma vez a distribuição da

umidade é resultado direto da radiação solar. Variável esta que mostrou comportamento

decrescente para o polo P1 e crescente para os demais polos, como verificado

anteriormente.

4

5

6

7

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Evap

otr

ansp

iraç

ão (

mm

dia

-1)

Anos

a) P1

Distribuição Tendência

4

5

6

7

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0

198

3

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6

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2

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5

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1

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7

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0

201

3

Evap

otr

ansp

iraç

ão (

mm

dia

-1)

Anos

b) P2

Distribuição Tendência

4

5

6

7

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Evap

otr

ansp

iraç

ão (

mm

dia

-1)

Anos

c) P3

Distrinbuição Tendência

4

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10

20

13

Evap

otr

ansp

iraç

ão (

mm

dia

-1)

Anos

d) P4

Distribuição Tendência

4

5

6

7

19

80

19

83

19

86

19

89

19

92

19

95

19

98

20

01

20

04

20

07

20

10

20

13

Evap

otr

ansp

iraç

ão (

mm

dia

-1)

Anos

e) P5

Distribuição Tendência

4

5

6

7

19

80

19

83

19

86

19

89

19

92

19

95

19

98

20

01

20

04

20

07

20

10

20

13

Evap

ost

ran

spir

ação

(m

m d

ia-1

)

Anos

f) P6

Distribuição Tendência

Page 76: A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA E OS ÍNDICES DE … · i fernanda katiusca dos santos a indÚstria da cerÂmica vermelha e os Índices de extremos climÁticos para os estados

75

Figura 4.19 (a-f) - Análise de tendência da umidade relativa para os polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P4, e) P5

e f) P6 para o período de 1980 a 2013.

Fontes do autor, 2016.

A Figura 4.20 (a-f) apresenta a análise de tendência da velocidade do vento nos

polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Esta variável é responsável

por promover as trocas de calor entre camadas de ar que tenham maior vapor de água,

para camadas com menos saturação. Logo, seu comportamento decrescente presente em

todos os polos indica que está ocorrendo menos transporte de vapor, o que é confirmado

com as tendências negativas detectadas anteriormente para a umidade relativa. Salienta -

se ainda que, dentre os polos, apenas para o polo P4 a tendência não apresenta

significância. Este resultado é atribuído a topografia da localidade que tem relevo médio

em torno de 34 metros. Valores baixos de relevo não favorecem a mudança da velocidade

do vento, o que pode justificar a ausência de tendência significativa para essa região.

50

55

60

65

70

75

80

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Um

idad

e re

lati

va

(%)

Anos

a) P1

Distribuição Tendência

50

55

60

65

70

75

80

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Um

idad

e re

lati

va

(%)

Anos

b) P2

Distribuição Tendência

50

55

60

65

70

75

80

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Um

idad

e re

lati

va

(%)

Anos

c) P3

Distribuição Tendência

50

55

60

65

70

75

80

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Um

idad

e re

lati

va

(%)

Anos

d) P4

Distribuição Tendência

50

55

60

65

70

75

80

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Um

idad

e re

lati

va(

%)

Anos

e) P5

Distribuição Tendência

50

55

60

65

70

75

80

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Um

idad

e re

lati

va

(%)

Anos

f) P6

Distribuição Tendência

Page 77: A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA E OS ÍNDICES DE … · i fernanda katiusca dos santos a indÚstria da cerÂmica vermelha e os Índices de extremos climÁticos para os estados

76

Figura 4.20 (a-f) - Análise de tendência da velocidade do vento para os polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P4,

e) P5 e f) P6 para o período de 1980 a 2013.

Fonte do autor, 2016.

A Figura 4.21 (a-f) apresenta a análise de tendência da precipitação nos polos P1,

P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta nota-se que todos os polos

apresentam valores maiores de precipitação nos anos mais recentes, além de vários

intervalos de menor precipitação entre os picos máximos. Esse comportamento da

distribuição indica que está ocorrendo períodos de seca mais prolongados e curtos

períodos chuvosos com precipitação mais intensa.

Com base nas médias anuais os polos P3, P4 e P5 tem comportamento crescente,

não estatisticamente significativo. Enquanto os polos P1, P2 e P6 tem comportamento

decrescente, condizentes com os resultados mostrados por Haylock et al. (2006) e Lacerda

et al. (2009).

1

2

3

4

198

0

198

3

198

6

198

9

199

2

199

5

199

8

200

1

200

4

200

7

201

0

201

3

Vel

oci

dad

e d

o V

ento

(m

/s-1

)

Anos

a) P1

Distribuição Tendência

1

2

3

4

198

0

198

3

198

6

198

9

199

2

199

5

199

8

200

1

200

4

200

7

201

0

201

3

Vel

oci

dad

e d

o v

ento

(m

/s-1

)

Anos

b) P2

Distribuição Tendência

1

2

3

4

198

0

198

3

198

6

198

9

199

2

199

5

199

8

200

1

200

4

200

7

201

0

201

3

Vel

oci

dad

e d

o v

ento

(m

/s-1

)

Anos

c) P3

Distribuição Tendência

1

2

3

4

19

80

19

82

19

85

19

88

19

91

19

94

19

97

20

00

20

03

20

06

20

09

20

12V

elo

cid

ade

do

ven

to (

m/s

-1)

Anos

d) P4

Distribuição Tendência

1

2

3

4

19

80

19

83

19

86

19

89

19

92

19

95

19

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20

01

20

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20

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20

10

20

13V

elo

cid

ade

do

ven

to (

m/s

-1)

Anos

e) P5

Distribuição Tendência

1

2

3

4

19

80

19

83

19

86

19

89

19

92

19

95

19

98

20

01

20

04

20

07

20

10

20

13

Vel

oci

dad

e d

o v

ento

(m

/s-1

)

Anos

f) P6

Distribuição Tendência

Page 78: A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA E OS ÍNDICES DE … · i fernanda katiusca dos santos a indÚstria da cerÂmica vermelha e os Índices de extremos climÁticos para os estados

77

Vale salientar que o semiárido nordestino é fortemente marcado por sua

variabilidade interanual. Podendo variar em cerca de 1.000 mm ao ano, na região do litoral

leste; até 500 mm, em regiões como a zona agreste e sertão, a qual se aplica esta pesquisa

(MOURA, et. al., 2009).

Figura 4.21 (a-f) - Análise de tendência da precipitação para os polos a) P1, b) P2, c) P3, d) P4, e) P5 e f)

P6 para o período de 1980 a 2013.

Fontes do autor, 2016.

Em suma, os resultados obtidos por meio das tendências das séries temporais,

denotam comportamentos similares das variáveis para as localidades estudadas. Tabela

4.1 adiante mostra p-valor de Mann Kendall para cada variável e polo de estudo.

0

20

40

60

80

100

120

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

Anos

a) P1

Distribuição Tendência

0

20

40

60

80

100

120

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

Anos

b) P2

Distribuição Tendência

0

20

40

60

80

100

120

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Pre

cip

itaç

ão (

mm

m)

Anos

d) P4

Distribuição Tendência

0

20

40

60

80

100

120

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

Anos

e) P5

Distribuição Tendência

0

20

40

60

80

100

120

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Pre

cip

taçã

o (

mm

)

Anos

f) P6

Distribuição Tendência

0

20

40

60

80

100

120

1980

1983

1986

1989

1992

1995

1998

2001

2004

2007

2010

2013

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

Anos

c) P3

Distribuição Tendência

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78

Tabela 4.1 - Variáveis e p-valor para dos polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 referentes ao período de 1980 a

2013. *Valores em negrito apresentam tendências significativas.

Fonte do autor, 2016

4.4. Análise de Tendência para índices de Extremos Climáticos

Nesta seção expõe-se os resultados da tendência referente a quatro índices

precipitação e sete índices de temperatura, utilizados para monitoramento e detecção de

possíveis alterações climáticas nos seis polos de estudo. Dentre os 27 índices disponíveis,

escolheu-se 19 com base na representatividade que estes têm para a região campo de

estudo, visto que nem todos os índices são representativos para as diversificadas áreas no

globo.

4.4.1. Índices de Extremos Climáticos de Temperatura

A Figura 4.22 apresenta a tendência para o índice de valor mínimo da temperatura

máxima (TXN) nos polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta,

os polos P2, P4, P5 e P6 apresentam distribuição crescente, no entanto, somente P2 e P5

tem tendência positiva significativa, indicando aumento dos valores máximos de

temperatura mínima nesses polos. Já os polos P1 e P3 tem distribuição decrescente, apesar

de apenas o P1 apresentar tendência negativa significante, indicando diminuição nos

valores máximos da temperatura mínima.

E a Figura 4.23 apresenta a tendência para o índice de valor máximo da temperatura

máxima (TXX) nos polos P2, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Para este índice o

polo P1 apresenta comportamento decrescente sem significância estatística. Este

comportamento é justificado pela tendência negativa da variável temperatura máxima,

verificada para esta localidade na secção anterior. Os demais polos apresentam tendência

POLOS RS ETo UR U2 TMIN TMAX PREC

P1 0,042237546 1,50E-05 4,97E-06

0,033995219 0,000611798 0,023265034 0,929108739

P2 0,000580032 0,30630827 0,224033833 0,003839152 0,013797921 0,00260943 0,406340152

P3 0,000130037 0,667227566 0,04698057 0,000467763 0,068211511 0,603821695 0,053957492

P4 0,00225936 0,504661441 0,95271492

0,95271492 0,000394 0,050266739 0,053957492

P5 4,01E-06 0,018406108 0,028234139 0,01992839 0,000611798 2,72E-05 0,024239264

P6 0,000850341 0,032783903 0,218485951 0,002567922 0,000611798 0,001291035 0,213038668

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79

crescente, indicando aumento dos valores máximos de temperatura máxima. Porém apenas

os polos P2, P5 e P6 há significância estatística.

Figura 4.22 - Análise de tendência do índice TXN para os polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6.

Fonte do autor, 2017.

Figura 4.23 - Análise de tendência do índice TXX para os polos P2, P5 e P6.

Fonte do autor, 2017.

Page 81: A INDÚSTRIA DA CERÂMICA VERMELHA E OS ÍNDICES DE … · i fernanda katiusca dos santos a indÚstria da cerÂmica vermelha e os Índices de extremos climÁticos para os estados

80

A figura 4.24 apresenta a tendência para o índice de valor mínimo da temperatura

mínima (TNN) nos polos P3, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Para o polo P1 tem-

se comportamento decrescente sem significância estatística. E distribuição crescente para

os demais polos, indicando aumento dos valores mínimos de temperatura mínima. Dentre

estes, apenas os polos P2 e P4 não apresentam significância. Ainda assim, em geral os

índices de extremos climáticos de temperatura dos polos apresentam tendência positiva,

condizente com os resultados mostrados por Marengo et al. (2011).

Figura 4.24 - Análise de tendência do índice TNN para os polos P3, P5 e P6.

Fonte do autor, 2017.

A figura 4.28 apresenta a tendência para o índice de valor máximo da temperatura

mínima (TNX) nos polos P1, P3, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Para o polo

P1 tem-se tendência negativa significativa, o que indica que nesta localidade o valor

máximo da temperatura mínima está diminuindo ao longo da série. Já para os polos P3,

P4, P5 e P6 tem-se distribuição crescente, indicando aumento do valor máximo de

temperatura mínima, porém sem significância estatística. Destes, apenas o polo P2 não

apresenta comportamento tendencioso, caracterizando uma distribuição estacionária, e

não sendo, portanto, incluído nesta imagem.

As tendências negativas dos índices TXN e TNX para o polo P1 mostram que os

valores mínimos da temperatura máximo, bem como os máximos da temperatura mínima

estão diminuindo nesta localidade. Esse resultado justifica as tenências positivas para os

índices que TN10P e TX10P. indicando um aumento de as noites frias e dias frios,

respectivamente.

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81

O polo P2 não apresenta tendência para os índices TNN e TNX. O esperado era

que devido a sua localização muito próxima ao P5, esses polos apresentassem

comportamento semelhante quanto a análise de tendência dos índices, o que sugere que

deve haver algum fator que está inibindo a variação dos valores mínimos e máximos da

temperatura mínima neste polo. Por outro lado, as tendências positivas do índice TXX

para os polos P2, P5 e P6 significa que os valores mínimos e máximos da temperatura

máxima sugerem a ocorrência de dias (TN90P) e noites (TX90P) mais quentes nestas

localidades

Figura 4.28 - Análise de tendência do índice TNX para os polos P1, P3, P4, P5 e P6.

Fonte do autor, 2017.

A tabela 4.2 apresenta os índices de extremos climáticos de temperatura referente

aos seis polos de estudo.

Tabela 4.2 – Índices extremos de temperatura e p-valor para os polos P1, P2, P3, P4, P5 e P6.

*Valores em negrito indicam tendência significativa.

ÍNDICES TNN TXN TNX TXX TN10P TX10P TN90P TX90P

PO

LO

S

P1 0.109 0 0.001 0.478 0 0 0.271 0.142

P2 0.301 0.004 0.719 0.074 0.321 0.172 0.001 0

P3 0.001 0.233 0.043 0.675 0.532 0.291 0 0.004

P4 0.023 0.021 0.028 0.323 0.39 0.301 0 0

P5 0.092 0.01 0.015 0 0.241 0.274 0 0.01

P6 0.001 0.455 0 0 0.332 0.314 0.420 0.263

Fonte do autor, 2017

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82

4.4.2. Índices de Extremos Climáticos de Precipitação

A Figura 4.29 apresenta a análise de tendência do índice de precipitação máxima diária

RX1day para polos P3, P4, P5 para o período de 1980 a 2013. Para o índice Rx1day os polos

P1, P2, P3, P4 e P5 apresentam comportamento crescente, o que mostra que nestas

localidades está havendo concentração de precipitação pluviométrica em um curto período

de tempo. Esse comportamento tendencioso em cinco dos seis polos sugere ainda que,

essa distribuição do índice RX1day decorre de uma condição global que contribui para o

aumento na precipitação total anual.

Apesar disto, apenas os polos P3, P4 e P5 apresentam tendências significativas. O

fato de P1 e P2 não indicarem tendência insignificantes pode decorrer de suas localidades,

pois são mais próximas do litoral, estando assim sujeitas a sofrer influência da

precipitação, que é melhor distribuída nessa região. Já o polo P6 não apresentou

comportamento tendencioso para, caracterizando uma distribuição estacionária.

Figura 4.29 - Análise de tendência do índice RX1DAY para os polos P3, P4 e P5.

Fonte do autor, 2017.

A Figura 4.30 apresenta a análise de tendência do índice de precipitação máxima em

cinco dias RX5day para polos P1, P2, P3, P4, P5 E P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta

tem-se a distribuição crescente do índice para os polos P1, P3, P4 e P5, no entanto apenas

o polo P3 apresenta tendência positiva significativa. Para o polo P6 tem-se comportamento

decrescente. E apenas o polo P2 não apresenta comportamento tendencioso ao longo de

toda a série.

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83

Figura 4.30- Análise de tendência do índice RX5DAY para os polos P1, P2, P3, P4 e P5.

Fonte do autor, 2017.

A Figura 4.31 apresenta a análise de tendência do índice dias secos consecutivos

CDD para polos P1, P4 e P6 para o período de 1980 a 2013. Para este índice tem-se

tendência positiva somente para os polos P1, P4 e P6, no entanto, elas não são

significativas. Ainda assim o índice sugere que essas localidades correspondem a áreas

com maior risco de seca. Já para os outros três polos não foi identificado comportamento

tendencioso.

E a Figura 4.32 apresenta a análise de tendência do índice dias muito úmidos

(R95P) para polos P2, P4, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Na qual os polos P4 e

P5 apresentam tendência positiva significativa. O comportamento crescente é

caracterizado pela precipitação total, considerando valores que excederam o percentil 95°

da distribuição climatológica para quantidades de dias úmidos (MARENGO, 2008).

Para o polo P2 verifica-se também comportamento crescente do índice R95P, o que

indica tendência positiva. No entanto, para este polo os resultados não apresentam

significância estatística. Para o polo P6 nota-se comportamento decrescente

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84

caracterizando tendência negativa significativa para o índice R95P. O que sugere que os

dias muito úmidos tem diminuído nesta localidade ao longo do tempo. Por fim o polo P1

não apresenta aumento nem diminuição da tendência, o que caracteriza uma distribuição

estacionária do índice.

Figura 4.31- Análise de tendência do índice CDD para os polos P1, P4 e P6.

Fonte do autor, 2017.

Figura 4.32- Análise de tendência do índice R95P para os polos P2, P4, P5 e P6.

Fontes do autor, 2017.

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85

A Figura 4.33 apresenta a análise de tendência do índice dias extremamente

chuvosos (R99P) para polos P2, P3, P5 e P6 para o período de 1980 a 2013. Nesta vê-se

que os polos P2, P3, P4 e P5 apresentam comportamento crescente. Mas somente os polos

P4 e P5 obtiveram tendência crescente significativa para os dias anuais extremamente

chuvosos (R99p). O que justifica o comportamento crescente destes polos para o índice

de precipitação total anual (PRCPTOT), apenas P4 e P5 apresentam tendência positiva,

ainda que não significativa, condizente com os resultados obtidos por Haylock et al.

(2006) e Santos e Brito (2007).

De modo geral o índice de RX1DAY, RX5DAY, R95P e R99P estão relacionados

a ocorrência de eventos extremos de curta duração. Enquanto que os índices de dias secos

consecutivos DCC e precipitação anual total PRCCPTOT atribui-se a distribuição sazonal

e interanual dos polos. Na tabela 4.3 adiante são apresentados o p-valor dos índices de

para os polos P1, P2, P3, P4, P5, e 6.

Figura 4.33 - Análise de tendência do índice R99P para os polos P2, P4, P5 e P6.

Fontes do autor, 2017.

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86

Tabela 9 – P-valor dos índices de extremos climáticos de precipitação para os polos P1, P2, P3, P4, P5 e

P6. *Valores significativos em negrito.

ÍNDICES RX1day Rx5day CDD R95p R99p PRCPTOT

PO

LO

S

P1 0.307 0.39 0.194

0.969 0.886 0.673

P2 0.301 0.301 0.907 0.265 0.152 0.577

P3 0.046 0.089 0.628 0.667 0.473 0.768

P4 0.036 0.197 0.271

0.069 0.094 0.643

P5 0.007 0.912 0.766 0.078 0.004 0.335

P6 0.578 0.368 0.311 0.065 0.65 0.24

Fonte do autor, 2017.

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87

CAPÍTULO V

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados afirmam que existem 342 empresas distribuídas na área de estudo,

situadas em cinco polos principais. Para os polos, no geral, foi possível verificar

tendências negativas para precipitação, umidade relativa e vento, bem como tendências

positivas para as variáveis temperatura máxima, temperatura mínima, evapotranspiração

e radiação solar.

O polo P1 apresentou tendência negativa para radiação solar, temperatura mínima

e temperatura máxima, evapotranspiração e velocidade do vento. Esse comportamento foi

atribuído a sua intensidade de precipitação no mês de junho, que faz com que as

distribuições das variáveis apresentem valores menores durante o período de chuvas,

caracterizando as tendências positivas para a umidade relativa e precipitação.

Quanto à temperatura mínima, o polo P2 não apresentou tendência significativa.

Salienta-se que o polo está localizado na parte central do Estado do Rio Grande do Norte,

muito próximo ao polo P5, estando, portanto, sob a área de tendências. Outro fator

relevante é que o polo P6, escolhido como polo neutro, apresenta maior tendência quando

comparada aos polos com indústrias de cerâmica. Isto é: foi possível identificar a ausência

de tendência no polo com maior número de cerâmicas e a forte tendência numa localidade

neutra.

Para a velocidade do vento, o polo P4 não apresentou tendência significativa. Este

resultado foi atribuído ao baixo relevo dessa localidade (não favorece a mudança da

velocidade do vento), o que pode justificar a ausência de tendência significativa para essa

região.

Para a precipitação nos polos, verificou-se que está ocorrendo períodos de seca

mais prolongados e curtos períodos chuvosos com precipitação mais intensa (HAYLOCK

et al., 2006).

Quanto aos índices de extremos climáticos, foram calculados nove índices

referentes à temperatura e nove referentes à precipitação.

Para os índices de temperatura, verificou-se aumento dos valores mínimos da

temperatura máxima (TXN) para os polos P2, P3 e P5 e diminuição para o polo P1, além

de aumento dos valores máximos da temperatura máxima (TXX) para os polos P2, P5 e

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88

P6. Identificou-se também aumentos dos valores mínimos da temperatura mínima para os

polos P3, P5 e P6. Os polos P2 e P4, apesar de apresentarem distribuição crescente, não

obtiveram tendência significativa.

Salienta-se mais uma vez que o polo P2 localiza-se próximo ao P5, estando,

portanto, sob uma área de tendência, fato que torna contraditório a ausência de tendência

do índice TNN para tal polo. Outro fator preponderante é que os polos P2 e P4, que não

apresentaram tendência significativa, são os polos que têm o maior número de cerâmicas

– P2 possui em seu território 33 e P4 15 possui indústrias de cerâmica. Uma possível

justificativa para isso é a presença de material particulado na baixa atmosfera, que pode

estar atenuando a radiação e inibindo o aumento dos valores mínimos da temperatura

mínima em superfície.

Os valores máximos da temperatura mínima (TNX) mostraram diminuição

significativa para o polo P1 e aumento não significativo para os polos P3, P4, P5 e P6. A

diminuição dos valores mínimos (TNN) e máximos (TNX) da temperatura mínima no polo

P1 caracteriza um aumento de noites (TN10P) e dias frios (TX10P) nesta localidade, assim

como o aumento dos valores máximos da temperatura máxima (TXX) para os polos P2,

P5 e P6 caracteriza a ocorrência de dia (TN90P) e noites (TX90P) quentes nesta região.

Dos índices de precipitação, oito apresentaram tendências, foram eles: Rx1day6,

Rx5day, DCC, R95p, R99p e PRCPTOT. Identificou-se precipitação máxima diária

(RX1day) para cinco dos seis polos, o que sugere que a distribuição desse índice não está

associada com uma dinâmica regional e, sim, com uma dinâmica global. Registrou-se

também o aumento de precipitação máxima em cinco dias (RX5day) para os polos P1, P3,

P4 e P5 e diminuição para o polo P6, bem como dos dias secos consecutivos (DCC) para

os polos P1, P4 e P6.

Localidades como os polos P1 e P4 que apresentam aumento do índice RX5day,

responsável pelo aumento da precipitação, e do índice de dias consecutivos secos (DCC),

o que caracteriza a distribuição da precipitação intensa em curto período de tempo e entre

intervalos de seca.

Para os polos P4 e P5, ocorre ainda aumento dos dias úmidos (R95p) e

extremamente úmidos (R99P), o que caracteriza o aumento do índice de precipitação total

(PRCPTOT) nessas localidades.

6 Índices em negrito referem-se a tendências significativas. Os demais índices, apesar de apresentarem

comportamento tendencioso, não são significativos estatisticamente.

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89

O polo P2 diferiu dos demais polos ao não apresentar tendência positiva para a

temperatura mínima, nem para aos valores mínimo (TNN) e máximo (TNX) da

temperatura mínima, juntamente com o polo P4. O que se percebeu foi que os polos com

o maior número de cerâmica apresentaram ausência de tendência, tanto para índices de

temperatura quanto de precipitação. Quando comparados com o polo neutro, eles tiveram

menor taxa de variação de tendência.

O esperado era que, devido a sua localização muito próxima ao P5, o polo P2

tivesse comportamento semelhante quanto à análise de tendência das variáveis e dos

índices de extremos climáticos. No entanto, o P5 foi um dos que polos que apresentaram

tendência em praticamente todos os índices de precipitação e temperatura, enquanto que

o P2 não teve tendência significativa na maioria dos índices. Isso sugere que deve existir

algum fator que está inibindo a variação dos valores mínimos e máximos da temperatura

mínima neste polo. Não se descarta, portanto, a hipótese de que o comportamento

diferenciado de P2 pode estar associado a ações antrópicas da região, especificamente a

intensa atividade ceramista. Porém, não se pode afirmar categoricamente que esse

comportamento está associado somente às ações antrópicas, visto que pode está sob a

influência de outros agentes.

Trabalhos futuros que averiguem a qualidade do ar nessas localidades, bem como

a deposição e transporte de material particulado, por meio da correlação com as variáveis

micrometeorológicas aplicando um ao modelo de regressão e correlação cruzada, ou até

mesmo a comparação da série de dados dos índices simulados com o modelo do Hadley

Centre (HadEX2) com a série observada podem corroborar no acréscimo de informações

que conduzam a resultados mais específicos.

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90

ANEXO I

Tabela 5.1. – Classificação dos índices de extremos climáticos por categoria.

Fonte: Alexander et al., (2016). Adaptado.

ÍNDICE

FUNDAMENTAÇÃO

OBSERVAÇÕES

TN10p – Noites frias

TN90p – Noites quentes

TX10p – Dias Frios

TX90p – Dias quentes

R95p – Dias úmidos

R99p – Dias extremamente úmidos

Percentis

Os índices de

precipitação nesta

categoria representam

a quantidade de chuva

que cai acima do 95

(R95P) e 99º (R99p)

TXX – temperatura max diária máxima

TNX – temperatura max diária mínima

TXN – temperatura min diária máxima

TNN – temperatura min diária mínima

RX1day – montante de prec. Máx. 1 dia

RX5day – montante de prec. Máx. 5 dias

Índices absolutos

Representam valores

máximos ou mínimos

dentro de uma época

ou ano.

FD – Ocorrência anual de dias de geada

ID - Ocorrência anual de dias de gelo

SU - Ocorrência anual de dias de verão

TR - Ocorrência anual de noites tropical

R10 – Nº de dias de prec. > 10 mm

R20 - Nº de dias de prec. > 20 mm

Índices de Limiar

Definidos como

número de dias em

que a temperatura o

valor da precipitação

cai acima ou abaixo de

um limite fixo.

CSDI – Indicador de estado de Frio

WSDI - Indicador de duração de aquecimento

GSL – Aumento de comprimento de

temporada

CDD – Dias secos consecutivos

CWD – Dias úmidos consecutivos

Índices excessivos

Definidos por

períodos excessivos

de calor, frio,

umidade, secura ou

em caso de aumento

de comprimento de

temporada.

PRCPTOT – Prec. total anual

DTR – Faixa de Temperatura diurna

SDII –Ind. simples de intensidade diária

ETR – Faixa de temperatura extrema

R95pT – Contribuição anual de dias muito

úmidos

...

...

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91

ANEXO II

Tabela 5.2. – Características gerais dos índices de extremos climáticos.

IDENTIDADE NOME INDICADOR DEFINIÇÕES DE

INDICADORES UNIDADES

Txx Dia mais quente Valor máximo mensal de

temperatura máxima diária ° C

TNX Noite mais quente Valor máximo mensal de min

temperatura diária ° C

TXN Dia Frio Valor mínimo mensal de

temperatura máxima diária ° C

TNN Noite Fria Valor mínimo mensal de min

temperatura diária ° C

TN10p Noites frias

Percentagem de tempo em min

temperatura diária

<10 thpercentil

%

TX10p Dias frios

Porcentagem do tempo quando a

temperatura diária max

<10 th percentil

%

TN90p Noites quentes

Percentagem de tempo em min

temperatura diária>

90 thpercentil

%

TX90p Dias quentes

Porcentagem do tempo quando a

temperatura diária max>

90 th percentil

%

DTR Faixa de temperatura

diurna

Diferença média mensal entre

max diária e temperatura min ° C

GSL Crescer comprimento

temporada

Anual (1 janeiro - 31 dezembro

em NH, 1 julho - 30 junho em

SH) contam entre o primeiro

período de pelo menos 6 dias,

com TG> 5 ° C e primeiro

período após 1 de Julho (1 de

janeiro, em SH) de 6 dias com

TG <5 ° C (em que TG é a

temperatura média diária)

dias

Identidade Dias de gelo Contagem anual temperatura

máxima diária quando <0 ° C Dias

FD Dias geada Contagem anual temperatura

mínima diária quando <0 ° C Dias

SU Dias de verão

Contagem anual quando a

temperatura máxima diária> 25

° C

Dias

TR Noites tropicais Contagem anual quando min

temperatura diária> 20 ° C Dias

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92

WSDI Índice de duração

quente

Contagem anual quando pelo

menos seis dias consecutivos de

Temperatura máxima>

90th percentil

Dias

CSDI Índice de duração de

frio

Contagem anual quando pelo

menos seis dias consecutivos de

temperatura min <10 thpercentil

Dias

Rx1day Max 1 dia

precipitação

Máxima precipitação mensal um

dia Milímetros

Rx5day Max 5 dias

precipitação

Precipitação cinco dias

consecutivos máximo mensal Milímetros

SDII Simples índice de

intensidade diária

A proporção de precipitação

total anual para o número de dias

chuvosos (≥ 1 mm)

mm / dia

R10mm Número de dias de

precipitação intensa

Contagem anual quando a

precipitação ≥10 mm Dias

R20mm

Número de dias de

precipitação muito

pesados

Contagem anual quando a

precipitação ≥ 20 mm Dias

CDD Dias secos

consecutivos

O número máximo de dias

consecutivos quando a

precipitação <1 mm

Dias

CWD Dias úmidos

consecutivos

O número máximo de dias

consecutivos quando a

precipitação ≥ 1mm

Dias

R95P Dia muito úmido Precipitação total anual de dias>

95 th percentil Milímetros

R99p Dia extremamente

molhado

Precipitação total anual de dias>

99 th percentil Milímetros

PRCPTOT Precipitação dia de

chuva anual total

Precipitação total anual de dias

≥ 1 mm Milímetros

* ETR Faixa de temperatura

extrema Txx – TNN ° C

* R95pTOT Contributo de dias

muito úmidos 100 * R95P / PRCPTOT %

* R99pTOT

Contributo de dias

extremamente

molhadas

100 * R99p / PRCPTOT %

Fonte: Donat et al., (2013)

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93

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