A Industria Da Reciclagem o Lixo e Os Catadores Um Estudo Em Anapolis Go1
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A INDSTRIA DA RECICLAGEM, O LIXO E OS CATADORES: UM ESTUDO
EM ANPOLIS/GO
Joana Darc Bardella Castro1
Bruna de Oliveira2
Renato Lopes Santos3
RESUMO: A cidade de Anpolis tem como principais atividades econmicas a indstria de transformao e o comrcio de mercadorias. Por ser uma cidade de porte mdio em crescimento, gera
grande quantidade de lixo. Apenas uma pequena parte reciclada corretamente. Assim, pretendeu-se
responder ao problema: quais as dificuldades enfrentadas pelo municpio de Anpolis concernente ao
fator lixo e sua reciclagem? A metodologia utilizada foi, quanto aos fins, descritiva e documental. Quanto
aos meios, trata-se de pesquisa de campo na cidade, onde foram realizadas visitas e entrevistas a nove
empresas receptoras de lixo, trs indstrias de reciclagem, 148 catadores, alm de questionar os gestores
responsveis pelo meio ambiente no municpio.
PALAVRAS-CHAVE: Reciclagem. Lixo. Desenvolvimento sustentvel
INTRODUO
A cidade de Anpolis tem como principais ramos econmicos a indstria de
transformao e o comrcio de mercadorias. Por ser uma cidade em crescimento,
Anpolis considerada pelo IPEA (2000) e IBGE (2000) uma cidade mdia, quando
observados parmetros como importncia econmica, quadro demogrfico e estrutura
ocupacional. a terceira cidade goiana em populao, tambm o em produo de
lixo.
A populao urbana anapolina de aproximadamente 98%, revelando elevado
processo de urbanizao. As reas urbanas podem oferecer mais oportunidades de
emprego, melhor educao e sade, porm representam maior acmulo de resduos ou
lixo. Em mdia, 49,95% dos resduos em Anpolis so de materiais reciclveis: Esses
resduos so depositados em lixes, ou aterro sanitrio, contribuindo para o aumento da
poluio do solo, do ar e da gua.
Segundo o CEMPRE3 (2009), uma cidade de porte mdio como Anpolis
apresenta uma produo diria de resduos na ordem de 244.158 mil quilos. Assim, a
1 Mestre em Economia de Empresas pela UCB- Braslia. Professora pesquisadora da UEG/UnUCSEH 2Alunos pesquisadores: Bruna de Oliveira - PBIC/UEG [email protected]
Renato Lopes Santos - PVIC/UEG [email protected]
3 Compromisso Empresarial Para a Reciclagem
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matria orgnica, que gira em torno de 50,05%, seria de 122.201Kg e os resduos
reciclveis, que representam 49,95%, atingem uma mdia de 121.956Kg. Segundo
dados de 2008 da Prefeitura Municipal de Anpolis PMA-, e da Secretaria Municipal
de Gesto e Planejamento SEMGESP - cada habitante de Anpolis est produzindo,
diariamente de 660 a 770 gramas de lixo.
Segundo James (1997, p.11), o aumento da populao urbana exige aumento no
abastecimento de alimentos e bens nas cidades. As pessoas passam a desejar boa
alimentao e artigos de luxo, como mquinas modernas de uso domstico, celulares e
TVs de plasma. Usam esses produtos e depois se desfazem deles, o que ocasiona em
gerao de lixo.
Segundo Rodrigues e Cavinatto (2002), as pessoas do mundo inteiro esto se
preocupando mais com o meio em que vivem. Nota-se uma tendncia mundial de
reaproveitar os produtos jogados no lixo para a fabricao de novos objetos, atravs dos
processos de reciclagem, o que representa economia de matria prima e de energia
fornecidas pela natureza. Desta forma, o conceito de lixo pode ser modificado, podendo
ser entendido como coisas que podem ser teis e aproveitveis pelo homem.
Calderoni (2003, p.49), define lixo como sendo todo material intil, descartado
ou posto em lugar pblico. Lixo tudo aquilo que se joga fora. o objeto ou a
substncia que se considera intil ou cuja existncia em dado meio tida como nociva.
O conceito de lixo sofreu evoluo no seu significado, passando de intil, sem
valor para coisas que podem ser teis e reaproveitveis. A cidade de Anpolis, em
processo de crescimento, tem a gerao de maior quantidade de lixo como um ponto
negativo para seu desenvolvimento. Esse lixo no atinge apenas o espao fsico do
municpio, mas extravasa para muito alm. Pode poluir os lenis freticos, e o ar e -
dependendo de onde se retira a matria-prima - pode deformar paisagens e assorear
rios.
Torna-se difcil o recolhimento e tratamento adequado do lixo em virtude do
aumento do seu volume. O transporte do lixo em Anpolis feito por caminhes que
causam problemas no trnsito e contaminao do solo. A maior parte desse lixo
recolhida pelo sistema da prefeitura, depositada no lixo da cidade, sem nenhuma
separao prvia. Uma pequena parte recolhida e levada pelos catadores s empresas
receptoras. Quanto ao tratamento do lixo, nem sempre feito da maneira correta.
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A reciclagem
A todo instante fala-se de degradao do meio ambiente, efeito estufa, camada
de oznio, ilhas de calor, poluio de guas e outros acontecimentos de que antes no se
ouvia falar e que decorrem da despreocupao, por muito tempo, do homem em relao
poluio e ao lixo gerado.
A Revoluo Industrial proporcionou crescimento econmico e melhorias na
qualidade de vida. Mas esse crescimento aconteceu de forma muito rpida, com pouca
preocupao com as consequncias ao ambiente.
Denomina-se reciclagem o ato de separar certos materiais do lixo domiciliar,
como papis, plsticos, vidros e metais, com o intuito de os tornarem teis novamente.
Esses materiais so transformados e introduzidos novamente no ciclo do mercado de
consumo (SOUZA, 2005).
Motta (S/D, p.45) define reciclar como:
Ato de tornar til e disponvel novamente o produto que seria descartado,
fazer retornar ao ciclo de produo, seja ele industrial, agrcola ou artesanal
o material que j foi utilizado anteriormente. Objetos que seriam descartados
como lixo tornam-se novamente matria-prima para a manufatura de bens,
reduzindo assim a extrao de recursos naturais.
Mas infelizmente a reciclagem no tem se revelado uma soluo pronta e
definitiva para a questo ambiental, pois ainda pequena a porcentagem de lixo
destinado reciclagem - cerca de 88% do lixo domstico depositado em aterros
sanitrios e, em media, apenas 2% do lixo de todo Brasil reciclado. Alm disso, as
reas destinadas aos aterros tambm conhecidos como lixes - tm se mostrado
propcias proliferao de insetos e podem contaminar as guas dos lenis freticos.
preciso levar em conta que a forma adequada de recolhimento, tratamento e reciclagem
do lixo uma medida eficaz na minimizao dos problemas ambientais (MOTTA, s/d).
Assim, o problema que se pretendeu desvendar foi quais as dificuldades
enfrentadas pelo municpio de Anpolis, concernentes ao fator lixo, e sua destinao.
MATERIAL E MTODO
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Quanto aos fins, esta uma pesquisa descritiva e documental, que visa a
esclarecer sobre reciclagem e coleta seletiva urbana. Quanto aos meios, foi
realizada pesquisa de campo, dividida em quatro etapas.
Na primeira etapa, realizaram-se visitas a nove empresas receptoras de
lixo em Anpolis, todas devidamente registradas na Junta Comercial do Estado de
Gois (JUCEG). Um questionrio foi aplicado aos empresrios e aos
colaboradores das empresas. A segunda etapa consistiu em entrevistas conduzidas
por questes abertas, realizadas junto a gestores pblicos responsveis pelas
atividades/ funes ligadas varivel ambiental. Na terceira etapa, procedeu-se a
uma entrevista com trs empresrios industriais de reciclagem em Anpolis e, na
quarta foram ouvidos 148 catadores de lixo no ligados s empresas.
O erro amostral foi de 5% e a frmula do clculo para determinar o
nmero de empresas, colaboradores, e catadores foi a usada por Barbetta (2001).
RESULTADOS E DISCUSSES
Pesquisa com as empresas receptoras de lixo e seus colaboradores
Os funcionrios das empresas receptoras de lixo, que trabalham de 6 a 8
horas por dia, recebem salrio mnimo ou pouco mais chegando a R$ 500,00. Alguns
recebem por produo, podendo ter uma renda de aproximadamente R$ 1.500,00.
Todas as empresas exportam boa parte dos seus materiais coletados para
outros estados como So Paulo, Braslia e Santa Catarina. Vale ressaltar que boa parte
dos materiais comercializados por essas empresas tambm so oriundos de outros
estados, pois segundo os empresrios, Anpolis no produz materiais suficientes para
atender demanda do mercado. A maior parte das empresas (86%) percebe o
crescimento no ramo de reciclagem em Anpolis, e apenas 14% no tem essa viso.
Essas questes deixam claro que Anpolis produz mais lixo do que capaz de
reciclar, visto que a maior parte desses resduos vai para outras localidades. Alm disso,
no existem, na cidade, muitas empresas de reciclagem. A maioria delas figura como
empresas de tem o nome de reciclagem, mas na prtica apenas fazem o papel de
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receptoras, comprando o lixo dos catadores e revendendo para as indstrias de
reciclagem.
Nenhuma empresa de recepo de lixo conta com catadores exclusivos. Esse
trabalho de coleta de lixo, realizado pelos catadores, no cria vnculo entre eles e as
empresas de recepo, porque o catador busca, no momento da venda do lixo, a empresa
que estiver pagando o maior valor. Tambm no existe um vnculo entre empresas
receptoras e indstrias.
Quanto ao quadro de funcionrios, 86% das empresas contam com at 10
funcionrios e 14% mantm um quadro de 11 a 20 funcionrios. Esse nmero pequeno
de funcionrios deve-se ao fato de que a maioria das empresas receptoras so de
pequeno e mdio porte.
As principais dificuldades apontadas pelas empresas receptoras so falta de
conscientizao da populao para a reciclagem (50%), despreocupao do setor
pblico (38%) e a falta do sistema de coleta seletiva, apontada por apenas 12% das
empresas.
Quando se perguntou sobre a concorrncia entre elas, 57% dizem estar no ramo
da reciclagem devido a pouca concorrncia e 43% pelo fato de se ter um baixo custo
para manter a empresa.
Todos os colaboradores afirmaram possuir carteira de trabalho. Segundo a
pesquisa, porm, nenhum desses funcionrios possui amparo legal sade.
A educao para a coleta seletiva de lixo cultural, quando se trata de uma
atividade corriqueira e no de trabalho. Percebeu-se que 70% das pessoas que trabalham
nas empresas de recepo de lixo fazem a separao do lixo em suas casas e 30% no a
fazem, mesmo reconhecendo a necessidade de faz-la.
A mdia de separao de lixo por pessoa bastante variada: no caso de
papelo e PET, por exemplos de 70 Kg por dia.
Pesquisa realizada junto s indstrias de reciclagem
Foram entrevistadas 03 (trs) indstrias de reciclagem de sacos plsticos:, a
Indstria Anapolina de Plsticos Ltda (INAPL ), a Indstria Comrcio e Distribuio
de Plsticos (PLASTIX) e a Tubos Tringulo.
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A empresa PLASTIX trabalha com uma variedade maior de plsticos
(polietileno e PEDB) e est localizada no Distrito Agroindustrial de Anpolis (DAIA).
Possui 130 funcionrios e recicla uma mdia de 387 toneladas/ms de materiais. Sua
principal atividade transformar plsticos em gros, garrafas e novos sacos plsticos,
alm de produzir matria prima para a fabricao de mveis, como cadeiras e mesas
plsticas. Est no mercado desde agosto de 2005.
Localizada atualmente no DAIA a empresa INAPL, a mais antiga neste
ramo, foi inaugurada em 1969 e possui 60 funcionrios. Sua principal atividade
transformar plsticos em mangueiras, conexes em geral e sacolas. Sua produo de
70 toneladas/ms.
A empresa Tubos Tringulo, que possui apenas 04 funcionrios, tambm
transforma plsticos em mangueiras. Segundo o responsvel pela empresa, so
recicladas, em mdia, 30 toneladas/ms de plsticos.
Questionado quanto s dificuldades encontradas no processo de reciclagem,
as empresas apresentaram diferentes respostas. A PLASTIX alegou que, para melhorar
sua produo, necessita investir em maquinrio, j a INAPL disse que existe uma
infidelidade por parte dos fornecedores de sua matria prima (sacos plsticos). Eles
vendem para quem pagar mais, afirmou um de seus funcionrios. A INAPL e a
Tubos Tringulo alegaram que deveriam receber mais incentivos por parte do governo,
principalmente no que concerne a encargos fiscais.
Cerca de 80% dos materiais reciclados por essas empresas so importados de
outros estados, pois o plstico coletado no municpio no suficiente para atender a
suas produes.
Quando se perguntou que fatores que poderiam favorecer o desempenho de
suas produes, 55% dos empresrios apontaram a ampliao da coleta seletiva de lixo
que, segundo eles, evitaria que os materiais coletados chegassem sujos e contaminados
s empresas. 20% afirmaram que deveria aumentar o nmero de catadores, registr-los e
oferecer-lhes condies dignas de trabalho. Outros 20% alegaram que governo deveria
conceder incentivos fiscais s indstrias e diminuir burocracias. 5% dos empresrios
apontaram como fatores benficos os investimentos em mquinas e equipamentos.
Pesquisa realizada com gestores pblicos em Anpolis
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A implantao do programa de coleta seletiva em Anpolis resultou de uma
parceria entre a Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hdricos (SEMARH), o
Ministrio do Meio Ambiente e a Prefeitura local. Em julho de 2006, a Prefeitura de
Anpolis implantou a CSA Coleta Seletiva em Anpolis e promoveu cursos para
melhorar a qualidade de vida dos catadores que trabalham dentro dos lixes e aterros,
para operacionalizar e promover a gesto dos processos de coleta seletiva de lixo. Foi
criada, em outubro de 2006, a Central de Triagem, que oferece aos catadores servio de
um caminho abastecido com equipamentos necessrio, gua e energia eltrica
gratuitamente. O lucro obtido dividido igualmente entre todos os catadores membros.
O Diretor do Meio Ambiente afirma que h uma economia de 2% nos R$
800.000,00 pagos mensalmente pela prefeitura empresa prestadora de servios de
pesagem e compactagem do lixo no aterro da cidade. A prefeitura ganha com a reduo
das despesas, com a educao da populao, com a preservao do meio ambiente e
com a gerao empregos diretos e indiretos (formao de catadores, expanso de
indstrias, empresas implantadas, gerao de pequenos negcios, etc.) incrementando,
assim, a arrecadao municipal receitas prprias, que podero gerar maiores
investimentos na cidade.
Os resduos recolhidos pela Associao dos Gestores da Coleta Seletiva de Lixo
de Anpolis -AGECOSA so levados para a Central de Triagem de Lixo- CTL,
localizada ao lado do Aterro Sanitrio Municipal, com capacidade para processar 100
toneladas de reciclveis mensalmente. possvel encontrar na Central de Triagem de
Lixo um prdio da administrao e outros objetos como balana, prensa, esteira e baias.
Hoje, apenas 22 bairros so beneficiados com a coleta seletiva. A dificuldade de
expanso da CSA est nos problemas de gesto municipal, como a falta de
investimentos e a escassez de pessoal habilitado. Para o Diretor do Meio Ambiente, os
bairros em que vivem pessoas de classe mdia so ideais para a coleta seletiva de lixo.
Os bairros de baixa renda ou de renda muito alta no so os melhores, pois a falta de
informao ou o medo da violncia urbana podem dificultar a implantao do sistema.
Pesquisa realizada junto aos catadores de lixo, no vinculados s empresas.
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Apurou-se que 82% dos catadores de lixo de Anpolis so homens e apenas
18%, mulheres, o que pode ser explicado pelo tipo de atividade, que exige fora fsica e
resistncia, j que a coleta diria feita empurrando-se carrinhos manualmente .
Com relao faixa etria, 36% dos entrevistados tm mais de 45 anos, 33%
tm entre 36 e 45 anos, 16% de 26 a 35 anos, 9% de 18 a 25 anos e 6% so menores de
idade. Pode-se inferir que os catadores so, em geral, pessoas mais velhas, descartadas
por algum motivo do mercado de trabalho, ao qual no conseguem mais retornar.
Dos entrevistados, 20% afirmam morar sozinhos, 26% moram com uma pessoa,
16% com duas, 20% com trs pessoas 8% com quatro e 10% com cinco ou mais
pessoas. 65% dos entrevistados se dizem casados ou com unio estvel, 32% solteiros,
3% se declararam que so vivos ou separados. 15,53% dependem da renda de catador
para o sustento da famlia e 43% dizem que esse montante um complemento na renda
familiar.
Referente ao tempo de trabalho como catadores de lixo, 36% que trabalham h
um e dois anos, 35% h mais de dois anos e 29% disseram que esto nessa atividade h
menos de um ano. 53% dos catadores entraram nesse ramo devido falta de
qualificao para outras atividades e 47% pelo fator desemprego.
As pessoas que j esto trabalhando como catadores h mais de dois anos so, na
maioria, homens mais velhos, pais de famlia desempregados h algum tempo. Entre um
e dois anos so homens e mulheres mais jovens que tm atividades paralelas de
catadores. E os que trabalham com o lixo h menos de um ano so rapazes jovens que
perderam seus empregos h pouco tempo. Quanto aos dias trabalhados, 64% trabalha 6
dias por semana, 18%, 7 dias e 18% trabalham 5 dias. Quanto s horas trabalhadas, 26%
trabalham de 6 a 8 horas e 74%, de 8 a 12 horas por dia.
Muitos entrevistados eram trabalhadores em empresas que com o implemento de
tecnologia e a falta de qualificao, foram dispensados de seus cargos e no
conseguiram mais retornar ao mercado de trabalho. Assim, 91% dos catadores dizem
trabalhar como autnomos e 9% trabalham para outras pessoas.
Quanto s pessoas na famlia que frequentam a escola, 6% disseram no possuir
nenhuma, 22% tm uma pessoa, 10%, duas pessoas e 6% mais de trs familiares
freqentando a escola. Quanto alfabetizao, 32% so analfabetos e 6% alfabetizados.
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Dos alfabetizados, 74% possuem o Ensino Fundamental incompleto, 6% o Ensino
Mdio incompleto, enquanto 20% cursaram o Ensino Fundamental completo.
Nenhum dos entrevistados diz ter vnculos com empresas receptoras de lixo, da
mesma forma que as empresas dizem no ter essa ligao. Os que no trabalham como
autnomos vendem o material recolhido para outros catadores, que os revendem para as
empresas. Para a maioria dos catadores (78%) o preo pago pelas mercadorias baixo,
porque o servio de maior periculosidade feito por eles, e outros citam o fato de a lida
com o lixo ser constrangedora.
Quanto ao local de coleta do lixo, 78% dos entrevistados dizem encontrarem
mais lixo para ser reciclado no centro da cidade e 22% diz encontrar nos bairros
prximos ao centro. Normalmente no centro se encontra a maior concentrao de lojas,
que descartam papis e papeles usados, para condicionar mercadorias.
Quando perguntados sobre como prefeririam trabalhar, 54% de todos os
entrevistados disseram que prefeririam trabalhar com carteira assinada e 46%, que
preferem trabalhar como catadores autnomos de material reciclvel. 46% recebem de
1 a 2 salrios mnimos; 40%, at 1 salrio mnimo e 14% recebe de 2 a 3 salrios
mnimos. 91% tm interesse de deixar de ser catador e 9% no apresentam esse
interesse. 60% j trabalharam com carteira assinada e 40% no. Dos que trabalharam
com carteira assinada 63% se consideram melhores do que antes e 37% se consideram
piores.
Como era de se esperar, 80% dos indivduos gastam a maior parte de seus
rendimentos com vesturio, alimentao e remdios, enquanto 18% gastam com vcios -
entre eles o lcool - e 2% poupam, porque ganham ou encontram no lixo a maior parte
dos alimentos e vesturios.
CONCLUSES
Atualmente, a reciclagem vem crescendo e se revelando como meio de amenizar
o problema da poluio. A quantidade de lixo gerado no um problema apenas dos
governantes ou das empresas, mas tambm de toda a populao, j que ele compromete
a qualidade de vida de todos os cidados.
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As empresas de recepo de lixo, juntamente com as indstrias de reciclagem,
poderiam criar programas atrativos, com linguagem simples, para o aperfeioamento da
mo-de-obra. A questo do lixo deveria ser discutida e estudada em comunidades de
bairros, escolas e creches e debatidas em programas televisivos e rdios, de forma a
criar uma conscientizao populacional dos perigos e vantagens que o lixo pode trazer.
Isso facilitaria o trabalho dos catadores, que ao compreender a importncia de sua
atividade trabalho para o meio ambiente, sentir-se-iam novamente includos nesta
sociedade seletista.
Ao entrevistar os catadores, pode-se notar que so pessoas simples, dotadas de
pouca ou nenhuma escolaridade, que encontraram no lixo a soluo para muitos
problemas. So na maioria homens com idade acima de 45 anos, casados, dependentes
da renda retirada do lixo para o sustento da famlia. Normalmente esses catadores, sem
muito conhecimento na rea da reciclagem, simplesmente recolhem o lixo e o levam at
as empresas de recepo.
A coleta seletiva importante e traz benefcios para os catadores, os empresrios
e a Prefeitura Municipal. Para os catadores, ela traz consigo condies dignas de
trabalho e aumento de renda. Para os empresrios, disponibiliza materiais limpos e
selecionados, propiciando maior agilidade e economia nos seus processos produtivos.
Para a Prefeitura Municipal, a coleta seletiva reduz volume de lixo depositado no aterro
sanitrio, reduzindo, assim, no s as despesas com a limpeza urbana como tambm os
gastos com a manuteno do aterro sanitrio.
A pesquisa verificou que a diretoria do meio ambiente do municpio enfrenta
inmeros problemas que dificultam o trabalho, entre eles a falta de funcionrios
especializados na rea. Assim, para fazer o servio tmido de coleta seletiva em alguns
bairros da cidade, a secretaria do meio ambiente conta com um nico caminho, cedido
por outra secretaria. Acredita-se que uma maior conscientizao da sociedade geraria
uma presso popular maior para a resoluo do problema e o gestor pblico teria, ento,
apoio para a criao de programas que beneficiem o meio ambiente.
As empresas privadas que fazem o trabalho de coleta, separao e limpeza dos
materiais reciclveis, como papis, plsticos, e outros, no possuem nenhum tipo de
incentivo por parte do governo municipal. A maioria delas reclama do excesso de
burocracia e da falta de interesse do governo em apoiar esse tipo de atividade.
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As poucas empresas recicladoras da cidade tambm reclamam da inexistncia de
aes do governo municipal. Para elas, a ampliao da coleta seletiva seria um fator
positivo para o fomento dos negcios em Anpolis.
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